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DESENHO
NA SALA DE AULA
Método Cacimba
Edição do Autor
Natal-RN, 2007
DESENHO
NA SALA DE AULA
Método Cacimba
Autor:
Luiz Elson Dantas
CDU - 37
CDU - 741.02
CONTATO:
Endereço: rua Guaramiranga, 2470 - Panatis I - Potengi - Natal/RN
Fone : (84) 3214-6374
E-mail: luiz-elson@hotmail.com
Apresentação
Vários são os livros que trazem informações e exercícios para
desenvolver a habilidade de desenhar. Este seria apenas mais um, se
não fosse destinado a auxiliar o professorado do componente curricular
Arte, na espinhosa tarefa de montar seu conteúdo programático.
Ora, desde o primeiro concurso público que se tem notícia, o
desenho é valorizado como instrumento para melhorar o ser humano.
Seu organizador, o sábio Confúcio (551a.c. à 479a.c.), incluiu o desenho
como uma das principais provas a qual se submetiam os candidatos. Os
séculos que se sucederam, após este concurso, demonstraram que o
sábio chinês tinha razão. Por este motivo, acredito ser indispensável
no programa curricular de formação do professorado de Artes, bem
como do destinado ao público estudantil, um espaço destinado ao estudo
do desenho.
A grande dificuldade do professorado é o domínio desta
habilidade, uma vez que não se trata de nenhum dom divino, mas de
uma prática possível e benéfica a todos os seres humanos, como hoje é
sabido, sendo utilizado com fins terapêuticos com comprovados
resultados, no tratamento de alguns distúrbios mentais.
Desenvolver esta habilidade é a que se propõe este trabalho.
Método Cacimba
Este roteiro de exercícios visa abrir o caminho da percepção visual
aguda e cognitiva, o domínio da coordenação motora, assim como o
raciocínio lógico.
O(A) professor(a) que deseje contemplar seu alunado com os
benefícios gerados pelo domínio desta habilidade, tem neste método
uma fórmula para aplicar primeiro a si mesmo, para depois desenvolver
um roteiro de conteúdos das suas aulas, junto ao seu público alvo,
baseado nas suas próprias experiências.
Aucides Sales .
Agradecimentos
Aos também amigos Lula Borges pela diagramação, Francisco Farias, Erinaldo Alves
do Nascimento, Socorro Santana , Miguel Everaldo, ao fotógrafo Jarly Barbosa, Patrícia
Michelly pela revisão e a todos que me apoiaram na produção deste trabalho.
Mae Barbosa, que em uma palestra, realizada em nha, pretendo acrescentar novos conhecimentos.
Natal, no ano de 1998, defendeu a necessidade É indicado para estudantes dos 7 aos 14
dos(as) educadores(as) e dos(as) professores(as) de anos, faixa etária na qual se observa um bloqueio
Arte escreverem suas experiências, eu resolvi rea- no grafismo e a desvalorização do desenho.
lizar este trabalho. A idéia ficou amadurecendo. A idéia principal é a revalorização do dese-
Porém, por muitos anos o artista foi mais nho em sala de aula. É uma reflexão de como acre-
forte que o professor. E o meu foco de atuação era dito que se possa dar um salto no desenvolvimento
a produção e edição de revistas em quadrinhos do grafismo pessoal, de modo que, todos que es-
sobre a cultura e a história do Rio Grande do tão em sala, possam mediante a realização de de-
Norte. Um convite para realizar uma oficina para senhos simples, adquirir confiança para vencer os
estudantes de artes da UFRN, feita pelo Professor bloqueios de representação que se apresentam em
Dr. Vicente Vitoriano me fez repensar a idéia de determinadas pessoas. Através destes exercícios
organizar um trabalho no qual eu pudesse expor vamos agregar valor estético, artístico e conteú-
minhas idéias sobre o ensino do desenho, às ve- do ao desenho que cada pessoa já realiza e enri-
zes conflitantes com outros colegas educadores. quecer o seu estilo próprio. De modo que possibi-
Outra importante motivação foi a leitura lite a quem deseja e não consegue, a realização
do livro, “Desenho, Desígnio e Desejo: sobre o de um desenho de intenção realista.
ensino do desenho”, da professora Dra. Leda Gui- Estimular o gosto pelo desenho, fazer com
marães. Neste Livro, ela sugere, com clareza e que o alunado seja levado a desenhar um pou-
objetividade, que se façam revisões sobre os ca- co mais nas escolas. Este é o meu principal ob-
minhos trilhados no ensino do desenho e que se jetivo.
busquem formas de superar as dificuldades, de se Também é meu desejo estimular a paixão
formular novos caminhos. pelo ato de desenhar e fazer que as pessoas se re-
Este livro propõe uma seqüência de ativi- conheçam em seus próprios desenhos e expres-
dades com uma abordagem diferente sobre o en- sem com mais beleza, emoção, precisão e habili-
sino e aprendizagem do desenho. Partindo, en- dade as características visuais da sua cultura.
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Os desenhos dos alunos que ilustram o li- comprar o lápis grafite, pode utilizar a caneta.
vro não são para serem copiados ou reproduzi- O importante é não criar empecilho à realiza-
dos. O leitor deve fazer os seus próprios desenhos, ção das tarefas em sala de aula e não dar opor-
seguindo as orientações e as sugestões que são apre- tunidades de desculpas ao alunado para não
sentadas pelo autor. produzirem. É importante dar oportunidade a
Acho importante que o(a) professor(a) que quem realmente não tem o material devido às
pretenda usar essa proposta em sala de aula, faça suas condições econômicas.
primeiro, ele(a) mesmo(a), todos os exercícios, pois Os desenhos apresentados são de alunos (as)
é isto o que este livro é: um livro de sugestões de que durante os anos de 2004 e 2005 freqüenta-
desenhos. É uma descoberta individual, apesar de ram as minhas aulas de Arte, na Escola Munici-
ser uma proposta de seqüência coletiva, pois a idéia pal Profº Waldson Pinheiro. Foram na maioria,
é utilizá-la em sala de aula com todo o alunado, realizados na própria sala de aula, alguns, como
mesmo considerando, muitas vezes, turmas com até tarefa realizadas em casas. As turmas eram com-
50 alunos(as) como é bastante comum. postas por alunos(as) de 5º a 8º, entre 9 e 18 anos.
Eu proponho que o professorado oriente Alguns poucos são de alunos(as) que estudaram
o alunado para adquirirem o material básico com o autor em outras escolas e ateliês nos últi-
para realizar qualquer desenho: lápis, papel, bor- mos anos. Também temos desenhos realizados
racha, régua e apontador. Um caderno de de- pelo autor e de amigos, artistas potiguares.
senho pode ser adquirido, mesmo do mais sim- Antes de iniciamos a parte prática do
ples, aquele com arame na lateral. Entretanto, método, acho importante uma exploração teóri-
isto não é primordial. Pode ser utilizado o pró- ca e algumas definições, sem nos aprofundarmos
prio caderno pautado usado no dia a dia, ou o demasiadamente, pois não é o objetivo deste tra-
fichário. Da mesma forma, se o alunado não balho sobre o ato de desenhar.
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pelos recém criados cursos universitários destina- cas fundamentais do Brasil, nas dimensões soci-
dos à formação dos professores de educação artís- ais, materiais e culturais”. Por que muitos traba-
tica, fomentando um novo mercado de trabalho. lhos de Arte expressam questões humanas que
Estes cursos universitários foram orga- falam de coisas que contribuem para construir
nizados com corpos docentes bem heterogêne- progressivamente a noção de identidade nacio-
os. Devido a falta de profissionais preparados nal e pessoal e o sentimento de pertinência ao
para exercer estas funções, foram convidados país.
muitos “amigos “ e artistas simpatizantes do re- Apesar de todo este avanço na valoriza-
gime militar ou parentes de políticos governis- ção da Arte, muitos educadores contemporâneos
tas, pessoas sem sensibilidade social, apolíticos e artistas, ainda acham que é atual copiar, repro-
e sem formação acadêmica e artística. Muitos duzir a arte feita “lá fora”, pois ela é a única forma
apenas tinham um vago conhecimento sobre a de beleza aceitável.
disciplina que iam ministrar, pois eram profes- Então, é importante questionar, até que
sores de outras matérias. Outros eram artistas ponto o despreparo de alguns professores influ-
medíocres, porém serviam aos interesses da ide- enciou na redução do espaço que o desenho ti-
ologia política no poder. Alguns artistas tam- nha na escola.
bém foram convidados. Destes, alguns poucos Que espaço o desenho tem hoje, depois
foram porque mereciam e conheciam o seu ofi- deste processo todo?
cio e pelo papel que desempenhavam na soci- A principal crítica que se faz ao ensino
edade. do desenho realista é a de que os métodos acadê-
A Educação Artística não era considera- micos geram a formação de copistas e que todos
da uma disciplina “séria “, mas uma atividade com- reproduzem de forma igual o modelo que estão
plementar destinada a desenvolver a criatividade, desenhando. Então, o que dizer das obras de
a individualidade, atitudes e hábitos sobre o uso muitos artistas de hoje. Observamos toda uma
de materiais, técnicas e instrumentos de arte. O geração de copistas em série, obras que se não fos-
professor devia ser polivalente e conhecer o con- sem pelas diferentes assinaturas, era quase impos-
teúdo de Teatro, Música, Artes Plástica e Dese- sível saber a sua autoria.
nho Geométrico, novamente valorizado, devido
ao estímulo dado para o ensino profissionalizante,
pela política educacional instituída pelos milita-
res.
Nos anos de 1980, novas metodologias
educacionais são difundidas em congressos e en-
contros de educadores, que agora se organizam
em entidades de classes e buscam o estudo e fun-
damentação teórica mais consistente para o de-
senvolvimentos de suas práticas pedagógicas.
Agora com a lei 9394/96, a Arte é consi-
derada disciplina obrigatória na Educação Bási-
Luiz Elson - Coletiva - acrílico sobre tela
de uma representação livre de modelos. Vejam que Afinal, apesar desta quase ditadura, sem-
contraditório, em nome da liberdade de expres- pre teve pessoas que buscavam a intenção realis-
são se tira o direito de se aprender a desenhar com ta em seus desenhos e porquê?
a intenção realista. A professora Dra. Leda Guimarães, em seu
Entretanto, a falta de determinados conhe- livro Desenho, desígnio, desejo:sobre o ensino de
cimentos e até um certo pedantismo, além de uma desenho, 1996, pág 129, assim expressa sua opi-
dose de prepotência de muitos artistas e educado- nião: “ Na tradição ocidental os critérios de re-
res, foram responsáveis por toda uma geração de presentação visual são herdados dos gregos, que
artistas tão diferentes e tão iguais, que, por não te- instauraram na arte procedimentos de contínua
rem estudado muitos meios e técnicas de represen- superação de meios de representar o visível de
tação que produzem uma melhor compreensão da forma narrativa, ilustrativa, ilusionista. Essa tra-
forma de uma figura, além de outros recursos de dição, que se afirma no renascimento e nos acom-
desenhos, aca- panha até hoje, é
bam produzindo calcada em mo-
obras de qualida- delos e esquemas
de técnica e ar- que servem de es-
tística primária, teio para a repre-
simplista, sem sentação, mas
acabamento, ou como é própria da
esmero na sua civilização oci-
confecção. As- dental, esses mo-
sim, tornando-se delos são sempre
repetitivos em superados em fa-
seus temas e nas vor de soluções
formas de repre- considerando-as
sentação de seu mais apropriadas
trabalho. para o momento”.
A valori- A moderni-
zação só do lúdico, do processo do fazer por fazer, dade também possibilitou a formação de todo um
não levou em consideração as outras funções do grupo de atividades artísticas, como a publicida-
desenho, diferentes funções que ele acumulou de, a atividade gráfica e ilustrativa, as histórias
com as transformações que a sociedade sofreu, em quadrinhos, as vinhetas e comerciais da tele-
como ser uma forma de linguagem e comunica- visão e os desenhos animados que se desenvol-
ção que interage com pessoas de todos os níveis veu à margem destes ensinamentos, estas ativida-
culturais, trocando idéias das mais simples às mais des eram produzidas por artistas voltados para tra-
complexas. balhos de ordem mais prática. Estes artistas que,
Sem títulos, sem identidade, perseguido- pela necessidade de trabalho e pela vivência não
res de um pioneirismo infantil, defensores de uma ligados aos círculos de consumo de Arte, tiveram
sensibilidade sem conteúdo. Assim muitos artis- que buscar um outro caminho, o da união dos
tas que se declaram atuais, modernos, na verdade conhecimentos acadêmicos, com suas regras e suas
revelam-se como pessoas conservadoras que não normas, com as constantes experiências formais
desejam modificar situações. Por este motivo acho dos Modernistas.
que a arte não deve ser um canal no qual só se Recentemente, o desenho volta a ser va-
pode valorizar a visão do artista, baseando-se no lorizado devido a vários motivos, um deles, possi-
seu gosto pessoal e no seu mundo particular. Cla- velmente, é a explosão da era da informática, com
ro que isto é importante, mais impor seu gosto sua rede mundial virtual e seus milhões de usuári-
pessoal a todos, eu acho um exagero. os, que se comunicam através de IMAGENS,
Hoje, felizmente, muitos educadores têm ícones de um mundo novo, ainda em construção.
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Talvez todo este processo histórico, nos protagonizado, de um lado, por professores(as)
O que é desenhar?
Quando perguntamos ao alunado se sabem desenhos, como no estudo da anatomia,
desenhar, observamos as mais diferentes respostas. perspectiva e proporção, na representa-
Alguns afirmam que são capazes de copiar “igual- ção da figura humana, exige a obediên-
zinho” qualquer desenho, outros afirmam “olhar cia a regras que foram construídas e se
para uma pessoa e desenhá-la tal qual está vendo”. mostraram eficazes.
Já outros revelam que não gostam e que não con- b) Um pensamento: desenhar é uma idéia
seguem desenhar nada, nem uma bola, porém, representada visualmente, é a represen-
quando solicitados a fazerem qualquer desenho, tação da idéia. O desenho torna visível
repetem certos padrões. A maioria não reconhece a idéia, pode ter uma forma conhecida
a arte abstrata como um desenho, chamam de bor- ou ser uma abstração.
rões, riscos, doidice ou coisa pior. Quando assu- c) Uma linguagem: O desenho sendo uma
mem que não sabem desenhar é porque não con- criação de símbolos, códigos com formas
seguem representar uma imagem de acordo com e conteúdos compartilhados por um gru-
os padrões do desenho com a intenção realista, seus po, às vezes compreensíveis, outras ex-
desenhos, dizem, não ficam parecidos com as coi- perimentais, oníricas. É uma linguagem
sas, os objetos que eles querem representar. Assu- própria, composta de vários elementos
mem que não sabem desenhar “direito”, mais como visuais de natureza útil, científica e téc-
veremos nos capítulos seguintes o que é desenhar nica.
direito? Afinal, o que é desenhar? d) uma Arte autônoma – Desenhar é uma
Se formos buscar no dicionário o significa- forma de beleza em si mesmo, uma cria-
do da palavra desenho, já teremos assunto para ção artística, uma manifestação da ima-
uma boa aula. Os conceitos existentes conver- ginação e da inteligência, da criatividade
gem para as seguintes definições: humana. É um reflexo da individualida-
de, alem de algo que gera prazer e ale-
a) Uma habilidade: desenhar é uma habi- gria.
lidade e como uma habilidade, pode ser
ensinada e aprendida. É um meio de Então, é muito simples explicar que não
domínio de uma técnica, o que exige existe uma única resposta para o que é dese-
uma certa repetição de um mesmo exer- nhar. Como também é muito importante que
cício, como o desenvolvimento da co- se saiba que não existe um tipo CERTO ou
ordenação motora, útil em desenhos que MELHOR de desenho, um jeito melhor de de-
precisam de uma mão treinada, que pos- senhar do que outro, mais que existem FOR-
sibilite ao artista controle nos seus tra- MAS DIFERENTES DE DESENHAR, todas
ços. Também a prática de determinados belas, igualmente.
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Luiz Elson
Josian
Principais motivos que os artistas usam para desenhar
A arte tem sido usada para convencer, fazer Retrato - É uma imagem de uma pessoa da
pensar, explicar as razões, chamar a atenção para vida real ou imaginários, muitas obras são home-
temas importantes; como a denúncia da injusti- nagens ou registros comparação com o passado,
ça, o horror da guerra, descortinar e chocar as refletem a personalidade, o caráter e a expressão
pessoas mostrando as maldades cometidas pelo do retratado.
preconceito e pelas violências diárias, ou por fim Pintura de gênero - retratam cenas do co-
apenas para divertir. tidiano, a vida diária com suas alegrias e tristezas,
Deve o estudante buscar compreender que atividades com cenas do dia a dia.
muitas obras de arte representam em seus temas a História e mitologia - são obras que des-
sua época, o pensamento coletivo ou individual crevem histórias com os heróis, batalhas, a vida
que retratam os anseios de um povo. A busca pelo na corte, seres fantásticos, deuses, eventos histó-
entendimento de coisas comuns a todos, como a ricos e histórias que formaram a cultura de um
morte, a vida, o amor. E que estas representações povo.
têm um significado diferente a cada cultura e em Imagens religiosas - são obras que repre-
cada época. sentam os símbolos, os ícones de uma religião, os
Selecionamos alguns motivos que principais deuses, espíritos, superstições e a arte
freqüentemente são utilizados pelos artistas em muitas vezes e voltada para fins mágicos,
suas obras. sagrados. Também são as criações de toda
icnografia pictórica da cultura cristã com suas his-
Natureza morta - composição com obje- tórias de santos e da vida de Jesus cristo.
tos, frutas, organizados aparentemente de forma Decoração - imagens criadas com o objeti-
casual vo da harmonia estética entre seus elementos in-
Paisagem - obras onde a natureza é a mes- ternos de uma obra na busca da beleza.
tra da beleza, o artista procura representar a at- O artista recria, estiliza imagens que tornar
mosfera dos lugares, descrever, documentar, regis- os ambientes, as coisa e as pessoas mais atraentes.
trar locais onde hoje podemos observar as mu-
danças de um mesmo espaço ao longo do tempo.
Carlos Alberto
Luiz Elson
Nilson
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As mais diversas representações surgem. Daí, já começo a indagar por que se desenharam tan-
tas imagens diferentes do sol. Se todos ao olharem para o sol, vêem a mesma imagem de um círculo?
Falo do modo de representar individual, do grafismo pessoal, do jeito particular de cada um de
desenhar e que vários fatores interferem em sua visão do mundo, que sua memória visual é inerente
à sua experiência de vida e tem a ver com as condições e impressões que cada imagem lhe causa e
afeta.
Explico que essas aulas propõem um caminho a se seguir, com a realização de atividades que
buscaram resgatar imagens de nossa memória, pro-
porcionar um novo olhar sobre nosso meio e apren-
der com os artistas, vendo como eles representaram
determinadas coisas e a construir novas formas grá-
ficas de beleza. De acordo com o sentido de beleza
de cada um dos participantes.
Nesta primeira aula procuro iniciar o estudo
do desenho com o desenho de memória, buscando
resgatar as imagens que cada um guardou do que
viu.
O primeiro exercício é desenhar coisas do
cotidiano. Vamos do mais simples ao menos simples.
Peço para desenharem dez tipos diferentes de
frutas.
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Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
A primeira constatação deve ser comentada em sala é que, todos normalmente conseguem
desenhar. E é impressionante a variedade de formas apresentadas sobre uma mesma fruta.
Partimos então para objetos do dia a dia escolar, que estão com eles no momento, como por
exemplo lápis, caderno, livro, borracha, apontador, lapiseira, caneta e mochila.
Então, logo após os desenhos comento sobre os resultados obtidos, incentivo a olharem os
desenhos dos colegas e os incentivo ao afirmar que todos, de modos diferentes, conseguiram fazer
seus desenhos, uns com mais detalhes, outros com menos, porém pequenas diferenças são notadas,
como por exemplo as particularidades entre objetos tão parecidos e com quase a mesma forma, como
o lápis, a caneta e a lapiseira.
Vejam, todos conseguiram, vocês são capazes de desenhar. Você pode, basta tentar, é só uma
questão de paciência. Falo das virtudes que o ato de desenhar proporciona, do desenvolvimento da
concentração, da atenção, que são tão importantes no momento da vida escolar. Falo do valor da
tarefa realizada, da idéia de caprichar, de dedicar um tempo maior, nas tarefas a ter mais calma, de se
buscar um acabamento, uma limpeza no desenho.
Nesse momento solicito que desenhem com mais detalhes, forçando assim mais a memória e a
percepção visual.
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A memória deve ser exercitada do mesmo modo como nosso corpo, dizem muitos educadores,
tram com os desenhos que realizam é enorme, a maioria não acredita no que produziu, normalmente
vão mostrar aos colegas o que fizeram e ver como os amigos desenharam, a alegria na sala é contagiante.
Caso a aula já esteja terminando vamos a uma atividade um pouco fora de moda, mais muito útil: o
dever de casa.
Solicito que desenhem de observação o aparelho de televisão da sua casa, ou um outro objeto,
olhem e desenhe olhando para ela, não façam de memória. Introduzo neste momento, o desenho de
observação, sem fazer comentários, ao qual deixo para depois. O desenho de um telefone, um
liquidificador, um ventilador ou um computador pode ser solicitado também. . .
Atenção: não esqueça de ir realizando os seus desenhos e não copiando os dos alunos que
ilustram este livro.
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Na aula seguinte corrijo de carteira em carteira os trabalhos realizados. E continuo a nossa
Vamos em frente. . .
Neste momento, duas ou três aulas após, podemos comentar sobre os resultados alcançados,
vocês diziam que não sabiam desenhar e como já realizaram mais de 30 desenhos? Observem que
todos conseguiram realizar as tarefas que solicitei, então, vocês já sabiam desenhar ou é porque não
tinham tentado desenhar. Só repetiam sempre os mesmos desenhos?
Muitas vezes achamos que não sabemos ou não temos capacidade para fazer determinadas
coisas, mas, na verdade, é que, às vezes, estamos condicionados a não tentar, a não experimentar, a
não criar novos caminhos. E como não nos propomos a não tentar, não realizamos nenhuma ação
em direção para aprender coisas novas.
É importante que compreendamos que simples resultados podem conter grandes avanços e
que desenhar abre janelas para o desenvolvimento de atitudes significativas para o aprendizado.
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Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
A unidade na variedade
Entramos em outra fase: a da ampliação do
repertório visual e da criação de novas formas a
partir dos padrões ou esquemas estereotipados que
a maioria já possui e usa sempre que desenha,
como por exemplo, o desenho de uma árvore.
Normalmente, quando solicitamos o desenho de
uma árvore, surge sempre a famosa e clássica ár-
vore de maçã. O condicionamento imposto na
infância surge com toda sua força, reflexo do
automatismo que leva à repetição da mesma for-
ma e nos condiciona a repetir a mesma resposta.
Desenho de casas
Depois, passo para o desenho da casa do agregadas na paisagem urbana. Esta abordagem
próprio alunado, que é outra atividade que pode inicial, que desenho no quadro da sala de aula e
ser bem explorada. que é copiada pelos alunos, serve para que eles
Inicialmente, são demonstrados, em sala de percam o medo de tentar desenhar a sua casa de
aula, os diferentes tipos de fachadas (no caso de memória, pois adquirem confiança, já que nor-
casas populares), portas, janelas, portões, muros, malmente todos conseguem copiar do quadro.
detalhes de telhas da casa e a paisagem ao redor, E já não devem reclamar, ou dizer que não
como a existência de orelhões, postes, calçada, sabem, pois todos conseguem realizar estes dese-
cercas ou outras formas de construção que são nhos olhando do quadro.
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Devemos observar a posição do telhado em vários ânulos e o estudo das telhas.
Ao olharem com mais atenção o seu ambiente, a sua casa, a sua cidade, a sua realidade, as
imagens que lhe são impostas no dia a dia, lhes possibilitará adquirirem novos conhecimentos. Pas-
sam, então, a comparar com outros olhares, com um novo enfoque, refletir melhor sobre o seu mun-
do e sua vida.
Depois do desenho de uma casa podemos propor novas pesquisas como o desenho de igrejas
do bairro, do supermercado, da padaria, da farmácia, de lojas de material de construção ou dos prédi-
os públicos.
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A professora Maria Inês Moura Biondi, na sua tese de mestrado em geografia, defende a impor-
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
tância do desenho no estudo da geografia. Baseada nos PCN´s, ela propõe que uma das situações
ideais para o estudo da geografia é a leitura de paisagens, pois, o desenho acompanhado de uma
reflexão, possibilita um aprimoramento das habilidades de localização, proporção, pontos de vistas e
o entendimento da simbologia local, atitudes tão úteis ao conhecimento e ao estudo da cartografia.
-
d e v a lo res histó
os
it e lo ca is e prédi c id a d e . Observe
Vis la
sseios pe as esculturas, os
a u l a s p a
ricos em su a arq uitetura, as . Observ
eo
n h e a as p e ss o
e dese o g r áficos e t é a escola ou
es g e ca sa a
acident e fa z da sua e m ser fonte
s
q u p od
percurso q u a rto. Tod
os
r io
seu próp o desenho.
od
de estud
Aluno Leonardo Canário pintando no Teatro Alberto Maranhão.
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No estudo de paisagens, procure estudar as diferentes formações das nuvens, pois o céu é um
A figura humana
O desejo de representar visualmente, de observação, paciência e o domínio do manuseio
desenhar de várias formas, ângulos e maneiras di- do material adequado. Saber usar bem os materi-
ferentes a figura humana tem, principalmente na ais que proporcione um sombreado correto é tor-
cultura ocidental, atraído a atenção de muitos nar possível, ou seja, se dar melhor caracteriza-
artistas que, nos mais diferentes momentos da his- ção, mais vida as pessoas retratadas. Lembre-se
tória, têm criado e usados vários modelos de de- que grandes artistas construíram estilos próprios,
senhar o corpo e as expressões humanas. Do mes- formas particulares de representar a figura huma-
mo modo, esse desejo acontece, também, com as na, outros destruíram a forma e a reconstruíram,
crianças em idade escolar. Na atualidade, devido como Picasso e o Henfil que era um dos maiores
a forte influência dos meios eletrônicos, a grande desenhistas do Brasil, desenhava seus personagens
maioria busca na cópia dos desenhos animados quase que como uma caligrafia, como um ato da
ou de personagens de histórias em quadrinhos a sua escrita, impossível de ser copiado.
realização deste desejo.
E é neste momento que se gera um dos blo-
queios, pois ao não conseguir que seu desenho
fique parecido com o que está copiando ou se está
desenhando um retrato e alguém faz um comen-
tário tal como, “ah ! não está lembrando fulano”,
o desgosto e a frustração levam muitos a acharem
que seu desenho esta feio ou que nunca vão sa-
ber desenhar, ou até que isto é um dom de Deus.
Em alguns casos, perde-se o interesse pelo dese-
nho e se abandona esta nobre arte. Que tragé-
dia!
Cabe ao professorado evitar essa crueldade,
na medida do possível. Neste momento, com sua
experiência, deve trazer reproduções de várias
obras de arte com imagens de como os artistas
representaram a figura humana em vários estilos
e épocas diferentes e explicar que cada jeito de
desenhar a figura humana tem sua beleza, que não
existe uma forma melhor do que a outra, mas for-
mas diferentes de se ver a beleza.
Desenhar exige estudo e quem deseja ser
um bom desenhista deve praticar muito, pois de-
Desenho baseado em obra de Picasso
terminados resultados só se consegue com muita
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Porém, muitos artistas
Desenho de Geniere
Inicialmente copio no quadro da sala de aula partes distintas do rosto e, separadamente, vou
desenhando as formas mais simples de representação e acrescentado detalhes, passo a passo, até
formar uma figura mais complexa. Na seqüência: o olho, a boca, o nariz e a orelha (primeiro vistos em
um rosto de frente).
OLHO –inicio com o desenho de um simples ponto.
Para aprofundar os estudos sobre os olhos, deve-se observar as formas ao redor do globo ocular,
é importante ressaltar as pálpebras, as sobrancelhas, as rugas e o brilho dos olhos.
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BOCA – dependendo do desenho, uma reta já define uma boca, mais vamos acrescentando
NARIZ –partindo de dois pontos, vamos construindo outras formas de representação. Observe
que o nariz modifica seu desenho de acordo com a posição que o vemos.
compõem o rosto. Então, peço que desenhem um rosto de um homem e de uma mulher, para que
comparem coisas sutis como a forma da boca, sobrancelhas, olhos e cílios.
Outro exercício que proponho é que se criem vários personagens, observando os formatos de
desenhar uma cabeça, pois podemos partir das formas mais conhecidas, como a oval, o círculo, o
quadrado, triângulo e o retângulo até as formas irregulares como o formato de uma pêra.
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Solicito que de desenhem 10 tipos de rostos diferentes. Aqui também podemos acrescentar
Nesta fase de estudos, o alunado já adquiriu as noções das proporções que existem entre as
várias partes do rosto e poderão obter a intenção realista que desejam em seus desenhos.
Luiz Pinheiro
Leonardo Canário
Ivan Cabral
Cláudio Oliveira
O desenho do rosto de perfil é outra forma de representar a figura humana que estudamos
Inicialmente, copio no quadro os esquemas mais usados. Como ensinei na construção de rosto
de frente, também vou por partes, desenho primeiro os olhos, depois a boca, o nariz e a orelha.
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No desenho do olho de perfil, realizo o mesmo procedimento, inicio com a imagem de um
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
ponto, depois acrescento outras linhas que se parecem com um A deitado. Lembrem-se de represen-
tar os espaços existentes ao redor dos olhos.
O desenho da boca de perfil é realizado seguindo uma seqüência que vai acrescentado linhas
até obter a idéia do volume, observe com atenção a posição dos lábios superior e inferior, eles apre-
sentam tamanhos diferentes para cada pessoa.
51
A orelha deve ser estudada em diversas posições
retratos com a intenção realista, já estará mais preparado tecnicamente e com certeza obterá resulta-
dos melhores do que alcançava.
Os alunos podem utilizar fotografias de seus ídolos, de personalidades ou solicitarem que ami-
gos e parentes posem para eles.
Geniere
Sara
Luana
Willy
Joiran
53
Usando um aluno
como modelo, pode se pro-
por que se desenhe de ob-
servação uma pessoa em
pé. Sempre usando mode-
los masculinos e femininos
para evitar que pelo condi-
cionamento e preconceito
os meninos só desenhem
meninos e as meninas, me-
ninas.
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Depois de desenhar um aluno em sala de aula, volto ao quadro e demonstro 03 tipos de esque-
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
O primeiro é o boneco de arame, baseado nos ossos do corpo humano. Depois acrescentamos
a idéia do corpo com volume, relembrando o desenho de um cilindro. Explico a idéia de transparên-
cia, que fazemos nos esboços quando construirmos um boneco de cilindros.
O último esquema que solicito é o baseado nos contornos do corpo. Ele é realizado com traços
usados livremente, esse tipo de esboço é executado com poucas linhas.
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O estudo da proporção deve ser uma cons-
esquemas, até encontrar um que lhe dê um resultado satisfatório, isto é algo muito pessoal. Aqui
demonstro alguns tipos. Observe as proporções e o volume entre as diferentes partes de uma mão.
A utilização de estátuas de gêsso é um recurso que facilita o entendimento dos efeitos de luz, sombra
e volume no corpo humano. Prática frequente nas antigas escolas de arte e de comprovada eficácia.
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Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
Luiz Elson
Após realizar mais de 100 desenhos em sala de aula os alunos já não podem mais dizer que não
sabem desenhar. Muitos já possuem uma confiança que não possuíam, já perderam o medo de riscar,
de tentar, de fazer.
Chego a brincar, dizendo; Pronto! Agora vamos começar a estudar, a aprender a desenhar! Está
primeira parte foi só a introdução, para provar que vocês já sabiam, que todos já desenhavam, porém
poucos acreditavam.
Depois de ter explorado um pouco o campo da memória e da observação, vamos agora brincar
com a imaginação e com a capacidade de criar e recriar novas imagens.
Vamos dar liberdade a experimentação gráfica, desenvolvendo um centro de interesse visual
totalmente novo para muitos, vamos ampliar a nossa visão trabalhando os elementos básicos do
desenho.
Luiz Elson
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zindo obras com a estética da arte moderna. vos independente de cultura, ou país, a lingua-
Esta nova forma de comunicação visual, gem espiritual da alma como denominou
este ver com outros olhos, tão simples, tão obvia, Kandinsky.
Vamos reproduzir alguns conceitos já conhecidos e acrescentar a nossa opinião sobre esses
estudos.
Ponto
Portanto vamos ao ponto.
Ponto é o resultado do primeiro choque do instrumento (lápis, pena, etc. ) com o plano (x).
Ou seja um local, um espaço qualquer.
É o elemento de menor superfície que o olho humano pode perceber isoladamente no campo
visual em relação a um plano. Agrupando –os ou isolando-os obtemos diversos efeitos. Nas artes
gráficas e na computação, é o elemento de base, podem ser grandes, pequenos ou médios e de qual-
quer cor.
O ponto é o elemento indicador e moderador do espaço.
Vamos então realizar desenhos.
Inicio a parte prática com um exercício, onde solicito que cada aluno crie três composições
diferentes, usando o elemento ponto como base para seus trabalhos.
Vemos nos exemplos a seguir as diversas formas de uso, seja agrupando, ampliando, organizado
sem limitar o número ou o tamanho dos pontos usados, comento a diversidade de imagens que
surgem, pois apesar de usarem um elemento tão simples, temos inúmeras composições.
Os alunos se surpreendem com seus trabalhos. Relato de como a mente humana é ilimitada em
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suas criações e como cada pessoa tem a capacidade de criar e pensar diferente dos outros e que todos
A linha é o elemento essencial do desenho, por isso é importante para o artista e para o estu-
dante de arte, saber usá-la com liberdade, para isto deve ter o domínio da coordenação motora, que
é conseguido com treino e repetição de exercícios. Exercícios esses que praticados com freqüência,
possibilitará aos artistas se ter habilidade para produzir traços de rara beleza e expressão.
O uso do próprio elemento, linha, como centro de uma obra, como foco do trabalho de um
artista é novamente demonstrado. Recorro à reproduções de obras de grande artistas para demonstrar
o valor que eles deram a linha e ao propor exercícios, veremos que as possibilidades de realização são
ilimitadas.
A ampliação da percepção das linhas, dos seus principais tipos, começamos a observar o seu
emprego nas coisas do cotidiano, contornado objetos, nas estruturas arquitetônicas, na decoração,
na natureza.
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Figura - Forma - Contorno
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
O contorno descrito pelas linhas define os espaços. É aquilo que se vê, como as coisas existem,
é a sua estrutura organizacional realizada através da junção de linhas.
As principais figuras são:
quadrado, triângulo, círculo, elipse, retângulo, losango e trapézio, além de outras formas
irregulares.
desenho geométrico nas escolas, mais voltado para o estudo da matemática, como já vimos, não era
para todos.
Inicio os estudos ensinando a desenhar um simples Cubo.
Faço isto no quadro, passo a passo, primeiro desenho um quadrado, relembro os cuidados com
a habilidade técnica de fazer as linhas retas, sem auxilio de régua. Depois, demonstro que só uma
linha inclinada na base, já possibilita a idéia de profundidade e vai exigir novas linhas horizontais e
verticais para complementar a construção da figura.
É importante que eles desenhem pelo menos três vezes o cubo. O último sem olhar o modelo no
quadro, que deve ser apagado. Também acho que é necessário mostrar a inclinação para o outro lado do
quadrado e quando as duas linhas da base estejam inclinadas. Conforme o exemplo da ilustração.
cução de desenhos de
sofás e cadeiras, como
pesquisa extra-classe.
É importante compa-
rar os diferentes esti-
los que um mesmo
objeto apresenta,
comparando seu dese-
nho com o dos cole-
gas, os alunos passam
a observar com mais
atenção os objetos do
seu cotidiano.
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Para estudar os efeitos da luz e da sombra, devemos seguir um roteiro já usado no estudo das
formas geométricas sólidas. Aqui podemos usar as formas construídas de isopor ou madeira sugeridos
no estudo de desenho de observação, depois ir desenhando objetos.
TOM – é a graduação de valor entre o branco e o negro, representa a ausência ou a presença
da luz. O tom molda as formas visíveis. Eles separam os planos, um do outro e possibilitam a justapo-
sição entre as partes de uma composição.
É importante observar o foco da luz (natural ou artificial), os tipos (sombra do objeto, sombra
projetada), sua posição em relação ao objeto iluminado, sua intensidade e a sombra produzida.
No início dos estudos é importante buscar dominar poucos tons, 3 ou 4, depois ir ampliando a
sua escala entre o preto e o branco.
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O estudo do degradê tem grande importância para o
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
Caso o professor deseje pode se aprofundar um pouco no estudo da perspectiva para conseguir
mais profundidade nas dimensões dos objetos.
Explico as principais regras na construção da perspectiva.
A linha do horizonte –Linha imaginária que se localiza de acordo com o nível do olho do
observador, ela se desloca acompanhando a visão do mesmo.
Primeiro fazemos no quadro da sala de aula e peço que copiem acompanhando meu desenho,
passo a passo, um desenho de um cubo com um ponto de fuga e depois um com dois pontos de fuga.
Como exercício, solicito que desenhe um compartimento da sua casa, pode ser um quarto ou a
sala.
perspectiva com um ponto de fuga
O objeto ou objetivo do
desenho pode se encontrar em
diversas posições quanto a linha
do horizonte.
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Acho que é importante que os alunos realizarem estes desenhos usando todo o caderno, ou seja
uma página por desenho, para podemos observar mais detalhes. Para concluir, solicito uma visita ao
estacionamento da escola para desenhar carros que lá se encontram, exercício que fascina a muitos
alunos.
Antes de ir ao estacionamento, realizo na sala de aula desenho no quadro de esboços utili-
zando as formas geométricas sólidas. Desenho a forma básica de um carro, vendo de frente, de lado e
de três quartos.
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A ampliação dos sentidos abre uma nova dimensão do conhecimento nas pessoas, amplia a
Criando símbolos
A propaganda e a publicidade são duas atividades econômicas que utilizam a arte em suas
criações. Elas influenciam a sociedade contemporânea com a mesma velocidade com que as comuni-
cações se expandem e transmitem informações, criando toda uma cultura baseada em imagens sim-
bólicas, com suas marcas, logotipos, brasões e desenhos que já fazem parte do cotidiano das pessoas.
Propor ao aluno que ele crie um símbolo, é uma aula muito significativa, para que ele compre-
enda um pouco desta nova cultura visual.
Inicialmente, explico os conceitos de propaganda e de símbolos, depois os tipos, as principais
formas de letras, o uso das cores, a hierarquia dos formatos e tamanhos de letras e apresento exemplos
de recortes em revistas de trabalhos de artistas gráficos. Então, solicito que cada aluno crie um logotipo
com as letras iniciais de seu nome ou com uma profissão que deseja seguir no futuro. Também posso
solicitar um símbolo pra cada uma das disciplinas que ele tem na escola ou sobre as áreas da arte.
Esse exercício possibilita de que o aluno após conhecer muitas formas de desenhos, passe a
utilizar a capacidade de criar uma imagem a partir da abstração do pensamento.
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Desenho de profissões
Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
Neste exercício o aluno procura unir o desenho da figura humana com o cenário, solicito que
o aluno desenhe uma pessoa em seu local de trabalho. O professor pode sugerir que cada um desenhe
a profissão que almeja. Observamos que muitos alunos buscam ideais profissionais muitos simples.
Apesar de estarem na escola com o desejo de serem alguém na vida e acreditarem que o estudo vai
melhorar as suas vidas.
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tos e preconceitos, de como certas idéias são construídas e reproduzidas. É papel dos professores fazer
os alunos refletirem sobre elas.
O desenho de adereços estimula o aluno a realizar pesquisas e a conhecer as diferentes formas
de um mesmo objeto. O desenho de personagens históricos também é um motivo a ser explorado.
TUBARÃO - É UM
ANIMAL CARNÍVORO
E MUITO PERIGOSO.
J JOÃO REDONDO -
BONEQUINHOS PARA
BOTAR NAS MÃOS E BRIN-
CAR DE FAZER TEATRO.
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Luiz Elson Dantas - DESENHO NA SALA DE AULA
Cenas do Bairro
Uma das principais atividades que solicito é o desenho de cenas do seu bairro. Proponho que o
professor escreva no quadro sugestões de 10 locais diferentes, locais estes, que normalmente temos
em um bairro de periferia e que sejam próximos a escola e da casa dos alunos. Reforço a idéia de que
procurem só desenhar o que tem em seu bairro e a evitarem locais imaginados como praias, florestas,
aquelas famosas casinhas com chaminé e cortinas com um jarro na janela, isto é quando o bairro não
é localizado próximo a estes locais citados.
SUGIRO DEZ CENAS
Dentro de casa - em situações
diversas, assistindo tv, cozinhando,
no banheiro, no quarto, etc
Na escola, no pátio, na sala de
aula, desenho dos professores, o re-
creio
Na feira do bairro
No local de trabalho do alu-
no.
Locais conhecidos do bairro,
como; padaria, farmácia, lanchone-
te, igreja
Em frente a casa do aluno.
Um fato marcante na sua
vida, como um assalto, um acidente
Lazer no bairro, andando de
bicicleta, jogando bola.
A noite no churrasquinho da
esquina, em uma pizzaria.
Em uma festa, um show musi-
cal.
Cada aluno deve desenhar
apenas uma cena, porém exijo no
desenho a presença da figura huma-
na, detalhes nas casas, caracteriza-
ção das pessoas, animais, meios de
transporte, enfim, que procurem
expressar em seus desenhos as coi-
sas que estudamos neste livro.
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os alunos modificaram a sua forma de desenhar, podemos comparar os primeiros desenhos com os
atuais e avaliar quais mudanças ocorreram, que novos elementos da representação gráfica foram
incorporados, incluídos no repertório visual de cada aluno. Podemos então constatar os resultados e
os benefícios das seqüências do Método Cacimba. Salientando que é importante o professor levar em
consideração na sua avaliação a forma particular de cada pessoa de desenhar.
O professor que desejar, deve solicitar que os alunos sempre realizem redações sobre o traba-
lho que estão produzindo. Devem registrar todo o processo desenvolvido, analisando o seu grafismo,
as modificações que ele sofreu, as alegrias, as decepções, as supressas e os resultados alcançados.
Escrever todo dia, como propõe Ziraldo, qualquer coisa, como por exemplo um diário, é uma
atividade importante na fase escolar e possibilita o desenvolvimento pelo ato da leitura. Solicito ao
alunado que produzam um diário da Arte, onde eles registrem o que viu relacionado a arte naquele
dia. Ler e escrever devem ser metas constantes dos educadores
Por fim, o professor pode organizar e realizar uma exposição com os trabalhos dos alunos. Se
possível com uma abertura festiva e que os alunos contem com a presença da família e dos amigos do
bairro.
Ao final de um semestre ou um ano, dependendo do ritmo da turma e das interferências ou de
novas propostas que sempre surgem, como também da forma como cada professor adapta esta propos-
ta às suas práticas, poderemos observar as mudanças que ocorreram nos desenhos dos alunos e a
postura com relação a forma como eles encaram a Arte.
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Talvez, após realizarem estes desenhos os alunos passem a dizer:
Davi - 15 anos
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