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Módulo VIII - Sonhos, simbologia e

representações

Índice

Fantasia para a psicanálise 3

Interpretar sonhos 3

Sonho e Freud 4

Sonho e Jung 4

Abordagem psicanalítica dos sonhos 5

Sonho e sono REM 6

Sonhos e revelações 7

Como interpretar sonhos, segundo Freud 8

Antes de Freud 8

Método freudiano 9

Traumas de Infância 12

Pulsão de Morte 15

O sonho é a realização de um desejo 17

Ato falho 19

A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS 21

1. A IMPORTÂNCIA DO SONHO EM PSICANÁLISE 21

2. Entendendo o Processo do Sono 21

3. O Sonho na Teoria Psicanalítica de Freud 23

4. Refutações à Teoria Freudiana da Interpretação dos Sonhos 24

OS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DO SONHO 28


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O Conteúdo Latente do Sonho 28

O Conteúdo Manifesto do Sonho 30

A Elaboração do Sonho 31

Dramatização ou concretização 31

Condensação 32

Desdobramento 32

Deslocamento 33

Representação pelo oposto 34

Representação pelo nímio 34

Representação simbólica 35

Conclusão 37

Este material é parte das aulas do Curso de Formação em Psicanálise.


Proibida a distribuição onerosa ou gratuita por qualquer meio, para não alunos
do Curso. Os créditos às obras usadas como referências ou citação constam
nas Referências Bibliográficas.

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Fantasia para a psicanálise

Fantasia é uma situação imaginada por um indivíduo ou grupo que não tem
qualquer base na realidade em si (concreta), mas expressa certos desejos ou
objectivos por parte do seu criador/paciente.

Interpretar sonhos

O sonho é uma experiência que possui significados distintos se for ampliado


um debate que envolva religião, ciência e cultura. Para a ciência, é uma
experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono.
Para Freud, os sonhos noturnos são gerados, na busca pela realização de um
desejo reprimido. Recentemente, descobriu-se que até os bebês no útero têm
sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e sonham, mas não se sabe com o
quê. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido de
poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.

Para a psicanálise o sonho é o "espaço para realizar desejos inconscientes


reprimidos". O pesquisador James Allan Hobson considerou "os sonhos como
um mero subproduto da atividade cerebral noturna". (1) Existem duas fases do
sono. A primeira é o sono de ondas lentas, em que a atividade do cérebro é
baixo e, por isso, não se formam filmes em nossa mente, apenas pensamentos
mais ou menos normais que passam em uma espécie de tela escura, em
imagens. Já a segunda fase, é considerada de alta atividade, é chamada REM
- sigla em inglês, para movimento rápido dos olhos. E é durante a fase do REM
que os sonhos ocorrem, pelo menos nos adultos.

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Sonho e Freud

Foi em 1900, com a publicação de A Interpretação dos Sonhos, que Sigmund


Freud (1856-1939) deu um caráter científico à matéria. Naquele polêmico livro,
Freud aproveita o que já havia sido publicado anteriormente e faz investidas
completamente novas, definindo o conteúdo do sonho, geralmente como a
“realização de um desejo”. Para o pai da psicanálise, no enredo onírico há o
sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o significado), este último
realmente importante. A fachada seria um despiste do superego (o censor da
psique, que escolhe o que se torna consciente ou não dos conteúdos
inconscientes), enquanto o sentido latente, por meio da interpretação simbólica,
revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da narrativa.

Sonho e Jung

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, baseado na observação dos seus


pacientes e em experiências próprias, tornou mais abrangente o papel dos
sonhos, que não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma
ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Ou
seja, alguém masculinizado pode sonhar com figuras femininas que tentam
demonstrar ao sonhador a necessidade de uma mudança de atitude.

Na busca pelo equilíbrio, personagens arquetípicas interagem nos sonhos em


um conflito que buscam levar ao consciente conteúdos do inconsciente. Entre
essas personagens, estão a anima (força feminina na psique dos homens), o
animus (força masculina na psique das mulheres) e a sombra (força que se
alimenta dos aspectos não aceitos de nossa personalidade). Esta última, nos
sonhos, são os vilões. Um aspecto muito importante em se atentar nos sonhos,
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segundo a linha junguiana, é saber como o sonhador, o protagonista no sonho
(que representa o ego) lida com as forças malignas (a sombra), para se
averiguar como, na vida desperta, a pessoa lida com as adversidades, a
autoridade e a oposição de ideias. Jung aponta os sonhos como forças naturais
que auxiliam o ser humano no processo de individualização.

Ao contrário de Freud, as situações absurdas dos sonhos para Jung não


seriam uma fachada, mas a forma própria do inconsciente de se expressar.
Para o mestre suíço, há os sonhos comuns e os arquetípicos, revestidos de
grande poder revelador para quem sonha. A interpretação de sonhos é uma
ferramenta crucial para a psicologia analítica, desenvolvida por Jung.

Abordagem psicanalítica dos sonhos

Os sonhos são cargas emocionais armazenadas no inconsciente, que projetam


imagens e sons, e de acordo com Freud como sabemos que os objetos nos
sonhos são derivados de cargas emocionais, podemos através deles chegar a
raiz ou seja as emoções que geraram essa imagem ou som. Sendo estudados
corretamente podem se descrever, ou melhor, conhecer o momento psicológico
do indivíduo. Fazendo uma analogia, poderíamos pensar numa espécie de
"fotografia" do inconsciente naquele momento. Por isso, o sonho sempre
demonstra aspectos da vida emocional. Nos sonhos sua linguagem são o que
Freud denomina símbolos.

Para entender seus variados conteúdos, temos que reconhecer o que os


símbolos representam nesse sonho. semelhante ao que foi estudado por
Stanislavski, a simbologia dos sonhos não só está dada pelo contato que o
criador do sonho teve com o objeto mas também com o caráter, ou seja, a
forma que ele lida relaciona sentimentalmente esse objeto a coisas de sua
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vida, um exemplo prático o mar pode apresentar distintas simbologias(que são
importantes para a interpretação dos sonhos se trata de descobrir a raiz)
variando de pessoa a pessoa(inclusive a época) para alguns o mar pode
significar destruição (o mar destruindo estruturas deixadas na praia) mas para
outros invasão (a água avançando e invadindo território) de acordo com Freud
o que a pessoa sente quanto a esse objeto ou essa situação é fundamental
para a interpretação de sonho."Os sonhos são a estrada real para o
conhecimento da mente". Portanto as terapias psicanalíticas usam
interpretação dos sonhos como um recurso para "elaborar". Carl Gustav Jung
passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o
inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste
fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente
coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se
com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos
profundos de apelo universal, os arquétipos.

Sonho e sono REM

Eletroencefalograma de uma fase REM.

Existem outras correntes, que vêem o sonho de modo diverso. Os


neurocientistas, de modo geral, afirmam que o sonho é apenas uma espécie de
tráfego de informação sem sentido que tem por função manter o cérebro em
ordem. Essa teoria só não explica como esses enredos supostamente
desconexos são responsáveis por grandes insights, como em Thomas Edison,
por exemplo. Existem muitos outros casos de sonhos reveladores em várias
áreas da ciência e da arte, que todavia não impedem que os sonhos sirvam
também para recuperar a saúde do organismo e do cérebro.

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Sonhos e revelações

A oniromancia, previsão do futuro pela interpretação dos sonhos, tem grande


credibilidade nas religiões judaico-cristãs: consta na Torá e na bíblia que Jacó,
José e Daniel receberam de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No
Novo Testamento, São José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua
esposa traz no ventre uma criança divina, e depois da visita dos Reis Magos
um anjo em sonho o avisa para fugir para o Egito e quando seria seguro
retornar à Israel.

Na história de São Patrício, na Irlanda, também figura o sonho. Quando


escravizado, Patrício em sonho é avisado de que um barco o espera para que
retorne à sua terra natal.

No Islamismo, os sonhos bons são inspirados por Alah e podem trazer


mensagens divinatórias, enquanto os pesadelos são considerados armadilhas
de Satã.

Filósofos ocidentais eram céticos quanto ao tema religião e sonhos, por


alegarem que não haveria controle consciente durante os sonhos, mas estudos
recentes analisando movimentos dos olhos (REM) durante o sono mostram
resultados cientificamente comprovados com sonhos lúcidos, que se
contrapõem às teorias anteriores.

Pensadores, cientistas e matemáticos como René Descartes e Friedrich August


Kekulé von Stradonitz também tiveram em sonhos visões reveladoras.
Descartes, em viagem à Alemanha, teve uma visão em sonho de um novo

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sistema matemático e científico. Kekulé propôs a fórmula hexagonal do
benzeno após sonhar com uma cobra que mordia sua própria cauda. O grande
pai da tabela periódica, Dmitri Mendeleiev, afirmou ter tido um sonho no qual
era mostrado o modelo da tabela periódica atual.

Como interpretar sonhos, segundo Freud

Uma das coisas mais fascinantes de estudar a obra de Freud é a sensação de


que “o que não quer dizer nada sempre quer dizer alguma coisa”. Talvez vocês
já tenham ouvido a frase “Freud explica”, que quer dizer que Freud explica
tudo, ou quase tudo. E para falarmos sobre a genialidade de Freud, gostaria
hoje de compartilhar alguns trechos e ideias contidas no livro A Interpretação
dos Sonhos, publicado pela primeira vez em 1900.

Antes de Freud

Basicamente, podemos falar em dois tipos de interpretação antes da


psicanálise: a interpretação por decifração e a interpretação simbólica. O
primeiro tipo de interpretação é encontrado nos famosos dicionários de sonhos.
Se eu sonho com jacaré significa que eu devo tomar cuidado com pessoas
falsas. Se eu sonho com cadáver, significa que eu estou realizando um desejo
oculto e assim por diante.

A questão é que interpretar o sonho dessa forma é uma arbitrariedade. Não há


uma lógica que possa ser defendida por trás dos significados de cada
elemento. Por que jacaré não pode significar um contato com o divino e o

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sagrado (como em algumas culturas)? Por que cadáver não pode significar o
medo da morte ou uma doença?

Bem, como era de se esperar, este tipo de significação acabou trazendo para a
interpretação dos sonhos uma má reputação.

O segundo tipo, a interpretação simbólica, pode ser encontrada em sonhos,


digamos, mais proféticos, que indicam um desenrolar dos eventos futuros. O
exemplo mais fácil e mais conhecido é a interpretação de José do sonho do
faraó, descrito no Gênesis. O faraó sonha o seguinte Gênesis 41:17-24:

“Eis que em meu sonho estava eu em pé na margem do rio, E eis que subiam
do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado. E
eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e magras de
carne; não tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a terra do Egito.
E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas; E entravam
em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado; porque o
seu parecer era feio como no princípio. Então acordei. Depois vi em meu
sonho, e eis que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas; E eis
que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após
elas. E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu contei
isso aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse”.

José então, como sabemos, interpreta as sete vagas gordas como símbolo da
fartura dos próximos sete anos e as sete vagas magras como símbolo da fome
que adviria logo em seguida.

Este tipo de interpretação dos sonhos, a interpretação simbólica, sempre foi


muito admirada e louvada. O único problema é que seria necessário para que a
interpretação se realizasse um sujeito especialmente capaz, intuitivo, místico
ou espiritual. De outro modo, o sonho continua sem interpretação.

Método freudiano

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No Interpretação dos Sonhos, Freud introduz um elemento para a interpretação
até então inédito, ou seja, ele é o primeiro autor a considerar um elemento a
mais para fazer a análise da nossa vida onírica. Além do conteúdo manifesto
do sonho – o que contamos sobre o que acabamos de sonhar – Freud também
leva em conta as associações do próprio sonhador.

Temos, portanto, dois elementos agora:

1) o conteúdo manifesto – o que o sonhador conta, a narrativa do sonho tal


qual o sonho é lembrado ao acordar ou nos dias seguintes;

2) o conteúdo latente – que é o significado do sonho, depois de analisado.

Para chegar ao conteúdo latente, o analista parte das associações individuais


do sonhador de cada parte do que sonhou. No capítulo II, Análise de um sonho
modelo, Freud escreve:

“Nosso primeiro passo no emprego desse método nos ensina que o que
devemos tomar como objeto de nossa atenção não é o sonho como um todo,
mas partes separadas de seu conteúdo. Quando digo ao paciente ainda
novato: “Que é que lhe ocorre em relação a esse sonho?”, seu horizonte
mental costuma transformar-se num vazio. No entanto, se colocar diante dele o
sonho fracionado, ele me dará uma série de associações para cada fração, que
poderiam ser descritas como os “pensamentos de fundo” dessa parte
específica do sonho”.

Assim, cada elemento do sonho deve ser separado dos demais e para cada
elemento devemos buscar as associações individuais para os elementos, para
as partes do sonho. Por isso, o que contamos ao acordar, o conteúdo
manifesto, praticamente nunca vai trazer logo de início o significado subjacente
do sonho. Existem sim sonhos que são claros e até fáceis de entender, mas a
maior parte vai precisar das associações individuais para que se possa
descobrir o significado real, por trás do conteúdo manifesto.

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Por exemplo, Freud relata um sonho de uma paciente. No sonho, ela via o seu
sobrinho morto, em um caixão. A princípio, não podemos dizer nada sobre o
significado do sonho, sem as associações da sonhadora.

Deste modo, Freud começa a pedir para que ela associasse, dissesse o que
cada elemento do sonho a fazia lembrar e pensar. E logo chegaram ao sentido
do sonho: realmente, há pouco tempo, um outro sobrinho seu havia falecido e
naquela ocasião uma pessoa por quem ela era apaixonada apareceu no
enterro. Com isto, o que o sonho mostrava é que ela desejava ver novamente
a pessoa por quem ela era apaixonada e que, por motivos alheios à sua
vontade, não conseguira estabelecer um relacionamento amoroso.

Portanto, entre o conteúdo manifesto e o conteúdo latente nós temos as


associações:

Conteúdo manifesto: sobrinho morto em um caixão

Associações:

Sobrinho: sobrinho morto (há pouco tempo). No enterro do sobrinho: presença


do homem por quem era apaixonada.

Conteúdo latente: desejo de reencontrar o homem por quem era apaixonada.

Importante: na perspectiva da psicanálise de Freud, portanto, a interpretação é


sempre individual. Cada pessoa é que vai associar aos elementos do que
sonhou outras representações.

Esta paciente do Freud sonhou com caixão e pode associar a presença de um


pretendente. Outra pessoa poderia sonhar com caixão e lembrar do avô, outra
pessoa poderia sonhar com caixão e se lembrar do tempo em que trabalhou
em uma funerária, quer dizer, a associação de cada elemento de um sonho vai
ser sempre de cada um, vai ser sempre individual.

Quem desejar saber mais sobre os sonhos e o método de interpretação da


psicanálise, pode se inscrever em nosso Curso – Freud: A Interpretação dos
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Sonhos – Clique no link e veja a 1° Lição totalmente Grátis! Como disse no
começo, o fantástico de ler Freud é ter não só mais conhecimentos sobre a
psique, sobre os sonhos, os sintomas, os atos falhos, as piadas (chistes), mas
também ter a impressão de que os fenômenos da psique podem ser
explicados, pois como diria Fernando Pessoa – “o que parece não querer dizer
nada sempre quer dizer qualquer cousa”…

Traumas de Infância

Existe uma ideia bastante comum de que na infância a pessoa tem a


experiência de um trauma – que causa uma marca para a vida toda. A
psicologia, então, ajudaria na superação deste trauma.

Na verdade, não é bem assim! Neste texto você vai saber mais sobre o
surgimento da infância – pois a ideia de infância não existia até bem pouco
tempo atrás – e também como surgiu o conceito de trauma na infância e como
a psicanalise e a psicologia trabalha esta questão atualmente.

Existe um livro muito utilizado nas Ciências Humanas (na psicologia, na


pedagogia, na história) chamado História Social da Criança e da Família, do
historiador de final de semana Phillipe Ariès.

O livro mostra historicamente a constituição da família desde o século XV até o


século XVIII e o papel da escola e do “conceito” de infância neste processo.

Na Inglaterra da Idade Média as crianças eram mandadas para a casa de


outras pessoas para trabalharem com a idade de sete anos e eram chamadas
aprendizes. Este tratamento acontecia em todas as famílias não importando a
fortuna, ao mesmo tempo em que mandavam suas crianças para outras casas,
recebiam meninos ou meninas nas suas.

Provavelmente, este gênero de vida foi comum ao Ocidente medieval, onde a


aprendizagem se confundia com o serviço doméstico. A criança aprendia pela

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prática, não somente os conhecimentos do mestre que a recebia mas também
os valores morais.

Como a transmissão do “conhecimento” era de maneira prática e de uma


geração para outra não havia lugar para a escola. Deste modo, a criança
participava integralmente na vida dos adultos. Não havia a segregação das
crianças, como posteriormente aconteceria.

Em outras palavras, não havia a noção que temos hoje de infância. Uma
criança era um pequeno adulto, um adulto pequeno e tratado como tal.

A família não podia nesta época alimentar um sentimento existencial profundo


entre pais e filhos, era uma realidade moral e social mais do que sentimental.

A partir do século XV, essa realidade começou a se transformar, lentamente,


com a extensão da frequencia escolar. Dessa época em diante, a educação
passou a ser fornecida mais pela escola.

As famílias ao mesmo tempo, não queriam mais se separar de seus bebes e


começaram a trazer amas-de-leite até as suas casas. Assim, as crianças
cresciam e aprendiam a civilidade através do contato com suas famílias.

A palavra “civil” era quase sinônimo de nosso “social” moderno. Existiam, no


século XVI até o século XVIII umaliteratura sobre civilidade, os tratados ou
manuais de cortesia, nos quais as pessoas aprendiam como se comportar em
sociedade.

A escola durante este período foi se desenvolvendo e a infância se


particularizando.

Na segunda metade do século XVII a família já está organizada em torno das


crianças. A primeira família moderna foi a de homens ricos e importantes.
Contudo, havia ainda uma grande socialização, não se tendo espaço para a
criação de uma maior intimidade.

Até o século XVII a densidade social proibia o isolamento. Somento no século


XVIII a família começou a manter à sociedade à distância. A organização das
casas passou a corresponder a essa nova preocupação contra o mundo. A

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independencia dos cômodos e o conforto surgiu junto da intimidade, do
isolamento, da discrição.

A especialização dos cômodos, nas familias da nobreza e da burguesia foi uma


das maiores mudanças na vida cotidiana das pessoas. Ou seja, até bem pouco
tempo atrás não existiam quartos individuais – todos conviviam no mesmo
espaço. Além disso, a casa era uma extensão da rua e estava sempre aberta
para os vizinhos.

A partir do século XVIII, começou-se a se seperar a vida mundana, a vida


profissional e a vida privada, e surgiu um novo código de boas maneiras que
recebeu o nome de polidez, que obrigava à descrição e ao respeito pela
intimidade alheia.

A criança tornou-se um elemento indispensável da vida quotidiana e os adultos


passaram a se preocupar com sua educação, carreira e futuro.

À medida em que as transformações na sociedade modificaram a escola, a


aprendizagem, os costumes, as relações da criança com a família e da famílica
com esta constituiram um importante fator no surgimento da família moderna.

Traumas de Infância

Nos últimos séculos, portanto, o modo como as pessoas tratavam as crianças


começou a ser modificado. A infância como a entendemos hoje foi surgindo
também com a criação das escolas fundamentais e obrigatórias – inicialmente
uma exigência dos protestantes que desejavam que as pessoas pudessem ler
a Bíblia sem o intermédio dos padres.

Sigmund Freud elaborou logo no começo de sua carreira como psicanalista o


conceito de trauma na infância. De acordo com suas pesquisas iniciais, o
adulto neurótico – com problemas e sintomas psíquicos – teria passado por um
ou mais eventos traumáticos na primeira infância.

Estes eventos estavam já relacionados à ideia do Complexo de Édipo.

Porém, depois de pesquisar mais, Freud percebeu que na verdade, não haviam
estas traumas. Ou ainda melhor, experiências ruins podiam até acontecer –

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mas o que mais importava para o surgimento da neurose era a fantasia
inconsciente do paciente.

Em outras palavras, o trauma perdeu importância como o causador do


problema. O problema, então, não seria mais o trauma (o evento que
aconteceu no passado) mas a fantasia inconsciente do passado.

Com isso, a psicanalise não trabalha mais hoje com a ideia de trauma e
solução do trauma. Os psicanalistas trabalham com a ideia de sintoma e
fantasia (ou fantasma) inconsciente.

Chegar à fantasia inconsciente que é a origem dos sintomas – é o que permite


ao paciente libertar-se de seu sofrimento.

Pulsão de Morte

Para falarmos de Pulsão de Morte devemos lembrar um pouco da história da


psicanálise, a partir já de Freud. Para tanto, devemos lembrar da polaridade
pulsão do eu X pulsão sexual e, posteriormente, pulsão de vida X pulsão de
morte.

No começo de sua obra, Freud acreditava que o inconsciente era puro desejo,
ia em busca do prazer no desejo – o famoso princípio do prazer. Este prazer
era frequentemente contrário ao eu.

Pensemos em uma dicotomia:

Pulsão do eu (ou pulsão do ego) X Pulsão Sexual

Neste começo, Freud relacionava o princípio do prazer à sexualidade. Claro, a


sexualidade entendida de uma forma ampla; não apenas o coito, a relação
sexual propriamente dita.

Neste caso, a sexualidade englobaria, por exemplo, os fênomenos da


transferência (em que o paciente crê no analista), o apaixonar-se, os conflitos
amorosos…
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Importante lembrar este ponto. Em psicanálise sexualidade é um conceito
amplo – que não quer dizer imediatamente o ato sexual.

Contra a pulsão sexual havia a pulsão do eu ou pulsão de autoconservação.


Enquanto a pulsão sexual impeliria o sujeito a se reproduzir, a pulsão de
autoconservação impeliria o sujeito a se proteger, a se defender, a manter a
própria vida.

Portanto, o princípio do prazer expresso pela pulsão sexual se contrapõe à


pulsão de autoconservação, à pulsão do eu.

Como o que não é o eu, neste começo da psicanálise, é o inconsciente, o


inconsciente é representado pelo princípio do prazer.

Posteriormente, no famoso livro Mais além do princípio do prazer, Freud


entendeu que o princípio do prazer não era único, não representava o todo da
dinâmica do inconsciente.

Havia um mais além, um algo a mais do prazer.

E o que é? A pulsão de morte.

Neste segundo momento – que coincide com a construção da ideia de Id, Ego
e Superego – Freud entende a psique como sendo constituída por outra
polaridade:

Pulsão de vida X Pulsão de morte

É esta polaridade, até certo ponto, que nos permitirá entender a polaridade
entre o desejo e o gozo na psicanálise lacaniana.

O desejo para Lacan aproxima-se do conceito de desejo em Freud.

Enquanto que a ideia de gozo (juissance) aproxima-se da ideia de mais além


do prazer, de Freud.

Podemos pensar, para começar, em um exemplo:

Imagine uma mulher, bonita, inteligente, com boas condições financeiras,


estrutura familiar tranquila.

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Em sua vida de vinte e poucos anos, começa a namorar. Apaixona-se. O caso
é que o objeto de sua paixão é um bandido. Um malandro, alguém que só lhe
fará mal. O malandro bate nela, a maltrata, a xinga, a trai… e…ela continua
com ele. Porque? Porque continua?Para responder à esta questão, porque ela
continua, temos que fazer referência aos dois conceitos:

desejo X gozo(princípio do prazer) X princípio de morte

Mesmo o inconsciente não sendo lógico, racional, previsível, seria de se


esperar que esta mulher jovem e bonita procurasse o prazer, o bem, alguém
que lhe tratasse de forma boa, solícita…Seria lógico se pensarmos no princípio
do prazer. O inconsciente buscaria apenas o prazer, apenas o que lhe desse
satisfação. Mas como vimos, este não é o caso. Há aí um mais além do
princípio do prazer, um gozo na psicanálise de Lacan, um desprazer que,
mesmo sendo desprazer, satisfaz… É uma paradoxo, mas é o paradoxo do
gozo. Continuaremos a explicação do conceito de pulsão de morte, juntamente
com o conceito de gozo, em seguida. Aguardem.

O sonho é a realização de um desejo

Freud se questiona sobre a origem da forma enigmática do sonho, pelas


alterações dos pensamentos oníricos no sonho manifesto, pela fonte das
peculiaridades do sonho, e averigua então se os sonhos, todos eles, podem ser
considerados como realização de desejo.

Em outras palavras, o sonho manifesto é o sonho tal qual é relatado da


primeira vez. Pode ocorrer que o sonho manifesto não aponte de imediato o
desejo que lhe corresponde no chamado sonho latente.

Após mostrar as peculiaridades dos sonhos e a diferença entre o sonho


manifesto e o sonho latente, Freud passa sem seguida a demonstrar exemplos,
como os da realização do desejo de beber água, o desejo de continuar
dormindo, sonhos que predizem a gravidez e o desejo dessas mulheres de

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ficar grávida ou ficar mais tempo livre da maternidade. Também aparecem no
texto sonhos de crianças.

Estes últimos são “pura realização desejos. Não levantam problemas a ser
solucionados, mas são de inestimável importância para provar que, em sua
natureza essencial, os sonhos representam realizações de desejos”. Freud
descreve então alguns sonhos de seus próprios filhos.

Considera que as crianças às vezes apresentam sonhos mais complexos e os


adultos em condições adversas sonhos “infantis”. E conclui o capítulo
mostrando alguns provérbios alemães, judeus e húngaros que corroboram a
sua tese: os sonhos são realizações de desejo.

Foi Freud quem redescobriu, há mais de cem anos, a importância dos sonhos.
Bobagens sem sentido? Pesadelos que você não ousa lembrar? Sonhos tão
bons que deveriam se repetir?

Quem consegue interpretar os próprios sonhos, possui uma chave mágica para
a descoberta de si mesmo: a via régia para o Inconsciente.

Dicas simples para começar a descoberta:

1) Escreva em um caderno o sonho completo assim que dele lembrar. O


melhor é manter o caderno do lado da cama e anotar no momento em que abrir
os olhos.

2) Sublinhe as palavras mais importantes. Aquelas que resumem o texto.


Atente para os sujeitos, objetos e as qualidades desses dois.

3) Pegue cada um dos elementos sublinhados e pense em cada um


separadamente. O que lhe vem à mente? Exemplo: isso (o elemento do sonho)
me lembra…

4) Relacione os elementos entre si e conte novamente o sonho. Como o sonho


parece agora? Claro? O sentido é seguro e certo?

Se o sonho continuar incompreensível, há duas saídas: esperar pelos sonhos


seguintes e fazer o mesmo processo ou procurar o seu psicólogo ou
psicanalista.

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Para saber mais: Fundamentos de psicologia analítica. Quarta conferência.
Autor: C.G. Jung. Editora Vozes.

Ato falho

Ato falho é um termo utilizado pela psicanálise para descrever uma série de
atos que podem ser interpretados por terem um sentido inconsciente. De certo
modo, apesar de serem atos que falharam, são atos bem sucedidos, de acordo
com Freud.

O Vocabulário de Psicanálise, de Laplanche e Pontalis, dá a seguinte definição


para o termo:

“A expressão ‘ato falho’ traduz a palavra alemã Fehlleistung, que para Freud
engloba não apenas ações strictu sensu, mas todo tipo de erros, de lapsos na
palavra e no funcionamento psíquico.

A língua alemã põe em evidencia o que há de comum em todas essas falhas


pelo prefixo ver, que vamos encontrar em das Vergessen (esquecimento), das
Versprechen (lapsus linguae), das Verlesen (erro de leitura), das Verschreiben
(lapsus calami), das Vergreifen (equívoco na ação), das Verlieren (perda de um
objeto)”.

Portanto, todos os atos acima – esquecer de alguma coisa, perder um objeto,


trocar na fala ou na escrita uma palavra ou expressão – podem ser
considerados atos falhos, em certas situações.

Há dois exemplos fantásticos, que ajudam na compreensão:

1) Antes de uma aula de faculdade, a aluna diz: “Vamos embora, este


professor não faz falta”. Inconscientemente, a aluna considerava que realmente
aquele professor não fazia diferença, não era importante assistir à sua aula. A
frase foi uma combinação de dois pensamentos: a) o professor não faz

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chamada, b) o professor não dá falta. No final, foi o inconsciente quem falou:
ele não faz falta.

2) Na CPI do Mensalão perguntaram a José Dirceu se ele era inocente. Sua


resposta foi: “Eu sou Inocêncio”. Não sabemos quem é Inocêncio, nem se ele
foi realmente culpado. O que podemos dizer é que, inconscientemente, ele se
considerava um pouco culpado (Inocêncio mas não inocente) pelos fatos.

A obra de Freud, A psicopatologia da vida cotidiana, tem exemplos


maravilhosos e engraçados de atos falhos. A leitura não é tão complexa quanto
outras obras do mesmo autor.

O que é incrível nos atos falhos é que sua estrutura inconsciente é muito
parecida com o sintoma, que por sua vez é semelhante ao sonho e às piadas –
chistes. Ou seja, um sonho, uma piada, um ato falho, um sintoma (como a
melancolia) são muito próximos.

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A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
3

1. A IMPORTÂNCIA DO SONHO EM PSICANÁLISE

Sem dúvidas o marco na obra do pai da Psicanálise foi à publicação de sua


obra acerca dos sonhos. Este fenômeno psíquico que até então não tinha
grande importância para a ciência, ganhou sua devida notoriedade. Na
verdade, em nenhum outro fenômeno da vida psíquica os processos
inconscientes da mente são revelados de forma tão clara e acessível ao
estudo. Temos que concordar com Freud, de que os sonhos são
verdadeiramente, uma estrada real que leva aos recessos inconscientes da
mente.

Antes, porém, de descrevermos as descobertas de Freud, julgamos necessário


expor o processo do sono, para depois centrarmos nossa atenção nos sonhos
que, como explicou o pai da Psicanálise, são os guardiões do sono.

2. Entendendo o Processo do Sono

O fenômeno do sono é de interesse tanto para a Psicologia como para a


Psicanálise, no que tange à compreensão dos mecanismos que regem o
sonhar. Mais especificamente, a Psicologia se dedica em desvendar o
funcionamento do sono, deixando de lado o sonho que, para a Psicanálise é de
suma importância. Pensamos que para retratarmos bem os mecanismos que

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envolvem o sonho, devemos mencionar algumas das principais descobertas da
Psicologia quanto ao fenômeno do sono.

Dormir é sonhar e sonhar é uma necessidade neurofisiológica. Estudos do


campo da Psicologia têm determinado que a privação do sono acarreta sérias
consequências mentais e físicas.

O primeiro aspecto importante que a Psicologia desvendou sobre o sono é que


existem tipos de sono: NREM (No Rapid Eye Movements) e REM (Rapid Eye
Movements). A distinção encontra-se na observação de que durante o sono
REM os olhos saltam de um lado para o outro, como se observassem uma
cena. Neste, observa-se também uma variação no Sistema Nervoso Autônomo,
com a respiração e o ritmo cardíaco tornando-se mais rápidos e irregulares, a
pressão arterial mais elevada e um aumento da secreção dos hormônios supra-
renais.

Dentro das distinções presentes no sono REM, há também a ocorrência nos


indivíduos masculinos (de todas as idades), a ereção peniana. Ocorre também
nos indivíduos femininos uma reação correspondente no tecido vaginal.

Os estudos que decifraram este movimento dos olhos no sono foram realizados
em 1953 pelo Dr. Nathaniel Kleitman. Tais pesquisas de laboratório mediram
as ondas cerebrais de pessoas durante o sono através do eletroencefalograma,
as variações musculares, através do eletromiograma, e a movimentação
específica dos olhos, através do eletrooculograma.

Sabe-se também que há quatro estágios no sono REM, onde cada um


caracteriza-se por um padrão de onda cerebral. O primeiro estágio é o sono

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leve, que marca o iniciar do sono, tem a duração de alguns minutos , quando o
indivíduo fica relaxado, com os pensamentos mais ou menos descoordenados,
podendo já neste estágio ocorrer sonhos.

O segundo estágio é o sono intermediário, ocorrendo um relaxamento maior,

podendo ocorrer experiências sensoriais sem base real (alucinações) e


crispações súbitas e desordenadas do corpo, seguidas de sensações de
queda.

O terceiro estágio é o do sono profundo, quando o indivíduo se torna insensível


aos sons e oferecerá resistência em ser acordado. No quarto estágio,
o sono mais profundo, há uma total relaxação, com o mais completo
desligamento do mundo exterior. É nesta fase que podem ocorrer
irregularidades como o sonambulismo.

Em seu livro sobre o sonho, Leon L. Altman explica que as mudanças


neurofisiológicas que têm lugar durante os períodos REM sugerem que a
ativação da área límbida do cérebro - uma área associada ao funcionamento
primitivo de impulsos e afetos - está em jogo. O autor vê essa retrogressão
como uma corroboração à teoria de Freud, de que o sonho é um fenômeno
regressivo, o qual nos devolve aos estados primitivos da infância.

3. O Sonho na Teoria Psicanalítica de Freud

O conteúdo onírico é de suma importância para a compreensão do


inconsciente de quem o produz. Por isso a Psicanálise vê com tanta atenção
este produto da mente, que é o sonho. Gastão Pereira da Silva define o sonho
de uma forma que bem demonstra sua relevância.
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Uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de
substituir, mesmo, uma realidade que nos é hostil, por outra, totalmente
diferente, onde um novo mundo se descortina diante da alma e onde
todas as nossas ações parecem absurdas, justamente porque as mais
censuráveis, na sociedade em que vivemos, gozam, enquanto
dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se
expandem nos sonhos.

As descobertas de Freud, de que os sonhos têm um conteúdo psicológico


fundamental revolucionaram o estudo da mente. Antes os sonhos eram tidos
como meros efeitos de um trabalho desconexo, provocados por estímulos
fisiológicos. Os conhecimentos desenvolvidos por Freud trouxeram os sonhos
para o campo da Psicologia e demonstraram que estes são tão somente a
realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo
psíquico.

Podemos sintetizar a teoria psicanalítica dos sonhos da seguinte maneira: a


experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o
despertar, chamamos de sonho é, apenas, o resultado final de uma atividade
mental inconsciente durante este processo fisiológico que, por sua natureza ou
intensidade, ameaça interferir com o próprio sono. Chama-se sonho manifesto
a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar
depois de despertar. Seus vários elementos são designados como conteúdo
manifesto do sonho. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam
acordar a pessoa são denominados conteúdo latente do sonho. As operações
mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se
transforma em sonho manifesto, chamamos de elaboração do sonho.

4. Refutações à Teoria Freudiana da Interpretação dos Sonhos

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Mesmo fazendo críticas às teorias de Freud, a quem considera muito
influenciado pelo pensamento burguês de sua época, Erich Fromm, ao tratar
especificamente da teoria freudiana da interpretação dos sonhos, reconhece
que suas descobertas neste campo, por si só, seriam suficientes para elevá-lo
à condição de uma das figuras mais notáveis na ciência do homem. Reconhece
que Freud foi o primeiro a conferir à interpretação dos sonhos uma base
sistemática e científica.

Uma objeção que geralmente é feita à teoria freudiana do sonho como


realização de desejo fundamenta-se nos pesadelos. Para alguns críticos há
pesadelos dificilmente explicáveis como realização de um desejo, uma vez que
chegam a ser tão penosos que até interrompem o sono. No terceiro capítulo de
nossa pesquisa incluiremos um ítem específico sobre este tipo de sonhos. De
antemão, salientamos que Freud anulou esse argumento de modo engenhoso.
Demonstrou que existem desejos sádicos e masoquistas que produzem grande
ansiedade, mas nem por isso deixam de ser desejos que o sonho satisfaz.

A concepção de que o sonho é a principal via para se acessar o inconsciente é


refutada por vasta corrente de psicanalistas. Por exemplo, Thomas S. Szasz,
ainda que reconheça o valor da interpretação dos sonhos em terapia, declara
que não crê que esta seja o caminho principal para o inconsciente. Assevera
também que o analista que acredita no contrário e que encoraja seu paciente a
relatar sonhos, de certo modo, distorce o procedimento analítico.

Uma crítica é feita a Freud por Erich Fromm, no que tange à capacidade de
Freud em compreender os símbolos. Para este, Freud era um “racionalista
carente de inclinações artísticas ou poéticas e, por conseguinte, não tinha
quase sentibilidade alguma para a linguagem poética”. Na opinião de Fromm,
esta carência em Freud o levou a aceitar um conceito limitado dos símbolos,
quase sempre relacionando-o ao sexual.
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Para referendar suas críticas à capacidade de Freud de entender os símbolos,
Erich Fromm reanalisa alguns dos sonhos narrados e auto-analisados por
Freud. Um destes, publicado por Freud em 1900, é o seguinte:

Eu escrevia uma monografia sobre certa planta. O livro estava diante de


mim e, no momento, eu folheava uma prancha colorida e dobrada. Preso a
cada exemplar havia um espécime dessecado da planta, como se tivesse
sido retirado de um herbário.

Comentando a longa análise que Freud publicou sobre este seu sonho,
Erich Fromm critica:

Se perguntarmos que insight obtemos de Freud através de sua


interpretação do sonho, receio termos de admitir que quase nada
ficamos sabendo a respeito do modo como Freud interpreta o sonho. E,
no entanto, o significado do sonho é tão óbvio e, na verdade,
extremamente importante como chave para se entender a
personalidade de Freud.

Após este comentário supra, o autor se propõe a fazer a sua análise do sonho
de Freud, dando um sentido para cada símbolo que ele identifica no sonho
acima. Apesar de pensar que Freud não tivesse o espírito poético necessário
para se compreender o sentido de um símbolo, Fromm utiliza o próprio método
freudiano para interpretar o sonho do pai da Psicanálise.

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OS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO
DO SONHO

O Conteúdo Latente do Sonho

Esta é, podemos dizer, a primeira parte do processo de sonhar, e se forma da


soma de três componentes: as impressões sensoriais noturnas, os
pensamentos e idéias relacionadas às atividades do dia (os restos do dia,
antes do adormecimento) e os impulsos do id. Vamos explicar cada uma
destas partes e como colaboram na formação deste conteúdo.

A primeira, que são as impressões sensoriais do indivíduo que dorme, referem-


se às impressões que os sentidos captam mesmo durante o sono. Por
exemplo, a sirene de um carro dos bombeiros, a programação de um aparelho
de TV, sede, desejo de urinar, a dor de algum ferimento, frio, calor, enfim, tudo
o que nossos sentidos puderem captar pode tornar-se parte do conteúdo
latente do sonho.

Brenner explica que a maioria dos estímulos sensoriais noturnos não


perturbam o sono, nem mesmo a ponto de participar da formação de um
sonho. Segundo ele, a grande maioria dos impulsos de nosso aparelho
sensorial não tem efeito discernível sobre a mente durante o sono: uma pessoa
pode dormir durante uma tempestade, não acordar e nem sonhar com ela,
apesar de sua audição estar normal.

Há também que se levar em conta que a impressão sensorial poderá, ao invés


de somar-se ao conteúdo latente, provocar isto sim o despertamento imediato
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da pessoa e não provocar nenhum sonho. Ressalvados estes dois aspectos, as
impressões sensoriais captadas durante o sono são pertinentes ao sonho
latente.

Além delas, citamos também os restos do dia como participantes em potencial


da latência do sonho. Referem-se às preocupações, atividades, envolvimentos
do dia, que permanecem ativos no inconsciente durante o sono.

Brenner afirma que os exemplos para este tipo de influência são inúmeros:
“incluem toda a variedade de interesses e recordações, comumente acessíveis
ao ego, com todos os sentimentos de esperança ou medo, orgulho ou
humilhação, interesse ou repugnância que os possam acompanhar.”.

Além disso, o conteúdo latente é composto ainda por impulsos do id, que pode
ser um ou vários, banidos da consciência pelas defesas do ego (portanto da
gratificação direta durante o estado de vigília). Eis como Brenner explica esta
presença de impulsos reprimidos da infância no conteúdo latente do sonho:

Uma vez que as defesas mais importantes e de maior alcance do ego


contra o id são as que se formam durante as fases pré-edipiana e
edipiana da infância, conclui-se que os impulsos do id nesses primeiros
anos são o conteúdo principal do reprimido. Por conseguinte, a parte do
conteúdo latente do sonho que deriva da reprimida é geralmente infantil
ou pueril, isto é, consistente em desejos apropriados à primeira infância
ou dela provenientes.

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Para Freud, a parte essencial do conteúdo latente é a que provém do id
reprimido. Esta é a parte que contribui com maior parcela de energia psíquica
necessária ao sonho; sem esta contribuição não pode haver sonho.

O Conteúdo Manifesto do Sonho

Uma definição muito simples de sonho manifesto é: as imagens do sonho tal


como são recordadas ao despertar. Altman aponta como o aspecto mais
atraente do sonho manifesto a sua indiferença pela racionalidade, pela lógica e
pela coerência. Ele explica sua opinião afirmando que no sonho manifesto a
agressão e a violência física se tornam indistintas da paixão erótica, o prazer
se funde com a dor, a atração com a repugnância, o horror com o fascínio e a
condenação com a aprovação.

Quanto à relação entre o conteúdo latente do sonho e o sonho manifesto,


Brenner explica que, dependendo do sonho, esta pode ser muito simples ou
muito complexa. Os sonhos da primeira infância são os que nos fornecem a
relação mais simples. Primeiro, porque em tais sonhos não precisamos
distinguir entre preocupações infantis e habituais, pois são exatamente a
mesma coisa. Segundo, porque não se pode ainda estabelecer uma distinção
clara entre a parte reprimida e o resto do id, uma vez que o ego da criança
muito nova ainda não se desenvolveu a ponto de haver criado defesas
permanentes contra qualquer impulso do id.

Um exemplo deste tipo de sonho é o de uma criança de dois anos que sonha
na noite em que a mãe chegou da maternidade com o irmãozinho recém
nascido. Em seu sonho o bebê vai embora. É óbvio que o conteúdo latente, um
impulso infantil para com o recém nascido, é um desejo de livrar-se dele. O
conteúdo manifesto trata-se de uma fantasia que simboliza o desejo ou impulso

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latente já satisfeito. A fantasia consiste essencialmente na satisfação do desejo
ou impulso latente.

A Elaboração do Sonho

O processo psíquico de elaboração do sonho, a partir dos impulsos reprimidos


do id, cria o disfarce e a distorção que formam a fantasia em que se mostra o
sonho manifesto. Explicaremos agora os processos envolvidos nesta
elaboração do sonho e como cada um destes atua na formação do disfarce do
conteúdo latente, até torná-lo irreconhecível na forma do sonho manifesto.

Toda esta elaboração é necessária para que o sonho possa passar pela
censura (os mecanismos de censura da parte inconsciente do ego). Este
processo de deformação do conteúdo latente, ou de elaboração, compreende
vários mecanismos: dramatização ou concretização, condensação,
desdobramento ou multiplicação, deslocamento, representação pelo oposto,
representação pelo nímio e representação simbólica. Ao todo são sete fases
que passaremos a expor.

Dramatização ou concretização

Nos sonhos não existem pensamentos abstratos, mas somente imagens


concretas. Na elaboração do sonho os pensamentos abstratos tornam-se
imagens concretas, sem preocupação com a lógica da tradução. Tallaferro
explica isto assim: um pensamento abstrato, como a consideração da própria
vida, pode manifestar-se no sonho através de uma imagem concreta, como por
exemplo, do sonhante folheando a revista Life. Este mesmo princípio é

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retratado pelo autor em outros exemplos: um episódio da infância poderá se
concretizar nas roupas dos personagens; uma senhora que deseja
fervorosamente não ter que abandonar sua casa, poderá sonhar que estava
plantando sementes que rapidamente produziam raízes e convertiam-se em
árvores.

Condensação

Na vasta maioria dos casos o sonho manifesto é uma versão altamente


condensada dos pensamentos, sensações e desejos que compõem o conteúdo
latente do sonho. Várias pessoas ou elementos do conteúdo latente costumam
aparecer no conteúdo manifesto como uma única pessoa, mas com as
características condensadas de cada uma delas. Tallaferro dá um exemplo de
como isso acontece: um homem sonha que está dirigindo um caminhão e que,
ao dobrar rapidamente uma esquina, atropela e mata um homem de meia-
idade, ruivo, que está de calça listrada e paletó verde. Interpretando o sonho,
verifica-se que o sonhante dera curso na vivência onírica ao seu desejo,
logicamente reprimido, de tirar do caminho um indivíduo que tinha calças
listradas, um outro homem que usava sempre um paletó verde e um parente
que o fizera sofrer durante a infância e era ruivo.

Desdobramento

É o contrário da condensação: uma pessoa ou objeto do conteúdo latente


corresponde a duas ou mais do conteúdo manifesto. Neste caso, cada um dos
elementos pode indicar um aspecto ou qualidade da pessoa/objeto relacionado.
Tallaferro apresenta o seguinte exemplo para explicar este processo: a análise
dos sonhos de um indivíduo que em seus sonhos sempre via suas mãos com

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oito dedos cada uma revelou a existência de sua angústia de castração, que
ele tentava superar multiplicando seus dedos, símbolos do pênis.

Deslocamento

É tido como o processo mais importante da deformação do sonho por


Tallaferro1 e consiste na substituição de uma imagem do conteúdo latente por
uma outra no conteúdo manifesto. Quando o deslocamento não é de imagem,
mas de determinada emoção, chama-se isto de projeção. Assim, se um
personagem do conteúdo latente tem desejos agressivos contra outro, no
conteúdo manifesto é este quem os tem.

Altman apresenta o seguinte sonho para exemplificar este conceito: Eu estava


de pé num lugar muito definido de uma casa muito bem definida. Era a casa
em que vivíamos quando o meu irmão nasceu. Estava no que se tinha sido o
meu lugar de recreio. Vi uma bola parada diante de mim e dei-lhe um violento
pontapé.

A pessoa que sonhou falara no dia anterior com um homem que se parecia
com o irmão, fazendo com que chegasse em casa, inexplicavelmente, muito
irritada. Sem qualquer provocação do marido, criticou-o asperamente e, depois,
se retirou para o seu quarto, desfeita em lágrimas. O marido, em casa, e a
bola, no sonho, sofreram o que era destinado ao irmão da mulher.

Laplanch e Pontalis informam que nas diversas formações em que é


descoberto pelo analista, o deslocamento tem uma função defensiva evidente.
Citam o exemplo de uma fobia, onde o deslocamento sobre um objeto fóbico
permite objetivar, localizar, circunscrever a angústia. Com relação ao sonho

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realçam que o deslocamento está ligado à censura: “A censura utiliza o
mecanismo de deslocamento privilegiando as representações indiferentes,
atuais ou suscetíveis de se integrarem em contextos associativos muito
afastados do conflito defensivo.”

Representação pelo oposto

Tallaferro explica que isto ocorre quando um personagem, ou o próprio


sonhante, que no conteúdo latente do sonho tem uma intensa emoção,
aparece no conteúdo manifesto como totalmente calmo. Afirma que é o que
também ocorre quando no conteúdo manifesto o indivíduo está partindo, ao
passo que, na realidade, o que ele pretende fazer, segundo o seu desejo do
conteúdo latente, é voltar. Neste processo, ainda é possível que um intenso
desejo de amor no conteúdo latente se expresse no conteúdo manifesto por
ódio ou rejeição.

Representação pelo nímio

Quando uma representação do conteúdo latente se faz no sonho manifesto


mediante uma imagem de seus detalhes mais insignificantes. Um exemplo: o
desejo inconsciente de despir uma mulher pode aparecer no sonho manifesto
representado pela ação inocente de lhe tirar um brinco. Tallaferro ainda expõe
outra forma desta representação, que consiste em sublinhar no conteúdo
manifesto algo que nos pensamentos latentes tem valor secundário e, em
contrapartida, colocar o principal em segundo lugar.

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Representação simbólica

Esta representação simbólica pode também ser entendida como uma forma
especial de deslocamento. Nota-se um símbolo quando em diferentes sonhos
observa-se que determinado elemento concreto do conteúdo manifesto está
relacionado, com certa constância, com um elemento reprimido do conteúdo
latente.

Desta forma, uma representação simbólica consiste num objeto ou um ato que
não aparece como tal no conteúdo manifesto, mas representado mediante um
símbolo. Especificamente sobre os símbolos nos sonhos trataremos no
próximo capítulo de nossa pesquisa, quando enfocarmos a interpretação dos
sonhos.

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Conclusão

Os sonhos nos oferecem a principal via para adentrar ao inconsciente. Sua


linguagem tipicamente simbólica se apresenta como um desafio ao psicanalista
no exercício de seu trabalho. Cada sonho compartilhado pelo paciente é uma
carta que, com o auxílio do psicanalista, haverá de ser compreendida. Penso
que é como uma luta de braço de ferro: por um lado o paciente com suas

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resistências que tornam o sonho numa fantasia bem elaborada e do outro o
analista com sua perspicácia.

A obra prima de Freud, A Interpretação de Sonhos demonstra a importância da


interpretação dos sonhos em Psicanálise. Assim, fundamental ao psicanalista
em formação é compreender os mecanismos de elaboração do sonho, bem
como os princípios para sua devida interpretação.

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Este material é parte das aulas do Curso de Formação em Psicanálise.
Proibida a distribuição onerosa ou gratuita por qualquer meio, para não alunos
do Curso. Os créditos às obras usadas como referências ou citação constam
nas Referências Bibliográficas.

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