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02 (2013) 271-286
Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
Paulo Roberto Megna Francisco1*; Iêde de Brito Chaves2; Lúcia Helena Garófalo Chaves3;
Ziany Neiva Brandão4; Eduardo Rodrigues Viana de Lima5; Bernardo Barbosa da Silva6
1
Doutorando, Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande-UFCG; 2Professor
Aposentado, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba-UFPB; 3Professora Adjunta, Departamento de
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande-UFCG; 4Pesquisadora, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, EMBRAPA-Algodão; 5Professor Adjunto; Centro de Ciências Exatas da Natureza; Universidade Federal da Paraíba-
UFPB; 6Pesquisador em Agrometeorologia, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE.
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fatores determinantes do processo erosivo, base de dados altimétrica SRTM, para mapear
este trabalho tem como objetivo o a declividade do terreno.
mapeamento da vulnerabilidade das terras da
bacia hidrográfica do rio Taperoá, utilizando Localização e características da área de
o Índice de Vegetação por Diferença estudo
Normalizada (NDVI) de imagens de satélite A área de estudo compreende a Bacia
(LANDSAT) para estimar o Índice de Hidrográfica do Rio Taperoá, com área de
Biomassa da Vegetação Lenhosa (IBVL), e da 5.686,37 km², que está localizada no Planalto
da Borborema, estado da Paraíba (Figura 1).
A área da bacia apresenta relevo suave anual é inferior a 400 mm, aumentando com a
ondulado, e altitudes variando altitude no sentido dos divisores da drenagem
predominantemente entre 400 a 600m. A (Francisco et al., 2012). O clima é do tipo Bsh
drenagem voltada para o sudeste facilita a (semiárido quente), com chuvas apresentando
penetração uniforme das massas atlânticas uma forte variação na distribuição espacial,
propiciando um gradiente uniforme de temporal e interanual, e uma estação seca que
temperatura e precipitação, à medida que pode atingir 11 meses (Varejão-Silva et al.,
ocorre a elevação do terreno. A temperatura 1984).
0
média está abaixo de 26 C e a amplitude A vegetação é do tipo caatinga
térmica diária é grande pelo efeito da altitude. hiperxerófila e de acordo com Barbosa et al.
Nas áreas mais baixas a precipitação média (2007) e Paes-Silva et al. (2003), as espécies
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foi realizada a extração dos valores de seis et al. (2008), foi determinada pela diferença
campo, criando uma planilha com os valores lenhosa (IBVL), para uma condição hipotética
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vegetação que se quer avaliar conforme a declivosa é a terra, maior é o risco à erosão a
equação 4. que está sujeita. Neste caso, o índice de
vulnerabilidade das terras (IVT) é
( )
determinado pelo produto entre o índice de
Sendo 1, o valor do índice de
vulnerabilidade pela vegetação (IVV) e o
biomassa da vegetação lenhosa (IBVL) para
índice de vulnerabilidade pela declividade
condição de máxima preservação; e IBVL, o
(IVD), conforme a Equação 5.
índice de biomassa para a condição de
Para o mapeamento da vulnerabilidade
vegetação que se quer avaliar.
das terras da bacia foi utilizada a linguagem
A vulnerabilidade das terras neste
do LEGAL do programa SPRING, cruzando
trabalho é uma previsibilidade que se faz do
os dados relativos aos parâmetros da
grau de degradação, quando se admite que,
vegetação e da declividade, Tabela 5,
neste ambiente semiárido de chuvas tropicais,
conforme a operação da Equação 5.
quanto mais desprotegida da vegetação e
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Relação índice de vegetação com biomassa da umidade nas várzeas, com a persistência de
lenhosa folhagem fotossinteticamente ativa, como
Os dados da Figura 7 mostram que observou Guimarães (2008).
houve uma boa correlação entre as leituras
espectrais (NDVI) com o índice da vegetação
(IBVL) obtido das descrições de campo, com
um coeficiente de determinação de 0,8456.
Este resultado corrobora as observações de
Guimarães (2008) e de Francisco et al.
Figura 8. Valores de NDVI das classes de
(2012b), de que o período seco é a melhor
vegetação de caatinga.
época para a realização do diagnóstico e
mapeamento da vegetação de caatinga. Cobertura da vegetação e risco a degradação
da terra
Quanto menor é a cobertura da terra
pela vegetação maior é o risco de degradação.
Embora não tenha sido possível separar a
cobertura da vegetação de caatinga dos
diferentes usos agrícola e pecuário, e de áreas
degradadas (Figura 9), é possível afirmar que
as áreas menos protegidas pela vegetação,
Figura 7. Correlação entre leituras de NDVI e
IBVL da vegetação de caatinga. representadas pelas classes de mapeamento,
solo exposto e de vegetação de caatinga
Como mostra a Figura 8, a boa
Subarbustiva arbustiva rala e muito rala,
correlação entre NDVI e IBVL, permitiu fazer
abrangem uma superfície de 1.687,1 km2, que
uma discriminação de nove classes de
corresponde a 29,6% do total da bacia (Tabela
vegetação, com baixa dispersão de leituras em
6). Estas são áreas que se distribuem, em
cada classe de vegetação. Na média, os
grande parte, nas laterais e ao longo da
valores das leituras do NDVI variaram de 0,18
drenagem (Figura 9), e estão relacionadas
a 0,33, para valores de biomassa (IBVL) de
com a ocorrência dos solos Luvissolos
0,05 a 0,85. Observa-se que muitos dos
Crômicos vérticos (Figura 2). Estes dois fatos,
valores mais altos das leituras estão
estão antropologicamente associados ao
relacionados às áreas de serra e de várzea
histórico de ocupação das áreas sertaneja, ou
(Figura 9), o que podem estar sendo
seja, a proximidade da água e a fertilidade alta
influenciado pelo efeito de sombra nas áreas
destes solos, tradicionalmente utilizados, até a
declivosas (Maldonado, 2001), ou a influência
década de 70 do século passado, com a
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muito rala e rala e 29,7% com vegetação ondulado, em 27,7% da bacia (Tabela 7),
aberta, Tabela 6, a grande predominância dos minimizam o risco de degradação das terras.
terrenos planos (0 a 3%) em 59,3% e suave
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sua metade, aí devido à predominância da S.S. do. (2009). Degradação da caatinga: uma
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Paes-Silva, A.P.; Chaves, I. de B.; Sampaio, Silva, B.B.; Lopes, G.M.; Azevedo, P.V.
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