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106/2016-7
RELATÓRIO
I. Introdução
I.1 – Deliberaçã o
Em cumprimento ao Acórdão 3.608/2014-Plenário, realizou-se auditoria nos demonstrativos
financeiros (Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e Demonstração das Variações
Patrimoniais) do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) referente ao exercício de 2016, no período compreendido entre 7/11/2016 e
22/3/2017.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
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Em razão disso, são apresentados abaixo as demonstrações financeiras exigidas pela Lei 4320/1964
e que forma o objeto da presente auditoria, a saber: Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e
Demonstrações das Variações Patrimoniais.
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a
situação patrimonial da entidade pública por meio de contas representativas do patrimônio público.
Os ativos e passivos são conceituados e segregados em circulante e não circulante, conforme
critérios estabelecidos na Parte II do MCASP 6ª Edição. A tabela 1, abaixo, evidencia a situação
patrimonial do FRGPS no exercício de 2016.
Tabela 1 - Balanço Patrimonial – FRGPS - 2016
ATIVO PASSIVO
Especificação 2016 Especificação 2016
ATIVO PASSIVO
10.155.666.868,76 23.664.559.037,56
CIRCULANTE CIRCULANTE
Obrigações Previd.
Caixa e Equivalentes
9.708.468.893,53 e Assist. a Pagar a 16.358.410.145,22
de Caixa
CP
Créditos a Curto Empréstimos e
146.043,89 -
Prazo Financiamentos a CP
Empréstimos e Fornecedores e
146.043,89 -
Financ. Concedidos Contas a Pagar a CP
Demais Créditos e Obrigações Fiscais
447.051.931,34 -
Valores a Curto Prazo a Curto Prazo
Obrig. de
Investimentos e
- Repartição a Outros -
Aplica. a CP
Entes
Provisões de Curto
Estoques - 346.830.076,00
Prazo
Demais
VPDs Pagas
- Obrigações a Curto 6.959.318.816,34
Antecipadamente
Prazo
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO
1.689.938.350,22 150.580.219,85
CIRCULANTE CIRCULANTE
Ativo Realizável a Obrigações Previd.
107.814.888,51 -
Longo Prazo e Assist. a Pag. de LP
Créditos a Longo Empréstimos e
94.351.505,33 -
Prazo Financiamentos a LP
Empréstimos e Fornecedores e
94.014.432,97 -
Financ. Concedidos Contas a Pagar a LP
Dívida Ativa Não Obrigações Fiscais
5.655.979.182,75 -
Tributária a Longo Prazo
(-) Ajustes para
Provisões de
Perdas em Créditos de -5.655.642.110,39 -
Longo Prazo
LP
Demais
Demais Créditos e
13.463.383,18 Obrigações a Longo 150.580.219,85
Valores a LP
Prazo
Investimentos 928.947,18 Resultado Diferido -
TOTAL DO
Participações
928.947,18 PASSIVO 23.815.139.257,41
Permanentes
EXIGÍVEL
Participações
928.947,18
Avaliadas p/ MEP
Propriedades para - Patrimônio Social e -
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Contratuais e
Judiciais
Indenizações,
Restit. e
588.016.661,00 588.016.661,00 1.924.646.080,87 1.336.629.419,87
Ressarciment
os
Demais
Receitas 18.500.569.871,00 18.500.569.871,00 17.644.844.504,56 -855.725.366,44
Correntes
RECEITAS
DE 205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
CAPITAL
Alienação de
205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
Bens
Alienação de
205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
Bens Imóveis
SUBTOTAL -
371.931.111.342,0 371.931.111.342,0 360.381.365.567,0
DE 11.549.745.774,9
0 0 7
RECEITAS 3
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EXIGÍVEL
Patrimônio Social e
Bens Móveis 236.701.052,59 -
Capital Social
Bens Móveis 247.262.941,27 Reservas de Capital -
(-) Depreciação de
-10.561.888,68 Demais Reservas 8.018,51
Bens Móveis
(-) Redução ao Valor
- Resultados Acumulados 276.364.424.254,38
Recuperável
Bens Imóveis 13.171.243,58 Resultado do Exercício 14.168.038.001,84
(-) Depreciação de Resultados de
-2.090,82 262.238.741.777,86
Bens Imóveis Exercícios Anteriores
Ajustes de Exercícios
Intangível 28.186.497,81 -42.355.525,32
Anteriores
TOTAL DO
Softwares 27.593.890,38 PATRIMÔNIO 276.364.432.272,89
LÍQUIDO
Marcas, Direitos e
592.607,43
Patentes Industriais
TOTAL DO PASSIVO E
TOTAL DO ATIVO 276.410.777.547,40 276.410.777.547,40
PL
Fonte: SiafiWeb/2016
A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidencia as alterações verificadas no
patrimônio e indica o resultado patrimonial do exercício (variações patrimoniais aumentativas) e
despesas (variações patrimoniais diminutivas), conforme já dito anteriormente e reproduzido na
DVP na tabela 6 abaixo.
Tabela 6 - Demonstrações das Variações Patrimoniais – FAT 2016
Especificações 2016 2015
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
151.672.985.668,24 150.929.698.475,28
AUMENTATIVAS
Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria - -
Contribuições 693.367.703,48 598.644.880,26
Contribuições Sociais 693.367.703,48 598.644.880,26
Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos 84,80 1,80
Variações Patrimoniais Aumentativas
26.276.449.197,71 26.974.215.182,48
Financeiras
Juros e Encargos de Mora 10.786,56 25.973,43
Variações Monetárias e Cambiais 17.750.957.421,88 21.672.201.269,33
Remuneração de Depósitos Bancários e
8.525.480.989,27 5.301.987.939,72
Aplicações Financeiras
Transferências e Delegações Recebidas 122.803.566.346,73 119.767.462.948,92
Valorização e Ganhos c/ Ativos e
951.133.927,37 2.249.455.216,30
Desincorporação de Passivos
Outras Variações Patrimoniais Aumentativas 948.468.408,15 1.339.920.245,52
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 137.504.947.666,40 123.342.307.159,42
Pessoal e Encargos 7.615,02 46.169,56
Benefícios Previdenciários e Assistenciais 56.014.520.729,10 47.309.728.596,32
Outros Benefícios Previdenciários e Assistenciais 56.014.520.729,10 47.309.728.596,32
Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital
349.444.373,13 371.653.112,02
Fixo
Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras 8.585.484.711,39 3.299.961.956,83
Juros e Encargos de Mora 2.028,70 1.552,02
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(ME)
Limite para /acumulação de
138.205.388,77 5.922.802,61 5% da ME do ativo
Distorção (LAD)
72.239.044.058,4
Despesas Empenhadas 499.691.231.788,03
7
1% das despesas
Materialidade Global (MG) 4.996.912.317,88 722.390.440,58
empenhadas
Materialidade para execução 50% da MG das
2.498.456.158,94 361.195.220,29
(ME) despesas
Limite para /acumulação de 5% da ME das
249.845.615,89 36.119.522,03
Distorção (LAD) despesas
Obs.: As circunstâncias relacionadas com algumas distorções podem levar o auditor a avaliá-las
como relevantes mesmo que estejam abaixo do limite de materialidade (IFAC, 2010). O auditor
deve acumular distorções identificadas durante a auditoria que não sejam claramente triviais. O
auditor pode estabelecer um valor abaixo do qual as distorções não serão acumuladas, de modo
que, individualmente ou em conjunto com todas as outras distorções, não sejam relevantes para as
demonstrações financeiras (Manual de Auditoria Financeira do TCU, publicado em 2016, quadro 5,
pg. 78)
Fonte: elaboração própria
As contas selecionadas para mapeamento de processos, identificação de riscos e de controles e
aplicação de procedimentos de auditoria estão elencadas abaixo:
Tabela 10 - Contas significativas - FAT - 2016
Cód Siafi Linha da Demonstração Contábil Valor
1.1.1.1.1.50.0
Fundo de Aplicação Extramercado - FAT 33.089.425.198,51
9
1.1.2.4.1.01.0
Empréstimos Concedidos a Receber 9.043.408.414,46
0
1.1.3.1.1.04.0 Adiantamentos de transferências
2.314.236.917,98
0 voluntárias
1.1.3.4.0.00.0
Crédito por dano ao patrimônio 999.480.759,25
0
1.1.3.5.1.00.0
Depósitos Especiais 19.983.913.853,14
0
1.2.1.1.1.03.0
Empréstimos concedidos a receber 210.689.737.051,47
1
3.2.9.2.1.03.0
Seguro-Desemprego 31.400.165.797,96
1
3.2.9.2.1.03.x
Abono Salarial - PIS/PASEP 18.346.782.028,20
x
3.4.3.9.1.01.0
Atualização Monetária Negativa 8.554.772.858,79
3
4.4.3.9.1.01.0
Outras Variações Monetárias 17.750.957.421,88
0
4.4.5.1.1.01.0
Remuneração de depósitos Bancários 1.496.613.943,44
0
4.4.5.2.1.01.0
Remuneração de aplicações Financeiras 7.028.867.045,83
0
Tabela 11 - Contas significativas - FRGPS - 2016
Cód Siafi Linha da Demonstração Contábil Valor
1.1.1.1.2.20.0
Limite de Saque (caixa e equivalente) 9.708.468.893,53
1
1.1.3.4.1.01.0 Crédito por Dano ao Patrimônio e Ajuste
1.854.252.563,89
0 para perdas
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1.2.1.1.1.03.0
Financiamentos concedidos a receber 94.014.432,97
8
1.2.1.1.1.xx.x Dívida Ativa Não Tributária e Ajuste para
5.641.057.346,09
x perdas
1.2.3.2.1.00.0
Bens Imóveis - Consolidação 1.574.492.946,80
0
1.1.2.1.0.00.0 Créditos Tributários a receber - Sem estimativa de
0 registrados na SRF (UG170010) valor
1.2.1.1.1.04.0 Créditos Previdenciários inscritos -
410.831.061.080,93
2 registrados na PGFN
2.1.1.2.1.00.0
Benefícios Previdenciários a pagar 16.358.410.145,22
0
2.1.7.9.1.03.0 Provisão para requisição de pequenos
346.830.076,00
0 valores
2.1.8.9.1.14.0
Compensação Previdenciária 178.429.204,87
0
2.1.8.9.1.36.0
Valores em transito exigíveis 192.428.820,94
0
Sentenças judiciais valores orçamentários 11.503.927.287,26
3.2.0.0.0.00.0
Benefícios Previdenciários 500.182.282.033,48
0
Os procedimentos selecionados basearam-se na compreensão da equipe de auditoria sobre a
complexidade das normas e políticas da previdência do trabalho; da materialidade envolvida nos
relatórios financeiros; bem como nas alterações das políticas contábeis ocorridas na Administração
Pública Federal durante o exercício de 2016.
Assim, os procedimentos compreenderam:
a. No planejamento, foram considerados a relevância e o volume de informações sobre despesas,
ativos e passivos da previdência e do trabalho, bem como a complexidade dos controles internos
que geram informações para elaboração das demonstrações financeiras;
b. Procedimentos analíticos entre os exercícios de 2015 e 2016, no balancete geral do FAT e do
FRGPS.
c. Mapeamento dos processos das contas significativas abono salarial e seguro desemprego,
depósitos especiais, fundo de aplicação extramercado do FAT e empréstimos concedidos a receber
(FAT constitucional). As outras contas significativas não foram mapeadas em função das limitações
da equipe de auditoria (tempo exíguo);
d. Identificação e avaliação de riscos e de controles de grupos de contas contábeis: Despesa
Previdenciária, Imobilizado e Crédito por Dano ao Patrimônio do FRGPS;
e. Questionamento e requisição de documentação para fundamentar os achados de auditoria do
FRGPS/2016 e FAT/2016;
f. Indagações e aplicação de questionário à auditoria interna do INSS, a fim de avaliar a
confiabilidade do trabalho realizado pelo INSS e pelo Ministério do Trabalho.
O objetivo do trabalho foi emitir uma opinião sobre os demonstrativos financeiros do FAT e do
FRGPS (Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e Demonstrações das Variações
Patrimoniais). Contudo, a metodologia da auditoria financeira não foi aplicada em sua completude,
não impedindo assim equipe de emitir uma opinião com asseguração limitada nos termos dos itens
45 a 48 do Manual de Auditoria Financeira do TCU, publicado em 2016, conforme conclusão do
presente trabalho.
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os órgãos da União responsáveis pela arrecadação e cobrança dos tributos, inclusive da própria
contribuição previdenciária.
No entanto, causa estranheza que esses valores não estejam registrados contabilmente no FRGPS,
que é o verdadeiro detentor desses créditos. Nesse sentido, as informações seriam mais precisas se
estivessem refletidas nos demonstrativos financeiros do FRGPS e apenas tivessem registros
transitórios na Receita Federal e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, por meio, por
exemplo, de contas de controle.
É importante registrar que atualmente o Siafi está estruturado para registrar eventos de controle,
por meio das classes de contas de números 7 e 8. Por conseguinte, entende-se que é perfeitamente
possível ter o registro dos citados créditos em contas patrimoniais no FRGPS e registros de
controle na RFB e PGFN, sendo que esses registros podem estar perfeitamente sincronizados a fim
de permitir a integridade, tempestividade e confiabilidade desses registros.
Entretanto, apesar dos esforços da TCU em ressaltar que o não registro contábil dos créditos
tributários previdenciários no FRGPS ocasiona uma distorção da ordem de R$ 415,45 bilhões nas
demonstrações financeiras do fundo, a referida recomendação não foi atendida e as demonstrações
financeiras de 2016 do FRGPS continuam sem a evidenciação desses valores.
De acordo com levantamento realizado, os valores de créditos previdenciários a receber são os
seguintes:
Tabela 12 – Créditos Previdenciários
Créditos Previdenciários 2015 2016
Créditos administrativos previdenciários 24.920.785.842,40 24.274.479.383,24
(-) Ajuste para perdas créditos administrativos (21.336.430624,71) (19.652.339.396,03)
Dívida Ativa Previdenciária 350.678.167.638,89 410.831.061.080,93
(-) Ajuste para perdas Dívida Ativa Previdenciária - -
TOTAL 354.262.522.856,58 415.453.201.068,14
Fonte: RFB (Ofício 21/2017-RFB/Audit/Diaex) e Balancete PGFN – Dez/2016
No entanto, em 20/1/2017, foi instituído Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), no âmbito dos
Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social e Agrário com o objetivo de atender a
recomendação exarada no Acórdão 1749/2016-TCU-Plenário, com o propósito de revisar e avaliar
o entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições previdenciárias (peça 56).
Nesse sentido, apesar de ainda não haver registro dos créditos previdenciários a receber
(administrativos e dívida ativa) no âmbito do FRGPS, já existe uma equipe em trabalho para
equacionamento da questão, o que indica que a recomendação ainda está em atendimento.
Objeto
Demonstrações financeiras do FRGPS em 2016
Critérios
- LRF, art. 68, §1º, III, c/c com a alínea a do inciso I e inciso II do art. 195 e inciso XI do art. 167
da Constituição Federal: Receita das contribuições sociais para a seguridade social pertence ao
FRGPS;
- Lei 11.457/2007 (Lei de criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, “Super
Receita”), §§1º e 2º do art. 2º: Destinação do produto da arrecadação das contribuições sociais ao
FRGPS bem como prestação de contas dos resultados dessa arrecadação ao Conselho Nacional de
Previdência Social.
- Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP) 6ª Edição, Item 2.2.1 da Parte II:
Conceito de ativo (peça 83);
- Macrofunção 020333 do Siafi, Item 2.1: Conceito de ativo (peça 81);
Evidências
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- Demonstrações financeiras do FRGPS, ano-base 2016, sem registro dos créditos tributários a
receber e da dívida ativa relativa às contribuições de natureza previdenciária (peça 85);
- Balancete Contábil da RFB (Subórgão 1702) com registro dos créditos tributários a receber na
conta do ativo circulante 1.1.2.1.0.00.00 (créditos tributários a receber), entretanto sem distinguir
entre previdenciários e não previdenciários; bem como nas contas do ativo não circulante, com a
distinção entre créditos de impostos, taxas e contribuições de melhoria 1.2.1.1.1.01.01 (créd. de
imposto, taxa) e créditos de contribuições em geral 1.2.1.1.1.01.02 (créditos de contribuição a
receber), porém sem distinguir entre contribuições previdenciárias e não previdenciárias (peça 55).
- Balancete Contábil da PGFN (Subórgão 1708) com registro da dívida ativa tributária relativa a
créditos previdenciários na conta do ativo não circulante 1.2.1.1.1.04.02 (créditos previdenciários
inscritos), em distinção a créditos não previdenciários registrados na Conta 1.2.1.1.1.04.01
(créditos não previdenciários inscritos) (peça 54).
- Ofício 254/2017/ASSCI/Gabin/STN/MF-DF (peça 39).
- Ofício nº 18/2017-RFB/Audit/Diaex (peça 46 p. 2). Informa que a RFB participa do Grupo de
Trabalho Interministerial (GTI), com objetivo de atender à recomendação exarada no Acórdão
1749/2016-P. Informa que o GTI foi instituído pela Portaria Interministerial 41, de 20/01/2017 dos
Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário.
-Ofício n º21/2017-RFB/Audit/Diaex, de 10/3/2017 (peça 48)
- Ofício INSS (peça 13, p.44-45). Informando que a Demanda está sendo conduzida pela
Subsecretaria de Contabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional.
- Portaria Interministerial nº 41, de 20/01/2017, dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento
Social e Agrário (peça 56)
Causas
- Registro contábil dos créditos tributários a receber na contabilidade da Receita Federal do Brasil,
conforme balancete da RFB de dezembro/2016;
- Registro contábil da Dívida Ativa previdenciária na contabilidade da PGFN, conforme balancete
da PGFN de dezembro/2016.
Efeitos
A ausência de registro dos créditos tributários a receber e da dívida ativa relativos a contribuições
de natureza previdenciária nas demonstrações financeiras do FRGPS distorce a informação
patrimonial do FRGPS e impede o usuário de conhecer quais são os reais valores que pertencem ao
Fundo, bem como qual é o valor total de ativos do FRGPS.
Comentários dos gestores
Segundo o gestor (peça 51) em 20/01/2017 foi instituído por meio da Portaria Interministerial n°
41, Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) (peça 56), tendo como “objetivo revisar e avaliar o
entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições previdenciárias” O GTI tem o prazo de 90 dias prorrogável por mais 30 contados da
data de publicação da portaria. Assim, será necessário aguardar o relatório final do GTI para adotar
quaisquer providências de operacionalização sobre a contabilização dos créditos tributários a
receber e dívida ativa tributária.
Análise dos comentários
Embora já tenha sido constituído um grupo de trabalho para avaliar o entendimento sobre a
contabilização dos créditos, isso por si só não resolveu o problema da distorção causada nos
demonstrativos do FRGPS, razão pela qual optou-se por reiterar a proposta de encaminhamento
feita em auditoria anterior (Acórdão TCU 1.749/2016 – Plenário, item 9.2.2).
Proposta de encaminhamento
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Recomendar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações
financeiras do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) que, em conjunto com a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do
Tesouro Nacional (STN), revise a contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados
às contribuições previdenciárias, tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de
contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de
Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com fundamento no inciso III do §1º do art.
68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo que os reflexos contábeis estejam
evidenciados no FRGPS.
II.1.1.2. Despesas com Sentenças Judiciais do FRGPS que foram apropriadas em Tribunais
Regionais Federais e não constam no Demonstrativo de Variações Patrimoniais do FRGPS.
Situação encontrada
A Lei Orçamentária Anual de 2016 e seus respectivos créditos adicionais disponibilizaram ao
FRGPS recursos da ordem de R$ 11,6 bilhões para pagamento de sentenças judiciais transitadas em
julgado. Na tabela abaixo, segue valores orçamentários de 2016:
Tabela 13 - Ações Orçamentárias de Sentenças Judiciais do FRGPS em 2016
R$ 1,00
Dotação Despesas Despesas
Cód Ações
Atualizada Empenhadas Liquidadas
000 Sentenças Judiciais Transitadas em
5 Julgado (Precatórios) 4.724.325.115 4.680.854.009 4.575.968.990
062 Sentenças Judiciais Transitadas em
5 Julgado de Pequeno Valor 6.931.135.219 6.929.320.411 6.927.958.297
11.655.460.33 11.610.174.42 11.503.927.28
Total 4 1 7
Fonte: Tesouro Gerencial – Dez/2016
Ocorre que grande parte da execução desses valores é realizada em Tribunais Regionais Federais.
Quando se consulta a despesa patrimonial do FRGPS de 2016 (classe 3), observa-se valores bem
menores que os R$ 11,5 bilhões de sentenças judiciais executados. Isso representa uma disfunção
do registro de contabilidade, pois apesar de a operacionalização da despesa ocorrer de fato dentro
dos Tribunais, a despesa pertence patrimonialmente ao FRGPS e não aos Tribunais pagadores.
A própria LDO 2016 (Lei 13.242/2015) determina que a execução dos precatórios deve ocorrer no
âmbito dos Tribunais, por intermédio de descentralização dos créditos orçamentários aos Tribunais:
§ 1o A descentralização de que trata o caput deverá ser feita de forma automática pelo órgão
central do Sistema de Administração Financeira Federal, imediatamente após a publicação da Lei
Orçamentária de 2016 e dos créditos adicionais.
§ 2o Caso o valor descentralizado seja insuficiente para o pagamento integral do débito, o
Tribunal competente, por intermédio do seu órgão setorial de orçamento, deverá providenciar,
junto à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a
complementação da dotação descentralizada, da qual dará conhecimento aos órgãos ou entidades
descentralizadores.
Art. 31. Até sessenta dias após a publicação da Lei Orçamentária de 2016 e dos créditos
adicionais, as unidades orçamentárias do Poder Judiciário discriminarão, no SIAFI, a relação dos
precatórios relativos às dotações a elas descentralizadas de acordo com o art. 30, especificando a
ordem cronológica dos pagamentos, valores a serem pagos e o órgão ou a entidade em que se
originou o débito.
No entanto, a execução orçamentária das despesas de sentenças judiciais no âmbito dos Tribunais
não impediria, em tese, o reconhecimento patrimonial das despesas com esses valores na
contabilidade do FGRPS.
Atualmente, o FRGPS só reconhece como despesa patrimonial as sentenças judiciais que são
efetivamente pagas diretamente pelo próprio fundo. Basicamente, são sentenças transitadas em
julgado de Tribunais Estaduais.
Em consulta ao balancete do FRGPS em dez/2016, verifica-se apenas as seguintes despesas com
sentenças judiciais que foram efetivamente contabilizadas no FRGPS:
Tabela 14 - Despesas patrimoniais de Sentenças Judiciais apropriadas diretamente
pelo FRGPS em 2016
R$ 1,00
Natureza
Despesa Descrição Valor (Saldo)
3.2.1.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Aposentadoria 57.812.684
3.2.2.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Pensões RGPS 11.115.708
3.2.9.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Outros Benefícios 1.761.968.415
3.2.9.9.1.10.00 Sentenças Judiciais - Outros Benefícios 190
Total 1.830.896.996
Fonte: Siafi 2016 – Balancete órgão 37904 FRGPS
Ou seja, de um orçamento de R$ 11,6 bilhões, apenas pouco mais de R$ 1,8 bilhão aparece
efetivamente como despesa do FRGPS. O restante, repita-se, consta como despesa patrimonial de
Tribunais Federais diversos.
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II.1.1.3. Falta de evidenciação do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio
Situação encontrada
Foi verificado que não há destaque do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio no
Balanço Patrimonial de 2016, e a Nota Explicativa 01 às demonstrações contábeis de 2016 não está
completa, havendo apenas a memória de cálculo relativa a uma unidade gestora do INSS.
A conta créditos por Danos ao Patrimônio compreende, segundo o Plano de Contas Aplicado ao
Setor Público (PCASP), os valores realizáveis no curto prazo, provenientes de direitos oriundos de
danos ao patrimônio, apurados em sindicância, prestação de contas, tomada de contas, processos
judiciais e outros. É uma fonte potencial de fluxos de caixa e é reconhecida contabilmente no ativo.
Entretanto, os riscos de não recebimentos não foram considerados na forma de ajuste para perdas.
No Balanço Patrimonial referente ao exercício de 2016 do FRGPS, a conta Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo (código 11.300.00.00) está registrada pelo valor líquido de R$
447.051.931,34, sem evidenciar o referido ajuste, objeto de determinação conforme o subitem 9.1.2
do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário:
9.1.2. constitua ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio e divulgue em notas
explicativas a metodologia utilizada e a memória de cálculo do ajuste, de modo que a
contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FRGPS;
No entanto, na consulta ao Balancete do Órgão 37904 (FRGPS) no Siafi, referente a dezembro de
2016, verifica-se que houve o lançamento do ajuste, conforme destacado abaixo (com agrupamento
das contas até o 5º nível, exceto para a de ajuste):
1.1.3.0.0.00.00 DEMAIS CRÉDITOS E VALORES A CURTO 447.051.931,34 D
1.1.3.4.0.00.00 CREDITOS POR DANOS AO PATRIMONIO 1.870.782.795,01 D
1.1.3.5.0.00.00 DEPOSITOS RESTITUIVEIS E VALORES V 15.496,86 D
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necessário que ele seja evidenciado no mesmo nível da conta de registro do crédito. Razão pela
qual procedeu-se a proposta abaixo descrita.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações
financeiras do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) discrimine no Balanço
Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio e o respectivo Ajuste para perda de
créditos, bem como inclua em Nota Explicativa, complementarmente, quadro analítico resumindo
os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio relativos às unidades do FRGPS, de forma a
permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de ajuste para perda, em consonância com
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição (2015), Parte II -
Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p. 177, e Macrofunção Siafi 020333, item
3
II.1.2 Distorçõ es de Classificaçã o
II.1.2.1. Não reclassificação dos imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual
do INSS
Situação encontrada
Verificou-se que, no Balanço Patrimonial, os imóveis do FRGPS estão classificados no
agrupamento “Bens Imóveis”, do Ativo não Circulante (código contábil 12.320.00.00).
Assim, não foi dado cumprimento à recomendação do subitem 9.2.1.1 do Acórdão 1.749/2016-
TCU-Plenário:
9.2.1.1. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do FRGPS, em
convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os imóveis do
FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens;
No entanto, consta na Nota Explicativa 05 às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016 que o
INSS, dando cumprimento à recomendação do TCU, enviou o Ofício
1489/CGOFC/DIROFL/INSS, de 25/8/2016, à CCONT/SUCON/STN/MF-DF no qual solicitava a
criação de contas contábeis específicas de modo que fosse possível distribuir os imóveis do FRGPS
entres as contas contábeis que melhor expressassem a classificação dos bens.
Ressalte-se que, na reunião realizada com a equipe de auditoria em 23/2/2017, os técnicos do
INSS informaram que o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público válido para 2016 (PCASP
2016) não possibilitava lançar imóveis não operacionais destinados à venda no ativo circulante ou
no não-circulante, mas que tal lançamento seria possível no PCASP 2017 (e que estaria, segundo
ela, descrito no MCASP 7ª edição, válido a partir de 2017).
Essa justificativa é coerente com a expressa pela CCONT/SUCON/STN/MF-DF na Nota
Explicativa 05 às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016, no sentido de que “para o exercício
de 2016, os imóveis do FRGPS permanecerão classificados no agrupamento 12.320.00.00. No
entanto, para o exercício de 2017, os imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização
Anual do INSS, serão reclassificados de modo a refletir adequadamente a situação patrimonial do
FRGPS”.
Apesar disso, verifica-se que persiste a impropriedade na evidenciação dos imóveis destinados à
venda na forma do referido plano de desimobilização, pois o leitor das demonstrações do FRGPS
de 2016 pode concluir erroneamente que esses itens – ora incluídos no grupo “Bens Imóveis” –
serão utilizados “para o uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins
administrativos” (no conceito de Ativo Imobilizado descrito no subitem 5.1 do MCASP 6ª Edição e
no item 7 da International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 16) e “por mais de um
período” (no termos do item 13 da IPSAS 17). Porém, os imóveis são colocados à venda quando
considerados desnecessários ou não vinculados às atividades operacionais, por isso, deveriam estar
registrados em conta do ativo não circulante mantido para venda, classificados no ativo circulante.
Objeto
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praticados pelos ordenadores de despesa e responsáveis por bens públicos, à vista dos princípios e
normas contábeis aplicadas ao setor público.
A Instrução Normativa STN 6, de 31/10/2007, define as situações em que devem ser registradas as
restrições e o Siafi codifica as ocorrências para controle.
Pela Macrofunção Siafi 020315, item 6.1.2, cabe ao ordenador de despesas, mensalmente, consultar
a conformidade contábil no Siafi das Unidades Gestoras (UG) sob sua responsabilidade, a fim de
providenciar a solução junto às áreas envolvidas.
As ocorrências não regularizadas até o encerramento do exercício financeiro devem ser justificadas
no processo de contas anual, por meio da declaração do contador, conforme recomendação
prolatada no item X, “k” do Parecer Prévio do TCU sobre as Contas da Presidência da República
de 2014. Na alínea “l” do mesmo item X, recomenda-se que a STN monitore as justificativas
acerca dos registros de restrições contábeis, de modo a dar transparência às razões pelas quais as
setoriais contábeis não adotam todas as medidas necessárias para correção dos problemas contábeis
eventualmente existentes dentro do exercício a que se referem.
Em consulta à declaração do contador constante das respostas do INSS (peça 13, p. 23-27),
verificou-se que há justificativas apresentadas para apenas 14 restrições ocorridas (letras “a” a “n”),
acompanhadas das razões pelas quais os problemas não foram resolvidos. No entanto, conforme
verificado na Tabela 1, não constam justificativas para as demais ocorrências.
Objeto
Demonstrações financeiras do FRGPS em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Decreto 6.976/2009, art. 6º (unidades responsáveis pela conformidade contábil) e art. 8º
(realização da conformidade contábil).
b) Instrução Normativa STN 6, de 31/10/2007, que disciplina os procedimentos relativos ao
registro das Conformidades Contábil e de Registro de Gestão.
c) Recomendação do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, subitem 9.2.1.3.
d) MCASP 6ª Edição (2015), Parte V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público,
subitem 8.2 - Notas Explicativas, alínea “d”, item “iii”, p. 350 (peça 83).
e) Macrofunção 020315 do Siafi, item 6.1.2 (peça 79).
Evidência
59 ocorrências de restrições de conformidade contábil que constam na tabela 11 da Nota
Explicativa 09 às Demonstrações de 2016 (peça 88, 21-29)
Causa
Ausência de verificação para regularização de 161 registros de restrições de conformidade
contábeis no Órgão FRGPS constantes do Siafi, cuja competência pertence ao ordenador de
despesa do Fundo.
Efeitos
Distorção nas informações contábeis, não refletindo adequadamente as informações dispostas nos
demonstrativos contábeis, e comprometendo a fidedignidade da informação financeira.
Comentários do gestor
Segundo o gestor (peça 51, p.13) “o registro da conformidade contábil é o instrumento utilizado
pela setoriais contábeis para indicar ao Ordenador de Despesa possíveis inconsistências na
execução orçamentária, financeira e patrimonial. Não necessariamente uma restrição contábil
emitida culminará em implicações nas demonstrações contábeis. Por exemplo, a falta de
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Para viabilizar o pagamento desse direito adquirido - o benefício de Abono Salarial - o Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) define todos os anos, por meio de
Resolução, um calendário-cronograma de pagamentos. Esse cronograma se inicia a partir do mês
de julho do ano seguinte ao ano-base (ano em que o empregado adquiriu o direito) e considera a
data de nascimento do benefício como ponto base de organização a partir do qual o recurso
financeiro estará disponibilizado para saque. A partir da data do pagamento do FAT, o recurso fica
disponível até o ano seguinte, conforme definido nas resoluções.
Mas para que o beneficiário tenha tempo suficiente para saque é preciso que a Administração
Pública empenhe, liquide e pague com uma certa antecedência, especialmente daqueles
beneficiários que fazem aniversário nos últimos meses do calendário. O cronograma de pagamento
até 1999 estava assim disposto:
Tabela 17- Cronograma de recebimento do Abono Salarial – PIS, ano 1999/2000 –
ano-base 1998
Abono disponível
Nascidos em: Receberão e partir de
até
Julho 01 A 15 21/09/99 28.04.2000
16 A 31 23/09/99
Agosto 01 A 15 28/09/99 28.04.2000
16 A 31 14/10/99
Setembro 01 A 15 19/10/99 28.04.2000
16 A 30 21/10/99
Outubro 01 A 15 26/10/99 28.04.2000
16 A 31 18/11/99
Novembro 01 A 15 22/11/99 28.04.2000
16 A 30 24/11/99
Dezembro 01 A 15 14/12/99 28.04.2000
16 A 31 16/12/99
Janeiro 01 A 15 21/12/99 28.04.2000
16 A 31 28/12/99
Fevereiro 01 A 15 13/01/2000 28.04.2000
16 A 29 18/01/2000
Março 01 A 15 20/01/2000 28.04.2000
16 A 31 24/01/2000
Abril 01 A 15 26/01/2000 28.04.2000
16 A 30 10/02/2000
Maio 01 A 15 15/02/2000 28.04.2000
16 A 31 17/02/2000
Junho 01 A 15 22/02/2000 28.04.2000
16 A 30 24/02/2000
Fonte: Resolução Codefat nº 213, de 29 de Julho de 1999
O calendário mostrado acima refere-se apenas ao PIS. Por uma questão de economia optou-se por
não transcrever o calendário do Pasep, uma vez que a lógica é mesma. A grande diferença está no
ponto base de organização a partir do qual o recurso financeiro estará disponibilizado para saque.
No PIS utiliza-se a data de nascimento e no Pasep, utiliza-se o número final da inscrição.
Contabilmente, até 1999, a última ordem bancária emitida para o cronograma, ocorria em meados
de fevereiro do segundo ano seguinte ao ano-base do direito adquirido, para dar uma margem de
tempo para que os aniversariantes dos últimos meses do calendário não ficassem tão prejudicados e
assim pudessem sacar o abono.
No ano de 2000, o cronograma de pagamento sofreu uma alteração na data de disponibilização do
recurso. A Administração Pública passou a empenhar e pagar todos os aniversariantes do calendário
apenas no exercício seguinte ao ano-base, deixando os recursos disponíveis para saque até o
segundo ano seguinte ao ano-base, conforme calendário de 2000/2001.
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Fevereiro
Março
16 / 02 / 2016 30 / 06 / 2016
Abril
Maio
17 / 03 / 2016 30 / 06 / 2016
Junho
Fonte: Resolução CODEFAT nº 748, de 2 de Julho de 2015
Dessa forma, percebeu-se que as despesas, cujo fato gerador (ou ano-base) ocorreram em 2014
começaram a ser pagas em julho de 2015 e se estenderam até 2016, conforme consta em consulta
aos empenhos realizados no exercício de 2016 (tabela 20). E aquelas despesas, cuja fato gerador
(ou ano-base) ocorreram em 2015 começaram a ser pagas em julho de 2016 e se estenderão até
2017.
Tabela 20 - Empenhos realizados para pagamento do abono salarial – exercício de 2016
Número do Agente Calendári Ano
Valor Empenhado Descrição
Empenho Pagador o Base
2015/201
2016NE000012 CEF 2014
3.502.705.936,96 Abono Salarial - PIS 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000015 BB 2014
638.000.000,00 PASEP 6
2015/201
2016NE000020 CEF 2014
5.463.008.059,80 Abono Salarial - PIS 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000029 BB 2014
370.000.000,00 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000061 BB 2014
165.113.799,20 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000062 BB 2014
734.886.200,80 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000065 BB 2014
130.000.000,00 PASEP 6
Total ano-base 2014 (empenhado 11.003.713.996,7
em 2016) 6
2016/201
2016NE000063 CEF 2015
1.230.939.407,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000064 CEF 2015
4.728.979.962,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000093 CEF 2015
497.294.063,04 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000100 CEF 2015
328.093.388,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000101 CEF 2015
60.000.000,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000102 CEF 2015
77.349.186,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000103 CEF 2015
5.360.675,00 Abono Salarial - PIS 7
Total ano-base 2015 (empenhado
6.928.016.681,04
em 2016)
17.931.730.677,8
Total Geral empenhado em 2016
0
Abono Salarial - 2016/201
2017NE000012 BB 2015
531.500.000,00 PASEP 7
Abono Salarial - 2016/201
2017NE 000013 BB 2015
531.500.000,00 PASEP 7
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
2016/201
2017NE 000014 CEF 2015
4.019.602.299,37 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2017NE 000015 CEF 2015
4.000.000.000,00 Abono Salarial - PIS 7
Total ano-base 2015 (empenhado
em 2017) 9.082.602.299,37
Fonte: Siafi/2016
Entende-se que o ano-base é o fato gerador da despesa com benefícios do abono salarial (PIS e
Pasep), contudo somente com o encerramento do exercício é possível verificar a existência de fato
ou não do direito adquirido (fato gerador). Em razão disso, não é possível que despesa seja
reconhecida pelo seu valor exato dentro do exercício de competência. A Administração precisa de
um tempo (6 meses) para realizar o cruzamento entre as bases de dados trabalhistas, com vistas a
identificar todos aqueles empregados que cumpriram as condições estabelecidas para obtenção do
abono.
Ainda assim, o FAT tem pleno conhecimento de que terá que arcar com despesas do abono todos os
exercícios financeiros, pois todos os anos haverá empregados que preencham os requisitos legais.
Trata-se, então, de uma obrigação legal e previsível, ou seja, ocorre sistematicamente todos os
exercícios, embora no encerramento desse não se saiba o valor exato.
Sendo assim, é possível que haja um planejamento com estimativas de pagamentos para que sejam
reconhecidos dentro do exercício a que pertencem, em obediência ao princípio da competência de
que trata o inciso II, art. 50 da LRF:
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência,
apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
De acordo com o quadro acima as despesas referentes ao ano-base de 2015 totalizaram (o
empenhamento) R$16.010.618,980,41, sendo que 43,27% foram empenhadas em 2016 e 56,73%
empenhadas em 2017 (consulta feita em 13/3/2017). Já as despesas referentes ao ano-base (fato
gerador) de 2016, mesmo sendo despesas obrigatórias e previsíveis, somente serão reconhecidas a
partir de meados de 2017.
Observa-se, portanto, que o cronograma de desembolso do Abono Salarial (PIS e Pasep) não
observa o princípio da competência na execução da despesa, uma vez que cerca R$ 11 bilhões do
Abono de competência 2014 foi executado em 2016, e R$ 6,9 bilhões do Abono de 2015,
executado em 2016, sem a correspondente assunção do compromisso, pelo regime competência,
nos exercícios dos respectivos momentos de ocorrência do fato gerador.
O mesmo está acontecendo com o Abono (PIS e Pasep) de competência de 2016, cujo pagamento
iniciar-se-á em 2017 e adentrará por 2018, sem o devido reconhecimento da obrigação de
pagamento na Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) do exercício de 2016. Sendo assim,
considera-se que a DVP do FAT de 2016 apresenta uma distorção no que se refere ao
reconhecimento das despesas de competência dos exercícios de 2014 e 2015 e ao não-
reconhecimento das despesas de competência de 2016.
Adicionalmente, o Boletim de Informações Financeiras do FAT (6º bimestre, pg. 13), informa nas
observações do anexo I que as receitas do FAT são contabilizadas pelo regime de caixa e que as
despesas pelo regime de competência (Lei nº 4.320/1964). Informa, ainda, que as despesas com
Abono referentes a 2016 (janeiro a dezembro) totalizaram R$17.931.730.677,80. Contudo,
verificou-se que o valor apresentado no anexo I refere-se ao valor total empenhado com o
orçamento de 2016. Não se trata das despesas patrimoniais de 2016 reconhecidas em 2016. Trata-se
de despesas de competência de 2014 e 2015 reconhecidas, empenhadas e pagas em 2016, conforme
demonstrado na tabela 20 (acima).
No mesmo anexo do mesmo boletim, supra mencionado, observou-se uma comparação entre as
despesas executadas em 2015 e 2016. Percebe-se pelo recorte do boletim abaixo transcrito que
entre estes dois exercícios financeiros a informação é a de que houve um aumento de despesas com
29
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
abono em 77,09%. Não há um esclarecimento sobre os reais motivos desse aumento tão
significativo, no boletim ou em quaisquer documentos publicados pelo FAT.
Na verdade, o que explica variação de tal magnitude é o impacto da alteração do cronograma de
pagamento conforme demonstrado da tabela 19. Como já dito anteriormente entre 1999 e 2014 as
despesas com abono eram contabilizadas (e pagas) dentro do exercício seguinte ao ano-base, ou
seja as despesas de competência de 2014 deveriam ter sido contabilizados em 2015, se o calendário
de pagamento não tivesse sido alterado. Contudo em 2015, o Codefat postergou o cronograma
fazendo com que parte das despesas de competência de 2014 fossem pagas somente em 2016.
Ao apresentar a informação, incluindo despesas postergadas de um exercício para outro, a
informação perdeu sua comparabilidade. Então não há o que se falar em aumento de despesas com
abono (pelo menos não nessa magnitude) entre esses dois exercícios pois com a postergação
perdeu-se semelhanças temporais entre os dois conjuntos de informações.
Tabela 21 - Recorte do Demonstrativo da Execução Financeira do
FAT – 2016
2015 2016 Var. %
Discriminação do Resultado
Jan-Dez Jan-Dez 2016/2015
II.1 Despesas Correntes 56.254.719.057,7
48.686.982.637,90 15,54%
(totais) 5
II.1.1 Pgto. Seguro-
38.054.496.461,78 37.772.211.559,20 -0,74%
Desemprego
17.931.730.677,8
II.1.2 Pgto. Abono Salarial 10.125.701.665,00 77,09%
0
Fonte Anexo I, do Boletim de Informações Financeira do FAT (6º bimestre, pg. 13),
A mudança no cronograma de pagamento ocorrida em 2015, segundo o sítio do Ministério do
Trabalho, foi realizada para garantir a saúde financeira do fundo, uma vez que seriam necessários
cerca de R$ 18 bilhões para o pagamento do abono em 2015 e o valor do desembolso previsto para
o exercício era de R$ 10 bilhões. (<http://trabalho.gov.br/noticias/900-orcamento-aprovado-do-fat-
para-2016-e-de-r-76-4-bilhoes>).
Objeto
Demonstração das Variações Patrimoniais do Fundo do Amparo ao Trabalhador de 2016.
Critérios
Os dispositivos legais e documentos utilizados como critérios foram:
a) § 3º do art. 239 da Constituição Federal, que estabelece que é assegurado o pagamento de um
salário mínimo anual, a título de Abono Salarial, aos empregados de contribuintes do PIS e do
Pasep, que recebam até dois salários mínimos de remuneração mensal;
b) Lei 7998/1990, Art. 9° que regulamenta o § 3º do art. 239 da Constituição Federal;
c) Lei 4320/1964, Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações
verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o
resultado patrimonial do exercício;
d) Princípio da Competência – Lei Complementar 101/2000 (LRF), Art. 50. II - a despesa e a
assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência (...).
Evidências
a) Resolução Codefat n. 748/2015 (peça 59);
c) Resolução Codefat n. 213/1999 (peça 60);
d) Resolução Codefat n. 238/2000 (peça 61);
e) Resolução Codefat nº 768/2016 (peça 62);
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gastos com Abono Salarial, mas que este problema ocorreria em valores menores do que se verifica
hoje.
Já em relação à despesa orçamentária, os gestores do Ministério, em entrevista, apontaram a
dificuldade de se executar integralmente a despesa com Abono dentro do exercício seguinte ao ano
base em função da insuficiência de dotação orçamentária.
Em relação ao aspecto orçamentário, para os gestores, existe a necessidade de envolver a Secretaria
de Orçamento Federal (SOF/Ministério do Planejamento) na discussão, para avaliar se a
disponibilização do orçamento para o pagamento do Abono deve ser mantida fracionada em dois
exercícios ou se é possível a liberação do orçamento integral já no exercício seguinte ao ano-base.
Segundo os gestores, caso o orçamento esteja disponível, mesmo que o pagamento integral ao
beneficiário não seja feito integralmente no exercício seguinte, pode-se proceder à inscrição de
restos a pagar da parcela que venha a ser paga ao beneficiário no exercício subsequente. Assim, se
daria maior transparência ao gasto anual com Abono Salarial, com o empenho total da despesa
relativa a um dado ano-base sendo realizada dentro de um mesmo exercício.
Análise dos comentários
Considerando o posicionamento manifestado pelos gestores, esta equipe entende que o caso
demanda a separação do registro da despesa com Abono Salarial entre as esferas orçamentária e
patrimonial.
Ou seja, independentemente da dinâmica orçamentária e financeira que o FAT defina juntamente
com o Codefat e o Ministério do Planejamento para o empenho, liquidação e pagamento da despesa
orçamentária com Abono Salarial, a despesa patrimonial relativa ao benefício (obrigação de
pagamento) deve ser reconhecida por estimativa dentro de seu exercício de competência, ou seja,
ao final de cada ano-base, de modo a atender ao princípio da competência da despesa patrimonial
estabelecido pelo art. 50, II, da LRF.
Assim, cabe à CGFAT proceder ao registro de uma provisão no Balanço Patrimonial do FAT
correspondente à obrigação com Abono Salarial de cada ano-base, independentemente da execução
orçamentária da despesa.
Já nos Boletins Financeiros do FAT, assim como nas Notas Explicativas do Balanço Orçamentário
do FAT, deve-se deixar claro que a despesa orçamentária que está sendo executada em um dado
exercício refere-se ao adimplemento de uma obrigação adquirida em exercícios anteriores. Desse
modo, garante-se a transparência da informação e permite-se a comparabilidade dos gastos com
Abono Salarial realizados a cada ano.
Proposta de Encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) reconheça a despesa patrimonial com Abono Salarial, de
modo que o registro contábil coincida com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito
adquirido, em obediência ao que preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb), no âmbito do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), que em seus Boletins Financeiros e nas Notas Explicativas às demonstrações financeiras,
deixe claro que a execução da despesa orçamentária com Abono Salarial refere-se a direitos
adquiridos pelos beneficiários em exercícios anteriores, permitindo ao usuário da informação
identificar com facilidade a qual ano-base o gasto se refere.
II.2.1.2. Superavaliação nas despesas do Balanço Orçamentário e da Demonstração de Variações
Patrimoniais do FAT correspondentes aos valores disponibilizados aos beneficiários, a título de
Seguro Desemprego, que não foram desembolsados e perderam a validade ainda no exercício de
2016
Situação Encontrada
Nos casos previstos pela Lei 13.134/2015, o trabalhador demitido sem justa causa passa a ter o
direito ao recebimento do Seguro Desemprego, desde que o requeira. Após ter o seu direito
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
reconhecido por um agente habilitador, o beneficiário deverá receber a primeira parcela do Seguro
Desemprego em 30 dias contado da data do requerimento. A parcela devida a cada segurado passa
então a compor um lote semanal de pagamentos que contém as informações individualizadas de
todos que deverão receber o benefício em uma determinada semana.
Cada lote semanal fica disponível para saque por 67 dias e, caso o beneficiário não realize o saque
neste período, o lote perde a validade, perdendo assim o direito de sacar o benefício por vias
administrativas e os valores correspondentes devem ser restituídos ao FAT.
Apesar disso, a restituição dos benefícios de Seguro Desemprego não desembolsados é repassada
ao FAT apenas uma vez ao ano, em cerca de 18 de maio do exercício seguinte ao exercício de
competência, o que corresponde a 60 dias após a perda de validade do último lote de cada
exercício, juntamente com o processo de prestação de contas anual da aplicação dos recursos de
Seguro Desemprego, conforme definido pelo Contrato de Prestação de Serviços nº 38/2013
firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal (CEF), para a operacionalização
do Seguro Desemprego (peça 65).
Enquanto isso, os recursos relativos aos benefícios não desembolsados ficam depositados em uma
conta de “Suprimento” própria do Seguro Desemprego junto à Caixa Econômica Federal, sendo
remunerados mensalmente conforme determina a Resolução Codefat nº 164/1998.
Esses valores são devidamente remunerados ao FAT, mas o Fundo não registra em seu ativo o
direito a receber correspondente aos benefícios fora da validade ainda não restituídos, nem realiza a
anulação das despesas correspondentes, o que permitiria a recomposição da dotação orçamentária
relativa ao Seguro Desemprego, ainda durante o exercício financeiro de competência.
A quantificação dos benefícios de Seguro Desemprego disponibilizados em 2016 e que perderam a
validade ainda no exercício de competência, foi possível por meio das informações
disponibilizadas pelo Ofício nº 001/2017/DEGOV/2017 (peça 12), que apresentou todos os valores
não desembolsados de Seguro Desemprego que perderam a validade até 31/12/2016, por
modalidade de Seguro Desemprego. Os valores das quatro modalidades apresentadas foram então
somados para se identificar o valor da distorção de R$ 379.926.611,81.
Interessante destacar que os benefícios que perderam sua validade ainda no exercício de 2016
restringem-se aos lotes abertos até a 4ª semana de outubro, visto que os lotes abertos
posteriormente a essa data ainda se encontravam válidos em 31/12/2016, e, portanto, ainda estavam
disponíveis para o saque dos beneficiários.
Segundo o Ofício nº 004/2017/DEGOV/2017 (peça 37), a correspondente restituição ao FAT de
todos os valores não desembolsados a título de Seguro Desemprego de 2016 será realizada em uma
única parcela que será transferida apenas em 18/5/2017, data que corresponde a 60 dias após o
encerramento da validade do último lote do exercício, conforme previsto na Cláusula Décima
Sexta, combinada com o Parágrafo Sexto da Cláusula Décima Segunda do Contrato nº 38/2013,
firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal objetivando a prestação de
serviços no âmbito do Seguro Desemprego (Peça 65).
Nesse sentido, o contrato nº 38/2013 é ainda mais permissivo que a própria Resolução Codefat nº
12/1991 que, em seu inciso V, estabelece que a prestação de contas expressa na consolidação dos
relatórios gerenciais estabelecidos pela Resolução nº 09/1990 do Codefat, bem como o saldo final
dos recursos repassados, para fins de recolhimento ao FAT, serão encaminhados pela CEF, no prazo
máximo de 60 dias após o encerramento do exercício e não 60 dias após o encerramento da
validade do último lote do exercício.
Assim, verifica-se a inexistência de anulação das despesas com benefícios de Seguro Desemprego
não desembolsados e com validade vencida. Tal fato foi corroborado por pesquisas realizadas no
Siafi 2016, que apresentaram como único registro de receitas de restituição de benefícios de Seguro
Desemprego o documento 2016NL001149, de 19/7/2016, no valor de R$ 627.886.584,28, relativo
a benefícios de competência de 2015 e no Siafi 2017, que ainda não há registro de nenhuma receita
de restituição de benefícios de Seguro Desemprego não desembolsados.
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De forma corroborativa, a prática aqui descrita de realizar a restituição dos benefícios não
desembolsados de Seguro Desemprego apenas uma vez ao ano e no exercício seguinte ao exercício
de competência foi apresentada à equipe de auditoria em entrevista realizada em 8/12/2016 com
representantes da Coordenação-Geral de Recursos do FAT (CGFAT) e da Secretaria de Políticas
Públicas de Emprego (SPPE) (peça 67), com o objetivo de conhecer o processo de concessão,
pagamento e prestação de contas do Seguro Desemprego, e assim realizar o mapeamento dos
processos e a identificação de seus riscos e controles.
No entanto, o princípio da oportunidade, segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público (MCASP 2015, 6ª Edição, parte II, item 4), dispõe que as transações no setor público
devem ser reconhecidas e registradas integralmente no momento em que ocorrem. Quanto ao
aspecto patrimonial, o MCASP (2015, parte II, item 3.2.2) estabelece que a realização da variação
patrimonial diminutiva deve ocorrer quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por
transferência de sua propriedade para terceiro.
Na mesma linha, a Lei 4320/1964, Art. 104, determina que a Demonstração das Variações
Patrimoniais deve evidenciar as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes
da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.
De tudo isso, depreende-se que, no momento em que um lote de benefícios de Seguro Desemprego
perde a validade, o valor correspondente aos benefícios não desembolsados deve ser baixado da
variação patrimonial diminutiva anteriormente incorrida e reconhecida a superveniência de um
ativo do FAT, que, estando de posse da Caixa Econômica Federal, é um direito a receber do Fundo,
até que os recursos correspondentes sejam efetivamente restituídos ao FAT.
Já quanto ao aspecto orçamentário, o Art. 38 da Lei 4320/1964 determina que deve reverter à
dotação a importância de despesa anulada no exercício. Nesse sentido, quando da superveniência
de um fato que implique na anulação de uma despesa ainda durante o exercício de competência, a
importância correspondente deve ser revertida à dotação, permitindo a recomposição da ação
orçamentária (no caso, a ação 00H4 – Seguro Desemprego) durante o exercício de competência,
atendendo ainda ao princípio da anualidade dos orçamentos.
Por fim, vale destacar o que apresenta o Art. 85 da Lei 4320/1964, ao afirmar que os serviços de
contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução
orçamentária e o conhecimento da composição patrimonial. Este artigo deixa claro o papel da
contabilidade em garantir que:
a) o acompanhamento da execução das despesas orçamentárias deve evidenciar a medida em que
tais despesas realmente ocorreram e, no caso do Seguro Desemprego, isso significa apresentar, ao
final do exercício, apenas os valores de fato percebidos pelos cidadãos que usufruíram desses
benefícios durante o ano, ou que ainda fazem jus ao mesmo, e anular as despesas correspondentes
aos benefícios que já perderam a validade;
b) a composição patrimonial deve ser evidenciada na sua integralidade, o que, em relação ao
Seguro Desemprego implica que os benefícios não desembolsados cujas validades já tenham
expirado, devem ser registrados como um ativo do FAT, e especificamente como um direito a
receber, enquanto estiverem em poder da CEF e não forem restituídos ao Fundo.
Desse modo, entende-se que a regulamentação do Seguro Desemprego deveria permitir que a
anulação da despesa e a consequente restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a
validade seja feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência e que enquanto
não forem efetivamente restituídos ao FAT, os recursos relativos a benefícios fora da validade
devem ser reconhecidos pela contabilidade do FAT por meio do registro de um direito a receber,
que evidencie a medida exata em que o patrimônio do fundo foi, de fato, diminuído.
Objeto
Balanço Orçamentário e Demonstração das Variações Patrimoniais do FAT de 2016.
Critérios de auditoria
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Imprecisão nas informações prestadas pelo Balanço Orçamentário e pela Demonstração das
Variações Patrimoniais do FAT de 2016, no que diz respeito às despesas efetivamente realizadas
com Seguro Desemprego;
Falta de tempestividade na devolução dos benefícios não desembolsados ao FAT e a consequente
impossibilidade de recompor a dotação orçamentária relativa ao à ação orçamentária 00H4 –
Seguro Desemprego:
Falha na integridade dos ativos apresentados no Balanço Patrimonial do FAT, visto que os
benefícios não desembolsados cuja validade já está vencida e ainda não foram devolvidos ao Fundo
não são apresentados como um direito a receber.
Comentários dos gestores
Segundo Nota Informativa nº 003/2017 – CGFAT/SPOA/SE/MTb, (peça 90), a solução para a
restituição dos recursos não desembolsados do Seguro Desemprego, ainda dentro do exercício de
transferência do recurso, somente será possível quando houver alterações nos normativos que
atualmente embasam a prestação de contas deste benefício, bem como do Contrato de Prestação de
Serviços nº 38/2013 firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal, para a
operacionalização do Seguro Desemprego.
Em entrevista realizada em 28/3/2017 (lista de presença à peça 92), os gestores do Ministério do
Trabalho apontaram ainda a necessidade de revisar o Contrato nº 38/2013 em função do fato,
apontado pela auditoria, de ele ser ainda mais permissivo do que aquilo que está estabelecido na
própria Resolução Codefat 12/1991.
Em entrevista, os gestores ressaltaram também o fato de o FAT não incorrer em prejuízo financeiro
em função da não-devolução dos recursos, visto que os recursos são remunerados à taxa
extramercado do Banco Central.
De toda forma, segundo Nota Informativa nº 21/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, (peça 91), os
gestores concordam com a necessidade de que os recursos de lotes vencidos sejam devolvidos ao
FAT, em cumprimento ao disposto no Art. 38 da Lei 4.320/64, anulando-se a despesa anteriormente
incorrida e que, diante da impossibilidade da devolução dos valores dentro do exercício financeiro,
deva ser reconhecido um ativo, registrado contra uma variação patrimonial aumentativa.
Segundo os gestores, em entrevista, faz-se necessário levar o tema ao Codefat e rediscutir o fluxo
financeiro do Seguro Desemprego com a Caixa Econômica Federal, de modo a viabilizar a
anulação das parcelas de despesa com Seguro Desemprego que não foram desembolsadas e que
perderam a validade durante o exercício de competência.
Análise dos comentários
Considerando o posicionamento manifestado pelos gestores, esta equipe apenas ressalta que a
dinâmica de devolução dos benefícios não desembolsados tal como é feita hoje resulta em uma
informação equivocada quanto ao nível de gastos com Seguro Desemprego incorrido pelo Governo
Federal. A não-devolução de tais benefícios faz com que tanto as despesas orçamentárias quanto as
variações patrimoniais diminutivas do FAT com Seguro Desemprego fiquem sobreavaliadas em
relação ao gasto efetivamente incorrido pelo FAT.
Ademais, destaca-se que não se faz necessário que o processo de prestação de contas seja realizado
com periodicidade menor do que a que ocorre atualmente; apenas a devolução dos recursos não-
desembolsados deveria ser mais tempestiva, de forma a permitir a recomposição da dotação
orçamentária.
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), revise o processo de devolução dos benefícios do seguro
desemprego não desembolsados que perderam validade durante o exercício financeiro, de modo
que tais recursos sejam revertidos mais tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos
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Lei 11.457/2007, art. 1º, caput, e art. 2º, §3º: compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização,
arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais, bem como o cumprimento das
obrigações da Lei 8.212/1991 (Plano de Custeio da Seguridade Social) perante a RFB.
Lei 4.320/1964, art. 39, § 5º: compete à PGFN apurar e inscrever a dívida ativa da União.
Efeitos
A ausência de registro dos créditos a receber e da dívida ativa referentes à contribuição para o
PIS/Pasep nas demonstrações contábeis do FAT distorce a informação patrimonial do FAT e impede
o usuário de conhecer os respectivos valores e o valor total de ativos do FAT.
Comentários dos Gestores
Em reunião em 28/3/2017, o gestor afirma que esse é um tipo de registro que não compete ao FAT,
nem Ministério do Trabalho contabilizar. De acordo com o art. 10 da Lei 9.715/1998, cabe à RFB a
administração e fiscalização da contribuição para o PIS/Pasep. À PGFN a inscrição dos créditos da
dívida ativa de contribuição (peça 91, p. 2).
Os gestores reconhecem que se trata de um direito do FAT, contudo não tem a competência de
controlar tais recursos, nem seus registros contábeis.
Análise dos comentários
Considerando a delegação de competência atribuída à Receita Federal do Brasil (RFB) e à
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), pela legislação, no que se refere ao controle da
arrecadação dos tributos (à RFB) e cobrança de dívida ativa inscrita (à PGFN), o entendimento
majoritário é de que tais recursos sejam contabilizados pelos órgãos de controle da arrecadação.
Contudo esse entendimento não se coaduna com o item 2.2.1 do MCASP, 6ª edição, que trata do
conceito do que é ativo de uma entidade, nem com a Lei 7.998/1990.
O conceito considera três condições para que um ativo seja considerado de titularidade de uma
determinada entidade: primeiro, tem de ser controlado pela entidade (mas pode ser terceirizado, e
isso não muda a titularidade do ativo); segundo, deve ser resultado de eventos passados (a
legislação diz que as receitas do PIS/Pasep deverão ser destinadas ao pagamento do seguro e do
abono, para isso criou um fundo (o FAT) para administrar esses pagamentos); terceiro, espera-se
que desses ativos resultem benefícios econômicos futuros para a entidade (qualquer eventual
recebimento tanto dos créditos tributários inscritos na RFB ou de dívida ativa registrada na PGFN,
deverão ser repassados ao FAT).
O fato de ser controlado pela RFB ou pela PGFN não muda a titularidade do ativo. Continua sendo
do FAT, portanto deveriam estar registrados contabilmente no FAT, mesmo que a RFB ou PGFN
controlem a arrecadação e cobrança das contribuições.
Além disso, a Lei 7.998/1990 em seu art. 11, inciso I dispõe que o produto da arrecadação das
contribuições devidas ao PIS e ao Pasep constituem recursos do FAT. Se os créditos de
contribuições do PIS/Pasep e da Dívida Ativa quando recebidos são transferidos ao FAT, conclui-se
então que o direito pertence ao FAT. Assim, os registros contábeis deveriam estar claramente
evidenciados na contabilidade do FAT e não na contabilidade da RFB e da PGFN.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb), em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN), Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que
revise a contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições do
PIS/Pasep, tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o
conceito de ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor
Público (MCASP); o art. 11, inciso I da Lei 7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1190, de
modo que os reflexos contábeis estejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT.
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Entende-se por valor recuperável de um ativo o maior montante entre o seu valor justo líquido de
venda e o seu valor em uso. No caso da conta Créditos por danos ao Patrimônio é o maior valor que
a entidade espera recuperar dos devedores, considerando a expectativa de recebimento do direito a
receber.
De acordo com item 3, da Macrofunção Siafi 020333, os riscos de recebimento de dívidas a receber
são reconhecidos em conta de ajuste (ajuste de perdas estimadas), cujo saldo será reduzido ou
anulado quando deixarem de existir os motivos que a originaram. Ou seja, reconhecida a
expectativa de recebimento há que se reduzir a conta ao valor que realmente reflita o que se espera.
E as perdas estimadas, decorrentes desse reconhecimento, deverão ser constituídas com base em
estimativas pelos prováveis valores de realização para os ativos, caso a administração não tenha
condições de avaliar caso a caso individualmente.
O objetivo é fazer com que os registros espelhem de modo fidedigno a situação patrimonial real.
Um dos aspectos importantes para a apresentação dessa situação patrimonial real é o
reconhecimento dos Créditos por danos ao Patrimônio a receber com a constituição de ajuste de
perdas, de modo a permitir a quantificação fiel dos recursos controlados.
Embora existam todos esses normativos, no balanço patrimonial não foi encontrado registro
referente ao ajuste que retrate o risco de recebimento de que trata a norma de contabilidade pública,
divulgada pelo MCASP, pois trata-se de um direito a receber em razão da saída de recursos
financeiros de forma indevida. Conforme mencionado anteriormente, os riscos de recebimento
desses direitos devem ser reconhecidos em uma conta de ajuste.
Segundo o Ministério do Trabalho, gestor do FAT (Nota Informativa n.
6/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, peça 68), a média de recuperação dos valores inscritos na
conta contábil 113410208 do Siafi nos últimos três exercícios ocorreu conforme tabela abaixo.
Tabela 24 - Recuperação dos valores a receber da conta 113410208
Descrição 2014 2015 2016
918.296.691,5 997.703.039,5 998.765.613,4
Saldo (estoque) 8 8 1
Total recuperado 150.111,66 11.378.439,20 5.764.742,17
Taxa anual de recuperação 0,02% 1,14% 0,58%
Fonte: Nota Informativa n. 6/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, de 18/01/2017, pág. 2
Embora o gestor do FAT tenha conhecimento e controle sobre os valores recuperados, não foi feito
o ajuste para perdas conforme dispõe o MCASP. A tabela acima apresenta a taxa de recuperação
dos Créditos a receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE muito baixa em
relação ao total registrado no ativo, evidenciando uma dificuldade em se recuperar o direito
contabilizado. O reconhecimento sobre a irrecuperabilidade do direito deve estar refletido nas
demonstrações financeiras, uma vez que o ativo não será capaz de gerar caixa como o esperado.
Segundo o MCASP, provisões devem ser constituídas com base em estimativas pelos prováveis
valores de realização para os ativos. É importante destacar que o gestor do FAT deve realizar
ajustes de perdas para que o Balanço Patrimonial e a Demonstrações de Variações Patrimoniais
reflitam a realidade dos seus elementos patrimoniais.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT de 2016
Critério
Os critérios utilizados foram:
a) MCASP 6ª Edição, item 8.5.1.2 (peça 83).
b) International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 26, item 72 (peça 82).
c) Macrofunção Siafi 020333, item 3 (peça 81).
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Evidência
As evidências coletadas foram:
a) Item da conta contábil 113410208 do FAT de 2016, registrado o valor de R$998.765.613,41
(peça 69)
b) Ausência de contabilização de conta de ajuste para perdas no Balanço Patrimonial, em razão da
baixa taxa de recuperação do direito a receber (peça 86, p. 1-2).
c) Planilha de recuperação de valores referente ao direito contabilizado na conta 113410208 (peça
68)
Causa
Não constituição de Ajuste para perdas na conta Crédito a receber decorrente de falta/irregularidade
comprovada em TCE (Código Siafi 113410208).
Efeitos
A ausência de uma conta retificadora, que demonstre a real perspectiva de recuperação dos créditos
registrados, faz parecer que o FAT tem um direito a receber maior do que aquele que realmente
tem. A ausência desse ajuste prejudica a transparência da informação ao distorcer a percepção do
real valor que se espera receber pelos créditos inscritos, ou seja, há uma percepção de
superavaliação dos ativos da entidade.
Em razão disso, o ajuste deve ser contabilizado e a metodologia utilizada para cálculo deve ser
evidenciada em notas explicativas, de modo que o usuário entenda as razões que levaram o gestor a
considerar os créditos como irrecuperáveis e qual o valor das perdas associadas ao gerenciamento
dos créditos.
Considerando que a quase totalidade do valor contabilizado refere-se a uso indevido de recursos
públicos, os contribuintes e beneficiários do PIS/Pasep precisam saber quanto dessas perdas
retornam aos cofres do FAT. Todo negócio tem riscos inerentes associados, e o risco de perdas na
Administração Pública não é diferente. Contudo, é responsabilidade da gestão, não apenas
implementar respostas para enfrentar esses riscos, mas também informar ao usuário qual o tamanho
da perda que ocorreu na gestão dos negócios e quais medidas estão sendo adotadas para reduzir
ainda mais a ocorrência do evento de risco.
Comentários dos Gestores:
Em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), para colher comentários do gestor, foi reconhecido
a falha em relação a não constituição de ajuste para perdas da conta Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em Tomada de Contas Especial (113410208). O gestor informou
que em 2017 vai reavaliar todo o crédito para verificar a melhor forma de estimar as perdas, uma
vez que o manual Siafi, recém publicado, já define procedimentos para estimativa de perdas em
créditos a receber, com essa nova macrofunção (peça 91, p.2). Em 2017, o ajuste para perdas será
constituído conforme declaração do gestor na reunião.
Análise dos comentários
Considerando a análise da equipe de auditoria e a concordância do gestor com a superavaliação do
ativo do FAT em razão da ausência do ajuste para perdas, propõe-se:
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho que constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a
receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização
reflita a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no
Balanço Patrimonial.
43
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
II.2.1.6. Divergência entre os saldos do BNDES e Saldo contábil do FAT da conta Empréstimos
Concedidos a Receber
Situação encontrada
De acordo com o artigo 239 da CF/88, pelo menos 40% dos recursos arrecadados das contribuições
do PIS/Pasep serão repassados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). A Lei 8.019/1990, arts. 2º, 3º e 11, define que os recursos do PIS e do Pasep, em posse
do BNDES, constituem-se direitos do FAT e, por isso, deverão ser remunerados mensalmente,
pagos semestralmente e recolhidos até o décimo dia útil subsequente ao seu encerramento.
Além dos recursos repassados constituírem-se em um direito do FAT, constituem-se
consequentemente em uma obrigação, de mesmo valor, do BNDES junto ao FAT. Significa dizer
que os valores registrados como obrigação a pagar no BNDES devem coincidir com os valores
registrados como direito a receber na contabilidade do FAT.
Entretanto, quando da circularização de informações junto ao BNDES, identificou-se que há uma
divergência entre os valores contabilizados em ambos os órgãos. O BNDES fechou o exercício de
2016 com um saldo de obrigação a pagar ao FAT de R$219.650.101.837,35. Na contabilidade do
FAT o valor contabilizado como direito a receber totalizou R$219.733.145.465,93 (registros no
curto prazo R$9.043.408.414.46 e no longo prazo R$210.689.737.051,47). O cotejamento entre as
informações apresenta uma divergência de R$83.043.628,58, conforme evidenciado no quadro
abaixo:
Tabela 25 - Divergência entre os saldos Empréstimos a Receber do FAT e as correspondentes
obrigações registradas no BNDES
Código Siafi Conta Contábil Siafi Exercício 2016
1.1.2.4.1.01.00 Empréstimos Concedidos a Receber (CP) 9.043.408.414,46
1.2.1.1.1.03.01 Empréstimos Concedidos a Receber (LP) 210.689.737.051,47
Total contabilizado no FAT em 31/12/2016 219.733.145.465,93
BNDES - saldo em 31/12/2016 219.650.101.837,35
Diferença entre saldos 83.043.628,58
Fonte: Siafi/2016
Ao ser instado sobre a divergência, a CGFAT alega que o BNDES adotou uma rotina de
recolhimento de juros que é contrária ao que diz a legislação e as normas de contabilização,
gerando assim um prejuízo ao FAT. Essa rotina de recolhimento de juros consiste no seguinte:
imediatamente ao final do semestre o BNDES retira o valor dos juros a recolher do montante da
aplicação do FAT, mas não o recolhe imediatamente à conta do FAT. O banco aguarda até o décimo
dia útil após o encerramento do semestre para só então recolher o valor dos juros à conta do FAT.
Durante o período que vai do dia 1º até o 10º dia útil do mês subsequente ao encerramento do
semestre) o montante dos juros semestral fica em poder do BNDES, excluída da aplicação
financeira do FAT. Em relação aos juros do exercício de 2016, isso ocorreu em dois momentos: em
julho/2016 e em janeiro/2017. Os juros semestrais referentes ao primeiro semestre de 2016
totalizaram R$5.448.864.161,36. Segundo a CGFAT, no dia 1º/7/2016 os recursos foram sacados da
conta aplicação do FAT e somente foram depositados na conta bancária no dia 10/7/2016. O mesmo
ocorreu com os juros semestrais do segundo semestre de 2016 (total R$5.788.875.784,19). No
primeiro dia útil de janeiro os recursos foram sacados da conta aplicação e somente depositados na
conta bancária em 10/1/2017.
Para a CGFAT, os recursos sacados contra a conta aplicação devem ser repassados imediatamente
para a conta bancária, pois os juros já pertencem ao FAT. Se continuarem em poder da instituição
bancária deve incidir juros em aplicação financeira junto com o montante principal da aplicação.
Em razão disso, a CGFAT realizou o cálculo dos juros que incidiriam sobre o montante sacado
durante esses períodos de 10 dias úteis e o contabilizou como um direito a receber na conta
“Empréstimos Concedidos a Receber” (11241.01.00) no ativo circulante, ou seja, esse valor é
considerado um valor recebível para o FAT. Os totais contabilizados no exercício de 2016 foram
44
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
600.535.477,97
-
13/01/17 NL000093
188.340.306,22
2.607.453.183, 11.237.739.945, 2.572.748.826, 34.704.357,0
Saldo (competência exercício 2016) 88 55 88 0
Fonte: Siafi2016 e conciliação constante no Memo 287/2017/SE/MTb, (peça 71, p.3)
Desde 2011, a CGFAT vem adotando medidas para fazer com que o BNDES recolha os valores
referentes devidos ao FAT, mas não obteve êxito. O assunto foi discutido em diversas ocasiões por
meio de pareceres da consultoria jurídica junto ao Ministério do Trabalho, consultoria jurídica
junto ao Ministério supervisor do BNDES e junto a Advocacia Geral da União (AGU).
A primeira medida adotada ocorreu em 2011. A CGFAT encaminhou um ofício informando ao
BNDES a situação e solicitando o pagamento dos valores para consequente regularização
financeira e contábil. Em face da negativa do BNDES, a CGFAT realizou consulta, junto à
consultoria jurídica do Ministério do Trabalho, sobre a correção do cálculo da remuneração do FAT
em decorrência dos depósitos constitucionais feitos junto ao BNDES.
O Parecer/CONJUR/MTE/n. 524/2011, após analisar a situação, concluiu (item 32) que “o valor da
remuneração devida ao FAT somente deve ser sacada dos depósitos existentes no BNDES na data
do efetivo recolhimento ao Fundo, para que não haja prejuízo decorrente da não capitalização dessa
remuneração durante o período em que esses recursos estiverem segregados dos depósitos
constitucionais” (Peça 73).
O Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU concluiu que a interpretação que melhor se
adequa ao ratio legal consiste em que à remuneração dos empréstimos do FAT, compreendida entre
o fim do semestre e o dia do efetivo recolhimento, deverá ser sim aplicada os juros
correspondentes, sendo estes capitalizados, pela Taxa de juros de longo prazo (TJLP), sobre o total
dos valores existentes na data do recolhimento (Peça 72).
O Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AGU consagrou o entendimento de que o período
compreendido entre o encerramento do semestre e o dia do efetivo recolhimento dos valores do
FAT deverão ser capitalizados pelo critério pro rata tempore, sobre o total da remuneração, ou seja,
deve-se incidir sobre o saldo diário dos recursos emprestados ao BNDES os juros compensatórios
do art. 3 da lei 8019/1990, pro rata, também sobre o período compreendido entre o fim do semestre
e o dia do efetivo recolhimento do valor devido ao FAT (Peça 74).
A Consultoria Jurídica do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Ministério
Supervisor do BNDES na época, solicitou sobrestamento do Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU, contudo o Parecer n. 402/205/CONJUR-MTE/CGU/AGU concluiu
a) não haver elementos que autorizassem a revisão do entendimento fixado no Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU; e b) que o prazo prescricional aplicável a espécie é de 5 (cinco) anos
contados da oposição apresentado pelo MTE ao BNDES mediante Ofício n. 123/2011-
CGFAT/SPOA/SE/MTE (Peça 75).
Em 2015, a Conjur/MDIC solicitou novamente sobrestamento do Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU e a AGU novamente se manifestou pela manutenção do
entendimento, no qual determina que o saldo de recursos existente a cada dia será atualizado com a
aplicação da taxa de juros prevista, com o critério pro-rata e que os juros serão calculados sobre o
saldo médio diário e recolhidos a cada semestre, até o décimo dia útil do mês subsequente
(PARECER n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU) – (Peça 76).
Embora tenha-se empreendido toda uma discussão que culminou no entendimento de que o
BNDES não pode apartar do saldo dos empréstimos parte dos recursos (juros semestrais), sob
qualquer pretexto, deixando de remunerá-lo pela taxa estabelecida em lei, ainda assim o BNDES
continua aplicando a mesma rotina de recolhimento de juros. Em 2016, houve contabilização R$
34.704.357,00 como direito a receber decorrente da divergência de entendimento da CGFAT e
BNDES. Porém, considerando o valor acumulado de exercícios anteriores, o efeito dessa mesma
divergência no balanço patrimonial do FAT no exercício de 2016 totalizou R$ 83.043.628,58, valor
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esse que o BNDES não reconhece como passivo e não registrou em seu balanço patrimonial do
exercício de 2016.
Nesse sentido, essa divergência gera uma superavaliação do ativo do FAT da ordem de R$ 83
milhões que precisa, no mínimo, de uma nota explicativa específica sobre o ativo do FAT.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Art. 239, CF/88
b) Lei 8019/1190
c) Lei 9365/1996
Evidências
As evidências coletadas foram:
a) Documentos do Siafi: 20016NS000215, 2016NS000217, 2016NS000251, 2016NS000276,
2016NS000335, 2016NS000372, 2016NS000444, 2016NS000494, 2016NS000639,
2016NS000650, 2016NS000695 e 2016NS000745 (peça 70).
b) Conciliação constante no Memo 287/2017/SE/MTb, (peça 71, p.3).
c) Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU (Peça 72).
d) Parecer n. 524/2011/CONJUR/MTE (Peça 73).
e) Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AGU (Peça 74).
f) Parecer n. 402/205/CONJUR-MTE/CGU/AGU (Peça 75).
g) Parecer n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU (Peça 76).
Causa
Recusa do BNDES em cumprir o art. 3 da lei 8019/1990 e a determinação da AGU, conforme
entendimento dos pareceres mencionados no tópico anterior.
Efeitos
Alteração da percepção do usuário em face da divergência entre os saldos dos direitos a receber do
FAT e as correspondentes obrigações registrados no BNDES. Da forma como o BNDES executa a
rotina de recolhimento de juros para o FAT, o montante das obrigações fica subavaliado em relação
ao ativo a receber do FAT, uma vez que contabilização de parte dos juros que o BNDES não está
pagando encontra-se registrado desde julho 2012, sendo R$34.704.357,00 de competência do
exercício de 2016 e R$48.339.271,58 de competência de exercícios anteriores, totalizando
R$83.043.628,81.
Comentários dos Gestores:
Em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), o gestor afirma que todas as medidas que o
Ministério do Trabalho poderia adotar já estão sendo executadas. O exemplo disso são os pareceres
emitidos pela Advocacia Geral da União (AGU), nos quais a AGU reconhece o direito aos juros do
FAT contra o BNDES (Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU; Parecer n.
524/2011/CONJUR/TEM; Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AG; Parecer n. 402/205/CONJUR-
MTE/CGU/AGU e Parecer n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU, peças 72 a 76). Contudo até a presente
data, segundo os gestores, o BNDES se recusa a reconhecer o direito do FAT referente aos juros
pro-rata, conforme já esclarecido anteriormente.
Considerando que existem posicionamentos jurídicos divergentes e uma possibilidade de não
recebimento, a situação será analisada para verificar se é necessária a constituição de provisão
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Distorção da informação contábil envolvendo valores de elevada materialidade, visto que o título
da conta contábil utilizada não reflete a natureza das operações realizadas, em prejuízo do
entendimento por parte dos usuários da informação.
Comentários dos gestores
Segundo o gestor, em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), já foi elaborada minuta de nota
técnica (peça 94) para propor um novo roteiro de classificação das apropriações de juros a receber
contabilizados na conta contábil Empréstimos Concedidos a Receber (11.2.4.1.01.00). O roteiro
propõe registrar as apropriações de juros na conta Juros Pro-rata sobre financiamentos a receber –
FAT (11241.0305), entretanto é necessário demandar o órgão central de contabilidade, a STN, para
validação do roteiro proposto.
Análise dos comentários
Embora já tenha sido formulada proposta de roteiro para que as apropriações dos juros sejam
contabilizadas em conta contábil que reflitam as transações conforme ocorreram, ainda não foi
implementado, portanto propõe-se a recomendação abaixo relacionada.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT), reclassifique os juros apropriados na conta contábil Empréstimos
Concedidos a Receber (11.2.4.1.01.00) para conta contábil que reflita as transações que ocorreram
de fato e que mantenha o mesmo roteiro para as próximas apropriações dos juros a receber dos
empréstimos concedidos ao BNDES (FAT Constitucional).
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1.2.0.0.0.00.0
0 Ativo Não Circulante -
1.2.1.1.1.03.0 Empréstimos Concedidos a
1 Receber 210.689.737.051,47
Fonte: Siafi2016
A Lei 9365/1996, art. 4º, dispõe que os recursos do FAT repassados ao BNDES terão como
remuneração nominal a TJLP do respectivo período. O BNDES deverá, nos prazos legais, transferir
ao FAT o valor correspondente à remuneração da taxa de juros de longo prazo (TJLP) limitada a
seis por cento ao ano, devendo ser a diferença capitalizada.
Os registros contábeis devem ser realizados e os seus efeitos evidenciados nas demonstrações
contábeis do período com os quais se relacionam, reconhecidos, portanto, pelos respectivos fatos
geradores, independentemente do momento da execução orçamentária. Em razão disso, a
Coordenação Geral de Recursos do FAT (CGFAT) realiza os registros contábeis referentes à
remuneração da TJLP considerando a competência do fato gerador. Como a lei define que recursos
serão remunerados mensalmente, embora o pagamento seja semestral, a CGFAT contabiliza a
apropriação da receita de juros a receber mensalmente, conforme evidenciado na planilha abaixo.
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A Resolução nº 320, emitida pelo Codefat em 29/4/2003, define que até 50% dos recursos
ordinários do FAT Constitucional pode ser utilizado para financiamento a empreendimentos e
projetos visando à produção e comercialização de bens com reconhecida inserção internacional.
Segundo o BNDES, para esta parcela de recursos que integrará o programa FAT - Cambial, os
saldos devedores dos financiamentos concedidos poderão ser determinados com base em duas
moedas: (i) dólar norte-americano, sendo remunerado pela Taxa de Juros para Empréstimos e
Financiamentos no Mercado Interbancário de Londres (Libor) ou pela taxa de juros dos Títulos do
Tesouro dos Estados Unidos da América (Treasury Bonds); ou (ii) euro, sendo remunerado pela
taxa de juros de oferta para empréstimo na moeda euro ou pela taxa representativa da remuneração
média de títulos de governos de países da zona econômica do euro (euro area yield curve).
Em razão dessas transações, foram encontrados lançamentos contábeis, em conta de variações
monetárias, com registros de variações cambiais positivas e variações cambiais negativas relativas
às operações de financiamento a empreendimentos e projetos com reconhecida inserção
internacional capitaneados pelo BNDES com os recursos do FAT Constitucional.
Variação cambial trata-se da uma alteração do valor do dinheiro em função da mudança na taxa de
câmbio em um determinado período. Semestralmente, nos meses de janeiro e julho, o BNDES
transfere ao FAT o valor correspondente à remuneração do FAT-Cambial. Segundo o Ministério do
Trabalho, quando a variação é positiva, uma parcela é realizada (com a entrada de dinheiro em
caixa) e outra parcela é incorporada ao capital (com o aumento do valor do principal aplicado). Já
quando a variação é negativa todo seu valor é deduzido do principal aplicado.
O FAT Constitucional é contabilizado em uma conta contábil de ativo não circulante (direito a
receber) chamada “Empréstimos Concedidos a Receber” (cód. Siafi 121110301), bem como as
transações relativas as variações cambiais que são incorporadas ao valor principal. Quanto aos
valores que são realizados, ou seja, que se convertem e dinheiro (caixa) são contabilizados no ativo
circulante para fins de recebimento.
As transações referentes às variações cambiais que afetaram o direito a receber do ativo não
circulante (o patrimônio) do FAT no exercício de 2016 estão discriminados conforme tabela abaixo:
Tabela 31 - Conta contábil do ativo sensibilizada “Empréstimos Concedidos a Receber” – FAT -
exercício 2016
Variações Cambiais positivas Variações Cambiais negativas
Data Documento Data Documento
Valor Valor
lançamento Siafi lançamento Siafi
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Embora o FAT tenha assumido em seu patrimônio perdas de tal magnitude, não houve uma
divulgação adequada dos montantes contabilizados. A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T
16) exige que os devidos registros contábeis sejam realizados e que devam ser divulgadas todas as
transações que possam influenciar na tomada de decisão do gestor ou na percepção do usuário da
informação. Mesmo que os recursos tenham sido utilizados para financiamentos de projetos de
reconhecimento internacional, conforme autorizado pela Constituição Federal e na resolução do
Codefat, cabe à gestão do FAT dar divulgação do detalhamento da conta Empréstimos Concedidos
a Receber por meio das notas explicativas ao Balanço Patrimonial, inclusive esclarecendo as razões
pelas quais tais perdas são incorporadas pelo FAT e não pelo BNDES, conforme definido pelo § 4º,
art. 2º, Lei 8019/1990.
Nesse sentido, há que se atentar também à nomenclatura dessas contas de variação patrimonial.
Em relação às variações cambiais negativas, elas estão registradas na conta 34391.01.03 de nome
“Atualização Monetária Negativa”, que não deixa clara a natureza cambial da operação. No PCASP
2017 a conta 34391.02.00, de nome “Outras Variações Cambiais”, tem condições de dar mais
transparência ao fato que está sendo registrado, que ocorre em função de perdas cambiais. De
acordo com o Siafi 2016, a descrição da conta 34391.02.00 – Outras Variações Cambiais presta-se
a registrar a variação patrimonial diminutiva proveniente de variação do valor da nossa moeda em
relação às moedas estrangeiras, com exceção da dívida contratual e mobiliária. Assim, esta conta
parece mais apropriada para o registro em questão, cabendo ao Ministério do Trabalho avaliar a
necessidade de conferir ou não maior nível de detalhamento.
Quanto às variações cambiais positivas, algo semelhante se observa. Atualmente, o registro é
realizado na conta 44391.01.00 – “Outras Variações Monetárias” que tampouco demonstra a
natureza cambial do ganho aferido. Porém, o grupo das variações patrimoniais aumentativas
também dispõe de uma conta que poderia evidenciar a natureza cambial da operação que é a
44391.02.00, de nome “Outras Variações Cambiais”. A descrição dessa conta, no entanto, suscita
uma dúvida quanto a sua aplicabilidade ao presente caso, que decorre dos empréstimos concedidos
ao BNDES. De acordo com o Siafi, a conta 44391 02 00 – Outras Variações Cambiais “registra a
variação patrimonial aumentativa proveniente de variação do valor da nossa moeda em relação às
moedas estrangeiras, com exceção de empréstimos e financiamentos concedidos”. Assim, o
Ministério deve avaliar, em consulta à Secretaria do Tesouro Nacional, acerca da aplicabilidade
desta conta ou da necessidade de criação de nova conta contábil que seja aplicável ao caso.
O próprio Ministério do Trabalho já está construindo entendimento no sentido de promover as
alterações acima apresentadas. O Ministério encaminhou a esta equipe a Minuta de Nota Técnica
da CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb sobre a revisão de procedimentos técnicos para o registro
contábil dos valores repassados BNDES (peça 94). Nesta Minuta de Nota Técnica, uma das
propostas de alteração apresentadas pelo Ministério foi a seguinte:
Item 5.d) ajuste decorrente da variação cambial do FAT Cambial (art. 5, Lei nº 9.365/1996);
Tabela 32 – Contabilização das Variações Cambiais positivas
Roteiro Contábil (atual) Roteiro Contábil (proposto)
Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais
Situação: CRD049 - Ajustes Financeiros de LP de Situação: CRD049 - Ajustes Financeiros de LP de
Empréstimos Conc. - Positivo Empréstimos Conc. - Positivo
Lançamento Contábil (contas patrimoniais): Lançamento Contábil (contas patrimoniais):
D - 12111.03.01 - Empréstimos Concedidos a D - 12111.03.09 - Financiamentos Concedidos a
Receber Receber - FAT
C - 44391.01.00 - Outras Variações Monetárias C - 44391.02.00 - Outras Variações Cambiais
Financeiras. São consideradas parte integrante das demonstrações e tem o objetivo de facilitar a
compreensão das informações contábeis a seus diversos usuários. No geral, englobam informações
de qualquer natureza exigidas por lei, pelas normas contábeis e outras informações relevantes não
suficientemente evidenciadas ou que não constam nos balanços.
No que tange à estrutura das notas explicativas, elas devem ser apresentadas de forma sistemática.
O MCASP também sugere que as notas explicativas sejam apresentadas na seguinte ordem:
a) Informações gerais: destacando a natureza jurídica da entidade; seu domicílio; natureza das
operações e principais atividades de controle; declaração de conformidade com a legislação e com
as normas de contabilidade aplicáveis;
b) Resumo das políticas contábeis significativas: destacando, por exemplo, base de mensuração
utilizada; novas normas e políticas contábeis alteradas; julgamentos pela aplicação das políticas
contábeis;
c) Informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações contábeis pela
ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas;
d) Outras informações relevantes como passivos contingentes e compromissos contratuais não
reconhecidos; divulgações não financeiras (tais como, os objetivos e políticas de gestão do risco da
entidade; pressupostos das estimativas); reconhecimento de inconformidades que podem afetar a
compreensão do usuário sobre o desempenho e o direcionamento das operações da entidade no
futuro; ajustes decorrentes de omissões e erros de registro.
Ademais, é importante destacar que as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor
Público (IPSAS) também preveem a divulgação de notas explicativas às demonstrações contábeis.
A IPSAS n.1, que trata da apresentação das demonstrações contábeis, discorre nos parágrafos 127-
150 sobre o conteúdo básico das notas explicativas, cujo o teor está abarcado pelo MCASP,
conforme tratado nos parágrafos anteriores.
Nesse sentido, considerando os critérios estabelecidos no MCASP, na Macrofunção Siafi 020319, e
na IPSAS n.1, as demonstrações do FAT no exercício de 2016 deveriam estar acompanhadas de
notas explicativas. Todavia, na prática, não houve divulgação e apresentação desse conteúdo,
conforme requerido nas citadas publicações.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição - 2015, (peça 83, p.
352-353)
b) Macrofunção 020319 do Siafi (peça 80)
c) Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público. IPSAS 1 - Apresentação das
Demonstrações Contábeis (Parágrafos 127-150) (peça 82)
Evidências
Ausência de divulgação pública do conjunto das demonstrações financeiras do FAT de 2016,
incluindo as Notas Explicativas específicas.
Causas
Não utilização da função Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis no SiafiWeb de 2016;
Não previsão na Lei 4.320/1964 de elaboração de notas explicativas às demonstrações contábeis
Efeitos
A ausência de notas explicativas às demonstrações contábeis impede o usuário de conhecer quais os
critérios estabelecidos para elaboração das demonstrações, o resumo das políticas contábeis
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7
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Apesar dessa ponderação, e para dar atendimento à determinação do TCU, foi anexada à referida
Nota 07 a tabela “Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Geral de Previdência Social -
Orçamento da Seguridade Social - 2017 a 2060” (peça 88, p. 20) com estimativas sobre as receitas
e despesas do RGPS para o horizonte de tempo até 2060, na qual foram incorporadas projeções
populacionais e tábuas de mortalidade, o que, segundo a citação, “fornece elementos atuariais à
estimativa e que vêm sendo utilizadas na composição dos Projetos de Lei Orçamentária Anual e
nos Relatório Resumido de Execução Orçamentária” (RREO 2017, compondo o Anexo 10,
conforme o art. 53, § 1º, inciso II, da Lei Complementar 101/2000 - Lei de Responsabilidade
Fiscal).
Quanto ao cálculo de déficit atuarial do FRGPS em balanço atuarial, a Secretaria de Previdência do
Ministério da Fazenda (peça 93, p. 5-6) informa que não existe metodologia para evidenciação
dessa informação, mas que em função da recomendação da determinação do TCU, deve-se realizar
estudo para definir e aprovar uma metodologia adequada para calcular o balanço atuarial do RGPS.
Determinação: 9.1.2: constitua ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio e divulgue
em notas explicativas a metodologia utilizada e a memória de cálculo do ajuste, de modo que a
contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FRGPS;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: Foi verificado que não há destaque, como conta retificadora, do ajuste para perdas
dos créditos por danos ao patrimônio no Balanço Patrimonial de 2016, e a Nota Explicativa 01 às
demonstrações contábeis de 2016 não está completa (peça 88, p.7-9), constando apenas a memória
de cálculo relativa à Unidade Gestora 513695 - Gerência Executiva em Maringá.
No Balanço Patrimonial referente ao exercício de 2016 do FRGPS, a conta Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo (código contábil 11.300.00.00) está registrada pelo valor líquido de R$
447.051.931,34, sem evidenciar o referido ajuste.
Com isso, para o leitor das demonstrações do INSS fica difícil fazer uma conciliação entre o valor
bruto das contas “Créditos por Danos ao Patrimônio” e “Valores Restituíveis” (que no Balancete de
dezembro de 2016 alcançam respectivamente os valores de R$ 1.870.782.795,01 e R$ 15.496,86) e
o ajuste de R$ 1.423.746.360,53 dentro do mesmo grupo de contas contábeis (113), de modo a
chegar ao valor líquido de R$ 447.051.931,34 da conta do Balanço Patrimonial “Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo”. Este item foi objeto de análise no achado II.1.1.3, inclusive com proposta
de encaminhamento.
Determinação: 9.1.3. divulgue, em notas explicativas, a metodologia utilizada e a memória de
cálculo do ajuste para perdas, bem como esclarecimentos quanto aos fatores que levaram o fundo a
considerar perdas tão significativas na conta Dívida Ativa não Tributária;
Situação: atendida.
Comentários: Na Nota Explicativa 03 “Ajuste para perdas de Dívida Ativa não Tributária” às
demonstrações do FRGPS de 2016 (peça 88, p. 9-13) são expostas a metodologia utilizada no
ajuste e a respectiva memória de cálculo, e ao final esclarece que, considerando a metodologia
descrita, houve o reconhecimento de perda significativa devido aos baixos recebimentos ocorridos
no período de 2014 a 2016.
Determinação: 9.1.4. divulgue, em sítio eletrônico, as demonstrações financeiras do FRGPS, de
forma a promover a gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso e divulgação, em
atendimento ao princípio da publicidade inscrito no art. 37 da Constituição Federal e conforme
previsto no art. 8º, caput, da Lei 12.527/2011;
Situação: atendida
Comentários: As demonstrações, inclusive com as notas explicativas, estão publicadas no seguinte
sítio eletrônico: http://www.previdencia.gov.br/acesso-a-informacao/despesas/demonstracoes-e-
notas-explicativas-inss/ (Acesso em 16/3/2017).
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III.1.2. Recomendaçõ es
Acórdão 1749/2016 9: 9.2. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art.
250, inciso III, do Regimento Interno do TCU: 9.2.1. ao INSS, que:
Recomendação 9.2.1.1. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do
FRGPS, em convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os
imóveis do FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens;
Situação: em atendimento.
Comentários: na Nota Explicativa 05 “Reclassificação dos Imóveis” às demonstrações contábeis
do FRGPS de 2016 é citado que “para o exercício de 2016, os imóveis do FRGPS permanecerão
classificados no agrupamento 12.320.00.00. No entanto, para o exercício de 2017, os imóveis
contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual do INSS, serão reclassificados de modo a
refletir adequadamente a situação patrimonial do FRGPS”. Com isso, fica evidenciado que o
atendimento da recomendação só será possível a partir do exercício de 2017. Este item foi objeto
de análise no achado II.1.2.1, inclusive com proposta de recomendação.
Recomendação 9.2.1.2. elabore, nos exercícios financeiros subsequentes, notas explicativas às
Demonstrações Financeiras do FRGPS, que contenham, no mínimo, informações gerais sobre o
fundo; resumo das políticas contábeis significativas; informações de suporte e detalhamento de
itens apresentados nas demonstrações financeiras pela ordem em que cada demonstração e cada
rubrica sejam apresentadas; e outras informações relevantes que possam influenciar a situação
financeira do fundo, conforme definido no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(MCASP);
Situação: atendida.
Comentários: As Notas Explicativas às demonstrações contábeis de 2016 do FRGPS contam com
informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis significativas e o detalhamento de
itens das demonstrações que foram objeto de determinação ou recomendação deste Tribunal.
Recomendação 9.2.1.3. consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades
Gestoras sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das
ocorrências apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que
as ocorrências de restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto
6.976/2009 e IN-STN 6/2007;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: A despeito da recomendação, a Nota Explicativa 09 às demonstrações de 2016 do
FRGPS faz menção a 59 ocorrências de restrições de conformidade contábil. Já em consulta ao
Siafi 2016 realizada em 10/2/2017, utilizando a transação CONCOFCON, foram constatadas 161
ocorrências de restrições para o Órgão 37904. Além disso, outras três restrições constaram das
respostas do INSS ao TCU. Com isso, verifica-se que houve a ocorrência de restrições à
conformidade contábil que ultrapassaram o exercício financeiro de 2016. Este item foi objeto de
análise no achado II.1.3.1, inclusive com proposta de recomendação.
Recomendação 9.2.2. em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN),
Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), revise o entendimento de
contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias,
tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de
ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público
(MCASP) e com fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei
11.457/2007, de modo que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS;
Situação: não atendida.
Comentários: Apesar dos esforços da TCU em ressaltar que o não registro contábil dos créditos
tributários previdenciários no FRGPS ocasiona distorções nas demonstrações financeiras do fundo
da ordem de R$ 354,26 bilhões em 2015 e de R$ 415,45 bilhões em 2016, a referida recomendação
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não foi atendida e as demonstrações financeiras de 2016 do FRGPS continuam sem a evidenciação
desses valores. No entanto, em 20/1/2017, foi instituído Grupo de Trabalho Interministerial (GTI),
no âmbito dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social e Agrário com o objetivo de
atender a recomendação exarada no Acórdão 1749/2016-TCU-Plenário, com o propósito de revisar
e avaliar o entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa
relacionados às contribuições previdenciárias. Nesse sentido, apesar de ainda não haver registro dos
créditos previdenciários a receber (administrativos e dívida ativa) no âmbito do FRGPS, já existe
uma equipe em trabalho para equacionamento da questão, o que indica que a recomendação ainda
está em atendimento. Este item foi objeto de análise no achado II.1.1.1, inclusive com proposta de
recomendação.
IV - CONCLUSÃO
Com base nos procedimentos realizados, descritos neste relatório, não há conhecimento de algum
fato que leve a acreditar que as informações constantes nos demonstrativos financeiros do Fundo
do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
(especificamente Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais e Balanço
Orçamentário), do exercício de 2016, não estão apresentadas em todos os seus aspectos relevantes,
de acordo com as normas dispostas na Lei 4320/1964, Lei Complementar 101/2000, Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP 6ª Ed.) e demais normativos infralegais, exceto
pelas seguintes ressalvas:
I) no âmbito do FRGPS:
a) Subavaliação do ativo do FRGPS em razão da ausência de registros dos créditos tributários a
receber e da dívida tributária;
b) Despesas com Sentenças Judiciais do FRGPS que foram apropriadas em Tribunais Regionais
Federais e não constam no Demonstrativo de Variações Patrimoniais do FRGPS;
c) Falta de evidenciação do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio;
d) Não reclassificação dos imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual do
INSS;
e) Restrições de conformidade contábil que ultrapassaram o exercício.
II) no âmbito do FAT:
a) Despesas do abono salarial de competência de 2015 registradas no exercício de 2016 e ausência
de provisão para pagamento do abono de ano-base 2016;
b) Superavaliação nas despesas do Balanço Orçamentário e da Demonstração de Variações
Patrimoniais do FAT correspondentes aos valores disponibilizados aos beneficiários, a título de
Seguro Desemprego, que não foram desembolsados e perderam a validade ainda no exercício de
2016;
c) Subavaliação do Balanço Orçamentário do FAT em razão da ausência do registro das receitas
realizadas de contribuição para o PIS/Pasep;
d) Subavaliação do ativo do FAT em razão da ausência de registro dos créditos a receber e da
dívida ativa referentes à contribuição para o PIS/Pasep;
e) Superavaliação do ativo do FAT em razão da ausência da constituição de ajuste para perdas
referente à conta Crédito a receber decorrente da falta/irregularidade comprovada em TCE;
f) Divergência entre os saldos do BNDES e Saldo contábil do FAT da conta Empréstimos
Concedidos a Receber;
g) Erro de classificação contábil dos juros a receber do FAT Constitucional;
h) Erro de classificação no registro de capitalização de valores de longo prazo em contas de curto
prazo no valor de R$ 2,5 bilhões;
i) Baixo nível de transparência na composição do ativo do FAT em razão das perdas referentes a
variações cambiais negativas registrada na conta de empréstimos concedidos a receber;
j) Ausência de divulgação das Demonstrações Financeiras individuais do FAT;
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V- PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Ante o exposto, propõe-se ao Tribunal:
I. Determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, I, c/c art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao:
a) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS):
a.1) em conjunto com a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, ajuste a
contabilização da execução das despesas patrimoniais do Fundo do Regime Geral de Previdência
Social (FRGPS), de forma que as despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas
descentralizadas aos Tribunais Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas de Classe 3
(variações patrimoniais diminutivas) do FRGPS (item II.1.1.2).
b) Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT):
b.1) reconheça a despesa patrimonial com Abono Salarial, de modo que o registro contábil coincida
com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito adquirido, em obediência ao que
preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal (item II.2.1.1);
b.2) revise o processo de devolução dos benefícios do seguro desemprego não desembolsados que
perderam validade durante o exercício financeiro, de modo que tais recursos sejam revertidos mais
tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos cofres do FAT, dentro do exercício de
competência, em consonância com as disposições contidas no MCASP (Parte II, itens 3.2.2 e item
4) (item II.2.1.2);
b.3) em conjunto com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que revise o roteiro de
contabilização das receitas realizadas relacionadas às contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista o
que preceitua o art. 239 da Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º da Lei 8.019/1990 e art. 11 da
lei 7.998/1990, de modo que os reflexos contábeis sejam evidenciados diretamente na contabilidade
do FAT (item II.2.1.3);
b.4) que constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em Tomada de Contas Especial, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização
reflita a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no
Balanço Patrimonial (item II.2.1.5).
II) Recomendar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do TCU ao:
a) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS):
a.1) em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita Federal do
Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), revise a contabilização dos créditos
tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias, tendo em vista a
convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido
no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com
fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS (item II.1.1.1);
a.2) discrimine no Balanço Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio e o
respectivo Ajuste para perda de créditos, bem como inclua em Nota Explicativa,
complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio
relativos às unidades do FRGPS, de forma a permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta
de ajuste para perda, em consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
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b.9) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), divulgue
o detalhamento da composição da conta Empréstimos Concedidos a Receber (cód. Siafi
121110301) por meio de Notas Explicativas, inclusive esclarecendo as razões pelas quais tais
perdas são incorporadas no patrimônio do FAT e não assumidas pelo BNDES, conforme definido
no § 4º, art. 2º, Lei 8019/1990 (item II.2.3.1);
b.10) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), adote
os procedimentos contábeis adequados para evidenciar a natureza cambial dos ajustes decorrentes
da variação cambial do FAT Cambial, realizando seu registro na conta contábil adequada que reflita
as transações que ocorreram de fato. (item II.2.3.1);
b.11) divulgue anualmente em sítio eletrônico as demonstrações financeiras do Fundo de Amparo
ao Trabalhador, acompanhadas de suas respectivas notas explicativas (item II.2.3.2);
b.12) elabore anualmente notas explicativas às Demonstrações Financeiras anuais do FAT que
contenham no mínimo informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis
significativas; informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações
contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e outras
informações relevantes que possam influenciar a situação financeira do fundo, e que sejam
publicadas e amplamente divulgadas, conforme definido no MCASP (item II.2.3.3).
III) Enviar ao Ministério do Trabalho, Instituto Nacional do Seguro Social, Secretaria do Tesouro
Nacional, Secretaria da Receita Federal do Brasil, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, e
Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), cópia deste Relatório, bem
como do Relatório, Voto e Acórdão que vierem a ser proferidos no presente processo.
IV) Arquivar os presentes autos.
3. Após o ingresso dos autos ao meu gabinete, a Caixa e o BNDES apresentaram novos
elementos acostados às peças 104 e 115/116, respectivamente.
É o relatório.
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VOTO
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dos créditos da dívida ativa de contribuição (peça 91, p. 2). Reconhecem que se
trata de um direito do FAT, contudo não têm competência de controlar tais
recursos, nem seus registros contábeis.
35. Com efeito, o fato de a RFB ou a PGFN controlarem a arrecadação e a cobrança
das contribuições não muda a titularidade do ativo, nos termos do art. 11, inciso I,
da Lei 7.998/1990 c/c o art. 239 da Constituição Federal. Em outros termos, os
recursos continuam sendo do FAT, e desse modo, deveriam estar registrados
contabilmente nesse fundo, de modo a evitar distorções no sentido de demonstrar o
ativo subavaliado.
36. Assim, acolho a proposta da unidade técnica no sentido de recomendar ao
Ministério do Trabalho (MTb), em conjunto com a PGFN, RFB e STN, que
revisem a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista a convergência aos padrões
internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no item
2.2.1 da parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP);
o art. 11, inciso I da Lei 7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1990, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados diretamente na contabilidade do
FAT.
37. Saliento que esses créditos, de acordo com informações da unidade técnica, estão
registrados na RFB e na PGFN, como créditos “tributários” e “tributários
previdenciários”, e o crédito do PIS/Pasep está incluído nesse registro genérico, o
que exigiria uma extração especial para se chegar à informação precisa, o que deve
ser buscado na análise das demonstrações dos próximos exercícios.
38. Por outro lado, a equipe de auditoria identificou a superavaliação do ativo do FAT
em razão da ausência da constituição de ajuste para perdas referente à conta
“crédito a receber decorrente da falta/irregularidade comprovada em TCE”.
39. No balanço patrimonial de 2016, a aludida conta estava registrada pelo valor de
R$ 998,7 milhões. Representa uma expectativa de fluxo de caixa, com impacto
positivo nos cofres público. Ocorre que, historicamente, o valor restituível é bem
inferior ao esperado. Esse cálculo deve ser registrado em uma conta retificadora
para “ajuste para perda”. No entanto, o FAT não apresenta tal ajuste.
40. Na prática, em 2016, foi recuperado o valor de R$ 5 milhões.
41. Os créditos por responsabilidade apurada decorrente de TCE têm como função
precípua ressarcir a Administração Pública por prejuízos causados por agentes
públicos e, se for o caso, por terceiros em conluio com aqueles. A ausência de uma
conta retificadora que demonstre a real perspectiva de recuperação dos créditos
registrados, faz parecer que o FAT tem um direito a receber maior do que aquele
que realmente tem.
42. Assim, anuo a proposta da unidade técnica no sentido de determinar ao Ministério
do Trabalho que constitua ajuste para perdas da conta contábil “Crédito a receber
decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE”, e divulgue em notas
explicativas a metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de
modo que a contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FAT,
deixando o ajuste claramente evidenciado no balanço patrimonial.
43. Outro ponto que merece destaque diz respeito à divergência entre os valores
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FRGPS.
78. A Lei Orçamentária Anual de 2016 e seus respectivos créditos adicionais
disponibilizaram ao FRGPS recursos da ordem de R$ 11,6 bilhões para pagamento
de sentenças judiciais transitadas em julgado (precatórios e sentenças de pequeno
valor).
79. Ocorre que grande parte da execução desses valores é realizada no âmbito dos
Tribunais Regionais Federais. Ou seja, de um orçamento de R$ 11,6 bilhões, R$
10,3 bilhões foram executados no âmbito dos Tribunais Regionais Federais (o
restante foi executado em Tribunais Estaduais e corretamente contabilizado no
FRGPS). Isso representa uma disfunção do registro de contabilidade, pois apesar
de a operacionalização da despesa ocorrer de fato dentro dos tribunais, a despesa
pertence patrimonialmente ao FRGPS e não aos tribunais pagadores.
80. Diante disso, acolho na essência a proposta da unidade técnica no sentido de
determinar ao INSS e a STN, que, conjuntamente, nas próximas demonstrações
financeiras do FRGPS, ajustem a contabilização do fundo, de forma que as
despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas descentralizadas aos Tribunais
Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas do FRGPS.
81. Sobre o tema, encontra-se em andamento no TCU fiscalização (levantamento), de
relatoria do Ministro-substituto André Luiz de Carvalho (TC 022.354/2017-4),
com o objetivo de avaliar questões afetas à judicialização junto ao INSS. Ações
dessa natureza representam o alarmante número de 37% dos processos da Justiça
Federal.
82. Em outro achado, a equipe considerou parcialmente resolvida distorção já
apontada na auditoria das demonstrações de 2015 e que foi objeto de determinação
por parte do TCU, qual seja, a falta de evidenciação do ajuste para perdas dos
“créditos por danos ao patrimônio”. A necessidade de “ajuste para perda” decorre
do risco de não recebimento do direito, reconhecido historicamente.
83. Embora a referida conta retificadora tenha sido registrada no balanço de 2016, a
equipe entendeu que o modo de lançamento não trouxe a transparência necessária
para compreensão da informação, tendo em vista, em especial, “que o ajuste não
está evidenciado em conta retificadora no balanço patrimonial”. Consignou que,
para o “leitor das demonstrações do INSS, fica difícil fazer uma conciliação entre o
valor bruto das contas ‘Créditos por Danos ao Patrimônio’ e ‘Valores Restituíveis’
(registradas nos valores de R$ 1.870.782.795,01 e R$ 15.496,86) e o ajuste de R$
1.423.746.360,53 dentro do mesmo grupo de contas, de modo a chegar ao valor
líquido de R$ 447.051.931,34 da conta ‘Demais Créditos e Valores a Curto
Prazo’”.
84. Assim, considerando o encaminhamento do item 9.1.2 do Acórdão TCU
1.749/2016-TCU-Plenário parcialmente atendido, anuo a proposta de
recomendação para que o INSS, nas próximas demonstrações contábeis do
FRGPS, discrimine no balanço patrimonial as contas de “Créditos por danos ao
patrimônio” e o respectivo “Ajuste para perda de créditos”, bem como inclua em
Nota Explicativa, complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos
créditos por danos ao patrimônio relativos às unidades do FRGPS, de forma a
permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de ajuste para perda, em
consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP),
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TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 8 de novembro de
2017.
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1. Processo TC 026.106/2016-7.
2. Grupo I; Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Responsável: Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40) e Ministério do Trabalho.
4. Órgãos: Fundo de Amparo ao Trabalhador; Fundo do Regime Geral de Previdência Social; Instituto
Nacional do Seguro Social; Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho; Subsecretaria do Regime
Geral de Previdência Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934) e outros, representando Caixa
Econômica Federal.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria financeira realizada com o objetivo
de emitir conclusão sobre os demonstrativos contábeis do Fundo do Regime Geral de Previdência
Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), referentes ao exercício de 2016, bem
como promover o monitoramento das deliberações expedidas no Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário,
resultado de auditoria financeira realizada no FRGPS no exercício de 2015;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de
Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1.considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 9.1.3 e 9.1.4; e
parcialmente cumpridas as determinações dos subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acórdão 1.749/2016-TCU-
Plenário; bem como, com relação às recomendações, considerar atendida a contida no subitem 9.2.1.2;
parcialmente atendidas as dos subitens 9.2.1.1 e 9.2.1.3 e não atendida a recomendação constante no
9.2.2 do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário;
9.2. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II,
do Regimento Interno do TCU:
9.2.1. que, nas próximas demonstrações financeiras do Fundo do Regime Geral de
Previdência Social (FRGPS), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS):
9.2.1.1. e a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda ajustem a
contabilização do FRGPS, de forma que as despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas
descentralizadas aos Tribunais Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas de Classe 3
(variações patrimoniais diminutivas) do FRGPS (item II.1.1.2);
9.2.2. que, nas próximas demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), o Ministério do Trabalho (MTb):
9.2.2.1. reconheça a despesa patrimonial com abono salarial, de modo que o registro
contábil coincida com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito adquirido, em obediência
ao que preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal (item II.2.1.1);
9.2.2.2. revise o processo de devolução dos benefícios do seguro desemprego não
desembolsados que perderam validade durante o exercício financeiro, de modo que tais recursos sejam
revertidos mais tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos cofres do FAT, dentro do
exercício de competência, tendo em vista o disposto no art. 38 da Lei 4.320/1964 e em consonância
com as disposições contidas no MCASP (Parte II, itens 3.2.2 e item 4) (item II.2.1.2);
9.2.2.3. e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem, em conjunto, o roteiro de
contabilização das receitas realizadas relacionadas às contribuições do PIS/Pasep, de modo que os
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reflexos contábeis sejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT, tendo em vista o que
preceitua o art. 239 da Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º da Lei 8.019/1990 e art. 11 da
Lei 7.998/1990, (item II.2.1.3);
9.2.2.4. constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em tomada de contas especial, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização reflita
a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no Balanço
Patrimonial (item II.2.1.5);
9.3. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso III,
do Regimento Interno do TCU:
9.3.1. que nas próximas demonstrações financeiras do Fundo do Regime Geral de
Previdência Social (FRGPS), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS):
9.3.1.1. juntamente com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a Receita
Federal do Brasil (RFB) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem a contabilização dos
créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias, tendo em vista a
convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no
Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com
fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS (item II.1.1.1);
9.3.1.2. discrimine no Balanço Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio
e o respectivo Ajuste para perda de créditos, bem como inclua em Nota Explicativa,
complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio
relativos às unidades do FRGPS, de forma a permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de
ajuste para perda, em consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP),
6ª Edição (2015), Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p. 177, e
Macrofunção Siafi 020333, item 3 (item II.1.1.3);
9.3.1.3. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do FRGPS,
em convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os imóveis do
FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens (item II.1.2.1);
9.3.1.4. consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades Gestoras
sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das ocorrências
apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que as ocorrências de
restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto 6.976/2009 e IN-STN
6/2007 (item II.1.3.1);
9.3.2. que o Ministério do Trabalho (MTb):
9.3.2.1. no âmbito do FAT, em seus Boletins Financeiros e nas Notas Explicativas às
demonstrações financeiras, deixe claro que a execução da despesa orçamentária com abono salarial
refere-se a direitos adquiridos pelos beneficiários em exercícios anteriores, permitindo ao usuário da
informação identificar com facilidade a qual ano-base o gasto se refere (item II.2.1.1);
9.3.2.2. juntamente com Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(Codefat), avalie a oportunidade de realizar a revisão da Resolução Codefat 12/1991, com o objetivo
de permitir que a restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja feita de forma
tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
9.3.2.3. reveja o Contrato de Prestação de Serviços 38/2013 firmado entre MTb e Caixa
Econômica Federal, de operacionalização do seguro desemprego, com o objetivo de permitir que a
restituição ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dos benefícios cujos lotes perderam a validade
seja feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
9.3.2.4. juntamente com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a Receita
Federal do Brasil (RFB) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem a contabilização dos
créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista a
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Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral
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