Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
STJ vai julgar reclamações contra decisões de turmas recursais de juizado especial
Até que seja criado órgão que possa estender e fazer prevalecer a aplicação da
jurisprudência do STJ aos juizados especiais estaduais, a ministra Nancy Andrighi, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o processamento de uma reclamação
sobre contrato bancário a qual irá aplicar a jurisprudência do Tribunal a uma ação com
origem em juizado especial do estado do Rio de Janeiro.
A reclamação foi apresentada ao STJ pelo Banco Cruzeiro do Sul S/A contra julgado da
Primeira Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio de
Janeiro. O banco foi condenado ao pagamento de R$ 8 mil a um de seus clientes por ter,
supostamente, efetuado a cobrança de valores excessivos relativos a empréstimos
consignados em folha de pagamento. Ao decidir, o juiz inverteu o ônus da prova,
aplicando o Código de Defesa do Consumidor (CDC), considerando ainda abusivas
diversas cláusulas do contrato bancário, sem que o consumidor tivesse especificamente
requerido a declaração de sua abusividade.
Quanto ao mérito, a ministra observou que está clara a divergência entre acórdão da
Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio de Janeiro e o
entendimento jurisprudencial já consolidado no STJ, firmado, inclusive, por julgamento
de recurso repetitivo. A ministra entende que as supostas ofensas às súmulas n. 381, 382
e 383 merecem uma análise mais profunda, pois estas impedem que o julgador declare
abusiva uma cláusula de contrato bancário sem pedido específico do consumidor nesse
sentido. Além do mais, a estipulação de juros acima de 12% ao ano não indica, por si
só, a abusividade do contrato.
Na ação, o consumidor afirmou que reside em Piumhi (MG). Apesar disso, no início de
2009 passou a receber cartas de cobrança da Embratel por inadimplemento de contrato
relativo a linha telefônica instalada na cidade de Campo Grande (MS), onde nunca
esteve. Alegou ser, portanto, indevida a cobrança e o consequente registro como
inadimplente.
Liminar
A ministra observou que, nos julgamentos dos recursos repetitivos (Resp n. 1.061.134 e
Resp n. 1.062.336), que também deram origem à súmula, não se chegou a debater a
inscrição de débitos inexistentes nos cadastros, como no presente caso, mas a inscrição
de débitos inexistentes sem a prévia notificação do devedor.