Edição Lisboa • Ano XXXI • n.º 11.

033 • 1,30€
, • Quinta-feira,
Q , 9 de Julho de 2020 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Livro Museu do Aljube

Historiadores e museólogos
Personalidade contestam escolha de Rita
Rato para directora
de Trump Cultura, 30
foi moldada Associação
por traumas Pequenas salas de música
ao vivo unem-se
de infância em tempos de crise
Mundo, 26 Cultura, 28/29

BdP Nomeados por Centeno para

conselho consultivo querem sair
Francisco Louçã, João Talone, Murteira Nabo e Luís Nazaré colocaram os lugares à disposição. Tinham
todos sido escolhidos pessoalmente pelo ex-ministro que agora vai liderar o supervisor Economia, 20/21
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Covid-19
Marcelo quis
acabar com
reuniões
com peritos
para descolar
de Costa
Calamidade vai
ser renovada em
19 freguesias da
Grande Lisboa
Surto no Hospital
de São José
p2 a 5

Sucessores de FCT rejeita Reitor da Nova Polícias Avança

Costa “vão ter candidaturas pediu estudo plano para
de esperar sem indicar sobre faculdade prevenir racismo
bastante” avaliações e mecenas e xenofobia
Em entrevista, Carlos César Procedimentos habituais João Sáàgua quer investigação Depois de várias queixas,
aconselha o PCP e o BE da Fundação para a Ciência aprofundada de dependência inspectora-geral da
a não abrirem nenhuma e Tecnologia estão a ser da Faculdade de Economia Administração Interna
crise política p10/11 contestados p14 dos seus mecenas p17 divulga hoje medidas p16 ISNN-0872-1548
2 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
DESTAQUE
CORONAVÍRUS
Marcelo quis acabar
com reuniões no
Infarmed para
descolar de Costa
Partidos apanhados de surpresa lamentaram a decisão — com
excepção do PSD — já que Äcam sem poder Äscalizar gestão
da crise até Setembro. BE diz que modelo pode ser outro
Leonete Botelho, Maria
Lopes, Marta Moitinho
Oliveira e Maria João Lopes
D
e surpresa, como gosta de
fazer, Marcelo Rebelo de
Sousa anunciou o Æm dos
encontros quinzenais no
Infarmed, que desde o início
da pandemia juntaram polí-
ticos, sindicatos, patrões, conselhei-
ros de Estado e especialistas em saúde
pública para discutir estatísticas e a
situação epidemiológica em Portugal.
Só o primeiro-ministro sabia da deci-
são que o Presidente anunciou no
Ænal desta décima reunião.
A ideia de acabar com estes encon-
tros foi do próprio chefe de Estado,
por considerar que o modelo propos-
to pelo Governo estava desgastado,
como justiÆcou, mas também para se
libertar de um formato que de alguma
forma o condicionava, já que era ele
quem falava à comunicação social no
Ænal dos encontros, Æcando colado
tanto ao conteúdo como às decisões
tomadas com base naquela informa-
ção técnica. Assim, despe esse fato de
porta-voz do Governo que já não lhe
era confortável.
No Ænal desta última reunião técni-
ca, o Presidente justiÆcou a decisão
com “o Æm de um ciclo” no qual foi
muito importante “a informação
macro”, defendendo que agora se há-
de pensar num modelo diferente de
abordagem “micro” da situação. Mas
o PÚBLICO sabe que Marcelo já vinha
sentindo algum desgaste no formato
Infarmed, ora porque algumas vezes
os estudos contrariavam as evidên-
cias dos números, ora porque as
exposições dos especialistas deixa-
ram de responder a questões de cariz
mais social do que técnico.
Pior: mais tarde ou mais cedo, com
o evoluir da pandemia, vão começar-
se a sentir os custos políticos e Marce-
lo, em Æm de mandato e provavel-
mente a meses de uma campanha
eleitoral, não quer pagar uma factura
alheia. Assim, Æca liberto para conti-
nuar a ouvir quem entender no Palá-
cio de Belém e promover as iniciativas
que considerar mais indicadas em
cada momento.
Quando explicou o Æm dos encon-
tros do Infarmed, o Presidente aÆr-
mou as virtudes do modelo “único no
mundo”. Mas apontou três razões
para lhe pôr Æm: os estudos epide-
miológicos e serológicos em curso a
nível nacional, a “convicção da esta-
bilidade e durabilidade da situação”
e a necessidade da intervenção passar
do “plano macro”, nacional e regio-
nal, para o “plano micro: concelhos,
freguesias, bairros, ruas”, tendo em
conta as especiÆcidades do terreno.
Marcelo referiu-se em concreto a
um dos estudos citados na reunião,
feito nos distritos do Porto e de Lis-
boa, que avança que os cidadãos não
nacionais de países africanos, latino-
americanos e asiáticos parecem ter
uma propensão superior à média
para contrair o vírus (três vezes supe-
rior no distrito de Lisboa e 12 vezes no
do Porto). Apesar de isto estar a ser
investigado no sentido de se dar espe-
cial atenção a estas pessoas, a ideia
com que Æcou um dos participantes
foi a de que se está perante pessoas
cujas condições socioeconómicas são
muito mais vulneráveis, trabalhado-
res imigrantes, por exemplo, que têm
mesmo de ir trabalhar para garantir
rendimento e trabalho.
“É sensato encerrar esta fase, o
tempo mostrou que este modelo tem
de ser ajustado a outras realidades”,
resumiu aos jornalistas, ao mesmo
tempo que surpreendia a maioria dos
participantes. A decisão tinha sido
acordada com o primeiro-ministro,
mas não foi sequer anunciada no
decorrer da reunião: os representan-
tes dos partidos perceberam que algo
de diferente se passava porque o
encontro não teve a habitual inter-
venção Ænal do Presidente e do pri-
meiro-ministro, mas só no Ænal per-
ceberam o motivo.
Partidos às escuras
Além de considerarem que a situação
revela uma falta de respeito institu-
cional, os partidos entendem que o
Æm destes encontros signiÆca que,
durante Verão, Æcam também sem
instrumentos para questionar direc-
tamente a acção do Governo no com-
bate à pandemia. Por um lado, não
recebem a informação técnica sobre
a evolução da doença, por outro não
têm forma de questionar o primeiro-
ministro presencialmente no Parla-
mento: daqui até Ænal de Setembro,
António Costa só irá à Assembleia no
dia 22 de Julho para o debate do esta-
do da nação. É certo que podem
enviar perguntas ao Governo mas
este tem um mês para responder por
escrito. Serão pelo menos dois meses
no escuro e sem confrontações.
Nem mesmo a opção deixada em
aberto pelo Presidente de que poderá
haver reuniões noutros moldes sos-
segou os partidos — só o PSD não fez
comentários. Tinha sido, aliás, Rui
Rio o único a admitir a “pouca utili-
dade” destes momentos Infarmed.
Já ao Ænal da tarde, durante uma
visita à Amadora, António Costa
garantiu que os partidos terão infor-
mação sempre que o solicitarem e
lembrou que até os consultou antes
de tomar as primeiras medidas de
fecho de escolas e de imposição do
estado de emergência e para elaborar
o plano de estabilização. Admitiu que
possa haver nova reunião no Ænal do
mês, “se e quando” houver dados

novos, nomeadamente quando esti-
verem prontos dois estudos que estão
a decorrer sobre o nível de imuniza-
ção da população e das cadeias de
transmissão em Lisboa. Mas vincou
que os encontros no Infarmed só
faziam sentido quando era preciso
conhecer informação técnica para
tomar decisões “grandes” — e com o
país estabilizado não se prevê que
seja preciso tomá-las em breve.
O CDS lamentou o “Æm das reu-
niões numa altura em que a crise de
saúde pública continua”. O PCP pediu
que as reuniões sejam retomadas,
“nem que seja mais à frente”, e asso-
ciou o Æm dos encontros à “opinião
de um líder político muito ampliÆca-
da” pela comunicação social (sem
nomear Rio). André Ventura acres-
centou que estranhou a “passividade
enorme” do Presidente sobre o assun-
to e o alinhamento e concertação
entre PSD, Governo e Marcelo.
Apesar de também ter sido apanha-
do de surpresa, José Manuel Pureza,
do Bloco, não se mostrou surpreen-
dido. “Os dados hoje mostram uma
certa tendência para estabilização.
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
Neste momento, passou a haver um
foco maior no micro do que no macro
e, portanto, é natural que haja a sus-
pensão deste exercício. Não vejo
nenhuma relação com as declarações
de Rui Rio. Estes encontros terminam
um ciclo, o que não signiÆca que, se
as condições o exigirem, não possam
ser retomados.”
Embora não tenham sido avisados
previamente, os bloquistas entendem
que o modelo das reuniões, tendo em
conta as que foram realizadas até ago-
ra, pode ser outro e adaptado à evo-
lução da pandemia, defendendo, no
entanto, que não se deve deixar de
continuar a ouvir os peritos.
Nem todos estão descansados com
a decisão. “Como vamos ter acesso
àquela informação toda que era par-
tilhada pelos peritos nas reuniões?”,
pergunta um dos presentes. Este par-
ticipante preferia que o modelo de
reuniões tivesse sido “melhorado”,
admitindo que havia uma “entropia
informativa” resultante da quantida-
de de dados ali transmitidos.
lbotelho@publico.pt
Para o
Presidente da
República,
este modelo
de encontros
quinzenais no
Infarmed
estava
desgastado
Encontro com peritos foi rico em notícias e
números. Calamidade continua parcialmente
Sónia Sapage
F
oi uma reunião cheia de notí-
cias, números e estudos a que
ontem se realizou em Lisboa,
no Infarmed, 128 dias depois
do primeiro caso de covid-19
se registar em Portugal. Os
valores da taxa de transmissão da
doença — o chamado R — foram des-
Æados pelos actores políticos, no
Ænal do encontro, região a região, o
que não aconteceu antes.
“O indicador de contágio na região
Norte está hoje em 1,09; na região
Centro em 1,08; em Lisboa e Vale do
Tejo em 0,97; no Alentejo em 0,86;
no Algarve em 0,77”, informou o
socialista José Luís Carneiro.
“Temos agora 48 surtos, quando
há duas semanas eram 12; a percen-
tagem de pessoas com infecção que
não sabemos como se infectaram é
de 18% na região de Lisboa e de 26 e
27% na região Centro e Norte; e hou-
ve um aumento do número de inter-
namentos e de mortalidade na região
de Lisboa e Vale do Tejo”, acrescen-
tou Ricardo Baptista Leite, do PSD.
Dados citados por Marcelo Rebelo
de Sousa indicam que o tempo
mediano de internamento está hoje
entre os 10/11 dias no caso do inter-
namento geral e 17/19 nos cuidados
intensivos. “Para um cenário que se
pode considerar pessimista, de 338
casos novos, haveria 39 internados
novos e um total de 607 no interna-
mento geral e 91 nos cuidados inten-
sivos, bem dentro da capacidade
global do Serviço Nacional de Saú-
de”, congratulou-se o Presidente.
Marcelo anunciou ainda que os
resultados do primeiro estudo sero-
lógico, sobre a eventual capacidade
de imunização dos portugueses,
estará pronto no Ænal de Julho, a que
se seguirá outro estudo a cinco
meses e sucessivos de três em três
meses. E disse, sobre Lisboa, que
houve um “aprofundamento da
comparação socioeconómica entre
as várias regiões” que demonstrou
que “o panorama no distrito do Por-
to e de Lisboa é distinto”. Acrescen-
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 3
tou também que houve um reforço
de 40% das equipas que andam na
rua, na região de Lisboa e Vale do
Tejo, a fazer o levantamento dos con-
tágios.
Além destas notícias, outras foram
reveladas, na sequência de um
encontro que fontes ouvidas pelo
PÚBLICO, e que estiveram presentes,
deÆniram como tendo decorrido
num ambiente “tranquilo”, sem a
crispação dos últimos encontros e
com poucas perguntas. Nem o Pre-
sidente da República nem o primei-
ro-ministro Æzeram intervenções. E
nem Fernando Medina, o autarca
lisboeta que depois do encontro de
24 de Junho fez críticas às autorida-
des de saúde por causa da deteriora-
ção do números em Lisboa, aprovei-
tou aquele fórum para colocar ques-
Costa admitiu que
o estado de
calamidade em 19
freguesias da zona
de Lisboa terá de
ser renovado na
próxima quinzena
Ontem houve mais de 400
novos casos
tões sobre o tema. Só o deputado
André Ventura fez perguntas. A per-
cepção de um dos presentes foi mes-
mo a de que, após um certo descon-
tentamento com apresentações
anteriores, terá havido uma preocu-
pação maior em relacionar os dados
cientíÆcos com as decisões políticas.
Ainda antes de os participantes saí-
rem do Infarmed, já Catarina Martins
dava conta no Twitter de mudanças
na reunião com “mais indicadores
para análise”.
Já depois do encontro no Infar-
med, na conferência de imprensa
sobre os números do dia, as autori-
dades de saúde anunciaram que
Portugal registou, no dia anterior,
mais duas mortes (mais 0,1%) e 443
casos de infecção pelo novo corona-
vírus, o que representou um aumen-
to de 0,99% em relação a terça-feira.
É o maior aumento diário registado
nos últimos dez dias, quando se con-
Ærmaram 457 novos casos a 28 de
Junho. Dos novos casos, 327 (74%)
foram identiÆcados na região de Lis-
boa e Vale do Tejo. A região Norte
registou mais 77 casos relativamente
ao dia anterior, quando na segunda-
feira o aumento diário foi de 18 infec-
ções. Foi também o maior aumento
no número de casos diários na região
desde o dia 10 de Maio, quando
foram registados 98 novos casos.
A secretária de Estado da Saúde,
Jamila Madeira, anunciou que foi
criado um grupo de trabalho, lidera-
do pelo Infarmed, que “vai apresen-
tar uma proposta a respeito de uma
eventual transferência de determi-
nados medicamentos com prova de
eÆcácia e segurança e já com genéri-
cos comercializados para potencial
alteração da dispensa em farmácia
hospitalar e comunitária e produzir
resultados em 60 dias”.
O dia não terminou sem que Antó-
nio Costa, em Sintra, Æzesse outro
anúncio: vai manter-se o estado de
calamidade para as 19 freguesias que
desde o dia 1 de Julho estão neste
estado de excepção. com M.L., M.
M.O. e M.J.L.
sonia.sapage@publico.pt
4 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

DESTAQUE
CORONAVÍRUS

Mais covid, mais urgências

e “cansaço” das equipas: o
triplo desaÄo dos hospitais
Os hospitais de Lisboa adaptaram-se para fazer frente à
pandemia. Quatro meses depois, nota-se nas equipas o cansaço
de quem começa a desanimar por não ver o Äm à “maratona”
mados, mas também não Æcámos os colocam nos grupos de risco da
Inês Chaíça descansados”, conta a directora clí- doença. E são “jovens”, mas não tan-
nica. O caos em Espanha e Itália obri- to quanto se pensa: têm entre 40 e 50

E
speravam a covid-19 desde
Dezembro e tentaram prepa-
rar-se como podiam para uma
doença sobre a qual muito não
se sabia — como soldados
numa trincheira que esperam
um inimigo sem rosto. A resposta à
doença é mesmo encarada como um
combate, longe de acabar. A ansieda-
de dá lugar ao cansaço: aÆnal, este
não foi o episódio “agudo” que se
esperava — é uma “maratona” que
exige preparação e, sobretudo, capa-
cidade de “sacrifício”. O PÚBLICO
falou com três médicas da região de
Lisboa e Vale do Tejo, actualmente a
mais afectada, para perceber como
estão os proÆssionais de saúde a viver
esta fase da pandemia.
Ana Valverde tornou-se directora
clínica do hospital Amadora-Sintra no
meio da tempestade: em Março. É um
dos hospitais da Grande Lisboa que
mais pressão tem sentido “desde o
início de Junho” devido ao aumento
dos casos na região. Os desaÆos mul-
tiplicam-se: para além de ter de dar
resposta aos doentes com covid-19,
também as urgências se voltaram a
encher com outros pacientes. “No
meio de Junho, não tínhamos apenas
este novo surto: é que o medo inicial
dos doentes não-covid em vir ao hos-
pital foi-se diluindo, a procura assis-
tencial dos doentes não-covid cróni-
cos aumentou.”
Neste hospital, a preparação come-
çou logo no início da epidemia.
“Quando, em Dezembro de 2019,
começámos a ouvir falar dos primei-
ros casos de covid, não Æcámos alar-
gou o hospital a agir depressa. Come-
çou-se a separar circuitos, aproveitan-
do a arquitectura do espaço — uma
torre para os doentes covid positivos
e outra para os covid negativos. Este
passo foi fulcral “para não incorrer
nos erros dos italianos, que, por mis-
turarem doentes, acabaram por não
ter proÆssionais para os tratar”.
“Não digo que Portugal tenha tido
sorte — porque isto não é sorte —, mas
teve mais tempo para se preparar do
que os seus vizinhos. A pandemia
deu-nos uma folga para preparar os
hospitais e as estruturas, ao contrário
do que aconteceu em Espanha e Itá-
lia”, avalia. E se o hospital ainda não
entrou “numa situação de ruptura”,
é porque a rede de apoio hospitalar
em Lisboa e Vale do Tejo é “ágil e
baseada no diálogo”. “Se podia ser
melhor? Acredito que sim, mas tam-
bém podia ser pior.”
A questão da habitabilidade
Na opinião de Ana Valverde, boa par-
te dos novos casos são causados e
potenciados pelas fracas condições
socioeconómicas que se observam na
área de actuação do hospital: “Muitos
destes doentes têm condições de
habitabilidade aquém do desejável:
vivem todos juntos em locais peque-
nos e basta ter um caso positivo para
contagiar um grupo de pessoas rela-
tivamente grande. Não se consegue o
isolamento social desejável e que
seria preciso para não haver contá-
gio.” Para além disso, “recorrem pou-
co aos cuidados de saúde primários”,
desenvolvendo doenças crónicas que
anos. Ao início não era assim: quem
chegava eram principalmente pes-
soas dos 70 aos 90 anos, com algumas
co-morbilidades, como “hipertensão
arterial, diabetes”.
E quatro meses de luta já começam
a fazer-se notar junto dos seus proÆs-
sionais de saúde. “Uma vez que a
primeira fase nem correu assim tão
mal, porque conseguimos fazer fren-
te, neste momento as equipas come-
çam a acusar cansaço”, avalia. “Num
ano normal, por esta altura, as pes-
soas começam a entrar de férias e,
por outro lado, devido à pandemia, a
exigência foi maior do que noutros
anos. Por esse motivo, não nos recu-
sámos a autorizar férias.” Mas ainda
não é altura de baixar os braços.
“À espera de um tsunami”
“Exaustão” é mesmo a palavra de
ordem junto dos proÆssionais de saú-
de. Inês Urmal, interna do Centro
Hospitalar de Lisboa Central, usa-a e
acrescenta: “Todos os dias chegamos
a casa com o sentimento de missão
cumprida, mas com uma incerteza
relativamente ao dia seguinte. E não
sabemos quanto tempo vamos aguen-
tar, não sabemos quantos de nós irão
sair desta pandemia da mesma
maneira que entraram.” O cansaço é
geral, conta.
Desde o “Ænal de Fevereiro” que
Inês Urmal se prepara para o pior.
“Usámos muitas vezes esta expres-
são: sentíamo-nos como estando na
praia à espera de um tsunami. Sem-
pre com uma atitude expectante e
muito receosos de como ia ser a pró-
A exaustão é neste momento o que mais afecta os profissionais de saúde
xima urgência, o dia seguinte.”
Ela e outros internos, colegas “mais
novos” que estão a dar os primeiros
passos na medicina, tentaram prepa-
rar-se e ajudar na organização das
respostas: “Tentámos arranjar estru-
turas para combater a pandemia logo
quando começámos a perceber que
se calhar não era só um vírus isolado
na China e que chegaria ao nosso
país.” Procuraram “redistribuir-se
entre os vários serviços”, para “aju-
dar de forma mais rápida e útil”. “[Os
meus colegas] Foram incansáveis e
prontiÆcaram-se a ajudar naquilo que
nós sabíamos fazer, dentro das nossas
capacidades”, conta. É por isso que a
outra palavra que escolhe para des-
crever os últimos meses é “união”.
Desde o início da pandemia, Inês
Urmal passou por vários hospitais,
todos na cidade de Lisboa: esteve três
semanas no Curry Cabral, na enfer-
maria dedicada à covid-19, seguidas
de seis semanas em exclusivo no ser-
viço de urgências do São José. No Ænal
de Junho voltou “ao normal”: ao hos-
pital dos Capuchos. Mas pelo menos
uma vez por semana volta às urgên-
cias do São José. E vê bastantes jovens
a chegar às urgências com o vírus.
JustiÆcar o aumento de casos é mais
difícil, mas nota que “há casos em que
as pessoas cumpriram as medidas de
isolamento e acabaram por se infec-
tar em contextos familiares”, como
também se veriÆca no Amadora-Sin-
tra, mas lamenta que ainda exista
“um grupo muito signiÆcativo de pes-
soas que não reconhece estas medi-
das [de distanciamento físico] como
sendo fundamentais”.
Perigo pode estar em casa
Ao início, era o medo. Sara Lino, médi-
ca infecciologista do Hospital Curry
Cabral, sentiu medo que o Serviço
Nacional de Saúde soçobrasse. “Come-

Surto no Hospital de SãoJosé
A
directora-geral da Saúde
confirmou ontem que foi
detectado um surto de
covid-19 no Hospital de São
José, em Lisboa, mas afirmou
que é ainda precoce dizer de
quantos casos se trata.
Em conferência de imprensa
no Ministério da Saúde, Graça
Freitas afirmou que “foi
detectado um foco e estão a ser
feitos testes”.
“Sabemos já que foram
retirados os doentes das áreas
consideradas afectadas e todos
os profissionais de saúde e
doentes envolvidos vão fazer
testes, mas neste momento
ainda é precoce dizer o número
Situação em Portugal
Em 8 de Julho às 14h40
Casos
confirmados 44.859 Novos
casos 443
Novos casos diários
1631 29.714 1000
500
Mortes Recuperados 0 Região
Fonte: DGS 2 Mar. Abr. Mai. Jun. 8 Jul.
MANUEL ROBERTO
çámos a ver os outros sistemas de
saúde, o de Itália, o de Espanha, mui-
to sobrecarregados, com muitas mor-
tes, muitos casos graves. Aí assustámo-
nos, achámos que não íamos conse-
guir, que o nosso sistema de saúde ia
entrar em colapso, as pessoas iam
começar a morrer por falta de assis-
tência ou por incapacidade de terem
acesso aos cuidados de saúde.”
Agora, o que resta é sobretudo can-
saço. “Todos achámos que ia ser uma
coisa aguda, que íamos ter mais tra-
balho durante menos tempo. O que
acabou por acontecer é que nunca
tivemos um máximo de trabalho. Tra-
balhámos muito e nunca estivemos
desesperados sem poder ir para
casa… O problema é que se tornou
uma situação crónica.”
Em Lisboa, ao contrário do que
aconteceu no Norte, onde existiu um
pico, “[houve] sempre mais ou menos
o mesmo número de doentes sem
grandes melhorias ao longo do tem-
po”. “Não temos tantos casos graves
como ao início, mas continuam a pre-
cisar de estar internados.”
Sobre os doentes hospitalizados diz
que a média de idades continua a ser
elevada, apesar de encontrar alguns
com 40 e 50 anos e até “um rapaz
com 19”. A grande diferença que
aponta é que “as pessoas agora já têm
aquela noção de que apanharam,
porque foram jantar com amigos,
porque levantaram as medidas de
conÆnamento, porque começaram a
fazer pequenos ajuntamentos”.
Como a situação “está longe de
estar controlada”, a médica infeccio-
logista lança um apelo, que se junta
ao de Inês Urmal e Ana Valverde:
“Ajudem-nos a ajudar-vos.” “O meu
de casos”, afirmou. apelo é no sentido de seguir as orien-
Graça Freitas referiu que, além tações da DGS, evitar ajuntamentos.
dos testes, os serviços do É triste, mas um ajuntamento pode
hospital se estão a “organizar ser, às vezes, um jantar de família,
para separar as pessoas que já porque basta uma dessas pessoas ser
foram detectadas como portadora do vírus para todas Æca-
positivas e, provavelmente, os rem”, resume Sara Lino.
seus contactos também”. Até porque o Æm não está à vista,
Segundo o jornal Correio da diz Ana Valverde: “Temos de viver
Manhã, pelo menos três doentes isto como uma maratona. Não pode-
foram infectados nos serviços mos baixar a guarda, mas não pode-
de Urologia e Cirurgia. Lusa mos desanimar a meio. Não se pode
dizer que isto acabou e que já pode-
mos ter uma vida normal. Não:
temos de fazer uma vida o mais nor-
mal possível, com alguma precau-
ção, até termos uma melhor solu-
ção.” A vacina.
ines.chaica@publico.pt
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 5
Rt desce à medida
que Rumamos a Sul
1.09 1.08
Região
Fonte: DGS Norte Centro
Proximidade das linhas férreas
não está associada ao aumento
de risco de infecção
F
oi uma das ideias mais rele-
vantes que saiu da reunião de
ontem — a última com estes
contornos — que juntou polí-
ticos e cientistas no auditório
do Infarmed, para analisar a
evolução da pandemia: não há uma
relação aparente entre as ligações
ferroviárias e o surto pandémico na
Área Metropolitana de Lisboa. O pre-
sidente do Instituto de Saúde Pública
da Universidade do Porto (ISPUP),
entidade que realizou o estudo,
explicou que “não há evidência” de
que a proximidade das linhas férreas
ou as viagens de comboio “seja uma
forma determinante de contributo
para a infecção”, mas salientou que
não é possível dizer que não haja
infecção dentro das carruagens.
O Presidente da República, porém,
tinha sido mais optimista sobre o
mesmo estudo, quando o comentou
aos jornalistas no Æm da reunião.
“Parece demonstrar que não exis-
te ligação entre transporte ferroviá-
rio e o surto pandémico, é um dado
novo que não era conhecido, mas
que foi estudado”, disse Marcelo
Rebelo de Sousa. “Linhas que à par-
tida se considerariam de risco maior
veriÆcou-se que são de risco, não
direi irrelevante, mas escassíssimo.
Do estudo parece decorrer que não
está aí um factor causal determinan-
te de transmissão do vírus”, concre-
tizou.
Dois dos participantes do encon-
tro, ouvidos pelo PÚBLICO, sugerem
cautelas na análise desta questão.
“Como foi encontrada uma correla-
ção mais forte entre a coabitação e
o surto em Lisboa, esta relação cau-
sa-efeito entre comboios e surto foi
desvalorizada”, refere um dos par-
ticipantes, salientando que ela não
é inexistente mas tem um peso
menor. Outra fonte refere que os
peritos analisaram o número de
doentes nas zonas servidas por
comboios suburbanos, mas que o
estudo “vai ser agora aprofundado
partindo dos infectados e veriÆcan-
do quais destes andam de com-
boio”.
0.97
0.86 0.77
LVT Alentejo Algarve
Ainda em relação às linhas de com-
boio na região de Lisboa e Vale do
Tejo, apesar de haver um aumento
de casos, por exemplo, na linha de
Sintra, tal não é comum a outras
linhas — e foram analisadas a da
Azambuja, de Cascais e do Sado. Isso
não permite tirar uma conclusão, o
que não signiÆca que não possa
haver contágio nos comboios. Por
isso, há um estudo de caso-controlo
com dois mil casos para investigar
esta situação num período de 15 dias,
com o objectivo de controlar casos
negativos e positivos no movimento
das linhas de comboio na região de
Lisboa e Vale do Tejo.
No Ænal do dia, em declarações à
RTP3, Henrique Barros, presidente
do ISPUP, explicou que as análises
realizadas “permitiram concluir que
a proximidade das estações, a utili-
zação dos comboios e o facto de atra-
vessar determinadas freguesias não
se associa ao aumento de risco de
Henrique Barros
ainda não
estudou o risco
de contágio
dentro das
carruagens dos
comboios
infecção na comunidade”. Mas aler-
tou: “Não podemos fazer salto e
dizer que não há transmissão. Pode
ocorrer e é bem natural que aconte-
ça.”
“O que analisámos foi o risco de
infecção no conjunto de freguesias
servidas por linhas férreas com o de
outras mais afastadas, que contra-
riam a ideia de [as linhas férreas]
terem um papel importante. Não há
evidência que seja uma forma deter-
minante de contributo para a infec-
ção”, reforçou o especialista em
saúde pública.
Na reunião no Infarmed foi ainda
comunicado que a coabitação, o tra-
balho e razões de âmbito social,
como festas, entre outras situações,
podem ajudar a explicar o que se
passa na região de Lisboa e Vale do
Tejo. M.L./M.J.L./M.M.O/S.S.
6 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

ESPAÇO PÚBLICO
O Liverpool continua a todo o gás na Premier
League, mesmo que já se tenha até
comemorado no relvado e nas ruas o título
que lhe fugia há 30 anos. A quatro jornadas do fim do
campeonato de futebol mais mediático do mundo, o
que faz mover o Liverpool? É bem possível que seja o
recorde de pontos na prova, que desde 2017-18
pertence ao Manchester City, com uns redondos 100
pontos. Actualmente com 92 pontos, e estando 12 em
Jürgen Klopp disputa, um novo recorde é possível. (Pág. 38) J.J.M.
A China está a exercer toda a sua autoridade
sobre Hong Kong, tendo já a funcionar o seu
gabinete de segurança no território, por
onde passarão todos os casos que Pequim considere
que desrespeitem a polémica lei de segurança
nacional que há uma semana entrou em vigor na
região para travar os protestos do movimento
pró-democracia. O gabinete terá poderes para
decapitar o movimento, não estando sequer sujeito
Xi Jinping às instâncias judiciais de Hong Kong. (Pág. 24) J.J.M.

O governador Centeno versus o ex-ministro Centeno

acredita que a sua competência e a
sua experiência no governo ou na
frente europeia são razões
suÆcientes para ser governador.
Sê-lo-iam, se o cargo fosse isento de
Manuel Carvalho atritos políticos ou blindado quanto
Editorial ao clima de suspeição que o
político, é óbvio que o fará sob a
condição de ex-ministro. Quando, e
se, o Æzer, será lógico que se invoque
o código de conduta do BdP na parte
em que se avisam os seus dirigentes
sobre a sensibilidade de “interesses
pessoais” que resultem de
exemplo, o BdP vendeu o Novo
Banco à Lone Star.
Mário Centeno dá-nos garantias de
competência e honorabilidade para
decidir em nome do interesse
público. Mas a questão que a sua
nomeação coloca vai muito para lá

A
audição de Mário Centeno na
Assembleia da República foi
uma boa mostra das
diÆculdades que terá nos
momentos difíceis que se
antevêem no seu cargo de
governador do Banco de Portugal
(BdP). Todas as reservas e críticas
que a oposição em bloco fez à sua
nomeação foram legítimas e
pertinentes. E todas as respostas do
ex-ministro das Finanças foram
evasivas ou insuÆcientes na
argumentação. Mário Centeno
condiciona. Sê-lo-iam também se
quem está nesses lugares assumisse
de forma clara e transparente as suas
responsabilidades. Portugal, para o
bem e para o mal, não é assim.
Como os deputados da oposição
provaram, a nomeação de Centeno
carrega o pesado fardo do seu
passado político. Quando, e se,
Mário Centeno tiver de decidir sobre
a CGD, na qual interveio como
agente do accionista Estado, quando,
e se, for obrigado a intervir no Novo
Banco, em cuja venda participou
mesmo que só ao nível do aval
“anteriores experiências
proÆssionais”. No caso de ter de
decidir sobre a Caixa, o Novo Banco
ou o Montepio, é lícito considerar
que Centeno se empenhará em
proteger o seu passado político
enquanto ministro.
Na audição desta terça-feira,
Centeno percebeu todos esses riscos
e salvou-se com a bóia que tinha à
mão: dizendo que nada teve que ver
com o que se passou nos bancos
enquanto foi ministro. É pouco. Mas
ninguém acredita que Æcasse
paralisado no momento em que, por
da sua honorabilidade, competência
ou sentido de serviço público.
Centeno vai ter de caminhar num
pântano onde — como aconteceu
com Carlos Costa — faça tudo ou o
seu contrário será sujeito a dúvidas,
a críticas e a suspeitas. Só uma
absoluta distância do passado
político e da história recente da
banca o salvaria da suspeição.
Centeno não terá essa bóia. É mau
para ele. E mau para a credibilidade
da supervisão do sistema Ænanceiro.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Aljube
Julgávamos nós que as práticas
predatórias na administração
pública já tinham tido melhores
dias. Não tiveram. A escolha da
ex-deputada Rita Rato para a
direcção do Museu do Aljube é uma
vergonha. Não digniÆca a EGEAC,
que ignorou o perÆl que exigiu aos
candidatos, e não encarece o júri,
que embarcou diligentemente neste
simulacro concursal. Dos nove
requisitos exigidos, a Rita Rato
faltam pelo menos três, e logo
aqueles, cruciais, relativos à
proÆciência técnica exigida à
coordenação superior de um
equipamento desta natureza: não
tem formação em História; não tem
experiência em funções similares,
“preferencialmente na área dos
museus”; nem sequer lhe
conhecemos experiência em
programação e produção de
exposições. E não falemos sequer
do descaso com que, em algumas
entrevistas, referiu temas de
História Contemporânea: “Não sou
capaz de lhe responder porque, em
concreto, nunca estudei nem li
nada sobre isso”… No Æm, vem-nos
à memória uma frase batida da
doutrinação populista — “eles são
todos iguais”. O problema é que, às
vezes, são mesmo! Os museus e a
cultura portuguesa mereciam
melhor.
Miguel Soromenho, Lisboa
Alfredo Tropa
A propósito da morte de Alfredo
Tropa, lembrei-me de factos
importantes para o cinema
português acontecidos em 1969.
Envolvidos num movimento para
pôr em marcha uma Cooperativa
de Cinema apoiada pela Fundação
Gulbenkian, estiveram Fonseca e
Costa, Fernando Lopes, Faria de
Almeida, António de Macedo,
Fernando Matos Silva, Ernesto de
Oliveira, António-Pedro
Vasconcelos, Artur Ramos, Paulo
Rocha, Manuel Ruas, Seixas Santos,
Ernesto de Sousa, Alfredo Tropa, o
distribuidor Gerard Castelo Lopes
e os operadores Acácio de
Almeida, António Escudeiro, Elso
Roque e Costa e Silva. Alguns dos
realizadores acima citados consti-
tuíram o CPC — Centro Português
de Cinema, S.C.A.R.L.. Que saiba,
estão ainda vivos o Matos Silva, o
António-Pedro e eu próprio.
Manuel Faria de Almeida, Lisboa
O Algarve e os ingleses
Desesperamos pela atitude dos
ingleses e pelas consequências
tenebrosas para o nosso turismo.
Após a construção durante anos do
turismo sun, wine & beer virado
para os ingleses não será antes uma
oportunidade de se repensar a
dependência deste nível de
turismo? Muitos deixaram de
procurar locais como Albufeira que
se especializaram neste conceito
de turismo do lucro fácil. Boa
oportunidade para diversiÆcar e
descobrir outros mercados bem
mais interessantes.
Ricardo Rocha, Paço de Arcos
Desigualdades
Enquanto mais de 70% dos
pensionistas recebem menos de
600 euros mensais, o Governo
nacionalizou a posição de Isabel
dos Santos na Efacec. Para o
Governo é de interesse nacional
injectar dinheiro na TAP. Para
defender o sistema Ænanceiro,
injecta dinheiro no Novo Banco.
Para uns, abrem-se os cofres do
Estado, para outros o destino está
traçado. A esperança média de vida
dos portugueses aumentou, mas o
fosso entre ricos e pobres disparou.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Mary L. Trump é sobrinha do Presidente dos
EUA. E tem más relações com esse ramo da
família. Por isso, admite-se que haja rancor no
livro que escreveu sobre o tio. Mas a psicóloga clínica
faz-nos pensar quando diz que a personalidade de
Trump é quase igual à de quando tinha três anos:
“Incapaz de crescer, aprender ou evoluir, incapaz de
controlar as suas emoções, de moderar as suas
respostas ou absorver e sintetizar informação.” Com
Donald Trump uma diferença: hoje lidera os EUA. (Pág. 26) J.J.M.
ESCRITO NA PEDRA
Corrupção, peculato, fraude, todas estas são características que
existem por todo o lado. É lamentavelmente a forma como a
natureza humana funciona, quer queiramos ou não. O que
economias bem-sucedidas fazem é mantê-las no mínimo.
Ninguém alguma vez conseguiu eliminar qualquer dessas coisas
Alan Greenspan (1926-), economista
SEM COMENTÁRIOS OPERÁRIA NUMA FÁBRICA DE TRANSFORMAÇÃO DE RESINA EM GÓIS
ADRIANO MIRANDA
EM PUBLICO.PT
Leituras, o novo site Os 12.532 objectos de Barbara
do PÚBLICO
Durante dois anos, Barbara Inweins
Entrevistas, pré-publicações, fotografou todos os objectos do seu
críticas e notícias. Se gosta de livros, este apartamento, em Bruxelas. Para nos fazer
site é para si pensar no minimalismo
publico.pt/leituras publico.pt/p3
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 7
A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores
Um antigo jornalista russo, hoje conselheiro
da agência espacial russa, foi detido pelos
serviços secretos, acusado de passar
segredos a um país da NATO, com base numa lei
vista internamente como feita à medida para
silenciar opositores e jornalistas críticos do
Presidente, que acaba de se perpetuar no poder
graças a um referendo. Para um analista russo de
segurança, entrou-se num novo nível de repressão
Vladimir Putin contra o jornalismo. (Pág. 25) J.J.M.
Adeus,
Nova Iorque
P
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
ela primeira vez na vida não me
apetece ir a Nova Iorque. Fui lá
sempre que pude e, quando não
estava lá, lia as revistas
nova-iorquinas e o New York
Times, para saber o que perdia.
Nos últimos dez anos, mais
devagar do que depressa, fui
deixando de ler duas das minhas
revistas preferida do século XX —
a New Yorker e o New York Review of Books.
Ainda as assino e folheio mas só na
esperança de aparecer uma coisa ou outra
que me desperte o interesse. Os cartoons do
New Yorker continuam bons mas é preciso um
coração de ferro para poder ver os cartoons e
não ter saudades das reportagens e dos
ensaios compridos e excelentemente editados
quando a revista era dirigida por Robert
Gottlieb e antes disso por William Shawn.
Já o New York Review of Books não
sobreviveu a Robert Silvers. O jornal
continua e, se calhar, até se deixa ler por
quem não o lia quando era bom e
imprevisível mas, para quem tem boa
memória, chega a ser dolorosa a
mediocridade da imitação. Como se isso
não bastasse também a revista New York
perdeu a graça e a criatividade, preferindo
penitenciar-se quinzenalmente por não ser
moralmente perfeita.
Acontece o mesmo com o New York Times,
cada vez mais chatarrão, sentencioso e
instalado.
Assino-os só por reÇexo, por hábito, por
masoquismo. São quatro jornais e revistas
O cabelo antes e depois com Nova Iorque no título que eu associava
do confinamento ao prazer de ler e descobrir e saber, tanto
como associava a própria cidade de Nova
Cresceu, perdendo o corte e/ou a cor. O Iorque.
fotógrafo Simon Dawson resolveu fixar a Não Æca de fora uma boa revista com New
passagem dos dias pelas nossas cabeças York no título. Só a cidade Æca. Ou Æcará? Já
publico.pt/impar não sei.
8 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
ESPAÇO PÚBLICO
O vírus, a razão e a emoção
Isabel do Carmo
O vírus anda por aí e as
pessoas também. A
O
prevenção é o melhor
produto da razão
vírus é tudo o que há de mais
parecido com as primeiras formas
de vida em cima da Terra, há
milhares de milhões de anos. Faz o
que sabe, hospedar-se e
multiplicar-se. Todavia, o ser
humano, há uns escassos 300 mil
anos, possui um cérebro que dá
para raciocinar, transmitir aos
outros e sobretudo usar para
actuar sobre a realidade. Esta é a razão. Mas
como não há razão pura, é acompanhada de
emoção. E o medo pode chegar ao alarme e ao
pânico. É a condição humana. Porém, usá-lo
como arma de arremesso e manobra política
excede o campo da luta de ideias para
pertencer à área da moral. E é feio.
O medo é o que permite aos animais em
geral e ao ser humano sobreviver. Mas há um
momento em que a emoção pode transformar
o medo em alarme e este conduzir ao pânico.
O raciocínio Æca bloqueado, a acção
descontrola-se e a doença deixa de ser
acompanhada da serenidade necessária.
Agrava-se. Ora neste momento precisamos:
pensar com clareza, aplicar prevenção e ter
esperança. Após o terramoto de 1755, o padre
Malagrida percorria as ruas proclamando que
era a consequência dos pecados da população
e do poder político da altura, o Marquês. Este
respondeu cruelmente, mas construiu uma
nova cidade. Há sempre Malagridas que
esperam por nós... Felizmente não há política
cruel, há democracia.
De acordo com os dados da excelente
conferência que o pneumologista Filipe Froes
proferiu a 30 de Junho na sessão realizada no
Infarmed por um grupo de proÆssionais com o
título Estamos do lado da solução, a expressão
do vírus nas pessoas atingidas é a seguinte:
85% não têm sintomas, 15% têm sintomas e 5%
morrem. Aquilo que se tem feito em todos os
países (excepto a pequena Islândia) não são
estudos de prevalência com amostras
aleatórias. Segue-se a trajectória da
observação: começa no doente e, portanto,
nos sintomas. É extraordinário o trabalho
hospitalar, a capacidade de transformar
espaços, estabelecer isolamentos, separar
doentes de acordo com a gravidade. O pessoal
dedica dias e noites ao tratamento. Merecem a
alegria de terem salvo muitas vidas.
Mas há um outro trabalho que não é tão
destacado. Pelo contrário, pode ser minado
pela desconÆança. É o trabalho de
MANUEL ROBERTO
francesa de GeograÆa) publicada a 5 de Julho
de 2020 na La Revue Géopolitique relativa ao
Brasil, alguns destes nossos bairros têm as
seguintes características: densidade
populacional com alojamento com mais do
que duas pessoas por compartimento, baixa
relação entre a população activa e a
economicamente dependente, água e esgotos
insuÆcientes, percentagem elevada de
afrodescendentes, poucos anos de estudo,
taxa de analfabetismo acima da média e
elevada percentagem de pessoas de 18 anos ou
mais sem rendimento. Estão reunidas todas as
condições. Quando os historiadores da ciência
estudam as epidemias, localizam a primeira
epidemia da varíola no século IV a.C., quando
começaram a aglomerar-se as cidades. E o
vírus foi endémico até ao aparecimento da
vacina. Mas, neste momento, o ser humano e a
sua razão poderiam, para além de criar
formiguinhas dos médicos de família e dos têm acesso por código o respectivo médico de vacinas, pensar as cidades em função da saúde
médicos de saúde pública. Sigamos o doente. família e o médico de saúde pública. Para e não do lucro.
Tem febre, tem tosse, tem diÆculdades quem sabe o que é depender de plataformas A saúde pública poderia então ter uma
respiratórias e vai ou ao hospital ou ao centro informáticas, calcula o que foi montar isto a palavra a dizer, não só em aconselhamento
de saúde. Só com alguma gravidade indica funcionar em tempo relâmpago. Detalha-se mas em decisões. No ano de 2018 houve um
hospitalização. Se for ao centro de saúde, há toda esta rede, para que o público em geral total de óbitos de 113.051 pessoas, em
uma triagem à entrada que direcciona o tenha consciência do que se passa nos 10.283.820 registadas. Isto talvez ajude a
doente com estes sintomas para um ou mais bastidores para salvaguarda da saúde de todos relativizar os nossos 1600 da covid-19. Foram
centros criados pelos agrupamentos de nós e que não aparece nos alarmes e protestos sobretudo pessoas mais velhas e nos meses
centros de saúde da zona, destinados injustos. frios. Digamos que é “natural”, embora não
exclusivamente para estas queixas. É feita a E é aqui que entra a realidade de Lisboa e seja natural viver com frio. Mas o que já não é
colheita e a maior parte dos doentes vai para Vale do Tejo (LVT), como entrou e entra a natural é que a causa de morte tenha sido a
casa e aguarda pelos resultados cerca de dois região do Porto. Graças ao estreitamento de diabetes para 4000, provavelmente
dias. Se o doente for positivo, mas sem entrada para as faculdades ocorrida nos anos subavaliada. Não fosse esta sociedade
gravidade, o que se passa na maioria dos 90 do século XX, em 2018 (últimos dados obesogénica e teriam sido muito menos.
casos, passa a ser vigiado diariamente pelo acessíveis) os médicos de medicina geral e Tivesse poder a Direcção-Geral da Saúde e
médico de medicina geral e familiar e é isolado familiar (MGF) com menos de 55 anos eram houvesse vontade política dos municípios
em casa, separado apenas 23 por 100.000 habitantes no país em para além das rotas pedestres e não haveria
dos familiares, tanto geral. Por outro lado, tal como descreveu na abertura de grandes estabelecimentos de
quanto possível. No mesma sessão o professor Correia de Campos, marca de comida hipercalórica na área das
entanto, todo o resto incluindo o seu mea culpa, à medida que a escolas dos ciclos e do secundário, nem com
da família também é população se concentrava à volta dos grandes grande evidência ao lado do Estádio
conÆnado de centros metropolitanos, nomeadamente à Universitário. Não venham com a liberdade de
Portugal tem quarentena em casa, volta de Lisboa, a percentagem de colocação escolha individual, que é argumento que já
evoluído em até o doente
negativar na análise.
de médicos em LVT ia diminuindo. De tal
modo que quando se faz a diferença do
não colhe em nenhuma investigação cientíÆca!
São os dez milhões de infectados no mundo
lume brando e É aqui que entra o número de médicos por 100.000 habitantes pela covid-19 e as 500.000 mortes já
deve olhar-se trabalho do médico
de saúde pública, que
entre 1996 e 2018 (INE) esta região é de longe a
mais prejudicada, com uma redução de cerca
assinaladas que assustam a Organização
Mundial da Saúde e com razão. Portugal tem
para os faz o chamado de 25% dos médicos entre os 31 e 55 anos, evoluído em lume brando e deve olhar-se para
números de “inquérito enquanto todas as outras aumentavam! os números de internados e de óbitos mais do
epidemiológico”, que Inteligente? Não. Demagogia política para que para os números de infectados. O vírus
internados e de é um trabalho de satisfazer descentralização? Talvez. anda por aí e as pessoas também. A prevenção
óbitos mais do detective — por onde Quanto aos médicos de saúde pública, a com as medidas indicadas e que neste
que para os andaram, onde
trabalhavam, com
realidade é dramática. Nesta região há apenas
101 e a idade média é de 59 anos. A maior
momento mereciam nova campanha é o
melhor produto da razão.
números de quem conviveram. parte, ao escolher a especialidade, sonhava E há a esperança. Porque os seres humanos,
infectados Por vezes são
localizados bairros,
actuar sobre as determinantes da saúde
(habitação, alimentação e outras), mas vê-se
a par das manobras políticas, também sabem
cuidar uns dos outros. A vacina vai atrás do
pontos de partida do conÆnada a juntas médicas e burocracia. Este dinheiro, mas sobretudo vai atrás de um
contágio. Todos os é o panorama técnico e clínico numa região grande entusiasmo e colaboração cientíÆca. E
contaminados em que a norte e a sul do concelho de Lisboa ela virá.
passam a fazer parte crescem bairros que têm todas as condições
de uma plataforma para a expansão da epidemia. Adaptando a Médica; professora da Faculdade de
informática, à qual análise do geógrafo Hervé Thery (escola Medicina de Lisboa; activista política
 Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 9

ESPAÇO PÚBLICO

A pressa Os trabalhadores
e o descontrolo essenciais

S
Manuel Loff
e ao longo destes meses tem Æcado
patente a natural pluralidade de
opiniões e de abordagens da
realidade social por parte de
médicos de diferentes formações,
os media têm, nas últimas
territórios submetidos a medidas mais estritas.
Como bem sintetizava ontem na Antena 1 um
habitante do Bairro das Galinheiras (Lisboa):
“Agora estão para aí a dizer que são os pobres
que passam para os ricos!”
Deixa-me perplexo que pessoas como o
bastonário da Ordem dos Médicos junte a sua
voz à de Fausto Pinto (e à do PSD e do Chega)
para acusar o Governo de “não ouvir os
Helena Roseta
Há uma reforma a fazer que
implica o reconhecimento
dos trabalhadores essenciais
e a definição de caminhos
higiene e limpeza urbana, um trabalho que
paradoxalmente só se torna visível quando
não é feito.
Estes trabalhadores são trabalhadores
essenciais, que não costumamos valorizar
mas que suportam o nosso dia-a-dia. Têm
em comum salários baixos e, muitas vezes,
vínculos laborais precários. Algo está
profundamente errado.

semanas, voltado a preferir um médicos”, descritos como “as pessoas que
setor da opinião médica que atua estão no terreno” versus “os peritos do
de forma, deliberada ou Infarmed” (Rádio Observador), tão médicos e
involuntariamente, alarmista. São investigadores quanto o bastonário deveria
os que têm denunciado o “fracasso” do ser. Mais incendiário, Fausto Pinto acha que
desconÆnamento e o “descontrolo” que se “era importante os
viveria, segundo eles, na área metropolitana políticos ouvirem de
de Lisboa. Ainda não assumiram a tese de que uma forma mais
já estamos na tão temida segunda vaga mas, abrangente e não
mas todos parecem ter-se esquecido do que apenas aqueles por si
nos foi dito desde o início: que o vírus não vai
desaparecer, que teremos de aprender a viver
O discurso nomeados”, o que
em tudo se
com ele, e que o importante é que o SNS possa moralista assemelha ao
aguentar, até dispormos de terapias eÆcazes, disfarçado de discurso do Chega
o embate de uma minoria de casos sobre técnicos que
complicados. Ora, apesar de o número de ciência, que não “se libertam da
internados em UCI ser hoje inferior a 1/3 da tanto agrada à farda de elementos
média de abril, e metade da do início do
desconÆnamento, e a redução da mortalidade
maioria dos do Estado”. E é assim
que se tem voltado
ser ainda inferior a essas proporções, estas media, tem ao discurso
vozes têm querido convencer-nos de que a
contribuído verdadeiramente
retoma das atividades foi feita com demasiada
“pressa” e que passámos “a ser agora um mau para a
populista da
“ocultação” de dados
exemplo”. É o caso de Fausto Pinto, o estigmatização sobre os contágios
presidente do Conselho das Escolas Médicas,
que em março pediu a António Costa que das populações que voltou a
incendiar as redes
“fechasse tudo” porque “estamos em guerra, dos territórios sociais, como se a
por isso temos de usar tudo para defender o
submetidos a DGS fosse cúmplice
nosso país, que está à mercê dum inimigo sem do Governo numa
igual”, nada menos que “o maior que alguma medidas mais estratégia de mentira
vez tivemos de enfrentar nas nossas vidas.”
estritas que mereceria uma
Como escreve Giorgio Agamben, “depois de a
política ter sido substituída pela economia,
“chicotada
psicológica” para
agora até esta para poder governar deverá correr, entre outros,
integrar-se no novo paradigma de
biossegurança, ao qual todas as demais
com Graça Freitas, e
substituí-los por
exigências”, por exemplo as da atividade “pessoas
económica e do bem estar social, “deverão adequadas”. Que
ser sacriÆcadas” (La medicina come religione). alguns autarcas (outros lança-chamas de
Depois de desvalorizarem as consequências serviço) se juntem a este circo mediático diz
psicológicas e, sobretudo, socioeconómicas bem para onde se quer desviar o debate.
do modelo de conÆnamento de que foram Enquanto se discute tudo isto, pouco se
campeões (e que parecem sempre estar à presta atenção aos quase 50% de “mortes
beira de repropor), promovem agora uma colaterais” que a Escola Nacional de Saúde
abordagem puramente moralista do contágio Pública detetou no aumento da mortalidade
(os jovens “irresponsáveis”), simultaneamente desde meados de março, isto é, “associadas a
classista (os trabalhadores “sem máscara” que casos de doença crónica grave cuja
se amontoam nos transportes), deixando bem investigação e tratamento possam ter sido
patente aquilo que Abel Salazar dizia: “O adiados devido à pandemia, porque os
médico que só sabe de medicina nem de doentes evitaram procurar os serviços, ou
medicina sabe.” Este discurso moralista porque as listas de espera adiaram os
disfarçado de ciência, que tanto agrada à diagnósticos e tratamentos para além do
maioria dos media, passando ao lado de prazo em que poderiam ter sido efetivos”.
condições sociais efetivas (habitabilidade,
condições de trabalho), tem contribuído para Historiador. Escreve quinzenalmente à
a estigmatização das populações dos quinta-feira
J
Precisamos de reformas profundas na
para a sua valorização estrutura salarial do nosso país. As funções
sociais têm de ser altamente valorizadas e
á sabemos que a pandemia da são uma aposta estratégica para o futuro.
covid-19 agrava as desigualdades, Não haverá robots ou plataformas digitais
porque quem tem menos que substituam tarefas que exigem
rendimentos tem de se sujeitar a proximidade e, quantas vezes, afecto e
piores condições laborais, de carinho. As funções de suporte da vida
mobilidade e de habitação. Mas é quotidiana também não podem continuar a
ilegítimo atirar a “culpa” dos ser esquecidas, nas margens da
surtos que temos conhecido para
cima dos pobres, dos idosos, dos
precariedade e da rotina.
Há uma reforma estrutural a fazer que
imigrantes, dos bairros implica o reconhecimento dos
carenciados. O que estamos a viver é uma trabalhadores essenciais e a deÆnição de
realidade nova e complexa que veio trazer à caminhos para a sua valorização pessoal,
luz do dia desigualdades estruturais que já proÆssional e salarial. Não tenho visto muita
existiam antes da pandemia. gente preocupada
Muito se tem falado, e bem, do mérito dos
proÆssionais de saúde a quem tem cabido a
com isto, porque é
mais fácil, quando
linha da frente. Se não houvesse SNS, se vive uma crise
estaríamos hoje bem pior. E sem a com tantas
generosidade incrível destes proÆssionais, o
SNS não teria aguentado o embate, que
Temos de incertezas, procurar
culpados. Não, a
continuará a fazer-se sentir. Ninguém enfrentar “culpa” não é dos
duvida hoje que os proÆssionais de saúde
são trabalhadores essenciais para o nosso
com coragem pobres, dos idosos,
dos imigrantes, dos
bem-estar colectivo. Assim como os o retrato bairros vulneráveis.
bombeiros, a Protecção Civil, as forças de do país E não basta criar
segurança e as Forças Armadas, regimes legais
mobilizados para tarefas críticas ao longo desigual extraordinários,
dos últimos meses. que somos imprescindíveis na
Mas não são apenas eles. Houve muitos
trabalhadores que não pararam durante e
— e dar emergência, mas
que não podem ser
após o estado de emergência, mas de quem passos firmes prorrogados
pouco se fala — da produção à distribuição
de bens essenciais e à prestação de serviços
para fundar indeÆnidamente.
Nem acreditar que o
públicos e privados. Falo dos que uma “novo normal” trará
continuaram a produzir os nossos verdadeira de volta um turismo
alimentos, incluindo os imigrantes de que Æcámos tão
precários em certas zonas do nosso país, ‘economia dependentes.
que na época das colheitas se deslocam de do cuidar’ Temos de ir à raiz
região em região. Ou dos que asseguraram a das questões.
distribuição, como os camionistas, os Temos de
trabalhadores da marinha mercante, os enfrentar com
portuários, o pessoal dos correios. Ou dos coragem o retrato
empregados dos supermercados e dos do país desigual
transportes públicos. Ou das chamadas que somos— e dar
“mulheres-a-dias”, um nome que diz tudo passos Ærmes para
sobre a sua precariedade. Ou do pessoal da fundar uma verdadeira “economia do
construção civil, mais solicitado no Verão cuidar” que abarque o planeta, os modos de
para obras de toda a espécie. Sem esquecer produção, transformação e consumo, os
os trabalhadores dos lares e demais territórios e as pessoas. Sem isso não haverá
equipamentos sociais, ou os professores e plano de recuperação económica e social
auxiliares de educação, a trabalhar em que nos valha.
condições inéditas e desaÆantes. Ou ainda,
e para não me alongar mais, o pessoal da Arquitecta
10 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
POLÍTICA
O aviso aos sucessores de Costa:
“Vão ter de esperar bastante”
Carlos César Presidente do PS já vê
António Costa a ganhar um terceiro
mandato para primeiro-ministro e avisa
a esquerda dos custos que teria de pagar
se provocasse uma crise política
Hora da Verdade
Luciano Alvarez e Susana
Martins (Renascença)
Carlos César não poupa elogios ao
primeiro-ministro. E deixa um
recado a eventuais candidatos à
sua sucessão no partido, como
eventualmente são os casos de
Fernando Medina ou Pedro Nuno
Santos: “Vão ter de esperar um
bocado de tempo.” Até aconselha
que o façam sentados. Nesta
entrevista ao programa Hora da
Verdade, do PÚBLICO e da
Renascença (que é emitida hoje às
13h), Carlos César afasta o cenário
de eleições legislativas antecipadas
e considera que os habituais
parceiros à esquerda — PCP e BE —
sabem bem os custos eleitorais de
provocar uma crise política.
É o presidente do PS, depois de
ter ocupado cargos públicos de
grande relevo. Colocou um
ponto final na actividade política
ou este está a ser um recuo para
tomar balanço para outros voos?
Sou presidente do PS, presidente
honorário do PS-Açores, membro
do Conselho de Estado e participo
no núcleo mais restrito de
coordenação política do Governo.
Não necessito de me mostrar. Tenho
uma relação pessoal com o
primeiro-ministro que me permite
partilhar com ele o que a ambos
importa e isso é suÆciente para a
minha participação cívica e política.
Mas admite que muitos
estranharam que uma figura
com o seu peso político não
tivesse um cargo mais visível?
Sim, é natural. Eu desempenho
actividades políticas no plano
institucional desde 1980, mas isso é
justamente uma boa razão para
agora, de forma institucionalmente
mais recuada, procurar dar um
contributo semelhante ao que dei
mas a outro nível.
Há até quem diga que poderia
dar no futuro um bom candidato
a Presidente da República.
[Risos] Tenho muitas promessas
mas, em boa verdade, a minha
decisão também vale alguma coisa.
E a minha decisão foi a de conÆnar,
para usar uma expressão
contemporânea, à minha actividade
política e sinto que sou útil na
mesma ao meu país.
Não seria um bom candidato
presidencial em 2026?
Não tenho nenhuma aspiração a
esse nível. De resto, nunca exerci
um cargo pensando noutro. As
funções actuais são aquelas que eu
desenhei para mim próprio. Não
aceitei outras que ao longo do
tempo me foram propondo e,
portanto, o meu papel é este: dou
conselhos a quem mos pede, ou a
quem gosto.
Vai decidir a data da comissão
nacional que há-de definir sobre
que apoios o PS vai dar nas
presidenciais. Isso só deverá
acontecer só lá para o final do
ano. É sustentável?
O PS não adiou essa discussão. O
que não fará, como, aliás, nunca fez
ou raramente fez, é transformar um ainda hesita, porque pode ser uma posição última que eu defendo, sem desempenhado as suas funções,
fórum de reÇexão geral, como é o candidatura prejudicada por Ana prejuízo de a título pessoal, se achar mas no momento certo falaremos
seu congresso, na discussão de um Gomes que lhe disputa o mesmo adequado, vir a clariÆcar a minha sobre isso, particularmente depois
cargo unipessoal, ainda que eleitorado... opção. de o candidato Marcelo Rebelo de
muitíssimo relevante. O congresso E o PS deseja a candidatura de Mas também já disse que Ana Sousa se revelar como tal.
do PS deverá centrar as suas Marcelo Rebelo de Sousa? Gomes, caso se candidate, não Nstes quatro meses difíceis, o
atenções na monitorização e O PS terá de ponderar, sendo certo reúne essas características Presidente e o primeiro-ministro
deÆnição das tarefas de que Marcelo Rebelo de Sousa será essenciais. andaram sempre lado a lado. Até
recuperação do país e na um dos candidatos que terá Só numa situação limite votaria em irritaram algumas figuras do
preparação das eleições elevadíssima preferência nas Ana Gomes, se os candidatos em PSD.
autárquicas. Não temos urgência na sondagens e no eleitorado do PS. presença signiÆcassem algo de [Risos]. O que aconteceu e devia
prioridade na questão presidencial. Não há uma tradição forte de o PS desagradável que não gostasse de continuar a acontecer é uma
Vamos proceder como sempre apresentar um candidato nesta ver reÇectido na mais alta colaboração importante e
Æzemos: uma adequada reÇexão eleição unipessoal e como tal magistratura da nação. necessária entre os diversos agentes
interna e apuramento da melhor tendencialmente descomprometida Ver Marcelo reeleito não era políticos. Este período concentrou
posição que será aprovada pelos das organizações partidárias. As desagradável para si? muitas atenções no Governo e no
órgãos nacionais do PS. A situação nossas alternativas são simples: ou Aprecio a forma como Marcelo Presidente da República.
actual é conhecida. Os candidatos apoiamos uma candidatura e a Rebelo de Sousa tem desenvolvido o Mas têm surgido algumas
são razoavelmente conhecidos. O patrocinamos; ou apoiamos seu mandato, em condições críticas ao Governo, à ministra e
que sabemos hoje é que há um simplesmente um dos candidatos; complexas do ponto de vista à directora-geral da saúde, até
candidato conotado com a ou deÆnimos o nosso entendimento institucional, agora até somadas por parte de militantes do PS.
extrema-direita; que o PCP sobre as características que para com a sua conduta ao longo desta A minha opinião é positiva. Todos
apresentará, como é costume, o seu nós são essenciais num candidato à crise sanitária e na sua relação com nós sabíamos que, superada a fase
candidato; que o BE deseja a presidência e reiterando a liberdade as outras instituições do poder de conÆnamento e as medidas mais
candidatura de Marisa Matias, mas de opção dos seus militantes. É essa político. Aprecio a forma como tem extremas de protecção, viveríamos

DANIEL ROCHA
com o inadiável e inevitável
desconÆnamento. Que haveria
surtos e cadeias de transmissão que
teríamos de combater. A incidência
nestes últimos 15 dias teve um pico,
sendo que dois terços destes casos
são no distrito de Lisboa, uma área
que não tinha acompanhado o
crescendo inicial dessa pandemia.
Isso implica das autoridades uma
maior atenção em certos domínios,
mas com a consciência que há aqui
dinâmicas muitos distintas. Com o
desconÆnamento, com a retoma da
actividade económica, há eventos
que ocorrem e que não deviam
ocorrer, ou que deviam ser
sinalizados ou reprimidos.
Quer dar alguns exemplos?
Temos visto festas que vão
acontecendo aqui e ali,
comportamento incorrectos,
embora esperados. Aglomerações
nos transportes, más condições
habitacionais, locais de trabalho
inadaptados e actividades
proÆssionais que são críticas e
menos cuidados em alguns lares.
O eventual agravamento da
pandemia e a crise social e
económica não podem tornar-se
a prazo uma mistura explosiva e
acabar por forçar uma
clarificação política através de
eleições legislativas antecipadas?
Não creio que isso venha a ocorrer.
Há uma consciência por parte dos
partidos políticos que a estabilidade
é um factor essencial para o sucesso
do país, mas também para a boa
imagem de cada um dos
protagonistas. Veja o caso do
Orçamento Suplementar: o PCP
votou contra, mas sua primeira
preocupação foi de imediato
clariÆcar que sua posição em
relação ao Orçamento Suplementar
não tinha implicações na sua
votação para o Orçamento do
Estado (OE) de 2021. Sensivelmente
o mesmo tem dito o BE,
confessando até alguma ansiedade
quanto ao início da data das
negociações orçamentais.
Confia na esquerda para não
precipitar uma crise?
Não se trata de uma relação de
conÆança. Trata-se de uma
percepção quanto à conduta desses
partidos, que historicamente, ao
longo destes cinco anos, têm vindo
a garantir a política orçamental e a
continuidade desta experiência de
Governo e quanto à sua percepção
de que seriam altamente
penalizados se pusessem em causa
este percurso e se mergulhassem o
país numa situação de instabilidade
e de bloqueio.
O OE2021 está controlado? Não é
de risco? O PS pode contar com a
esquerda. E com o PSD, não?
Há sempre uma grande
imprevisibilidade, mas é
fundamental que estes partidos
dêem sinais de que esse caminho de
estabilidade irá ser seguido. O
primeiro-ministro já disse que
temos uma política clara de
articulação privilegiada com os
partidos da esquerda parlamentar,
incluindo também o PAN e o Livre, e
queremos que isso tenha uma
dimensão de médio prazo e não de
risco de instabilidade política para o
dia seguinte. O PS tem a humildade
de perceber que não temos maioria
absoluta, mas os outros partidos,
como o BE e o PCP, também
deverão ter a humildade de
perceber que não podem liderar o
PS e o Governo, mas tão-só
inÇuenciar e partilhar.
Para o ano temos um ciclo
eleitoral muito importante, com
presidenciais e autárquicas...
Sim. As autárquicas são eleições
diferentes. Tenho defendido
sempre que não encontro nessas
eleições motivos para as associar a
qualquer alteração de natureza
política geral, mas uma coisa é
certa: serão eleições importantes,
na medida em que se se veriÆcasse
uma rotunda derrota do PS isso não
deixaria de ter evidentemente
consequências.
Que não prevê?
Que não prevejo. É uma eleição em
que o PS aspira a ganhar. Estou
convencido de que, apesar de
termos uma posição dominante que
será difícil de reforçar, vamos ter
resultados sensivelmente na linha
dos anteriores.
Houve, entretanto, um acordo
para a TAP. Como é que viu toda
esta situação?
O Governo fez o que havia a fazer.
Não havia muitas outras soluções
que não fosse a de assumir
responsabilidades crescentes como
accionista público e intervir na
empresa e tomar a condução da sua
reabilitação e reestruturação.
Não pode ter custos políticos
para um ministro tão ambicioso
como Pedro Nuno Santos e de
chamuscar também o
primeiro-ministro?
A opção que foi feita não é apenas
uma opção do ministro. Devo dizer,
aliás, que independentemente das
formas e intensidades de
verbalização das ideias que cada um
tem a que tem, nunca interpretei as
intervenções do ministro Pedro
Nuno Santos como desajustadas à
mensagem que era necessário
transmitir aos accionistas privados.
E pelos vistos com alguns bons
resultados.
Pedro Nuno Santos é também
muitas vezes referido na corrida
à sucessão de Costa que inclui
outras figuras como Fernando
Medina. Como vê esta situação?
Não sou especialista nem
particularmente atento à
intensidade das relações afectivas
entre os diversos dirigentes do PS.
Convivendo com ambos nos órgãos
do partido em que estão presentes,
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 11
Leia a entrevista na íntegra em
www.publico.pt
Os debates para essas candidaturas à liderança.
É uma coisa destituída. Eu não sei se
quinzenais algum deles trabalha para isso com
contribuíram em esse tom frenético que nos
questionam sobre isso...
muitos casos para Às vezes parece...
um certo sentido Se trabalham estão a trabalhar cedo
de mais, ou estão a perder o seu
de banalização da tempo.
presença ao mais Vão ter de esperar sentados?
Algum tempo, sim.
alto nível do Costa dizia na campanha das
Governo últimas legislativas que daí a
quatro anos lá estaria a bater à
porta dos portugueses para um
Nunca interpretei novo mandato. Acredita?
Espero que sim. O Governo
as intervenções do depende de si e as pessoas, além
ministro Pedro dos seus méritos e deméritos,
também dependem das
Nuno Santos como circunstâncias, mas aquilo que me
desajustadas à apercebo é que as qualidades de
liderança do primeiro-ministro
mensagem que era deverão ser suÆcientes para suprir
necessário alguma insuÆciência de um
governante aqui ou outro acolá,
transmitir aos para ultrapassar situações de maior
accionistas melindre que surjam. O PS terá
todas as condições para ter um
privados da TAP desempenho eleitoral positivo.
António Costa tem todas as
condições para repetir a vitória.
A minha decisão O PS propôs o fim dos debates
foi a de conÄnar à quinzenais e no limite que o
primeiro-ministro só vá ao
minha actividade Parlamento mês sim, mês não.
política Concorda?
Os debates quinzenais contribuíram
em muitos casos para um certo
o relacionamento pessoal que com sentido de banalização da presença
eles tenho, não noto que um faça ao mais alto nível do Governo,
questão de censurar o outro. depreciando até algumas
Mas isso não quer dizer que não conclusões desses debates. Não está
tenham legítimas aspirações em causa evidentemente a
políticas. limitação da presença do
Sim, vão ter é de esperar um bocado primeiro-ministro no Parlamento,
de tempo. porque não faltaram ocasiões e
Quanto tempo mais? instrumentos para ver o
(Risos) Bastante, porque se hoje há primeiro-ministro na Assembleia da
uma realidade com que não só o PS República.
mas os portugueses em geral se Estas alterações não lhe causam
confrontam é com a qualidade e o qualquer incómodo?
esclarecimento da liderança de Sobretudo não me parece que delas
António Costa. resulte um déÆce de notoriedade
Que não seria possível com do Parlamento e da sua capacidade
Fernando Medina e Pedro Nuno de Æscalização do
Santos a curto prazo? primeiro-ministro. Se me perguntar
Estamos em presença de uma se eu acho exótico que a oposição
liderança forte e de uma liderança peça para o primeiro-ministro não
esclarecida e não em presença de ir ao Parlamento, bom,
um processo em que houvesse uma evidentemente, que não é assim
degradação da liderança do PS que muito frequente.
gerasse a necessidade de as pessoas
se colocarem numa lista de espera lalvarez@publico.pt
12 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
POLÍTICA
Francisco Assis quer
mais mulheres no
Conselho Económico
e Social
Concertação social
Margarida Gomes
O ex-eurodeputado foi
ouvido na comissão de
Trabalho e Segurança
Social antes de ir a votos,
amanhã
Francisco Assis prometeu fazer algu-
mas alterações a nível da composição
do Conselho Económico e Social caso
venha a ser eleito presidente amanhã,
garantiu que vai fazer da pobreza
uma das preocupações centrais do
mandato e assegurou que dará uma
“especial atenção” ao Algarve, prova-
velmente a região mais sacriÆcada do
país devido à crise pandémica.
O ex-eurodeputado e antigo líder
da bancada do PS quer ter mais
mulheres na composição do CES e
mostrou vontade em acolher algumas
das questões colocadas pelos depu-
tados, nomeadamente a representa-
ção do trabalho não remunerado. “O
trabalho doméstico ainda é feito
maioritariamente por mulheres. Não
há vida sem esse trabalho e nós tere-
mos de ver como é que poderemos
melhorar essa questão”, prometeu.
Ouvido ontem na comissão de Tra-
balho e Segurança Social, Francisco
Assis falou do impacto económico da
pandemia no quadro europeu, refe-
rindo-se às mais recentes projecções
de Bruxelas, mas empenhou-se em
passar uma mensagem não muito
catastroÆsta até porque os economis-
tas que anda a ler, conforme revelou,
não são consensuais em relação a esta
PS propôs Assis para o CES e PSD considerou a escolha “feliz”
questão. “Todas as previsões têm um
alcance muito relativo”, aÆrmou em
reposta a alguns deputados.
“Estamos perante um quadro que
nos deve suscitar preocupação a
todos nós”, sublinhou para logo des-
tacar a forma como os “principais
responsáveis políticos” do país têm
procurado “consensos que parecem
importantes neste domínio e que até
foram um exemplo a nível europeu”.
Francisco Assis destacou a posição
pública assumida pelo presidente do
PSD, Rui Rio, que considerou “feliz”
a escolha do PS para o CES.
Durante a audição, o candidato a
liderar o CES alertou para o problema
da precariedade — “veio para Æcar”.
“A precariedade traz questões novas,
nomeadamente ao nível da represen-
tação sindical e a nível da representa-
ção institucional”, alertou.
Em resposta a uma pergunta do
deputado Tiago Barbosa Ribeiro (PS)
sobre os efeitos da crise, Assis come-
çou por dizer estas crises que têm o
condão de tornar algumas coisas mais
evidentes. “Temos de ter aqui uma
preocupação e estar atentos ao que
está a mudar”. E referindo-se ao tele-
trabalho aÆrmou ser uma questão
que suscita “novas possibilidades e
vantagens inquestionáveis, mas tam-
bém tem traz muitos riscos. Temos de
estar atentos a uns e a outros”.
Para ser eleito presidente do CES,
Francisco Assis precisa de dois terços
dos votos dos 230 deputados, o que
implica necessariamente um acordo
entre PS e PSD. A eleição está marca-
da amanhã.
mgomes@publico.pt
RICARDO CASTELO/NFACTOS
Mudar o que está bem,
para quê?
Opinião
José Matos Correia
Em política não é, infelizmente,
incomum, que nos deparemos com
propostas desprovidas de razão de
ser, fundamento ou justiÆcação.
Não é incomum, mas é prejudicial,
porque degrada a imagem da
política, colocando-a ao nível da
irracionalidade do debate
desportivo, em que tudo vale para
defender as cores clubísticas,
mesmo quando é evidente, à luz do
senso comum, que a razão não está
do lado de quem argumenta.
O caso mais recente dessa
atitude pode ser encontrado na
proposta do meu partido de
reduzir o número de debates com o
primeiro-ministro no Parlamento.
Desde a reforma do Regimento
da Assembleia da República,
ocorrida em 2007, esses debates
têm um formato quinzenal (aos
quais acrescem outros debates
especíÆcos). A ideia do PSD é que a
presença do chefe do Governo
passe a ser obrigatória, apenas, em
oito debates: quatro para
responder a perguntas dos
deputados, o debate orçamental, o
debate do Estado da Nação e dois
debates sobre questões europeias
(que, agora, são quatro).
Impressiona, desde logo, a
originalidade de ser o maior
partido da oposição a sugerir um
recuo dessa natureza, para já não
falar da falta de oportunidade
política, eximindo o
primeiro-ministro de responder
com regularidade perante os
deputados, num momento em que
o país vive uma séria crise de saúde
pública, a que se associará,
inevitavelmente, uma grave crise
económica.
Mas, além disso, há observações
de fundo que devem ser dirigidas à
ideia, começando por recordar que
foi pela mão do PSD que os debates
quinzenais foram instituídos,
precisamente com o intuito de
reforçar o papel Æscalizador da
Assembleia da República. E a razão
foi simples: o primeiro-ministro
não é, apenas, um primus inter
pares, mas o responsável máximo
pela actuação do Governo, pelo
que nada pode substituir o
escrutínio baseado numa frequente
presença sua no Parlamento
(evidentemente dentro dos limites
do razoável).
Por outro lado, e goste-se ou não,
em democracia o Parlamento é
sempre o centro do debate político.
E essa centralidade tem de ser
reaÆrmada, sobretudo quando
vivemos num mundo em que
muitos, voluntária ou
involuntariamente, abrem as
portas à ideia de que é na
informalidade das redes sociais ou
da presença na comunicação social
que se deve debater o importante,
remetendo o Parlamento para uma
Impressiona,
desde logo, a
originalidade de
ser o maior
partido da
oposição a sugerir
um recuo dessa
natureza, para já
não falar da falta
de oportunidade
política
espécie de ritualismo litúrgico e
formalista. E não é seguramente
com a diminuição da presença do
primeiro-ministro que tal
tendência será combatida.
Ninguém pode negar que as
funções de primeiro-ministro são
exigentes e trabalhosas. Mas isso
não pode servir como justiÆcação
para a redução defendida, pela
singela razão de que as suas
presenças no Parlamento não são
um favor ou um frete, mas uma
tarefa que está no âmago dessas
funções — prestar contas da acção
do Governo que dirige, no âmbito
da sua responsabilidade política
perante o Parlamento. Daí que,
como facilmente se compreende, é
o próprio conceito de
responsabilidade política, central
no nosso sistema de governo, que é
fortemente afectado por esta
proposta.
Em democracias consolidadas,
como o Reino Unido, a Dinamarca
ou a Irlanda, a chamada question
time tem uma importância
determinante e leva o
primeiro-ministro a comparecer no
Parlamento, não quinzenal ou
mensalmente, mas todas as
semanas. Noutras, como a Suécia,
a sua presença ocorre de três em
três semanas. Entre nós, aponta-se
como um avanço uma solução que
representa, até, um retrocesso face
aos tempos em que o debate com o
primeiro-ministro se realizava
todos os meses…
Tivéssemos nós, hoje, um
primeiro-ministro que se
preocupasse com a qualidade da
nossa democracia e tal proposta
seria liminarmente rejeitada. Mas
não. Parece que o
primeiro-ministro não gosta de ir
com tanta frequência ao
Parlamento. É, porventura, um
incómodo, uma maçada, um
constrangimento. E daí que o
Partido Socialista se tenha
apressado a deixar cair na
comunicação social o apoio à ideia.
Esquecendo que, quando se trata
de temas tão sérios, as nossas
posições não devem depender do
facto de estarmos no Governo ou
na oposição. Esquecendo que um
dia estarão na oposição e serão
prejudicados com a mudança que
agora apoiam. E esquecendo, já
agora, que quando tal suceder o
seu líder não será o actual
primeiro-ministro, pelo que a este
é indiferente a posição em que
venha a encontrar-se o seu
sucessor na liderança do partido.
De entre as profundas mudanças
no funcionamento do Parlamento
introduzidas em 2007, uma há que,
tanto no universo da política,
quanto fora dele, tem sido vista
como uma signiÆcativa melhoria,
pela dimensão acrescida que
trouxe ao escrutínio político do
Governo, mas também à sempre
necessária vivacidade do trabalho
parlamentar — trata-se,
precisamente, do modelo dos
debates quinzenais. Para quê,
então, mudar o que está bem?
Advogado, ex-deputado do PSD
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14 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
SOCIEDADE
FCT não diz a investigadores por
que rejeitou projectos da covid-19
Resposta da Fundação para a Ciência e Tecnologia apenas informa que “não foi aprovado o Änanciamento
do projecto”, sem indicar pontuação ou qualquer informação sobre a avaliação
Pandemia
Mariana Oliveira
Centenas de investigadores que se
candidataram às duas edições do pro-
grama Research 4 covid-19, lançado
pela Fundação para a Ciência e a Tec-
nologia (FCT) com o objectivo de
colocar a comunidade cientíÆca a
ajudar na resposta à pandemia, não
sabem por que é que os respectivos
projectos não foram Ænanciados.
Apesar de ter havido um processo de
avaliação os investigadores que não
receberam apoios — com um valor
máximo de 40 mil euros — apenas
foram informados pela FCT de que
“não foi aprovado o Ænanciamento
do projecto”, sem lhes ter sido indi-
cada a pontuação atribuída ou qual-
quer informação sobre a avaliação.
A estes candidatos foi enviado um
email com uma frase genérica que
remete para os vários indicadores
avaliados, mas não explica, em con-
creto, o que levou cada proposta a não
obter apoio. “A FCT teve em conta na
sua avaliação e proposta de Ænancia-
mento a exequibilidade da concreti-
zação/implementação e o impacto em
saúde pública do projecto, assim
como o grau de envolvimento efectivo
das entidades participantes, nomea-
damente das unidades de cuidados de
saúde, quando aplicável”, lê-se num
dos emails a que o PÚBLICO teve aces-
so, referente à segunda edição. Na
primeira fase, a formulação usada foi
muito semelhante.
Luís Capucha, director do Depar-
tamento de Ciência Política e Políticas
Públicas do Iscte — Instituto Universi-
tário de Lisboa, coordenou a candi-
datura de um projecto que pretendia
avaliar os impactos da covid-19 e da
sua prevenção nas pessoas com deÆ#
ciência em Portugal, o que implicou
estabelecer parcerias com diversas
associações que representam estes
cidadãos. Compreende que nem
todos possam ser Ænanciados, mas
Æcou surpreendido e preocupado
com a forma como tudo aconteceu.
“A FCT não nos deu sequer uma nota,
nem qualquer indicação sobre a qua-
lidade do projecto. Não se deram ao
trabalho de dizer por que o chumba-
ram”, lamenta. O investigador consi-
Investigadores souberam por mail apenas que “não foi aprovado o financiamento do projecto”
Contratos assinados antes de queixas serem analisadas
A
Fundação para a Ciência e
Tecnologia (FCT) decidiu
dar início em Maio ao
processo de contratação de
300 investigadores no âmbito da
segunda edição do concurso
Estímulo ao Emprego Científico
Individual, destinado a combater
a precariedade nesta área, antes
de terminar de analisar as
contestações que os candidatos
apresentaram à lista provisória,
divulgada em Novembro. Vários
cientistas com esperança de
conseguirem subir a sua posição
ficaram revoltados com a
decisão, mas a FCT garante que
serão “salvaguardados os direitos
de todos os interessados”.
A situação foi denunciada por
alguns dos 3700 candidatos ao
concurso destinado a
doutorados que querem
desenvolver investigação numa
unidade em Portugal, financiada
pela FCT para o efeito através de
contratos-programa, que
permitem suportar as despesas
de um contrato de trabalho com
o investigador por um período
máximo de seis anos. “O
conselho directivo da FCT
decidiu iniciar o processo que
permite a celebração dos
contratos de trabalho com os
investigadores seleccionados,
ainda antes de estar concluído o
processo de análise dos
comentários submetidos em
audiência prévia”, admitiu a
própria FCT. E justifica que desta
forma se evita que “os candidatos
seleccionados estejam à espera
mais tempo para celebrar os seus
contratos”. Em meados de
Junho, a FCT garantia que
esperava ter “concluído em
breve” a análise das
MIGUEL MANSO
contestações.
O que acontece se após esta
análise houver mudanças na
posição dos candidatos e uns
passem a ocupar um lugar que
lhes permita aceder aos
contratos e outros deixarem de
ter direito a isso? A FCT deixa
claro que quem já tem contrato
de trabalho assinado não vai
perder o lugar e diz que irá abrir
mais vagas para assegurar a
contratação de quem passar a
ser elegível. Contactado pelo
PÚBLICO, o professor de Direito
Administrativo da Universidade
de Coimbra, Licínio Martins, diz
que os contratos só deviam ter
sido assinados depois da
publicação da lista final, mas
considera que esta ilegalidade
não tem efeitos práticos, já que a
própria lei retira importância à
audiência prévia.
dera que, no mínimo, era devida uma
explicação, que permitisse até corri-
gir eventuais debilidades da proposta
numa outra candidatura. Nuno Nunes
é investigador do Iscte e também per-
tencia à equipa desta candidatura.
Indignado, diz que é essencial perce-
ber por que uma proposta não é
seleccionada. “Isto é um precedente
que a FCT está a abrir e não é um bom
caminho”, critica, apelidando os pro-
cessos de “opacos”.
Contactado pelo PÚBLICO, o pro-
fessor da Universidade de Coimbra
especializado em Direito Administra-
tivo Licínio Martins diz que as queixas
têm pertinência. “Por uma razão de
transparência, as pessoas têm de
saber por que não houve Ænancia-
mento. No mínimo, devia haver uma
classiÆcação e fundamentação que
não fosse tão genérica.”
A FCT optou por não explicar por
que não informou os candidatos que
não obtiveram apoio da pontuação
do seu projecto. E remeteu o PÚBLI-
CO para uma resposta anterior que
abordava outra questão: o facto de
três dos 15 membros da comissão que
avaliou os projectos apresentados na
primeira edição se terem candidata-
do à linha de apoio como qualquer
candidato e terem obtido fundos. O
mesmo aconteceu com um dos
membros que fez parte da comissão
que analisou as candidaturas da
segunda fase. Nessa resposta, a FCT
destacava o contexto “excepcional”
do lançamento desta linha de “apoio
especial”. “O objectivo foi dar uma
resposta rápida, que a situação exi-
gia”, justiÆcou a FCT. O ministro da
Ciência, Manuel Heitor, foi questio-
nado ontem no Parlamento sobre
esta polémica, garantindo que foi
cumprido o quadro legal, ao contrá-
rio do que dizem especialistas ouvi-
dos pelo PÚBLICO. E desvalorizou o
facto de os membros da comissão de
avaliação também terem podido con-
correr, o que justiÆcou com o facto de
o painel ser “nacional” e o “país
pequeno”. “Reconheço não só a serie-
dade, mas o trabalho perfeitamente
titânico que a equipa da FCT conse-
guiu realizar durante estes meses”,
elogiou.
mariana.oliveira@publico.pt

Grupo de 70 personalidades
defende a criação do SLS, o
sistema local de saúde
Saúde
Ana Maia
A demora na concretização
da Lei de Bases levou o
grupo a avançar com a
criação do estatuto do
Serviço Nacional de Saúde
São cerca de 70 as personalidades
— entre proÆssionais de saúde, soció-
logos, economistas e políticos — os
subscritores de uma proposta de
princípios e orientações para a cria-
ção do estatuto do Serviço Nacional
de Saúde (SNS). Os sistemas locais de
saúde são um ponto fulcral, juntan-
do a saúde a outras entidades públi-
cas como as escolas, autarquias e
protecção civil e permitindo a parti-
cipação da sociedade civil na deÆni-
ção do plano de acção. Documento
foi enviado ao Ministério da Saúde.
A criação do estatuto do SNS está
prevista na Lei de Bases da Saúde,
que entrou em vigor em Novembro.
Tem sido a demora do Governo na
sua concretização que levou o grupo
— dele fazem parte Marisa Matias e
Helena Roseta, o advogado Ricardo
Sá Fernandes, os ex-bastonários da
Ordem dos Farmacêuticos José Aran-
da da Silva e da Ordem dos Enfermei-
ros Maria Augusta de Sousa e muitos
outros proÆssionais de saúde — a
avançar com o documento, que dá
grande enfoque na promoção da
saúde, prevenção da doença e nos
sistemas locais de saúde, previstos
da Lei de Bases da Saúde.
“O sistema local de saúde [SLS],
para este grupo, é o aspecto central
do estatuto do SNS, uma vez que
consideramos que a prestação de
cuidados de saúde não cabe exclu-
sivamente aos serviços prestadores
de cuidados de doença. O SNS tem
um âmbito mais vasto e deve englo-
bar todos os parceiros que, na
comunidade, podem contribuir
directa ou indirectamente para a
saúde das populações”, explica ao
PÚBLICO o médico e professor de
saúde pública Cipriano Justo, um
dos subscritores.
“O que se constata, é que na comu-
nidade existem recursos na maior
parte das vezes suÆcientes para fazer
face às necessidades da saúde da
população. O que é necessário é
haver uma coordenação entre todas
as entidades públicas presentes.
Com este formato acabavam as Administrações Regionais de Saúde
IdentiÆcamos aquelas que são críticas
e mais importantes: as escolas, autar-
quias, Segurança Social, protecção
civil, os agrupamentos de centros de
saúde [Aces] e os hospitais”, diz o
especialista em saúde pública. “O SLS
reúne todos estes parceiros públicos
no sentido de dar respostas integra-
das para a população desde que nas-
ce até que envelhece”, reforça.
“A ideia é que seja a organização
que está mais próxima da comunida-
de e na qual a comunidade tem pode-
res para participar através do conse-
lho local do sistema local de saúde.
Aí, pode ter uma voz decisiva,
nomeadamente na aprovação do
orçamento e do plano do SLS”, refe-
re. O documento, a que o PÚBLICO
teve acesso, dá como exemplo de
potenciais participantes no conselho
local: representantes das farmácias,
associações de doentes, associações
culturais e desportivas, associações
de estudantes e de pais e instituições
privadas de solidariedade social.
Lições da pandemia
A pandemia, adianta Cipriano Justo,
é um bom exemplo do que é preciso
fazer, já que “foi necessário que estas
entidades se coordenassem entre si”,
aponta. “A doença crónica tem a ver
com os determinantes da saúde e
estes têm a ver com o emprego, com
o rendimento das pessoas, habita-
ção, estilos de vida. Se queremos
melhorar a saúde dos portugueses,
temos claramente de ter cooperação
com outras entidades e trabalhar no
ENRIC VIVES-RUBIO
terreno com elas. Torna-se mais pre-
mente que o estatuto do SNS avance
nesta fase, porque pode-se colher a
experiência do que correu bem e do
que correu mal [na pandemia]”, aÆr-
ma o especialista de saúde pública.
A organização do SLS que pro-
põem traz uma novidade do ponto
de vista do Ænanciamento. “É a de
que todas estas entidades que parti-
cipam na coordenação também têm
a responsabilidade de Ænanciamen-
to. Ou seja, a escola terá a responsa-
bilidade de comparticipar o Ænancia-
mento na área da promoção da saú-
de, assim como a autarquia, a
Segurança Social na área de apoio
aos idosos”, exempliÆca.
Para apoiar os SLS, o grupo sugere
a criação de observatórios de apoio,
que substituiriam as actuais adminis-
trações regionais de saúde (ARS). “Os
Aces são uma Ægura que reúne vários
centros de saúde e têm capacidade
para se autogerir. Não faz sentido a
continuação da existência das ARS
como entidade Ænanciadora dos
Aces. Consideramos que é importan-
te a existência de uma Ægura regional
do SNS, mas com outras funções”,
diz Cipriano Justo. Entre essas fun-
ções estão a avaliação do estado de
saúde da população abrangida pelos
SLS da região, a avaliação da satisfa-
ção dos utilizadores, fazer o planea-
mento estratégico, nomeadamente
das políticas de saúde, infra-estrutu-
ras regionais e equipamentos.
amaia@publico.pt
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 15
Durante o confinamento,
42% dos portugueses
beberam menos bebidas
alcoólicas
Consumos
Natália Faria
O estudo revela que 21%
dos inquiridos aumentou
a ingestão de bebidas
alcoólicas: na maioria
homens entre 22 e 45 anos
Durante o conÆnamento, 21% dos
portugueses declararam ter bebido
mais álcool, segundo um inquérito
realizado online pelo Serviço de Inter-
venção nos Comportamentos Aditi-
vos e nas Dependências (SICAD) que
somou 950 respostas de pessoas com
18 e mais anos, entre os meses de
Abril e Maio. Entre os que passaram
a beber mais estão maioritariamente
homens, com idades entre os 25 e os
44 anos, com maiores qualiÆcações
académicas e que Æcaram a trabalhar
exclusivamente em casa.
O acréscimo de tempo livre de obri-
gações e responsabilidades surgiu
entre os principais motivos para a
ingestão acrescida de álcool (49%), no
período compreendido entre 13 de
Março e 31 de Maio, a par da necessi-
dade de algo para ajudar “a relaxar e
a acalmar (37%). Muitos (22%) viram
no álcool um paliativo para um “con-
texto difícil”, ainda segundo este
inquérito destinado a avaliar o impac-
to da pandemia nos comportamentos
aditivos dos portugueses e que, além
do álcool, incluiu medicamentos psi-
coactivos, Internet e videojogos, além
de cannabis. Nestes casos, os resulta-
dos só serão divulgados mais tarde.
A falta de convívio levou a que
se bebesse menos álcool
SOCIEDADE
Quanto ao consumo de bebidas
alcoólicas, nem todos encontraram
na garrafa um consolo. No mesmo
inquérito, 42% dos inquiridos decla-
raram que passaram a beber menos
e 37% que continuaram a beber o
mesmo. Entre os primeiros, 13% aÆr-
maram mesmo ter-se abstido do con-
sumo de bebidas alcoólicas. São
maioritariamente estudantes, entre
os 18 e os 24 anos, que se dizem “mais
preocupados com a saúde” e que, de
resto, já tinham um menor consumo
prévio. A falta da companhia das pes-
soas com quem se costumava beber
e de contextos festivos foram outros
dos motivos apresentados para a
menor ingestão alcoólica.
Entre os inquiridos, 53% estavam a
trabalhar exclusivamente em casa,
27% continuaram a trabalhar fora de
casa e 20% eram estudantes ou esta-
vam desempregados ou em layoff. A
maioria (96%) asseverou nunca ter
tido problemas ligados ao álcool. Mas
quase todos acusaram o impacto
emocional e Ænanceiro da pandemia:
69% disseram-se preocupados com a
possibilidade de contrair a doença,
68% com o impacto nas Ænanças do
agregado familiar e 41% acusaram
elevados níveis de stress, além dos 7%
que reportaram um ambiente de con-
Çito no agregado familiar.
Entre os 21% que declararam ter
passado a beber mais, 78% explica-
ram que começaram a beber mais
vezes, 22% que passaram a beber
maiores quantidades e 7% que opta-
ram por bebidas com maior teor
alcoólico. Este aumento coincidiu
também com o grupo dos que acumu-
lava maior stress e preocupações
Ænanceiras e que já bebiam numa
base semanal ou quase diária antes
da pandemia. Alguns, de resto, já
tinham tido ou tinham ainda proble-
mas ligados ao consumo de álcool.
Aliás, 2% dos inquiridos disseram
terem recomeçado a beber depois de
mais de um ano de abstinência.
“O aumento é atribuído sobretudo
ao maior tempo livre e ao consumo
de álcool ser facilitador de estados de
humor, de relaxamento ou de anima-
ção, o que é coerente com as associa-
ções identiÆcadas aos níveis de stress
ou preocupação com o impacto Ænan-
ceiro”, sublinha o SICAD, para con-
cluir que “a covid-19 acabou por ter
consequências pouco nefastas” no
que ao álcool diz respeito.
natalia.faria@publico.pt
16 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
SOCIEDADE
Exame de Filosofia
com quase metade
dos inscritos em 2019
Educação
Clara Viana
Exames só funcionam
como provas de ingresso no
superior este ano. Foi “uma
boa prova”, diz Sociedade
Portuguesa de Filosofia
Apesar de FilosoÆa constar do leque
de provas de ingresso de cerca de
uma centena de cursos superiores,
quase sempre em alternativa com
outras, o número de inscritos para o
exame do 11.º ano desta disciplina,
realizado ontem, desceu para quase
metade do registado no ano passado:
de 16.718 passou para 8966. Destes
últimos compareceram na prova
7179.
Devido às medidas adoptadas para
conter a pandemia de covid-19, os
exames deste ano apenas servem
como provas de ingresso no ensino
superior, não contando como de cos-
tume para a média Ænal do ensino
secundário. Esta é uma das razões
apontadas pelo presidente da asso-
ciação juvenil Inspiring Future,
Eduardo Filho, para esta redução
acentuada, que também se veriÆcou
a Português.
A disciplina de FilosoÆa é obriga-
tória para todos os alunos do 10.º e
11.º anos e o seu exame passou a ser
“utilizado muitas vezes como opção
quando outra disciplina está a cor-
rer mal”, refere Eduardo Filho
numa análise comparativa que ela-
borou, para todas as disciplinas,
entre os inscritos em 2019 e os des-
te ano.
O exame de Português, com uma
redução de inscritos da ordem dos
45%, foi o segundo com uma maior
quebra de candidatos. Esta prova
costuma ser obrigatória para todos
os alunos do 12.º ano, o que não
sucedeu este ano pelo facto de os
exames só funcionarem como provas
de ingresso.
No pólo oposto, com uma redução
de pouco mais de dois mil inscritos,
estão os exames do 11.º ano de Bio-
logia e Geologia (de 46.067 inscritos
para 44.047) e Física e Química A
(desceu de 44.618 para 42.261) “Estes
exames são usados como provas de
ingresso para a maioria dos alunos
do curso de ciências e tecnologia”,
já que dão acesso a muitos dos cur-
sos superiores que habitualmente
A disciplina de Filosofia é obrigatória para alunos do 10.º e 11.º anos
são escolhidos por estes estudantes,
justiÆca Eduardo Filho.
Para além da mudança quanto ao
objectivo a que se destinam, os exa-
mes em 2020 sofreram outras
mudanças para acautelar que os con-
teúdos a avaliar tenham sido aborda-
dos em sala de aula, uma vez que as
escolas estiveram encerradas mais
de dois meses. Nestas provas existe
uma componente que conta obriga-
toriamente para a nota Ænal do exa-
me, sendo que na outra parte só
serão tidas em conta as respostas
com melhor pontuação.
Professores aplaudem
No caso do exame de FilosoÆa há qua-
tro itens em 18 cuja cotação contará
obrigatoriamente para a nota Ænal.
No conjunto valem 60 em 200 pon-
tos. À excepção de um deles, incidem
sobre conteúdos leccionados no 10.º
ano. Dos outros 14 itens, cada um com
O exame de
Português, com
uma redução de
inscritos da ordem
dos 45%, foi o
segundo com uma
maior quebra de
candidatos
DANIEL ROCHA
uma cotação de 14 pontos, contribui-
rão para a classiÆcação Ænal da prova
os 10 cujas respostas obtenham
melhor pontuação.
Para a Sociedade Portuguesa de
FilosoÆa, trata-se de “uma boa pro-
va”. “Abrangendo conteúdos dos 10.º
e 11.º anos, a prova corresponde aos
conteúdos leccionados, não contém
falhas cientíÆcas ou didácticas, é cla-
ra e correctamente estruturada e
contém itens de natureza e grau de
diÆculdade bastante diversos, incluin-
do o devido e imprescindível lugar à
aplicação, por parte dos alunos, das
competências ÆlosóÆcas de grau
superior, nomeadamente, as de aná-
lise crítica de problemas e perspecti-
vas ÆlosóÆcos e de argumentação e
avaliação de argumentos de uma for-
ma autónoma”, descreve António
Lopes, membro da direcção da SPF,
num comentário enviado ao PÚBLI-
CO. Acrescentando ainda que tal con-
tribui para a “digniÆcação de uma
disciplina cujo carácter transversal ao
ensino secundário é cada vez mais
correctamente compreendido por
alunos e encarregados de educação,
como preparação no pensamento
crítico que é parte essencial da forma-
ção de cidadãos”.
A maioria dos alunos com quem o
PÚBLICO falou considerou que o exa-
me deste ano foi “mais fácil” que os
dos anos anteriores.
cviana@publico.pt
IGAI avança com plano
para prevenir racismo
e xenofobia nas polícias
Segurança interna
Ana Dias Cordeiro
Plano de Prevenção de
Práticas Discriminatórias
é apresentado hoje pela
inspectora-geral da
Administração Interna
Quando denunciou a existência de
racismo na sociedade e na PSP, o
agente do Corpo de Intervenção des-
ta polícia Manuel Morais foi afastado
das suas funções de vice-presidente
da Associação Sindical dos ProÆssio-
nais da Polícia (ASPP/PSP).
Foi em Maio de 2019, pouco antes
de a actual inspectora-geral da Admi-
nistração Interna, Ana Cabral Ferrei-
ra, nomeada pelo ministro da Admi-
nistração Interna, Eduardo Cabrita,
assumir funções em Julho.
O agente da PSP e antropólogo
revelara em 2018, no âmbito da sua
tese de mestrado, que existiam cole-
gas que manifestavam ideais racistas
e xenófobos, usando tatuagens neo-
nazis. O fenómeno seria do conheci-
mento geral apesar de não serem
aplicadas punições a estes comporta-
mentos, acrescentava então. Agora,
por iniciativa de Anabela Ferreira,
que foi juíza desembargadora no Tri-
bunal da Relação em Lisboa, a Inspec-
ção-Geral da Administração Interna
(IGAI), sob a sua liderança, concretiza
um plano para prevenir “manifesta-
ções de discriminação nas forças e
serviços de segurança” e lembrar que
parte da abordagem será fazer cum-
prir a lei.
“O incumprimento da lei originará
os desenvolvimentos processuais ine-
rentes”, diz Anabela Cabral Ferreira
ao PÚBLICO. Além disso, a magistra-
da recorda que as sanções disciplina-
res aplicáveis nos casos de incumpri-
mento da lei já se encontram previstas
nos estatutos das três forças policiais
a quem é dirigido este plano — PSP,
GNR e Serviço de Estrangeiros e Fron-
teiras (SEF).
O Plano de Prevenção de Práticas
Discriminatórias será apresentado
hoje, numa sessão em Lisboa. Além
dos discursos de abertura e de encer-
ramento, da inspectora-geral e do
ministro da Administração Interna,
estão previstas intervenções do
comandante-geral da GNR, Luís Fran-
cisco Botelho Miguel, do director
nacional da PSP, Magina da Silva e da
directora nacional do SEF, Cristina
Gatões. Questionada sobre aconteci-
mentos que terão motivado esta ini-
ciativa, responde: “A discriminação
é uma realidade que ameaça a socie-
dade, as instituições, as pessoas em
geral e as pessoas em concreto. No
fundo, ameaça cada um de nós. Nin-
guém está a salvo.”
A magistrada não aponta situações
em concreto mas sinais que caracte-
rizam o momento actual, quando
“aÇoramentos de atitudes discrimi-
natórias continuam a surgir nas socie-
dades e diversas queixas são feitas em
vários domínios”.
Anabela Ferreira faz ainda referên-
cia aos alertas de “instituições inter-
nacionais que acompanham estas
matérias em vários Estados”, mas não
refere especiÆcamente o Conselho da
Europa que tem denunciado actos
racistas por parte de agentes das polí-
cias, e casos em que “as próprias
estruturas sindicais das polícias mani-
festam preocupação sobre o assun-
to”. No geral, diz tratar-se de uma
iniciativa da IGAI “em função da lei-
tura feita da realidade nacional e
internacional, das ameaças ao Estado
de direito democrático” que “os fenó-
menos de discriminação” implicam.
E recorre a uma analogia para expli-
car que o objectivo do plano é alertar
para o que decorre da lei. “Assim
como as entidades públicas elaboram
planos de prevenção da corrupção
(...) nesta temática também importa
elaborar planos preventivos duma
realidade que se pretende evitar.”
acordeiro@publico.pt
Plano visa a PSP, GNR e Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras

O anúncio foi feito ontem pelo reitor daquela universidade pública, João Sáàgua
Nova cria comissão para
avaliar relação da Faculdade
de Economia com as empresas
Ensino superior
Samuel Silva
Reitor João Sáàgua
garante que não foram
postas em causa as
liberdades de opinião e
expressão dos professores
A Faculdade de Economia da Univer-
sidade Nova de Lisboa vai criar uma
“comissão independente” para ava-
liar as suas relações com as empresas,
em especial os mecenas que ajuda-
ram a Ænanciar a construção das suas
actuais instalações em Carcavelos, no
concelho de Cascais. O anúncio foi
feito ontem pelo reitor daquela uni-
versidade pública, João Sáàgua. O
responsável garante também que, no
caso dos professores que foram acon-
selhados a não identiÆcar a faculdade
em textos de opinião, “não foram
colocadas em causa as liberdades” de
opinião e de expressão.
A “comissão independente” anun-
ciada por Sáàgua vai integrar elemen-
tos externos à universidade. Os resul-
tados da avaliação que vai ser feita
serão apresentados durante o mês de
Setembro. A medida é apresentada
pelo reitor da Universidade Nova de
Lisboa como uma forma de “reforçar
ainda mais a transparência das rela-
ções entre a escola pública e a esfera
privada”, tendo sido anunciada
depois de uma conversa com o direc-
tor da faculdade, Daniel Traça, e o
presidente do conselho cientíÆco,
Miguel Ferreira.
Em causa estão as relações da Nova
School of Business and Economics
(SBE), como agora é conhecida a
Faculdade de Economia, com empre-
sas privadas que, por exemplo,
apoiam várias cátedras na universi-
dade. O campus de Carcavelos, inau-
gurado há dois anos, foi Ænanciado
por privados. A faculdade criou mes-
mo, para gerir o processo de angaria-
ção de Ænanciamento e construção
das instalações, uma fundação públi-
ca de direito privado, a Fundação
Alfredo de Sousa, que nos seus fun-
dadores integra ainda a Câmara Muni-
cipal de Cascais, o banco Santander,
a Jerónimo Martins e Teresa e Alexan-
dre Soares dos Santos.
As relações entre a Nova SBE e os
parceiros privados ganharam cen-
tralidade nos últimos dias, quando
veio a público que os professores da
faculdade “foram instruídos a não
assinarem artigos de opinião com o
nome da faculdade”, segundo noti-
ciou no Ænal da semana passada a
NUNO FERREIRA SANTOS
revista Sábado. A decisão terá sido
tomada pelo conselho de catedráti-
cos, um órgão informal, que não
consta dos estatutos da instituição
de ensino superior. Entretanto, a
direcção da Nova SBE veio a público
assegurar que a questão da identiÆ#
cação da faculdade em textos de
opinião foi discutida internamente,
mas não houve nenhuma decisão.
Os professores da faculdade podem,
por isso, continuar a assinar os arti-
gos de opinião associando-se à ins-
tituição.
O tema causou polémica, com reac-
ções de académicos e cronistas ao
longo dos últimos dias, e acusações
de limitações à liberdade de expres-
são e cedência às empresas privadas
que são mecenas daquela instituição
de ensino superior pública. De acor-
do com a Sábado, a tomada de posi-
ção do conselho de catedráticos teria
como principal visada Susana Peralta,
professora associada que semanal-
mente assina uma coluna de opinião
no PÚBLICO. Em causa estavam
alguns artigos críticos para com
empresas privadas que são mecenas
da Nova SBE, como o Novo Banco ou
a EDP, empresa a que a docente tinha
recentemente dedicado um texto.
samuel.silva@publico.pt
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 17
Carta aos leitores
do PÚBLICO
e da Folha de S. Paulo
Carta aos leitores
Manuel Carvalho
e Sérgio Dávila
Os jornais PÚBLICO e Folha
de S. Paulo uniram-se para
oferecer aos seus leitores uma
proposta de assinatura
partilhada das suas edições
digitais. Fizemo-lo porque se há
um enorme oceano que nos
separa, há também uma língua,
uma cultura e um código de
valores que nos aproximam. Em
Portugal ou no Brasil, somos
conhecidos pelo nosso
compromisso com a
democracia, o Estado de direito
ou pela nossa devoção aos
direitos humanos. Na Europa ou
na América do Sul,
distinguimo-nos pela aposta
num jornalismo baseado no
rigor, na independência, no
pluralismo, na rejeição do
sensacionalismo e na
valorização do sentido de
serviço público. Cada um
de nós dedica-se em primeiro
lugar, como é natural, a dar
conta do que se passa nos seus
países de origem; mas ambos
partilhamos essa preocupação
de noticiar o que de mais
relevante acontece no mundo.
Com esta iniciativa, pensamos
Com esta
iniciativa,
pensamos
nas enormes
comunidades
de portugueses
que vivem no
Brasil ou de
brasileiros que
habitam em
Portugal
SOCIEDADE
nas enormes comunidades de
portugueses que vivem no Brasil
ou de brasileiros que habitam em
Portugal. Uns e outros estão
interessados em estar perto da
realidade que determina a
natureza do seu quotidiano, sem
nunca deixarem de sentir
necessidade de acompanhar a
realidade das suas pátrias de
origem. Mas não é só por eles e
para eles que criámos este
programa de assinaturas
comum: é também para todos
os portugueses ou brasileiros
interessados na dimensão
universal da língua de Camões
ou de Machado de Assis ou da
cultura que essa língua comum
projecta. E é igualmente uma
proposta para todos os que
seguem com interesse os
acontecimentos cruciais
deste nosso tempo, sejam os
desaÆos europeus, os riscos
ambientais, as crises da
pandemia ou as ameaças à
democracia que hão-de projectar
os destinos de Portugal e do
Brasil no futuro.
Ler sem restrições as edições
digitais da Folha de S. Paulo
e do PÚBLICO é assim bem
mais do que uma partilha
paralela de notícias, reportagens
ou textos de opinião. É um gesto
original — primeira parceria
transatlântica entre dois órgãos de
comunicação social — que resulta
da vontade de partilha das duas
equipas que os fazem todos os
dias. Pretendemos criar laços,
aproximar brasileiros e
portugueses, herdeiros da
mesma língua e de uma raiz
cultural comum e mobilizados
pelo seu apego aos valores de
coexistência democrática que
estão hoje mais ameaçados
do que nunca. Juntando nesta
parceria os dois diários mais
inÇuentes dos dois países,
acreditamos estar a abrir portas
para que os cidadãos das duas
margens do Atlântico se conheçam
melhor, dialoguem melhor e se
sintam mais próximos.
Manuel Carvalho
director do PÚBLICO
Sérgio Dávila
director do Folha de S. Paulo
manuel.carvalho@publico.pt
18 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

LOCAL
O Jardins Abertos quer semear
as Varandas Verdes de Lisboa
O festival Jardins Abertos regressa nos Äns-de-semana de 18 e 19 e 25 e 26 de Julho com uma nova
iniciativa que quer cobrir de Åores as varandas de quatro fachadas lisboetas. Inscrições abertas
DANIEL ROCHA

Ambiente urbano
Ana da Cunha
É o festival que já irrompe há três
anos pelos jardins de Lisboa adentro.
Tem como principal objectivo a pro-
moção da consciência ambiental e o
contacto com a natureza local. Este
ano, com a celebração de Lisboa
enquanto Capital Verde, desenha-
vam-se grandes planos para o Jardins
Abertos, mas uma pandemia veio
virar tudo do avesso. Ainda assim, a
equipa do festival não baixou os bra-
ços e lançou-se numa busca inces-
sante de soluções. Assim surgiram as
Varandas Verdes, para pôr quatro
fachadas de Lisboa a Çorir.
Financiado pela Câmara Municipal
de Lisboa desde a sua segunda edi-
ção, em 2018, o festival gratuito e
social tem vindo a ganhar cada vez
mais terreno. Tomás Fojo, que se
formou em Artes, é o grande dinami-
zador do projecto. Para este jovem,
o amor pelas plantas não é uma des-
coberta recente: desde pequeno que
é incentivado pela mãe a “cultivar”
e a “ser criativo”, como conta ao
PÚBLICO. Ao longo dos anos, expe-
rimentou criar diferentes tipos de
plantas e foi-se “fascinando pelas
formas”, dedicando-se de corpo e
alma aos jardins, “uma obra de arte
em constante mutação”. No ano de
2017 promoveu o primeiro festival
dos Jardins Abertos, contando as Os formulários para a inscrição na iniciativa Varandas Verdes estão disponíveis até dia 10 de Julho e qualquer lisboeta pode candidatar-se
histórias dos jardins de Lisboa aos
transeuntes. ainda, lançou-se a semente para “a que as suas sementes germinem. são os projectos sociais e o ambiente.
Porém, este ano, o empreendedor
“Procuramos um criação e plantação” nas varandas e Para assegurar que não há contacto Já lá vão alguns anos desde que se
de 29 anos viu-se obrigado, em con- perÄl de grupo janelas de vizinhos. Os formulários físico entre os colaboradores e a dedica à intervenção em espaço
junto com os seus colaboradores, a para a inscrição na iniciativa Varan- comunidade de vizinhos, os mate- público, tendo dinamizado, em São
pensar numa estratégia que contor-
com sensibilidade das Verdes estão abertos até dia 10 de riais necessários para a plantação do Paulo, no Brasil, a GreenSP, uma ini-
nasse o problema da covid-19 que, e consciência Julho e qualquer lisboeta pode candi- jardim serão entregues à porta de ciativa que uniu as comunidades
se, por um lado, reduz as hipóteses datar-se. “Procuramos um perÆl de cada casa gratuitamente e as instru- locais através da jardinagem. Enquan-
de visitas guiadas, por outro vai per-
ambiental”, conta grupo com sensibilidade e consciên- ções chegarão às varandas através de to criador e artista, sentia muito a
mitir o alargamento do festival a Tomás, que sonha cia ambiental”, conta Tomás, que um megafone. “É uma espécie de obrigação de “estar a dizer algo ao
nível internacional através da Inter- sonha ver quatro fachadas da sua flashmob”, comenta Tomás, que pro- mundo”. Agora, enquanto director
net, disponibilizando conteúdos em
ver quatro cidade pontilhadas de plantas. Assim cura espalhar estes quatro jardins do festival, aÆrma que “a intervenção
língua estrangeira. fachadas da sua que forem seleccionados os grupos por diferentes bairros onde “as pes- em espaço público continua a ser
Para além da abertura de vários de vizinhos com “espírito colaborati- soas não teriam capacidade Ænancei- criatividade, sem ter essa pretensão”
jardins sociais, públicos, institucio-
cidade pontilhadas vo”, serão organizadas sessões vir- ra de adquirir as plantas”. O plano o que lhe traz “uma certa tranquili-
nais e mesmo parques urbanos, numa de plantas tuais de apresentação e esclarecimen- pressupõe também a partilha entre dade”. No Ænal, “a sensibilização, o
lógica de que “o distanciamento físico tos para o grande dia. vizinhios, para que cada varanda semear dentro das mentalidades” é
não tem de ser distanciamento Em cada dia do festival (que decor- Çoresça de diversidade. a sua “verdadeira luta”. Texto edi-
social”, nesta edição surgiu a ideia do re nos dois Æns-de-semana de 18 e 19 Tomás, que já percorreu uma boa tado por Amanda Ribeiro
desenvolvimento de mais espaços de Julho e 25 e 26 de Julho), uma parte do mundo, rapidamente des-
verdes na cidade. Mais importante fachada ganhará vida, esperando-se cobriu que a sua verdadeira paixão ana.cunha@publico.pt

Cultura soube
pelos jornais que
havia uma rua azul
na capital
Mobilidade
João Pedro Pincha
Lei do Património Cultural
obrigava câmara a pedir
parecer ao organismo, mas
isso não aconteceu
Foi pelas notícias que a Direcção-Ge-
ral do Património Cultural (DGPC)
soube que a Rua dos Bacalhoeiros
tinha sido pintada de azul durante o
Æm-de-semana. Esta entidade devia
ter dado um parecer prévio à inter-
venção, mas a Câmara de Lisboa nada
lhe perguntou, pelo que agora vai
pedir esclarecimentos à autarquia.
É esta a resposta da DGPC a per-
guntas do PÚBLICO sobre a pintura
do asfalto naquela rua, que decorreu
nos últimos dias no âmbito do pro-
grama camarário A Rua É Sua.
A Baixa está classiÆcada como
“conjunto de interesse patrimonial”
e, por isso, de acordo com a Lei de
Bases do Património Cultural, “não
poderá realizar-se qualquer inter-
venção ou obra, no interior ou no
exterior de monumentos, conjuntos
ou sítios classiÆcados, nem mudança
de uso susceptível de o afectar, no
todo ou em parte, sem autorização
expressa e o acompanhamento do
órgão competente da administração
central”.
A mesma lei dispõe, no Artigo
52.º, que “qualquer alteração com
incidência cromática no ediÆcado e
no espaço público carece de parecer
da DGPC”, explica este organismo
por escrito, conÆrmando que a
“intervenção não obteve o parecer
As alterações na Baixa deveriam ser comunicadas à DGPC
desta direcção-geral”.
“A DGPC teve conhecimento da
intervenção através da notícia do
PÚBLICO e outra da Lusa”, informa
ainda a entidade. Embora conÆrman-
do que houve uma violação da lei de
bases, a DGPC destaca o carácter pro-
visório da tinta. “Todavia, trata-se de
uma iniciativa temporária (até ao
Ænal deste ano), no âmbito da crise
provocada pela covid-19 com a inten-
ção (meritória) de alargamento do
espaço público destinado a esplana-
das e a pedonalização das vias, e que,
após o período experimental, será
objecto de intervenção com coloca-
ção de calçada portuguesa.”
Foi isso que garantiu Miguel Coe-
lho, presidente da junta de Santa
Maria Maior, após uma avalanche de
reacções negativas nas redes sociais.
A DGPC diz agora que “serão solici-
tados os devidos esclarecimentos à
câmara e junta de freguesia”.
A câmara veio entretanto informar,
em comunicado, que as juntas de
freguesia já deram autorização de
alargamento a 400 esplanadas e à
ocupação de 57 lugares de estaciona-
mento automóvel com mesas e cadei-
ras. A intenção da câmara é realizar
intervenções em mais de 100 locais
da cidade, fechando-os temporária
ou permanentemente ao trânsito ou
alargando passeios e zonas de espla-
nada. Depois da Rua dos Bacalhoei-
ros segue-se uma obra na Rua Nova
da Trindade, no Chiado, e na Rua
Cláudio Nunes, em BenÆca. A zona
central da Av. da Igreja começa a ser
exclusivamente pedonal aos Æns-de-
semana a partir de domingo.
joao.pincha@publico.pt
DANIEL ROCHA
Estafetas querem deixar de ser
“apenas um número” e será que
o futuro está nas cooperativas?
Trabalho
Inês Pinto da Costa
Hoje há uma reunião
para “medir as vontades
dos estafetas” face às
dificuldades e ponderar
criar um “sistema livre”
No dia 1 de Julho, no Brasil, milhares
de estafetas de aplicações online,
como a UberEats ou a iFood, saíram
à rua em protesto contra as condições
precárias do sector. Por cá, dão-se os
primeiros passos no sentido de criar
“condições mais justas” e “regula-
mentação” para os estafetas em Por-
tugal. Nuno Rodrigues, bolseiro de
investigação na área de tecnologia e
com uma ligação ao desenvolvimento
de plataformas, trabalhou, durante
alguns meses de 2019, como estafeta
na Glovo. Essas experiências deram
força ao jovem de 30 anos para orga-
nizar uma primeira reunião no senti-
do de criar uma cooperativa de esta-
fetas. A reunião foi lançada através do
evento Vamos criar uma cooperativa
de estafetas? Um coopcycle, no Face-
book, realiza-se hoje, às 17h, na Ciclo-
Æcina dos Anjos, em Lisboa.
E o que é o coopcycle? “É uma fede-
ração de plataformas”, responde.
“Foi desenvolvida por pessoas da área
da tecnologia e é uma plataforma
semelhante a uma Glovo ou a uma
UberEats, com a diferença de ser um
software livre para grupos que quei-
ram funcionar de forma cooperativa.”
Nuno Rodrigues explica que a grande
vantagem desta plataforma, que sur-
ge para substituir todas as outras, está
na “união entre o produtor e o con-
sumidor”: “A UberEats ou a Glovo
Æcam no meio, são intermediários da
relação entre o produtor e o consu-
midor e Æcam com esses ganhos. Num
coopcycle, os estafetas podem gerir
de forma autónoma os ganhos do seu
trabalho.” Uma das queixas dos esta-
fetas passa pelas comissões das entre-
gas cobradas pelas plataformas.
“Estas plataformas cobram entre 30%
e 35% por cada parceiro — por exem-
plo, numa entrega que custe dez
euros, 3,5 ou três euros vão para a
plataforma”, diz.
Nuno explica que a criação de uma
cooperativa “implicaria um conjunto
de alterações” a serem pensadas no
futuro. Para já, esta primeira reunião
serve para “medir quais as vontades”
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 19
A iniciativa começa em Lisboa e depois pensa-se na expansão
dos estafetas e, inclusive, “deÆnir um
grupo”. “Antes de mais precisamos
de saber se existe um conjunto de
pessoas com interesse para esta ini-
ciativa. Depois, temos de perceber
como se instituem formas de remu-
neração, deÆnir parceiros e lógicas de
funcionamento interno.”
As medidas e alterações que moti-
vam a criação deste “software livre
que substitui as outras plataformas já
existentes” surgem para responder às
diÆculdades sentidas pelos estafetas
que, aÆrma Nuno, a pandemia veio
“acentuar e tornar mais visíveis”.
“Este é um dos poucos sectores em
que as pessoas que não têm acesso a
um mercado de trabalho mais regu-
larizado podem entrar”, o que expli-
ca também o aparente número cres-
cente de imigrantes a alistar-se neste
tipo de trabalho.
Ligação ao cliente
É o caso de Rafael Vyana, brasileiro a
viver em Lisboa há cinco anos, e tra-
balhador a tempo inteiro na Glovo há
ano e meio. “Sempre andei de bicicle-
ta e quando vim para Lisboa via mui-
tos estafetas a passar e pensava: ‘Será
que dá para viver disto?’” Trabalhou
uns tempos em restauração, mas
quando o restaurante onde trabalha-
va foi vendido teve de procurar outro
trabalho e foi aí que decidiu juntar-se
ao sector dos estafetas de aplicações
online. Depois de uma viagem a Bru-
xelas, em 2019, descobriu o “mundo”
das cooperativas de estafetas: “É
melhor para o cliente, porque se cria
um vínculo maior, e é melhor para o
estafeta, porque deixamos de ser ape-
nas um número.”
LOCAL
RUI GAUDÊNCIO
Nuno Rodrigues acredita que “há
um lado muito visível no trabalho do
estafeta, o que choca mais, que é o
esforço físico e a exposição a factores
climáticos adversos”. Mas é o facto de
ser “um trabalho muito precário,
variável na remuneração, como a
questão do ranking e do algoritmo”
que o torna tão complicado. Rafael
admite a “vantagem” de ter um horá-
rio Çexível que lhe permite, por exem-
plo, tirar férias “sem prestar declara-
ções a ninguém”, mas reconhece o
preço a pagar por essa independên-
cia. “Eu vim agora de viagem durante
dez dias. Mas, para isto, estive a tra-
balhar durante dois meses sem tirar
um dia, 12 horas por dia.”
Para além deste sistema livre,
Rafael refere que seria positivo que se
criassem também “infra-estruturas
que garantam aos estafetas um
ambiente melhor”, como espaços
onde possam descansar e fazer pau-
sas. Nuno Rodrigues refere a impor-
tância de uma cooperativa para col-
matar falhas que ameaçam a qualida-
de do trabalho. “Não há subsídio de
doença, de emprego, não há subsí-
dios de férias, não há forma de pro-
tecção social”, observa.
Tal como a “expansão” actual do
sector, também a expansão da ini-
ciativa para lá de Lisboa é uma das
perspectivas que Nuno aponta para
futuro, caso se reúnam as pessoas
suÆcientes para avançar com a ini-
ciativa. “Não haveria nada que impe-
disse que uma plataforma destas
Æcasse com grande parte do sector
dos estafetas.”
ines.pinto.costa@publico.pt
20 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

ECONOMIA
Louçã, Talone, Nazaré e Murteira
Nabo colocam lugar à disposição
No conselho consultivo do Banco de Portugal têm assento
“quatro personalidades de reconhecida competência em
matérias económicas-Änanceiras e empresariais”. Nomeados
por Mário Centeno, todos colocaram agora o lugar à disposição
Banco de Portugal
Cristina Ferreira
Os quatro membros do conselho con-
sultivo do Banco de Portugal nomea-
dos pelo ex-ministro das Finanças
Mário Centeno — João Talone, Fran-
cisco Louçã, Murteira Nabo e Luís
Nazaré — colocaram o lugar à dispo-
sição do novo titular da pasta, João
Leão, apurou o PÚBLICO.
Em Fevereiro de 2017, o Governo
anunciou que convidara João Talone,
Francisco Louçã, Murteira Nabo e
Luís Nazaré, para integrarem o con-
selho consultivo do Banco de Portu-
gal, na qualidade de independentes.
Nas últimas semanas todos comu-
nicaram a João Leão a sua intenção
de abandonarem as funções, o que
deram também a conhecer ao BdP,
com a Ænalidade de dar espaço ao
novo ministro para poder escolher
pessoas da sua conÆança.
O conselho consultivo do BdP é um
órgão estatutário, sem poder vincu-
lativo, e com a competência de se
“pronunciar sobre o relatório anual
da actividade do banco e sobre a
e ainda que tudo ali possa ser debati-
do, nada Æca registado, pois não se
produzem actas. Assim, embora seja
um órgão estatutário, acaba por fun-
cionar de forma informal, sem que as
decisões ali tomadas e as opiniões ali
manifestadas Æquem averbadas. E,
isto, embora se trate de uma estrutu-
ra prevista na lei e que o BdP seja a
entidade Æscalizadora do sector, a
monitorizar o cumprimento de um
conjunto de procedimentos, como a
produção de actas pelos órgãos de
gestão, mesmo pelo não executivos.
Para mais, a lei também prevê que
o conselho consultivo emita um
parecer sobre as contas, o que não
se veriÆcou, pelo menos, neste últi-
mo período. Na prática, os dois con-
selheiros, sugerem ao novo (e prová-
vel) governador Mário Centeno que
aumente a formalidade do próprio
conselho, registando as deliberações
e as intervenções ali feitas. Resumin-
do: que o conselho consultivo passe
a produzir actas.
Só em 2017, quando chegou ao
BdP, Louçã veriÆcou que não exis-
tiam, nem se escreviam actas do
conselho consultivo, nem tão-pouco
assumir a presidência, e foi Centeno
quem os nomeou. E mesmo que
reconduzidos por Leão, as dúvidas
poderiam sempre levantar-se.
Quer Louçã, quer Talone e Nazaré
foram unânimes a garantir que Cen-
teno sempre manteve o distancia-
mento necessário, em respeito aos
cargos para que foram nomeados.
Por seu turno, Luís Nazaré, que já
esta semana notiÆcou João Leão de
que colocava igualmente o lugar à
disposição, esclareceu qual foi o pro-
pósito: “Dar margem ao Governo
para fazer as nomeações que enten-
der, pois são da sua escolha.” Para
mais, “está esgotado o período do
mandato”, disse. Todavia, sublinhou:
“Julgo que a lei não é explícita quan-
to a prazos de mandatos dos mem-
bros do conselho consultivo, mas no
meu entender o nosso mandato terá
acabado.” Interpelado se considera
haver um potencial conÇito de inte-
resse em participar no órgão que vai
ser presidido por Centeno, que o
convidou, Nazaré disse: “Esse tema
não se coloca, uma vez que nós os
quatro colocámos o lugar à disposi-
ção do novo ministro.”
Iniciativa Liberal interpõe providência cautelar

actuação do banco decorrente das
funções que lhe estão atribuídas”. Os
cargos ali desempenhados não são
remunerados.
O primeiro a informar que preten-
dia deixar de integrar o conselho con-
sultivo foi João Talone. Uma posição
que foi reportada no Ænal da última
reunião do conselho, que se realizou
a 18 de Junho. Logo a seguir, Talone
escreveu a João Leão, que três dias
antes assumira funções, a participar
que tendo sido nomeado por decisão
do Conselho de Ministros, mas por
indicação de Mário Centeno, e na
medida em que este deixara o cargo,
entendia que deveria ser dada opor-
tunidade ao novo ministro de esco-
lher os nomes que considerasse ade-
quados para a função.
Francisco Louça e João Talone
manifestaram ambos, por escrito,
uma outra preocupação: o modo qua-
se coloquial como decorrem as reu-
niões do conselho consultivo, onde,
havia registo oÆcial das comparên-
cias. Propôs que passasse a tê-las e
enfrentou resistências do topo da
instituição. Mas acabou por conse-
guir que, pelo menos, se redigissem
minutas, com menção das presen-
ças e da agenda oÆcial da reunião.
E qualquer conselheiro pode agora
solicitar que à minuta seja anexada
as iniciativas que tome — mas terá
de ser a seu pedido.
ConÅito de interesses
Mas não foram apenas estes dois
argumentos — dar liberdade ao novo
ministro para escolher quem enten-
der para o órgão consultivo e a sua
falta de eÆcácia — que os levaram a
afastar-se.
Há outro tema susceptível de gerar
ruído, este relacionado com um
potencial conÇito de interesse. Isto,
se continuassem como membros do
conselho consultivo do BdP, uma vez
que por inerência Centeno passará a
Participam ainda no conselho con-
sultivo os dois vice-governadores do
BdP, os administradores, o presiden-
te da comissão de auditoria do BdP,
os anteriores governadores (António
Sousa e Vítor Constâncio), a presiden-
te do IGCP, Cristina Casalinho, os
representantes dos governos regio-
nais dos Açores e da Madeira, e o pre-
sidente da Associação Portuguesa de
Bancos, Faria de Oliveira. E ainda o
secretário-geral da instituição e direc-
tores convocados para clariÆcar as
dúvidas e prestar esclarecimentos
sobre assuntos ali levantados.
Na sua qualidade de ministro das
Finanças, com a tutela do banco de
Portugal, Mário Centeno tomou algu-
mas decisões que visaram quebrar a
tradicional opacidade de uma das
instituições mais importantes do
país. Uma das iniciativas foi retirar
da alçada da administração do BdP,
e do seu governador, a escolha dos
membros do conselho de auditoria
O
deputado da Iniciativa
Liberal (IL), João Cotrim
Figueiredo, anunciou
ontem que vai avançar
com o pedido de interposição
de uma providência cautelar
para travar a designação de
Mário Centeno para o cargo de
governador do Banco de
Portugal (BdP) enquanto não
estiver concluído o processo
legislativo que impõe um
período de nojo de cinco anos
na passagem das Finanças para
o supervisor.
O anúncio foi feito ontem na
recta final da audição feita a
Mário Centeno no Parlamento
na qualidade de economista
proposto pelo Governo para
esse cargo. Cotrim Figueiredo
argumenta que Centeno não
cumpre os requisitos legais de
idoneidade e independência,
seja porque, diz, “teria de pedir
escusa” para debater e votar
“matérias nas quais foi um
interventor directo”, seja
porque tem uma relação de
“subordinação com o actual
ministro das Finanças”, o que,
entende, retira “equidistância” à
liderança da entidade a que
cabe fazer análises e previsões
nas quais “há juízo de valor”
sobre “o próprio condutor das
políticas”. E cita ainda o facto
de os três membros do
conselho de auditoria do BdP —
responsáveis pela fiscalização
do funcionamento do BdP —
terem sido nomeados por
Centeno (é ao ministro das
Finanças que cabe essa
designação).
Cotrim Figueiredo afirma que

para travar Centeno
a IL “não está a tentar ganhar
nos tribunais o que não
obteve no Parlamento” —
impedir a designação — e
explica que a providência
cautelar pretende impedir o
risco de o governador dos
próximos anos, ao ser
nomeado entretanto, ficar
numa posição “incompatível à
luz das novas regras”. Cotrim
Figueiredo anunciou esta
acção durante a audição de
Mário Centeno, mesmo antes
de o ex-ministro começar a
responder, numa intervenção
única, à última ronda de
perguntas dos deputados.
Centeno pareceu ter sido
apanhado de surpresa e nada
disse directamente sobre a
providência cautelar. Pedro
Crisóstomo
O ex-ministro das
Finanças, ontem,
durante a sua
audição em
comissão do
Parlamento
MÁRIO CRUZ/LUSA
do supervisor, que, ao contrário do
conselho consultivo, é um órgão com
poderes efectivos de Æscalização do
BdP. E foi deste modo que os três
membros do actual conselho de
auditoria, Nuno Fernandes (presi-
dente), Óscar Figueiredo e Margarida
Vieira de Abreu foram, na prática,
designados pelo ex-ministro das
Finanças Mário Centeno.
Casos se mantenham em funções,
quando Centeno tomar posse, e inde-
pendentemente da sua credibilidade
e independência, que não têm sido
postas em causa, abre-se margem
para um potencial conÇito de interes-
ses — o que acaba por anular as virtua-
lidades da decisão de Centeno.
De tudo o que se sabe, e o PÚBLICO
conÆrmou, Centeno, enquanto minis-
tro, nunca teve qualquer acção de
interferência junto dos membros do
conselho de auditoria. O BdP não
informou o PÚBLICO se algum dos
membros colocou o seu lugar à dis-
posição de João Leão.
cferreira@publico.pt
Deputados apontam conflitos
de interesse durante a audição
Pedro Crisóstomo
O PSD insiste que o ex-ministro das
Finanças Mário Centeno não tem
condições para exercer — com inde-
pendência e salvaguardada a inexis-
tência de “conÇitos de interesse” — o
cargo de governador do Banco de
Portugal (BdP), posição para o qual
foi proposto pelo actual ministro das
Finanças, João Leão, que foi durante
mais de quatro anos o seu secretário
de Estado do Orçamento.
Centeno foi ouvido ontem no Par-
lamento, não esclarecendo directa-
mente o que fará, se tiver de tomar
uma decisão relacionada com um
dossier no qual interveio enquanto
ministro, como, por exemplo, se for
confrontado com uma questão que
decorra da recapitalização da Caixa
Geral de Depósitos (CGD) ou do pro-
cesso de venda do Novo Banco ao
fundo Lone Star.
O assunto foi trazido para cima da
mesa pelo deputados do PSD Duarte
Pacheco e do PAN, André Silva, que
questionou a passagem directa e a
relação próxima com João Leão. O
CDS, pela voz de Cecília Meireles,
considerou mesmo haver uma incom-
patibilidade na função. E o deputado
da Iniciativa Liberal, João Cotrim
Figueiredo, lembrou a falta de distan-
ciamento em relação ao Governo.
André Silva citou o código de con-
duta dos membros do conselho de
administração, para lembrar que,
sempre que esses elementos “sejam
chamados a participar em processo
de decisão relativo a matérias em cujo
tratamento ou resultado tenham inte-
resses privados ou pessoais, designa-
damente em resultado de anterior
ocupação proÆssional ou no âmbito
das suas relações pessoais, devem
informar imediatamente o conselho
de administração, com vista à adop-
ção das medidas adequadas”.
André Silva prevê que Centeno
Æcará de “mãos amarradas em ques-
tões fundamentais” da supervisão e
antevê “várias diÆculdades”, com
Centeno a ter de vir a pedir parece-
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 21
Acha mesmo que tem
condições para exercer
permanentemente
as funções?
Duarte Pacheco
Deputado do PSD
res à comissão de ética do BdP em
vários dossiers.
O PSD fez valer a sua posição de
antemão, considerando que Centeno
“não tem condições” para exercer o
mandato para o qual foi proposto
pelo Governo, considerando que a
“independência” e a ausência de
“conÇito de interesses” não estão
asseguradas.
Para os sociais-democratas, são
vários os exemplos em que esse con-
Çito se pode materializar, porque
Centeno tomou decisões nas Finan-
ças que afectaram o sistema Ænan-
ceiro que, agora, vai supervisionar
com a possível aplicação medidas de
intervenção preventiva e correctiva
no sistema Ænanceiro.
Duarte Pacheco lembrou que o
actual governador, Carlos Costa, che-
gou a pedir escusa para tomar deci-
sões sobre a CGD, tendo em conta o
facto de estarem em causa operações
nas quais interveio enquanto gestor
bancário. E fez a ponte para decisões
governamentais concretas de Cente-
no, questionando o ex-governante se
irá fazer o mesmo relativamente aos
dossiers nos quais participou (da ven-
da do Novo Banco ao aumento de
capital da CGD, da alteração ao regi-
me Æscal ao dossier do Montepio,
passando pela venda do Banif.
Centeno rejeitou estarem em causa conflitos de interesse
“Se vai pedir escusa, acha mesmo
que tem condições para exercer per-
manentemente as funções?”, questio-
nou. E enquanto Pacheco lançava
esta pergunta, Centeno, de máscara
na face, abanava a cabeça de cima
para baixo, de cima para baixo, de
forma suave, em sinal aÆrmativo.
Quando chegou o momento de res-
ponder, rejeitou estarem em causa
conÇitos de interesse, considerando
que o deputado fez “formulações
genéricas” e que, para tal, seria “pre-
ciso um pouco mais”. A venda do
Novo Banco, disse, “foi feita pelo Fun-
do de Resolução, que é do BdP, não é
do Ministério das Finanças”; “a actua-
ção da CGD foi enquanto accionista”,
num interesse que é o mesmo que o
BdP visa proteger.
Centeno disse que foram muitas as
matérias em que teve de intervir
como ministro das Finanças e que, se
a questão fosse vista por este prisma,
“não conseguia encontrar emprego
em Portugal nas próximas décadas”.
“Este tipo de conÇitos de interesse
não está legislado em nenhum lado
do mundo; não existe nenhuma legis-
lação no mundo inteiro que identiÆ#
que conÇitos de interesse nestas cir-
cunstâncias”, disse.
pedro.crisostomo@publico.pt
MÁRIO CRUZ/LUSA
22 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
ECONOMIA
Os desaƊos da nova liderança
do Eurogrupo no pós-Centeno
Acertar os detalhes do fundo de recuperação e gerir as discussões norte-sul no pós-crise são as tarefas mais
espinhosas do sucessor de Mário Centeno. Espanha, Irlanda e Luxemburgo tentam obter o lugar
Zona euro
Sérgio Aníbal
e Pedro Crisóstomo
Contribuir para não haver desenten-
dimentos nos próximos meses sobre
os detalhes do fundo de recuperação
europeu e, já depois da crise, gerir o
previsível confronto entre governos
da União Europeia (UE) quando se
começar a discutir o restabelecimen-
to das regras orçamentais são as tare-
fas mais importantes que se antevêem
para quem suceder a Mário Centeno
na presidência do Eurogrupo.
A escolha do próximo líder ocorre
na reunião que os ministros das
Finanças da zona do euro realizam
hoje à tarde, por videoconferência.
Centeno é presidente do Eurogrupo
até 12 de Julho. O sucessor assume a
liderança no dia seguinte, segunda-
feira. São três os candidatos que vão
a jogo para uma liderança que durará
dois anos e meio (até ao Ænal de 2022):
a ministra espanhola da Economia,
Nadia Calviño (número dois do socia-
lista Pedro Sánchez), o irlandês
Paschal Donohoe e o luxemburguês
Pierre Gramegna.
O grão-ducado procura reconquis-
tar um lugar que já foi seu com Jean-
Claude Juncker; os conservadores
irlandeses tentam uma primeira vez;
mas é Espanha, também estreante,
que parte em vantagem, embalada
pelo apoio de Berlim. Merkel não o
escondeu: “Não é segredo que o
Governo alemão apoia a candidatura
de Nadia Calviño.”
No início da crise da covid-19, foi no
Eurogrupo que se discutiu e acertou,
ao Æm de várias maratonas negociais
lideradas pelo então ministro das
Finanças português, o primeiro paco-
te de medidas europeias de combate
à crise, com um valor de 540 mil
milhões de euros. Agora, é ao nível
dos líderes dos executivos que decor-
re a ainda mais difícil discussão sobre
o fundo de recuperação proposto
pela Comissão Europeia de 750 mil
milhões de euros. Ainda assim, mui-
tos dos pormenores do fundo vão ter
de passar pelo Eurogrupo e, por
vezes, as discussões mais morosas
estão mesmo nos detalhes.
O novo presidente vai ter de procu-
Espanhola Nadia Calviño, irlandês Paschal Donohoe e luxemburguês Pierre Gramegna na corrida
rar, já nos próximos meses, consen-
sos em questões como: os condicio-
nalismos associados ao acesso às
subvenções do fundo de recuperação
(que os países classiÆcados como
“frugais” querem que seja rígida e os
países do Sul defendem que seja
meramente simbólica); a distribuição
do dinheiro entre empréstimos e sub-
venções (os países “frugais” propõem
mais empréstimos, os do Sul mais
Não é segredo
que o Governo
alemão apoia a
candidatura de
Nadia Calviño
Angela Merkel
Chanceler da Alemanha
subvenções); e a forma como, no Æm,
a Comissão Europeia irá reunir os
recursos para amortizar o emprésti-
mo obtido no mercado. Nesta última
questão poderá caber ao presidente
do Eurogrupo relançar a discussão
em torno de maior convergência e
cooperação a nível da tributação pela
criação de novos impostos comuns
(com enfoque no digital), algo que ao
longo das últimas décadas acabou
sempre num fracasso.
No momento em que se torne mais
claro que a crise da pandemia está a
recuar, Æcará outra tarefa espinhosa
para o novo líder: gerir as opiniões
muito diferentes das diversas capitais
sobre as regras orçamentais euro-
peias. E cada um dos candidatos
começou a dar a sua visão, prometen-
do consensos entre as várias sensibi-
lidades na moeda única.
Com o eclodir da crise — e a imedia-
ta intervenção em larga escala dos
Estados para evitar um colapso ainda
maior da economia — todos os países
concordaram que regras orçamentais
do Pacto de Estabilidade e Crescimen-
to (PEC), como a de manter um déÆce
LEHTIKUVA LEHTIKUVA/REUTERS
inferior a 3% do PIB ou a de caminhar
para uma dívida pública inferior a
60% do PIB, eram nesta fase comple-
tamente impraticáveis. E, assim, a
aplicação das regras Æcou suspensa
por tempo indeterminado.
Mas, dentro de um ou dois anos,
quando a pandemia estiver mais
dominada e as economias voltarem a
crescer, é inevitável que se comecem
a ouvir em diversas capitais os apelos
a um regresso das regras. Em países
como a Finlândia, a Áustria, os Países
Baixos e a Alemanha, será grande a
vontade de repor os mecanismos de
controlo orçamental sobre os países
com Ænanças públicas mais frágeis,
sobretudo se for aprovado um fundo
de recuperação em linha com o pro-
posto pela Comissão.
Do outro lado, países como a Itália,
a França, a Grécia, Espanha e Portu-
gal, com dívidas públicas acima de
100%, não vão querer ser forçados,
por exemplo, a uma redução anual
da dívida pública equivalente a um
vigésimo da diferença face aos 60%
do PIB.
Mais uma vez, o Eurogrupo será o
palco das discussões norte-sul que
têm marcado a última década. E o seu
presidente terá um papel decisivo a
desempenhar, tal como Jeroem Dijs-
selbloem durante a crise grega de
2015 e Centeno no início da crise do
coronavírus.
Espanha em vantagem
Para vencer, o próximo presidente
precisa de reunir o apoio de dez dos
19 ministros. Nadia Calviño, vice-pre-
sidente do Governo espanhol e, ao
mesmo tempo, ministra dos Assuntos
Económicos e Transformação Digital,
conta com um apoio determinante
que pode decidir a liderança a seu
favor.
Ainda que o Eurogrupo não seja
uma instituição da UE, a sua lideran-
ça é levada em conta na distribuição
dos lugares de topo em Bruxelas, o
que lhe dá uma vantagem a montan-
te, por causa da representatividade
reclamada pelos socialistas europeus
(com a particularidade de a continui-
dade do lugar de Centeno manter a
cadeira para um governante de um
país do Sul europeu).
Calviño foi quadro da Comissão
Europeia, onde chegou a directora-
geral do Orçamento entre Maio de
2014 e Junho de 2018, depois de ter
passado pela Direcção-Geral do Mer-
cado Interno (2010-2014) e pela
Direcção-Geral da Concorrência
(2006-2010).
Paschal Donohoe é o candidato dos
conservadores Fianna Fáil, que, por
acordo com o Fine Gael e os Verdes,
estarão no Governo irlandês até
Dezembro de 2022. É ministro das
Finanças, Despesa Pública e Reforma
desde Junho de 2017, já foi ministro
dos Transportes, Turismo e Desporto
(entre 2014 e 2016) e ministro dos
Assuntos Europeus (2013 e 2014).
Pierre Gramegna foi o sucessor de
Juncker como ministro das Finanças
em 2013. Foi embaixador do grão-du-
cado no Japão entre 1996 e 2002. Tal
como Calviño e Donohoe, promete
ser um construtor de pontes, tratan-
do “os pequenos e os grandes Esta-
dos-membros” em igualdades de
circunstâncias.
sergio.anibal@publico.pt
pedro.crisostomo@publico.pt

Grupo Elevo vai tentar
obrigar Metro do Porto
a lançar novos concursos
Obras públicas
Luísa Pinto
Grupo Elevo avançou com a
impugnação administrativa
dos dois lotes por entender
que a Metro violou a lei do
estado de emergência
A Elevolution Engenharia, empresa
do grupo Elevo, apresentou um
pedido de impugnação administra-
tiva a cada um dos concursos lança-
dos pela Metro do Porto para a
expansão da rede — a linha Circular
e a Linha Amarela — e vai tentar,
pela via judicial, impor o lançamen-
to de um novo concurso.
Depois das reclamações que
deram entrada após o resultado do
relatório preliminar da comissão de
Análise de Propostas, e que apontou
o consórcio liderado pela Ferrovial/
ACA como vencedor nos dois lotes,
no valor de 288 milhões de euros, o
grupo liderado por Gilberto Rodri-
gues vai tentar que os tribunais for-
cem a Metro do Porto a lançar um
novo concurso.
A única referência que aparece à
Elevolution Engenharia nesse rela-
tório é a indicar que a empresa
entregou uma declaração informan-
do que não iria apresentar proposta
e expondo os motivos e as suas
razões para não concorrer. O mes-
mo fez outra empresa, a Gabriel
Couto, pelo menos no concurso
para a linha Circular — mas no rela-
tório não se lêem as razões invoca-
das pelos concorrentes.
Quanto às razões da Elevo, sabe-
se agora que são as mesmas que
estão na base do pedido de impug-
nação administrativa. A Elevo enten-
de que a Metro do Porto violou a lei
do estado de emergência decretado
para combate à pandemia de covid-
19 e que deveria determinar a sus-
pensão dos prazos de todos os pro-
cedimentos concursais que estavam
em curso, ou que fossem posterior-
mente lançados. O concurso para a
expansão da rede foi publicitado a
27 de Março, apenas sete dias depois
da entrada em vigor da lei que esta-
beleceu as “medidas excepcionais
e temporárias de resposta à situação
epidemiológica provocada pelo
coronavírus SARS-CoV-2 e da doen-
ça covid-19”. Ouvida pelo PÚBLICO,
fonte oÆcial da Metro do Porto escu-
Este é o “maior investimento público em curso em Portugal”
sou-se a dizer como vai responder a
este pedido de impugnação — “man-
tendo o princípio de não se pronun-
ciar publicamente sobre concursos
que estão a decorrer, a Metro do
Porto não faz comentários” — mas
manifesta-se conÆante na legalidade
dos seus procedimentos.
“A Metro do Porto reaÆrma a tua
total conÆança na solidez técnica,
jurídica e legal dos concursos públi-
cos para a construção da Linha Rosa
e para o prolongamento da Linha
Amarela, como é natural e exigível
àquele que é o maior investimento
público em curso em Portugal”, escre-
ve a administração da empresa públi-
ca, num comentário em resposta às
questões enviadas pelo PÚBLICO.
“Pressões externas”
No argumentário que a Elevo quer
levar para os tribunais está, para
além do facto de a Metro não ter sus-
pendido os prazos do concurso — o
que levaria, pelo menos, a uma dila-
tação no prazo de entrega de propos-
tas — também o entendimento de
que a empresa violou os princípios
da concorrência estabelecidos no
código dos contratos públicos por ter
usado a mesma documentação usa-
da no Concurso Limitado por Prévia
Qualificação lançado em Novembro,
e que acabou “deserto” porque todas
as propostas que surgiram apresen-
tavam preços acima do valor-base de
referência que constava do caderno
de encargos. Foi essa a razão que
levou a Metro a pedir ao Governo
para reforçar a verba disponível — o
que aconteceu, através de uma reso-
NELSON GARRIDO
lução de Conselho de Ministros que
deu ao conselho de administração da
Metro mais 95 milhões de euros — e
a lançar um novo concurso.
“Reflectindo sobre isso [sobre a
documentação ser a mesma em
ambos os concursos], aqueles con-
correntes que se qualificaram e par-
ticiparam anteriormente no Concur-
so Limitado por Prévia QualiÆcação
e não apresentaram, nessa altura
proposta Ænanceira enquadrada nas
intenções da Metro do Porto, tive-
ram, agora, e desde essa altura, um
real, adicional, exclusivo e preferen-
cial tempo de preparação para ana-
lisar o ‘novo’ procedimento concur-
sal e auscultar o mercado, de molde
a apresentar uma proposta consen-
tânea com a exigência, complexida-
de e rigor do caderno de encargos”,
lê-se no pedido de impugnação, a
que o PÚBLICO teve acesso.
Na resposta que enviou às ques-
tões do PÚBLICO, fonte oÆcial da
Metro do Porto sublinha que a Elevo
“não apresentou, nunca, qualquer
proposta no âmbito de concursos
públicos lançados pela Metro do Por-
to” e diz que “está apenas condicio-
nada à prossecução do interesse
público”. “A Metro do Porto não é
sensível a pressões externas, sejam
de natureza comercial ou outra,
estando focada no exigente objectivo
de cumprimento dos prazos de Ænan-
ciamento comunitário para a expan-
são da rede e que obrigam à conclu-
são das obras até Dezembro de
2023”, termina.
luisa.pinto@publico.pt
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 23
Portugal disposto
a “metas ainda
mais ambiciosas”
no hidrogénio
Energia
Ana Brito
Secretário de Estado da
Energia diz que Portugal
pode aumentar metas de
produção para exportar
mais para países do Norte
A estratégia portuguesa para o
hidrogénio está “perfeitamente ali-
nhada” com a visão da Comissão
Europeia para esta indústria e Por-
tugal está disposto a ser ainda mais
ambicioso nas metas de produção
se houver um forte compromisso
político europeu, garantiu ontem o
secretário de Estado da Energia,
João Galamba, no lançamento da
nova Aliança Europeia para o Hidro-
génio Limpo.
Portugal prevê a construção de
pelo menos 2 gigawatts (GW) de elec-
trolisadores até 2030 (dos quais 1
GW concentrados em Sines), esti-
mando que parte do hidrogénio
produzido possa ser exportada.
Se a Aliança Europeia conseguir
“criar condições para o transporte
de longa distância e para a comer-
cialização do hidrogénio”, e se forem
criados mecanismos de suporte
Ænanceiro para lançar a economia
do hidrogénio, o país “pode ir além
do objectivo inicial e comprometer-
se com metas de produção mais
ambiciosas que satisfaçam a procu-
ra europeia”, assegurou o governan-
te português.
Galamba diz que o país quer “pro-
Frans Timmermans na
apresentação de ontem
ECONOMIA
duzir grandes quantidades de hidro-
génio e a um preço competitivo” e
quer desempenhar “um papel rele-
vante” na nova economia do hidro-
génio, com “uma estratégia de
industrialização” montada em torno
desta forma de energia. Mas estes
objectivos “só podem ser verdadei-
ramente alcançados no contexto de
uma Aliança Europeia”, defende.
O comissário europeu com a pas-
ta do Clima, Frans Timmermans, e
a sua colega responsável pela Ener-
gia, Kadri Simson, anunciaram
ontem as novas estratégias euro-
peias para a Integração dos Sistemas
de Energia e para o Hidrogénio.
Além de acelerar a produção des-
te gás renovável a partir de electrici-
dade solar e eólica, Bruxelas quer
maior integração das redes e dos
consumos energéticos. No futuro
deverá ser possível, por exemplo,
que o calor libertado numa fábrica
ou num data center possa ser apro-
veitado para aquecer as casas que se
situam na vizinhança.
Quanto ao hidrogénio, que hoje é
usado quase exclusivamente como
matéria-prima da indústria, espera-
se que passe a ser usado como com-
bustível nos sectores onde a electri-
Æcação não parece ser viável, como
os transportes pesados, o transpor-
te marítimo ou a aviação, e que pos-
sa ser incorporado nos processos
industriais, para ajudar a despoluir
actividades ainda muito dependen-
tes dos combustíveis fósseis.
“Queremos manter a produção de
aço na Europa, mas tem de ser aço
verde” e isso só se consegue com a
incorporação de hidrogénio verde
no processo industrial, exempliÆcou
Frans Timmermans, na conferência
de imprensa de ontem, em que des-
tacou o hidrogénio como “a chave”
para uma Europa neutra em carbo-
no até 2050, mas também para asse-
gurar o crescimento económico e o
emprego na região.
A Europa está na vanguarda desta
“rockstar das novas energias”, mas
as outras regiões do mundo não
estão paradas, notou o vice-presi-
dente da Comissão Europeia. As
estratégias divulgadas ontem “dão
um sinal claro aos Estados, à indús-
tria e ao mundo que queremos
suportar a retoma [económica] com
investimentos verdes”, assinalou a
comissária Simson.
ana.brito@publico.pt
24 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

MUNDO
Gabinete de segurança chinês em
Hong Kong já está operacional
Polémica instituição criada pela nova lei de segurança nacional foi inaugurada e tem poderes para investigar
e extraditar pessoas para a China continental. Será dirigida por funcionários da “linha dura” do PCC
JEROME FAVRE/EPA

China
António Saraiva Lima
A República Popular da China inau-
gurou ontem o seu novo quartel-ge-
neral em Hong Kong, a partir do qual
já pode investigar, vigiar e extraditar
cidadãos que entenda estarem a des-
respeitar a controversa lei de segu-
rança nacional, em vigor há cerca de
uma semana na região chinesa. O
gabinete de segurança de Pequim
está sediado num antigo hotel no bair-
ro de Causeway Bay — um dos princi-
pais palcos de protestos dos últimos
anos do movimento pró-democracia
— e será dirigido por representantes
da “linha dura” do Partido Comunis-
ta Chinês (PCC).
Intitulado Gabinete para a Salva-
guarda da Segurança Nacional do
Governo Central Popular na Região
Administrativa Especial de Hong
Kong, a nova representação chinesa
não está sujeita às instâncias judiciais
do território e tem poderes para
enviar casos para a China continental,
para serem apreciados e julgados por
um poder judicial que responde ape-
nas ao PCC.
Tem como principal função moni-
torizar o cumprimento da nova lei e
decidir se determinadas condutas
incorrem na prática dos crimes de O novo quartel-general da China em Hong Kong foi descrito como “o guardião da segurança nacional”
“secessão”, “subversão”, “terroris-
mo” ou “conspiração com potência tornou-se célebre ao dizer que “os independentemente daquilo que os Pequim, a segurança de Hong Kong é Hong Kong anunciaram outras duas
estrangeira hostil”, cuja condenação porcos vão voar antes de a imprensa media de Hong Kong escreveram uma missão crítica”, disse ao SCMP medidas, tomadas no âmbito da nova
pode ir até à prisão perpétua. estrangeira ser de conÆança”. sobre ele. Conquistou a conÆança da uma fonte que pediu anonimato. lei: a obrigação de todos os funcioná-
Para o movimento pró-democracia Zheng teve ainda um papel impor- liderança do partido”, acrescentou o Luo Huining, responsável máximo rios públicos contratados a partir de
do território que o Reino Unido devol- tante na repressão dos protestos anti- académico. pela representação do Governo chi- 1 de Julho jurarem Ædelidade à cidade;
veu à soberania chinesa em 1997 — e corrupção e dos levantamentos popu- Zheng Yanxiong será auxiliado nas nês em Hong Kong e novo conselhei- e a proibição do hino Glória a Hong
para Estados Unidos, União Europeia, lares na aldeia de Wukan, em 2011. A suas funções por outros dois homens ro da chefe do executivo da cidade, Kong nas escolas. A canção tornou-se
Reino Unido, NATO ou Japão —, a “experiência democrática” daquela de conÆança do PPC: Sun Qingye, ex- Carrie Lam, foi um dos intervenientes um símbolo dos protestos de 2019,
legislação viola o princípio “um país, localidade piscatória de Cantão ainda funcionário dos serviços de Informa- na cerimónia. Citado pelo Guardian, quando milhares de manifestantes
dois sistemas”, põe em causa a inde- durou cinco anos, mas acabou deÆ# ção da China, e Li Jiangzhou, membro descreveu o novo quartel-general pró-democracia saíram diariamente
pendência judicial de Hong Kong e nitivamente esmagada pelos líderes do gabinete de representação política como um “guardião da segurança às ruas para protestar contra a lei de
viola o estatuto de semiautonomia da partidários locais. chinesa em Hong Kong e especialista nacional” e denunciou os críticos de extradição que Pequim tentou impor
região, deÆnido pela lei básica. “Para além de pertencer à ‘linha em Segurança Interna. Pequim. à região administrativa.
O gabinete será comandado por dura’, Zheng tem experiência em Desde a entrada em vigor da nova “A música contém mensagens polí-
Zheng Yanxiong, antigo secretário- lidar com a comunicação social de “Missão crítica” legislação, a polícia de Hong Kong fez ticas fortes e está relacionada com a
geral do comité do PPC na província Hong Kong. A sua nomeação pode Na inauguração do novo gabinete quase 400 detenções, dez por suspei- violência e os incidentes ilegais que
de Cantão, “especialista” em propa- parecer uma surpresa, mas, olhando marcaram presença alguns quadros tas de ameaças à segurança nacional. duraram vários meses”, aÆrmou o
ganda e grande crítico dos media para o seu percurso, compreende-se de topo da administração central da Tong Ying-kit, de 23 anos, foi a primei- secretário da Educação de Hong
internacionais. Foi vice-ministro da porque foi escolhido”, explicou ao China, como Chen Siyuan, responsá- ra pessoa a ser acusada no âmbito da Kong, Kevin Yeung, no Parlamento
Comunicação de Cantão entre 2013 e South China Morning Post o professor vel pela Segurança Interna do país, nova legislação, e pode enfrentar pri- local, citado pela Reuters. com Pedro
2018, colaborou durante vários anos da Universidade de Direito de ou Ma Yinming, representante do são perpétua pelos crimes de “terro- Bastos Reis
com a repartição local do Diário do Beihang, em Pequim, Tian Feilong. comité anticorrupção do PCC. “A sua rismo” e “incitação à secessão”.
Povo — o jornal oÆcial do partido — e “Zheng manteve-se sempre Ærme, presença mostra que, aos olhos de Ontem também, as autoridades de antonio.lima@publico.pt

Secretas russas
prendem antigo
jornalista sob acusação
de espionagem
Europa
Ricardo Cabral Fernandes
Ivan Safronov cobria
assuntos militares, políticos
e espaciais, denunciando
casos de corrupção,
até ser despedido
Os serviços secretos russos detive-
ram um conselheiro da agência espa-
cial russa e antigo jornalista que
cobria assuntos militares, acusando-
o de passar segredos a um país da
NATO. Se for considerado culpado,
Ivan Safronov pode ser condenado
a 20 anos de prisão. O caso está a ser
encarado como mais um passo para
abafar o jornalismo independente
na Rússia.
O antigo jornalista, que trabalhava
na agência espacial russa, a Roscos-
mos, estava a sair do seu apartamen-
to em Moscovo quando foi abordado
por agentes à paisana do FSB, os
serviços secretos russos. Algumas
dezenas de pessoas manifestaram-
se na capital contra esta detenção,
tendo 20 sido detidas, de acordo
com a OVD Info, organização que se
dedica a monitorizar protestos polí-
ticos na Rússia.
A jornalista Taisiya Bekbulatova,
editora-chefe da revista indepen-
dente Holod Media, também foi deti-
da e o seu computador conÆscado
pelos serviços secretos. É amiga de
Safronov e foi interrogada como tes-
temunha.
“Safronov levou a cabo tarefas para
Ivan Safronov pode ser
condenado a 20 anos de prisão
um dos serviços de informação de um
dos países da NATO. Recolheu e entre-
gou ao seu contacto segredos de Esta-
do e informação sobre cooperação
técnico-militar e sobre a defesa e a
segurança da Federação Russa”, dis-
se em comunicado o FSB.
As autoridades agiram com base
na nova lei antiespionagem, aprova-
da em 2012. A lei não exige que o FSB
apanhe alguém a espiar para um
governo estrangeiro, determina ape-
nas que prove que o suspeito tem
ligações a uma organização interna-
cional ou estrangeira, explicou o
jornalista de investigação Andrei
Soldatov num artigo de opinião no
Moscow Times.
A lei é por isso encarada como uma
ferramenta para silenciar opositores
e jornalistas críticos da governação
do presidente Putin e o Kremlin insis-
tiu que a detenção de Safranov não
está relacionada com o seu trabalho
jornalístico. Mas a agência espacial
russa também garantiu que o seu tra-
balho na instituição não é o alvo da
investigação.
“O caso contra Ivan Safronov é um
novo nível de repressão contra o jor-
nalismo neste país”, disse ao Moscow
Times Andrei Soldatov, analista de
segurança. “[O Kremlin] simplesmen-
te adicionou os jornalistas à sua lista
de ameaças, aprofundando uma ten-
dência que começou com a ascensão
ao poder de Vladimir Putin”, escre-
veu Soldatov no artigo de opinião.
A detenção de Safronov foi o cul-
minar de uma série de pressões a
que foi sujeito nos últimos meses, diz
o Moscow Times. O jornalista dedica-
va-se a cobrir assuntos militares,
políticos e espaciais para dois dos
maiores jornais diários russos, o
Kommersant e o Vedomosti, e denun-
ciou uma série de percalços e escân-
dalos de corrupção.
Em 2019, continua o Moscow Times,
Safronov co-assinou um artigo sobre
a entrega de 20 caças russos de última
geração, os Sukhoi SU-35, ao Egipto e
a peça jornalística acabou por ser
retirada do site do Kommersant. Em
Maio, Safranov foi obrigado a demitir-
se do Kommersant depois de escrever
um artigo sobre o facto de o presiden-
te da câmara alta do Parlamento estar
a planear abandonar o cargo. Foi
apoiado pela secção de política do
seu jornal, que se demitiu em bloco,
mas de pouco lhe serviu.
ricardo.fernandes@publico.pt
Angela Merkel deu recados óbvios no Parlamento Europeu
Eurodeputados
querem Merkel no
seu papel de líder
União Europeia
Rita Siza, Bruxelas
Chanceler alemã viajou até
Bruxelas para contactos
políticos antes da reunião
do Conselho Europeu
da próxima semana
Os eurodeputados não desperdiça-
ram a oportunidade de ter a chance-
ler da Alemanha, Angela Merkel, no
hemiciclo, para a apresentação for-
mal das prioridades do seu país para
a presidência rotativa da União Euro-
peia, para lhe fazer múltiplos pedi-
dos, que podiam ser resumidos a
apenas um: que assuma o seu papel
de verdadeira líder da Europa e pro-
mova um “acordo forte” no Conselho
Europeu para a aprovação do próxi-
mo quadro Ænanceiro plurianual para
2021-27 e do novo fundo de recupera-
ção da crise do coronavírus, no valor
de 750 mil milhões de euros.
E por “forte” os eurodeputados
queriam dizer que o acordo político
para o novo pacote orçamental e de
recuperação económica tem de fazer
depender os pagamentos do respeito
pelo Estado de direito por parte dos
seus beneÆciários e tem de incluir
novos recursos próprios, isto é, outras
fontes de receita além das transferên-
cias dos Estados-membros, para o seu
Ænanciamento.
Merkel garantiu que o objectivo da
presidência alemã “é chegar a uma
solução o mais depressa possível”,
uma vez que “a situação que [se vive]
é extraordinária e única na História
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 25
FRANÇOIS LENOIR/REUTERS
europeia”. Lembrou que “em muitos
Estados-membros os adversários da
Europa estão apenas à espera para
instrumentalizar esta crise”.
Numa manifestação de conÆança
no projecto europeu, que, segundo
aÆrmou, “não é um destino obrigató-
rio mas algo que [se pode] mudar e
conÆgurar”, Angela Merkel disse aos
eurodeputados que na negociação que
aí vem há dois elementos que são ine-
gociáveis: um são os direitos funda-
mentais e as liberdades individuais —
“Para mim são o elemento mais impor-
tante da nossa presidência”, vincou
— e o outro é a coesão, “a mais- -valia
do projecto comum [europeu]”.
Os eurodeputados gostaram dos
recados, que foram óbvios. Aos líde-
res do grupo de Visegrado, que amea-
çam bloquear o acordo por causa do
Estado de direito, Merkel lembrou
que a UE é o espaço onde “todos
podem exercer as suas convicções
políticas, culturais e religiosas” e que
onde não se vê a diversidade também
não se encontra a democracia.
Aos defensores da posição dos paí-
ses chamados “frugais”, que querem
reduzir as transferências e limitar as
subvenções para os países mais afec-
tados pela crise, a chanceler explicou
que “a solidariedade não é um gesto
humanitário, mas um investimento
sustentável” e que “a coesão social
não é uma ordem política, mas algo
que nos traz muitos frutos”.
“As pessoas das regiões mais atin-
gidas pela crise podem contar com a
solidariedade extraordinária da Ale-
manha”, declarou Angela Merkel.
rsiza@publico.pt
MUNDO
Xi propõe
mais
cooperação
a Putin
Diplomacia
Presidente chinês quer
reforço de laços com a
Rússia em tempos de
incerteza global para
defender o multilateralismo
O Presidente chinês, Xi Jinping,
telefonou ontem ao Presidente rus-
so, Vladimir Putin, para lhe dizer
que a China irá “intensiÆcar a sua
cooperação” com a Rússia no palco
internacional, incluindo nas Nações
Unidas, para defender o multilate-
ralismo e “lutar contra a hegemo-
nia” — não foi dito de quem.
China e Rússia devem fortalecer
a sua cooperação numa altura de
incerteza global, disse Xi, num tele-
fonema relatado pela televisão
pública chinesa CGTN.
A conversa decorre depois de o
Presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, ter conÆrmado a
saída do país da Organização Mun-
dial de Saúde, que Trump diz ter
sido inÇuenciada pela China nas
suas recomendações durante a pan-
demia da covid-19.
Acontece ainda quando a tensão
cresce entre a China e a Índia, dois
países com que a Rússia tem uma
relação estratégica. Os media india-
nos dizem que o primeiro-ministro,
Narendra Modi, foi o primeiro a
falar com Putin para lhe dar os
parabéns por uma vitória no refe-
rendo que permitirá ao Presidente
russo manter-se no cargo até
2036.
No Conselho de Segurança da
ONU, a China juntou-se à Rússia no
uso do seu poder de veto para impe-
dir a aprovação de uma resolução
para continuar a manter em funcio-
namento dois pontos de entrada de
ajuda humanitária na fronteira
entre a Turquia e a Síria. A Rússia
diz que um ponto apenas é suÆcien-
te, a ONU e organizações como a
Amnistia Internacional dizem que
é insuÆciente e a diferença entre
vida e morte para milhões de
sírios.
Xi Jinping e Vladimir Putin têm
tido uma boa relação, mas o jornal
South China Morning Post diz que
“alguns observadores notaram
mudanças subtis nas relações entre
a China e a Rússia nos últimos
meses”.
26 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
MUNDO
Personalidade de Trump foi moldada
por traumas na infância, diz sobrinha
No seu livro, Mary J. Trump diz que Donald Trump sofreu “privações que o marcaram para toda a vida”,
acusando o avô de ser um “sociopata”, que fazia bullying regularmente a outros membros da família
EUA
Pedro Bastos Reis
A menos de quatro meses das elei-
ções presidenciais, o muito aguarda-
do livro de Mary L. Trump, sobrinha
do Presidente dos Estados Unidos,
chega às livrarias a 14 de Julho. O livro
já está nas redacções de vários media
internacionais e os detalhes que
começaram a ser revelados prome-
tem fazer correr muita tinta nos pró-
ximos dias.
Mary J. Trump, psicóloga clínica de
55 anos, aÆrma que o carácter e o
comportamento de Donald Trump,
que “ameaçam a saúde, a segurança
económica e o tecido social do mun-
do”, foram moldados por uma infân-
cia marcada por abusos do “sociopa-
ta” patriarca da família, Fred
Trump.
A sobrinha de Trump diz que a per-
sonalidade do tio é quase igual à de
quando ele tinha três anos: “Incapaz
de crescer, aprender ou evoluir, inca-
paz de controlar as suas emoções, de
moderar as suas respostas ou absor-
ver e sintetizar informação.”
Em Too Much and Never Enough:
How My Family Created the World’s
Most Dangerous Man (Demasiado e
Nunca SuÆciente: Como a Minha
Família Criou o Homem Mais Perigo-
so do Mundo), Mary Trump conta
vários episódios da infância do Presi-
dente dos Estados Unidos, desde que
a sua mãe adoeceu, até ao impacte de
um pai ausente. “Donald sofreu pri-
vações que o marcaram para toda a
vida”, escreve a sobrinha de
Trump.
No centro dos traumas de infância
está Fred Trump, patriarca da famí-
lia, que morreu em 1999. Mary Trump
descreve o avô como um “sociopata”
e detalha uma pessoa que fazia
bullying regularmente a outros mem-
bros da família e que tinha um discur-
so anti-semita, racista, sexista e xenó-
fobo, que seria interiorizado por
Donald Trump.
“A atmosfera de divisão que o meu
avô criou na família Trump é a água
em que Donald sempre nadou, e a
divisão continua a beneÆciá-lo à cus-
ta de todos os outros”, escreve a psi-
cóloga clínica, num excerto divulga-
KEVIN LAMARQUE/REUTERS
do pelo New York Times.
Outro dos episódios relatados por
Mary Trump remete para a entrada
de Donald Trump na faculdade.
Segundo a sobrinha de Trump, o seu
tio pagou a outra pessoa para fazer o
teste de admissão na Wharton Busi-
ness School, no estado da Pensilvâ-
nia.
“Donald temia que a sua média,
longe das melhores da turma, o
pudesse deixar de fora. Por isso, con-
tratou Joe Shapiro, um rapaz com
reputação de ser muito inteligente,
para fazer o exame de admissão por
ele”, escreve Mary Trump, de acordo
com um excerto divulgado pelo
The Guardian.
Como é que alguém conseguiu
fazer-se passar por Trump durante
o exame não é claro, mas Mary
Trump garante que “naquela altura,
antes da identiÆcação com fotos e
dos registos em computador, era
muito mais fácil do que hoje”. Em
Fevereiro de 2019, acrescenta o New
York Times, o ex-advogado de Trump,
Michael Cohen, testemunhou que
Trump lhe deu ordens para ameaçar
processar quem pretendesse divul-
gar informação sobre a sua vida aca-
démica.
Desde que o livro foi anunciado
que o seu lançamento tem estado no
centro de uma batalha judicial, que
remonta a conÇitos no seio da família
Trump que duram há mais de 20
anos.
No livro, Donald Trump é comparado a uma criança pela sobrinha
Ao longo da sua vida, Mary Trump
tem sido posta de parte pelos pró-
prios familiares. É Ælha de Fred
Trump Jr., o irmão mais velho de
Donald Trump, que morreu alcoólico
quando Mary tinha dez anos. O seu
avô (pai de Donald) odiava a mãe de
Mary, Linda Clapp Trump, culpando-
a pelos problemas de Fred Trump Jr.
com o álcool.
Após a morte do pai, Mary e o
irmão, Fred Trump III, continuaram
a participar em alguns jantares de
família, festas de aniversário, bapti-
zados e casamentos, mas nunca
foram bem recebidos. Com a morte
do avô em 1999, Mary e Fred Trump
III descobriram que tinham sido
excluídos da herança. Nove meses
depois, os dois irmãos levaram o caso
para um tribunal de Nova Iorque,
alegando que Fred Trump sofria de
demência e que os Ælhos do patriarca,
incluindo Donald Trump, o tinham
manipulado para que os dois sobri-
nhos fossem excluídos do testamen-
to.
O caso levou a um acordo em Abril
de 2001, com Mary e Fred III a rece-
beram uma quantia não divulgada de
dinheiro, abdicando de outros activos
da herança. Foi ainda estabelecido
um acordo de conÆdencialidade,
para que os assuntos familiares não
fossem discutidos em público. A famí-
lia tentou a todo o custo impedir a
divulgação do livro de Mary Trump,
alegando violação do acordo de con-
Ædencialidade. Chegou a haver uma
interdição, mas foi anulada por um
tribunal de recurso. Para amanhã
está marcada uma nova audição,
onde será conhecida a decisão Ænal,
apesar de a editora Simon & Schuster
ter antecipado a data de lançamento
e o livro já ter chegado aos media.
Mary Trump foi ainda uma peça
fundamental para o The New York
Times noticiar os esquemas Æscais da
família, o que valeu um Pulitzer ao
jornal, numa reportagem em que
Fred e Donald Trump, pai e Ælho, são
apresentados como dois empresários
que, ao longo de décadas, se focaram
em contornar e defraudar o país em
centenas de milhões de dólares em
impostos.
pedro.reis@publico.pt

Exclusão de Portugal pelo Reino
Unido “carece de rigor cientíƊco”
Análise do Barómetro Covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública conclui que a decisão do Reino Unido
“carece de rigor técnico-cientíÄco e de transparência”, por desconsiderar outros indicadores de risco
Covid-19
Andrea Cunha Freitas
Uma equipa de investigadores da
Escola Nacional de Saúde Pública
(ENSP) analisou a decisão do Reino
Unido que impõe uma quarentena de
14 dias a todas as pessoas que viajem
de Portugal e conclui que esta medida
não tem fundamento cientíÆco. Os
cientistas defendem que o país está a
ser indevidamente penalizado pela
aplicação de um único critério (a inci-
dência de covid-19 superior a 20 casos
por cem mil habitantes nos últimos
14 dias) “que não reÇecte correcta-
mente a gravidade da epidemia no
país”. A análise nota que Portugal não
só cumpre os outros critérios que
deveriam ser considerados, mas tam-
bém está a ser prejudicado por reali-
zar testes que identiÆcam muitos
assintomáticos que passam desper-
cebidos noutros países e por não ser
tida em conta a desigual distribuição
regional dos casos no país.
A decisão do Reino Unido está erra-
da por vários motivos, segundo a
análise divulgada ontem por investi-
gadores do Centro de Investigação
em Saúde Pública da ENSP, da Uni-
versidade Nova de Lisboa, que tem
como título Portugal Devia Estar nos
Corredores Turísticos da Europa.
Assim, esta decisão (e, depreende-se,
todas as que sejam tomadas por
outros países baseadas na mesma
métrica) falha por considerar apenas
um critério epidemiológico sobre a
situação nacional da covid-19.
Falha também na avaliação desse
mesmo critério, por não o enquadrar
na realidade do país, e falha quando
não aceita que Portugal cumpre
outros critérios epidemiológicos. Por
Æm, falha ainda por não incluir outros
“indicadores de risco epidemiológi-
co” que deveriam sustentar decisões
deste tipo. “A decisão do Reino Unido
de não colocar Portugal no corredor
turístico seguro, devido à covid-19,
carece de rigor técnico-cientíÆco e de
transparência”, concluem os autores
do artigo, Vasco Ricoca Peixoto e Ale-
xandre Abrantes.
Sobre os indicadores de risco epi-
demiológico que deveriam ser tidos
em conta para esta decisão, a análise
Incidência de covid-19
Casos de covid-19 notificados em 14 dias por 100 mil habitantes
nas semanas 24 e 25 de 2020
Sem casos reportados
< 20
20 - 59,9
60 - 119,9
> 120
Sem dados reportados
Regiões não visíveis Países não visíveis
no mapa no mapa
Açores
Ilhas Canárias
Gronelândia
Madeira
Mapa das freguesias de Lisboa
em estado de calamidade
Mafra
Loures
Sintra
Odivelas
Amadora
Cascais
Oeiras
Fonte: ECDC/Escola Nacional de Saúde Pública; Governo de Portugal
nota que Æcam a faltar três dos quatro
critérios que deveriam também ser
considerados e que dizem respeito à
resposta dos sistemas nacionais de
saúde, opções de transporte aéreo
disponíveis e ao cumprimento da lei
e ordem no território nacional.
A verdade é que o Reino Unido
fundamenta a sua decisão no facto
de Portugal não cumprir unicamen-
Portugal está a ser
penalizado por ter
uma política de
testes abrangente
Vasco Ricoca Peixoto
e Alexandre Abrantes
Investigadores da ENSP
Malta
Liechtenstein
Lisboa
te o critério do número de casos por
100 mil habitantes, e que, de facto,
não cumpre. Os investigadores
defendem que esse incumprimento
não está a ser interpretado de uma
forma correcta e que, por si só, não
deveria ser suÆciente para avaliar a
situação epidemiológica do país.
“Interpretar valores de incidência de
casos reportados sem considerar
outros indicadores de risco epide-
miológicos, a distribuição geográÆca
e sem considerar que diferentes paí-
ses detectam diferentes percenta-
gens do total real de casos é errado
e levou à adopção de políticas inade-
quadas que, sem contribuir de forma
relevante para prevenir a transmis-
são, têm consequências negativas a
nível socioeconómico, político e
diplomático.”
Portugal está a ser injustamente
penalizado, dizem. “Portugal está a
ser penalizado por uma métrica (a
incidência de covid-19 por 100 mil
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 27
PÚBLICO
habitantes nos últimos 14 dias) que
não reÇecte correctamente a gravida-
de da epidemia no país, com graves
consequências económicas e sociais”,
insistem. Mas há mais: “Portugal está
a ser penalizado por ter uma política
de testes abrangente, que identiÆca
um grande número de casos assinto-
máticos e ligeiros que passam desper-
cebidos noutros países”.
E, por Æm, o país também está a ser
injustiÆcadamente punido “porque as
análises internacionais não tomam em
consideração a distribuição regional
dos casos, aplicando sanções a todo o
território nacional, com base em
números que se referem, em grande
parte, a 19 freguesias concentradas
numa zona geográÆca restrita, fora
dos circuitos turísticos”.
A análise da ENSP propõe ainda
que sejam considerados outros crité-
rios que estão a ser deixados de fora
e que poderiam alterar esta decisão.
“Decisões deste tipo”, referem,
CIÊNCIA
deviam considerar, por exemplo, as
taxas de incidência ajustadas para a
percentagem de casos reais detecta-
dos e o número de testes per capita,
bem como as taxas de positividade
nos últimos sete a 14 dias. Também
devia ser tida em conta a “percenta-
gem de novos casos assintomáticos e
a percentagem de testes realizados a
pessoas assintomáticas ou com sinto-
matologia ligeira, que não cabe na
deÆnição de caso covid-19 em vigor”.
Na balança de uma decisão com estas
implicações também deveria pesar o
“número médio de contágios por
infectado (Rt), a níveis geográÆcos
detalhados (concelho/freguesia), as
taxas de mortalidade e letalidade por
100 mil habitantes nos últimos sete a
14 dias e ainda as taxas de interna-
mento geral e em unidades de trata-
mento intensivo por 100 mil habitan-
tes nos últimos sete a 14 dias.
“A covid-19 é uma pandemia que
exige uma resposta concertada a nível
global e da União Europeia. As deci-
sões unilaterais do Reino Unido e de
outros países da União Europeia (Áus-
tria, Dinamarca, Grécia, e República
Checa), sem coordenação europeia,
e baseadas em critérios técnico-cien-
tíÆcos pouco rigorosos, estão a recom-
pensar economicamente países com
baixas taxas de detecção da infecção,
com prejuízo daqueles que estão a
detectar e reportar uma maior per-
centagem das infecções através de
estratégias de testes mais abrangen-
tes”, conclui a equipa da ENSP.
A utilização deste critério já tinha
sido questionada pelo presidente do
conselho nacional de Saúde, Henri-
que Barros, em declarações ao
PÚBLICO no Ænal do mês de Junho.
O epidemiologista defendeu que a
decisão era basicamente de natureza
política, não técnica. “Não faz senti-
do avaliar a epidemia usando este
denominador. Isto é tecnicamente
errado. Não se pode aplicar a uma
epidemia os critérios utilizados para
compreender a dinâmica de doenças
não transmissíveis”, sublinhou. Hen-
rique Barros aÆrmou ainda que “Por-
tugal tinha obrigação de responder a
estes países com argumentos técni-
cos e cientíÆcos”.
acfreitas@publico.pt
28 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
CULTURA
“E o que acontece se o circuito de
música ao vivo deixar de existir?”
Salas de concertos e clubbing unem-se
para demonstrar a importância cultural
e económica do circuito da música ao
vivo em Portugal e para debater medidas
de apoio urgentes ao sector
Música
Mariana Duarte
Impossibilitadas de exercer a sua
actividade principal desde o início
da pandemia, e sem perspectivas de
uma retoma sustentável, 23 salas de
música ao vivo aliaram-se para criar
a Associação Portuguesa de Salas de
Programação de Música. Com o pro-
cesso de constituição e formalização
prestes a ser Ænalizado, esta asso-
ciação vai juntar espaços e clubes
de Portugal continental e ilhas, cuja
âncora é a programação indepen-
dente e regular de concertos, DJ sets
e live acts, de artistas nacionais e
internacionais. Entre eles estão o
Musicbox, o Lux Frágil, as Damas,
o Village Underground e o Lounge
em Lisboa, o Maus Hábitos, o Plano
B, o Ferro e o Passos Manuel no Por-
to, o Salão Brazil em Coimbra, o
Carmo 81 em Viseu, a Sociedade
Harmonia Eborense em Évora, o
Barreirinha Bar Café no Funchal ou
o Club de Vila Real.
Independentemente de serem
estruturas mais ou menos sólidas,
com maior ou menor projecção,
todas elas estão em risco de desapa-
recer. Vivem, por natureza, do ajun-
tamento de pessoas, da proximidade
social, situações que estão no topo
da lista de coisas a não fazer durante
uma pandemia. “Neste momento
não há ninguém que esteja a salvo de
encerrar. Para uns é uma questão de
meses, para outros uma questão de
semanas”, diz Gonçalo Riscado,
director da CTL — Cultural Trend
Lisbon, empresa proprietária e ges-
tora do Musicbox, e um dos instiga-
dores da associação.
Lutar pelo reconhecimento da rele-
vância cultural, económica e social
do circuito independente da música
popular actual em Portugal, inscre-
vendo-o no debate público e político,
é, portanto, a missão quase de vida
ou morte desta associação. E é tam-
bém para chamar a atenção para este
circuito e os seus proÆssionais que o
Musicbox organizou, em parceria
com o São Luiz Teatro Municipal, o
ciclo de concertos Takeover #1 —
Musicbox no São Luiz. A partir de
hoje e até dia 19, o palco principal do
teatro vai ser ocupado por nomes
como Linda Martini, Batida, Lavoisier
ou Violeta Azevedo, Æcando uma das
noites entregue ao B.Leza, outro
espaço que integrará a associação.
Com este ciclo pretende-se tam-
bém “enviar uma mensagem de coo-
peração e entreajuda” entre diferen-
tes estruturas do tecido cultural,
estimular a “conÆança dos públicos”
e “pôr artistas e outros proÆssionais
a trabalhar”, num período em que
muitos deles viram as suas fontes de
rendimento cair a pique. Os músicos
e respectivas equipas vão receber
85% da bilheteira (excepto na noite
do B.Leza, que Æcam com 100%).
“Com os nossos 15% esperamos cobrir
os custos das equipas externas que
trabalham connosco e que quisemos
envolver”, indica Gonçalo Riscado.
Um ecossistema em risco
Num momento de crise generalizada
na cultura, artistas e agentes da
indústria musical de vários países
apelam aos respectivos governos por
medidas de apoio a um sector que,
no cenário mais optimista, não con-
seguirá funcionar sem fortes (e insus-
tentáveis) limitações até 2021 — por
outras palavras, até existir uma vaci- O circuito das salas de música ao vivo não conseguirá funcionar sem fortes limitações até 2021 — limitações q
na ou um tratamento contra o novo
coronavírus. Portugal não pode Æcar bará muito em breve.” Nenhuma das incluindo da música —, o Governo
de fora da discussão: são necessárias 23 casas deste novo agrupamento britânico anunciou uma injecção de
não só “medidas de emergência”, recebe apoios institucionais para a 1.57 mil milhões de libras no sector da
mas um programa que “garanta a sua actividade regular de programa- cultura, incluindo nos destinatários
estabilidade e sobrevivência futuras” ção musical — e “os três meses de as salas de música ao vivo.
deste circuito. “Parece incontornável Estes projectos são conÆnamento já foram, para muita Dentro do circuito musical portu-
que, nos próximos anos, o Estado gente, um sacrifício Ænancei- guês (e também a nível internacional),
terá um papel central, crítico, para a muitas vezes o ro enorme”. Como lembra não são só as salas que estão ameaça-
sobrevivência dos ecossistemas de ponto de partida o responsável do Musicbox, das. “É todo um tecido cultural, cria-
todas as áreas da cultura”, em Portu- há alguns países que já tivo e social, e muitos, muitos empre-
gal e no resto do mundo, assinala para a reabilitação estão a libertar verbas subs- gos”, avisa Daniel Pires, fundador e
Gonçalo Riscado. de certas zonas tanciais. No início da director do Maus Hábitos, e outro dos
“No caso do nosso circuito, preci- semana — e depois da impulsionadores da associação. Se
samos de saber como vamos ser Daniel Pires pressão concertada estes e outros espaços de música ao
envolvidos nessa estratégia. É urgen- Fundador e director de vários proÆssio- vivo colapsarem, milhares de artistas,
te, pois a capacidade de resistir aca- do Maus Hábitos nais das artes, técnicos, pequenas e médias agên-

que em muitos casos tornam insustentável a sua sobrevivência
cias, promotoras e editoras, proÆssio-
nais de comunicação, empregados de
bar e restauração são directamente
afectados. Sem esquecer a quantida-
de de espectadores que mobiliza: só
os números contabilizados entre as
salas deste agrupamento apontam
para um total anual de público na
casa de um milhão, num espectro de
mais de seis mil espectáculos por ano,
entre concertos e clubbing.
É preciso também ter em conta o
efeito dominó deste circuito no des-
envolvimento económico das cida-
des. “Quando nós temos concertos
alugamos quartos, pomos pessoas a
RICARDO JORGE CARVALHO
comer nos restaurantes e a beber nos
bares, geramos tráfego nos transpor-
tes públicos”, resume Daniel Pires.
Enquanto os grandes festivais de
música geram estes Çuxos ocasional-
mente, estas salas fazem-no continua-
damente “durante todo o ano”. Além
disso, aÆrma o responsável do Maus
Hábitos, estes projectos são “essen-
ciais” para a construção da identida-
de das cidades, para lhes dar vida.
“Muitas vezes são o ponto de partida
para a reabilitação de certas zonas”,
reforça Gonçalo Riscado. Basta pen-
sar em como o renascimento da Baixa
do Porto ou do Cais do Sodré foi ala-
vancado por salas e bares com música
ao vivo. Ou, mais recentemente e
noutro enquadramento, como as
Damas trouxeram novas vivências e
interacções ao bairro da Graça.
Apesar de a “importância estraté-
gica” e transversal do sector da músi-
ca ser uma realidade, em Portugal
ainda é preciso explicar a uma boa
parte da sociedade (governantes
incluídos) “por que é que este circui-
to é cultura”, aÆrma Gonçalo Riscado,
que faz mea culpa. “Essa também é a
nossa função. Devíamos ter-nos orga-
nizado e começado a criar esta asso-
ciação mais cedo.” Uma das princi-
pais razões para a desvalorização e
secundarização deste sector, acredita
Gonçalo, é o facto de ser enÆado na
gaveta do entretenimento, ao contrá-
rio do que acontece com áreas como
as artes performativas ou as artes
visuais. “Normalmente estes espaços
estão associados à economia noctur-
na e ela continua, para muita gente,
a ser um parente pobre das activida-
des culturais.”
É certo que o lado de entreteni-
mento está presente, e ainda bem,
nestes projectos. Contudo, há várias
características que os separam de
“espaços de diversão pura e dura
que vendem bebidas e que de vez
em quando se lembram de fazer
qualquer coisa”. Além de serem cru-
ciais para a criação, apresentação,
divulgação, promoção e circulação
da música portuguesa e de artistas
nacionais e internacionais que não
fazem parte de uma elite, estas salas
(as chamadas grassroots music
venues) são dirigidas “por pessoas
ligadas às artes e à cultura”, com
equipas especializadas, e “todo o
trabalho parte de uma lógica de pro-
gramação cultural”, que por vezes
integra outras disciplinas artísticas
além da música, esclarece Gonçalo
Riscado. Para poderem sobreviver,
têm de ter “serviços auxiliares”, que
passam pela venda de bebidas ou
restauração. “No caso do Musicbox,
a venda de bebidas representa 70 a
75% da facturação”, exempliÆca
Gonçalo. “A maioria são espaços
pequenos. Há estudos que demons-
tram que só as casas com lotação a
partir das 800 pessoas é que podem
ser viáveis apenas com a música ao
vivo.”
Medidas de apoio
Com as regras recentes do plano de
desconÆnamento, algumas das casas
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 29
23
As 23 salas que compõem esta
rede têm, nas suas equipas
regulares, 228 contratos de
trabalho e 379 prestadores de
serviços
que vão constituir a Associação Por-
tuguesa de Salas de Programação de
Música conseguiram abrir portas
para funcionar a meio-gás: em boa
parte apostando em esplanadas e
nos serviços de restauração, fora da
sua actividade central de programa-
ção musical. O Maus Hábitos, “que
não é exemplo para ninguém por-
que tem um espaço grande e areja-
do”, está a fazer concertos para um
máximo de 40 lugares sentados,
entre outras actividades culturais.
Mas este não é um modelo viável,
nem desejável, aÆrma categorica-
mente Daniel Pires. “É o formato
possível para ir mantendo isto vivo,
salvaguardar empregos e dar algum
trabalho aos músicos locais.”
Onde vão actuar
os artistas
emergentes e os
que já estão aí?
Onde é que vão
poder
experimentar
e arriscar?
Gonçalo Riscado
Director da CTL – Cultural Trend
Lisbon, que gere o Musicbox
Por isso é “urgente” uma tomada
de posição do Governo português.
Não havendo uma solução, em ter-
mos de saúde pública, para estes
espaços poderem reactivar as suas
actividades-âncora “com o mínimo
de condições de viabilidade” — a pro-
posta para “conseguir ir à luta” seria
ter dois terços da lotação das salas —,
é crucial que “se mantenha o apoio
do layoff simpliÆcado e que surja
uma nova solução para outro custo
Æxo, as rendas”. No total, as 23 salas
desta rede têm, nas suas equipas
regulares, 228 contratos de trabalho
e 379 prestadores de serviços.
Alguns representantes destas
casas já se reuniram com a ministra
da Cultura e com o secretário de
Estado do Comércio para debaterem
estas e outras medidas para o sector.
Acreditam ser importante que,
durante este período de incerteza,
as salas que tenham capacidade, no
que diz respeito às dimensões e
características de espaço, para des-
envolver actividades secundárias, o
possam fazer “sem comprometer os
apoios simpliÆcados”. Contudo,
adverte Gonçalo Riscado, não
podem “transformar-se em algo que
não são, seguindo os critérios apli-
cados à restauração, como tem sido
proposto por associações da área da
restauração”. “Não é esse o cerne
do nosso trabalho, não foi para isso
que criámos estas estruturas”, espe-
ciÆca Daniel Pires. Outra proposta
passa pela reconÆguração da actual
lei do mecenato cultural, de forma
a possibilitar que um número mais
alargado e diversiÆcado de estrutu-
ras e projectos possa ter acesso a
apoios privados, garantindo mais
benefícios Æscais para os mecenas.
Assinalou-se ainda o papel que as
autarquias podem e devem ter na
protecção deste circuito.
A juntar a isto, Daniel Pires alerta
para “importância de se criar um
programa de apoio especíÆco e
direccionado”, no âmbito dos con-
cursos da DGArtes, à programação
das salas de música ao vivo, que
poderia ser “articulada entre as
diversas casas”. Essa ideia de progra-
mação descentralizada e em rede já
foi testada com o Circuito Super
Nova, uma iniciativa do Maus Hábi-
tos patrocinada pela Super Bock que,
entre 2017 e o início deste ano, pôs
uma série de bandas e artistas da
nova música portuguesa a fazer
digressões por pequenas salas espa-
lhadas por Portugal continental e
ilhas. “Ao longo destes anos perce-
bemos como o projecto contribuiu
para incentivar estas casas a fazerem
mais concertos, e também para que
os músicos ganhassem conÆança
para entrar nesse circuito.”
Este mapeamento do território,
que implicou “sair da bolha das gran-
des cidades” e conhecer “outras rea-
lidades”, foi fulcral para projectar a
associação, destaca Daniel. “A capa-
cidade criativa está em todo lado, os
artistas surgem em todo o lado”,
nota Gonçalo Riscado, aproveitando
para propor um exercício doloroso,
mas urgente: “Se este circuito deixar
de existir, onde vão actuar os artistas
emergentes e os que já estão aí?
Onde é que vão poder experimentar
e arriscar? Vamos Æcar com um bura-
co gigantesco na cultura.”
30 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
CULTURA
Historiadores e museólogos
contestam escolha de Rita Rato
para direcção do Museu do Aljube
História
Isabel Salema
Ex-deputada do PCP não
terá currículo adequado ao
cargo nem cumpre os
requisitos pedidos pela
EGEAC, argumentam
Está a criar polémica a indicação de
Rita Rato, ex-deputada do Partido
Comunista Português (PCP), para
dirigir o Museu do Aljube — Resistên-
cia e Liberdade, um equipamento da
Câmara Municipal de Lisboa (CML)
criado em 2015 numa antiga prisão
da polícia política PIDE.
A escolha foi anunciada anteontem
pela Empresa de Gestão de Equipa-
mentos e Animação Cultural (EGEAC),
que gere os equipamentos culturais
da CML, num comunicado que adian-
ta que Rita Rato se destacou “pelo
projecto apresentado e pelo desem-
penho nas entrevistas realizadas com
o júri”. Licenciada em Ciência Política
e Relações Internacionais pela Uni-
versidade Nova de Lisboa, a militante
do PCP substituirá o historiador Luís
Farinha, que se reformou em Abril.
A inadequação do currículo da ex-
deputada aos principais requisitos
solicitados pela EGEAC no âmbito do
processo de recrutamento e o even-
tual peso da sua militância comunista
na decisão são alguns dos argumentos
invocados pelos especialistas ouvidos
pelo PÚBLICO e nas redes sociais.
Para a historiadora Irene Pimentel,
com várias obras publicadas sobre a
PIDE, o que se sabe do currículo de
Rita Rato não se adequa ao que era
pedido: “Que eu saiba, não tem
nenhuma experiência na área da
museologia, não é historiadora, nem
de história contemporânea nem de
história cultural. Não é curadora, não
é museóloga.” Tal como já tinha escri-
to na sua página de Facebook, Irene
Pimentel diz conhecer vários candi-
datos que estariam muito mais de
acordo com o perÆl divulgado pela
EGEAC: “São excelentes historiadores
de história contemporânea com expe-
riência em museologia.”
No referido aviso de recrutamento,
a EGEAC colocava em primeiro lugar
três pontos mais especíÆcos: “Forma-
ção superior adequada à função (pre-
ferencialmente na área de história
política e cultural contemporânea);
Experiência em funções similares
Rita Rato só tomará posse das suas novas funções em Agosto
Há o perigo de o
PCP hegemonizar
o património da
memória [das
prisões políticas
do Estado Novo]
Irene Pimentel
Historiadora
(preferencialmente na área dos
museus); Experiência em programa-
ção e produção de exposições”.
Irene Pimentel pergunta ainda, no
Facebook, por que razão não há con-
curso público para museus camará-
rios — “a escolha é por camarada-
gem?” Ao PÚBLICO, a historiadora
assume entender que a Æliação polí-
tica de Rita Rato “é capaz de ter tido
um papel importante”. “Há aspectos
da geringonça que ainda se mantêm.
E eu até era favor da geringonça, mas
falta de transparência em concurso é
que jamais. Esta pessoa não parece
ter minimamente os pontos princi-
ADRIANO MIRANDA
pais do perÆl que a própria EGEAC
conotou. Além disso, houve presos
de vários partidos políticos [nas pri-
sões da PIDE] e é preciso muito cui-
dado. Há o perigo de o [PCP] hegemo-
nizar o património dessa memória.
Sempre levantei essa questão.”
Ex-director estava no júri
Ao que o PÚBLICO apurou, a EGEAC
(que não está obrigada a fazer concur-
sos públicos) recebeu cerca de 60
candidaturas à direcção do Museu do
Aljube. Seguiram-se duas fases de
selecção que passaram por entrevis-
tas aos concorrentes. O júri foi com-
posto por Luís Farinha, o anterior
director do museu, e mais três cheÆas
da EGEAC: Joana Gomes Cardoso
(presidente), Manuel Bairrão Oleiro
(assessor para a área do património e
dos museus) e Joaquim René (director
de recursos humanos).
Segundo Joana Gomes Cardoso, “o
recrutamento contou com a partici-
pação activa do anterior director do
Museu do Aljube” porque se “preten-
de uma continuidade do projecto
desenvolvido nos últimos cinco
anos”, entendendo-se embora neces-
sário reforçar a área da comunicação
e captar novos públicos. Em resposta
enviada por email, a presidente da
EGEAC esclarece que “a candidata
seleccionada defendeu uma visão
integrada para o museu, incluindo
uma proposta de programação rela-
cionada com temáticas de liberdades
contemporâneas, como as questões
de género ou a inclusão social”, des-
tacando-se nessa abordagem na
segunda ronda de entrevistas. Quan-
ta à falta de currículo académico da
nova directora, Joana Gomes Cardoso
desvaloriza-a: “O museu conta com
uma equipa com sólida formação
académica e cientíÆca que continua-
rá a apoiar a nova direcção, assim
como o Conselho Consultivo, do qual
fará parte Luís Farinha.” Refutando
qualquer sugestão de esta ter sido
uma escolha política, garante que a
EGEAC “é uma instituição plural”.
Ressalvando desconhecer os outros
candidatos, e, em pormenor, o currí-
culo de Rita Rato, o presidente do
Conselho Internacional de Museus
(ICOM Europa), Luís Raposo, diz ao
PÚBLICO não achar mal “que os
directores de museu tenham alguma
notoriedade pública e não sejam ape-
nas tecnocratas cinzentos”,« mas
admite que “é uma escolha contro-
versa”, ainda que não considere obri-
gatória uma formação especíÆca em
museologia. O mais importante,
defende, é o conhecimento da colec-
ção e a capacidade de a fazer falar.
Já em relação ao processo, Raposo
diz que lhe “parece mal que os júris
de selecção de directores de museus
públicos, ou de empresas e fundações
com dinheiros públicos, sejam cons-
tituídos apenas ou sequer maiorita-
riamente por ‘gente da casa’”.
“Devem ser maioritários membros
independentes”, acrescenta.
Também o historiador António
Araújo, no seu blogue Malomil, con-
siderou que Rita Rato não tem com-
petência para dirigir o museu:
“Nomeá-la é um insulto grave aos his-
toriadores e investigadores portugue-
ses, a gente competente e indepen-
dente, aos cidadãos desta Lisboa, aos
resistentes e às vítimas pela liberda-
de, a todas elas, sem excepção, aos
que lutaram e sofreram no Tarrafal,
em Auschwitz, no gulag, na Coreia do
Norte, em Hong Kong.”
Nem Rita Rato, que tomará posse
apenas em Agosto, nem o director
cessante do Museu do Aljube, Luís
Farinha, estiveram disponíveis para
falar ao PÚBLICO.
isabel.salema@publico.pt
Breves
Música
Red Hot Chili Peppers
juntam-se ao cartaz
do Nos Alive para 2021
Já com as datas de 2021
fixadas — 7, 8, 9 e 10 de Julho
—, o festival Nos Alive
anunciou ontem a entrada de
um novo nome no cartaz da
sua próxima edição, o dos Red
Hot Chili Peppers. A banda,
que actuará no dia 8, regressa
a Portugal quatro anos depois
da sua passagem pelo SBSR,
tendo agora de volta às suas
fileiras o guitarrista John
Frusciante. O cartaz do
próximo Nos Alive já incluía o
regresso dos Da Weasel, bem
como Alt- J, Two Door Cinema
Club, Angel Olsen, Caribou,
Parcels, Black Pumas,
Fontaines D.C., Nothing But
Thieves, Moses Sumney, Hobo
Johnson and The Lovemakers,
Alec Benjamin, Seasick Steve
e Sea Girls.
Óbito
Morreu o actor de
teatro e televisão
Armando Venâncio
O actor Armando Venâncio,
um dos pioneiros do teatro
independente em Portugal,
morreu anteontem, em Lisboa,
aos 94 anos, anunciou a Casa
do Artista, onde viveu os
últimos anos da sua vida.
Nascido na Marinha Grande
em 1925, iniciou a sua carreira
aos 19 anos com a Companhia
Rafael de Oliveira e esteve
depois na fundação do Teatro
Estúdio de Lisboa e do Teatro
do Povo, tendo passado ainda
pela Companhia Rey
Colaço-Robles Monteiro, pela
Casa da Comédia e pelo Teatro
Maria Matos. Foi, porém, a
televisão que o tornou familiar,
das noites de teatro da RTP na
década de 1960 à série Médico
de Família, da SIC, passando
por duas das primeiras
telenovelas portuguesas,
Origens e Chuva na Areia.

Torna-se público que, por deliberação do
Conselho de Administração de 28 de maio
de 2020, se encontra aberto, pelo prazo de
10 dias úteis, a contar da data de publici-
tação do presente extrato, o procedimento
CONHEÇA concursal com vista à constituição de reser-
A NOSSA va de recrutamento de enfermeiros, para ce-
lebração de contratos de trabalho sem ter-
SELECÇÃO mo, a termo resolutivo certo/a e/ou a termo
DE
resolutivo incerto.
Os requisitos, gerais e especiais e o perfil
de competências exigido, a composição
PRODUTOS GOURMET
do júri, os métodos e critérios de seleção
e outras informações de interesse para a
apresentação das candidaturas e para o de-
senvolvimento do procedimento concursal
em apreço, constam da publicitação inte-
gral do aviso de abertura, inserto na página
eletrónica do Hospital de Braga, E.P.E. -
https://www.hospitaldebraga.pt/venha-tra-
balhar-connosco
Braga, 08 de julho de 2020
Associação Nacional dos Deficientes
Sinistrados no trabalho
Assembleia Geral Ordinária
Convocatória
Convocam-se os sócios da Associação Nacional dos
Deficientes Sinistrados no Trabalho, a reunir em
Assembleia Geral Ordinária, no dia 25 de julho de 2020,
(sábado) pelas 14:30 horas, no auditório da CNOD-PORTO
sito no Bairro do Cerco do Porto, Bloco n.º 3, traseiras, na
cidade do Porto, com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS:
1. Apreciação, discussão e votação do Relatório de
Atividades de 2019;
2. Apreciação, discussão e votação do Relatório e
Contas de 2019;
3. Informações de caracter geral.
Nota: Se à hora designada não estiverem presente o
número suficiente de sócios, a Assembleia reunirá uma hora
depois, em conformidade com o disposto no artigo 31.º dos
Estatutos.
Os Relatórios de Atividades e de Contas de 2019 encontram-
se afixados para consulta, na sede e delegações da ANDST
e, em www.andst.pt.
Os sócios que pretendam participar por meios à distância,
por videoconferência, devem fazê-lo utilizando a plataforma
Zoom com o ID n.º 330 449 5471.
Instalação do programa: https://zoom.us/DOWNLOAD
Tutorial: https://www.youtube.com/watch?v=tczrzrMbmo8
Senha da reunião: 9dbfvd
PS. Em conformidade com as Recomendações da DGS,
é obrigatório o uso de máscara facial, e a desinfeção das
mãos à entrada.
loja.publico.pt Porto 9 de Julho de 2020
INFO: 210 111 010 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Rui Pedro Melo Ferreira
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível do Seixal
Juiz 1
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Processo: 1380/20.7T8SXL
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de
ANÚNCIO
Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular Acompanhamento de Maior
de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, Requerente: Ministério Público
de âmbito nacional, especificamente constituída para Beneficiária: Julieta Maria Santos
promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos Campos
Faz-se saber que foi distribuído,
seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados neste tribunal, o processo de
em todo o país. Acompanhamento de Maior em
Oferece Informação sobre a doença, Formação para que é beneficiária Julieta Maria
cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Santos Campos, data nascimen-
Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade. to de 20-08-1928, filha de Antó-
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal nio Maria Campos e de Gerarda
Augusta dos Santos Campos,
participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre NIF 144661543, BI 260840, com
as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos domicílio na Rua Dr. Aristides
mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o Sousa Mendes, n.º 56, 2840-244
seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia Seixal, com vista à determinação
de medidas adequadas.
e tratamentos.
N/ Referência: 397448203
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
Seixal, 07-07-2020.
A Juíza de Direito,
- Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2
Laura Maria Dias Godinho
Ribeiro Rações
- Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, O Oficial de Justiça,
José Pires
n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril
Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org Público, 09/07/2020
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente
EMPREGO
n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra
Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17,
3100-523 Pombal Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré,
PESQUISE INSCREVA-SE EM
Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim
EMPREGO AQUI EMPREGO.PUBLICO.PT
Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da
Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro
Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
OPORTUNIDADE DE CRÉDITO
CRÉDITOS DE
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Sem Hipotecas...
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exemplo:
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100 mil x 380,00 euros em 360 meses. mtic:136.800.00
tan: de 1.03% - taeg: de 1.99%
sites: www.pactualbtg.com.br
mails: digital@pactualbtg.com.br
tel.: 005531994371288 - Dr. Diogo de Oliveira
tel.: 005531992156941 - Dr. Márcio Brandão
instituição autorizada pelo Banco de Portugal
MUNICÍPIO DE ALMADA
CÂMARA MUNICIPAL
AVISO
Licenciamento do loteamento n.º 166/80, para a propriedade sita na
Quinta da Areia, no Feijó, com a área total 10680,00m2, descrita na 2.ª
Conservatória do Registo Predial de Almada sob o n.º 3772/20170831,
União das freguesias de Laranjeiro e Feijó.
Nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 22.º, do Decreto-Lei n.º
555/99 de 16 de dezembro, na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 136/2014
de 09 setembro e n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento Urbanístico do Município
de Almada - RUMA, publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 93 de 14 de
maio de 2008, AVISA-SE E TORNA-SE PÚBLICO, que através do Edital n.º 1/20,
afixado em 2020/06/02, foi aberto o período de discussão pública, pelo prazo
de 10 (dez) dias úteis, a contar decorridos que sejam 8 (oito) dias sobre a data
da afixação do Edital mencionado, relativa ao pedido de licença de loteamento
n.º 166/80.
1 - O projeto da operação de loteamento consiste nas seguintes propostas,
consubstanciadas na planta síntese de loteamento:
a) Constituição de um destinado a Comércio (lote 2), com a área de 3449.85m2,
áreas de implantação / construção de 2700m2 (2 pisos) e demais especificações
constantes no quadro sinóptico da planta síntese;
b) Constituição de um lote destinado a habitação (Lote 1), com a área de
220.68m2, e demais especificações constantes no quadro sinóptico da planta
síntese;
c) Cedência para o domínio privado da CMA das parcelas C, D e E, respetivamente
com as áreas de 10.10m2, 82.00m2 e 138.00m2 - para complemento dos lotes
36/32, 2/20 e 32/32, do lote 33/32 B, com a área de 187.50m2, e do lote para
instalação de um posto de transformação (PT), com a área de 38.5 m2;
d) Cedência para domínio público municipal das parcelas A (Espaço verde) e B
(lazer), respetivamente com as áreas de 2156.57 m2 e 891.3 m2, e das parcelas
destinadas a arruamentos, passeios e estacionamento (3574.55m2), totalizando
6622.42m2.
Todos os interessados poder-se-ão pronunciar, por escrito, no prazo supra
identificado, mediante requerimento dirigido à Exma. Sra. Presidente da Câmara
Municipal de Almada, e a remeter ou entregar no Departamento de Administração
Urbanística, sito na Av.ª D. Nuno Álvares Pereira n.º 67, 2800-181 Almada.
Informa-se, por último, que o processo administrativo poderá ser objeto de
consulta, no Departamento de Administração Urbanística, na morada supra, no
seguinte horário, das 8.30 h às 15.00 h.
Por delegação de competência ao abrigo do n.º 2 do art.º 36 da Lei n.º 75/13
de 12 de setembro e despacho da Sra. Presidente n.º 84/2017-2021, de 13 de
novembro de 2017.
Almada, 4 de junho de 2020.
A Vereadora da Proteção Civil e Segurança, Assuntos Jurídicos e Fiscalização
Municipal, Administração Urbanística e Atendimento ao Munícipe
Francisca Luís Baptista Parreira
EM PARCERIA COM
Público ClassiÄcados • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 31
SEMAPA - Sociedade de Investimento
e Gestão, SGPS, S.A.
Sociedade Aberta
Sede: Av.ª Fontes Pereira de Melo, n.º 14 - 10.°, Lisboa
Capital Social: 81.270.000 Euros
N.º Pessoa Coletiva e Matrícula na C.R.C. de Lisboa: 502.593.130
CONVOCATÓRIA
ASSEMBLEIA DE OBRIGACIONISTAS
EMISSÃO DE OBRIGAÇÕES “SEMAPA 2014-2020”
CÓDIGO ISIN: PTSEMGOE0002
Nos termos dos artigos 101.º-A e 101.º-C do Código das
Sociedades Comerciais, os obrigacionistas devem reunir-
se em assembleia de obrigacionistas para se pronunciarem
sobre a fusão por incorporação da sociedade SEINPAR
Investments B.V. na sociedade SEMAPA - Sociedade de
Investimento e Gestão, SGPS, S.A., na sequência da publicação
do registo de projecto de fusão, no passado dia 29 de Junho
de 2020, relativamente aos possíveis prejuízos que para os
obrigacionistas possam surgir da referida fusão.
Nessa medida, nos termos do artigo 355.º, n.º 2 do Código
das Sociedades Comerciais, convoco todos os obrigacionistas
(“Obrigacionistas”) detentores de obrigações da emissão
obrigacionista “SEMAPA 2014-2020”, com o código ISIN
PTSEMGOE0002 emitida pela SEMAPA - Sociedade de
Investimento e Gestão, SGPS, S.A. para se reunirem em
assembleia de obrigacionistas, a realizar no próximo dia 31
de Julho de 2020, pelas 15 horas, no 17.º piso do edifício da
sede social da SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão,
SGPS, S.A., sito em Lisboa, na Av.ª Fontes Pereira de Melo, n.º
14, com a seguinte
ORDEM DE TRABALHOS:
Ponto Único: Deliberar sobre a fusão por incorporação,
relativamente aos possíveis prejuízos para os senhores
obrigacionistas, nos termos e para os efeitos dos n.ºs 2 e 3
do artigo 101.º-C do Código das Sociedades Comerciais, da
sociedade SEINPAR Investments B.V., uma sociedade fechada
de responsabilidade limitada (besloten vennootschap met
beperkte aansprakelijkheid) constituída ao abrigo da lei dos
Países Baixos, com sede social em Amesterdão, Países Baixos,
e escritório em Industrieweg 16, 2102 LH Heemstede, Países
Baixos, registada no Registo Comercial Holandês sob o número
34178044, enquanto sociedade incorporada, na SEMAPA -
Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A., enquanto
sociedade incorporante.
Caso a Assembleia de Obrigacionistas não possa reunir-se
na primeira data marcada, por insuficiente representação do
quórum exigido, convoca-se desde já, nos termos e ao abrigo
do disposto no n.º 4 do artigo 383º do Código das Sociedades
Comerciais, nova Assembleia de Obrigacionistas para reunir,
com a mesma Ordem de Trabalhos, em segunda data, no
mesmo local, no dia 8 de Setembro de 2020, pelas 15 horas.
I. Informação
A Assembleia de Obrigacionistas será presidida pelo Presidente
da Mesa da Assembleia Geral da SEMAPA - Sociedade
de Investimento e Gestão, SGPS, S.A., na ausência de um
Representante Comum dos Obrigacionistas.
Informam-se os Senhores Obrigacionistas que o projeto de
fusão foi já registado na Conservatória do Registo Comercial
e que se encontram à sua disposição para consulta, na sede
social da SEMAPA - Sociedade de Investimento e Gestão,
SGPS, S.A., o projeto de fusão e demais documentação anexa.
Nos termos dos artigos 101.º-A e 101.º-C do Código das
Sociedades Comerciais, os Senhores Obrigacionistas cujos
créditos sejam anteriores à publicação do projeto de fusão
podem reunir-se em Assembleia de Obrigacionistas, no prazo
de um mês, para deliberar sobre a fusão e, em caso de não
aprovação, o exercício do direito de oposição judicial, com vista
a serem coletivamente representados, com fundamento no
prejuízo que dela derive para a realização dos seus direitos, nos
termos do disposto no artigo 101.º-C, n.ºs 2 e 3, do Código das
Sociedades Comerciais.
A participação e funcionamento da Assembleia de
Obrigacionistas regem-se pelo disposto nas Condições
das Obrigações constantes do Prospeto de admissão à
negociação no Euronext Lisbon gerido pela Euronext Lisbon –
Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A. de 800
obrigações escriturais, ao portador, com valor nominal unitário
de € 100.000, representativas do empréstimo obrigacionista
SEMAPA 2014-2020 no montante global de € 80.000.000, na
lei, designadamente nos artigos 101.º-C e 355.º e seguintes do
Código das Sociedades Comerciais, e, bem assim, de acordo
com as demais disposições regulamentares aplicáveis.
A partir da data da divulgação da presente convocatória, será
facultada para consulta dos Obrigacionistas, na sede social, no
sítio da Sociedade na Internet (www.semapa.pt) e no sítio da
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários na Internet (www.
cmvm.pt), a informação prevista na lei, incluindo o projeto de
fusão.
Em virtude de a sociedade incorporante deter integralmente
o capital social da sociedade a incorporar, informa-se os
senhores Obrigacionistas que a fusão será concretizada sem
prévia deliberação das assembleias gerais das sociedades
envolvidas, nos termos do disposto no artigo 116.º do Código
das Sociedades Comerciais mas sem prejuízo da alínea d), do
número 3 do referido artigo.
II. Participação na Assembleia de Obrigacionistas
Às reuniões da Assembleia de Obrigacionistas poderão assistir:
a) Os Senhores Obrigacionistas ou os seus representantes;
b) Os membros dos órgãos de administração e de fiscalização
da sociedade emitente e os seus mandatários legais;
c) Os representantes comuns dos titulares de obrigações de
outras emissões
d) O presidente da mesa da assembleia geral da sociedade
emitente;
e) O secretário da mesa da assembleia geral da sociedade
emitente;
f) O secretário da sociedade emitente; e
g) Qualquer outra pessoa cuja presença seja aprovada pelas
pessoas presentes na Assembleia de Obrigacionistas ou por
outra forma autorizada nos termos legais.
A participação na Assembleia de Obrigacionistas depende da
comprovação da qualidade de obrigacionista às 00:00 horas
(GMT) do dia 24 de Julho de 2020, adiante Data de Registo,
que corresponde ao 5.º dia de negociação anterior ao da
realização da Assembleia de Obrigacionistas.
Os Obrigacionistas que pretendam participar na Assembleia de
Obrigacionistas devem declará-lo, através de comunicações
dirigidas, respetivamente, ao Presidente da Mesa da
Assembleia Geral e ao Intermediário Financeiro junto do qual
a conta de registo individualizado das respetivas obrigações
esteja aberta, devendo essas comunicações ser recebidas, o
mais tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 23 de Julho de
2020, podendo os Obrigacionistas, para o efeito, utilizar os
formulários disponíveis na sede social e no sitio da Sociedade
na Internet (www.semapa.pt); as referidas declarações para o
Presidente da Mesa da Assembleia Geral podem ser remetidas
por correio eletrónico para o endereço ag@semapa.pt.
O Intermediário Financeiro que tenha sido informado da
intenção do Obrigacionista de participar na Assembleia
de Obrigacionistas, deve enviar ao Presidente da Mesa da
Assembleia Geral a informação sobre o número de obrigações
registadas em nome desse Obrigacionista, com referência à
Data de Registo, devendo essa informação ser recebida, o mais
tardar, até às 23:59 horas (GMT) do dia 24 de Julho de 2020;
essas comunicações podem, igualmente, ser remetidas por
correio eletrónico para o endereço ag@semapa.pt.
A participação e o exercício do direito de voto na Assembleia
de Obrigacionistas não são prejudicados pela transmissão de
obrigações em momento posterior à Data de Registo, nem
depende do bloqueio das mesmas entre esta data e a data da
Assembleia de Obrigacionistas.
Os Obrigacionistas que, tendo declarado a intenção de
participar na Assembleia de Obrigacionistas, vierem a transmitir
a titularidade de obrigações no período compreendido entre
a Data de Registo e o fim da Assembleia de Obrigacionistas,
deverão comunicar essa transmissão imediatamente ao
Presidente da Mesa da Assembleia Geral, podendo, para o
efeito, e no caso da comunicação a dirigir ao Presidente da
Mesa da Assembleia Geral, remeter essa informação por correio
eletrónico para o endereço ag@semapa.pt.
Os Obrigacionistas que, a título profissional, detenham
obrigações em nome próprio mas por conta de clientes e que
pretendam votar em sentido diverso com as suas obrigações,
para além da declaração de intenção de participação na
Assembleia de Obrigacionistas e do envio, pelo respetivo
Intermediário Financeiro, da informação sobre o número
de obrigações registadas em nome do seu cliente, deverão
apresentar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, até às
23:59 horas (GMT) do dia 24 de Julho de 2020, e com recurso
a meios de prova suficientes e proporcionais, (i) a identificação
de cada cliente e o número de obrigações a votar por sua conta
e, ainda, (ii) as instruções de voto, específicas para cada ponto
da ordem de trabalhos, dadas por cada cliente.
III. Representação na Assembleia de Obrigacionistas
Os Obrigacionistas podem fazer-se representar, na Assembleia
de Obrigacionistas, por quem entenderem, mediante simples
carta dirigida ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
enquanto presidente da Assembleia de Obrigacionistas,
podendo, para o efeito, obter um formulário de procuração
através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou
mediante solicitação na sede social.
Qualquer Obrigacionista pode nomear diferentes
representantes relativamente às obrigações que detiver em
diferentes contas de valores mobiliários.
Os instrumentos de representação voluntária dos
Obrigacionistas, quer sejam pessoas singulares ou coletivas,
deverão ser entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia
Geral, por forma a que sejam recebidos ate ao dia 27 de Julho
de 2020, podendo, igualmente, ser remetidos por correio
eletrónico para o endereço ag@semapa.pt.
IV. Voto por correspondência
Os Obrigacionistas podem, também, votar por correspondência,
nos termos legais e estatutários, mediante (i) suporte papel ou
(ii) correio electrónico.
O voto por correspondência, em suporte papel, deve realizar-se
da seguinte forma:
a) Deve ser dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia
Geral, e recebido na sede social até ao dia 30 de Julho de 2020
um sobrescrito contendo as declarações de voto;
b) O sobrescrito deve conter (1) carta dirigida ao Presidente da
Mesa, com assinatura reconhecida, manifestando a vontade de
votar, e (2) a declaração de voto para o ponto único da Ordem
de Trabalhos, em sobrescrito fechado e independente com a
indicação exterior do ponto único da Ordem de Trabalhos a
que se destina;
c) Os votos emitidos são computados no momento de
apuramento dos votos emitidos presencialmente na
assembleia, valendo como votos negativos em relação as
propostas apresentadas ulteriormente a sua emissão;
d) Os Obrigacionistas podem igualmente obter o modelo de
carta para o exercício do voto por correspondência através do
sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou mediante a
sua solicitação na sede social.
Os Obrigacionistas que pretendam votar por correspondência
por correio eletrónico deverão:
a) Dirigir ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, por
correio electrónico, para o endereço ag@semapa.pt até ao dia
30 de Julho de 2020 uma mensagem de correio electrónico
contendo, em anexo, os ficheiros, em formato PDF, previstos
nas alíneas seguintes;
b) A mensagem de correio electrónico a que se refere a alínea a)
antecedente, deverá conter em anexo (1) declaração dirigida ao
Presidente da Mesa, em formato PDF, devidamente assinada -
de acordo com a assinatura constante do respectivo documento
de identificação válido, cuja cópia deverá acompanhar a
mesma declaração -, manifestando a vontade de votar, e (2)
a declaração de voto relativa ao ponto único da Ordem de
Trabalhos, em formato PDF;
c) Os votos emitidos por este meio serão computados no
âmbito do apuramento dos votos emitidos presencialmente
na Assembleia de Obrigacionistas, valendo como votos
negativos em relação à proposta apresentada ulteriormente à
sua emissão, e
d) Os Obrigacionistas podem obter o modelo de comunicação
para o exercício do voto por correspondência electrónica
através do sítio da sociedade na Internet (www.semapa.pt) ou
mediante solicitação por correio electrónico para o endereço
ag@semapa.pt.
V. Quórum
Nos termos da condição 15.15.3 das Condições das Obrigações
constantes do Prospeto de admissão à negociação no Euronext
Lisbon, gerido pela Euronext Lisbon – Sociedade Gestora de
Mercados Regulamentados, S.A., de 800 obrigações, com valor
nominal unitário de € 100.000, representativas do Empréstimo
Obrigacionista Semapa 2014-2020, não se tratando esta de uma
deliberação extraordinária de acordo com a condição 15.15.8, o
quórum exigido para que - numa Assembleia de Obrigacionistas
convocada - seja aprovada uma deliberação extraordinária, será
de uma pessoa ou pessoas que detenham ou representem
quaisquer das Obrigações em dívida, independentemente do
montante em causa.
Advertem-se ainda os Senhores Obrigacionistas que a ausência
de deliberação expressa, no âmbito desta Assembleia, no
sentido da oposição à fusão e nomeação de representante
para o efeito implicará o não exercício do direito de oposição
nos termos do disposto nos artigos 101.º-A a 101.º-C do CSC.
VI. Outras informações
Para que a Assembleia de Obrigacionistas delibere sobre o
ponto único da ordem de trabalhos, será necessário que a
votação seja tomada por maioria absoluta dos Obrigacionistas
presentes ou representados.
A deliberação adotada pela Assembleia de Obrigacionistas
vincula todos os Senhores Obrigacionistas, quer tenham estado
ou não presentes e ainda que tenham votado em sentido
contrário ao da deliberação.
Caso o Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
atendendo ao contexto resultante da pandemia emergente
da Covid-19, vier a considerar que não estão reunidas as
condições de segurança necessárias à realização da presente
Assembleia de modo presencial, o mesmo poderá alterar o
modo da sua realização para meios exclusivamente telemáticos,
procedendo-se oportunamente à divulgação dessa decisão e
dos procedimentos que vierem a ser definidos, no sentido de
assegurar a participação dos Senhores Obrigacionistas na
referida Assembleia de Obrigacionistas.
Lisboa, 7 de Julho de 2020
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
Francisco Xavier Zea Mantero
32 • Público ClassiÄcados • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

União Europeia

Candidaturas abertas ao Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração

EDITAL PARA CONTRATAÇÃO DE EMPREGADA(O) DE LIMPEZA - Referência: S.C._CTT_UNI/01/2020
Aviso/Concurso nº 86/FAMI/2020 Nos termos legais, torna-se público que o UNINOVA – /ŶƐƟƚƵƚŽ ĚĞ ĞƐĞŶǀŽůǀŝŵĞŶƚŽ ĚĞ EŽǀĂƐ dĞĐŶŽůŽŐŝĂƐ͕ ƉŽƌ
1. Nos termos do número artigo 1.º e seguintes da portaria n.º 407/2015, de 24 de novembro, encon- ĚĞĐŝƐĆŽ ĚĂ ŽŵŝƐƐĆŽ džĞĐƵƟǀĂ͕ ĂďƌĞ ĐŽŶĐƵƌƐŽ ƉĂƌĂ Ă ĐŽŶƚƌĂƚĂĕĆŽ ĚĞ ŵƉƌĞŐĂĚĂ;ŽͿ ĚĞ >ŝŵƉĞnjĂ͕ ĂƚƌĂǀĠƐ ĚĞ Ƶŵ
tra-se a decorrer, entre 7 de julho e 1 de agosto de 2020 o período de candidaturas ao Aviso-Concurso ĐŽŶƚƌĂƚŽĚĞƚƌĂďĂůŚŽĂƚĞƌŵŽĐĞƌƚŽ͕ƉĂƌĂƌĞĂůŝnjĂƌƚĂƌĞĨĂƐĚĞůŝŵƉĞnjĂŶŽƐĞƐƉĂĕŽƐĚŽhE/EKs͘
do Programa Nacional do Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI) para os seguintes
objetivos:
Objetivo Específico OE 3 – Regresso
Objetivo Nacional ON2 – Medidas de Regresso K ĂǀŝƐŽ ŝŶƚĞŐƌĂů ĚĞƐƚĞ ƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽ ĞƐƚĂƌĄ ĚŝƐƉŽŶşǀĞů ŶŽ ĞĚŝİĐŝŽ ĚŽ hE/EKs Ğ ŶŽ ƐşƟŽ ĞůĞĐƚƌſŶŝĐŽ ĚŽ
2. As candidaturas a financiar devem promover o cumprimento dos objetivos definidos nos documen- hE/EKsͬd^͗ŚƩƉƐ͗ͬͬĐƚƐ͘ƵŶŝŶŽǀĂ͘Ɖƚ
tos supramencionados tendo como prioridade a:
• promoção de mecanismos de retorno voluntário e reintegração de NPT; YƵŝŶƚĂĚĂdŽƌƌĞ͕ϬϴĚĞ:ƵůŚŽĚĞϮϬϮϬ͘
• realização de medidas tendentes à efetivação do retorno voluntário de NPT;
• definição e operacionalização de um sistema de monitorização do retorno voluntário em todas as
suas fases e tipologias.
3. Ações elegíveis:
• Ações de pré-embarque e de afastamento de Nacionais de Países Terceiros (NPT), no âmbito volun-
tário (assistido ou não);
• Ações de acompanhamento da reintegração no país de origem;
• Ações de divulgação das condições e programas de regresso aos países de origem;
• Criação e aperfeiçoamento de sistemas de monitorização e eficazes de controlo dos regressos volun-
tários, em conformidade com as normas estabelecidas na legislação da União.

CONHEÇA A NOSSA SELECÇÃO

4. Tipo de Entidades Beneficiárias
Para os efeitos previstos no presente aviso, podem candidatar-se as entidades que se enquadrem

DE VINHOS E PRODUTOS GOURMET

no artigo 2.º da Portaria n.º 407/2015, de 24 de novembro. Cada entidade candidata apenas pode
apresentar uma candidatura.
5. No âmbito do presente aviso, encontra-se afeta a dotação de Fundo para o Asilo, a Migração e a
Integração de 1 104 574,00 € (um milhão, cento e quatro mil, quinhentos e setenta e quatro euros).
6. O FAMI financia 75% do total das despesas elegíveis de uma candidatura.
7. As candidaturas são apresentadas, através da submissão de formulário eletrónico, na plataforma
SI GFC, Sistema Integrado de Informação e Gestão do QFP 2014-2020, disponibilizado em EDIFÍCIO
https:// www.sigfc.sg.mai.gov.pt EDIFÍCIO
DIOGO CÃO
8. Estão disponíveis para consulta, o calendário de avisos, a versão completa do aviso, respetivos DIOGO
DOCA CÃO
DE ALCÂNTARA
NORTE,
DOCA DELISBOA
ALCÂNTARA
documentos programáticos aprovados, normas técnica e de gestão, manuais e outra documentação (JUNTO AO
NORTE, LISBOA
em http://www.sg.mai.gov.pt (Portal SGMAI) MUSEU
(JUNTODO AOORIENTE)
9. Os pedidos
p de informação devem ser dirigidos para o endereço: gestao.fundos.comunitarios@sg.mai.gov.pt, HORÁRIO:
MUSEU DO ORIENTE)
2.
HORÁRIO: 9H – 19H
ª – 6.ª FEIRA:
ou podendo ainda ser obtidos através do número 21 358 37 32. SÁBADO: 11H – 17H
A Autoridade Responsável
Ricardo Carrilho MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010

O grande desafio mundial

do século XXI
DA CONSAGRADA INTELECTUAL ITALIANA
DONATELLA DI CESARE
Perceba as implicações e precedentes políticos e sociais

1SE1X,T9A, 017 J€UL

da pandemia do coronavírus. Da questão ecológica
ao governo dos especialistas, do Estado de excepção
à democracia imunitária, do domínio pelo medo ao contágio
da conspiração, do distanciamento forçado ao controlo
COM O PÚBLICO
digital, a autora reconstrói, no seu estilo pessoal, as fases
dramáticas desta pandemia. Uma obra essencial sobre
a complexidade que nos envolve, mas acima de tudo,
uma oportunidade para repensarmos as nossas atitudes
rumo a uma nova forma de coabitação mais recíproca.
loja.publico.pt

PARA SABER OS PONTOS DE VENDA

QUE RECEBERAM ESTE LIVRO
com tradução de CONTACTE-NOS PARA
ANTÓNIO GUERREIRO coleccoes@publico.pt
– cronista do Público ou para 808 200 095/210 111 020

St oc k lim ita do

CINEMA
Focus
Hollywood, 17h40
Nicky Spurgeon é um vigarista
proÆssional que resolve ajudar
Jess, uma atraente burlona, mas
que se afasta sem explicações
quando a relação Æca mais íntima.
Três anos depois, reencontram-se.
Ela tornou-se uma criminosa de
sucesso e vai deixar-se envolver
no mais recente esquema de
Nicky… Mas apenas para o deixar
fora de jogo. Uma comédia negra
de Glenn Ficarra e John Requa,
com Will Smith, Margot Robbie e
Rodrigo Santoro.
O 5.º Elemento
Fox Movies, 19h18
Luc Besson combina tendências
místicas antigas com disposições
futuristas associadas a novas
tecnologias, num Ælme de look
cyberpunk em que se cruzam
personagens Çamejantes,
mercenários, extraterrestres e um
ex-agente especial chamado
Korben Dallas (Bruce Willis),
agora taxista. Eis que lhe cai no
banco de trás do carro voador a
“chave” da salvação da Terra:
Leeloo (Milla Jovovich). O Ælme
valeu a Besson o César de Melhor
Realizador e foi nomeado para um
Óscar, pelos efeitos sonoros.
A Árvore da Vida
AXN Movies, 23h15
Terrence Malick Ælma a existência
de Jack (Hunter McCracken
enquanto jovem; Sean Penn em
adulto) desde o nascimento, nos
anos 1950, até à idade adulta. Jack
cresce entre duas visões
divergentes — o autoritarismo de
um pai ambicioso e descrente
(Brad Pitt) e a generosidade e
candura de uma mãe que lhe dá
conforto e segurança ( Jessica
Chastain) — até um trágico
acontecimento vir perturbar o já
frágil equilíbrio familiar.
Julie e Julia
TVCine Emotion, 1h
Nos Ænais dos anos 1940, Julia
Child editou um livro de
gastronomia que se transformou
num fenómeno de popularidade
nos EUA. Décadas mais tarde, em
Nova Iorque, Julie Powell está em
crise e, quando encontra o
famoso livro, decide iniciar o
projecto Julie/Julia: num ano, vai
testar as 524 receitas e publicar o
resultado num blogue. Realizado
por Nora Ephron e protagonizado
por Meryl Streep (nomeada por
este papel para o Óscar de Melhor
Actriz Principal) e Amy Adams, o
Ælme inspira-se na autobiograÆa
de Powell.
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 7
Maravilhas da Cultura Popular - Vila
Nova de Foz Côa 13.00 Jornal da Tarde
14.15 À Roda da Alimentação 14.32 7
Maravilhas da Cultura Popular 17.28
Factura da Sorte 17.30 Portugal em
Directo 19.08 O Preço Certo 19.59
Telejornal 21.00 Linha da Frente:
Merecemos tanto isto 21.34 Joker
22.21 3 Minutos a Inspirar Portugal
22.33 Patrulha da Noite 0.03 Crimes
Graves 0.54 Longmire 1.41 De Mal a
Pior 2.06 RTP Arena 2.32 O Sábio
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª edição 7.00
Espaço Zig Zag 14.01 Folha de Sala
14.08 Super Diva - Ópera para Todos
15.00 A Fé dos Homens 15.32 Atelier
d´Arquitectura 16.00 A Era das
Grandes Catástrofes 16.51 Espaço Zig
Zag 20.47 Herdeiros da Noite 21.15
Quaranteens 21.22 Athleticus 21.30
Jornal 2 22.04 Folha de Sala 22.12 Uma
Visão Diferente 23.24 Emídio Santana -
A voz resistente do anarquismo 0.21
Cinemax 1.33 Faça Chuva Faça Sol
2.06 Eu Sou 2.54 Clube da Europa
3.23 Turma das Ciências 3.52
Euronews 5.47 Os Nossos Dias
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.55 Amor
Maior 16.15 Júlia 18.15 Amor à Vida
19.25 Quem Quer Namorar com o
Agricultor? 19.57 Jornal da Noite 21.50
Terra Brava 23.15 Quem Quer Namorar
com a Agricultora? 23.25 Amor de Mãe
0.15 Quem Quer Namorar com o
Agricultor? 1.00 Passadeira Vermelha
2.00 Linha Aberta
TVI
6.30 Diário da Manhã 10.13 Você na TV!
13.00 Jornal da Uma 14.55 Destinos
Cruzados 16.15 A Tarde É Sua 18.15 Big
Brother 19.57 Jornal das 8 21.50 Quer o
Destino 23.00 Espírito Indomável 0.00
Big Brother 1.40 Autores: Cristiano
Mangovo 2.45 Forsaken 4.15 Mar de
Paixão
TVCINE TOP
9.25 Irmãs a Meias 11.15 O Intruso 12.55
O Boneco Diabólico 14.25 Ready or
Os mais vistos da TV
Terça-feira, 7 de Julho
Terra Brava
% Aud. Share
SIC 13,3
Quer o Destino TVI 11,5
Jornal da Noite SIC 11,1
Big Brother TVI 10,4
Primeiro Jornal SIC 9,9
FONTE: CAEM
Not - O Ritual 16.05 Uma Luta Desigual
18.05 Tolkien 19.55 Angry Birds 2 - O
Filme (v.o.) 21.30 Família Instantânea
23.30 Maria, Rainha dos Escoceses
1.40 Superação 3.45 O Poder da
Palavra 5.25 Tolkien
FOX MOVIES
9.04 As Malucas das Cabeleireiras
10.39 Não há Culpa nem Desculpa!
12.11 The Reunion 13.39 Batman para
Sempre 15.32 Agentes Secundários
17.12 Na Corda Bamba 19.18 O 5.º
Elemento 21.15 Die Hard: A Vingança
23.12 Romeo Deve Morrer 0.59
Underworld - O Submundo 2.59
Underworld: Evolução 4.45 Dead Man
Down - Um Homem a Abater
CANAL HOLLYWOOD
9.05 San Andreas 10.55 Tempo de
Glória 12.50 Uma Mãe em Apuros
14.20 Homem Demolidor 16.10 Como
Seduzir Uma Amiga 17.40 Focus 19.25
Battleship: Batalha Naval 21.30 A Hora
dos Heróis 23.10 Skin Trade - Em Busca
de Vingança 0.45 A Decisão Mortal
2.15 À Lei da Bala 4.00 Uma História de
Amor e Trevas 5.35 Sem Identidade
AXN MOVIES
13.17 Desejos Finais 15.19 Push - Os
Poderosos 17.09 Tempos Cruéis 19.05
Revelação 21.15 Os Bad Boys 23.15 A
Árvore da Vida 1.38 Speed - Perigo a
Alta Velocidade 3.30 O Jogo de Mr.
Ripley 5.18 Taxi Driver
AXN
13.20 Chicago Fire 14.50 Planeta dos
Macacos 16.50 Entourage - Vidas em
Hollywood 18.45 Castle 20.25 Chicago
Fire 22.05 Candice Renoir 23.01
Assassinato em... 0.42 2012 3.19
Mentes Criminosas 4.45 Absentia 5.28
Como Defender Um Assassino
AXN WHITE
13.10 O Mentalista 13.55 Inesquecível
15.25 Pacto de Silêncio 16.55 Ace
Ventura - Detective Animal Jr. 18.25 A
Princesa e o Fuzileiro 19.55 Marrying
Mr. Darcy 21.25 O Peso da Verdade
22.55 Pelo Amor e pela Honra 0.25
Estranhos Companheiros 1.55 O Peso
da Verdade 3.25 A Teoria do Big Bang
4.36 O Mentalista
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 33
RTP1 10,5%
% SÉRIES
26,5
RTP2 1,4
22,0 SIC 22,0
TVI
25,0
20,6 15,5
Cabo
29,5
35,6
FOX
11.05 Chicago P.D. 14.15 Investigação
Criminal: Los Angeles 15.45 Hawai
Força Especial 17.25 C.S.I. Miami 19.00
Investigação Criminal: Los Angeles
20.35 Hawai Força Especial 0.00
Investigação Criminal: Los Angeles
1.30 C.S.I. Miami
FOX LIFE
11.20 Lei & Ordem: Unidade Especial
13.00 New Amsterdam 13.45
Anatomia de Grey 14.30 Love’s
Complicated 16.00 The Beach House
17.30 Autumn in the Vineyard 19.00 Lei
& Ordem: Unidade Especial 20.40
Anatomia de Grey 21.30 New
Amsterdam 22.20 Reef Break 0.00
Valentine in the Vineyard 1.40
Elementar 3.05 Anatomia de Grey
3.50 New Amsterdam 4.40 No Limite
DISNEY
15.00 Acampamento Kikiwaka 15.47
Lab Rats 16.32 Gravity Falls 17.19
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
18.05 Os Green na Cidade Grande
18.30 Gravity Falls 19.15 Coop & Cami
19.38 Clube Houdini 20.06 Lab Rats
20.55 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 21.45 Gabby Duran Alien
Total 22.10 Acampamento Kikiwaka
DISCOVERY
17.20 Os Últimos Habitantes do Alasca
19.10 NASA, Ficheiros Secretos 21.00
Carros Clássicos 22.55 Fast n’ Loud
0.40 Carros Clássicos 2.15 Como
Funciona a Terra 3.00 Os Caçadores
de Mitos 4.30 Guerra de Propriedades
5.00 Negócio Fechado 5.25 Irmãos
Diesel
HISTÓRIA
17.22 Forjado no Fogo 1.03 O Último
Neandertal 2.35 Atlântida 3.58 Viagem
a 10.000 A.C. 5.29 Alienígenas
ODISSEIA
17.01 Animais Bebés do Mundo 17.50
Mundos Inexplorados com Steve
Backshall 18.41 Rio Resgate 19.26
Verdadeiro, Falso ou Desconhecido?
20.14 Engenharia Letal 2.20
Supermegacaro 2.42 Jungletown 3.30
O Veterinário de Yorkshire: Especial
Natal 4.21 Rio Resgate
FICAR
Candice Renoir
AXN, 22h05
Estreia da oitava temporada da
série criminal francesa. Cécile
Bois encarna a personagem-título,
uma mãe de quatro Ælhos que
regressa ao activo, enquanto
comandante da polícia, depois de
uma ausência de dez anos. Ao
mesmo tempo que tenta
harmonizar a vida proÆssional
com a família, tem de lidar com as
mudanças operadas entretanto —
sobretudo, as tecnológicas — e
provar constantemente o que
vale, transformando em forças o
que outros podem ver como
fraquezas.
Reef Break
Fox Life, 22h20
Estreia, com episódio duplo.
Numa ilha paradisíaca do PacíÆco,
a surÆsta e ex-criminosa Chat
Chambers (Poppy Montgomery) é
chamada a trabalhar para as
autoridades locais depois de
resgatar de um rapto a Ælha de um
homem de negócios da ilha.
Eu Sou
RTP2, 2h06
Escrita e realizada por Dominic
Savage, Eu Sou é uma trilogia de
histórias pessoais no feminino,
forjada a partir da ligação
emocional a essas histórias das
actrizes que lhes dão vida. No
episódio de hoje, Samantha
Morton encarna Kirsty, uma mãe
solteira atolada em dívidas —
circunstâncias que a vão conduzir
a decisões desesperadas.
DOCUMENTÁRIOS
Polícias no Alasca
Crime + Investigation, 22h30
Estreia. Debatendo-se com a falta
de efectivos e com o aumento da
criminalidade, a força policial do
Alasca lança um plano: aliciar
agentes de outros estados
norte-americanos para
ingressarem as suas Æleiras —
assim resistam os novatos à
dureza que encontrarão no
período de treino ao lado dos
veteranos.
Emídio Santana — A voz
resistente do anarquismo
RTP2, 23h24
Um trabalho biográÆco sobre
Emídio Santana (1906-1988),
Ægura de proa do
anarco-sindicalismo português.
Activamente resistente à ditadura
e perseguido pela PIDE, foi um
dos autores do atentado a Salazar,
a 4 de Julho de 1937.
34 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Festa de Família M12. 17h30; Retrato da
Rapariga Em Chamas M12. 15h40; Family
Romance, LLC. M12. 17h20; A Verdade M12.
15h10, 19h20; Ramen Shop - Negócio de
Família M12. 15h20; Burden - A Redenção
M14. 16h, 18h30; Faz-me Companhia M14.
19h40; Martin Eden M14. 19h
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer do Campo Pequeno.
T. 217981420
Dunkirk 15h30; O Meu Espião M12.
17h20; Freaks M14. 17h30; Bora Lá M6.
15h20 (V.Port./2D); A Verdade M12. 15h10,
19h30; Burden - A Redenção M14. 16h,
18h30; O Recepcionista M14. 19h40;
Sobreviver na Noite 17h40, 19h35
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
A Verdade M12. 17h25; O Paraíso,
Provavelmente M12. 15h20, 19h30; Três
Realizadoras Portuguesas 14h, 21h45
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade, T. 16996
Interstellar M12. 13h; Dunkirk 16h50, 19h30;
Freaks M14. 14h, 16h45, 19h45; Bloodshot
18h30; Sonic: O Filme M6. 14h10, 16h40 (V.
Port./2D); The Gentlemen - Senhores do
Crime M16. 14h20, 18h; Bora Lá M6. 13h15, 16h
(V.Port./2D); Military Wives - Mulheres de
Armas M12. 13h20, 16h30, 19h40; Military
Wives - Mulheres de Armas M12. 19h; Burden
- A Redenção M14. 14h40, 18h20; Faz-me
Companhia M14. 14h50, 17h15, 19h50;
Agente Super Secreto M12. 19h20;
SamSam M6. 13h10, 15h30 (V.Port./2D); Wasp
Network - Rede de Espiões M12. 14h30,
18h40; O Recepcionista M14. 13h50, 16h35,
19h10; Sobreviver na Noite 13h40, 16h20,
18h50
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Interstellar M12. 12h20; Retrato da Rapariga
Em Chamas M12. 19h40; Bora Lá M6. 13h30,
16h20 (V.Port./2D); O Caminho de Volta M12.
19h20; A Verdade M12. 13h, 15h40, 18h50;
Burden - A Redenção M14. 12h40, 15h20,
18h30; SamSam M6. 12h30, 15h, 17h20 (V.
Port./2D); Wasp Network - Rede
de Espiões M12. 12h40, 15h50, 19h;
Surdina 13h20, 16h30, 19h30; Martin
Eden M14. 16h, 19h10
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Dunkirk 14h20, 16h50 (IMAX 2D);
Freaks M14. 19h30; Bloodshot 19h;
Bloodshot 19h50 (IMAX 2D); Bora Lá M6.
13h50, 16h30 (V.Port./2D); A Cor da
Ambição 14h, 16h40, 19h40;
Military Wives - Mulheres de Armas M12.
13h30, 16h20, 19h20; Burden - A
Redenção M14. 15h40, 18h40; Agente
Super Secreto M12. 13h20; SamSam M6.
13h10, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Wasp
Network - Rede de Espiões M12. 13h, 15h50,
18h50; O Recepcionista M14. 14h10, 17h,
19h10;
Sobreviver na Noite 13h40, 16h, 18h
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Bloodshot 19h30; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 19h40; Bora
Lá M6. 13h30, 16h45 (V.Port./2D); A Cor da
Ambição 13h50, 19h; Military Wives -
Mulheres de Armas M12. 14h30, 17h30;
Agente Super Secreto M12. 16h30;
SamSam M6. 15h, 17h15 (V.Port./2D); Wasp
Network - Rede de Espiões M12. 13h10,
16h15, 19h20; O Recepcionista M14. 13h20,
16h, 18h40
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
O Anjo Exterminador M12. 13h; Convidado
de Honra M14. 21h30; Martin Eden M14.
16h; O Êxtase da Rosa Negra M18. 19h;
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 16996
Interstellar M12. 14h50; Freaks M14. 14h,
16h45, 19h30; À Espreita do Mal M14.
13h05, 15h30; Bloodshot 19h20 (2D) 13h30,
16h, 18h50 (2D 4DX); Sonic: O Filme M6.
14h20, 17h20 (V.Port./2D); The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 18h40; Bora
Lá M6. 10h30, 13h45, 16h30 (V.Port./2D); O
Caminho de Volta M12. 19h15; A
Verdade M12. 14h10; A Cor da Ambição
14h30, 17h, 19h40; Military Wives -
Mulheres de Armas M12. 13h10, 16h10, 18h,
19h; Faz-me Companhia M14. 19h50;
Agente Super Secreto M12. 16h50;
SamSam M6. 13h, 15h10 (V.Port./2D); Wasp
Network - Rede de Espiões M12. 13h15,
16h20, 17h50, 19h45; O Recepcionista M14.
13h20, 15h40, 18h30; Surdina 13h40, 15h50,
18h20; Sobreviver na Noite 13h50, 16h40,
19h10
Amadora
Cinema City Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Dunkirk 19h35; O Meu Espião M12. 17h30
Freaks M14. 15h30 Os Tradutores 17h10
Bora Lá M6. 15h20, 18h30 (V.Port./2D)
A Verdade M12. 16h10; Agente Super
Secreto M12. 19h40 O Recepcionista M14.
15h10, 17h40, 19h20; Sobreviver na
Noite 15h40, 17h35, 19h30
Barreiro
Castello Lopes - Fórum Barreiro
Campo das Cordoarias. T. 212069440
007 Spectre M12. 15h20, 18h20, 21h20;
Freaks M14. 13h, 15h10, 17h20, 19h30,
21h40; Agente Super Secreto M12. 13h15,
21h20; SamSam M6. 13h10, 15h10, 17h10,
19h10 (V.Port./2D); O Recepcionista M14.
13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9, T. 16996
Dunkirk 13h30, 15h45 (IMAX 2D); Freaks
M14. 19h45; Bloodshot 18h15 (IMAX 2D);
Bora Lá M6. 14h, 17h (V.Port./2D); A Cor da
Ambição 16h15, 18h45; Military Wives -
Mulheres de Armas M12. 13h, 16h30,
19h30; Burden - A Redenção M14. 14h30,
18h; Agente Super Secreto M12. 13h45;
SamSam M6. 13h, 15h, 17h15 (V.Port./2D);
Wasp Network - Rede de Espiões M12.
13h15, 16h, 19h; O Recepcionista M14.
19h50; Sobreviver na Noite 14h30, 16h45,
19h15
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Festa de Família M12. 17h30, 19h35, 21h40;
A Verdade M12. 13h15, 15h20, 17h25,
19h35; A Verdade M12. 14h, 16h30, 19h,
21h30; SamSam M6. 13h40, 15h35 (V.
Port./2D); Surdina 14h30, 16h10, 17h50,
19h30, 21h10; O Paraíso, Provavelmente
M12. 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; Três
Realizadoras Portuguesas 13h20, 14h55,
16h30, 18h05, 19h40, 21h20
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
Dunkirk 15h20; Freaks M14. 17h20 ; Os
Tradutores 17h30; Bora Lá M6. 15h10 (V.
Port./2D); A Verdade M12. 19h30; Burden -
A Redenção M14. 16h, 18h30 Agente Super
Secreto M12. 17h10, 19h40; O
Recepcionista M14. 15h15, 19h20
Castello Lopes - Alegro Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Interstellar M12. 14h, 17h30, 21h; 007
Spectre M12. 15h20, 18h20, 21h20; O Meu
Military Wives -
Mulheres de Armas
Em estreia
lazer@publico.pt
A Cor da Ambição
De Giuseppe Capotondi. Com E.
Debicki, Claes Bang, Donald
Sutherland, Mick Jagger. ITA/
GB. 2019. 99m. Drama, Thriller.
Neste “thriller“ baseado num
policial de Charles Willeford
lançado em 1971, um negociante
de arte, um crítico de arte e uma
mulher misteriosa a fugir ao seu
passado juntam-se para
enganarem um artista famoso e
reclusivo e Æcarem com uma
pintura rara dele.
Burden - A Redenção
De Andrew Heckler. Com
Andrea R., Garrett Hedlund,
Forest Whitaker, Tom Wilkinson.
EUA. 2018. 117m. Drama. M14.
Mike é um órfão que foi criado no
seio do Ku Klux Klan. Um dia,
apaixona-se e a namorada dele
tenta mudar a sua vida para
melhor, convencendo-a a
abandonar o grupo supremacista
branco a que sempre pertenceu.
Gymnopédies Escaldantes
De Isao Yukisada. Com Sumire
Ashina, Itsuji Itao, Shô Nishino.
JAP. 2016. 83m. Drama,
Romance.
Filme comemorativo do período
de “roman porno“ do estúdio
japonês Nikkatsu, encomendado a
Isao Yukisada para assinalar, em
2016, os 45 anos dessa mesma
época. É uma homenagem ao seu
Ælme favorito desse tempo: “O
Êxtase da Rosa Negra“, de Tatsumi
Kumashiro.
Military Wives - Mulheres
de Armas
De Peter Cattaneo. Com Kristin
Scott Thomas, Sharon Horgan,
Jason Flemyng. EUA. 2019. 112m.
Comédia Dramática. M12.
Quando os seus maridos vão
combater para o Afeganistão, um
grupo de mulheres junta-se e
começa a cantar, tornando-se um
êxito mediático. Inspirado no
Military Wives Choir, uma rede de
75 coros em bases militares
britânicas que já tinha sido o foco
de uma série documental.
O Êxtase da Rosa Negra
De Tatsumi Kumashiro. Com
Shin Kishida, N. Tani, Meika Seri.
JAP. 1975. 72m. Drama. M18.
Um realizador de Ælmes
pornográÆcos que se leva
demasiado a sério é o foco deste
“roman porno“ de Tatsumi
Kumashiro.
SamSam
De Tanguy de Kermel. Com Isaac
Lobé-Lebel (Voz), L. Chabbat
(Voz), Jérémy Prévost (Voz). FRA.
2019. 77m. Animação. M6.
SamSam é um super-herói em
potência que aguarda a revelação
dos seus poderes. Essa demora é
cada dia mais penosa e faz
aumentar as suas inseguranças.
Um dia, conhece uma rapariga
muito segura de si, que o leva
numa grande viagem de
autodescoberta.
Sobreviver na Noite
De Matt Eskandari. Com Bruce
Willis, Chad Michael Murray,
Lydia Hull . EUA. 2020. 90m.
Drama, Thriller, Acção.
Em casa, um médico caído em
desgraça é feito refém com a sua
família por um grupo de
criminosos que estão a fugir de
um assalto que correu mal.
Surdina
De Rodrigo Areias. Com António
Durães, Ângela Marques, Ana
Bustorff, Emília Silvestre. POR.
2019. 79m. Comédia.
Escrita por Valter Hugo Mãe, esta
comédia de Rodrigo Areias
centra-se no dia-a-dia de Isaque,
um viúvo vimaranense de alguma
idade que não consegue
ultrapassar a morte da mulher.
Três Realizadoras Portuguesas
De Sofia Bost, M. Gaivão, Leonor
Teles. POR. 2020. m. Curta.
“Dia de Festa“, de SoÆa Bost,
“Ruby“, de Mariana Gaivão, e
“Cães que Ladram os Pássaros“,
de Leonor Teles, numa só sessão
de curtas-metragens de
realizadoras portuguesas.
Wasp Network - Rede de Espiões
De Olivier Assayas. Com Ana de
Armas, Wagner Moura,
Penélope Cruz, Gael García
Bernal, Edgar Ramírez. BEL/ESP/
FRA. 2019. 123m. Thriller. M12.
Escrito e realizado pelo francês
Olivier Assayas, este Ælme
baseia-se no livro do brasileiro
Fernando Morais “Os Últimos
Soldados da Guerra Fria“.
Espião M12. 13h10, 15h15, 17h20, 19h25,
21h30; Freaks M14. 13h, 15h10, 17h20,
19h30, 21h40; Bora Lá M6. 13h30 (V.
Port./2D); Agente Super Secreto M12.
13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30;
SamSam M6. 13h10, 15h10, 17h10, 19h10,
21h10 (V.Port./2D); O Recepcionista M14.
13h10, 15h40, 17h40, 19h40, 21h40
Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das
Mestras. T. 244845071
Dunkirk 17h10; O Meu Espião M12. 19h40,
21h50; Freaks M14. 17h30, 21h40; Os
Tradutores 19h30; Bora Lá M6. 15h20 (V.
Port./2D); A Verdade M12. 15h30; O
Recepcionista M14. 15h10, 17h40, 19h30,
21h30; Sobreviver na Noite 15h25, 17h20,
19h20, 21h20
Montijo
Cinemas Nos Fórum Montijo
C. C. Fórum Montijo. T. 16996
Freaks M14. 18h10; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 19h50; Bora
Lá M6. 16h30 (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 16h15; Military Wives - Mulheres
de Armas M12. 16h, 19h; Agente Super
Secreto M12. 17h; SamSam M6. 15h45,
19h15 (V.Port./2D); O Recepcionista M14.
19h30; Sobreviver na Noite 16h45, 19h40
Odivelas
Cinemas Nos Odivelas Strada
C.C. Strada Shopping. T. 16996
Freaks M14. 15h15, 18h45; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 19h15; Bora Lá M6.
16h30 (V.Port./2D); O Caminho de Volta
M12. 15h20, 19h45; SamSam M6. 15h40 (V.
Port./2D); Wasp Network - Rede de Espiões
M12. 16h, 19h30; O Recepcionista M14. 19h
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Freaks M14. 19h15; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 19h; Bora Lá M6.
12h50, 15h50 (V.Port./2D); Military Wives -
Mulheres de Armas M12. 13h10, 16h30,
19h50; Burden - A Redenção M14. 14h30,
17h40; SamSam M6. 13h30, 16h10 (V.
Port./2D); Wasp Network - Rede de
Espiões M12. 15h, 18h30 ; O
Recepcionista M14. 13h50, 16h50, 19h30
Torres Novas
Castello Lopes - TorreShopping
Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752
007 Spectre M12. 15h10, 18h10, 21h10;
Freaks M14. 13h, 15h10, 17h20, 19h30,
21h40; SamSam M6. 13h10, 15h10, 17h10,
19h10 (V.Port./2D); O Recepcionista M14.
13h10, 21h20
Torres Vedras
Cinemas Nos Torres Vedras
C.C. Arena Shopping. T. 16996
Freaks M14. 22h15; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 21h; Bora Lá M6.
14h, 17h50 (V.Port./2D); SamSam M6. 13h,
16h30, 18h50 (V.Port./2D); Wasp Network -
Rede de Espiões M12. 13h45, 17h15, 21h30;
O Recepcionista M14. 13h30, 16h50,
21h45; Sobreviver na Noite 13h15, 17h30,
20h40
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Interstellar M12. 14h, 17h30, 21h; 007
Spectre M12. 15h20, 18h20, 21h20; Dunkirk
13h, 15h10, 17h20, 19h30; O Meu Espião
M12. 21h40; Freaks M14. 13h, 15h10, 17h20,
19h30, 21h40; Agente Super Secreto M12.

13h20, 15h20, 17h20, 19h20,
21h20; SamSam M6. 13h10, 15h10, 17h10,
19h10 (V.Port./2D); O Recepcionista M14.
13h20, 21h30
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
A Senhora de Karuizawa M16. 18h;
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
Dunkirk 15h10, 19h30; O Meu Espião M12.
17h30, 19h40; Freaks M14. 15h20; Os
Tradutores 17h10; Bora Lá M6. 15h50,
17h20(V.Port./2D); A Verdade M12. 18h30
; O Recepcionista M14. 15h15, 19h20
; Sobreviver na Noite 15h40, 17h40, 19h35
Évora
Cinemas Nos Évora Plaza
Centro Comercial Évora Plaza, loja n.º 1, Rua
Luís Adelino Fonseca, lote 4.
Freaks M14. 20h45; The Gentlemen -
Senhores do Crime M16. 20h30; Bora
Lá M6. 16h (V.Port./2D); O Caminho de
Volta M12. 16h15, 21h; Military Wives -
Mulheres de Armas M12. 15h15, 18h15,
21h15; SamSam M6. 15h30, 18h30 (V.
Port./2D); O Recepcionista M14. 15h45,
18h45, 21h30
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Bloodshot 20h50; Bora Lá M6. 15h40 (V.
Port./2D); Military Wives - Mulheres de
Armas M12. 16h, 19h, 21h50; Burden - A
Redenção M14. 15h05, 17h50, 21h30;
Agente Super Secreto M12. 20h30;
SamSam M6. 16h20, 18h40 (V.Port./2D); O
Recepcionista M14. 16h50, 19h30, 22h10;
Surdina 18h20
Tavira
Cinemas Nos Tavira
R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996
Freaks M14. 20h30; Bloodshot 20h50;
Birds of Prey (e a Fantabulástica
Emancipação De Uma Harley Quinn) M16.
20h10; Bora Lá M6. 18h (V.Port./2D); A Cor
da Ambição 16h30, 21h10; SamSam M6.
15h10, 17h30 (V.Port./2D); O
Recepcionista M14. 16h, 21h50
TEATRO
Lisboa
Clube Estefânia
Rua Alexandre Braga, 24A. T. 217780987
Adão + Eva: A Experiência De Mark Twain.
Enc. João Ascenso. Com Margarida Moreira,
Ricardo Barbosa. De 9/7 a 19/7. 5ª a Dom às
21h30. M/12. Duração: 1h20.
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586
Mais Respeito Que Sou Tua Mãe Enc.
Joaquim Monchique. De 1/7 a 20/9. 4ª a Sáb
às 21h30. Dom às 18h. M/16.
Almada
Teatro Municipal Joaquim Benite
Avenida Professor Egas Moniz. T. 212739360
Castro Enc. Nuno Cardoso. Com Afonso
Santos, Joana Carvalho, João Melo,
Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário
Santos, Pedro Frias, Rodrigo Santos. De 9/7
a 12/7. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h (37.º
Festival de Almada). M/12. Duração: 2h.
Caldas da Rainha
Teatro da Rainha
Rua Vitorino Fróis. T. 262823302
AS ESTRELAS
DO PÚBLICO
O Êxtase da Rosa Negra
Cães que Ladram aos Pássaros
Convidado de Honra
Dia de Festa
Gymnopédies Escaldantes
Martin Eden
O Paraíso, Provavelmente
Ruby
Surdina
A Verdade
Wasp Network — Rede de Espiões
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Discurso sobre o Filho-da-Puta Enc.
Fernando Mora Ramos. De 2/7 a 11/7. Todos
os dias às 21h30. M/14.
Palmela
Teatro O Bando
Estrada do Vale dos Barris. T. 212336850
Antes do Mar Comp.: Teatro O Bando. Enc.
Miguel Jesus. De 25/6 a 19/7. 5ª a Dom às
20h30 (ao ar livre).
MÚSICA
Lisboa
Teatro Municipal São Luiz
Rua António Maria Cardoso, 38.
T. 213257650
Takeover #1 - MusicBox no São Luiz
De 9/7 a 19/7. 4ª a Dom às 21h. Com Linda
Martini (dia 9); B’Leza apresenta Baile
Sentado (dia 10); Batida (dia 11); Lavoisier +
João Bento (dia 12); Márcia (dia 15); The
Legendary Tigerman com João Cabrita (dia
16); Moullinex (dia 17); Bruno Pernadas (dia
18); Ghost Hunt e Violeta Azevedo (dia 19).
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
Xutos & Pontapés Dia 9/7 às 21h30.
Porque Sim.
EXPOSIÇÕES
Lisboa
3 + 1 Arte Contemporânea
Largo Hintze Ribeiro, 2 E-F. T. 210170765
Dear Image, Part I De João Ferro Martins,
Maria Laet, Gabriela Machado, E.M. de Melo
e Castro, Carlos Noronha Feio, Délio Jasse,
Carlos Nogueira, Rosana Ricalde, Nuno
Sousa Vieira, João Vieira. De 3/7 a 8/8. 3ª a
6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h.
Centro Cultural de Belém
Praça do Império. T. 213612400
O Mar É a Nossa Terra - A Construção
Sensível da Linha de Costa De 10/3 a 17/1.
3ª a Dom das 10h às 18h (Garagem Sul).
Culturgest
Rua Arco do Cego T. 217905155
Lendo Resolve-se: Álvaro Lapa e a
Literatura De Álvaro Lapa. De 23/5 a 26/7.
3ª a Dom das 13h às 18h. Pintura.
Edifício dos Leões - Espaço Santander
Rua do Ouro, 88.
Lar Doce Lar De Joana Vasconcelos. A
partir de 1/7. 3ª a Dom das 12h às 18h.
Jorge
Mourinha
Luís M.
Oliveira
Vasco
Câmara
mmmmm — —
mmmmm mmmmm mmmmm
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mmmmm mmmmm mmmmm
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mmqmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm — —
mmmmm — mmmmm
mmmmm — mmmmm
Ermida de Nossa Senhora da Conceição
Travessa do Marta Pinto, 21 - Mercador do
Tempo. T. 213637700
Inhale, Exhale (Self-Breathing Kit)
De Paulo Arraiano. De 13/6 a 11/7. 3ª a Sáb
das 14h às 18h.
Fidelidade Arte
Largo do Chiado, 8. T. 213237457
Red Lines With Landscapes: Portugal De
Evan Roth. De 22/6 a 31/7. 2ª a 6ª das 11h às
19h.Reacção em Cadeia#4.
Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva
Praça das Amoreiras, 56. T. 213880044
Água Pesada De Alexandre Conefrey. De
19/5 a 20/9. 3ª a Dom das 10h às 18h.
Phytographia Curiosa De Alexandre
Conefrey. De 19/5 a 1/9. 3ª a Dom das 10h às
18h (Casa-Atelier). Pintura Sem Álibi De
Manuel Amado. De 27/6 a 20/9. 4ª a Dom
das 10h às 18h.
Fundação e Museu Calouste Gulbenkian
Avenida de Berna, 45A. T. 217823000
A Idade de Ouro do Mobiliário Francês. Da
Oficina ao Palácio De 6/3 a 28/9. 2ª, 4ª, 5ª,
6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (Galeria do
Piso Inferior).
Galeria 111
Rua Dr. João Soares, 5B. T. 217977418
Nem Vale Nem Montanha De Rui Miguel
Leitão Ferreira. De 19/5 a 12/9. 3ª a Sáb das
10h às 19h.
Galeria António Prates - Arte
Contemporânea
Rua dos Industriais, 6. T. 213571166
Colectiva de Acervo De 15/6 a 15/7. 2ª a 6ª
das 10h às 18h.
Galeria Bruno Múrias
Rua Capitão Leitão, 10/16.
Intervalo De Bruno Cidra, Marco Franco,
Tiago Miranda, Vera Mota. De 20/6 a 31/7.
3ª a Sáb das 14h às 19h.
Galeria Filomena Soares
Rua da Manutenção, 80. T. 218624122
Abismo De Pedro Barateiro. De 19/5 a 8/8.
3ª a Sáb das 10h às 19h. Qual é a Coisa,
Qual é Ela De Sara Bichão. De 19/5 a 8/8. 3ª
a Sáb das 10h às 19h. Instalação.
Galeria Miguel Nabinho
Rua Tenente Ferreira Durão, 18B.
T. 213830834
Border Line De Manuel Vieira. A partir de
19/6. 3ª a Sáb das 14h às 20h.
Galeria Pedro Cera
Rua do Patrocínio, 67E. T. 218162032
Bring the Boys Back Home De Bruno
Pacheco, David Claerbout, Frank Nitsche,
Gil Heitor Cortesão, Luca Francesconi,
Paloma Varga Weisz, Vítor Pomar. De 15/6 a
11/9. 3ª a 6ª das 10h às 13h30 e das 14h30 às
19h. Sáb das 14h30 às 19h.
Galeria Quadrado Azul
R. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280
Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 35
Reset Rethink Rebuild De Hugo Canoilas,
Luísa Jacinto, Musa paradisiaca, Paulo
Nozolino e Willem Weismann. De 25/6 a 12/9.
2ª a 6ª das 14h às 19h.
Galeria Vera Cortês
Rua João Saraiva, 16 - 1.º. T. 213950177
Exposição Colectiva De 2/7 a 23/9. 3ª a 6ª
das 14h às 19h. Sáb das 10h às 13h e das 14h
às 19h (encerra para férias entre 1 e 17
Agosto). Exposições de Gonçalo Barreiros +
John Wood and Paul Harrison (9 a 15 Julho).
Galeria Zé dos Bois
Rua da Barroca, 59. T. 213430205
Parágrafo De Marco Franco. De 20/5 a 29/8.
4ª a Sáb das 15h às 19h. Desenho.
Igreja e Convento da Graça
Largo da Graça. T. 218873943
Corpus Christi: A Procissão do Corpo de
Deus De Diamantino Tojal. De 20/6 a 30/9.
3ª a Dom das 11h às 17h. Objectos.
Kunsthalle Lissabon
R. José Sobral Cid, 9E. T. 912045650
The Soft and Weak Are Companions of Life
De Zheng Bo. De 18/6 a 29/8. 5ª a Sáb das
15h às 19h.
MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e
Tecnologia
Avenida Brasília - Central Tejo. T. 210028130
Beeline De SO-IL. De 10/6 a 11/1. 2ª, 4ª, 5ª,
6ª, Sáb e Dom das 11h às 19h. Extinction
Calls De Cláudia Martinho. De 10/6 a 11/1. 2ª,
4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 11h às 19h.
Melancolia Programada De Gabriel
Abrantes. De 12/2 a 24/8. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e
Dom das 11h às 19h. Memovolts - Histórias
da Colecção do Património Energético
Fundação EDP De 10/6 a 11/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª,
Sáb e Dom das 11h às 19h. SO – IL Currents
De SO-IL. De 10/6 a 11/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e
Dom das 11h às 19h. Sound Capsules De
10/6 a 11/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 11h
às 19h. The Peepshow De Catarina Botelho,
Paulo Brighenti, Tomás Colaço, Luísa
Ferreira, Horácio Frutuoso, Mariana Gomes,
Pedro Gomes, André Guedes, João Louro,
Maria Lusitano, João Ferro Martins, Paulo
Mendes, Rodrigo Oliveira, Francisco Vidal,
Valter Vinagre. De 10/6 a 19/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª,
Sáb e Dom das 11h às 19h. Unharias
Ratóricas De Von Calhau!. De 12/2 a 24/8.
2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 11h às 19h.
Marvila
Poster Mostra Pública 2020 De 6/6 a 6/9.
Todos os dias. Com obras de Jorge Vieira,
Ljubomir Stanisic, Javier Mariscal, Inês
Lopes Gonçalves, Rita Redshoes, Alberto
Garcia Alix e Maria Imaginário, entre outros.
MNAC - Museu do Chiado
Rua Serpa Pinto, 4. T. 213432148
Biografia do Traço De 7/2 a 6/9. 3ª a Dom
das 10h às 18h. Como Silenciar Uma Poeta
De Susana Mendes Silva. De 10/6 a 30/8. 3ª
a Dom das 10h às 18h. Encontro às Cegas
De Pedro Gomes. De 14/2 a 6/9. 3ª a Dom
das 10h às 18h. Desenho.
Museu da Farmácia
Rua Marechal Saldanha, 1. T. 213400680
Um Mundo de Máscaras De 7/7 a 30/9.
Todos os dias das 10h às 19h.
Museu Nacional de Arte Antiga
Rua das Janelas Verdes. T. 213912800
A Linha que Fecha Também Abre De Julião
Sarmento. De 18/5 a 26/7. 3ª a Dom das 10h
às 18h (Sala do Tecto Pintado). Domingos
António de Sequeira: Estudo de Figura
para A Morte de Camões De Domingos
António de Sequeira. De 18/5 a 19/7. 3ª a
Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes
Decorativas do Século XII ao XIX De Vários
autores. A partir de 16/12. 3ª a Dom das 10h
às 18h (encerra 1 Janeiro, Dom de Páscoa, 1
Maio, 13 Junho e 25 Dezembro). Pintura,
Desenho, Outros. Exposição Permanente.
Padrão dos Descobrimentos
Av. Brasília. T. 213031950
Belém - Demolir para Encenar De 16/2 a
30/12. 2ª a 6ª das 11h às 17h. Sáb e Dom das
11h às 18h. Documental.
Terreiro das Missas
Av. da Brasília (junto à Estação Fluvial).
Meet Vincent Van Gogh De 3/6 a 3/1. 4ª a
Dom das 10h às 19h. Instalação, multimédia.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa-Serviço Permanente
Alameda (Lumiar) - Al. das Linhas de Torres, 201
- B - Tel. 217590942 Aliança (Chile) - Av.
Almirante Reis, 145 B - C - Tel. 213570487
Lisbonense (Santo Amaro - Calvário) - Rua Leão
de Oliveira, 2 - B - Tel. 213637020 Marques
(Benfica - Igreja) - Estrada de Benfica, 648 - Tel.
217600096
Odivelas-Serviço Permanente
Azevedo Irmão e Veiga (Ramada) - Av. da
Liberdade, 23-A - Tel. 219345880
Outras Localidades
Serviço Permanente
Abrantes - Ondalux Alandroal - Santiago Maior
, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto
Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena -
Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete -
Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer -
Varela Aljustrel - Dias Almada - Guerreiro
(Monte da Caparica) Almeirim - Mendonça
Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter do
Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere -
Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D.
Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Nova
Portas de Benfica , Vaz Martins Ansião -
Medeiros (Avelar) , Rego (Chão de Couce), Pires
(Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira
Arronches - Batista , Esperança (Esperança/
Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia
Avis - Nova de Aviz Azambuja - Miranda , Peralta
(Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do
Intendente) Barrancos - Barranquense Batalha
- Moreira Padrão , Silva Fernandes (Golpilheira)
Beja - Palma Belmonte - Costa , Central (Caria)
Benavente - Miguens Bombarral - Franca
Borba - Central Cadaval - Misericórdia Caldas
da Rainha - Rosa Campo Maior - Central
Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Alcoitão
(Alcoitão) , de São Gonçalo (Carcavelos),
Marginal Castelo Branco - Ferrer Castelo de
Vide - Roque Castro Verde - Alentejana
Chamusca - Joaquim Maria Cabeça
Constância - Vila Farma Constância ,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia
Covilhã - São Cosme Cuba - Da Misericórdia
Elvas - Sousa Entroncamento - Almeida
Gonçalves Estremoz - Carapeta Irmão Évora -
Branco Faro - Almeida , Da Penha Ferreira do
Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere -
Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira
do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos
(Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho
Fundão - Taborda Gavião - Mendes (Belver) ,
Pimentel Golegã - Lusitano Grândola - Pablo
Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)
Loulé - Almancil (Almancil) , Pinto, Algarve
(Quarteira) Loures - Tojal , Luna (S. João da
Talha) Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos
Ferreiros) , Leal (Rio Tinto) Mação - Saldanha
Mafra - Caré (Ericeira) , Barros (Igreja Nova)
Marinha Grande - Duarte Marvão - Roque Pinto
Mértola - Nova de Mértola Monchique -
Moderna Monforte - Jardim Montijo - Nova
Circular Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão,
Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central
Nazaré - Sousa , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré)
Nisa - São Damião Óbidos - Vital (Amoreira/
Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira
Odivelas - D. Dinis Oeiras - Nova (Caxias) ,
Marta (Linda-a-Velha) Oleiros - Martins
Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra,
Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão -
Progresso Ourém - Verdasca Ourique - Nova
(Garvão) , Ouriquense Pedrógão Grande - Baeta
Rebelo Penamacor - Nova Peniche - Proença
Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor -
Varela Dias Portalegre - Esteves Abreu Lda
Portel - Misericordia Portimão - Pedra
Mourinha Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Holon Redondo
Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior -
Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Costa
(Foros de Salvaterra/Salvaterra de Magos)
Santarém - Francisco Viegas Sucrs Santiago
do Cacém - Corte Real Sardoal - Passarinho
Serpa - Central Sertã - Lima da Silva , Farinha
(Cernache do Bonjardim) Sesimbra - Lopes
Setúbal - Carmo Sobral , Costa Silves - Dias
Neves , Guerreiro Sines - Monteiro Telhada
(Porto Covo) , Central Sintra - Neves , Mira Sintra
(Mira Sintra), Viva (Rio de Mouro) Sobral Monte
Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio
(Cano) , Andrade Tavira - Maria Aboim Tomar -
Nova Torres Novas - Palmeira Torres Vedras -
Torreense Vendas Novas - Nova Viana do
Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei -
Silva Domingos Vila Franca de Xira - Nova
Alverca , Moderna Vila Nova da Barquinha -
Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo),
Barquinha Vila Real de Santo António - Carrilho
Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa -
Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz
Nogueira Montemor-o-Novo - Sepúlveda
Redondo - Alentejo
36 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

JOGOS

CRUZADAS 11.033 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS 1. Este (...) que Nos VERTICAIS: 1. Observei. Mário de (...),
Enlouquece, livro de Bernard-Henri Lévy. estilista que criou a marca No Gender. 2.
Tranquilidade pública. 2. Magnetizar. Impulso violento. Magnésio (s.q.). 3.
Lista de pratos. 3. Inferior. (...) West anun- Movimento de calor. Alfredo (...), o reali- Viana do Bragança
ciou a candidatura à Presidência dos zador que pôs o povo a cantar na RTP Castelo 19º 35º
EUA. 4. Chief Executive Officer. (1939-2020). 4. Único. Vassourar o forno, 15º 30º
Braga
Maquinismo para tecer. Decifrei. 5. depois de aquecido. Mulo. 5. Cordoalha
Autoridade Tributária e Aduaneira. Furto que se fixa nas antenas do navio. 15º 35º Vila Real
(popular). Boi (inglês). 6. Caminho. Avançavas. 6. Elemento de formação de 15º Porto 18º 35º
Combinado. Organização das Nações palavras que exprime a ideia de vinho.
16º 26º
Unidas. 7. Soberano. Escudeiro. 8. Sem a Pedra de superfície plana. 7. Franz (...),
noção dos princípios da moral. escritor checo de ascendência judaica e Viseu
Parlamento Europeu. 9. Língua Gestual de língua alemã (1883-1924). Forma de 1-2m 17º 33º Guarda
Aveiro
Portuguesa. Tira larga de tecido que se complemento da 1.ª pessoa do plural. 8. 18º 30º
atravessa na parte superior de uma porta- Amargo. Instituto de Engenharia de 17º 23º Penhas
da e que forma conjunto com a cortina ou Sistemas e Computadores. 9. Tipo de Douradas
reposteiro. 10. Antes do meio-dia. (...) meditação contemplativa. Elemento de Coimbra 18º 27º
Machel, filha de Samora Machel e entea- formação de palavras que exprime a ideia 15º 31º
da de Nelson Mandela está abalada com de ovo. Conjunto de atuns. 10. Fibra sin- Castelo
Branco
a Justiça do seu país. 11. Alternativa. tética poliamida. Pessoas-Animais-
Leiria 16º 36º
Organização das Nações Unidas para a -Natureza. 11. Lamentação. Elas.
Educação, Ciência e Cultura (criada em 17º 26º
1946).
Santarém
Portalegre
17º 34º
16º 35º
Solução do problema anterior: Lisboa
HORIZONTAIS: 1. Hilare. Amai. 2. Ditoso. ADN. 3. Te. BP. Cria. 4. Mala. Amal. 5. Que.
18º 31º
Ennio. 6. Unir. Horta. 7. Iso. Loa. Ala. 8. Seul. ET. 9. Padeiro. 10. Aparas. Anta. 11. Vacas.
Prear. Setúbal
VERTICAIS: 1. Tóquio. Av. 2. Ide. Uns. Opa. 3. Li. Meios. AC. 4. AT. Ra. 5. Roble. Lupas. Évora
16º 33º
6. Espanholas. 7. Noa. 8. Cair. Mear. 9. Marmota. INE. 10. Adia. Alerta. 11. Inala. Atoar.
14º 36º
AMANHÃ

18º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 17º 25º
15º 35º

Dador: Sul ção 3-2 dos ouros (68%) em vez de um Problema 1-1,5m
Vul: Todos Rei de paus colocado (50%). Mas, não 9840 Sagres
haverá uma forma de acumular as duas Faro
possibilidades? Dificuldade: 16º 24º
NORTE 18º 28º
Ƅ KJ32 Caro que sim! Muito simplesmente se Fácil
reflectirmos em termos de vazas ga- 19º
Ɔ J63
Ƈ 7653 nhantes em vez de perdentes. Temos 0,5-1m
ƅ 65 nove vazas à cabeça: cinco espadas,
uma copa, dois ouros e um pau. A déci-
Açores
Corvo
ma vaza poderá vir de um ouro apurado
Graciosa
ou da passagem a paus (que não será Terceira
OESTE ESTE possível se baldarmos desde logo a Solução do Flores
S. Jorge 19º 23º
Ƅ 106 Ƅ 95 Dama!). Portanto, baldamos um ouro problema 9838 19º 25º
Ɔ AK94 Ɔ 10852 sobre o Valete de copas. De seguida ti- 22º
Ƈ Q1098 ƇJ 23º Pico
ramos os trunfos e encaixamos o Ás e o
ƅJ74 ƅ K109832 Rei de ouros. Se estiverem 3-2, o 7 de 0,5-1m
Faial
ouros virá a ser apurado (permitindo a
18º 23º
balda diferida da Dama de paus). Se por 1m S. Miguel
SUL contrário, estiverem 4-1 (ou 5-0), a pas- 17º 22º
Ƅ AQ874 sagem a paus será agora possível. Ponta
Ɔ Q7 21º Delgada
Ƈ AK42 Considere o seguinte leilão: 1m
ƅ AQ Oeste Norte Este Sul Madeira Sta Maria

1ƅ 1Ɔ 1ST ?
Porto Santo
O que marcaria, com a mão seguinte? Problema
20º 25º
Oeste Norte Este Sul Ƅ107652 ƆQ986 Ƈ1082 ƅ10 9841 22º
1Ƅ1
passo 3Ƅ2 passo 4Ƅ Resposta: Marque três copas. Esta voz Dificuldade:
Todos passam é destrutiva, isto é, promete muito pou- Difícil Funchal
1,5-2m
co em termos de pontos de honra mas 1m 20º 28º
23º
Leilão: Qualquer forma de Bridge. 1. mostra um bom apoio no naipe do par-
Apesar de ter 21 pontos, esta mão não se ceiro. A ideia é a de antecipar um con-
enquadra na abertura de 2ST, por não trato dos adversários, seja ele qual for, e Sol Lua Quarto Minguante
ser regular, nem numa abertura em 2 procurar complicar ao máximo que des- Nascente 6h20
paus forte indeterminado porque o nai- cubram qual o melhor. E, por outro lado, Poente 21h03 13 Jul. 00h29
pe de espadas não é bom o suficiente se os adversários optarem por punir Solução do
2. Apoio de 4 cartas a espadas e fraco este contrato, não é de prever uma problema 9839
em pontos – 0 a 6 pontos grande perda (se é que haverá algum
cabide) e por certo que será melhor do
Marés
Carteio: Saída: AƆ. Oeste prossegue que o contrato que os adversários pu- Leixões Cascais Faro
com o Rei de copas e outra copa para o dessem ter.
Valete do morto. O que balda em Sul? Preia-mar 06h35 3,0 06h10 3,0 06h13 2,9
Solução: Um breve olhar sobre o jogo
18h49 3,2 18h25 3,2 18h32 3,1
poderá deixar crer que baldar um ouro
da mão não servirá de nada e que, será Baixa-mar 12h31 1,0 12h03 1,1 11h55 1,0
necessário tirar proveito da oportunida-
01h05* 0,9 00h39* 1,1 00h30* 1,0
de que está a ser oferecida de se desem-
baraçar da Dama de paus. É exacto que João Fanha (bridgepublico@gmail.com
Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
é mais provável encontrar uma distribui- e fanhabridge.pt) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
 Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020 • 37

DESPORTO
Se o BenƊca permitir, o FC Porto
pode acabar a noite em festa
Os “dragões” jogam em Tondela (19h15) frente a uma equipa “aÅita” no campeonato e, caso vençam,
obrigam o BenÄca a pontuar em Famalicão (21h30), frente a uma das surpresas da temporada
MANUEL FERNANDO ARAUJO/LUSA

Futebol CLASSIFICAÇÃO
Diogo Cardoso Oliveira I LIGA
Jornada 31
Vitória do FC Porto em Tondela e der- Boavista-Marítimo 0-1
rota do BenÆca em Famalicão. São Desp. Aves-V. Setúbal 1-0
estas as condições para que, por vol- Rio Ave-Portimonense 17h, SPTV1
ta das 23h15, haja uma explosão de Tondela-FC Porto 19h15, SPTV1
Famalicão-Sp. Braga 21h30, SPTV1
alegria entre os adeptos do FC Porto, V. Guimarães-Gil Vicente amanhã, 17h, SPTV1
cuja vantagem na tabela, chegando Sporting-Santa Clara amanhã, 19h15, SPTV1
aos nove pontos, sela a conquista do P. Ferreira-Sp. Braga amanhã, 21h30, SPTV1
título 29.º nacional da história do clu- Belenen. SAD-Moreirense sábado, 19h15, SPTV1

be (Æcaria a oito do BenÆca) e o segun- J V E D M-S P

do pela mão de Sérgio Conceição, 1. FC Porto 30 23 4 3 62-18 73
após o campeonato ganho em 2017/18. 2. Benfica 30 21 4 5 62-24 67
Olhando para as equipas em questão, 3. Sporting 29 17 4 8 47-30 55
bem como para os momentos de for- 4. Sp. Braga 30 16 5 9 53-36 53
ma, não é um cenário utópico imagi- 5. Famalicão 30 13 9 8 45-44 48
nar que haverá campeão já hoje. 6. Rio Ave 30 13 8 9 42-33 47
A partir das 19h15, o FC Porto visita 7. V. Guimarães 30 12 10 8 49-32 46

um Tondela em apuros — e que, por 8. Moreirense 29 9 11 9 38-35 38

9. Santa Clara 30 10 8 12 29-36 38
isso, precisa de pontos —, mas que,
10. Boavista 31 10 8 13 25-33 38
também pela posição que ocupa na
11. Marítimo 31 9 10 12 31-38 37
tabela, deverá ser uma equipa ao 12. Gil Vicente 30 9 9 12 32-37 36
alcance de um FC Porto recentemen- 13. Paços de Ferreira 30 10 4 16 29-42 34
te goleador. E há um dado importan- 14. Belenenses SAD 30 8 7 15 25-50 31
te: o Tondela é a pior equipa da I Liga 15. Tondela 30 7 9 14 24-37 30
a jogar em casa, tendo conquistado 16. V. Setúbal 31 6 12 13 24-41 30
apenas 11 pontos, fruto de duas vitó- 17. Portimonense 30 5 12 13 24-40 27
rias e cinco empates. 18. Desp. Aves 31 5 2 24 24-59 17

A partir das 21h30, já sabendo do

resultado do FC Porto, o BenÆca joga
em Famalicão. Tal como os “dragões”,
defronta uma equipa com objectivos
acesos — no caso, a luta ainda aberta
pelos lugares de acesso à Liga Europa.
A diferença está precisamente aqui:
se o Tondela passa diÆculdades e “não
sabe” jogar em casa, o Famalicão não
só é a equipa surpresa da I Liga e luta
pela Europa, como, em casa, já bateu
FC Porto e Sporting.
Um Tondela em agonia
Em Tondela, o FC Porto encontra
uma equipa em clara diÆculdade no
pós-conÆnamento. Com apenas uma
vitória desde a retoma do campeona-
to (e frente ao já condenado Despor-
tivo das Aves), os beirões estão já há
meses em quebra.
Em Dezembro, após a jornada 13, a
equipa ocupava um surpreendente
sexto lugar, à espreita da Europa.
Agora, está apenas três pontos acima
da zona de descida, depois de dois
triunfos nos últimos 17 jogos.
Sérgio Conceição, treinador do
FC Porto, deixou elogios à capaci-
Sérgio Conceição pode ser hoje
campeão, mas precisa da ajuda
de Veríssimo
dade defensiva do Tondela — que,
apesar das diÆculdades para pon-
tuar, nem é das piores defesas da
Liga — e deixou uma garantia sobre
o estado mental dos portistas.
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
“Não sou hipócrita, obviamente
pensamos todos os dias nos títulos
que temos de conquistar”, começou
por reconhecer. Mas acrescentou:
“Não falamos disso [do título]. Se
tivesse falado, partilharia. Ali dentro
não se comenta sequer essa situa-
ção”, vincou, ontem, na antevisão
da partida.
Já Natxo González lembrou, apesar
das diÆculdades, que o Tondela tem
de “sacar pontos” ao FC Porto, recor-
dando que a equipa precisa de encon-
trar um bom equilíbrio emocional.
Veríssimo quer melhorar
Em Famalicão, o BenÆca terá um de
dois cenários: caso o FC Porto tenha
perdido pontos, acender-se-á uma
ténue esperança de ainda conquistar
o título — e será motivação suÆciente
para ser competente nesta partida.
Caso o FC Porto tenha ganho em Ton-
dela, o título portista será pouco
menos do que uma mera formalida-
de — se não for campeão hoje, sê-lo-á
em breve. E esse não será um bom
tónico mental para uma equipa já
fragilizada.
Ainda assim, Nélson Veríssimo
garantiu, na antevisão da partida, que
nem sabia que os “dragões” jogavam
primeiro. Mas já Æcou a saber. E os
jogadores saberão também, certa-
mente.
No Minho, o BenÆca enfrenta uma
equipa que não terá problemas em
dar algum ascendente aos “encarna-
dos” em matéria de domínio territo-
rial e posse de bola, porque é assim
que se sente confortável. Depois, tem
jogadores com tremendo critério nas
transições e qualidade na decisão no
último terço. E também por isso são
a equipa com mais golos em contra-
ataque na I Liga (sete).
“Teremos de ser uma equipa muito
organizada e competitiva, potenciar
algumas virtudes e colmatar as lacu-
nas que encontramos em alguns
momentos”, anteviu Veríssimo.
Já João Pedro Sousa, treinador do
“Fama”, recusa “qualquer coisa que
não seja lutar pela vitória”. “Sabemos
que vamos encontrar uma equipa
forte, independentemente do que se
passou no passado recente. Estamos
preparados para uma equipa que vai
tentar a vitória, mas nós, com o nosso
jogo, estamos preparados para con-
quistar os três pontos”, disse.
diogo.oliveira@publico.pt
38 • Público • Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

DESPORTO

Barcelona continua a perseguir Sporting e Benfica criticam

manutenção da Taça
o Real Madrid e o Liverpool da Liga: “Uma das piores
o recorde de pontos decisões”
ALBERTO ESTEVEZ/EPA
Æcados da I Liga, e a Ænal a quatro.
Futebol internacional Futebol “Quando toda a Europa do fute-
bol caminha num rumo de extinção
Em Itália, a Roma regressou “Leões” e “águias” acusam de competições como a Taça da
Liga, e em que os clubes da Premier
aos triunfos e a Atalanta a Liga de clubes de League que competem nas compe-
segue imparável considerar que a pandemia tições europeias ponderam tomar a
no campeonato de covid-19 “nunca existiu” decisão de não jogar esta época a
Taça da Liga, Portugal mantém tudo
O Barcelona teima em não deitar a O Sporting e o BenÆca mostraram como dantes”, sublinha o clube
“toalha ao chão” na Liga espanhola, ontem a sua contestação à manuten- “leonino”.
mas também a estar longe de mos- ção do formato e do calendário da Pelo mesmo diapasão aÆna o Ben-
trar capacidade para impedir o Real edição de 2020-21 da Taça da Liga. Æca. “Os calendários nacionais e
Madrid de chegar ao título. Ontem, Através de um comunicado emitido internacionais fazem com que alguns
perante o Espanyol, a equipa de Qui- ontem, os “leões” consideram que a dos nossos jogadores realizem mais
que Setién precisou de esperar pelo medida, aprovada na terça-feira, é de 60 jogos por temporada, o que
minuto 56 para chegar ao golo que Luis Suárez foi o autor do único golo do Barcelona contra o Espanyol “uma das piores decisões alguma vez numa época com menor duração
lhe garantiu um triunfo curto e pou- tomadas no que se refere à protecção agudiza as preocupações de todos os
co convincente sobre o “lanterna do futebol português e dos clubes que clubes”, dizem os “encarnados”,
vermelha” da prova e que, com a CLASSIFICAÇÃO competem nas competições euro- acrescentando: “Se, na época passa-
derrota, viu consumada a sua des- peias”, enquanto as “águias” susten- da, já se sentiu o caos na marcação
promoção. ESPANHA ITÁLIA tam que se trata de uma decisão de jogos, teme-se o pior para esta
O único golo do encontro entre os Jornada 35 Jornada 31 “incompreensível” e que “contraria época”.
Valência-Valladolid 2-1 Lecce-Lazio 2-1
rivais da Catalunha surgiu logo a Celta Vigo-Atlético de Madrid 1-1 Milan-Juventus 4-2 toda a reÇexão que se tinha vindo a
seguir a duas expulsões, uma para Betis-Osasuna 2-0 Fiorentina-Cagliari 0-0 fazer sobre a necessidade de redi- Falta “prazo de segurança”
Getafe-Villarreal 1-3 Génova-Nápoles 1-2
cada lado, devido a entradas perigo- Barcelona-Espanyol 1-0 Bolonha-Sassuolo 1-2 mensionar e compatibilizar o calen- O clube “leonino” alerta, também,
sas sobre adversários e permitiu ao Maiorca-Levante 18h30, Eleven Atalanta-Sampdória 2-0 dário das competições”. que esta decisão potencia o risco de
Eibar-Leganés 18h30, Eleven Torino-Brescia 3-1
Barcelona reduzir para um ponto a Athletic Bilbau-Sevilha 21h, Eleven Roma-Parma 2-1 “Quando todo o mundo se debate que “as Ligas proÆssionais não
diferença para os líderes “merengues”, R. Sociedad-Granada amanhã 18h30, Eleven1 SPAL-Udinese 18h30, SPTV4 ainda com uma pandemia, em que venham a terminar na época 2020-21,
Real Madrid-Alavés amanhã, 21h, Eleven1 Verona-Inter de Milão 20h45, SPTV4
que jogam amanhã com o Alavés. ninguém sabe ou conhece ainda o já que não houve qualquer preocupa-
J V E D M-S P J V E D M-S P
Já o Villarreal derrotou o Getafe 1. Real Madrid 34 23 8 3 62- 21 77 1. Juventus 31 24 3 4 65-30 75 real alcance da mesma, a Liga Portu- ção em ser criado um prazo de segu-
por 3-1 e mantém-se na corrida por 2. Barcelona 35 23 7 5 79- 36 76 2. Lazio 31 21 5 5 67-33 68 guesa de Futebol Profissional (LPFP) rança adicional, caso se venha a veri-
uma vaga de acesso à Liga dos Cam- 3. Atlético de Madrid 35 16 15 4 47- 26 63 3. Atalanta 31 20 6 5 85-39 66 entendeu meter a cabeça na areia e Æcar uma segunda vaga da pandemia”
4. Sevilha 34 16 12 6 49- 33 60 4. Inter de Milão 30 19 7 4 63-31 64
peões. Santi Cazorla, por duas vezes fingir que a mesma não existe, nem de covid-19. “Não faltará quem venha
5. Villarreal 35 17 6 12 57- 45 57 5. Roma 31 15 6 10 56-43 51
de penálti, e Ruben Pena foram os 6. Nápoles 31 15 6 10 50-41 51
nunca existiu”, lê-se na nota publica- de seguida indicar que, devido à
6. Getafe 35 14 11 10 43- 34 53
autores dos golos do “submarino 7. Real Sociedad 34 15 6 13 51- 43 51 7. Milan 31 14 7 10 43-39 49 da no site oÆcial do Sporting. pandemia, os chamados clubes
amarelo”, que somou a sua sexta 8. Valência 35 13 11 11 45- 51 50 8. Sassuolo 31 12 7 12 57-53 43 Actualmente, a Taça da Liga ini- grandes têm de ser mais solidários
vitória em oito jogos. 9. Athletic Bilbau 34 12 12 10 38- 29 48 9. Verona 30 11 9 10 37-36 42 cia-se com uma eliminatória entre com os chamados pequenos. É esta
10. Granada 34 13 8 13 42- 40 47 10. Bolonha 31 11 8 12 44-49 41
Em Inglaterra, o Liverpool pode 11. Cagliari 31 10 10 11 48-46 40
equipas da II Liga, entrando os clu- a Liga que insistimos ter. O caos bem
11. Osasuna 35 11 12 12 40- 50 45
já ter garantido o título, 30 anos 12. Levante 34 12 7 15 42- 47 43 12. Parma 31 11 6 14 42-42 39 bes primodivisionários na segunda pode estar lançado e, em Portugal,
depois, mas continua a ter objecti- 13. Betis 35 10 11 14 47- 55 41 13. Fiorentina 31 8 11 12 37-43 35 fase, também com uma ronda a uma a pandemia parece ter acabado úni-
vos para conquistar esta época, que 14. Valladolid 35 8 15 12 29- 39 39 14. Torino 31 10 4 17 37-57 34 mão. Depois, disputa-se a fase de ca e exclusivamente por imposição
15. Celta de Vigo 35 7 15 13 34- 44 36 15. Udinese 30 8 8 14 27-43 32
promete ser memorável. Ontem, 16. Sampdória 31 9 5 17 36-53 32
grupos, já com os primeiros classi- da LPFP”, conclui o Sporting.
16. Alavés 34 9 8 17 32- 51 35
Mohamed Salah bisou e contribuiu 17. Eibar 34 9 8 17 34- 51 35 17. Lecce 31 7 7 17 40-71 28 ESTELA SILVA/LUSA
de forma decisiva para o triunfo dos 18. Maiorca 34 8 5 21 35- 59 29 18. Génova 31 6 9 16 38-60 27
“reds” sobre o Brighton (3-1), o 30.º 19. Leganés 34 6 10 18 25- 49 28 19. Brescia 31 5 6 20 28-61 21
20. Espanyol 35 5 9 21 27- 55 24 20. SPAL 30 5 4 21 23-53 19
em 34 partidas, fazendo com que os
campeões passem a somar 92 pon-
tos. Ficam agora a faltar nove pon- (que tem menos um jogo), mas ago- Bérgamo subiu ao terceiro posto da
tos ao Liverpool para bater o recor- ra soma apenas um ponto de vanta- Serie A, com dois pontos de vanta-
de de maior número de pontos gem sobre o Sheêeld United, sétimo gem sobre o Inter de Milão, que hoje
somados numa temporada da Pre- colocado. se desloca a Verona, e a apenas dois
mier League (na posse do Manches- Os internacionais portugueses Rui da vice-líder Lazio.
ter City, com 100 pontos amealha- Patrício, Rúben Neves, João Mouti- A quem não agrada este excelente
dos em 2017/18). E tem quatro jogos nho e Diogo Jota foram titulares nos desempenho da Atalanta é à AS
para os conseguir. “wolves”, enquanto Rúben Vinagre, Roma, orientada por Paulo Fonseca.
Pior foi a sorte do Wolverhamp- Bruno Jordão e Daniel Podence não A formação romana vê a hipótese de
ton. Um golo aos 90+3 minutos ditou saíram do banco de suplentes. chegar a um lugar de acesso às pro-
a segunda derrota seguida da equipa Em Itália, a Atalanta continua a vas da UEFA transformar-se numa
treinada por Nuno Espírito Santo, na sua impressionante temporada e, miragem, embora ontem tenha
visita ao Sheêeld United, por 1-0. ontem, bateu a Sampdória por 2-0 regressado aos triunfos — frente ao
Com este resultado o Wolverhamp- prolongando para nove o número de Parma, onde Bruno Alves jogou os
ton mantém-se o sexto lugar, com 53 jogos consecutivos que leva a vencer. 90 minutos — depois de três jornadas
pontos, a dois do Manchester United Com este resultado, a formação de consecutivas a perder. Sporting discorda do actual modelo da Taça da Liga
Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

BARTOON LUÍS AFONSO

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Mário Centeno para o Museu do Aljube, e já

MÁRIO CRUZ/LUSA
ouviu, porque a decisão estava Araújo escreveu sobre o tema no
tomada; nem interessou para nada blogue Malomil). Rita não leu, não
aquilo que Mário Centeno disse, estudou, não conhece — é jovem.
porque o cargo estava garantido. Demasiado jovem para ler sobre
Tirando isso, a coreograÆa o gulag, claro está, mas não para
democrática foi linda. dirigir o Museu do Aljube, cargo
João Miguel Tavares

E
Além dos solistas, a companhia que Rita Rato acaba de conquistar,
de dança também é digna de nota. apesar de conhecer apenas um tipo
m Portugal, há sempre A maioria dos deputados estava especíÆco de tortura — a fascista,
solução para tudo. Tanto se contra a nomeação, mas também porque a comunista, infelizmente,
arranja um lugar no estava contra a lei que impede a não estudou. O que até se
aparelho do Estado para nomeação. Recusava em compreende. Rita Rato tem
quem tem currículo e simultâneo a lei ad hominem e o currículo em História? Não tem.
conÇitos de interesse, como hominem. Ora, como menos com Tem currículo em Museologia?
se arranja um lugar no aparelho menos dá mais, a conclusão Também não. Tem currículo em
do Estado para quem não tem daquele sarau foi que Mário quê, aÆnal? Tendo em conta que
conÇitos de interesse nem Centeno não devia ir para o Banco entrou para a Assembleia da
currículo. A única coisa que se tem de Portugal, mas que podia ir à República com 26 anos e Æcou por
de ter é isto: uma relação de vontade. merecer este mártir, que não o de lá uma década, tem currículo em
amizade ou de dependência Com este bónus: quando governador do Banco de Portugal? política e em comunismo. E isso
estratégica com quem está no questionado sobre potenciais Só se fosse — tacho 2 — o de bastou e sobrou para ser a melhor
poder. Garantido isto, há sempre conÇitos de interesse, por terem director do Museu do Aljube. entre várias dezenas de candidatos
tacho e há sempre justiÆcações sido mais numerosas as decisões Mário Centeno não tem currículo ao cargo.
para o tacho, por mais que tomou sobre o sistema
estapafúrdias que elas sejam. bancário do que as histórias que Em Portugal tanto se para isso, mas Rita Rato,
ex-deputada do PCP, também não.
O marxismo cultural é apenas
uma Æcção da direita? Só se a
Tacho 1: governador do Banco de Xerazade contou ao sultão Xariar, arranja um lugar no Rita Rato pertence à geração do nomeação de André Ventura para
Portugal. António Costa tinha
prometido que ia escutar todos os
Centeno disse: “Se eu usasse o seu
raciocínio não conseguia encontrar
aparelho do Estado para comunista com ignorância
auto-inÇigida: de cada vez que um
director do museu do Estado Novo,
em Santa Comba, causar a mesma
partidos antes de nomear o emprego em Portugal nas próximas quem tem currículo e jornalista lhe pergunta sobre indignação. Ontem foi mais uma
próximo governador do Banco de
Portugal — e escutou. Mário
décadas.” Qualquer português
imaginou de imediato o pobre de
conflitos de interesse, Estaline, a China ou a Coreia do
Norte, não é seu desejo defender
quarta-feira no país do vale-tudo.
Passo a passo, o regime vai
Centeno esteve no Parlamento pedir a vaguear pelas ruas de como se arranja um lugar abertamente tais coisas, mas cavando o buraco onde um dia se
para prestar contas aos deputados Lisboa de mão estendida, como se para quem não tem como teme que se quebre a irá sepultar.
— e prestou. Com esta já não tivessem bastado cinco anos ampola de cicuta ao criticá-las, a
originalidade: não interessou para a estender a mão em Bruxelas. De conflitos de interesse nem solução é alegar a mais profunda Jornalista
nada aquilo que António Costa facto, que outro cargo poderia currículo ignorância (vejam o que António jmtavares@outlook.com

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