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A importância da dor
Ninguém, exceto os masoquistas, gosta de sentir
dor. Fato. Mas imagine passar uma vida inteira sem
nunca, se quer, saber o que é a dor. O que alguns
imaginam ser uma bênção, faz da vida de pouquíssimos
(estima-se que aproximadamente 300 pessoas no mundo
todo) um verdadeiro inferno. A insensibilidade
congênita à dor é um distúrbio raro e muito perigoso.
Todos nós aprendemos que não é uma boa idéia encostar
em coisas quentes quando nos queimamos pela primeira
vez. Tomamos cuidado para não sair por aí nos batendo
em obstáculos para não nos machucarmos. Nada disso
acontece com a personagem Megan Clover, paciente de
Alex Karev no terceiro episódio da terceira temporada de
Grey’s Anatomy. A menina acredita ter super poderes e
sua diversão favorita é pedir que seus colegas a
espanquem, belisquem, arranhem, etc. No decorrer do
episódio, sua fantasia de super heroína é destruída pela
descoberta de uma gravíssima hemorragia interna
causada por suas brincadeiras.

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Por mais chata e desagradável que seja, a dor é a
maneira que o nosso organismo encontrou para nos
proteger de males. Ela é o principal indício de que algo
está errado. A função da dor é a proteção do nosso
corpo. Qualquer tipo de dor física está sempre associada
a fenômenos neurofisiológicos, que acontecem de forma
idêntica para todos os seres humanos. As diferenças nas
experiências e descrições dolorosas podem ser explicadas
por elementos psicológicos, sociais e culturais,
decorrentes da forma como percebemos e vivenciamos
tais dores. Mas o fato é que todos sentimos dores. Pelo
menos as dores físicas.
Mas e as dores que não são físicas? Também têm o
seu porquê? São inúmeras as dores não físicas causadas
por diversas razões. São dores de amor, de saudades, de
separações, perdas, frustrações. Dizem até que o ser
humano gosta de sofrer. Inclusive algumas pessoas
adoram apanhar ou ser ofendido na hora do sexo, outros
ainda gostam de serem amarrados, apanhar, e etc. A dor
para alguns pode ser extremamente excitante e
interessante. A mais disseminada religião do planeta
prega que o sofrimento dignifica a alma. Talvez, essas
dores sejam invenções nossas para que nos sintamos
conectados uns aos outros. Talvez, a dor nos aproxime,
exatamente por nos fragilizar. Talvez, sentir dor seja a
forma que encontramos de nos sentirmos reais,
humanos.

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A dor também pode ser muito boa pois faz os
músculos crescerem, nos ajuda a entender que algo
precisa ser feito ou mudado e acima de tudo nos torna
mais consciente daquilo que pode nos prejudicar. Nem
tudo que te faz feliz é bom e nem tudo que te faz sofrer é
ruim. Sem a dor dificilmente seriamos capazes de
entender o que tem de errado conosco ou quem sabe
seriamos incapazes de analisar e compreender o que tem
de errado. O ruim da dor é o que sentimos. Como o que
sentimos machuca então imaginamos que “é ruim”.
Sabemos que as dores fazem parte da vida. Sabemos que
dos nos leva a querer agir e tomar ações. Essa ações
quando guiadas pelo que sentimos (que é o que acontece
quando passamos pelo termino, ao perder alguém, ao
entrar em depressão, ao cometer crimes passionais,
violência e etc) tornam-se um problema ao invés da
solução. As piores decisões são tomadas quando não
temos clareza mental e quando passamos por situações
difíceis estamos sendo influenciados a tomar decisões
baseado no que sentimos.
A dor pode nos obrigar a procurar ajuda e pode nos
afundar. Muitos mendigos vivem nas ruas pois a dor
destruiu eles de tal forma que não encontram outra
forma de viver. Se não formos fortes para lidar com a dor
corretamente, não podemos esperar superá-la.

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A dor não é uma doença, mas um sintoma e
um sinal. A Associação Internacional dos Estudos da Dor
define essa sensação como uma experiência física e
emocional desagradável, associada ou relacionada
à lesão real ou potencial dos tecidos. Se por um lado, a
dor é sinal de ameaça ou dano ao organismo, por outro
lado é um importante mecanismo de defesa e um
valioso sinal que indica para o médico o local onde há
algo errado. Nunca sentir dor seria tão danoso quando
senti-la eventualmente. As enfermidades que cursam sem
dor podem ser tão graves quanto as que a geram e
muitas vezes evoluem até estágios avançados sem serem
percebidas. As pessoas que têm partes do corpo
anestesiadas, como ocorre
nos acidentes vasculares cerebrais, por exemplo, podem
se ferir sem perceber. As reações individuais à dor variam
segundo a cultura, as experiências anteriores da pessoa e
o sexo. Portanto, a dor é uma resposta subjetiva em que
cada indivíduo aprende a sensação por meio de
experiências relacionadas com lesões no início da vida. As
dores são mais prevalentes nas mulheres em razão de
fatores hormonais, genéticos e sociais.

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Quais são as causas da dor?
As dores ocorrem numa variedade de doenças e
condições médicas: Após cirurgias,
traumatismos, queimaduras, inflamações, infecções, alte-
rações da coluna, fibromialgias, neuropatias, lesões por
esforços repetitivos e câncer, entre outras. Algumas
dores se devem a espasmos, dilatações musculares ou
viscerais ou a compressões de raízes nervosas por
estruturas adjacentes. Muitas pessoas relatam dor na
ausência de lesão ou de qualquer causa fisiopatológica
provável, por motivos psicológicos. A dor do membro
fantasma é uma sensação sentida mesmo na ausência do
membro que tenha sido amputado. A
dor neuropática (nevralgia), por seu turno, pode ocorrer
como resultado de estímulo que parta do tecido
nervoso propriamente dito.
Qual é a fisiopatologia da dor?
Quando um tecido é traumatizado ocorre liberação
local de substâncias químicas, imediatamente detectadas
pelas terminações nervosas. Estas disparam um impulso
elétrico que corre até a parte posterior da medula
espinal. Nessa região, um grupo especial de neurônios se
encarrega de transmiti-los em altíssima velocidade para o
córtex cerebral, área responsável pela cognição, onde são
decodificados como dor e referidos à sua localização. O
próprio organismo procura defender-se da dor, liberando

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endorfinas e encefalinas, que são substâncias que inibem
a propagação do impulso elétrico. Se não fossem elas,
mesmo a dor de um pequeno ferimento persistiria
enquanto o mesmo durasse. Nas dores fisiológicas, a
percepção ocorre graças a terminações nervosas
independentes dos neurônios localizados nos gânglios da
raiz dorsal, estimuladas mecânica, elétrica, térmica ou
quimicamente. Esse processo libera glutamato, um
neurotransmissor responsável por enviar a informação de
neurônio a neurônio até o tálamo.
Quais são os principais sinais e sintomas da dor?
A dor não se resume apenas a uma sensação
desagradável que leva a um desconforto leve ou intenso,
mas compromete também o bem-estar social e
emocional do indivíduo, além de afetar a produtividade
no trabalho, o apetite e o sono. Quanto a seu curso, a dor
pode ser aguda ou crônica: a dor aguda dura apenas
alguns segundos, dias ou semanas, já a dor crônica pode
durar meses, anos ou mesmo ser indefinida no tempo.
Segundo a intensidade, a dor pode variar de um simples
desconforto à agonia, geralmente graduada como leve,
moderada e severa.
No que se refere à sua fenomenologia clínica, a dor
pode ter diversas características: dor em queimação, dor
em pontada, dor em cólicas, etc. Quanto à localização,
pode-se dizer que a dor é localizada ou difusa. Diz-se que

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uma dor é somática quando tem origem em ligamentos,
ossos, tendões, vasos sanguíneos e nervos e que é
visceral quando se origina dentro dos órgãos e cavidades
internas do corpo. Cada tipo de dor sugere um tipo de
transtorno orgânico e pode, assim, orientar o médico. Há
dores que se irradiam ao longo de trajetos nervosos,
como as dores ciáticas, por exemplo, e outras que são
sentidas à distância do órgão afetado (dores referidas),
como pode acontecer no infarto do miocárdio, por
exemplo.

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Lendo o texto escrito por Leandro Karnal em O
Estado de São Paulo, intitulado “Lembrar e esquecer ou a
vida entre Dory e Funes” me fez pensar sobre que a dor
ao se cronificar também é um problema de memória, ou
seja, o lembrar e o esquecer a dor.
Sabe-se que a cronificação da dor envolve o conceito
de que sua perpetuação decorre do fato de que o
sintoma dor persiste mesmo que a lesão inicial já tenha
sido curada. Esse conceito nos permite pensar em quais
seriam os motivos que levariam alguns indivíduos a
desenvolverem dor crônica e outros não.
Alguns teóricos argumentam que haveria, em
algumas pessoas, uma tal exposição cerebral onde
estímulo doloroso ao persistir por mais de 90 dias em
média induziria a alterações que os disporia à
cronificação. Exames objetivos de Ressonância Magnética
Funcional ou de SPECT ainda não apontam para a
existência e alterações macroestruturais que suportem
essa hipótese. Nenhum sinal atividade objetiva cerebral
em áreas relacionadas a dor tem mostrado consistente

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atividade que determine quais serão os indivíduos se
desenvolveram dor.
O que os exames objetivos têm mostrado é que
áreas relacionadas a emoção e a motivação tornam-se
mais ativadas, em alguns indivíduos, proporcionando
aumento da atividade da memória, que talvez justifique
afirmativa de que dor ao se cronificar é um problema de
memória. Com isto se quer dizer que a dor crônica
envolve um processo de aprendizagem de maneira
degenerativa ou mudanças dos circuitaria mnêmica
emocional.
Lembrando da teoria de Pavlov, datada 100 anos
atrás, em que revela que experiências decorrentes de
aprendizagem, através de estímulos dolorosos, em
animais, associam-se (aprendizado associativo) a outros
eventos de maneira subliminar, como estímulos
condicionados, incluídos aí o distresse associativa
emocional. E, ocorreria da mesma forma, tanto na dor
quanto numa emoção negativa, numa lembrança
passada, ou da (re)vivência atual presente.
A ideia é que o estímulo doloroso agudo, quando se
prolonga, envolve padrões emocionais e físicos que
seriam co-ativados, contendo sinais que foram fixados na
memória (por reforçamento positivos ou negativos) que,
mesmo na ausência do estímulo doloroso, estariam
presentes. Ao serem revividos, ou relembrados, tanto de

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maneira mais consciente ou menos, envolveram
diferentes aspectos da memória em suas diferentes
formas, seja ela cognitiva/afetiva, ou de sensações e,
portanto, inconscientes.
Podemos ilustrar com ex. simples de nosso
cotidiano, como quando uma criança se machuca e se
dirige à mãe para afagá-la, beijando o machucado. A
atitude denotaria o valor do afeto associado há um
momento de dor e seu efeito sobre o alívio, pois o apoio
afetivo traduz-se em encorajamento. Além de buscar o
afeto da mãe a criança, busca a reafirmação que aquele
momento pode ser suportado e enfrentado, mesmo que
seja um momento muito ruim. A criança busca algo do
tipo “Vai, meu filho, é difícil, mas sei que você consegue”,
reassegurando que embora a situação seja difícil, alguém
acredita que consiga suportar. O mesmo esquema
poderia ser pensado acerca da associação negativa entre
pensamento e emoção, quando, por exemplo, num
episódio de violência alguém sofre um golpe físico e, além
do golpe físico, associam-se momentos de angústia e
emoção negativa magnificado essa memória. Tais flashes
de memória parecem à vítima do golpe serem
inesquecíveis, reverberando como que infinitamente.
Motivos neurobiológicos (hiperativação central)
sustentam essa reverberação mnêmica, tais como em
casos de transtorno de estresse pós-traumático.

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Em casos de dor crônica nossa hipótese é a de que
haveria como que um colabamento de estímulos
condicionados resultado num certo curto-circuito
sináptico modificando o resultado, a resposta
comportamental.
Voltando ao exemplo da criança que busca a mãe
para ter suporte afetivo para suportar a dor, a hipótese
metafórica seria a de que. Esse “beijo” deixaria de ter
uma conotação de afeto positivo, do apoio ao
enfrentamento e encorajamento à busca de solução
tornando-se extremamente negativo. Pois, a associação
aversiva entre afeto negativo e conteúdo de memória ao
serem relembrados, aqui não necessariamente
conscientes, tornar-se-iam a reafirmação da incapacidade
em enfrentar a difícil condição. Ou seja, confirmaria a
impotência diante do estímulo devastador.
Já a algum tempo estudiosos vem lançando a
hipótese de que dor crônica envolve distorções de
memória sejam elas sensoriais cognitivas ou afetivas ou
elas em conjunto e a cada tempo novos estudos surgem
nesta direção.
Sugerimos, em especial, a leitura dos artigos das
autoras Herta Flor e Elizabeth Loftus aos interessados.

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De onde vem a dor?
Parece uma pergunta fácil de ser respondida. Há
quem diga que a dor vem lá do fundo, lá de dentro ou da
alma. Porém, não se engane. A ciência aposta suas fichas
naquele que manda em tudo no corpo humano, o
cérebro.
O cérebro é uma estrutura física, que tem água e
outros líquidos diversos e que tem eletricidade e energia,
tem sal e tem açúcar. Quando juntamos tudo isso,
criamos "luz nos neurônios". E para a dor aparecer, ou
seja, você sentir dor em seu corpo, o cérebro produz
eletricidade e que ilumina as lâmpadas neuronais de sua
"small town".
Existem várias sequências de luzes que já foram
vistas pela ciência que são responsáveis por sentirmos
dor. São como as árvores de natal modernas, que piscam
suas luzes em velocidades e intensidades de luz
diferentes, umas mais rápido, umas primeiro que as
outras, umas coloridas, mas que no final das contas
mantém o clima "cool" (legal) do ambiente.
A dor então é um evento puramente físico? Se
olharmos para o cérebro como estrutura física, química,
"líquida" e quase perfeita, então sim! Mas, não se
esqueça que as emoções, o ambiente que você vive e
convive, o seu movimento do corpo, a forma que você
pensa e age, a religião e cultura, e um monte de outras

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coisas a mais, também mexem com a química dos
neurônios. É essa química entre milhões de células que
permitem a passagem de energia e a produção de luz.
A dor vem de lá mesmo. Desta interação entre o sal
e o açúcar, entre a química e física. A dor não vem dos
nervos, dos discos da coluna, dos ligamentos do joelho ou
da pele queimada de sol. Tem gente que não sente dor e
"tem isso".
Então, se a dor vem do cérebro, desta estrutura
física, será que os dias do modelo biopsicossocial estão
contados? Não mesmo, porém sem cérebro, não tem
psicossocial.
Três Grandes Mitos sobre a Dor
A dor é completamente democrática. Pode atingir
tantos os idosos quanto os jovens e crianças. Quando é
aguda, ela é um sinal de alerta, diz que alguma coisa não
vai bem no organismo. Quando se torna crônica, então é
doença.
A dor crônica pode ter muitas razões para existir,
desde as doenças reumáticas, como a artrite e artrose (e
existem mais de 120 tipos de doenças reumáticas),
passando pela dor oncológica até a famosa enxaqueca.
O surpreendente é que a dor atinge a espantosa marca
de 30% da população do mundo.

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 O médico só deve ser procurado quando a dor é
insuportável.
Mito - Procure ajuda ao menor sinal de dor crônica.
 Evitar o movimento, a atividade física.
Mito - Mesmo com dor, a atividade física regular vai
lubrificar articulações, fortalecer a musculatura e evitar
que os músculos próximos à região que dói se tornem
ainda mais tensos. O exercício deve ser leve, moderado e
indicado por um profissional. Mas tem que fazer parte do
cotidiano de quem está sofrendo com a dor, progressiva e
individualizadamente.

 Não acreditar na fisioterapia.


Mito - Três vezes por semana durante duas semanas...
e muita gente se cansa de ir para a fisio porque pode
acreditar não estar tendo resultados. Mas está. Se insistir,
a recompensa será grande. A fisioterapia, hoje, com seus
conhecimentos e técnicas, faz verdadeiros milagres.
Então, troca-la por medicamentos ou mesmo por cirurgia,
apenas para obter resultados mais rápidos, pode ser um
erro que acabará tendo outras consequências.

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Uma das coisas mais difíceis que temos que fazer é
lidar com o término ou com o pedido de tempo. Algumas
pessoas falham miseravelmente em situações assim. Nos
piores casos entram em depressão e precisam de ajuda
de um profissional. Eu mesmo me ferrei muito por não
saber lidar com essas situações e hoje, aprendi que é
muito melhor aprender o que você não sabe antes de
acontecer alguma coisa, do que esperar acontecer
alguma coisa e somente depois preocupar-se com o que
fazer.
Tem uma regra que diz assim: “se sua mente está
ruim, e seu corpo está ruim, então sua mente ficará ainda
pior, mas se sua mente está ruim e seu corpo está bom,
então sua mente se recuperará de forma correta e
adequada”.
Não podemos controlar o que sentimos mas
podemos encontrar ferramentas e formas de lidar da
melhor maneira com a dor e o sofrimento.

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O que você deve fazer caso esteja sofrendo?
Primeiro você tem que lidar com o que está sentindo
para depois se focar em fazer alguma coisa. Se está
passando pelo término da relação o melhor a se fazer é
ficar na sua. O que você sente irá te obrigar a fazer
alguma coisa e na maioria das vezes não deve fazer nada.
Simples assim. Se está em depressão o melhor é não
tomar decisões. De fato, em situações assim tendemos a
querer aliviar a dor pois acreditamos que resolvendo o
problema, a dor irá acabar. O melhor em uma situação de
dor é evitar tomar decisões importantes.
Para termos sucesso em lidar com essas situações
temos que entender como aliviar a dor e nos obrigar a
manter o corpo saudável. Um corpo saudável ajuda a
mente a voltar a seu estado anterior. O corpo saudável
ajuda a mente a aliviar a pressão emocional e com o
passar do tempo, trazer clareza mental. Então, resolvi
criar uma lista de coisas que você pode fazer nessas
situações complicadas envolvendo a dor.

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Uma regra bem simples mas muito importante. A
maioria das decisões que tomamos de cabeça cheia
geralmente não são as melhores decisões. Como estamos
passando por uma situação difícil, é comum que o
cérebro queira aliviar a pressão e a forma encontrada
para aliviar a dor é tomando decisões importantes. Ao
tomar decisões e “fazer alguma coisa” mesmo errada,
ajuda a “aliviar a dor”. Como ajuda a aliviar a dor,
pensamos que é “algo bom”, mesmo que não seja.
Perceba que em momentos que sentimos dor, são
justamente os momentos em que estamos mais “frágeis”
e susceptíveis a sermos enganados por nosso sentimento
de “dor”, mas principalmente por terceiros. É em nosso
desespero e carência que tomamos as piores decisões.
Essas “piores decisões” são tomadas pois estamos
praticamente desesperados para resolver alguma
situação de dor e acreditamos que encontrando uma
solução “no aqui e agora” irá resolver o problema.

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Como não está em seu melhor julgamento e sua
clareza mental praticamente “desapareceu” ou não tem
forças para superar a pressão intensa emocional, as
decisões tomadas tem a intenção de satisfazer aquilo que
está sentindo no momento e na maioria das vezes
quando tomar decisões baseadas na dor e no sofrimento,
estará se colocando em uma situação ruim. O melhor a se
fazer é dar essa decisão importante para outra pessoa
que seja qualificada – como um psicólogo ou médico. Não
acredite no que muitas pessoas dizem pois na maioria dos
casos essas pessoas estão erradas. Seus amigos,
familiares, lidam com a dor de certa forma e acreditam
que o que é bom pra eles não será um veneno pra você.
Ter o aconselhador correto é muito importante para
passar pela dor de forma correta.
Certa vez me disseram que após o término da relação é
bom ficar com outra pessoa, porém o que a pessoa
acreditava que era o certo, era um veneno pra mim. Foi
uma das maiores burradas que fiz pois em nada me
ajudou. O segredo é aprender a lidar com a dor
corretamente e acima de tudo procurar pessoas
qualificadas para te ajudar. A maioria das pessoas não
possuem o conhecimento necessário para te ajudar a
lidar com sua dor. Então cuidado.

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Uma das consequência naturais da pressão emocional
é que te faz ficar sem apetite. Por mais que seja difícil
você precisa entender que seu corpo precisa estar bem,
caso contrário sua mente pode ficar pior do que já está.
Então para evitar que a situação piore, mantenha seu
corpo saudável e coma melhor. Mesmo que seu corpo
diga não, diga sim. A alimentação é muito importante.
Obrigue-se a comer mesmo que não queira. Seu corpo e
mente agradece. Force, se for necessário. Coma mesmo
sem apetite.

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Sei que é difícil mas tente dormir dentro de um prazo
de aproximadamente oito horas. É normal que por causa
da dor emocional fique com preguiça e sem vontade de
fazer muitas coisas, mas mesmo assim você tem que
fazer. Se não fizer sua mente pode ficar ainda pior e será
muito mais difícil superar a situação. Faça exercícios
simples como fazer uma caminhada de minutos, e acima
de tudo, durma no mínimo oito horas. Nem a mais, e nem
a menos. Durma no horário certo e evite dormir em
horários fora de seu horário normal de sono. Caso não
consiga dormir, peça ajuda profissional. Caso não seja
capaz de fazer nenhum dos dois, peça ajuda a alguém
para te motivar, fazer você se mover ou ficar próximo a
você.

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Uma das soluções eficientes para essas situações de
dor, pressão e sofrimento, é refletir sobre a situação. A
melhor forma de refletir é entendendo o que está
acontecendo. Eu mesmo quando estou em situações
difíceis e importantes gosto de ler o livro ‘Decifrar
pessoas’ pois esse livro fala bastante sobre a importância
da tomada de decisão, de reconhecer as informações
para tomar boas decisões, entre outras cosias que me
ajudam entender melhor a situação e minhas ações.
Outro livro que gosto de ler nesses momentos é o livro
‘A linguagem das emoções’ de Paul Ekman. Esse livro fala
bastante sobre emoções e a parte mais interessante é
que tem diversas dicas de como lidar com a pressão
emocional da melhor maneira possível. O interessante é
que se você está passando por um problema emocional, o
melhor que pode fazer é ler livros sobre emoções e
sentimentos. Evite aqueles conselhos de amigos que
dizem para sair, beber, conhecer novas pessoas, isso

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geralmente tira o foco da solução do problema e te faz se
concentrar em coisas fúteis de pouco valor. Esses
conselhos te prejudicam ao invés de te ajudar. De fato,
seus amigos e familiares tem boas intenções ao tentar te
ajudar, porém não possuem o necessário para realmente
te ajudar. Lidar com a dor demora e geralmente leva
meses. O começo é o pior momento, você não irá
esquecer, mas garanto que a dor no futuro será menor do
que é agora. Não se deixe enganar pois a dor gera a
impressão de que o tempo passa mais devagar, porém o
tempo continua o mesmo. A dor diminui após semanas
ou meses e outra coisa importante, por causa da dor que
é intensa, como a dor do termino ou a dor de perder
alguém, é IMPOSSÍVEL esquecer a pessoa. Querendo ou
não irá ficar com a pessoa em sua cabeça, porém com o
passar do tempo será MENOS INTENSO e será capaz de
seguir com sua vida normalmente e mesmo assim, irá
lembrar da pessoa porém não da mesma forma que
lembra hoje por causa do que está sentindo. Tudo tem
seu tempo. Respeite o processo e conseguirá bons
resultados.

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Em momentos de pressão é comum que não tenhamos
vontade para continuar o que fazíamos como trabalhar,
sair com os amigos ou até ter hobbys. Como em muitos
casos o melhor é manter a mente ocupada, então ter um
trabalho e ter algum hobby é de vital importância. O que
você tem que fazer em relação ao trabalho é conversar
com as pessoas em seu trabalho e explicar sua situação.
Então diga que não está em seu melhor mas precisa
trabalhar. Faça o que tem que fazer e se o que está
sentindo está muito ruim, peça licença. Não prejudique
seu trabalho. Se sua situação não melhorar e perceber
que não dará conta do trabalho peça licença ou vá ao
médico ou psicológico pra conseguir atestado.
Uma dica valiosa que posso te dar é que não fique
espalhando seu problema para todas as pessoas. Você
sentirá muita vontade de conversar com várias pessoas,
mas escolha uma ou duas. Nada além disso.

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Para muitas pessoas é muito difícil passar por
momentos difíceis. Isso é normal e esperado. Eu gosto de
dar o meu melhor para essas pessoas quando me
procuram e ao mesmo tempo entregar as melhores
soluções para lidar com a situação. Uma vez que
encontramos a ajuda adequada, nos motivamos e nos
sentimos melhores para lidar com a situação.
Em relação a motivação cada pessoa é diferente.
Algumas pelo simples fato de terem alguém apoiando
elas e dizendo que estará ao lado de pessoa durante o
processo de melhora, é extremamente motivador, para
outras é necessário o apoio de pessoas importantes como
filhos, amigos, irmão, ou quem sabe filmes, vídeos e etc.
Saia com os amigos, divirta-se um pouco, o que ajudará a
diminuir a pressão. Não tem problema nenhum chorar,
pois acredite, o choro ajuda a aliviar a dor.

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Se você está com raiva assistir algum filme violento
pode te ajudar a aliviar sua raiva. Se estiver triste por
causa da perda de um amor, então assistir filmes de
romance ou de comédia romântica podem ajudar a aliviar
a pressão, principalmente os filmes românticos onde o
casal não fica junto no final. Se tem que tomar uma
decisão difícil então assistir filmes onde os líderes tem
que tomar decisões difíceis pode te ajudar no alivio da
pressão e até mesmo pode te ajudar a tomar uma boa
decisão.
Além de ocupar a mente, te fazendo esquecer um
pouco da dor, assistir aos filmes corretos pode te ajudar a
colocar a cabeça no lugar para que não tome decisões
precipitadas. Um dos segredos para lidar com a dor é ficar
próximo de pessoas. Então saia mais de casa. A intenção
é deixar sua mente ao menos um pouco ocupada, para
diminuir a pressão emocional.

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Assim como os filmes, ouvir música também ajuda a
aliviar a pressão. Caso esteja de cabeça quente
provavelmente músicas mais alegres podem te ajudar. No
caso do término de uma relação é muito importante
aliviar a dor e uma das formas é chorando. Isso mesmo.
Chorar é um remédio natural para a dor. Crie seu próprio
ritual. Utilizar fotos, lembrar dos momentos que teve com
alguém, pode te ajudar a chorar. Outra forma de lidar
com a dor é se livrar de tudo que gera lembranças. Assim,
pelo fato de não ver, ouvir ou tocar, seu cérebro não se
focará na lembrança que por sua vez ajuda a aliviar a dor.
Em alguns casos pode sentir raiva o que é bom desde
que direcione para melhorar sua vida e corpo. Evite
tomar decisões importantes de cabeça quente. Esfrie a
cabeça, e lembre-se: a dor não passa do dia para a noite.
Seja paciente pois sua luta pode demorar semanas ou
meses até que consiga voltar ao normal.

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Nesses momentos difíceis nossa resistência tende a
cair muito. Imagine que quando você está bem, sua
resistência está em 10, no nível mais elevado, porém
quando estamos mal, sofrendo com muita pressão, nossa
resistência está próxima a 0, que é o valor mais baixo.
Primeiro devemos compreender que não estamos mais
tão resistentes e em segundo lugar, devemos nos
concentrar em aumentar essa resistência.
A melhor forma de trabalhar em sua resistência é
justamente quando ela está baixa. Quando a resistência
está alta não nos preocupamos com ela, mas quando a
dor aparece então percebemos a importância que tem se
preocupar com a resistência. Nesse caso podemos avaliar
a nós mesmos e entender como lidamos com a dor, com
o sofrimento, com as pessoas, entre outras coisas.
É nesse momento que encontramos nossas fraquezas
e assim podemos trabalhar em cima delas, para que
aconteça duas coisas (1) para que nossa resistência no
futuro não caia facilmente e (2) para que possamos ter as

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melhores ferramentas e técnicas para lidar com a
situação que é difícil e desagradável.

O corpo precisa estar hidratado, porém quando


estamos passando por momento difíceis é comum que
não tenhamos tanta vontade de nos alimentar e muito
menos tomar água. Uma dica bacana que eu uso sempre
quando estou em uma situação complicada é me obrigar
a tomar um copo de água a cada hora. Eu coloco meu
despertador pra funcionar e a cada hora, tomo um copo
de água.
Nosso lema é: “um corpo saudável, ajuda a mente a
passar por um momento difícil, porém um corpo não
saudável, ajuda a piorar o estado de nossa mente”.

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Não é nada fácil refletir e meditar sobre o que
aconteceu. As emoções voltam e ficamos muito mal. Em
situações assim é bom falar com alguém que possa
realmente te ajudar sobre a questão porém a maioria das
pessoas, como seus amigos, familiares, não são pessoas
adequadas pois a maioria deles entende pouco ou quase
nada sobre emoções e sobre a dor. Procure profissionais.
O ato de falar com uma ou duas pessoas sobre a situação,
ajuda a aliviar a dor. Vou te dizer que a tentação de falar
sobre o assunto com várias pessoas será grande. Esse
conselho é mais para os homens. Para as mulheres é
muito bom que falem com muitas pessoas, pois poucos
sabem, mas para as mulheres o ato de falar sobre ajuda a
aliviar e muito a dor.
Conversar com os amigos também é uma forma boa de
lidar com a pressão e com a dor, porém a dica é evite
falar sobre o assunto com pessoas do trabalho e evite
importunar seus amigos com seu sofrimento e dor toda
hora.
Algumas pessoas acreditam que para esquecer uma
paixão basta encontrar outra paixão ou dizem que “tudo
vai ficar bem”. Esse é um excelente momento para lidar
com sua dor corretamente pois assim, quando superar a
dor terá feito tudo corretamente e isso é o que importa.
Fica essas dicas e espero que tenha gostado. Caso o
problema persista indico que procure um profissional

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qualificado. Por mais que acreditemos que somos capazes
de lidar com a situação difícil em muitos precisamos de
ajuda de profissionais.
Quero que lembre-se que irá ter diversas recaídas. É
normal e não tem nada de errado em não conseguir
cumprir seus objetivos e metas durante o processo de
superar a dor. Se errar faça promessas e estabeleça novas
metas. Não tem problema errar pois é esperado que erre
muito nesse momento de dor.

Recentemente conversei com uma mulher de 80


anos que perdeu o marido a pouco tempo e que foi
casada com ele por mais de 55 anos. Uma história
incrível. Nesse caso, essa pessoa de 80 anos teve que
ouvir alguém dizer: “não se preocupe, sua dor irá passar”.
O conselho foi ridículo e por mais que a pessoa tivesse
boas intenções, de nada adiantou.
Essa senhora gosta de conversar comigo pois eu
entendo sobre emoções e sentimentos, além do mais,

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trabalho nessa área o que sem dúvidas a ajudou. Assim
que ela contou o que disseram pra ela, expliquei pra ela
que a sociedade é afetada pela sistema fraco que por sua
vez é afetado pela política, logo as pessoas na sociedade
não possuem um desenvolvimento correto em muitas
áreas e em consequência, conselhos ruins passam a
acontecer a todo momento. É o que aprenderam, é o que
usam e ensinam. Eles oferecem o melhor que possuem
pois em muitos casos acreditam que a maneira como
lidam com a dor servirá pra você. Na maioria das vezes
não servirá pois o que pra muitos pode ser um remédio
pra você pode ser um veneno.
Certas dores principalmente sentimentais, nunca
passam. A dor irá diminuir porém não significa que irá
passar. Não tem como uma senhora de 80 anos que
passou mais de 55 anos casada, esquecer o marido. Ela
irá sofrer e sentir a falta do esposo por muito tempo. É
totalmente normal e comum. Não tem problema nenhum
ter saudades, chorar, ficar em silêncio, lembrar da pessoa
e etc. O conselho ‘isso passa’ somente é válido em certas
situações.
Muitas pessoas gostariam de esquecer ou tirar a
memória, porém não é possível. Temos que lidar com a
dor e sofrimento da melhor forma dentro do possível. A
dor que está sentindo agora, no curto prazo, demora pra
passar, mas a verdade é que depois de um tempo sua dor

35
não será tão intenso. Irá lembrar e sentirá saudade ou
falta porém o que irá sentir será fraco e não atrapalhará
sua vida. Tenha paciência. Essa é uma fase muito
importante.

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Bônus: Amor Patológico (doença baseada no amor
e paixão)

O amor patológico é uma doença que causa dependência como se fosse uma
droga, só que nesse caso, a droga não é um produto químico ou álcool, é o
parceiro ou parceira. De acordo com a psicóloga Sílvia Rezende Azevedo, o amor
patológico atinge com mais freqüência as mulheres, mas os homens também
podem sofrer desse mal.

Para saber se alguém tem amor doentio é só analisar o relacionamento.


"Chega a um ponto que o amor fica obcecado e a pessoa deixa a sua vida para
viver a do outro ou não permite que o parceiro tenha vida própria".

Segundo Sílvia, quando a pessoa deixa os amigos, o parceiro passa a ocupar


mais espaço do que a família, o trabalho e outros afazeres, ou o medo da relação
acabar é incontrolável e se começa a seguir e vigiar o outro, é certo que o amor
deixou de ser algo saudável e se transformou num vício.

"Pesquisas mostram que as áreas do cérebro que são ativadas quando se


está interessado por alguém são as mesmas da obsessão. É uma sensação química
e quando o amor passa a ser doentio a pessoa tem crises se está longe ou sem o
parceiro, tem sentimento de culpa. É como se fosse uma droga que não se pode
ficar sem", explica Sílvia.

A psicóloga afirma que é difícil perceber que o limite saudável de uma


relação está sendo ultrapassado devido a uma questão cultural de que em um
relacionamento amoroso, principalmente no início, é normal amar
exageradamente, demonstrar que ama e fazer uma série de coisas pelo outro.

"É como o consumo de álcool que é uma droga aceitável e consumida

37
socialmente. No começo você bebe e não percebe nada porque está dentro do
normal, com o passar do tempo sua vida começa a girar em torno disso e você não
percebe que está passando do limite", compara.

A pessoa doente se torna impulsiva e compulsiva devido ao vício. O amor se


transforma em um sentimento destrutivo para o casal e que em alguns casos pode
ocasionar tragédias como crimes e suicídios.

O amor patológico pode atingir, principalmente as mulheres com mais de 30


anos e que não têm um relacionamento estável. "As mulheres estão mais seletivas
e depois de determinada idade, quando encontram um parceiro, ficam doentes
por ele e são capazes de fazer tudo para não perder essa relação", diz Sílvia.

Características do Amor Patológico

A psicoterapeuta e pesquisadora do Ambulatório do Amor em Excesso


(Amore) da USP, Eglacy Sophia, destaca alguns sintomas dos 'doentes de amor':

- Sintomas de abstinência (como angústia, taquicardia e suor) na ausência ou


no distanciamento (mesmo afetivo) do amado

- O indivíduo se preocupa excessivamente com o outro

- Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento de cuidar do parceiro


são mal-sucedidas

- É despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro

- Abandono de interesses e atividades antes valorizadas

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- O quadro é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares

A psicoterapeuta e pesquisadora do Ambulatório do Amor em Excesso da


Faculdade de Medicina da USP, Eglacy Sophia, destaca algumas questões para um
auto-avaliação e análise de uma espécie de "dosagem do amor", para saber se o
sentimento está passando ou não do limite.

Avalie a dosagem do amor com relação ao seu parceiro:

- Você costuma se sentir satisfeito com a quantidade de atenção e tempo


que despende ao seu parceiro ou percebe que fez mais do que gostaria?

- Você acha que a quantidade de atenção que dirige ao seu parceiro está sob
seu controle ou é comum tentar diminuir e não conseguir?

- Você mantém outros interesses e relacionamentos ou abandonou pessoas e


funções em decorrência da sua vida amorosa?

- Você continua se desenvolvendo pessoal e profissionalmente após o início


de seu relacionamento amoroso?

Se respondeu "não" à maioria das questões, é um sinal de alerta para o amor


patológico. Nesse caso, existe a necessidade de realizar uma avaliação clínica mais
aprofundada com um especialista.

Como tratar o amor patológico

O amor patológico só é possível ser tratado quando a pessoa admite que está
fora de seu controle. Segundo a psicóloga Sílvia Rezende Azevedo, normalmente
as pessoas costumam procurar ajuda de um especialista somente quando o

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relacionamento acaba ou existe a ameaça de perder o parceiro.

Quando o amor vira doença muitas vezes ele vem associado a quadros de
depressão, fobias - como a síndrome do pânico - e ansiedade. Por isso, a terapia é
indispensável.

"Só é possível tratar se a pessoa concordar em ter uma mudança de atitude",


destaca Sílvia.

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) também possui


um setor específico para tratamentos desse casos: o Ambulatório do Amor em
Excesso (Amore).

Para não fazer do amor uma obsessão, a psicóloga recomenda

1) Goste mais de você antes de gostar do outro

2) Não escolha um parceiro com o objetivo de preencher um vazio

3) Encontre prazeres na vida (esporte, trabalho, hobby, amigos, família)

4) Se conheça melhor e analise o que realmente quer para sua vida e que
tipo de relacionamento quer manter

5) Tenha consciência de que um parceiro vem para acrescentar coisas a sua


vida, que se trata de um cúmplice e não de um preenchedor de vazio

Onde tratar o amor patológico

Procure por profissionais qualificados como psicólogos ou psiquiatras. O


amor patológico é uma doença assim como a depressão que pode levar a morte

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ou a destruir amizades, famílias

Relatos e Confissões sobre o mal do amor patológico

RIO — Aos 46 anos, Paula Tavares (nome fictício) estava casada, mas se
apaixonou perdidamente por um outro homem. Cinco anos mais tarde, tinha ido
do céu ao inferno. Espreitava o amante de madrugada em estacionamentos, para
ver com quem ele estava, puxava-lhe os cabelos em público se achava que estava
sendo traída, observava com raiva cada mulher que se aproximava dele. O namoro
foi rompido e retomado várias vezes, porque ela implorava pela reconciliação. Até
que um dia, fora de si, Paula apareceu no apartamento do parceiro e o agrediu
violentamente. Foi quando decidiu buscar ajuda e se descobriu vítima de amor
patológico, dependência comportamental capaz de causar tanto sofrimento
quanto a compulsão por jogo, sexo ou comida. E tão destrutiva quanto as
dependências químicas. Agora, pela primeira vez, o estado inaugura um serviço de
atendimento ao amor patológico.

— Esta doença mata; ou você vai para a cadeia ou para o cemitério se não se
cuida — diz Paula. — Eu me casei cedo, tinha um relacionamento ruim e não
contava com apoio dos meus pais para me separar. Minha saída era sempre
manter relações com outras pessoas. Mas aquela me desestruturou. Eu pensava:
“Faço tudo por esse homem, estou 24 horas disponível, até dinheiro eu lhe dei, e
ele não me quer?!”. Fiquei muito mal.

Isto foi há nove anos. Na época, Paula procurou o Mada (Mulheres que
Amam Demais Anônimas), um dos grupos de autoajuda que até agora eram a
única alternativa para quem, mesmo sem saber nomear seu problema, padecia de
amor patológico no Rio.

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— Se a vontade de estar com a pessoa amada foge ao controle; se o seu
comportamento mais afasta o parceiro do que aproxima; se, em vez de
recompensa, o amor traz prejuízo, isso pode ser amor patológico -— diz Analice
Gigliotti, chefe do Serviço de Dependência Química e Outros Transtornos do
Impulso da Santa Casa. -— Muitas vezes, o relacionamento é do tipo atração fatal:
a pessoa quer encontrar o parceiro o tempo todo, sente ciúme, faz escândalo. Em
geral, ela sente um grande vazio dentro de si e fica tentando preencher com o
outro. Na verdade, este nome, amor patológico é até questionável, porque amor
não é isso. Amor liberta.

Ainda não há pesquisas no Brasil dando conta do número de pessoas que


sofre deste mal. Sabe-se apenas que são muitas, e que o reconhecimento de que
estão doentes é difícil, inclusive por falta de informação. A USP vem fazendo
estudos nesta área desde 2006, simultaneamente à oferta de atendimento. Usa a
abordagem psicodramática: dois terapeutas mediam as conversas do grupo e
investem na melhora da autoestima dos participantes, na expectativa de contribuir
para que eles possam desenvolver relações interpessoais saudáveis, não só no
campo amoroso.

Em poucas semanas, pela experiência da universidade paulista, já é possível


observar uma melhora significativa: seus especialistas recomendam de 16 a 20
sessões de psicoterapia, e, no primeiro grupo tratado, os oito pacientes
apresentaram de 40% a 80% de reversão em seu quadro patológico.

Entre as pessoas que procuram o serviço, a maior parte tem o mesmo perfil:
são mulheres na faixa dos 40 anos, com bom grau de escolaridade, que sofreram
abandono emocional na infância.

— Na amostra clínica, vimos que as primeiras pessoas a procurar ajuda foram


aquelas mais bem informadas e desesperadas, porque o parceiro havia rompido

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ou ameaçado romper o relacionamento — conta Eglacy Sophia, psicoterapeuta e
supervisora do Setor de Amor e Ciúme Patológicos do Instituto de Psiquiatria da
Faculdade de Medicina da USP. — Quanto à personalidade, muitas têm alta
impulsividade e espiritualidade. O fato de recebermos muitas mulheres pode ser
explicado, em parte, porque elas costumam cuidar mais da saúde e têm propensão
a buscar no parceiro a solução dos seus problemas.

Além da profunda perturbação mental e do comportamento irracional, as


vítimas de amor patológico podem ter sintomas físicos semelhantes aos
observados nas síndromes de abstinência das dependências químicas e de outros
tipos de transtornos comportamentais: agitação, falta de apetite, taquicardia,
insônia.

Paula Tavares, que hoje vive em paz com o marido, tem o perfil daqueles que
procuram a universidade paulista. Também membro do Mada, Andréa Bastos
(outro nome fictício), porém, foge à regra. Quatro anos atrás, aos 23 anos, a
estudante decidiu que era hora de se tratar quando se flagrou em vias de iniciar
uma luta corporal com o namorado:

— Sabia que o que eu fazia não era normal e escondia dos meus pais, para
não deixá-los preocupados. Procurei ajuda para salvar meu namoro, mas acabei
ficando por mim, para aprender a ter relacionamentos mais saudáveis. Percebi que
em relações anteriores eu já dava sinais do problema.

A psicóloga Daniela Faertes, que coordenará o serviço de amor patológico na


Santa Casa, diz que as pessoas com este mal são incompreendidas.

— Como a dependência é relacionada a um comportamento cotidiano, os


outros não dão muita importância, porque acham que a pessoa só precisaria de
força de vontade para acabar com a situação. Mas estudos comprovam que nas

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dependências químicas e em algumas comportamentais ocorrem mudanças
parecidas no cérebro. As reuniões na Santa Casa ocorrerão uma vez por semana,
coordenadas por dois psicólogos. Na triagem, caso apresente sintomas de uma
doença decorrente do amor patológico — depressão, ansiedade, transtorno de
personalidade, transtorno bipolar —, o paciente será encaminhado também a um
pisquiatra.

Analice Gigliotti está certa do poder da terapia sobre o amor patológico, mas
frisa que a vigilância deve ser para sempre.

— É preciso estar atento aos gatilhos que podem desencadear esse


comportamento, como um parceiro que nos faz mal ou um momento de estresse
— diz. — Quanto mais a pessoa diversificar seus interesses, melhor: se ela
trabalhar e tiver uma boa vida social, vai ser mais difícil adoecer.

Adulto que sofre de amor patológico pode participar de pesquisa em SP

O amor patológico ainda não é reconhecido como um transtorno


psiquiátrico, mas vem sendo muito estudado mundo afora. Pioneira no Brasil,
pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, na capital paulista,
realizada de 2006 a 2008, não apenas constatou que constitui, sim, um problema
de saúde, como também tratou dos portadores. Agora, busca voluntários para
novo estudo e tratamento.

O amor patológico não é reconhecido como um transtorno psiquiátrico.


Como constatei na pesquisa, pode ocorrer com homens e mulheres. Apesar de não
se saber em qual dos dois sexos é mais comum, pesquisas americanas sugerem
que seria mais frequente na mulher, por questões culturais.

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Com base na pesquisa que fiz no IPq, estabeleci três características principais
que diferenciam indivíduos com amor patológico dos saudáveis:

a) impulsividade elevada - são pessoas que tomam atitudes sem levar em


consideração as consequências para sua vida; agem desse modo sobretudo para
evitar a perda do companheiro;

b) manutenção do relacionamento insatisfatório mesmo conscientes de que


é prejudicial à sua vida; e

c) autotranscedência - costumam acreditar na espiritualidade, em uma


realidade maior do que a que vivem na Terra.

Ainda não se pesquisou no Brasil a causa do amor patológico. Estudos


teóricos, como os iniciados pelo psiquiatra inglês John Bowlby nos anos 1960-
1970, dão conta de que se desenvolveria na infância. Em minha pesquisa, a
maioria dos indivíduos com amor patológico apresentava apego ansioso-
ambivalente. Isso mostra que, nos primeiros anos de vida, ao enfrentar situações
amedrontadoras, a pessoa que cuidou deles ora estava presente ora ausente,
tornando-os inseguros quanto à sua presença. Na vida adulta, por medo de perder
o parceiro, o cercam de cuidados excessivos e se descuidam de si mesmos. Por
isso, se desenvolvem menos do que ele. Trabalham mal, porque estão
preocupados com ele. Abandonam amigos e familiares por ele. O parceiro, de seu
lado, se sente sufocado e muitas vezes termina a relação.

Portadores de amor patológico devem conversar abertamente com o


parceiro, para superar o problema. Caso não consigam, precisam consultar um
psiquiatra ou psicoterapeuta e se tratar. Esses profissionais estão disponíveis
também no setor público, em especial nas Faculdades de Medicina (Área de
Psiquiatria) e de Psicologia. Ha inúmeras técnicas de tratamento.

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Amor patológico é parecido com dependência química, diz especialista

O amor patológico é uma doença e deve ser tratada, segundo especialistas.


Saiba quais são os sintomas e o tratamento para quem ama demais.

Um amor com status de doença. Um sentimento de dependência tão grande


do parceiro ou parceira que é capaz de causar tanto sofrimento quanto a
compulsão por jogo, sexo ou comida. Tão destrutivo quanto as dependências
químicas. Quem sofre do amor patológico convive com o medo diário de ser
rejeitado ou de perder o companheiro. E, assim, se descontrola. O Jornal Globo
News falou com especialistas para entender a doença e os tratamentos.

Os sinais do amor patológico são parecidos com os da dependência química,


segundo Andrea Lorena da Costa, mestre pelo Departamento de Psquiatria da
Universidade de São Paulo: “Sinais e sintomas de abstinência quando o parceiro
está fisicamente ou emocionalmente distante, como insônia e transtornos de
apetite”. Ela também explica que o doente não consegue parar de cuidar
excessivamente do parceiro e até deixa de lado as atividades do dia a dia para
controlar o outro. Andrea ressalta ainda que quem sofre de amor patológico não
costuma ser violento contra o companheiro: “Ela é violenta contra si mesma. Vai
querer se ferir para chamar a atenção do parceiro”.

Daniela Faertes, psicóloga da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro,


explica que a diferença entre o ciúme patológico e o amor patológico está na
postura do amante: “A pessoa que tem amor patológico tem uma postura mais
passiva. Ela sente ciúme e reclama. Mas, justamente pelo medo de perder o
parceiro, ela não tem uma postura mais agressiva”. A psicóloga diz que a doença
pode ser tratada com psicoterapia e recomenda que, ao perceber os sintomas em
um familiar, a família auxilie na busca de tratamento. “Essas pessoas sabem que

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estão sofrendo, mas têm uma sensação de vergonha”, comenta.

Entrevista com a Psicóloga Daniela Faertes - Amor Patológico : Entrevista


com a psicanalista Tatiana Ades

Na entrevista, a especialista afirma que o amor pode se transformar em


doença. Tatiana Ades afirma que o amor patológico é diferente da paixão e diz que
um pouco de ciúme não faz mal a relação, mas que o ciúme exagerado pode ser o
sinal de um amor doentio. A especialista disse ainda que o tratamento do amor
patológico não é fácil, mas que esse problema tem cura.

'O amor saudável é aquele em que se acrescenta e não o que se tira', explica
a psicanalista, dra. Tatiana Ades

Ouça a entrevista veiculada pela Rádio Globo: CLIQUE AQUI

Apoio para quem sofre de Amor Patológico - Grupo MADA

MADA - Mulheres que Amam Demais Anônimas

MADA é um programa de recuperação para mulheres que têm como objetivo


primordial se recuperar da dependência de relacionamentos destrutivos,
aprendendo a se relacionar de forma saudável consigo mesma e com os outros.

O grupo foi criado baseado no livro "Mulheres que Amam Demais", de 1985,
da autora Robin Norwood, Ed. ARX.

A psicóloga e terapeuta familiar Robin Norwood escreveu o livro baseado na

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sua própria experiência e na experiência de centenas de mulheres envolvidas com
dependentes químicos. Ela percebeu um padrão de comportamento comum em
todas elas e as chamou de "mulheres que amam demais". No final do livro ela
sugere como abrir grupos para tratar da doença de amar e sofrer demais.

No Brasil o primeiro Grupo MADA foi aberto em São Paulo, por uma mulher
casada com um dependente químico que se identificou com a proposta do livro. A
primeira reunião do Grupo MADA - Jardins, em São Paulo, foi realizada em 16 de
abril de 1994. Em seguida, no Rio de Janeiro, a primeira reunião aconteceu em 06
de julho de 1999.

O Grupo MADA cresceu e, atualmente temos mais de 45 reuniões semanais


no Brasil distribuídas em 14 Estados e o Distrito Federal, e, 01 reunião em
Portugal, em Carcavelos, e 03 reuniões na Venezuela, em Caracas.

As mulheres do Grupo MADA compartilham com as "recém-chegadas" -


significado de participar de uma reunião pela primeira vez. Todas passaram por
problemas de relacionamento e compreendem o que a recém-chegada sente.

O Grupo MADA propõe à mulher recém-chegada que dê ao grupo e dê a si


mesma uma chance, assistindo a 06 (seis) reuniões consecutivas, pelo menos, que
serão chamadas de "Primeira Vez", mesmo tendo dúvidas sobre se o grupo é o
lugar apropriado para a sua recuperação.

Nestas primeiras reuniões a mulher será recebida por diferentes


coordenadoras e verá como funciona o Grupo MADA.

Tem sido comprovado que seis vezes é um bom tempo para que a recém-
chegada possa decidir se existe identificação com a problemática de adicção a
pessoas, e, se quer trabalhar sua recuperação no grupo.

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Perguntas mais frequentes:

>> Quem são os membros de MADA e por que estão aqui?

São mulheres que tem um vínculo que as une: acreditam que a dependência
de relacionamentos afeta profundamente suas vidas. Reunem-se para partilhar
suas experiências, fortalezas e esperanças.

>> Como receber ajuda?

Provavelmente alguém falará sobre uma situação que se assemelha à sua. A


partir de uma experiência pessoal e, sem dar conselhos ou fazer interpretações
psicológicas, é oferecida ajuda. Mesmo que não encontre ninguém nas mesmas
condições que as suas, poderá se identificar com a forma com que muitas das
mulheres sentem os efeitos que a dependência de pessoas produz em suas vidas.

>> Quem vai ao grupo precisa dizer alguma coisa?

Não. Se preferir, pode somente escutar. A mulher é livre para escolher, mas a
experiência indica que compartilhar com pessoas que entendem seu problema
traz muito alívio. Guarda-se o que serve e descarta-se o resto.

>> Alguém saberá que estive aqui?

Não. Recomenda-se respeitar o anonimato de cada participante. Usa-se


apenas os nomes das mulheres. Não se fala das mulheres que participam das
reuniões, nem é repetido o que é ouvido delas. Protege-se também o anonimato
daquelas pessoas das quais as mulheres são dependentes.

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>> Trata-se de uma irmandade religiosa?

Não. Aceita-se a idéia de que há um Poder Superior, que nos ajuda a resolver
os problemas e a encontrar a paz espiritual. A crença de cada mulher é uma
questão pessoal e, portanto, respeitada como tal.

>> Quem dirige este grupo?

Todas as mulheres. Porém, para manter a ordem e conseguir um


funcionamento uniforme, elege-se as coordenadoras do grupo que irão exercer
suas funções. Todas trabalham como voluntárias para manter o local em ordem.

>> Quanto irá me custar ?

Não há mensalidades ou honorários a serem pagos para unir-se a este grupo.


O sustento provém das próprias contribuições, que são feitas de forma voluntária.
Usa-se o dinheiro arrecadado para pagar o aluguel da sala, comprar livros
referentes ao tema e para manter os próprios módulos de literatura.

>> E agora, o que é que eu faço?

Para as MADAs tem sido útil assistir regularmente às reuniões de MADA,


falar com alguém antes e depois das reuniões, entrar em contato com as demais
companheiras, telefonar para elas entre uma reunião e outra, compartilhar os
problemas com um grupo que as entende, respeita e não julga. É oferecido à você
compreensão e solidariedade. Se, após seis reuniões, você decidir freqüentar as
reuniões, o Grupo MADA de mútua-ajuda estará esperando por você, para
podermos trabalhar todas juntas.

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