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Exploração portuguesa na África colonial: cristianismo como forma de dominação e

estratégia política dos reis africanos.

Atenor Junior Pinto dos SantosI


Gabriela Ferreira LourêdoII
Heloizza Kelly Marques de SouzaIII

A exploração portuguesa na África

Entre os séculos XVI e XVII, Portugal integra o território onde hoje conhecemos por
Angola nas suas políticas expansionistas com a justificativa de propagar a fé católica e
intenção de extrair riquezas, obter mais terras para o cultivo de cana-de-açúcar, exploração da
mão-de-obra escrava e lucratividade na venda de escravos até o século XIX.
No século XVI, os portugueses chegaram nos territórios que eram habitados pelos
mbundu nas principais “províncias” de Ilamba, Musseque e Quissma. A configuração
territorial angolana se dá com a unificação das faixas de terras limites nas “províncias” de
Mbamba até o litoral, que foram unificadas pelos portugueses dando-lhes o nome de Angola.
Para elaborar um panorama historiográfico sobre as ocupações portuguesas no reino
de Angola, faz-se necessário a análise de importantes bibliografias sobre a região Centro-
Ocidental africana. Para isso, Oliveira (2010) afirma que
[...] Existem dois textos primordiais para a pesquisa. Um deles é a
Istorica descrizione de’ tre’ Regni Congo, Matamba et Angola, do
capuchinho italiano Giovanni António Cavazzi de Montecuccolo, publicado
na Itália em 1687. O outro é a História geral das guerras angolanas, escrita
pelo militar português Antonio de Oliveira de Cadornega, que permaneceu
como manuscrito até o anode 1940 (OLIVEIRA, 2010, p.2).

Os autores citados por Oliveira (2010) possibilitam interpretações significativas acerca


da construção historiográfica angolana do século XVI segundo a visão europeia, considerando
que ambos participaram do processo de colonização e com influências político-sociais bem
distintas, onde o primeiro era um missionário e o segundo um militar explorador.

I
Graduando em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus XVIII.
II
Graduanda em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus XVIII.
III
Graduanda em Licenciatura em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus XVIII.
A partir desses escritos pode-se fazer análises interpretativas e com diversas
perspectivas, entretanto nos atemos apenas a duas: a primeira, do ponto de vista de um
missionário que buscava expandir a fé católica e a segunda do militarismo conquistador.
No século XVI a coroa portuguesa enviou sua comitiva a fim de fincar raízes nas
terras africanas e estabelecer seu poder dominador sobre esses povos. O que de início parecia
fácil, o processo de colonização portuguesa em Angola encontrou grande resistência da
população local que lutavam por suas crenças e tentavam garantir intacta a história de seus
antepassados.
Utilizando de imposição aos nativos, como apresenta o romance O Regresso da
Rainha Njinga, de John Bella (2012), os colonizadores utilizavam a “conversão” ao
Cristianismo como forma de estabelecer uma diplomacia entre os reinos africanos e os
conquistadores europeus, criando inclusive alguns tratados de paz entre ambos.

A rainha Njinga
Njinga foi uma embaixadora local que liderou resistências aos portugueses no
processo de colonização. Irmã de Ngola a Mbandi, rei daqueles povos, teve sua ascensão após
a morte de seu irmão. Njinga poderia enfrentar problemas na sua administração por ser uma
mulher, embora já houvesse a existência de mulheres governantes: “Por isso que ela recusava
o título de rainha e fazia questão de ser chamada rei. Por isso que decidiu tornar-se
socialmente homem e ter um harém, com os concubinos vestidos de mulher” (SILVA, 2002,
p. 438). Ainda como embaixadora, ela utilizou de elementos políticos, fazendo negociações
com os colonizadores a fim de evitar os sofrimentos e tormentas dos seus povos. Como afirma
Fonseca (2010),
Em 1623, como embaixadora de Ngola Mbandi nas negociações com o
governador João Correia de Souza, aceita o batismo cristão e recebe o nome
de Ana de Sousa. Após a morte do Ngola (1624) assume como regente de
seu sobrinho, e é acusada de matá-lo. Nzinga não aceita os avanços
portugueses, recusa abrir os mercados de escravos e não permite
missionários em seu território (BÁSIO apud FONSECA, 2010, p. 393).

Njinga era vista como uma figura de resistência ao colonialismo, pois mesmo tendo
sido “convertida” ao catolicismo e recebendo o nome de Ana Correia de Sousa, se valia da
confiança empregada pelos portugueses em sua conversão para tecer estratégias de oposição,
criando alianças com os chefes dos reinos por onde passava com a comitiva portuguesa e
preparando táticas a serem executadas em uma futura guerra contra os colonizadores, visto
também que, aproximando-se junto à corte portuguesa, era possível inserir no meio deles
espiões que em período de guerra eram essenciais no tráfico de informações sobre as táticas
de combates que seriam utilizadas pelo inimigo.
O acordo entre Njinga e os portugueses era vantajoso para os colonizadores, uma vez
que teriam apoio de uma líder local, o que lhes dariam maior tranquilidade na exploração
daquelas terras. Por outro lado, a rainha exigia a soltura de reféns sob o comando português e
a contenção dos conflitos contra os povos africanos. O certo é que no fim o acordo não foi
cumprido pelos dois lados, inúmeras guerras aconteceram e a rainha foi acusada de trair os
portugueses por não cumprir o acordo.

A Igreja e os gentios
O processo de colonização na África, assim como na América Portuguesa, teve com a
Igreja um mecanismo bastante eficiente para a dominação em massa. Segundo a tradição
cristã (catolicismo), o processo colonial se daria devido à própria vontade de Deus em
espalhar a “verdadeira fé” a todos os povos. Tradição esta que Hoornaert (1998) reafirma ao
analisar um dos textos do jesuíta Antônio Vieira (1608-1697) sobre a temática da expansão
portuguesa:
[...] o processo de colonização fazia parte do desígnio geral de Deus de
permitir que todos os povos do mundo conhecessem a verdadeira fé. No
dizer de Vieira, era impossível a evangelização sem a colonização. Por esse
motivo, acreditava-se que a “descoberta” e a “conquista” das Índias tinham
sido a obra do próprio Deus [...] (HOORNAERT, 1998, p. 554).
Essa ideia de agir “em nome de Deus” e cometer atrocidades fundamentadas em Seu
nome é tão antiga quanto o próprio catolicismo enquanto instituição. As barbaridades
cometidas pela Igreja sob essa justificativa foram inúmeras, dentre elas algumas mais
conhecidas como, por exemplo, as Cruzadas na Idade Média, onde o clero persuadiu a
população europeia a combater o islamismo e “reconquistar” Jerusalém, cidade natal de
Cristo. Porém as dificuldades enfrentadas no longo percurso resultaram na morte de muitos
dos poucos combatentes cristãos que conseguiram chegar vivos ao destino, sem mencionar a
longa duração dessa guerra “santa” que diminuiu consideravelmente o número populacional
europeu.

A Igreja Católica também foi protagonista do episódio conhecido como “caça as


bruxas” (também no período medieval) que queimava pessoas vivas – em sua maioria
mulheres – em praças públicas sob acusação de coagir com o diabo para destruir o homem
cristão. Entretanto, nenhuma dessas atrocidades foi tão bem aproveitada a benefícios próprios
por seus fiéis quanto a escravidão de pessoas negras. O clero acreditava que a pele de cor
preta dos africanos vinha da linhagem de Cam, filho amaldiçoado de Noé, e que, por esta
razão, os mesmos estariam sentenciados à escravidão perpétua, justificando, assim, o cárcere
e maus tratos sofridos pelos negros (HARRIS, 2010, p. 136).

Ao chegar no Reino do Congo no século XVI, os portugueses misturaram as crenças.


Segundo Alberto da Costa e Silva (2002), no primeiro momento os africanos tomaram os
recém-chegados por almas do além, confundindo-os com seus amigos mortos e antepassados.
Isso se deu devido à cor pálida da pele dos europeus e de sua língua estranha aos ouvidos dos
nativos: “[...] Ao falecer um homem, sua alma cruzava as águas e assumia uma nova forma
num corpo novo, de cor branca. Mudava de nome e talvez até de língua” (SILVA, 2002, p.
359). De acordo com o autor, os autóctones acreditavam que o oceano separava os mundos
dos vivos e dos mortos e que os “visitantes” seriam espíritos dos ancestrais, intermediários
entre eles e o além. Essa afirmativa é bastante interessante, pois compreende-se o
eurocentrismo através dos documentos portugueses em relação ao desembarque nas terras
africanas, pois de acordo com tais documentos, essa veneração aos recém-chegados teria sido
a explicação para a qual os nativos se apressaram em adotar o cristianismo e a cultura
lusitana.

Entretanto, Costa e Silva (2002) dá outra explicação para tal adoção: as semelhanças
entre as duas religiões. Essas características semelhantes entre o catolicismo e o paganismo
propiciaram para os nativos africanos uma melhor aceitação da crença. O autor conta que a
população do reino do Congo se apropriou de alguns atributos cristãos justamente por estes
serem bastante parecidos com sua religião, como, por exemplo, a crença de ambos na
existência de feiticeiros, as procissões do catolicismo e os rituais africanos para pedir chuva e
as pequenas cruzes e medalhas de santos que se assemelhavam aos saquinhos mágicos e
talismãs que também se penduravam no pescoço.

Reinterpretação do cristianismo: a jogada política dos reis africanos

Assim como o catolicismo adotou características da cultura pagã da Antiguidade, as religiões


africanas, melhor dizendo, os reis do século XVII “acolheram” o cristianismo como forma de
poder e dominação da população. Costa e Silva (2002) dialoga sobre essa temática em seu
capítulo “No Reino do Congo”, de acordo com ele o rei viu no cristianismo uma forma de
manipulação para que assim pudesse ter uma autonomia independente, sem submeter-se às
manifestações espirituais originárias da religião nativa:
[...] a conversão dos manicongos foi um expediente de política
interna: como o rei não controlava o culto dos antepassados, nem dos
espíritos das águas e da terra, nem tampouco o do cariapemba,
percebeu que poderia ter no cristianismo uma fonte de legitimidade
independente do beneplácito, da sagração ou do apoio dos chefes das
candas (SILVA, 2002, p. 364).
Além disso, a “conversão” ao cristianismo se tornaria benéfica também no que diz respeito à
diplomacia entre os continentes: as autoridades africanas viram na nova religião uma aliança
política entre as monarquias. Dois exemplos dessa astúcia foram a rainha Njinga a Mbande de
Angola e Nzinga a Nkuwa do Congo. Essa nova estratégia foi, no entanto, de grande
inteligência, pois uma vez que Portugal exigia a conversão dos gentios, estes a “aceitavam”
como forma de barganha. Essa estratégia é afirmada por Njinga em um diálogo com seus
aliados no romance O Regresso da Rainha Njinga ao explicar as causas de ter sido batizada:
[...] dá-me prazer explicar, as causas de ter aceitado o baptismo.
Primeiro, segundo as orientações precisas do meu emissor, o Ngola,
uma das cláusulas contidas era que, eu não rejeitasse o baptismo, caso
quisessem impor-mo. Por isso e por outras razões, tive que me
submeter a esse sacrifício (BELLA, 2012, p.31).
A perspicácia demonstrada por ela na obra foi surpreendente. Completamente contrária ao
estilo submissa presente nas mulheres do século XVII na Europa, Njinga tomou a frente da
situação de vassalagem ao reino de Portugal e os combateu usando não somente a força de seu
exército – em sua maioria escravos fugitivos –, mas também a enorme inteligência que
possuía ao se passar por convertida para ganhar a confiança dos europeus:
Com a graça de Deus, todo-poderoso; de seu primogênito, nosso
Senhor Jesus Cristo; saúdo-vos daqui, de mbanza kya Samba a
Lukala, onde me encontro a residir. Como boa cristã que sou, cujo
baptismo me fez herdar o nome de vosso irmão João Correia de
Souza, do qual muito me orgulha [...] (BELLA, 2012, p. 29).
Essa bajulação foi uma estratégia muito bem pensada para acalmar os ânimos portugueses em
relação aos ataques nas estradas praticados pelos indígenas para libertar os cativos africanos.

Considerações finais
A partir das leituras historiográficas com relação ao processo de colonização e
resistência em Angola e no reino do Congo, ficou evidente o desagrado da coroa portuguesa
com os resultados obtidos na colônia. No entanto, foi fundamental para implementar e
fortalecer o comércio negreiro na costa africana até a abolição da escravidão no século XIX. É
importante ressaltar que, embora o reino de Angola tenha sido dominado pelos portugueses,
as lutas do “rei” Njinga, não foram descartadas pela historiografia, pois ela tornou-se um
símbolo de luta e resistência e inspirou diversos grupos que buscaram a liberdade do povo
africano.
As invasões portuguesas na Angola e Reino do Congo devem ser analisadas de forma
minuciosa. Os autóctones não eram pessoas involuídas, ao contrário, a estrutura política
africana era bastante sólida e eficaz. O romance O Regresso da Rainha Njinga, escrito por um
angolano, mostra precisamente a visão africana dos fatos. Esse olhar de que o nativo africano
era um ser supersticioso e desprovido de mecanismos sociais e que tenha sido preciso um
“herói” europeu para “concertar” seu modo de vida deve ser desfeita.

Em suma, diferentemente de alguns discursos construídos ao longo de décadas sobre o


processo de colonização da África, pode-se observar que houve uma grande organização e
investida por parte dos grupos autóctones existentes como forma de combate a exploração
europeia. Njinga a Mbande é um exemplo claro de imposição e de um extraordinário governo
feminino. Carismática e inteligente foi essencial como diplomata e negociadora dos interesses
angolanos diante da corte portuguesa, e fixa-se até os dias de hoje como figura histórica
incontestável, tanto na África como no Brasil.

Referências:
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História da América Latina: A América Latina Colonial. São Paulo: Universidade de São
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