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1. Hist6ria da patente
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Entretanto, a prática estabelecida por Veneza alastrou-se aos poucos pela
Europa, com alterações e restrições. Patentes de invenção eram concedidas
aqui e ali, notadamente em Antuérpia, de onde a prática derivou para a Ingla-
terra. Aqui, durante os reinados de Elizabeth e James 11, sucederam-se as con-
cessões de privilégio, até que, em 1623, culminaram no já citado Estatuto dós
Monopólios, cujo principal mérito foi estabelecer o princípio àe proteção ao
"primeiro e verdadeiro inventor".
Mais de um século transcorreu para que a concessão de privilégios de inven-
ção passasse a ser regulada por lei em outros países. A Assembléia Consti-
tuinte da França aprovou, em 1791, uma lei de patentes. Seguiram-se os EUA,
com sua primeira lei em 1793.
Na primeira metade do século XIX, a proteção ao inventor mediante lei
específica espalhou-se pelo mundo. Na Áustria, surgiu em 1810; na URSS, em
1812; Prússia, 1815; Bélgica e Países Baixos, 1817; Espanha, 1820; Baviera,
1825; Sardenha, 1826; Vaticano, 1833; Suécia, 1834; Würtemberg, 1836; Por-
tugal, 1837; Saxônia, 1843.
No Brasil, o marco inicial da proteção ao inventor encontra-se no Alvará
do Príncipe Regente, de 28 de abril de 1809, concedendo um privilégio tem-
porário aos introdutores de alguma nova máquina e invenção nas artes, desde
que apresentassem o plano de seu invento à Real Junta do Comércio. Era,
então, o primeiro passo dado por nosso país à proteção dos privilégios de in-
venção, se bem que de forma primária e sem indicar os requisitos necessários
à proteção desejada.
Valeu este como princípio, pois os países mais cultos nem cogitavam de
idêntica medida e tudo era feito arbitrariamente, sem qualquer regulamentação,
daí a série de conflitos que se alastravam em todos os pontos. Com essa me-
dida o Brasil se colocou em quarto lugar no mundo, sendo que os antecessores,
pela ordem, são: Inglaterra em 1622, EUA em 1790, e França em 1791.
Esse alvará tinha como título a "isenção de direitos às matérias-primas do
uso das fábricas e concessão de outros favores aos fabricantes e da navegação
nacional" .
Somente alguns anos mais tarde, pelo então Imperador D. Pedro I, foi esta-
belecida a primeira lei específica a respeito dos privilégios de invenção e seus
melhoramentos (lei de 28 de agosto de 1830), assegurando-se ao descobridor
ou inventor o uso exclusivo de sua descoberta ou invenção. Todos aqueles que
melhorassem uma descoberta ou invenção teriam o direito de requerer o seu
privilégio como melhoramento da invenção, ou melhor, como patente de me-
lhoramento. Aos introdutores de nova indústria estrangeira seria concedido um
prêmio, visando incentivar o exercício das empresas, resultando o aprendizado
e o melhor aproveitamento pelos nacionais.
A proteção das invenções, em sua segunda lei específica (Lei n9 3.229, de
14 de outubro de 1882), acentuava que seriam concedidos privilégios à inven-
ção de novos produtos conhecidos para se obter um produto ou resultado in-
dustrial, bem como ao melhoramento da invenção já privilegiada pelo próprio
ou por terceiros. Havia portanto, duas modalidades de privilégio, uma para
invenção totalmente nova, outra para o aperfeiçoamento, outorgando direitos
exclusivos e temporários em ambos os casos.
O Decreto n9 16.264 de 19 de dezembro de 1923, cria a Diretoria Geral da
Propriedade Industrial e num só diploma legal consagra a proteção dos privi-
légios de invenção de novos produtos industriais, de novos meios ou processos
de aplicação, dos melhoramentos ou aperfeiçoamentos de invenção da indústria
e do comércio.
2. Introdução
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venientes do exterior. Destes totais, as patentes de invenção propriamente dita
(PI) e de modelo de utilidade (MU) somavam 9.372, sendo que apenas 2.291
(24%) eram nacionais, contra 7.081 (76%) estrangeiras.
Por outro lado, examinando-se a procedência dos 24% de patentes de inven-
ção e de modelo de utilidade de titulares nacionais em vigor (2.291), chega-se
a esta surpreendente constatação:
3. A patente
3.1.1 Invenção
Patentes 121
Entende-se por estado da técnica, em relação a determinado ramo tecnoló-
gico, aquilo que, em dado momento, tenha sido colocado ao alcance do público
por qualquer meio de divulgação (uso, demonstração, entrevista à imprensa,
rádio e televisão, ou por qualquer tipo de publicação, inclusive na forma de
patente concedida e publicada, bem como na forma de pedido de patente pu-
blicado), ou seja objeto de um pedido de patente depositado até aquele dado
momento.
3.2 Privilégio
o titular de uma patente tem assegurado por lei o uso exclusivo do seu
objeto, durante um certo período de tempo. Isto quer dizer que o detentor da
patente, durante o período em que perdurar seu privilégio, tem em mãos um
monopólio; e é o único que pode explorar a invenção, o modelo de utilidade,
o modelo industrial ou o desenho industrial, produzindo e vendendo o objeto
da patente. Pode transferir a outrem, definitiva ou temporariamente, os direi-
tos que a patente lhe assegura, ou contratar com terceiros a sua exploração.
O período de duração de uma patente depende de sua natureza: para patente
de invenção, 15 anos; para modelo de utilidade, modelo industrial e desenho
industrial, 10 anos.
Pelo Código da Propriedade Industrial, esse prazo é contado a partir da
data em que foi feito o pedido de patente, ou seja, a partir da data do depósito.
Deve-se notar que o simples fato de alguém depositar um pedido de patente
não lhe proporciona nenhuma garantia efetiva de privilégio, mas apenas a
expectativa de um direito. Entretanto, se um terceiro explorar o invento, du-
rante o período entre o depósito e a concessão da patente, poderá ter que
a) tudo o que for contra a lei, a moral, a saúde, a segurança pública, os cultos
religiosos e os sentimentos dignos de respeito e veneração;
b) as substâncias, matérias ou produtos obtidos por meios químicos (os pro-
cessos de fabricação, porém, são patenteáveis);
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c) alimentos, medicamentos e produtos químico-farmacêuticos, inclusive seu
processo de obtenção;
d) misturas e ligas metálicas, a não ser que estas apresentem qualidades intrín-
secas específicas e que estejam definidas qualitativa e quantitativamente;
e) a mera combinação de processos, meios ou coisas já conhecidas, sua sim-
ples mudança de formas, proporções, dimensões e materiais, a não ser que
constituam efeitos técnicos novos;
f) o emprego de descobertas para determinados fins, inclusive de microor-
ganismos;
g) técnicas cirúrgicas e terapêuticas (excluídos aparelhos e máquinas que são
patenteáveis) ;
h) sistemas, programações, planos e esquemas aplicáveis a escrituração, cál-
culos, computação, propaganda, sorteios, etc., bem como as concepções pura-
mente teóricas;
i) tudo quanto for resultante de transformação do núcleo atômico, sejam subs-
tâncias, matérias, etc., a modificação de suas propriedades, bem como os res-
pectivos processos;
j) obras de arte e artesanato, esculturas, projetos arquitetônicos, pinturas, gra-
vuras, bordados, trabalhos em esmalte, fotografia, etc.
4. O pedido de patente
4.1 A prioridade
Entende-se por prioridade o direito adquirido por alguém sobre uma inven-
ção, modelo de utilidade, modelo industrial ou desenho industrial, a partir da
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data em que depositou seu pedido de patente em um órgão oficial, com a
atribuição de conceder patentes, em qualquer país que seja membro da Con-
venção de Paris.
Nos termos dessa Convenção de que resulta a União de Paris e nos termos
da legislação brasileira em vigor, bem como da dos demais países que formam
a União, a prioridade é válida para todos eles durante um ano, para os casos
de invenção e de modelo de utilidade, e de seis meses nos casos de modelo
industrial e desenho industrial.
Isto significa que, ressalvados eventuais direitos de terceiros, uma cnaçao
para a qual tenha sido depositado regularmente um pedido de patente em um
desses países, não pode ser invalidada por depósito de pedido igual nos demais
países, nem por qualquer meio de divulgação, feitos durante os prazos indica-
dos (12 ou 6 meses, conforme o caso). Decorrido o prazo, perde-se o direito
à prioridade.
E de domínio público em qualquer país, podendo, portanto, ser copiado
livremente, o objeto de um pedido de patente depositado e publicado em outros
países, ou de patentes neles concedidas e publicadas, que não tenha sido objeto
de um pedido de patente depositado nesse país, ressalvados o período de prio-
ridade ou eventuais direitos de terceiros.
A Convenção de Paris data de 20 de março de 1883, tendo sido revista
em Bruxelas em 14 de dezembro de 1900; em Washington, em 2 de julho de
1911; em Haia, em 6 de novembro de 1925; em Londres, em 2 de junho de
1934; em lisbOa, em 31 de outubro de 1958; e em Estocolmo, em 14 de
julho de 1967.
A última revisão, de Estocolmo, foi ratificada pelo Congresso Nacional pelo
Decreto Legislativo n9 78, de 31 de outubro de 1974, e promulgada pelo De-
creto nQ 75.572, de 8 de abril de 1975, entrando em vigor, no Brasil, em 24
de março de 1975, com ressalva dos arts. 1 a 12. Continuou em vigor no Brasil,
a partir de 24 de março de 1975, a revisão de Haia de 1925, no que se refere
àqueles artigos.
Todo autor que pretender fazer demonstração, comunicação a entidades
científicas ou exibição do invento em exposições oficiais ou oficialmente reco-
nhecidas, poderá requerer a garantia de prioridade de sua invenção, antes de
requerida a patente. O pedido de garantia de prioridade é feito em formulário
próprio do INPI, acompanhado de relatório descritivo e desenhos, se for o
caso. A garantia de prioridade é válida por um ano para os pedidos de privi-
légio de invenção, e por seis meses para os de modelo de utilidade, modelo
industrial e desenho industrial.
Dentro destes prazos, o pedido de privilégio deverá ser formalizado, me-
diante novo relatório descritivo, circunstanciado, se for o caso, reivindicações,
novos desenhos, se for o caso, e o resumo, sob pena de extinção automática da
garantia de prioridade.
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Esta classificação, denominada abreviadamente de INT. CI., é objeto do
chamado Acordo de Estrasburgo, de 24 de março de 1971, ratificado pelo Con-
gresso Nacional pelo Decreto Legislativo nQ 59, de 30 de agosto de 1974, en-
trando em vigor no Brasil em 7 de outubro de 1975, tendo sido promulgado
pelo Decreto nQ 76.472, de 17 de outubro de 1975.
A Classificação Internacional de Patentes é revista de cinco em cinco anos.
Cada nova edição é designada, abreviadamente, pelo respectivo número, eleva-
do imediatamente após a sua sigla. Assim, a primeira edição é INT. CI., a
segunda é INT. CI.2 , a terceira, de 1979, foi INT. C1.3 , e assim sucessivamente.
Os pedidos de patente de modelo industrial e desenho industrial são clas-
sificados por uma Classificação Brasileira.
A classificação dos pedidos é função dos técnicos especializados do INPI.
O pedido de patente é mantido sob sigilo até sua publicação, que ocorre aos
18 meses da data do depósito no Brasil ou da data da prioridade mais antiga,
se reivindicada e comprovada, independente de qualquer providência do depo-
sitante. A comunicação da publicação do pedido é feita através da Revista da
Propriedade Industrial, órgão oficial do INPI, que publica todos os seus atos
e despachos. Caso seja do seu interesse, o depositante poderá requerer a ante-
cipação da publicação do pedido, mediante o pagamento de uma retribuição
especial. O pedido, então, será publicado como "publicação antecipada".
Simultaneamente com a comunicação, pela Revista da Propriedade Industrial,
da publicação do pedido, o relatório descritivo, as reivindicações, os desenhos,
se houver, e o resumo são reproduzidos por processo eletrostático, na forma
de folheto, sob o título "Publicação de pedido de privilégio", seguindo os res-
pectivos dados bibliográficos, isto é, nome do depositante, data do depósito,
título do objeto do pedido, classificação, data, país e número da prioridade
unionista, data da publicação e nome do inventor.
O pedido assim publicado, em forma de folheto, é incorporado ao Banco
de Patentes, onde qualquer interessado poderá examiná-lo e adquirir uma
cópia.
Exemplares do folheto são enviados aos escritórios de patentes dos princi-
pais países com os quais o INPI mantém entendimento, em base de recipro-
cidade: EUA, República Federal da Alemanha, Grã-Bretanha e França.
Uma vez publicado o pedido de patentes, na forma indicada anteriormente,
o depositante, ou qualquer outro interessado, tem o prazo de 24 meses para
requerer o seu exame, mediante o recolhimento da retribuição respectiva. Caso
não seja requerido o exame do pedido dentro do prazo legal, o mesmo será
definitivamente arquivado.
Após a publicação, na Revista da Propriedade Industrial, de que foi reque-
rido o exame (pedido de exame), corre o prazo de 90 dias para apresentação
de oposições por terceiros. Findo esse prazo, o pedido de privilégio é encami-
nhado à divisão competente da Diretoria de Patentes, onde será analisado por
examinador técnico.
A oposição é um instrumento de que dispõem terceiros para manifestar-se
contra a concessão do privilégio pretendido. A oposição, apresentada em reque-
rimento adequado, deverá fundamentar e documentar objetivamente as razões
do oponente contrárias à concessão do privilégio.
O examinador técnico conjuga eventuais oposições com o resultado de bus-
cas, visando a determinação do estado da técnica e possíveis anterioridades,
procede ao exame técnico da matéria e emite seu parecer, que poderá ser fa-
vorável à concessão de uma patente pretendida.
6. A vida da patente
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ano, fica obrigado a conceder licença para sua exploração a terceiro que o
desejar e requerer, salvo motivo de força maior, devidamente comprovado.
A licença obrigatória, não exclusiva, poderá ser dada a terceiro que a re-
queira. A importação do objeto da patente, ou a sua suplementação por impor-
tação, não é considerada exploração efetiva.
Por outro lado, o detentor da licença obrigatória deve iniciar a exploração
efetiva do objeto da patente, dentro dos 12 meses que se seguirem à data da
concessão da licença.
O privilégio poderá, também, ser extinto, quando o seu objeto for consi-
derado de interesse da segurança nacional, ou quando a vulgarização for con-
siderada de interesse da segurança nacional ou de interesse público.
Há três situações que determinam a extinção do privilégio:
7. Conclusão
No Rio, Praia de
BOOIqo,188
Em São Paulo,
AI. N<JJe de Julho,
2029. Em Brasília,
I ClS 104, Bloco A,
I Loja 37.
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