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Nishiara.
Paulo, de maneira muito didática, apresentou sobre seus estudos no fenômeno religioso. Ele
que é cristão protestante e pesquisador na área de teologia.
Introduziu o encontro dizendo que existem cerca de 20 milhões de evangélicos no mundo, mas
apontou que existe uma forte massificação do cristianismo, inclinando-se mais a discursos para
manter estruturas de poder.
A fé cristã, segundo o teólogo, não é doutrina, ética ou rito. Implica em atitudes diante de uma
narrativa, de uma história a qual o indivíduo se identifica e encarna. Um processo intenso de
interiorização, interrogação de si e aproximação com as motivações.
Focando na estrutura da história, ele descreve como um dispositivo para assimilar realidades,
costurada para caber em nós. Com insígnias do corpo (dilacerado), do sangue (derramado), do
pão (que se reparte), do vinho (que se bebe). Das celebrações (de vida!) e execuções (para a
morte).
No caso do cristianismo temos um enredo do Deus que se fez carne e que tem como cerne o
modo violento como esse herói vira vítima em contraposição do algoz que na dialética pede
justiça. Uma história de vida e morte, de corpo que sofre e depois ressuscita. Neste momento,
destaca que a ressurreição não é uma espécie de “happy end”, mas uma maneira de redenção
sem negar a dor e o passado. Onde a comunidade torna-se o espaço para o imprevisto da fé
pelas vias da identificação com o condenado à morte.
Assim a questão do ser, ele afirma de maneira incisiva que não ser moral, mas ontológica.
Deus, portanto, não é uma tábua das leis, nem algo cósmico. Deus é um ser humano
ressuscitado depois de ser violentado.
Por outro lado, Paulo nos apresenta, no final de sua interessante explanação, a teoria da
teologia negativa que nos provoca na medida que diz do limite da palavra, de estarmos sempre
na iminência do dizer. Apreender o inapreensível. Dizer de Deus. Aqui encontramos certa
ressonância com estudos lacanianos.