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PATENTES·

AnELAIDE MARIA CoUTO LoPES"

1. História da patente; 2. Introdução; 3. A patente; 4. O


pedido de patente; 5. O andamento do pedido de patente;
6. A vida da patente; 7. Conclusão.

1. Hist6ria da patente

A história da patente de invenção, até fins do século passado, foi bastante


negligenciada, a despeito da sua grande importância no desenvolvimento eco-
nômico das nações. Até então, e mesmo em princípios deste século, atribuía-se
a origem do moderno sistema de patentes ao Estatuto dos Monopólios da In-
glaterra, de 1623. A partir daí, ter-se-ia desenvolvido e aperfeiçoado, na Ingla-
terra, um sistema formal de patentes que somente muito mais tarde seria igua-
lado em outras partes do mundo.
No entanto, estudos mais recentes demonstram que a patente de invenção,
como hoje a conhecemos, é o resultado de um lento processo evolutivo da con-
cessão de privilégios pelos senhores do poder, reis, imperadores, duques, cujos
critérios se norteavam pelas necessidades econômicas do momento.
Tais privilégios, porém, não beneficiavam necessária e exclusivamente os
inventores. Dentro do quadro mercantilista vigente e concedidos sob uma va-
riedade de formas, cartas, franquias, licenças, regulamentos, atribuíam mono-
pólios, por tempo determinado, a artesãos e empresários, para a fabricação
ou aplicação de métodos de fabricação de certos produtos, mesmo que conhe-
cidos em outras partes.
Um viajante do século XII, Benjamin Trudela, em seus relatos fazia refe-
rência a um privilégio exclusivo para tingir tecidos, concedidos no reino semi-
bizantino de Jerusalém, mediante o pagamento de uma taxa anual.
Em 1236. o governador de Bordéus concedeu a um habitante da cidade o
direito exclusivo, durante 15 anos, de fabricar tecidos segundo método
flamengo.
Segundo o mesmo historiador, Eduardo 111 da Inglaterra, a partir de 1331,
atraía tecelões flamengos por meio de cartas de proteção para fabricar tecidos
de lã, pois era mais lucrativo para o país exportar o produto acabado do que
a matéria-prima.
Na França, ainda na Idade Média, vários privilégios foram concedidos, mui-
tos exclusivos, para fabricação de vidros, de tipos e por métodos em geral
inspirados na produção italiana. Filipe de Cacquery, chamado mais tarde de

• Trabalho apresentado ao Curso de Direito Empresarial, promovido pelo Centro de


Atividades Didáticas do Instituto de Direito Público e Ciência Política, em 1982. Me-
receu nota máxima, e é publicado por decisão do Conselho Editorial da Revista de Ciência
Política.
•• Advogada.

R. Cio po!., Rio de Janeiro, 25(3): 115-131, set./dez. 1982


primeiro inventor do vidro plano, obteve de Filipe VI de Valois, em 1330,
o privilégio de instalar uma fábrica de vidros, mediante o pagamento de uma
taxa anual. Da mesma forma, mais de 100 anos depois, em 1449, Henrique VI
da Inglaterra concedia a um estrangeiro, Tohn Utyman, o direito exclusivo de
fabricar vidro colorido no país, empregando técnica conhecida há pelo menos
três séculos em outras partes da Europa.
Numerosos outros privilégios do gênero eram concedidos por toda a Europa,
principalmente nas áreas têxteis e de fabricação de vidros, cujas técnicas eram
oriundas do Oriente Próximo e da Itália. Tais privilégios não obedeciam a
nenhuma legislação específica e, na verdade, não constituíam "patentes de in-
venção". Eram concessões que visavam principalmente ao que hoje podemos
comparar com o processo de transferência de tecnologia.
Mas, a partir desses privilégios, chegou-se com o correr dos tempos ao dis-
ciplinamento, mediante legislação específica, da concessão de privilégios de
invenção, seguindo-se praticamente o modelo e os princípios básicos estabele-
cidos na Itália.
Deve-se ter em conta que, na época, as repúblicas italianas de Florença e
Veneza eram os grandes centros da civilização ocidental, não só por suas ma-
nifestações culturais, ponto focal da arte e da literatura, mas, também, pelo
desenvolvimento industrial, em que predominava um espírito essencialmente
prático e progressista, e pelo poder econômico e financeiro.
Em Florença, em 1406, três artesãos lombardos foram contratados para fa-
bricar, com exclusividade, durante três anos, peças e implementos de metal
para a indústria têxtil, com a condição de ensinarem a técnica aos artesãos
locais (este talvez seja o primeiro exemplo de um contrato de transferência de
tecnologia, estipulando a absorção da técnica transferida). Findo aquele prazo,
os lombardos continuaram com a licença de fabricação e fornecimento das
peças, sem exclusividade, mas com total isenção de impostos e taxas, durante
20 anos.
Tem-se assim, já no século XV, a instituição de incentivos fiscais. Em 1421,
seguindo o exemplo de Veneza, em Florença criou-se o consules maris, cuja
principal função era introduzir na República novas indústrias oriundas do
exterior.
No mesmo ano, Florença concedeu o que pode ser considerada a primeira
patente de invenção, como a conhecemos hoje, embora com prazo de validade
de apenas três anos. O titular foi um arquiteto, Brunelleschi, que inventou
uma barcaça dotada de um mecanismo que servia para içar e transportar o
mármore que empregava em suas construções.
Apesar de outras invenções do mesmo autor, pelas quais recebeu apenas
prêmios em dinheiro, não há indícios de que Florença tenha instituído um
sistema de patentes, primazia que coube a Veneza.
Veneza herdara de Bizâncio suas principais indústrias, principalmente a
fabricação de vidros e sedas, sendo o primeiro Estado da Europa ocidental a
legislar sobre a indústria. Em 1322, um engenheiro teuto se propôs a construir
um moinho de milho, recebendo certa importância para submetê-lo a um teste.
Foram designados dois homens de "notório saber" para realizar a prova, Leo-
nardo Aymo e Phillipo Bellegno, que talvez tenham sido os primeiros exami-
nadores de pedidos de patentes. Seguiram-se outras propostas na mesma linha,
até que, em 1443, um francês de nome Antonius Marin solicitou e obteve o
privilégio de construir com exclusividade, durante 20 anos, moinhos de sua
invenção, que dispensavam o emprego de água, afastando assim todos os
demais construtores de moinhos de Veneza.

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Outras patentes foram conseguidas em 1460 e 1472.
Finalmente, em 19 de março de 1474, o Senado de Veneza votou o que
se conhece como sendo a primeira lei de patentes do mundo, com 116 votos
a favor, 10 contra e três abstenções. O texto original e traduzido é o seguinte:

"MCCCCLCCIIII die XVIIII Martij


EI sono in questa Cità, et anche ala zornata, per la grandeza et bontà soa
concorre homeni da diverse bande, et accutissimi ingegni, apti ad excogitar et
trovar varij, ingegnosi artificij. Et seI fosse provisto, che le opere et artificij
trovade da loro, altri viste che le havesseno, non podesseno farle, et tuor honor
suo, simel homeni eexercitariano I'ngegno, troveriano, et fariano dele chosse,
che sariano de non picola utilità et beneficio aI stado nostro.
Pero I'an dara parte che per autorità de questo Conseio, chadaun che farà
in questa Cità algun nuovo et ingegnoso, artificio, non facto par avanti nel
dominio nostro, reducto chel sarà a perfection, siche eI se possi usar, et exer-
citar, sia tegnudo darIo in nota aI officio di nostre provededori de Commun.
Siando prohibito a chadaun altro in alguna terra e luogo nostro, far algun
altro artificio, ad imagine et similitudine di quello, senza consentimento et
licentia dei auctor, fino and ad anni X.
Et tamen se algun el fesse, l'auctor et inventor predicto, habia libertà po-
derIo citar a chadaun officio de questa Cità, daI qual officio, eI dicto havesse
contracto, sia astreto a pagarli de la nostra signoria, ad ogni suo piaxer, tuor
et usar ne i su o bisogni chadaun di dicti artificij, et instrumenti, cum questra
pero condition, che altri cha i auctori non li possi exercitar."

Este texto pode ser assim traduzido:


.. Existem nesta cidade e para que também ocorrem, por motivo de sua gran-
deza e bondade, homens de diferentes lugares e de agudíssimo engenho, capazes
de discernir e criar toda sorte de invenções. E se for estabelecido que as obras
e invenções por eles realizadas, outros que as tenham visto não possam fazê-las
e levar as honras, tais homens aplicariam seu talento, inventariam e fariam
coisas que seriam de não pouca utilidade e benefício para o nosso Estado.
Portanto, fica decidido que, sob a autoridade deste Conselho cada pessoa
que fizer nesta Cidade alguma invenção nova e engenhosa ainda não realizada
em nosso domínio, assim que for levada à perfeição, de maneira a poder ser
usada e aplicada, deverá informar da mesma ao nosso escritório de provedores
da Comuna. Fica proibido a qualquer outro, em qualquer dos nossos territórios
e lugares, fazer qualquer outra invenção da mesma forma, ou semelhante, sem
o consentimento ou licença do autor, durante 10 anos.
E se, de qualquer maneira, alguém o fizer, o autor e inventor mencionado
terá a liberdade de citá-lo em qualquer escritório desta Cidade, pelo qual o
mencionado autor da contrafação será obrigado a pagar 100 ducados, sendo
o engenho imediatamente destruído. Fica em liberdade nosso governo de usar
para suas necessidades quaisquer dos ditos inventos e instrumentos, com a
condição, porém, de ninguém a não ser os autores poderem aplicá-los."
Ficaram estabelecidos os princípios básicos: novidade, aplicação prática, ex-
clusividade durante 10 anos, salvaguarda dos interesses do Estado, licença de
exploração, penalidade a terceiros que usem o invento sem consentimento.
O sistema perdurou até o declínio de Veneza, desaparecendo no fim da Re-
pública, em 1790.

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Entretanto, a prática estabelecida por Veneza alastrou-se aos poucos pela
Europa, com alterações e restrições. Patentes de invenção eram concedidas
aqui e ali, notadamente em Antuérpia, de onde a prática derivou para a Ingla-
terra. Aqui, durante os reinados de Elizabeth e James 11, sucederam-se as con-
cessões de privilégio, até que, em 1623, culminaram no já citado Estatuto dós
Monopólios, cujo principal mérito foi estabelecer o princípio àe proteção ao
"primeiro e verdadeiro inventor".
Mais de um século transcorreu para que a concessão de privilégios de inven-
ção passasse a ser regulada por lei em outros países. A Assembléia Consti-
tuinte da França aprovou, em 1791, uma lei de patentes. Seguiram-se os EUA,
com sua primeira lei em 1793.
Na primeira metade do século XIX, a proteção ao inventor mediante lei
específica espalhou-se pelo mundo. Na Áustria, surgiu em 1810; na URSS, em
1812; Prússia, 1815; Bélgica e Países Baixos, 1817; Espanha, 1820; Baviera,
1825; Sardenha, 1826; Vaticano, 1833; Suécia, 1834; Würtemberg, 1836; Por-
tugal, 1837; Saxônia, 1843.
No Brasil, o marco inicial da proteção ao inventor encontra-se no Alvará
do Príncipe Regente, de 28 de abril de 1809, concedendo um privilégio tem-
porário aos introdutores de alguma nova máquina e invenção nas artes, desde
que apresentassem o plano de seu invento à Real Junta do Comércio. Era,
então, o primeiro passo dado por nosso país à proteção dos privilégios de in-
venção, se bem que de forma primária e sem indicar os requisitos necessários
à proteção desejada.
Valeu este como princípio, pois os países mais cultos nem cogitavam de
idêntica medida e tudo era feito arbitrariamente, sem qualquer regulamentação,
daí a série de conflitos que se alastravam em todos os pontos. Com essa me-
dida o Brasil se colocou em quarto lugar no mundo, sendo que os antecessores,
pela ordem, são: Inglaterra em 1622, EUA em 1790, e França em 1791.
Esse alvará tinha como título a "isenção de direitos às matérias-primas do
uso das fábricas e concessão de outros favores aos fabricantes e da navegação
nacional" .
Somente alguns anos mais tarde, pelo então Imperador D. Pedro I, foi esta-
belecida a primeira lei específica a respeito dos privilégios de invenção e seus
melhoramentos (lei de 28 de agosto de 1830), assegurando-se ao descobridor
ou inventor o uso exclusivo de sua descoberta ou invenção. Todos aqueles que
melhorassem uma descoberta ou invenção teriam o direito de requerer o seu
privilégio como melhoramento da invenção, ou melhor, como patente de me-
lhoramento. Aos introdutores de nova indústria estrangeira seria concedido um
prêmio, visando incentivar o exercício das empresas, resultando o aprendizado
e o melhor aproveitamento pelos nacionais.
A proteção das invenções, em sua segunda lei específica (Lei n9 3.229, de
14 de outubro de 1882), acentuava que seriam concedidos privilégios à inven-
ção de novos produtos conhecidos para se obter um produto ou resultado in-
dustrial, bem como ao melhoramento da invenção já privilegiada pelo próprio
ou por terceiros. Havia portanto, duas modalidades de privilégio, uma para
invenção totalmente nova, outra para o aperfeiçoamento, outorgando direitos
exclusivos e temporários em ambos os casos.
O Decreto n9 16.264 de 19 de dezembro de 1923, cria a Diretoria Geral da
Propriedade Industrial e num só diploma legal consagra a proteção dos privi-
légios de invenção de novos produtos industriais, de novos meios ou processos
de aplicação, dos melhoramentos ou aperfeiçoamentos de invenção da indústria
e do comércio.

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o Decreto n9 24.507 de 29 de junho de 1934 estabelece a proteção dos
privilégios de desenhos ou modelos industriais e o registro do nome comercial
e do título de estabelecimento, que até então não eram suscetíveis de proteção
legal.
O Decreto-Iei n9 7.903 de 27 de agosto de 1945, revogando todos os ante-
riores, consagrou a proteção dos privilégios de invenção etc. Não obstante este
decreto-Iei tenha sido revogado no tocante a toda a proteção enunciada, per-
manece, contudo, em vigor em relação ao seu Título IV, ex-vi, art. 128, da
Lei n9 5.772 de 21 de dezembro de 1971.
O Decreto-Iei n9 10.005 de 21 de outubro de 1969, que substituiu o ime-
diatamente anterior (Decreto-Iei n'? 254 de 28 de fevereiro de 1967), manteve
praticamente aqueles mesmos princípios de proteção, porém consignando que
a proteção ao nome comercial ou de empresa em todo o território nacional é
adquirida através do arquivamento do registro dos atos constitutivos perante
o registro do comércio. Exclui, por outro lado, de seu âmbito a proteção das
recompensas industriais e as insígnias de comércio, sendo que, para estas últi-
mas, possibilitou o requerimento de um novo pedido de serviço.
• Pela Lei nl? 5.648 de 11 de dezembro de 1970, foi criado o Instituto Na-
cional da Propriedade Industrial, autarquia federal, vinculado ao Ministério
da Indústria e do Comércio, em substituição ao antigo Departamento Nacional
da Propriedade Industrial, e visando dinamizar a propriedade industrial no
Brasil. Sua finalidade precípua é executar, no âmbito nacional, as normas que
regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econô-
mica, jurídica e técnica. Assim, e sem prejuízos de outras atribuições que lhe
forem cometidas, o Instituto adotará, com vistas ao desenvolvimento econô-
mico do País, medidas capazes de acelerar e regular a transferência de tecno-
logia e de estabelecer melhores condições de negociação de patentes, cabendo-
lhe ainda pronunciar-se quanto à conveniência da assinatura, ratificação ou
denúncia e acordos sobre propriedade industrial.

2. Introdução

A principal conseqüência prática esperada de uma patente é que o privilégio


concedido conduza ao aparecimento no mercado de novos produtos ou pro-
cessos, revigorando e ampliando a indústria do país. Aliás, o que distingue de
maneira fundamental a patente de qualquer prêmio de caráter científico é, na
realidade, o requisito obrigatório de aplicabilidade industrial do objeto a que
ela se refere.
Na segunda metade do século XX, e em particular na década de 70, o papel
de patente na sociedade industrial brasileira deve ser cuidadosamente exami-
nado em face do nível relativo de desenvolvimento educacional, científico e
técnico atingido pelo nosso povo.
Por razões diversas, entre as quais a falta de conhecimento das vantagens
e das conveniências de proteger resultados de pesquisas sobre processos e pro-
dutos, é relativamente modesto o número de patentes nacionais de titulares
brasileiros, em particular no que tange a privilégios de invenção (PI). Levan-
tamento feito em 1978 indicou a seguinte distribuição, computadas as quatro
naturezas (PI, MU, MI e DI): de 10.102 patentes em vigor no país, apenas
2.875 (28%) eram genuinamente nacionais, ou seja, de titulares residentes no
Brasil (brasileiros e estrangeiros). O restante, ou seja, 7.227 (72%) eram pro-

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venientes do exterior. Destes totais, as patentes de invenção propriamente dita
(PI) e de modelo de utilidade (MU) somavam 9.372, sendo que apenas 2.291
(24%) eram nacionais, contra 7.081 (76%) estrangeiras.
Por outro lado, examinando-se a procedência dos 24% de patentes de inven-
ção e de modelo de utilidade de titulares nacionais em vigor (2.291), chega-se
a esta surpreendente constatação:

Provenientes de empresas 1.275 (55,6% )


Pertencentes a inventores isolados 1.014 (44,3% )
Provenientes de centros tecnológicos e de universidades 2 ( 0,1 %)

Nessas condições, dois pontos parecem da mais alta oportunidade:


1. Estimular centros tecnológicos e universidades a depositar pedidos de pa-
tentes resultantes de suas pesquisas e desenvolvimento. Vale observar que é
comum, mesmo entre os profissionais de engenharia e áreas técnicas nas uni-
versidades e entidades de serviço, publicar ou apresentar em congressos ou
exposições as invenções derivadas de suas pesquisas sem antes depositar um
pedido de garantia de prioridade junto ao INPI, para fins de anterioridade.
Isto tem como conseqüência fatal e desagradável a perda do caráter de novi-
dade do resultado de seu trabalho, indispensável para a eventual obtenção de
uma patente (art. gç do Código da Propriedade Industrial).
2. Reconhecer a impressionante realidade: inventores isolados em nosso país,
atestando uma característica espontânea que muitos insistem em não acreditar
que os brasileiros possuam, qual seja a da criatividade, não apenas artística,
musical, mais técnica e tecnológica.
Acresce que, não sendo basicamente a patente apenas um diploma honorí-
fico, é importante saber quantas patentes de brasileiros resultaram em apli-
cações industriais. Tomando-se por base o número de contratos de licença para
exploração de patentes brasileiras averbados pelo INPI, conclui-se que a situa-
ção atual é menos do que modesta. Apenas 14 contratos de Licença para Ex-
ploração de Patentes (LEP) foram averbados pelo INPI no período de 1972
a 1978, o que corresponde a menos de 0,5% das patentes em vigor, de titu-
lares nacionais.
A vida de uma patente tem três fases distintas:
a} a concepção da idéia nova, desenvolvimento, aperfeiçoamento e sua trans-
formação em pedido de patente;
b} a concessão de patente pelo INPI, após o período de processamento e exa-
me, cuja duração é normalmente de cerca de quatro anos, podendo ser redu-
zida a cerca de dois anos se o requerente fizer uso de todas as possíveis ante-
cipações previstas no Código da Propriedade Industrial;
c} a exploração da patente pelo próprio titular, ou mediante licença ou cessão
a terceiros, para fins de industrialização. Esta última é a fase mais crítica,
porque depende não apenas de originalidade ou engenhosidade do invento,
mas basicamente da viabilidade técnico-econômica de sua industrialização. No
caso de licenciamento a terceiros, requer uma adicional capacidade de conven-
cimento sobre as prováveis vantagens econômicas, que justifiquem o investi-
mento necessário para sua exploração.
O BrasiL sendo membro da União de Paris sobre Propriedade Industrial e
tendo ratificado recentemente o Tratado de Cooperação em Matéria de Paten-

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tes, necessita urgentemente de um número cada vez maior de brasileiros com
idéias práticas, criativas, patenteáveis, sobre processos, produtos e seu aper-
feiçoamento, suscetíveis de industrialização, para poder oferecer a contribuição
tecnológica de que é capaz, como nação responsável, para o progresso da
sociedade industrial moderna no novo século que se aproxima.

3. A patente

A patente exprime a concessão de um privilégio ao autor de algo novo. que


tem aplicação em alguma atividade industrial, ou seja, é o direito que se outorga
oficialmente a uma pessoa, física ou jurídica, conferindo-lhe, durante certo
período de tempo, o uso exclusivo de algo que tenha inventado, ou criado,
perfeitamente definido e limitado por suas características.
Como privilégio, a patente é um incentivo à atividade criadora no campo
industrial.
Acha-se, pois, indissoluvelmente ligada à idéia de progresso. Como tal, sua
concessão é do maior interesse do Estado, desde que se subordine a três prin-
cípios básicos:
a) constitua novidade;
b) contribua para o desenvolvimento industrial, econômico e social da nação;
c) não ofenda o bem-estar público, em termos materiais e espirituais.
Como já foi dito antes, " ... a patente deve ser entendida não só como pro-
teção legal à propriedade, mas, também, como incentivo à capacidade cria-
dora e ao espírito inovador no campo da técnica.
Sua função econômica vai muito além, pois, na realidade, é o instrumento
através do qual o conhecimento tecnológico deixa de ser segredo para se trans-
formar em bem econômico.
Assim, o conhecimento de natureza essencialmente intelectual penetra no
mercado como bem material ... "
O documento oficial ou diploma que confere o privilégio chama-se carta-
patente (do latim litterae patentis, significando "carta aberta").

3.1 Natureza das patentes

A patente pode ser de várias naturezas, segundo as características do objeto


a que se refere. Assim, pode ser de invenção (PI), de modelo de utilidade (MU),
de modelo industrial (MI) ou de desenho industrial (DI).

3.1.1 Invenção

Invenção é o resultado da atividade inventiva da qual resulte algo novo,


que seja um avanço em relação ao estado da técnica (mas sem ser, para um
conhecedor da matéria, uma decorrência evidente deste), que não seja uma
concepção puramente técnica e que se preste a ser utilizado em pelo menos
um ramo do setor industrial, como produto, aparelho ou processo.

Patentes 121
Entende-se por estado da técnica, em relação a determinado ramo tecnoló-
gico, aquilo que, em dado momento, tenha sido colocado ao alcance do público
por qualquer meio de divulgação (uso, demonstração, entrevista à imprensa,
rádio e televisão, ou por qualquer tipo de publicação, inclusive na forma de
patente concedida e publicada, bem como na forma de pedido de patente pu-
blicado), ou seja objeto de um pedido de patente depositado até aquele dado
momento.

3.1.2 Modelo de utilidade

Enquadram-se na categoria de modelo de utilidade objetos já conhecidos:


ferramentas, instrumentos de trabalho, utensílios modificados de tal forma que
desempenhem melhor a função a que se destina. As modificações podem ser
quanto a forma ou disposição de todo o objeto, ou de uma ou mais de suas
partes.

3.1.3 Modelo industrial

Modelo industrial é a configuração tridimensional dada a um objeto, que


sirva de tipo, ou modelo, de um produto industrial, distinguindo-o de produtos
similares. Deve ter características e forma plástica inéditas, que lhe garantam
um aspecto original próprio.

3.1.4 Desenho industrial

o desenho industrial é a combinação, nova e original, de linhas ornamen-


tais que possam ser aplicadas a um produto industrial, por qualquer processo,
conferindo-Ihe efeitos decorativos próprios.

3.2 Privilégio

o titular de uma patente tem assegurado por lei o uso exclusivo do seu
objeto, durante um certo período de tempo. Isto quer dizer que o detentor da
patente, durante o período em que perdurar seu privilégio, tem em mãos um
monopólio; e é o único que pode explorar a invenção, o modelo de utilidade,
o modelo industrial ou o desenho industrial, produzindo e vendendo o objeto
da patente. Pode transferir a outrem, definitiva ou temporariamente, os direi-
tos que a patente lhe assegura, ou contratar com terceiros a sua exploração.
O período de duração de uma patente depende de sua natureza: para patente
de invenção, 15 anos; para modelo de utilidade, modelo industrial e desenho
industrial, 10 anos.
Pelo Código da Propriedade Industrial, esse prazo é contado a partir da
data em que foi feito o pedido de patente, ou seja, a partir da data do depósito.
Deve-se notar que o simples fato de alguém depositar um pedido de patente
não lhe proporciona nenhuma garantia efetiva de privilégio, mas apenas a
expectativa de um direito. Entretanto, se um terceiro explorar o invento, du-
rante o período entre o depósito e a concessão da patente, poderá ter que

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indenizar o titular por exploração indevida, se o titular mover uma ação judi-
cial e esta lhe for favorável.
A todo privilégio concedido devem corresponder certas obrigações ou com-
promissos. O não cumprimento destes, por parte do privilegiado, implica na
suspensão dos privilégios.
No caso das patentes industriais, o titular deverá:

a) explorar efetivamente o objeto da patente;


b) pagar as anuidades a partir do terceiro ano a contar da data do depósito
(as anuidades serão progressivas e determinadas pelo ministro da Indústria e
do Comércio, em tabela específica de retribuições pelos serviços prestados pelo
INPI).
O não pagamento da anuidade implicará a extinção do privilégio por cadu-
cidade.
Se o titular da patente não iniciar a sua exploração dentro de um prazo
máximo de três anos, a partir da concessão, ou se a tiver iniciado, mas vier
a interrompê-la por tempo superior a um ano, fica sujeito a conceder obriga-
toriamente uma licença de exploração a terceiros que a desejarem. Estes, por
sua vez, se obrigam a iniciar essa exploração dentro de um ano a partir da
data da concessão da licença e, uma vez iniciada a exploração, não poderão
interrompê-la por mais de um ano.
Se não for iniciada a efetiva exploração da patente dentro do prazo de qua-
tro anos, a contar da data da concessão do privilégio, ou se, no prazo máximo
de cinco anos, seu titular tiver concedido licença de exploração a um terceiro,
ou ainda se a exploração for interrompida por mais de dois anos consecutivos,
o privilégio se extingue pela caducidade, por requerimento de terceiros ou por
iniciativa do órgão governamental que concedeu o privilégio, ou seja, o Insti-
tuto Nacional da Propriedade Industrial.

3.3 O que pode ser ou não patenteado

Excluído o que é especificamente proibido, pode ser patenteado tudo aquilo


que seja novo, e que seja suscetível de utilização industrial, ou invenção pro-
priamente dita, o modelo de utilidade, o modelo industrial e o desenho indus-
trial, na forma já definida.
Portanto, os requisitos básicos para se patentear são a novidade absoluta e
a utilização industrial.
E considerado novo tudo aquilo que não tiver sido revelado publicamente
por qualquer forma, em qualquer parte do mundo; demonstração, uso, descri-
ção escrita ou oral, até a data do depósito do pedido de privilégio.
Entende-se por utilização industrial aquilo que possa ser produzido para
consumo ou possa ser aplicado em pelo menos um ramo da indústria.
Há várias categorias de coisas que não podem ser patenteadas:

a) tudo o que for contra a lei, a moral, a saúde, a segurança pública, os cultos
religiosos e os sentimentos dignos de respeito e veneração;
b) as substâncias, matérias ou produtos obtidos por meios químicos (os pro-
cessos de fabricação, porém, são patenteáveis);

Patentes 123
c) alimentos, medicamentos e produtos químico-farmacêuticos, inclusive seu
processo de obtenção;
d) misturas e ligas metálicas, a não ser que estas apresentem qualidades intrín-
secas específicas e que estejam definidas qualitativa e quantitativamente;
e) a mera combinação de processos, meios ou coisas já conhecidas, sua sim-
ples mudança de formas, proporções, dimensões e materiais, a não ser que
constituam efeitos técnicos novos;
f) o emprego de descobertas para determinados fins, inclusive de microor-
ganismos;
g) técnicas cirúrgicas e terapêuticas (excluídos aparelhos e máquinas que são
patenteáveis) ;
h) sistemas, programações, planos e esquemas aplicáveis a escrituração, cál-
culos, computação, propaganda, sorteios, etc., bem como as concepções pura-
mente teóricas;
i) tudo quanto for resultante de transformação do núcleo atômico, sejam subs-
tâncias, matérias, etc., a modificação de suas propriedades, bem como os res-
pectivos processos;
j) obras de arte e artesanato, esculturas, projetos arquitetônicos, pinturas, gra-
vuras, bordados, trabalhos em esmalte, fotografia, etc.

3.4 Quem concede a patente

A concessão de patente é um imperativo constitucional (art. 153, § 24, da


Constituição de 1969), o qual se acha regulado pelo Código da Propriedade
Industrial (Lei n9 5.772, de 21 de dezembro de 1971).
Somente o governo federal, por intermédio de um órgão específico, pode
conceder patentes.
Esse órgão é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), autar-
quia vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, componente do setor
de desenvolvimento tecnológico industrial, cujas atividades são coordenadas
pela Secretaria de Tecnologia Industrial.
Como seu nome sugere, o INPI tem também outras atribuições além da con-
cessão de patentes: o registro de máquinas; a proteção à concorrência desleal;
o colecionamento, em âmbito mundial, de informações tecnológicas e sua divul-
gação; a averbação de contratos de transferência de tecnologia.

4. O pedido de patente

Para a concessão da patente, presume-se autor da invenção o requerente


do privilégio.
A patente pode ser pedida pelo autor do invento, seus herdeiros e sucessores,
por pessoas jurídicas devidamente autorizadas, ou por eventuais cessionários,
tanto pessoas físicas quanto jurídicas, desde que apresentem documento com-
provando a cessão.

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No caso de mais de um inventor, o pedido pode ser feito por todos conjun-
tamente, ou por um só nomeado pelos demais. Os nomes e qualificações dos
outros deverão figurar no pedido, para resguardar o direito de todos.
Qualquer pessoa que crie algo que considerem novidade e que não esteja
enquadrado entre o que não é patenteável, pode pedir uma patente para o
objeto de sua criação.
Para tanto, preenche um requerimento em formulário próprio, fornecido pelo
INPI, anexa ao mesmo o relatório descritivo (no caso de invenção, com indi-
cação da área tecnológica a que se refere seu invento, discussão do estado, da
técnica e do problema que sua invenção pretende resolver, descrição porme-
norizada do invento e de sua aplicação industrial; no caso de modelo de uti-
lidade, o relatório deve obedecer a mesma ordem de exposição, no que for
aplicável); reivindicações (que definem e limitam o objeto da sua pretensão);
desenhos, se for o caso, e um resumo do conjunto.
Os relatórios de modelos e desenhos industriais devem descrevê-los de ma-
neira clara e precisa, não cabendo os tópicos relativos a invenção e modelo
de utilidade, mencionados anteriormente.
Estes documentos devem obedecer as normas prescritas quanto a formato,
tipo de papel, datilografia, número de vias, etc., estabelecidas em atos norma-
tivos do INPI.
Além desses documentos, o interessado deve instruir seu pedido com outros,
dependendo da situação e, se aplicável: procuração, se não for o próprio autor
que formular o pedido; declaração de cessão ou transferência de direitos; com-
provação de depósito anterior no estrangeiro, se for reivindicada á prioridade
prevista na Convenção de Paris (prioridade unionista), caso em que é obriga-
tória a constituição de um procurador.
Ao pedido deve ser anexada, ainda, a comprovação de recolhimento da re-
tribuição correspondente, determinada pela tabela de retribuições por serviços
prestados pelo INPI. O comprovante consiste em duas vias da guia de reco-
lhimento devidamente quitada pelo Banco do Brasil, podendo ser obtida tam-
bém no INPI.
Estando assim completo o pedido, é ele depositado em uma das recepções
do INPI, onde recebe um carimbo com a data e a hora do depósito. O deposi-
tante recebe um número de protocolo provisório e, se o desejar, uma via igual
do seu pedido com o mesmo carimbo de data e hora aplicado nas vias retidas
pela recepção.
Seu pedido é encaminhado ao setor competente do INPI, que procede ao
exame formal, isto é, verifica se estão cumpridas as formalidades legais e pro-
cessuais para que o pedido seja considerado depositado. Em caso positivo, o
pedido recebe o número defintivo, do qual o depositante toma conhecimento.
por meio da recepção, alguns dias depois.
Se não tiverem sido cumpridas certas formalidades, que não se enquadrem
nos prazos de lei para cumprimento, o pedido volta à recepção, onde o inte-
ressado é notificado a respeito. Depois de corrigidos os eventuais defeitos, o
pedido volta ao setor do INPI que procede ao exame formal, onde recebe
o número definitivo, tendo andamento normal.

4.1 A prioridade

Entende-se por prioridade o direito adquirido por alguém sobre uma inven-
ção, modelo de utilidade, modelo industrial ou desenho industrial, a partir da

Patentes 125
data em que depositou seu pedido de patente em um órgão oficial, com a
atribuição de conceder patentes, em qualquer país que seja membro da Con-
venção de Paris.
Nos termos dessa Convenção de que resulta a União de Paris e nos termos
da legislação brasileira em vigor, bem como da dos demais países que formam
a União, a prioridade é válida para todos eles durante um ano, para os casos
de invenção e de modelo de utilidade, e de seis meses nos casos de modelo
industrial e desenho industrial.
Isto significa que, ressalvados eventuais direitos de terceiros, uma cnaçao
para a qual tenha sido depositado regularmente um pedido de patente em um
desses países, não pode ser invalidada por depósito de pedido igual nos demais
países, nem por qualquer meio de divulgação, feitos durante os prazos indica-
dos (12 ou 6 meses, conforme o caso). Decorrido o prazo, perde-se o direito
à prioridade.
E de domínio público em qualquer país, podendo, portanto, ser copiado
livremente, o objeto de um pedido de patente depositado e publicado em outros
países, ou de patentes neles concedidas e publicadas, que não tenha sido objeto
de um pedido de patente depositado nesse país, ressalvados o período de prio-
ridade ou eventuais direitos de terceiros.
A Convenção de Paris data de 20 de março de 1883, tendo sido revista
em Bruxelas em 14 de dezembro de 1900; em Washington, em 2 de julho de
1911; em Haia, em 6 de novembro de 1925; em Londres, em 2 de junho de
1934; em lisbOa, em 31 de outubro de 1958; e em Estocolmo, em 14 de
julho de 1967.
A última revisão, de Estocolmo, foi ratificada pelo Congresso Nacional pelo
Decreto Legislativo n9 78, de 31 de outubro de 1974, e promulgada pelo De-
creto nQ 75.572, de 8 de abril de 1975, entrando em vigor, no Brasil, em 24
de março de 1975, com ressalva dos arts. 1 a 12. Continuou em vigor no Brasil,
a partir de 24 de março de 1975, a revisão de Haia de 1925, no que se refere
àqueles artigos.
Todo autor que pretender fazer demonstração, comunicação a entidades
científicas ou exibição do invento em exposições oficiais ou oficialmente reco-
nhecidas, poderá requerer a garantia de prioridade de sua invenção, antes de
requerida a patente. O pedido de garantia de prioridade é feito em formulário
próprio do INPI, acompanhado de relatório descritivo e desenhos, se for o
caso. A garantia de prioridade é válida por um ano para os pedidos de privi-
légio de invenção, e por seis meses para os de modelo de utilidade, modelo
industrial e desenho industrial.
Dentro destes prazos, o pedido de privilégio deverá ser formalizado, me-
diante novo relatório descritivo, circunstanciado, se for o caso, reivindicações,
novos desenhos, se for o caso, e o resumo, sob pena de extinção automática da
garantia de prioridade.

4.2 O pedido de privilégio estrangeiro depositado no Brasil e o pedido de


privilégio brasileiro depositado no exterior

Qualquer pessoa residente no exterior e que tenha depositado em seu país


de domicílio um pedido de patente, pode depositar igual pedido no Brasil,
reivindicando a prioridade unionista, nos termos da Convenção de Paris, con-
forme ficou esclarecido anteriormente no subitem 4.1.

126 R.C.P. 3/82


o pedido de" patente assim depositado, considerado estrangeiro, é processado
da mesma maneira que um pedido nacional, dentro do princípio de igualdade
de tratamento previsto naquela Convenção.
Este princípio, eliminando qualquer discriminação em relação ao pedido
vindo do exterior, submete-o a todas as prescrições legais e processuais a que
estão sujeitos os pedidos nacionais.
Conforme já ficou dito, o pedido de privilégio, com reivindicação de priori-
dade estrangeira, deve ser depositado no Brasil dentro de um ano, no caso
de invenção e de modelo de utilidade, e de seis meses nos casos de modelo
industrial e desenho industrial, a contar da data da prioridade mais antiga.
A prioridade reivindicada deve ser comprovada com documento hábil do
país de origem, dentro do prazo máximo de 180 dias a contar da data do depó-
sito no Brasil. A falta de apresentação desse documento, no prazo estabelecido,
acarreta a perda da prioridade reivindicada. Neste caso, se a patente vier a
ser concedida, será considerada patente nacional, não cabendo ao titular o
recebimento de royalties por sua eventual exploração no Brasil.
O depositante do exterior tem que ter, obrigatoriamente, um procurador
no Brasil, desde o depósito inicial até a extinção do privilégio.
Recentemente, entrou em vigor o Tratado de Cooperação em Matéria de
Patente (PCT), assinado em Washington em 19 de junho de 1970 e ratificado
pelo Decreto Legislativo n Q 110, de 30 de novembro de 1977, vigorando no
Brasil a partir de 9 de abril de 1978, e promulgado pelo Decreto nQ 81.742,
de 31 de maio de 1978.
O Tratado simplifica e torna menos oneroso o depósito de um pedido de pri-
vilégio para invenção e modelo de utilidade em vários países simultaneamente.
O PCT estabelece um procedimento padrão internacional, no que diz res-
peito ao pedido em si e seu encaminhamento aos países nos quais o deposi-
tante pleiteia o privilégio (países designados). Esta é a chamada "fase inter-
nacional" do pedido depositado através do PCT.
Uma vez recebido o pedido pelos países designados, o mesmo se sujeita a
todas as prescrições legais e processuais vigentes em cada país, como se fosse
um depósito comum, feito naqueles países. Esta é a chamada "fase nacional"
do pedido encaminhado via PCT.
O PCT não exclui o depósito estrangeiro feito diretamente pelo depositante
do exterior no Brasil.
A recíproca é verdadeira. Qualquer pessoa, residente no Brasil e que tenha
depositado aqui um pedido de patente, pode depositar pedido igual em qual-
quer país-membro da União de Paris, reivindicando prioridade unionista bra-
sileira e sujeitando-se à legislação, normas e procedimentos específicos desse
país.
Da mesma forma, pode depositar no Brasil seu pedido para o exterior, atra-
\"és do PCT, designando um ou mais países que sejam participantes do Tratado
e reivindicando prioridade brasileira.

5. O andamento do pedido de patente

Todo pedido de privilégio depositado e protocolado é imediatamente clas-


sificado segundo o campo técnico em que se enquadra o respectivo objeto.
Os pedidos de patentes de invenção e de modelo de utilidade são classifi-
cados pela Classificação Internacional de Patentes.

Patentes 127
Esta classificação, denominada abreviadamente de INT. CI., é objeto do
chamado Acordo de Estrasburgo, de 24 de março de 1971, ratificado pelo Con-
gresso Nacional pelo Decreto Legislativo nQ 59, de 30 de agosto de 1974, en-
trando em vigor no Brasil em 7 de outubro de 1975, tendo sido promulgado
pelo Decreto nQ 76.472, de 17 de outubro de 1975.
A Classificação Internacional de Patentes é revista de cinco em cinco anos.
Cada nova edição é designada, abreviadamente, pelo respectivo número, eleva-
do imediatamente após a sua sigla. Assim, a primeira edição é INT. CI., a
segunda é INT. CI.2 , a terceira, de 1979, foi INT. C1.3 , e assim sucessivamente.
Os pedidos de patente de modelo industrial e desenho industrial são clas-
sificados por uma Classificação Brasileira.
A classificação dos pedidos é função dos técnicos especializados do INPI.
O pedido de patente é mantido sob sigilo até sua publicação, que ocorre aos
18 meses da data do depósito no Brasil ou da data da prioridade mais antiga,
se reivindicada e comprovada, independente de qualquer providência do depo-
sitante. A comunicação da publicação do pedido é feita através da Revista da
Propriedade Industrial, órgão oficial do INPI, que publica todos os seus atos
e despachos. Caso seja do seu interesse, o depositante poderá requerer a ante-
cipação da publicação do pedido, mediante o pagamento de uma retribuição
especial. O pedido, então, será publicado como "publicação antecipada".
Simultaneamente com a comunicação, pela Revista da Propriedade Industrial,
da publicação do pedido, o relatório descritivo, as reivindicações, os desenhos,
se houver, e o resumo são reproduzidos por processo eletrostático, na forma
de folheto, sob o título "Publicação de pedido de privilégio", seguindo os res-
pectivos dados bibliográficos, isto é, nome do depositante, data do depósito,
título do objeto do pedido, classificação, data, país e número da prioridade
unionista, data da publicação e nome do inventor.
O pedido assim publicado, em forma de folheto, é incorporado ao Banco
de Patentes, onde qualquer interessado poderá examiná-lo e adquirir uma
cópia.
Exemplares do folheto são enviados aos escritórios de patentes dos princi-
pais países com os quais o INPI mantém entendimento, em base de recipro-
cidade: EUA, República Federal da Alemanha, Grã-Bretanha e França.
Uma vez publicado o pedido de patentes, na forma indicada anteriormente,
o depositante, ou qualquer outro interessado, tem o prazo de 24 meses para
requerer o seu exame, mediante o recolhimento da retribuição respectiva. Caso
não seja requerido o exame do pedido dentro do prazo legal, o mesmo será
definitivamente arquivado.
Após a publicação, na Revista da Propriedade Industrial, de que foi reque-
rido o exame (pedido de exame), corre o prazo de 90 dias para apresentação
de oposições por terceiros. Findo esse prazo, o pedido de privilégio é encami-
nhado à divisão competente da Diretoria de Patentes, onde será analisado por
examinador técnico.
A oposição é um instrumento de que dispõem terceiros para manifestar-se
contra a concessão do privilégio pretendido. A oposição, apresentada em reque-
rimento adequado, deverá fundamentar e documentar objetivamente as razões
do oponente contrárias à concessão do privilégio.
O examinador técnico conjuga eventuais oposições com o resultado de bus-
cas, visando a determinação do estado da técnica e possíveis anterioridades,
procede ao exame técnico da matéria e emite seu parecer, que poderá ser fa-
vorável à concessão de uma patente pretendida.

128 R.C.P. 3/82


Durante o exame, o examinador poderá fazer eXlgenclas. O não cumpri-
mento ou contestação das mesmas, dentro do prazo de 90 dias da data da
sua publicação, acarretará o arquivamento definitivo do pedido (sem caber re-
curso). Se houver contestação às exigências, não aceita pelo examinador, o
pedido será arquivado (cabendo recurso).
Chama-se decisão o despacho concessivo ou denegatório, dado pela autori-
dade competente do INPI. Cabe recurso do despacho que conceder e denegar
ou arquivar o pedido de privilégio, dentro do prazo de 60 dias a contar da
data da publicação da decisão, exceto no caso de arquivamento definitivo, in-
dicado no parágrafo anterior.
Decidido o recurso e sendo mantido o despacho concessivo, a patente é
considerada concedida.
A Revista da Propriedade Industrial publica a concessão do privilégio.
A partir da data da publicação da concessão do privilégio, corre o prazo
de 60 dias para que o titular recolha a contribuição de vida para a confecção
e expedição da carta patente a que faz jus.
Esta lhe assegura o direito de propriedade e uso exclusivo do objeto da
patente, nas condições estabelecidas no Código da Propriedade Industrial.

6. A vida da patente

O privilégio assegurado pela carta-patente é de duração limitada e varia de


acordo com a natureza.
Assim, para patente de invenção, 15 anos; patente de modelo de utilidade,
10 anos; patente de modelo industrial, 10 anos; patente de desenho industrial,
10 anos.
Pelo Código da Propriedade Industrial (Lei nQ 5.772, de 21 de dezembro
de 1971), estes prazos vigoram a contar da data do depósito do pedido de
privilégio.
Para que o privilégio seja mantido durante todo o seu período de validade, o
titular deve recorrer anualmente à retribuição denominada anuidade, devida
a partir do terceiro ano da data do depósito.
A anuidade, fixada na tabela de retribuições por serviços prestados pelo
INPI, é progressiva, ou seja, aumenta de ano para ano.
O titular de uma patente pode transferir a terceiros o seu privilégio, por
ato inter vivos.
A transferência pode ocorrer, também, por sucessão legítima ou testamen-
tária.
Para que a transferência produza efeitos, tanto por ato inter vivos quanto
por sucessão, é necessário que a mesma seja anotada no INPI, por requeri-
mento dos interessados. Somente a partir da publicação da anotação, na Re-
vista da Propriedade Industrial, é que a transferência pode ser considerada
efetiva.
O titular, seus herdeiros ou sucessores poderão conceder, a terceiros, licença
de exploração do objeto da patente, mediante contrato revestido das formali-
dades legais e contendo as condições de remuneração.
Para que o contrato de licença ou exploração produza efeitos devem ser
averbados os dispositivos legais e processuais que regulam a matéria.
Como já foi visto antes, no subitem 3.2, o titular da patente que não iniciar
a exploração efetiva do objeto da mesma dentro dos três anos que se segui-
rem a sua concessão, ou que tiver interrompido a exploração por mais de um

Patentes 129
ano, fica obrigado a conceder licença para sua exploração a terceiro que o
desejar e requerer, salvo motivo de força maior, devidamente comprovado.
A licença obrigatória, não exclusiva, poderá ser dada a terceiro que a re-
queira. A importação do objeto da patente, ou a sua suplementação por impor-
tação, não é considerada exploração efetiva.
Por outro lado, o detentor da licença obrigatória deve iniciar a exploração
efetiva do objeto da patente, dentro dos 12 meses que se seguirem à data da
concessão da licença.
O privilégio poderá, também, ser extinto, quando o seu objeto for consi-
derado de interesse da segurança nacional, ou quando a vulgarização for con-
siderada de interesse da segurança nacional ou de interesse público.
Há três situações que determinam a extinção do privilégio:

a) pela expiração do prazo de validade da patente;


b) pela renúncia do titular ou seus sucessores;
c) pela caducidade.

A caducidade ocorre, ex-oflicio ou por requerimento de qualquer interessa-


do, quando tiver sido iniciada a exploração efetiva pelo titular, dentro de
quatro anos, a contar da data da concessão (ou de cinco anos a contar da
mesma data, se tiver sido concedida licença de exploração a terceiros), ou
quando a exploração tiver sido interrompida por mais de dois anos consecutivos.
A caducidade ocorre também, automaticamente, por falta de recolhimento
de uma anuidade.
A patente poderá ser declarada nula, em qualquer época, por decisão judi-
cial, por iniciativa do próprio, do INPI ou de qualquer interessado, quando
tiver sido concedida contrariando dispositivos do Código da Propriedade Indus-
trial, contrariando direitos de terceiros ou quando o título não corresponder
ao seu verdadeiro objeto. O privilégio, ainda, poderá ser cancelado adminis-
trativamente, dentro de um ano a contar de sua concessão, quando, igual-
mente, contrariar dispositivos do Código da Propriedade Industrial, ou quando,
durante o seu processamento, tiver sido omitida qualquer das providências
determinadas pelo Código para a sua concessão.
Objeto da patente que for considerada extinta, por qualquer motivo, passa
a domínio público, ou seja, passa a ser de uso comum.

7. Conclusão

Este trabalho procurou, em linguagem simples e objetiva, desfazer e escla-


recer conceitos e pressupostos muitas vezes errôneos.
As informações aqui contidas são dirigidas a todo aquele que, por uma
razão ou outra, estiver interessado em uma breve introdução à patente, seu
significado, direitos e obrigações, como fazer para patentear alguma coisa. e
também um pouco de história. São omitidos detalhes e aspectos de maior com-
plexidade, não prejudicando o quadro geral e a compreensão do assunto.
Tudo o que contém este trabalho refere-se à patente no Brasil, ou seja. à
legislação, ao órgão e aos procedimentos brasileiros.

130 R.C.P; 3/82


Bibliografia

Anuário da Propriedade Industrial. 1980.


Santos, Jacintho Ribeiro dos. Patentes de Invenção. Rio de Janeiro, 1923. Formulário
n. 37.
Soares, José Carlos Tinoco. Comentários ao Código da Propriedade Industrial.
Testo deIla legge veneziana. Milano, Dott A. Guiffré Editore, 1974.

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