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DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DA UNIÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO ROBERTO BARROSO – RELATOR DO


HABEAS CORPUS 184.499 – 1ª TURMA – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

HC 184.499
Paciente: Davangilson José da Silva
Coator: Superior Tribunal de Justiça

DAVANGILSON JOSÉ DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos,


vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., por intermédio do Defensor Público-
Geral Federal, através do Defensor designado, conforme Portaria 233, de 14 de março
de 2019, interpor recurso de AGRAVO, previsto no artigo 317 do RISTF, em face da
r. decisão monocrática publicada em 5 de maio de 2020, que negou seguimento ao
HABEAS CORPUS 184.499, impetrado em face de acórdão do Superior Tribunal de
Justiça, prolatado nos autos do RHC 123221-AgR.

Requer seja recebido, conhecido e provido o recurso, rogando ainda,


caso não exercido o juízo de retratação, seja ele levado à Turma para que esta lhe dê
provimento.

COLENDA TURMA

1. BREVE NARRAÇÃO DOS FATOS

O agravante foi denunciado por, supostamente, ter praticado a conduta


tipificada no artigo 155, §4º, inciso II, por duas vezes, e no artigo 171, caput, do Código
Penal, estando segregado preventivamente desde 14 de junho de 2018.

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Irresignada, a defesa pediu o relaxamento da prisão cautelar. Contudo,


o Juízo de Primeiro Grau indeferiu o pleito, sob o fundamento de que permaneciam
presentes os requisitos que ensejaram o decreto de custódia original.
A defesa impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de
Sergipe, tendo a Corte denegado a ordem, por não vislumbrar a submissão do
paciente a constrangimento ilegal.
Em razão disso, o agravante recorreu ao Superior Tribunal de Justiça,
tendo o Ministro Relator, monocraticamente, julgado prejudicada a ordem, valendo-se
do verbete sumular 52 da respectiva Corte. Interposto agravo regimental, a Quinta
Turma do STJ negou provimento ao recurso.
Nesse prumo, foi impetrado habeas corpus no Supremo Tribunal
Federal, ao qual o Ministro Relator negou seguimento.
Entretanto, com a devida vênia, tal decisão não deve prosperar, como
será a seguir demonstrado.

2. TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre afirmar a tempestividade do recurso manejado. A


Defensoria Pública-Geral da União foi intimada eletronicamente em 15 de maio de
2020, sexta-feira.
Cabe lembrar estar a parte assistida pela Defensoria Pública, o que
impõe a contagem em dobro dos prazos processuais, na forma do art. 44, I, da Lei
Complementar nº 80/1994.
Portanto, o prazo final para a interposição do recurso pertinente é o dia
27 de maio de 2020, quarta-feira.

3. DAS RAZÕES RECURSAIS

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O presente agravo volta-se contra a r. decisão monocrática do Ministro


Relator que negou seguimento ao habeas corpus, sob o fundamento de que inexiste
desídia ou injustificada demora por parte do Poder judiciário, capaz de autorizar o
pronto acolhimento da pretensão defensiva.
O constrangimento ilegal suportado pelo paciente devido ao excesso de
prazo da prisão preventiva é manifesto, uma vez que está preso cautelarmente, sem
julgamento sequer em primeiro grau, desde 14 de junho de 2018.
É sabido que a prisão constitui uma medida de extrema
excepcionalidade em nosso ordenamento jurídico, enquanto a liberdade é a regra. Em
consequência, uma pessoa somente poderá ser tolhida de seu status libertatis após a
prolação de sentença condenatória com trânsito em julgado, uma vez que é
presumida inocente, nos termos do art. 5°, LVII, da Constituição da República, ou, se
houver situação que justifique a prisão cautelar.
A prisão processual, atacada na impetração, deve ser fundamentada e
encontrar limite temporal, sob pena de se desvirtuar em verdadeira execução
antecipada – no caso presente, execução de pena sequer imposta em sentença
recorrível.
Como se verifica da análise dos documentos acostados, o caso não
apresenta qualquer complexidade capaz de justificar a demora exagerada. O
processo a que responde o paciente tem apenas um réu, sem acusações que
demandem a realização de grande dilação probatória, como a realização de perícias
e diligências complexas.
Além disso, os crimes imputados ao agravante não foram praticados com
violência ou grave ameaça, o que está a reforçar o excesso na medida constritiva,
principalmente em razão de sua longa duração. Aliás, corre-se o risco de, a depender
da pena imposta, já ter o paciente ficado mais tempo preso do que o necessário para
a progressão de regime, isso se condenado for.
A questão em discussão deve ser aferida segundo critérios de
razoabilidade, tendo em vista as peculiaridades do caso. Assim, considerando-se que
já passados quase 2 (dois) anos desde o cumprimento do mandado de prisão cautelar

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sem que haja, ao menos, previsão de data para prolação da sentença, está ferido de
morte o princípio da razoável duração do processo, previsto na Constituição Federal,
o que ocasiona notório constrangimento ilegal suportado pelo réu.
Calha, agora, refutar o entendimento esposado pelo STJ, ao negar
provimento ao recurso ordinário em habeas corpus, invocando, para tanto, o disposto
no enunciado da Súmula 52 da Corte: “Encerrada a instrução criminal, fica superada
a alegação de constrangimento por excesso de prazo.”
O anacronismo do enunciado mencionado acima dispensa grandes
comentários. Lamentavelmente, quando um entendimento jurisprudencial acaba
sendo consolidado em súmula, ele passa a ser repetido por longo tempo, sem que
haja reflexão sobre sua adequação ao presente. O caso em análise é um ótimo
exemplo do alegado. A ementa do julgado do Tribunal Superior estabeleceu que
superada a instrução, não há mais que se falar em excesso de prazo. Prevalecendo
tal entendimento, se um julgador ficar 1 (um) ano com os autos conclusos para proferir
uma sentença em processo com acusado preso, nada poderá ser feito pela defesa,
além de reclamações disciplinares contra o Magistrado que, como se sabe, demoram
muito até gerarem efeitos.
Atento à demora que muitas vezes atinge os processos judiciais
brasileiros, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional nº 45, que,
entre outras coisas, tornou expresso na Carta Maior o direito fundamental à razoável
duração do processo. Certa demora no trâmite processual pode ser admissível, mas
o excesso, no caso em exame, é flagrante, principalmente em se tratando de feito
singelo em que há acusado preso.
Em especial no processo penal, o princípio da razoável duração do
processo deve ser fielmente respeitado, tendo em vista que um dos bens mais
importantes do homem é a liberdade. Mantendo-se, assim, o encarceramento
preventivo do paciente transforma-se a medida cautelar em verdadeira antecipação
de pena – pena inexistente, aliás, uma vez que sequer condenação provisória há.
Com efeito, o paciente está segregado cautelarmente há bastante
tempo, sem que haja justificativa plausível para tanto, daí a imprescindibilidade de

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revogação da custódia a ele imposta, com a expedição de alvará de soltura em seu


favor.
A decisão agravada transcreveu trecho do acórdão lavrado pelo Tribunal
de Justiça de Sergipe que invocou, em apertado resumo, duas razões para a
manutenção da prisão cautelar: o regular trâmite processual e a anterior fuga do
acusado. Todavia, impende destacar que fuga anterior não justifica a demora
processual posterior à prisão do réu, de forma a se afastar de pronto o excesso de
prazo. Além disso, várias das movimentações processuais apontadas no acórdão
foram cartas precatórias expedidas para ouvir o acusado na localidade em que ele se
encontrava recolhido, demora que não pode ser atribuída à defesa, mas ao sistema
processual.
Assim, deve ser reconsiderada a r. decisão monocrática, ou provido o
agravo pela Turma, sendo, ao final, concedida a ordem com a revogação da prisão
cautelar imposta ao agravante.

4. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja dado provimento ao presente agravo,


exercendo-se o juízo de retratação por Vossa Excelência, com o prosseguimento do
feito, e a concessão da ordem quando de seu julgamento de mérito.
Caso superado o juízo de retratação, seja o agravo levado à Turma, em
destaque, para que esta lhe dê provimento, e, ao final, conceda a ordem, sanando-se
a ilegalidade.
Pugna, ainda, caso exercida a reconsideração, o que se espera que
ocorra, pela intimação pessoal da Defensoria Pública-Geral da União para a sessão
de julgamento do writ.

Nestes termos,
Pede deferimento.

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Brasília, 27 de maio de 2020.

Gustavo de Almeida Ribeiro


Defensor Público Federal

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