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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.

106/2016-7

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 026.106/2016-7.
Natureza: Relatório de Auditoria.
Órgãos: Fundo de Amparo ao Trabalhador; Fundo do Regime Geral de
Previdência Social; Instituto Nacional do Seguro Social; Secretaria
Executiva do Ministério do Trabalho; Subsecretaria do Regime Geral de
Previdência Social.
Responsável: Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
e Ministério do Trabalho.
Representação legal: Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934) e outros,
representando Caixa Econômica Federal.

SUMÁRIO: AUDITORIA NAS


DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DO
EXERCÍCIO DE 2016. FUNDO DO REGIME
GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
(FRGPS). FUNDO DE AMPARO AO
TRABALHADOR. MONITORAMENTO DO
ACÓRDÃO 1.749/2016-TCU-PLENÁRIO,
RESULTADO DE AUDITORIA
FINANCEIRA REALIZADA NO FRGPS NO
EXERCÍCIO DE 2015. FALTA DE
TRANSPARÊNCIA. OUTRAS RESSALVAS.
DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES.
ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de auditoria realizada no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e no


Ministério do Trabalho (MTb) com o objetivo de emitir uma conclusão sobre os demonstrativos
financeiros (Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e Demonstração das Variações Patrimoniais)
do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), referentes ao exercício de 2016. A presente fiscalização também apresenta o monitoramento do
Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, resultado de auditoria financeira realizada no FRGPS no exercício
de 2015.

2. Adoto como relatório a instrução elaborada pela equipe de fiscalização da Secretaria de


Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social (SecexPrevidência) à peça 95,
que contou com a anuência dos dirigentes daquela unidade (peças 96 e 97).

I. Introdução
I.1 – Deliberaçã o
Em cumprimento ao Acórdão 3.608/2014-Plenário, realizou-se auditoria nos demonstrativos
financeiros (Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e Demonstração das Variações
Patrimoniais) do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) referente ao exercício de 2016, no período compreendido entre 7/11/2016 e
22/3/2017.

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I.2 – Visã o Geral do Objeto


A presente auditoria foi realizada nas demonstrações financeiras de dois fundos que integravam o
antigo Ministério do Trabalho e Previdência Social: o FRGPS e o FAT. Este capítulo apresenta uma
visão geral dos dois fundos de forma separada, dada a natureza diferente das informações
apresentadas por cada um deles.
I.2.1. O Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS)
O FRGPS é um fundo integrado por bens, direitos e ativos próprios, que em 2016 estava vinculado
ao então Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Com o advento da MP 726/2016
(convertida na Lei 13.341/2016), o INSS e o FRGPS ficaram subordinados ao Ministério do
Desenvolvimento Social e Agrário, mas a mudança no Siafi só ocorreu no início de 2017.
O FRGPS tem por finalidade prover recursos para o pagamento dos benefícios do regime geral da
previdência social, conforme o art. 250 da Constituição Federal e o art. 68 da Lei Complementar
101/2000 e é administrado pelo INSS.
A criação do órgão específico do FRGPS (37904) no Siafi foi efetivada somente em 2014, com a
segregação das despesas previdenciárias das não previdenciárias, bem como do patrimônio
imobiliário registrado anteriormente no INSS, em cumprimento à recomendação do item 9.6 do
Acórdão 2.059/2012-TCU-Plenário, e conforme o disposto no art. 68 c/c com art. 50, inc. IV e V da
LC 101/2000 (LRF):
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e
operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional,
inclusive empresa estatal dependente; e IV - as receitas e despesas previdenciárias serão
apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
A Lei 4.320/1964 também define como fundo o produto de receitas especificadas por lei vinculadas
a determinados objetivos ou serviços. Nesse sentido, as demonstrações financeiras do FRGPS
devem evidenciar bens, direitos, obrigações, receitas e despesas. Essas informações têm como
usuários os gestores da Previdência Social e da Fazenda Nacional, Congresso Nacional, órgãos de
controle, segurados e beneficiários além da sociedade em geral, tendo em vista a necessidade de
acompanhar e entender a situação financeira do Fundo.
A estrutura de relatório financeiro aplicável utilizada na elaboração das demonstrações financeiras
do FRGPS encontra-se descrita no quadro abaixo:
Quadro 1- Estrutura de Relatório Aplicável para as Demonstrações do FRGPS
 LRF, art. 50, inciso II e IV
Despesas e
Receitas  LRF, Art. 68, § 1, inciso III
 MCASP, 6ª Edição
Direitos  LRF, Art. 68, § 1, incisos I, II, IV, V e VI
 Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP)
Obrigações
 6ª Edição, Parte II e IV
 Lei 4320/1964, art. 101.
Demonstraçõ
es contábeis  MCASP, 6ª Edição, Parte V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor
Público
Plano de  MCASP, 6ª Edição, Parte IV – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
Contas
Fonte: elaboração própria
Segundo o MCASP (6ª edição, pg. 311) a Contabilidade Aplicada ao Setor Público tem como
objetivo fornecer aos seus usuários informações sobre os resultados alcançados e outros dados de
natureza orçamentária, econômica, patrimonial e financeira das entidades do setor público, em
apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada prestação de contas, à transparência da gestão
fiscal e à instrumentalização do controle social.

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Em razão disso, são apresentados abaixo as demonstrações financeiras exigidas pela Lei 4320/1964
e que forma o objeto da presente auditoria, a saber: Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e
Demonstrações das Variações Patrimoniais.
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a
situação patrimonial da entidade pública por meio de contas representativas do patrimônio público.
Os ativos e passivos são conceituados e segregados em circulante e não circulante, conforme
critérios estabelecidos na Parte II do MCASP 6ª Edição. A tabela 1, abaixo, evidencia a situação
patrimonial do FRGPS no exercício de 2016.
Tabela 1 - Balanço Patrimonial – FRGPS - 2016
ATIVO PASSIVO
Especificação 2016 Especificação 2016
ATIVO PASSIVO
10.155.666.868,76 23.664.559.037,56
CIRCULANTE CIRCULANTE
Obrigações Previd.
Caixa e Equivalentes
9.708.468.893,53 e Assist. a Pagar a 16.358.410.145,22
de Caixa
CP
Créditos a Curto Empréstimos e
146.043,89 -
Prazo Financiamentos a CP
Empréstimos e Fornecedores e
146.043,89 -
Financ. Concedidos Contas a Pagar a CP
Demais Créditos e Obrigações Fiscais
447.051.931,34 -
Valores a Curto Prazo a Curto Prazo
Obrig. de
Investimentos e
- Repartição a Outros -
Aplica. a CP
Entes
Provisões de Curto
Estoques - 346.830.076,00
Prazo
Demais
VPDs Pagas
- Obrigações a Curto 6.959.318.816,34
Antecipadamente
Prazo
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO
1.689.938.350,22 150.580.219,85
CIRCULANTE CIRCULANTE
Ativo Realizável a Obrigações Previd.
107.814.888,51 -
Longo Prazo e Assist. a Pag. de LP
Créditos a Longo Empréstimos e
94.351.505,33 -
Prazo Financiamentos a LP
Empréstimos e Fornecedores e
94.014.432,97 -
Financ. Concedidos Contas a Pagar a LP
Dívida Ativa Não Obrigações Fiscais
5.655.979.182,75 -
Tributária a Longo Prazo
(-) Ajustes para
Provisões de
Perdas em Créditos de -5.655.642.110,39 -
Longo Prazo
LP
Demais
Demais Créditos e
13.463.383,18 Obrigações a Longo 150.580.219,85
Valores a LP
Prazo
Investimentos 928.947,18 Resultado Diferido -
TOTAL DO
Participações
928.947,18 PASSIVO 23.815.139.257,41
Permanentes
EXIGÍVEL
Participações
928.947,18
Avaliadas p/ MEP
Propriedades para - Patrimônio Social e -

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Investimento Capital Social


Imobilizado 1.581.194.514,53 Reservas de Capital -
Ajustes de Avaliação
Bens Imóveis 1.581.194.514,53 -
Patrimonial
Resultados -
Bens Imóveis 1.581.194.514,53
Acumulados 11.969.534.038,43
(-) Depreciação
Resultado do
Acum. de Bens - 9.832.135.710,67
Exercício
Imóveis
(-) Redução ao Valor Resultados de -
-
Recuperável de Bens Exercícios Anteriores 21.665.646.428,58
Ajustes de
Intangível - -136.023.320,52
Exercícios Anteriores
(-) Ações / Cotas em
Diferido - -
Tesouraria
TOTAL DO
-
PATRIMÔNIO
11.969.534.038,43
LÍQUIDO
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 11.845.605.218,98 11.845.605.218,98
PASSIVO E PL
Fonte: SiafiWeb/2016
O Balanço Orçamentário, por sua vez, demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto
com as realizadas. Segundo o MCASP 6ª edição o Balanço Orçamentário deverá apresentar as
receitas detalhadas por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, a previsão
atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso ou déficit de
arrecadação. Demonstrará, também, as despesas por categoria econômica e grupo de natureza da
despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação atualizada para o exercício, as despesas
empenhadas, as despesas liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação. Nas tabelas abaixo
estão reproduzidos os resultados orçamentários do FRGPS de 2016:
Tabela 2 - Balanço Orçamentário – Execução da Receita – FRGPS/2016
Receitas Previsão Receitas
Previsão Inicial Saldo
Orçamentárias Atualizada Realizadas
RECEITAS -
371.725.249.488,0 371.725.249.488,0 360.357.745.424,0
CORRENTE 11.367.504.064,0
0 0 0
S 0
Receitas de -
352.252.355.051,0 352.252.355.051,0 339.854.578.953,8
Contribuiçõe 12.397.776.097,1
0 0 7
s 3
-
Contribuições 352.252.355.051,0 352.252.355.051,0 339.854.578.953,8
12.397.776.097,1
Sociais 0 0 7
3
Receita
316.487.239,00 316.487.239,00 853.150.667,22 536.663.428,22
Patrimonial
Expl.
Patrimônio
14.899.158,00 14.899.158,00 9.209.327,42 -5.689.830,58
Imobiliário do
Estado
Valores
301.588.081,00 301.588.081,00 843.941.339,80 542.353.258,80
Mobiliários
Outras
Receitas 19.156.407.198,00 19.156.407.198,00 19.650.015.802,91 493.608.604,91
Correntes
Multas Adm., 67.820.666,00 67.820.666,00 80.525.217,48 12.704.551,48

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Contratuais e
Judiciais
Indenizações,
Restit. e
588.016.661,00 588.016.661,00 1.924.646.080,87 1.336.629.419,87
Ressarciment
os
Demais
Receitas 18.500.569.871,00 18.500.569.871,00 17.644.844.504,56 -855.725.366,44
Correntes
RECEITAS
DE 205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
CAPITAL
Alienação de
205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
Bens
Alienação de
205.861.854,00 205.861.854,00 23.620.143,07 -182.241.710,93
Bens Imóveis
SUBTOTAL -
371.931.111.342,0 371.931.111.342,0 360.381.365.567,0
DE 11.549.745.774,9
0 0 7
RECEITAS 3

Tabela 3 - Balanço Orçamentário – Execução da Despesa – FRGPS/2016


Despesas
Dotação Dotação Despesas Despesas Despesas
Orçamentá
Inicial Atualizada Empenhadas Liquidadas Pagas
rias
DESPESA
S 490.682.965.9 510.340.475.4 499.691.231.7 499.215.964.0 484.457.360.3
CORREN 71,00 22,00 88,03 17,01 41,16
TES
Outras
490.682.965.9 510.340.475.4 499.691.231.7 499.215.964.0 484.457.360.3
Despesas
71,00 22,00 88,03 17,01 41,16
Correntes
490.682.965.9 510.340.475.4 499.691.231.7 499.215.964.0 484.457.360.3
TOTAL
71,00 22,00 88,03 17,01 41,16
Fonte: SiafiWeb/2016
Já a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidencia as alterações verificadas no
patrimônio e indica o resultado patrimonial do exercício. O resultado patrimonial do período é
apurado pelo confronto entre as variações patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas,
no caso desta auditoria foram objeto de avaliação apenas as receitas (variações patrimoniais
aumentativas) e despesas (variações patrimoniais diminutivas), conforme reprodução da DVP na
tabela 4 abaixo.
Tabela 4 - Demonstrações das Variações Patrimoniais – FRGPS 2016
2016 2015
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 1.243.624.089.213,4
1.150.043.798.301,87
AUMENTATIVAS 9
Impostos, Taxas e Contribuições de
- 9.082,08
Melhoria
Taxas - 9.082,08
Contribuições 334.870.282.795,83 319.313.168.675,76
Contribuições Sociais 334.870.282.795,83 319.313.168.675,76
Exploração e Venda de Bens, Serviços e
9.206.272,13 12.945.808,02
Direitos
Exploração de Bens, Direitos e Prestação de
9.206.272,13 12.945.808,02
Serviços

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Variações Patrimoniais Aumentativas


6.236.457.605,50 6.199.736.647,60
Financeiras
Juros e Encargos de Mora 5.100.856.493,36 5.422.513.635,86
Variações Monetárias e Cambiais 349.472.250,37 246.142.310,72
Rem. de Depósitos Bancários e Aplicações
786.128.861,77 531.080.701,02
Financeiras
Transferências e Delegações Recebidas 859.646.401.235,98 783.740.315.443,47
Valorização e Ganhos c/ Ativos e
40.095.121.186,88 39.033.447.957,20
Desincorporação de Passivos
Outras Variações Patrimoniais
2.766.620.117,17 1.744.174.687,74
Aumentativas
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 1.233.791.953.502,8
1.153.013.030.967,27
DIMINUTIVAS 2
Benefícios Previdenciários e Assistenciais 500.182.282.033,48 430.447.839.505,33
Aposentadorias e Reformas 330.752.904.965,59 287.798.775.962,86
Pensões 123.654.959.611,53 105.922.962.841,71
Benefícios Eventuais 64.707.812,53 47.804.818,17
Outros Benefícios Previdenciários e
45.709.709.643,83 36.678.295.882,59
Assistenciais
Variações Patrimoniais Diminutivas
736.019,91 13.800.367,08
Financeiras
Transferências e Delegações Concedidas 727.420.114.002,87 719.508.431.841,97
Desvalorização e Perda de Ativos e
3.463.094.373,34 955.719.147,70
Incorporação de Passivos
Outras Variações Patrimoniais
2.725.727.073,22 2.087.240.105,19
Diminutivas
RESULTADO PATRIMONIAL DO
9.832.135.710,67 -2.969.232.665,40
PERÍODO
Fonte: SiafiWeb/2016
Vale ressaltar que o INSS, autarquia responsável pelo gerenciamento do FRGPS, realiza o
pagamento de mais 28 milhões de benefícios mensais previdenciários. O valor médio mensal da
folha é de R$ 38 bilhões. O Sistema Único de Benefícios (SUB) é responsável pelo gerenciamento
das informações financeiras dos beneficiários e processamento da folha de pagamento. O SUB é
uma ferramenta tecnológica que lida com um conjunto de informações de proporções gigantescas
que envolve a gestão de mais de R$ 500 bilhões, somente em pagamento de benefícios, além do
gerenciamento da folha de pagamento de benefícios assistenciais.
I.2.2. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
O FAT é um fundo contábil, de natureza financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho (MTb),
cujos recursos são destinados ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial
e ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico. Os programas e ações
implementadas com recursos do FAT têm suas diretrizes de gestão definidas pelo Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Esse conselho é tripartite e paritário,
composto por bancadas representativas dos trabalhadores, dos empregadores e do Governo Federal.
A Lei 4.320/1964 (art. 71) também define como fundo o produto de receitas especificadas por lei
vinculadas a determinados objetivos ou serviços. Nesse sentido, as demonstrações financeiras do
FAT devem evidenciar bens, direitos, obrigações, receitas e despesas, de acordo com o que define a
estrutura de relatório aplicável do FAT.
A estrutura de relatório financeiro aplicável utilizada na elaboração das demonstrações financeiras
do FAT para o exercício de 2016 encontra-se descrita no quadro abaixo:
Quadro 2- Estrutura de Relatório Aplicável para as Demonstrações do FAT
Despesas e  Art. 239, CF/88
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 Arts. 8º; 9º, §6º; 10º da Lei 8.019/1990


 Art. 21 e
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificac
Receitas ao/lei 8.019-1990?OpenDocument28 da Lei 7.998/1990
 LRF, art. 50, inciso II
 MCASP, 6ª Edição
 Art. 71 da lei 4320/1964
Direitos  Art. 11 da Lei 8.019/1990
 Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP)
Obrigações
 MCASP - 6ª Edição, Parte II
 Lei 4320/1964, art. 101.
Demonstraçõ
es contábeis  MCASP, 6ª Edição, Parte V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor
Público
Plano de  MCASP, 6ª Edição, Parte IV – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
Contas
Fonte: elaboração própria
Segundo o MCASP (6ª edição), as informações das demonstrações financeiras têm por objetivo
fornecer aos seus usuários informações sobre os resultados alcançados tanto orçamentários,
econômicos, patrimoniais e financeiros das entidades do setor público, em apoio ao processo de
tomada de decisão, à adequada prestação de contas, à transparência da gestão fiscal e à
instrumentalização do controle social.
Em razão disso, são apresentados abaixo as demonstrações financeiras exigidas pela Lei 4320/1964
e que foram objeto da presente auditoria, a saber: Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e
Demonstração das Variações Patrimoniais do FAT de 2016.
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a
situação patrimonial do FAT. A tabela 5, abaixo, evidencia a situação patrimonial do FAT no
exercício de 2016.
Tabela 5 - Balanço Patrimonial – FAT - 2016
ATIVO 2016 PASSIVO 2016
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE 65.442.981.701,95 46.345.274,51
CIRCULANTE
Caixa e Equivalentes de Obrigações Trabalh. a
33.098.517.517,83 -
Caixa Pagar a CP
Empréstimos e
Créditos a Curto Prazo 9.043.408.414,46 -
Financiamentos a CP
Empréstimos e Fornecedores e Contas
9.043.408.414,46 45.734.433,06
Financiamentos Concedidos a Pagar a CP
Demais Créditos e Obrigações Fiscais a
23.297.672.704,85 -
Valores a CP CP
Estoques 3.380.867,87 Provisões de CP -
VPDs Pagas Demais Obrigações a
2.196,94 610.841,45
Antecipadamente CP
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO
210.967.795.845,45 -
CIRCULANTE CIRCULANTE
Ativo Realizável a Longo Obrigações Trabalh. a
210.689.737.051,47 -
Prazo Pag. de LP
Empréstimos e Financ. Empréstimos e
210.689.737.051,47 -
Concedidos Financiamentos a LP
Fornecedores e Contas
Investimentos - -
a Pagar a LP
Imobilizado 249.872.296,17 TOTAL DO PASSIVO 46.345.274,51
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EXIGÍVEL
Patrimônio Social e
Bens Móveis 236.701.052,59 -
Capital Social
Bens Móveis 247.262.941,27 Reservas de Capital -
(-) Depreciação de
-10.561.888,68 Demais Reservas 8.018,51
Bens Móveis
(-) Redução ao Valor
- Resultados Acumulados 276.364.424.254,38
Recuperável
Bens Imóveis 13.171.243,58 Resultado do Exercício 14.168.038.001,84
(-) Depreciação de Resultados de
-2.090,82 262.238.741.777,86
Bens Imóveis Exercícios Anteriores
Ajustes de Exercícios
Intangível 28.186.497,81 -42.355.525,32
Anteriores
TOTAL DO
Softwares 27.593.890,38 PATRIMÔNIO 276.364.432.272,89
LÍQUIDO
Marcas, Direitos e
592.607,43
Patentes Industriais
TOTAL DO PASSIVO E
TOTAL DO ATIVO 276.410.777.547,40 276.410.777.547,40
PL
Fonte: SiafiWeb/2016
A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidencia as alterações verificadas no
patrimônio e indica o resultado patrimonial do exercício (variações patrimoniais aumentativas) e
despesas (variações patrimoniais diminutivas), conforme já dito anteriormente e reproduzido na
DVP na tabela 6 abaixo.
Tabela 6 - Demonstrações das Variações Patrimoniais – FAT 2016
Especificações 2016 2015
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
151.672.985.668,24 150.929.698.475,28
AUMENTATIVAS
Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria - -
Contribuições 693.367.703,48 598.644.880,26
Contribuições Sociais 693.367.703,48 598.644.880,26
Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos 84,80 1,80
Variações Patrimoniais Aumentativas
26.276.449.197,71 26.974.215.182,48
Financeiras
Juros e Encargos de Mora 10.786,56 25.973,43
Variações Monetárias e Cambiais 17.750.957.421,88 21.672.201.269,33
Remuneração de Depósitos Bancários e
8.525.480.989,27 5.301.987.939,72
Aplicações Financeiras
Transferências e Delegações Recebidas 122.803.566.346,73 119.767.462.948,92
Valorização e Ganhos c/ Ativos e
951.133.927,37 2.249.455.216,30
Desincorporação de Passivos
Outras Variações Patrimoniais Aumentativas 948.468.408,15 1.339.920.245,52
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 137.504.947.666,40 123.342.307.159,42
Pessoal e Encargos 7.615,02 46.169,56
Benefícios Previdenciários e Assistenciais 56.014.520.729,10 47.309.728.596,32
Outros Benefícios Previdenciários e Assistenciais 56.014.520.729,10 47.309.728.596,32
Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital
349.444.373,13 371.653.112,02
Fixo
Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras 8.585.484.711,39 3.299.961.956,83
Juros e Encargos de Mora 2.028,70 1.552,02
8
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Variações Monetárias e Cambiais 8.554.772.858,79 2.770.963.515,49


Descontos Financeiros Concedidos 3.154,38 3.976,42
Outras Variações Patrimoniais Diminutivas
30.706.669,52 528.992.912,90
Financeiras
Transferências e Delegações Concedidas 71.977.550.113,22 70.507.550.912,27
Desvalorização e Perda de Ativos e
566.593.812,46 1.828.839.030,71
Incorporação de Passivos
Tributárias 193.856,15 130.435,22
Outras Variações Patrimoniais Diminutivas 11.152.455,93 24.396.946,49
RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO 14.168.038.001,84 27.587.391.315,86
Fonte: SiafiWeb/2016
O Balanço Orçamentário demonstra as receitas e despesas previstas em confronto com as
realizadas. Nas tabelas abaixo estão reproduzidos os resultados orçamentários do FAT de 2016.
Tabela 7 - Balanço Orçamentário – Execução da Receita – FAT/2016
Receitas Previsão Receitas
Previsão Inicial Saldo
Orçamentárias Atualizada Realizadas
RECEITAS 56.871.395.956,0 20.812.616.190,6 -
56.871.395.956,00
CORRENTES 0 9 36.058.779.765,31
Receitas de 41.625.808.151,0 -
41.625.808.151,00 693.367.986,87
Contribuições 0 40.932.440.164,13
Contribuições 41.625.808.151,0 -
41.625.808.151,00 693.367.986,87
Sociais 0 40.932.440.164,13
Receita
5.180.937.252,00 5.180.937.252,00 8.494.672.793,54 3.313.735.541,54
Patrimonial
Valores
5.180.937.252,00 5.180.937.252,00 8.494.672.793,54 3.313.735.541,54
Mobiliários
Receitas de 10.705.139.992,0
8.741.460.615,00 8.741.460.615,00 1.963.679.377,00
Serviços 0
Serviços e
10.705.139.907,2
Atividades 8.741.460.615,00 8.741.460.615,00 1.963.679.292,20
0
Financeiras
Outras Receitas
1.323.189.938,00 1.323.189.938,00 919.435.418,28 -403.754.519,72
Correntes
RECEITAS DE
- - 78.600,00 78.600,00
CAPITAL
Alienação de
- - 78.600,00 78.600,00
Bens
SUBTOTAL DE 56.871.395.956,0 20.812.694.790,6 -
56.871.395.956,00
RECEITAS 0 9 36.058.701.165,31
51.426.349.267,7
DÉFICIT     51.426.349.267,78
8
56.871.395.956,0 72.239.044.058,4
TOTAL 56.871.395.956,00 15.367.648.102,47
0 7
Tabela 8 - Balanço Orçamentário – Execução da Despesa – FAT/2016
Despesas Dotação Despesas Despesas
Dotação Inicial Despesas Pagas
Orçamentárias Atualizada Empenhadas Liquidadas
DESPESAS 55.512.993.823 56.936.607.547 56.214.599.699 54.574.614.902 54.570.092.713
CORRENTES ,00 ,00 ,40 ,71 ,92
Outras
55.512.993.823 56.936.607.547 56.214.599.699 54.574.614.902 54.570.092.713
Despesas
,00 ,00 ,40 ,71 ,92
Correntes
DESPESAS DE 16.525.947.750 16.517.995.491 16.024.444.359 15.363.704.248 15.363.704.248

9
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

CAPITAL ,00 ,00 ,07 ,19 ,19


Investimentos 42.113.328,00 34.161.069,00 32.078.398,24 21.338.287,36 21.338.287,36
Inversões 16.483.834.422 16.483.834.422 15.992.365.960 15.342.365.960 15.342.365.960
Financeiras ,00 ,00 ,83 ,83 ,83
RESERVA DE
CONTINGÊN 2.400.000,00 2.400.000,00 - - -
CIA
72.041.341.573 73.457.003.038 72.239.044.058 69.938.319.150 69.933.796.962
TOTAL
,00 ,00 ,47 ,90 ,11
Fonte: SiafiWeb/2016
Do total das despesas correntes do FAT, 33,05% foram destinados ao pagamento de Abono Salarial
e 67,14% ao pagamento do benefício com Seguro Desemprego. As despesas de capital que
totalizaram mais de R$15 bilhões se referem à transferência destinada a financiar programas de
desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
I.3 – Metodologia utilizada
No contexto das normas internacionais há dois tipos de trabalhos de asseguração: asseguração
razoável e asseguração limitada. O objetivo de ambos os trabalhos é aumentar o grau de confiança
nas demonstrações por parte dos usuários. Segundo o Manual de Auditoria Financeira do TCU,
publicado em 2016, parágrafo 41, as auditorias de demonstrações financeiras são sempre definidas
como trabalhos de certificação (ou também chamado de trabalhos de asseguração).
Na asseguração razoável, o auditor transmite, por meio de uma opinião, uma segurança alta, não
absoluta, de que o objeto auditado está ou não em conformidade com todos os aspectos relevantes
de uma estrutura de relatório financeiro aplicável. Na asseguração limitada, o auditor fornece uma
segurança significativa para os usuários de que objeto auditado está ou não em conformidade,
entretanto é uma segurança menor do que aquela fornecida no trabalho de asseguração razoável.
Ao fornecer uma asseguração limitada, por meio de uma conclusão, o auditor afirma que nada veio
ao seu conhecimento para fazê-lo acreditar que o objeto não está em conformidade com os critérios
aplicáveis. Vale ressalvar que o rito metodológico nesse tipo de trabalho é bem mais limitado
(procedimentos analíticos e indagações) em comparação com aqueles necessários à emissão de uma
opinião com segurança razoável (Manual de Auditoria Financeira do TCU, publicado em 2016,
parágrafos 45 a 47).
O presente trabalho tratou de auditoria de dois fundos contábeis da União, a saber: o FAT e FRGPS.
A metodologia utilizada foi semelhante nos trabalhos dos dois fundos e consistiu
fundamentalmente em indagações, requisições de documentos, análises horizontal e vertical,
mapeamentos dos processos de contas significativas, identificação de riscos e de controles,
circularização de informações e testes substantivos direcionados. As indagações foram dirigidas
aos envolvidos na elaboração das informações financeiras do FAT e do FRGPS, bem como dos
responsáveis pelos controles dos ativos e passivos dos fundos.
A fim de definir para quais contas ou grupos de contas contábeis a auditoria deveria direcionar
esforços e recursos, estabeleceu-se um nível de materialidade global e de materialidade para
execução de auditoria. A partir da materialidade selecionou-se quais contas ou grupos de contas
contábeis eram os mais significativos, para os quais seria necessário mapeamento de processos e
identificação de riscos e de controles. A materialidade global e para execução da auditoria foi
calculada, conforme quadro resumido abaixo:
Tabela 9 – Definição da materialidade
  FAT FRGPS
Método de cálculo
Ativo Total 276.410.777.547,40 11.845.605.218,98
Materialidade Global (MG) 2.764.107.775,47 118.456.052,19 1% do ativo total
Materialidade para execução 1.382.053.887,74 59.228.026,09 50% da MG do ativo

10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

(ME)
Limite para /acumulação de
138.205.388,77 5.922.802,61 5% da ME do ativo
Distorção (LAD)
72.239.044.058,4
Despesas Empenhadas 499.691.231.788,03
7
1% das despesas
Materialidade Global (MG) 4.996.912.317,88 722.390.440,58
empenhadas
Materialidade para execução 50% da MG das
2.498.456.158,94 361.195.220,29
(ME) despesas
Limite para /acumulação de 5% da ME das
249.845.615,89 36.119.522,03
Distorção (LAD) despesas
Obs.: As circunstâncias relacionadas com algumas distorções podem levar o auditor a avaliá-las
como relevantes mesmo que estejam abaixo do limite de materialidade (IFAC, 2010). O auditor
deve acumular distorções identificadas durante a auditoria que não sejam claramente triviais. O
auditor pode estabelecer um valor abaixo do qual as distorções não serão acumuladas, de modo
que, individualmente ou em conjunto com todas as outras distorções, não sejam relevantes para as
demonstrações financeiras (Manual de Auditoria Financeira do TCU, publicado em 2016, quadro 5,
pg. 78)
Fonte: elaboração própria
As contas selecionadas para mapeamento de processos, identificação de riscos e de controles e
aplicação de procedimentos de auditoria estão elencadas abaixo:
Tabela 10 - Contas significativas - FAT - 2016
Cód Siafi Linha da Demonstração Contábil Valor
1.1.1.1.1.50.0
Fundo de Aplicação Extramercado - FAT 33.089.425.198,51
9
1.1.2.4.1.01.0
Empréstimos Concedidos a Receber 9.043.408.414,46
0
1.1.3.1.1.04.0 Adiantamentos de transferências
2.314.236.917,98
0 voluntárias
1.1.3.4.0.00.0
Crédito por dano ao patrimônio 999.480.759,25
0
1.1.3.5.1.00.0
Depósitos Especiais 19.983.913.853,14
0
1.2.1.1.1.03.0
Empréstimos concedidos a receber 210.689.737.051,47
1
3.2.9.2.1.03.0
Seguro-Desemprego 31.400.165.797,96
1
3.2.9.2.1.03.x
Abono Salarial - PIS/PASEP 18.346.782.028,20
x
3.4.3.9.1.01.0
Atualização Monetária Negativa 8.554.772.858,79
3
4.4.3.9.1.01.0
Outras Variações Monetárias 17.750.957.421,88
0
4.4.5.1.1.01.0
Remuneração de depósitos Bancários 1.496.613.943,44
0
4.4.5.2.1.01.0
Remuneração de aplicações Financeiras 7.028.867.045,83
0
Tabela 11 - Contas significativas - FRGPS - 2016
Cód Siafi Linha da Demonstração Contábil Valor
1.1.1.1.2.20.0
Limite de Saque (caixa e equivalente) 9.708.468.893,53
1
1.1.3.4.1.01.0 Crédito por Dano ao Patrimônio e Ajuste
1.854.252.563,89
0 para perdas
11
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1.2.1.1.1.03.0
Financiamentos concedidos a receber 94.014.432,97
8
1.2.1.1.1.xx.x Dívida Ativa Não Tributária e Ajuste para
5.641.057.346,09
x perdas
1.2.3.2.1.00.0
Bens Imóveis - Consolidação 1.574.492.946,80
0
1.1.2.1.0.00.0 Créditos Tributários a receber - Sem estimativa de
0 registrados na SRF (UG170010) valor
1.2.1.1.1.04.0 Créditos Previdenciários inscritos -
410.831.061.080,93
2 registrados na PGFN
2.1.1.2.1.00.0
Benefícios Previdenciários a pagar 16.358.410.145,22
0
2.1.7.9.1.03.0 Provisão para requisição de pequenos
346.830.076,00
0 valores
2.1.8.9.1.14.0
Compensação Previdenciária 178.429.204,87
0
2.1.8.9.1.36.0
Valores em transito exigíveis 192.428.820,94
0
Sentenças judiciais valores orçamentários 11.503.927.287,26
3.2.0.0.0.00.0
Benefícios Previdenciários 500.182.282.033,48
0
Os procedimentos selecionados basearam-se na compreensão da equipe de auditoria sobre a
complexidade das normas e políticas da previdência do trabalho; da materialidade envolvida nos
relatórios financeiros; bem como nas alterações das políticas contábeis ocorridas na Administração
Pública Federal durante o exercício de 2016.
Assim, os procedimentos compreenderam:
a. No planejamento, foram considerados a relevância e o volume de informações sobre despesas,
ativos e passivos da previdência e do trabalho, bem como a complexidade dos controles internos
que geram informações para elaboração das demonstrações financeiras;
b. Procedimentos analíticos entre os exercícios de 2015 e 2016, no balancete geral do FAT e do
FRGPS.
c. Mapeamento dos processos das contas significativas abono salarial e seguro desemprego,
depósitos especiais, fundo de aplicação extramercado do FAT e empréstimos concedidos a receber
(FAT constitucional). As outras contas significativas não foram mapeadas em função das limitações
da equipe de auditoria (tempo exíguo);
d. Identificação e avaliação de riscos e de controles de grupos de contas contábeis: Despesa
Previdenciária, Imobilizado e Crédito por Dano ao Patrimônio do FRGPS;
e. Questionamento e requisição de documentação para fundamentar os achados de auditoria do
FRGPS/2016 e FAT/2016;
f. Indagações e aplicação de questionário à auditoria interna do INSS, a fim de avaliar a
confiabilidade do trabalho realizado pelo INSS e pelo Ministério do Trabalho.
O objetivo do trabalho foi emitir uma opinião sobre os demonstrativos financeiros do FAT e do
FRGPS (Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário e Demonstrações das Variações
Patrimoniais). Contudo, a metodologia da auditoria financeira não foi aplicada em sua completude,
não impedindo assim equipe de emitir uma opinião com asseguração limitada nos termos dos itens
45 a 48 do Manual de Auditoria Financeira do TCU, publicado em 2016, conforme conclusão do
presente trabalho.

12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

I.5 – Benefícios Estimados da fiscalizaçã o


Dentre os benefícios estimados da auditoria, destaca-se a possibilidade de melhoria de controles
internos do FRGPS e do FAT e o aprimoramento de metodologia para auditoria financeira no
âmbito do TCU.
I.4 – Limitaçõ es
A principal limitação do trabalho foi a alteração legal no Ministério do Trabalho, que até
maio/2016, tinha em sua estrutura administrativa o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o
Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS), bem como o próprio Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT). Com o advento da MP 726/2016 (convertida na Lei 13.341/2016), o INSS e o
FRGPS ficaram subordinados ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, enquanto que o
FAT continuou subordinado ao Ministério do Trabalho. Porém, a metodologia utilizada pelo TCU
para auditoria do Balanço Geral da União (BGU) de 2016 é a auditoria de grupos e no Siafi de
2016 o MTPS configurava como um dos órgãos que compunha o grupo BGU. Como a auditoria
iniciou-se em 2016, o parâmetro utilizado para definição de quais órgãos superiores seriam os
subgrupos do grupo BGU foi feito com base na estrutura organizacional constante no Siafi de 2016.
A alteração na estrutura dos órgãos no Siafi somente ocorreu em 2017, por isso foi mantida a lógica
de grupos anterior à mudança no Siafi.
I.6 – Processos conexos
Foram constatados os seguintes processos conexos a este trabalho:
a) TC 007.349/2014-9 – Relatório de auditoria para avaliar o equilíbrio financeiro do Fundo de
Amparo ao Trabalhador, deliberado pelo Acórdão 3130/2014-TCU-Plenário.
b) TC 029.869/2015-3 – Prestação de contas do FAT relativa ao exercício de 2014, deliberado pelo
Acórdão 5040/2016-TCU-1ª Câmara.
c) TC 031.235/2015-8 – Auditoria financeira sobre as Demonstrações Financeiras do FRGPS do
exercício de 2015, deliberado pelo Acórdão 1749/2016-TCU-Plenário.
d) TC 024.319/2016-3 – Prestação de contas do INSS de 2015, agregando o Fundo do Regime
Geral de Previdência Social. Situação em aberto.
e) TC 029.130/2016-6 – Auditoria do Balanço Geral da União de 2016. Situação em aberto.
f) TC 034.277/2016-1 – Prestação de contas ordinária da Coordenação-Geral do FAT relativa ao
exercício de 2015. Situação em aberto.
II - ACHADOS
II.1. Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS)
II.1.1. Distorçõ es de valores
II.1.1.1. Subavaliação do ativo do FRGPS em razão da ausência de registros dos créditos
tributários a receber e da dívida tributária
Situação encontrada
Nas demonstrações financeiras do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) de
2016, não foram identificados registros contábeis referentes aos créditos tributários a receber e da
dívida ativa relativa às contribuições previdenciárias.
Esse achado foi também constatado na auditoria financeira das demonstrações do FRGPS em 2015.
Verificou-se à época que os créditos tributários previdenciários a receber, tanto aqueles inscritos em
dívida quanto ainda em fase administrativa eram registrados contabilmente na Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional e na Secretaria da Receita Federal do Brasil, respectivamente.
Na auditoria realizada pelo Tribunal no FRGPS no ano passado, entendeu-se que os referidos
créditos deveriam estar registrados contabilmente nesse fundo e não naquelas entidades do
Ministério da Fazenda.
A argumentação para que esses créditos sejam registrados no FRGPS reside no fato de se tratar de
recursos que pertencem ao regime geral de previdência social e que estão em estágio de cobrança
para recuperação dos valores.
Entende-se que é razoável que administrativamente e judicialmente esses créditos estejam sob
responsabilidade da Receita Federal e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, haja vista serem
13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

os órgãos da União responsáveis pela arrecadação e cobrança dos tributos, inclusive da própria
contribuição previdenciária.
No entanto, causa estranheza que esses valores não estejam registrados contabilmente no FRGPS,
que é o verdadeiro detentor desses créditos. Nesse sentido, as informações seriam mais precisas se
estivessem refletidas nos demonstrativos financeiros do FRGPS e apenas tivessem registros
transitórios na Receita Federal e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, por meio, por
exemplo, de contas de controle.
É importante registrar que atualmente o Siafi está estruturado para registrar eventos de controle,
por meio das classes de contas de números 7 e 8. Por conseguinte, entende-se que é perfeitamente
possível ter o registro dos citados créditos em contas patrimoniais no FRGPS e registros de
controle na RFB e PGFN, sendo que esses registros podem estar perfeitamente sincronizados a fim
de permitir a integridade, tempestividade e confiabilidade desses registros.
Entretanto, apesar dos esforços da TCU em ressaltar que o não registro contábil dos créditos
tributários previdenciários no FRGPS ocasiona uma distorção da ordem de R$ 415,45 bilhões nas
demonstrações financeiras do fundo, a referida recomendação não foi atendida e as demonstrações
financeiras de 2016 do FRGPS continuam sem a evidenciação desses valores.
De acordo com levantamento realizado, os valores de créditos previdenciários a receber são os
seguintes:
Tabela 12 – Créditos Previdenciários
Créditos Previdenciários 2015 2016
Créditos administrativos previdenciários 24.920.785.842,40 24.274.479.383,24
(-) Ajuste para perdas créditos administrativos (21.336.430624,71) (19.652.339.396,03)
Dívida Ativa Previdenciária 350.678.167.638,89 410.831.061.080,93
(-) Ajuste para perdas Dívida Ativa Previdenciária - -
TOTAL 354.262.522.856,58 415.453.201.068,14
Fonte: RFB (Ofício 21/2017-RFB/Audit/Diaex) e Balancete PGFN – Dez/2016
No entanto, em 20/1/2017, foi instituído Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), no âmbito dos
Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social e Agrário com o objetivo de atender a
recomendação exarada no Acórdão 1749/2016-TCU-Plenário, com o propósito de revisar e avaliar
o entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições previdenciárias (peça 56).
Nesse sentido, apesar de ainda não haver registro dos créditos previdenciários a receber
(administrativos e dívida ativa) no âmbito do FRGPS, já existe uma equipe em trabalho para
equacionamento da questão, o que indica que a recomendação ainda está em atendimento.
Objeto
Demonstrações financeiras do FRGPS em 2016
Critérios
- LRF, art. 68, §1º, III, c/c com a alínea a do inciso I e inciso II do art. 195 e inciso XI do art. 167
da Constituição Federal: Receita das contribuições sociais para a seguridade social pertence ao
FRGPS;
- Lei 11.457/2007 (Lei de criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, “Super
Receita”), §§1º e 2º do art. 2º: Destinação do produto da arrecadação das contribuições sociais ao
FRGPS bem como prestação de contas dos resultados dessa arrecadação ao Conselho Nacional de
Previdência Social.
- Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP) 6ª Edição, Item 2.2.1 da Parte II:
Conceito de ativo (peça 83);
- Macrofunção 020333 do Siafi, Item 2.1: Conceito de ativo (peça 81);
Evidências
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

- Demonstrações financeiras do FRGPS, ano-base 2016, sem registro dos créditos tributários a
receber e da dívida ativa relativa às contribuições de natureza previdenciária (peça 85);
- Balancete Contábil da RFB (Subórgão 1702) com registro dos créditos tributários a receber na
conta do ativo circulante 1.1.2.1.0.00.00 (créditos tributários a receber), entretanto sem distinguir
entre previdenciários e não previdenciários; bem como nas contas do ativo não circulante, com a
distinção entre créditos de impostos, taxas e contribuições de melhoria 1.2.1.1.1.01.01 (créd. de
imposto, taxa) e créditos de contribuições em geral 1.2.1.1.1.01.02 (créditos de contribuição a
receber), porém sem distinguir entre contribuições previdenciárias e não previdenciárias (peça 55).
- Balancete Contábil da PGFN (Subórgão 1708) com registro da dívida ativa tributária relativa a
créditos previdenciários na conta do ativo não circulante 1.2.1.1.1.04.02 (créditos previdenciários
inscritos), em distinção a créditos não previdenciários registrados na Conta 1.2.1.1.1.04.01
(créditos não previdenciários inscritos) (peça 54).
- Ofício 254/2017/ASSCI/Gabin/STN/MF-DF (peça 39).
- Ofício nº 18/2017-RFB/Audit/Diaex (peça 46 p. 2). Informa que a RFB participa do Grupo de
Trabalho Interministerial (GTI), com objetivo de atender à recomendação exarada no Acórdão
1749/2016-P. Informa que o GTI foi instituído pela Portaria Interministerial 41, de 20/01/2017 dos
Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário.
-Ofício n º21/2017-RFB/Audit/Diaex, de 10/3/2017 (peça 48)
- Ofício INSS (peça 13, p.44-45). Informando que a Demanda está sendo conduzida pela
Subsecretaria de Contabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional.
- Portaria Interministerial nº 41, de 20/01/2017, dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento
Social e Agrário (peça 56)
Causas
- Registro contábil dos créditos tributários a receber na contabilidade da Receita Federal do Brasil,
conforme balancete da RFB de dezembro/2016;
- Registro contábil da Dívida Ativa previdenciária na contabilidade da PGFN, conforme balancete
da PGFN de dezembro/2016.
Efeitos
A ausência de registro dos créditos tributários a receber e da dívida ativa relativos a contribuições
de natureza previdenciária nas demonstrações financeiras do FRGPS distorce a informação
patrimonial do FRGPS e impede o usuário de conhecer quais são os reais valores que pertencem ao
Fundo, bem como qual é o valor total de ativos do FRGPS.
Comentários dos gestores
Segundo o gestor (peça 51) em 20/01/2017 foi instituído por meio da Portaria Interministerial n°
41, Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) (peça 56), tendo como “objetivo revisar e avaliar o
entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições previdenciárias” O GTI tem o prazo de 90 dias prorrogável por mais 30 contados da
data de publicação da portaria. Assim, será necessário aguardar o relatório final do GTI para adotar
quaisquer providências de operacionalização sobre a contabilização dos créditos tributários a
receber e dívida ativa tributária.
Análise dos comentários
Embora já tenha sido constituído um grupo de trabalho para avaliar o entendimento sobre a
contabilização dos créditos, isso por si só não resolveu o problema da distorção causada nos
demonstrativos do FRGPS, razão pela qual optou-se por reiterar a proposta de encaminhamento
feita em auditoria anterior (Acórdão TCU 1.749/2016 – Plenário, item 9.2.2).
Proposta de encaminhamento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Recomendar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações
financeiras do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) que, em conjunto com a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do
Tesouro Nacional (STN), revise a contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados
às contribuições previdenciárias, tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de
contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de
Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com fundamento no inciso III do §1º do art.
68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo que os reflexos contábeis estejam
evidenciados no FRGPS.
II.1.1.2. Despesas com Sentenças Judiciais do FRGPS que foram apropriadas em Tribunais
Regionais Federais e não constam no Demonstrativo de Variações Patrimoniais do FRGPS.
Situação encontrada
A Lei Orçamentária Anual de 2016 e seus respectivos créditos adicionais disponibilizaram ao
FRGPS recursos da ordem de R$ 11,6 bilhões para pagamento de sentenças judiciais transitadas em
julgado. Na tabela abaixo, segue valores orçamentários de 2016:
Tabela 13 - Ações Orçamentárias de Sentenças Judiciais do FRGPS em 2016
R$ 1,00
Dotação Despesas Despesas
Cód Ações
Atualizada Empenhadas Liquidadas
000 Sentenças Judiciais Transitadas em
5 Julgado (Precatórios) 4.724.325.115 4.680.854.009 4.575.968.990
062 Sentenças Judiciais Transitadas em
5 Julgado de Pequeno Valor 6.931.135.219 6.929.320.411 6.927.958.297
11.655.460.33 11.610.174.42 11.503.927.28
  Total 4 1 7
Fonte: Tesouro Gerencial – Dez/2016
Ocorre que grande parte da execução desses valores é realizada em Tribunais Regionais Federais.
Quando se consulta a despesa patrimonial do FRGPS de 2016 (classe 3), observa-se valores bem
menores que os R$ 11,5 bilhões de sentenças judiciais executados. Isso representa uma disfunção
do registro de contabilidade, pois apesar de a operacionalização da despesa ocorrer de fato dentro
dos Tribunais, a despesa pertence patrimonialmente ao FRGPS e não aos Tribunais pagadores.
A própria LDO 2016 (Lei 13.242/2015) determina que a execução dos precatórios deve ocorrer no
âmbito dos Tribunais, por intermédio de descentralização dos créditos orçamentários aos Tribunais:

Art. 30.  As dotações orçamentárias destinadas ao pagamento de débitos relativos a precatórios e


requisições de pequeno valor, aprovadas na Lei Orçamentária de 2016 e em créditos adicionais,
deverão ser integralmente descentralizadas aos Tribunais que proferirem as decisões exequendas,
ressalvadas as hipóteses de causas processadas pela justiça comum estadual.

§ 1o  A descentralização de que trata o caput deverá ser feita de forma automática pelo órgão
central do Sistema de Administração Financeira Federal, imediatamente após a publicação da Lei
Orçamentária de 2016 e dos créditos adicionais.

§ 2o  Caso o valor descentralizado seja insuficiente para o pagamento integral do débito, o
Tribunal competente, por intermédio do seu órgão setorial de orçamento, deverá providenciar,
junto à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a
complementação da dotação descentralizada, da qual dará conhecimento aos órgãos ou entidades
descentralizadores.

§ 3o  Se as dotações descentralizadas referentes a precatórios forem superiores ao valor


necessário para o pagamento integral dos débitos relativos a essas despesas, o Tribunal
competente, por intermédio do seu órgão setorial de orçamento, deverá providenciar a devolução
imediata do saldo da dotação apurado e, se for o caso, dos correspondentes recursos financeiros,
da qual dará conhecimento aos órgãos ou às entidades descentralizadores e à Secretaria de
16
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e ao Ministério da


Fazenda, respectivamente, salvo se houver necessidade de abertura de créditos adicionais para o
pagamento de precatórios e requisições de pequeno valor.

§ 4o  As liberações dos recursos financeiros correspondentes às dotações orçamentárias


descentralizadas na forma deste artigo deverão ser realizadas diretamente para o órgão setorial
de programação financeira das unidades orçamentárias responsáveis pelo pagamento do débito,
de acordo com as regras de liberação para os órgãos do Poder Judiciário previstas nesta Lei e a
programação financeira estabelecida na forma do art. 8o da Lei de Responsabilidade Fiscal, e
serão informadas aos beneficiários pela vara de execução responsável.

Art. 31.  Até sessenta dias após a publicação da Lei Orçamentária de 2016 e dos créditos
adicionais, as unidades orçamentárias do Poder Judiciário discriminarão, no SIAFI, a relação dos
precatórios relativos às dotações a elas descentralizadas de acordo com o art. 30, especificando a
ordem cronológica dos pagamentos, valores a serem pagos e o órgão ou a entidade em que se
originou o débito.

Parágrafo único.  As unidades orçamentárias do Poder Judiciário deverão discriminar no SIAFI a


relação das requisições relativas a sentenças de pequeno valor e o órgão ou a entidade em que se
originou o débito, em até sessenta dias contados da sua autuação no tribunal.

Art. 32.  Para fins de acompanhamento, controle e centralização, os órgãos e as entidades da


administração pública federal direta e indireta submeterão os processos referentes ao pagamento
de precatórios à apreciação da Advocacia-Geral da União, pelo prazo de noventa dias, antes do
atendimento da requisição judicial, observadas as normas e orientações daquela unidade.

Parágrafo único.  Sem prejuízo do disposto no caput, o Advogado-Geral da União poderá


incumbir os órgãos jurídicos das autarquias e fundações públicas, que lhe são vinculados, do
exame dos processos pertinentes aos precatórios devidos por essas entidades.

No entanto, a execução orçamentária das despesas de sentenças judiciais no âmbito dos Tribunais
não impediria, em tese, o reconhecimento patrimonial das despesas com esses valores na
contabilidade do FGRPS.
Atualmente, o FRGPS só reconhece como despesa patrimonial as sentenças judiciais que são
efetivamente pagas diretamente pelo próprio fundo. Basicamente, são sentenças transitadas em
julgado de Tribunais Estaduais.
Em consulta ao balancete do FRGPS em dez/2016, verifica-se apenas as seguintes despesas com
sentenças judiciais que foram efetivamente contabilizadas no FRGPS:
Tabela 14 - Despesas patrimoniais de Sentenças Judiciais apropriadas diretamente
pelo FRGPS em 2016
R$ 1,00
Natureza
Despesa Descrição Valor (Saldo)
3.2.1.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Aposentadoria 57.812.684
3.2.2.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Pensões RGPS 11.115.708
3.2.9.2.1.09.00 Sentenças Judiciais - Outros Benefícios 1.761.968.415
3.2.9.9.1.10.00 Sentenças Judiciais - Outros Benefícios 190
  Total 1.830.896.996
Fonte: Siafi 2016 – Balancete órgão 37904 FRGPS
Ou seja, de um orçamento de R$ 11,6 bilhões, apenas pouco mais de R$ 1,8 bilhão aparece
efetivamente como despesa do FRGPS. O restante, repita-se, consta como despesa patrimonial de
Tribunais Federais diversos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Na tabela abaixo, pode-se observar a execução orçamentária das ações “28.846.0901.0005.0001 –


Sentenças Judiciais Transitadas em Julgado (Precatórios) – Nacional”, e “28.846.0901.0625.0001 –
Sentenças Judiciais Transitadas em Julgado de Pequeno Valor – Nacional” do FRGPS que
ocorreram no âmbito dos Tribunais Regionais Federais:
Tabela 15 - Execução Orçamentária de Sentenças Judiciais do FRGPS pelos
Tribunais em 2016
R$ 1,00
Ação Orçamentária / Tribunal Executor Empenho Liquidação Pagamento
28.846.0901.0005.0001 – Sentenças Judiciais
3.806.805.806 3.806.805.806 3.806.805.806
Transitadas Em Julgado (Precatórios) – Nacional
Tribunal Regional Federal Da 3a.Regiao 1.725.121.649 1.725.121.649 1.725.121.649
Tribunal Regional Federal Da 2a. Região 291.337.906 291.337.906 291.337.906
Tribunal Regional Federal Da 1a.Reg 533.007.383 533.007.383 533.007.383
Tribunal Regional Federal 4ª Região 1.079.725.917 1.079.725.917 1.079.725.917
Tribunal Regional Federal 5a Região 177.612.951 177.612.951 177.612.951
       
28.846.0901.0625.0001 – Sentenças Judiciais
Transitadas Em Julgado De Pequeno Valor –
Nacional 6.590.918.397 6.589.556.283 6.589.556.283
Tribunal Regional Federal Da 3a.Região 1.448.072.313 1.447.904.970 1.447.904.970
Tribunal Regional Federal Da 2a. Região 434.790.359 434.139.443 434.139.443
Tribunal Regional Federal Da 1a.Região 1.956.344.503 1.956.344.503 1.956.344.503
Tribunal Regional Federal 4ª Região 1.964.495.042 1.963.982.268 1.963.982.268
Tribunal Regional Federal 5a Região 787.216.179 787.185.098 787.185.098
Total 10.397.724.202 10.396.362.088 10.396.362.088
Fonte: Tesouro Gerencial/2016
Nesse sentido, apesar de a LDO determinar a descentralização dos créditos orçamentários para os
Tribunais responsáveis pelo pagamento dos precatórios, é importante para garantir a precisão da
informação que a execução patrimonial do FRGPS reconheça essas despesas como suas e não
como despesas dos respectivos Tribunais. O não reconhecimento por parte do FRGPS de despesas
com sentenças judiciais que são de sua responsabilidade, representa uma distorção na
Demonstração das Variações Patrimoniais de quase R$ 10,4 bilhões.
Objeto
Demonstrações financeiras do FRGPS em 2016
Critérios
MCASP 6ª Edição, Parte 5, item 5 (Demonstração da Variações Patrimoniais) (peça 83)
Lei 13.255/2016 (Lei Orçamentária Anual de 2016)
Art. 30 da Lei 13.242/2015 (Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016)
Evidências
Balancete do FRGPS em dezembro 2016 (peça 57);
Ações orçamentárias “28.846.0901.0005.0001 – Sentenças Judiciais Transitadas em Julgado
(Precatórios) – Nacional”, e “28.846.0901.0625.0001 – Sentenças Judiciais Transitadas em Julgado
de Pequeno Valor – Nacional” do FRGPS que destinam recursos para pagamento de sentenças
judiciais (precatórios).
Causas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

A descentralização de créditos orçamentários no Siafi para execução orçamentária entre órgãos


impossibilita que parte da despesa patrimonial com sentenças judiciais seja reconhecida nas
demonstrações contábeis do FRGPS.
Efeitos
Distorção na demonstração das variações patrimoniais do FRGPS no valor de R$ 10.396.362.088.
É um valor de despesa que deveria ser apropriada diretamente pelo FGRPS.
Comentários do gestor
O gestor informa (peça 51) que como o assunto remete a execução de outros órgãos, extrapolando à
gestão do INSS/FRGPS, foi mantido contato com o órgão central de contabilidade, a Secretaria do
Tesouro Nacional (STN), Subsecretaria de Contabilidade – Sucon e a resposta obtida foi de que
“será objeto de estudos, juntamente com os Tribunais Federais, visando um aprofundamento da
matéria em pauta”.
Análise dos comentários
Em que pese a STN, em conjunto com INSS, tenha se proposto em aprofundar os estudos sobre
tema, a distorção está apresentada nos demonstrativos do FRGPS de 2016, necessitando o devido
ajuste.
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em conjunto com a Secretaria do
Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, que nas próximas demonstrações financeiras do Fundo
do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) ajuste a contabilização da execução das despesas
patrimoniais do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS), de forma que as despesas
com sentenças judiciais, mesmo aquelas descentralizadas aos Tribunais Federais, sejam apropriadas
diretamente nas despesas de Classe 3 (variações patrimoniais diminutivas) do FRGPS.

II.1.1.3. Falta de evidenciação do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio
Situação encontrada
Foi verificado que não há destaque do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio no
Balanço Patrimonial de 2016, e a Nota Explicativa 01 às demonstrações contábeis de 2016 não está
completa, havendo apenas a memória de cálculo relativa a uma unidade gestora do INSS.
A conta créditos por Danos ao Patrimônio compreende, segundo o Plano de Contas Aplicado ao
Setor Público (PCASP), os valores realizáveis no curto prazo, provenientes de direitos oriundos de
danos ao patrimônio, apurados em sindicância, prestação de contas, tomada de contas, processos
judiciais e outros. É uma fonte potencial de fluxos de caixa e é reconhecida contabilmente no ativo.
Entretanto, os riscos de não recebimentos não foram considerados na forma de ajuste para perdas.
No Balanço Patrimonial referente ao exercício de 2016 do FRGPS, a conta Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo (código 11.300.00.00) está registrada pelo valor líquido de R$
447.051.931,34, sem evidenciar o referido ajuste, objeto de determinação conforme o subitem 9.1.2
do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário:
9.1.2. constitua ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio e divulgue em notas
explicativas a metodologia utilizada e a memória de cálculo do ajuste, de modo que a
contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FRGPS;
No entanto, na consulta ao Balancete do Órgão 37904 (FRGPS) no Siafi, referente a dezembro de
2016, verifica-se que houve o lançamento do ajuste, conforme destacado abaixo (com agrupamento
das contas até o 5º nível, exceto para a de ajuste):
1.1.3.0.0.00.00 DEMAIS CRÉDITOS E VALORES A CURTO 447.051.931,34 D
1.1.3.4.0.00.00 CREDITOS POR DANOS AO PATRIMONIO 1.870.782.795,01 D
1.1.3.5.0.00.00 DEPOSITOS RESTITUIVEIS E VALORES V 15.496,86 D

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

1.1.3.9.1.01.01 AJUSTE PARA PERDAS - SUBGRUPO 113 1.423.746.360,53 C


Observa-se que o INSS deu cumprimento parcial à determinação do TCU, tendo em vista que o
ajuste não está evidenciado em conta retificadora no Balanço Patrimonial. Além disso, apesar de a
Nota Explicativa 01 expor a metodologia utilizada para o cálculo do ajuste, a memória de cálculo
exemplificativa refere-se apenas a uma unidade gestora, sendo necessária a inclusão de um quadro
analítico resumindo os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio relativos a todas as unidades
gestoras do INSS, de forma que se possa chegar ao mesmo valor de R$ 1.423.746.360,53 lançado
na conta “Ajuste p/Perda Demais Cred/Valor Curto Prazo”.
Ressalta-se que esse ajuste tem a mesma natureza do demonstrado no subitem 8.5.1.2 (“Ajustes
para Perdas”), Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, do Manual de Contabilidade
aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição (2015), e no item 3 (“Mensuração de Créditos”) da
Macrofunção Siafi 020333, relativa a “Créditos Tributários a Receber e Ajustes para Perdas”.
Objeto
Balanço patrimonial do FRGPS em 2016
Critérios
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição (2015), Parte II -
Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p. 177 (peça 83).
Macrofunção Siafi 020333, item 3 (peça 81).
Determinação do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, subitem 9.1.2.
Evidência
As evidências coletadas foram:
a) Balanço patrimonial do FRGPS de 2016 (peça 85, p. 1-2)
b) Nota Explicativa 01 às Demonstrações de 2016 (peça 88, p. 7-9)
Causa
Falta de apresentação de valores discriminados das contas de créditos por danos ao patrimônio e
seus ajustes para perdas. O Balanço Patrimonial apresenta apenas o saldo líquido de R$
447.051.931,34 na conta “Demais Créditos e Valores a Curto Prazo” (código 11300.00.00).
Efeitos
Não fica devidamente evidenciada a conta “Ajuste para Perdas dos Créditos por Danos ao
Patrimônio”, cujo valor de R$ 1.423.746.360,53 representa 76,1% da conta que ela retifica, sendo,
portanto, materialmente significativo.
Com isso, para o leitor das demonstrações do INSS fica difícil fazer uma conciliação entre o valor
bruto das contas “Créditos por Danos ao Patrimônio” e “Valores Restituíveis” (que no Balancete
alcançam respectivamente os valores de R$ 1.870.782.795,01 e R$ 15.496,86) e o ajuste de R$
1.423.746.360,53 dentro do mesmo grupo de contas (113), de modo a chegar ao valor líquido de R$
447.051.931,34 da conta “Demais Créditos e Valores a Curto Prazo”.
Comentários dos gestores
O gestor informa que “de forma consolidada a evidenciação do ajuste para perdas se deu na conta
11.391.01.01 – Ajustes para Perdas. Esse é o procedimento da rotina atual. Os detalhamentos dos
ajustes encontram-se no nível de “conta corrente” da conta 11.391.01.01”.
Análise dos comentários
A rotina atual de contabilização não permite transparência sobre os valores referentes a créditos por
ao patrimônio e seus ajustes para perdas. Se há um direito cujo valor é significativo e sua
retificação (ajuste para perdas) reduz esse mesmo valor em cerca de 70%, essa informação não
pode ficar detalhada no apenas no balancete da entidade, no nível de conta corrente. Faz-se
20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

necessário que ele seja evidenciado no mesmo nível da conta de registro do crédito. Razão pela
qual procedeu-se a proposta abaixo descrita.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações
financeiras do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) discrimine no Balanço
Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio e o respectivo Ajuste para perda de
créditos, bem como inclua em Nota Explicativa, complementarmente, quadro analítico resumindo
os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio relativos às unidades do FRGPS, de forma a
permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de ajuste para perda, em consonância com
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição (2015), Parte II -
Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p. 177, e Macrofunção Siafi 020333, item
3
II.1.2 Distorçõ es de Classificaçã o
II.1.2.1. Não reclassificação dos imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual
do INSS
Situação encontrada
Verificou-se que, no Balanço Patrimonial, os imóveis do FRGPS estão classificados no
agrupamento “Bens Imóveis”, do Ativo não Circulante (código contábil 12.320.00.00).
Assim, não foi dado cumprimento à recomendação do subitem 9.2.1.1 do Acórdão 1.749/2016-
TCU-Plenário:
9.2.1.1. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do FRGPS, em
convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os imóveis do
FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens;
No entanto, consta na Nota Explicativa 05 às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016 que o
INSS, dando cumprimento à recomendação do TCU, enviou o Ofício
1489/CGOFC/DIROFL/INSS, de 25/8/2016, à CCONT/SUCON/STN/MF-DF no qual solicitava a
criação de contas contábeis específicas de modo que fosse possível distribuir os imóveis do FRGPS
entres as contas contábeis que melhor expressassem a classificação dos bens.
Ressalte-se que, na reunião realizada com a equipe de auditoria em 23/2/2017, os técnicos do
INSS informaram que o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público válido para 2016 (PCASP
2016) não possibilitava lançar imóveis não operacionais destinados à venda no ativo circulante ou
no não-circulante, mas que tal lançamento seria possível no PCASP 2017 (e que estaria, segundo
ela, descrito no MCASP 7ª edição, válido a partir de 2017).
Essa justificativa é coerente com a expressa pela CCONT/SUCON/STN/MF-DF na Nota
Explicativa 05 às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016, no sentido de que “para o exercício
de 2016, os imóveis do FRGPS permanecerão classificados no agrupamento 12.320.00.00. No
entanto, para o exercício de 2017, os imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização
Anual do INSS, serão reclassificados de modo a refletir adequadamente a situação patrimonial do
FRGPS”.
Apesar disso, verifica-se que persiste a impropriedade na evidenciação dos imóveis destinados à
venda na forma do referido plano de desimobilização, pois o leitor das demonstrações do FRGPS
de 2016 pode concluir erroneamente que esses itens – ora incluídos no grupo “Bens Imóveis” –
serão utilizados “para o uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins
administrativos” (no conceito de Ativo Imobilizado descrito no subitem 5.1 do MCASP 6ª Edição e
no item 7 da International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 16) e “por mais de um
período” (no termos do item 13 da IPSAS 17). Porém, os imóveis são colocados à venda quando
considerados desnecessários ou não vinculados às atividades operacionais, por isso, deveriam estar
registrados em conta do ativo não circulante mantido para venda, classificados no ativo circulante.
Objeto

21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Balanço patrimonial do FRGPS em 2016


Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Lei 9.702/1998, que dispõe sobre critérios especiais para alienação de imóveis de propriedade do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
b) Recomendação do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, subitem 9.2.1.1.
c) Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição (2015), Parte II -
Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 5.1 (peça 83).
d) International Public Sector Accounting Standards IPSAS 17, item 13 (peça 82).
e) International Public Sector Accounting Standards IPSAS 16, item 7 (peça 82).
Evidência
Nota Explicativa 05 às Demonstrações de 2016: “Para o exercício de 2016, os imóveis do FRGPS
permanecerão classificados no agrupamento 12.320.00.00. Para o exercício de 2017, os imóveis
contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual do INSS, serão reclassificados de modo a
refletir adequadamente a situação patrimonial do FRGPS” (peça 88, p.15-16).
Relação de imóveis do FRGPS (peça 58)
Causa
O MCASP 6ª Edição (2015) e o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público de 2016 (PCASP) são
omissos quanto à classificação de imóveis não operacionais como “ativo não circulante mantido
para venda”.
Efeitos
A falta de reclassificação, dada a impossibilidade operacional de ser feita conforme o Plano de
Contas de 2016, faz o usuário da informação contábil entender que o imóvel é mantido para uso ou
fins administrativos, e por mais de um período, o que não é o caso.
Comentários do gestor
Segundo o gestor do INSS a conta contábil somente foi criada em 2017, neste sentido houve
limitação no plano de contas de 2016 implicando na não classificação dos imóveis em bens
mantidos para venda.
Análise dos comentários
Como a conta somente foi criada em 2017, a distorção persistiu em 2016, razão pela qual optou-se
por reiterar a proposta de encaminhamento feita em auditoria anterior (Acórdão TCU 1.749/2016 –
P, item 9.2.1.1)
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao INSS que implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário
do FRGPS, em convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os
imóveis do FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens.

II.1.3. Falhas de Controle e de Divulgaçã o


II.1.3.1. Restrições de conformidade contábil que ultrapassaram o exercício
Situação encontrada
A Nota Explicativa 09 às Demonstrações de 2016 faz menção a 59 ocorrências de restrições de
conformidade contábil. Já em consulta ao Siafi 2016 realizada em 10/2/2017, utilizando a transação
CONCOFCON, foram constatadas 161 ocorrências de restrições para o Órgão 37904. Além disso,
outras três restrições constaram das respostas do INSS ao TCU, conforme tabela a seguir.

22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Tabela 16 - Restrições à conformidade apontadas em diversas fontes


Restrições Apontadas No SIAFI 2016 Órgão 37904 (CONCONFCON)
Ocorrências
Data 10/02/2017
Tabela 11 Notas
Número Diferença
Códig Grup Expl. 09 De
Título Ocorrência
o o 2016
s
Falta/Restrição Conform. Registros De
315 199 43 27 16
Gestão
736 Falta Registro Conformidade Contábil 299 28 1 27
713 Sldos Along/Indev. Contas Trans.De Receitas 262 21 7 14
Sld Along./Indev Ctas Transit. Pas.
674 221 12 1 11
Circulante
615 Falta De Atualiz. Valores Ativo Realiz. LP 212 11 2 9
707 Saldo Invertido - Classe 8 280 10 4 6
604 Falta De Atualiz. De Ativos Circulantes 211 9 6 3
Não Atend. Orientação Órgão Cont
318 199 7 4 3
Set/Central
721 Saldo Invertido - Variações Pat. Aumentativas 240 7 - 7
697 Saldo Invertido - Classe 6 262 6 1 5
Apropriação Despesas Fora Período
306 162 1 2 -1
Competência
772 Demais Incoerências - DDR 299 1 - 1
703 Erro Na Classificação Da Despesa 262 1 - 1
Falta Registro De Restrição/Conf.Regis.
319 199 1 1 0
Gestão
616 Outros - Ativo Não Circulante 212 1 - 1
696 Outros - Controles Credores 280 1 - 1
Regularização Indevida Valores OB
683 221 1 - 1
Canceladas
Restrições Que Constam Das Respostas Do
   
INSS Não Observadas No SIAFI
Saldos De Imóveis Esp. Não Confere C/
538   0 1 -1
SPIUNET
606 Sld Along/Indev: Contas Trans. At. Circulante   0 1 -1
607 Outros - Ativo Circulante   0 1 -1
21 Totais 161 59 102
Fonte: Siafi 2016, Nota Explicativa 09 às demonstrações de 2016 e Respostas do INSS
Verifica-se, portanto, que houve a ocorrência de restrições à conformidade contábil que
ultrapassaram o exercício financeiro de 2016, descumprindo a recomendação do subitem 9.2.1.3 do
Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário:
9.2.1.3. consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades Gestoras sob sua
responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das ocorrências
apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que as
ocorrências de restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto
6.976/2009 e IN-STN 6/2007;
Já nas demonstrações contábeis do FRGPS relativas a 2015, a equipe de auditoria financeira do
TCU que verificou aquelas demonstrações constatou que, ao final do exercício, 44 unidades
gestoras do Fundo encerraram o exercício com registro de 52 restrições na conformidade contábil.
De acordo com o Decreto 6.976/2009, os órgãos do Sistema de Contabilidade Federal devem
realizar conformidade contábil dos atos e fatos da gestão orçamentária, financeira e patrimonial

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

praticados pelos ordenadores de despesa e responsáveis por bens públicos, à vista dos princípios e
normas contábeis aplicadas ao setor público.
A Instrução Normativa STN 6, de 31/10/2007, define as situações em que devem ser registradas as
restrições e o Siafi codifica as ocorrências para controle.
Pela Macrofunção Siafi 020315, item 6.1.2, cabe ao ordenador de despesas, mensalmente, consultar
a conformidade contábil no Siafi das Unidades Gestoras (UG) sob sua responsabilidade, a fim de
providenciar a solução junto às áreas envolvidas.
As ocorrências não regularizadas até o encerramento do exercício financeiro devem ser justificadas
no processo de contas anual, por meio da declaração do contador, conforme recomendação
prolatada no item X, “k” do Parecer Prévio do TCU sobre as Contas da Presidência da República
de 2014. Na alínea “l” do mesmo item X, recomenda-se que a STN monitore as justificativas
acerca dos registros de restrições contábeis, de modo a dar transparência às razões pelas quais as
setoriais contábeis não adotam todas as medidas necessárias para correção dos problemas contábeis
eventualmente existentes dentro do exercício a que se referem.
Em consulta à declaração do contador constante das respostas do INSS (peça 13, p. 23-27),
verificou-se que há justificativas apresentadas para apenas 14 restrições ocorridas (letras “a” a “n”),
acompanhadas das razões pelas quais os problemas não foram resolvidos. No entanto, conforme
verificado na Tabela 1, não constam justificativas para as demais ocorrências.
Objeto
Demonstrações financeiras do FRGPS em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Decreto 6.976/2009, art. 6º (unidades responsáveis pela conformidade contábil) e art. 8º
(realização da conformidade contábil).
b) Instrução Normativa STN 6, de 31/10/2007, que disciplina os procedimentos relativos ao
registro das Conformidades Contábil e de Registro de Gestão.
c) Recomendação do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, subitem 9.2.1.3.
d) MCASP 6ª Edição (2015), Parte V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público,
subitem 8.2 - Notas Explicativas, alínea “d”, item “iii”, p. 350 (peça 83).
e) Macrofunção 020315 do Siafi, item 6.1.2 (peça 79).
Evidência
59 ocorrências de restrições de conformidade contábil que constam na tabela 11 da Nota
Explicativa 09 às Demonstrações de 2016 (peça 88, 21-29)
Causa
Ausência de verificação para regularização de 161 registros de restrições de conformidade
contábeis no Órgão FRGPS constantes do Siafi, cuja competência pertence ao ordenador de
despesa do Fundo.
Efeitos
Distorção nas informações contábeis, não refletindo adequadamente as informações dispostas nos
demonstrativos contábeis, e comprometendo a fidedignidade da informação financeira.
Comentários do gestor
Segundo o gestor (peça 51, p.13) “o registro da conformidade contábil é o instrumento utilizado
pela setoriais contábeis para indicar ao Ordenador de Despesa possíveis inconsistências na
execução orçamentária, financeira e patrimonial. Não necessariamente uma restrição contábil
emitida culminará em implicações nas demonstrações contábeis. Por exemplo, a falta de
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

conformidade de registro de gestão, no âmbito do INSS/RGPS, demonstra que há falta de pessoal


para realização deste tipo de conformidade, recaindo esta obrigação sobre o ordenador de despesas,
que muitas vezes deixa de efetuar por se encontrar envolvido com outras atividades. Nestes casos o
contador responsável é obrigado a emitir a restrição de falta de conformidade de registro de gestão,
mas não significa dizer que há um impacto nas demonstrações contábeis”.
Análise dos comentários
É certo que a falta de registro de gestão pode não impactar diretamente nas demonstrações
financeiras, contudo das 161 restrições identificadas, apenas 43 eram dessa natureza, 28 tratavam
de falta de registro de conformidade e as outras 90 se referem a diversas inconsistência que afetam
os demonstrativos do FRGPS.
Considerando que a conformidade contábil pretende registrar situações que afetam os registros
contábeis como um todo para que sejam corrigidos tempestivamente, de modo que ao final do
exercício os demonstrativos fiquem o mais próximo da realidade dos fatos possível, cabe à unidade
gestora responsável pelo acompanhamento contábil trabalhar que ao final do exercício as
demonstrações não apresentem quaisquer inconsistências ou desequilíbrios.
Em razão do exposto, propõe-se reiterar a proposta de encaminhamento feita em auditoria anterior
(Acórdão TCU 1.749/2016 – P, item 9.2.1.3).
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao INSS que consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades
Gestoras sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das
ocorrências apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que
as ocorrências de restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto
6.976/2009 e IN-STN 6/2007.

II.2. Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)


II.2.1. Distorçã o de valores
II.2.1.1. Despesas do abono salarial de competência de 2015 registradas no exercício de 2016 e
ausência de provisão para pagamento do abono de ano-base 2016.
Situação Encontrada
Por meio do § 3º do art. 239 da Constituição Federal, é assegurado o pagamento de um salário
mínimo anual, aos empregados de contribuintes do Programa de Integração Social (PIS) e do
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), que recebam até dois salários
mínimos de remuneração mensal:
Da mesma forma, o art. 9º da Lei 7.998/1990 regulamenta que:
“Art. 9º É assegurado o recebimento de abono salarial anual, no valor máximo de 1 (um) salário-
mínimo vigente na data do respectivo pagamento, aos empregados que:
I - tenham percebido, de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social
(PIS) ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), até 2 (dois)
salários mínimos médios de remuneração mensal no período trabalhado e que tenham exercido
atividade remunerada pelo menos durante 30 (trinta) dias no ano-base;
II - estejam cadastrados há pelo menos 5 (cinco) anos no Fundo de Participação PIS-Pasep ou no
Cadastro Nacional do Trabalhador. ” (grifo nosso)
De acordo com esse artigo, acima reproduzido, são duas as condições para que o empregado
adquira o direito de receber o abono salarial. Primeiro, ter recebido até dois salários mínimos;
segundo, ter exercido pelo menos 30 dias de atividade remunerada no ano-base. Entende-se como
ano-base aquele ano em que o trabalhador tenha efetivamente trabalhado. A partir dessa leitura,
pode-se inferir que se o empregado trabalhou em 2015, adquiriu o direito ao abono salarial no
exercício financeiro de 2015. Se trabalhou em 2016, adquiriu o direito ao abono em 2016.

25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Para viabilizar o pagamento desse direito adquirido - o benefício de Abono Salarial - o Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) define todos os anos, por meio de
Resolução, um calendário-cronograma de pagamentos. Esse cronograma se inicia a partir do mês
de julho do ano seguinte ao ano-base (ano em que o empregado adquiriu o direito) e considera a
data de nascimento do benefício como ponto base de organização a partir do qual o recurso
financeiro estará disponibilizado para saque. A partir da data do pagamento do FAT, o recurso fica
disponível até o ano seguinte, conforme definido nas resoluções.
Mas para que o beneficiário tenha tempo suficiente para saque é preciso que a Administração
Pública empenhe, liquide e pague com uma certa antecedência, especialmente daqueles
beneficiários que fazem aniversário nos últimos meses do calendário. O cronograma de pagamento
até 1999 estava assim disposto:
Tabela 17- Cronograma de recebimento do Abono Salarial – PIS, ano 1999/2000 –
ano-base 1998
Abono disponível
Nascidos em: Receberão e partir de
até
Julho 01 A 15 21/09/99 28.04.2000
16 A 31 23/09/99
Agosto 01 A 15 28/09/99 28.04.2000
16 A 31 14/10/99
Setembro 01 A 15 19/10/99 28.04.2000
16 A 30 21/10/99
Outubro 01 A 15 26/10/99 28.04.2000
16 A 31 18/11/99
Novembro 01 A 15 22/11/99 28.04.2000
16 A 30 24/11/99
Dezembro 01 A 15 14/12/99 28.04.2000
16 A 31 16/12/99
Janeiro 01 A 15 21/12/99 28.04.2000
16 A 31 28/12/99
Fevereiro 01 A 15 13/01/2000 28.04.2000
16 A 29 18/01/2000
Março 01 A 15 20/01/2000 28.04.2000
16 A 31 24/01/2000
Abril 01 A 15 26/01/2000 28.04.2000
16 A 30 10/02/2000
Maio 01 A 15 15/02/2000 28.04.2000
16 A 31 17/02/2000
Junho 01 A 15 22/02/2000 28.04.2000
16 A 30 24/02/2000
Fonte: Resolução Codefat nº 213, de 29 de Julho de 1999
O calendário mostrado acima refere-se apenas ao PIS. Por uma questão de economia optou-se por
não transcrever o calendário do Pasep, uma vez que a lógica é mesma. A grande diferença está no
ponto base de organização a partir do qual o recurso financeiro estará disponibilizado para saque.
No PIS utiliza-se a data de nascimento e no Pasep, utiliza-se o número final da inscrição.
Contabilmente, até 1999, a última ordem bancária emitida para o cronograma, ocorria em meados
de fevereiro do segundo ano seguinte ao ano-base do direito adquirido, para dar uma margem de
tempo para que os aniversariantes dos últimos meses do calendário não ficassem tão prejudicados e
assim pudessem sacar o abono.
No ano de 2000, o cronograma de pagamento sofreu uma alteração na data de disponibilização do
recurso. A Administração Pública passou a empenhar e pagar todos os aniversariantes do calendário
apenas no exercício seguinte ao ano-base, deixando os recursos disponíveis para saque até o
segundo ano seguinte ao ano-base, conforme calendário de 2000/2001.
26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Tabela 18 - Cronograma de recebimento do Abono Salarial – PIS,


ano 2000/2001 – ano base 1999
Início do Abono disponível
Nascidos em:
Pagamento até
Julho 01 A 15 29 / 08 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 31 / 08 / 2000
Agosto 01 A 15 12 / 09 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 14 / 09 / 2000
Setembro 01 A 15 19 / 09 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 30 21 / 09 / 2000
Outubro 01 A 15 26 / 09 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 28 / 09 / 2000
Novembro 01 A 15 10 / 10 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 30 17 / 10 / 2000
Dezembro 01 A 15 19 / 10 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 24 / 10 / 2000
Janeiro 01 A 15 26 / 10 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 09 / 11 / 2000
Fevereiro 01 A 15 14 / 11 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 29 16 / 11 / 2000
Março 01 A 15 21 / 11 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 23 / 11 / 2000
Abril 01 A 15 28 / 11 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 30 12 / 12 / 2000
Maio 01 A 15 14 / 12 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 31 19 / 12 / 2000
Junho 01 A 15 21 / 12 / 2000 27 / 04 / 2001
16 A 30 27 / 12 / 2000
Fonte: Resolução Codefat nº 238, de 5 de Julho de 2000
A partir de 2000, contabilmente e orçamentariamente, a despesa era reconhecida integralmente no
exercício seguinte ao ano-base, ou seja, no exercício seguinte ao fato que deu origem à despesa
(fato gerador). Esse procedimento se manteve até o exercício de 2014, quando o Codefat
novamente, por meio de resolução, alterou o cronograma de pagamento de modo que o registro
contábil passou a ser efetuado em dois exercícios conforme ocorria antes de 1999. A tabela abaixo
mostra o cronograma. A coluna “recebem a partir de” representa o momento imediatamente
posterior ao envio da ordem bancária ao banco para disponibilização do abono ao beneficiário.
Tabela 19 - Cronograma de recebimento do Abono Salarial – PIS, ano
2015/2016 – ano base 2014
Recebem a partir
Nascidos em Recebem Até
de
Julho 22 / 07 / 2015 30 / 06 / 2016
Agosto 20 / 08 / 2015 30 / 06 / 2016
Setembro 17 / 09 / 2015 30 / 06 / 2016
Outubro 15 / 10 / 2015 30 / 06 / 2016
Novembro 19 / 11 / 2015 30 / 06 / 2016
Dezembro 17 / 12 / 2015 30 / 06 / 2016
Janeiro 14 / 01 / 2016 30 / 06 / 2016
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Fevereiro
Março
16 / 02 / 2016 30 / 06 / 2016
Abril
Maio
17 / 03 / 2016 30 / 06 / 2016
Junho
Fonte: Resolução CODEFAT nº 748, de 2 de Julho de 2015
Dessa forma, percebeu-se que as despesas, cujo fato gerador (ou ano-base) ocorreram em 2014
começaram a ser pagas em julho de 2015 e se estenderam até 2016, conforme consta em consulta
aos empenhos realizados no exercício de 2016 (tabela 20). E aquelas despesas, cuja fato gerador
(ou ano-base) ocorreram em 2015 começaram a ser pagas em julho de 2016 e se estenderão até
2017.
Tabela 20 - Empenhos realizados para pagamento do abono salarial – exercício de 2016
Número do Agente Calendári Ano
Valor Empenhado Descrição
Empenho Pagador o Base
2015/201
2016NE000012 CEF 2014
3.502.705.936,96 Abono Salarial - PIS 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000015 BB 2014
638.000.000,00 PASEP 6
2015/201
2016NE000020 CEF 2014
5.463.008.059,80 Abono Salarial - PIS 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000029 BB 2014
370.000.000,00 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000061 BB 2014
165.113.799,20 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000062 BB 2014
734.886.200,80 PASEP 6
Abono Salarial - 2015/201
2016NE000065 BB 2014
130.000.000,00 PASEP 6
Total ano-base 2014 (empenhado 11.003.713.996,7
em 2016) 6
2016/201
2016NE000063 CEF 2015
1.230.939.407,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000064 CEF 2015
4.728.979.962,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000093 CEF 2015
497.294.063,04 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000100 CEF 2015
328.093.388,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000101 CEF 2015
60.000.000,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000102 CEF 2015
77.349.186,00 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2016NE000103 CEF 2015
5.360.675,00 Abono Salarial - PIS 7
Total ano-base 2015 (empenhado
6.928.016.681,04
em 2016)
17.931.730.677,8
Total Geral empenhado em 2016
0
Abono Salarial - 2016/201
2017NE000012 BB 2015
531.500.000,00 PASEP 7
Abono Salarial - 2016/201
2017NE 000013 BB 2015
531.500.000,00 PASEP 7
28
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

2016/201
2017NE 000014 CEF 2015
4.019.602.299,37 Abono Salarial - PIS 7
2016/201
2017NE 000015 CEF 2015
4.000.000.000,00 Abono Salarial - PIS 7
Total ano-base 2015 (empenhado
em 2017) 9.082.602.299,37
Fonte: Siafi/2016
Entende-se que o ano-base é o fato gerador da despesa com benefícios do abono salarial (PIS e
Pasep), contudo somente com o encerramento do exercício é possível verificar a existência de fato
ou não do direito adquirido (fato gerador). Em razão disso, não é possível que despesa seja
reconhecida pelo seu valor exato dentro do exercício de competência. A Administração precisa de
um tempo (6 meses) para realizar o cruzamento entre as bases de dados trabalhistas, com vistas a
identificar todos aqueles empregados que cumpriram as condições estabelecidas para obtenção do
abono.
Ainda assim, o FAT tem pleno conhecimento de que terá que arcar com despesas do abono todos os
exercícios financeiros, pois todos os anos haverá empregados que preencham os requisitos legais.
Trata-se, então, de uma obrigação legal e previsível, ou seja, ocorre sistematicamente todos os
exercícios, embora no encerramento desse não se saiba o valor exato.
Sendo assim, é possível que haja um planejamento com estimativas de pagamentos para que sejam
reconhecidos dentro do exercício a que pertencem, em obediência ao princípio da competência de
que trata o inciso II, art. 50 da LRF:
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência,
apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
De acordo com o quadro acima as despesas referentes ao ano-base de 2015 totalizaram (o
empenhamento) R$16.010.618,980,41, sendo que 43,27% foram empenhadas em 2016 e 56,73%
empenhadas em 2017 (consulta feita em 13/3/2017). Já as despesas referentes ao ano-base (fato
gerador) de 2016, mesmo sendo despesas obrigatórias e previsíveis, somente serão reconhecidas a
partir de meados de 2017.
Observa-se, portanto, que o cronograma de desembolso do Abono Salarial (PIS e Pasep) não
observa o princípio da competência na execução da despesa, uma vez que cerca R$ 11 bilhões do
Abono de competência 2014 foi executado em 2016, e R$ 6,9 bilhões do Abono de 2015,
executado em 2016, sem a correspondente assunção do compromisso, pelo regime competência,
nos exercícios dos respectivos momentos de ocorrência do fato gerador.
O mesmo está acontecendo com o Abono (PIS e Pasep) de competência de 2016, cujo pagamento
iniciar-se-á em 2017 e adentrará por 2018, sem o devido reconhecimento da obrigação de
pagamento na Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) do exercício de 2016. Sendo assim,
considera-se que a DVP do FAT de 2016 apresenta uma distorção no que se refere ao
reconhecimento das despesas de competência dos exercícios de 2014 e 2015 e ao não-
reconhecimento das despesas de competência de 2016.
Adicionalmente, o Boletim de Informações Financeiras do FAT (6º bimestre, pg. 13), informa nas
observações do anexo I que as receitas do FAT são contabilizadas pelo regime de caixa e que as
despesas pelo regime de competência (Lei nº 4.320/1964). Informa, ainda, que as despesas com
Abono referentes a 2016 (janeiro a dezembro) totalizaram R$17.931.730.677,80. Contudo,
verificou-se que o valor apresentado no anexo I refere-se ao valor total empenhado com o
orçamento de 2016. Não se trata das despesas patrimoniais de 2016 reconhecidas em 2016. Trata-se
de despesas de competência de 2014 e 2015 reconhecidas, empenhadas e pagas em 2016, conforme
demonstrado na tabela 20 (acima).
No mesmo anexo do mesmo boletim, supra mencionado, observou-se uma comparação entre as
despesas executadas em 2015 e 2016. Percebe-se pelo recorte do boletim abaixo transcrito que
entre estes dois exercícios financeiros a informação é a de que houve um aumento de despesas com

29
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

abono em 77,09%. Não há um esclarecimento sobre os reais motivos desse aumento tão
significativo, no boletim ou em quaisquer documentos publicados pelo FAT.
Na verdade, o que explica variação de tal magnitude é o impacto da alteração do cronograma de
pagamento conforme demonstrado da tabela 19. Como já dito anteriormente entre 1999 e 2014 as
despesas com abono eram contabilizadas (e pagas) dentro do exercício seguinte ao ano-base, ou
seja as despesas de competência de 2014 deveriam ter sido contabilizados em 2015, se o calendário
de pagamento não tivesse sido alterado. Contudo em 2015, o Codefat postergou o cronograma
fazendo com que parte das despesas de competência de 2014 fossem pagas somente em 2016.
Ao apresentar a informação, incluindo despesas postergadas de um exercício para outro, a
informação perdeu sua comparabilidade. Então não há o que se falar em aumento de despesas com
abono (pelo menos não nessa magnitude) entre esses dois exercícios pois com a postergação
perdeu-se semelhanças temporais entre os dois conjuntos de informações.
Tabela 21 - Recorte do Demonstrativo da Execução Financeira do
FAT – 2016
2015 2016 Var. %
Discriminação do Resultado
Jan-Dez Jan-Dez 2016/2015
II.1 Despesas Correntes 56.254.719.057,7
48.686.982.637,90 15,54%
(totais) 5
II.1.1 Pgto. Seguro-
38.054.496.461,78 37.772.211.559,20 -0,74%
Desemprego
17.931.730.677,8
II.1.2 Pgto. Abono Salarial 10.125.701.665,00 77,09%
0
Fonte Anexo I, do Boletim de Informações Financeira do FAT (6º bimestre, pg. 13),
A mudança no cronograma de pagamento ocorrida em 2015, segundo o sítio do Ministério do
Trabalho, foi realizada para garantir a saúde financeira do fundo, uma vez que seriam necessários
cerca de R$ 18 bilhões para o pagamento do abono em 2015 e o valor do desembolso previsto para
o exercício era de R$ 10 bilhões. (<http://trabalho.gov.br/noticias/900-orcamento-aprovado-do-fat-
para-2016-e-de-r-76-4-bilhoes>).
Objeto
Demonstração das Variações Patrimoniais do Fundo do Amparo ao Trabalhador de 2016.
Critérios
Os dispositivos legais e documentos utilizados como critérios foram:
a) § 3º do art. 239 da Constituição Federal, que estabelece que é assegurado o pagamento de um
salário mínimo anual, a título de Abono Salarial, aos empregados de contribuintes do PIS e do
Pasep, que recebam até dois salários mínimos de remuneração mensal;
b) Lei 7998/1990, Art. 9° que regulamenta o § 3º do art. 239 da Constituição Federal;
c) Lei 4320/1964, Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações
verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o
resultado patrimonial do exercício;
d) Princípio da Competência – Lei Complementar 101/2000 (LRF), Art. 50. II - a despesa e a
assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência (...).
Evidências
a) Resolução Codefat n. 748/2015 (peça 59);
c) Resolução Codefat n. 213/1999 (peça 60);
d) Resolução Codefat n. 238/2000 (peça 61);
e) Resolução Codefat nº 768/2016 (peça 62);

30
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

d) Notas de Empenhos: 2016NE000012, 2016NE000015, 2016NE000020, 2016NE000029,


2016NE000061, 2016NE000062, 2016NE000065, 2016NE000063, 2016NE000064,
2016NE000093, 2016NE000100, 2016NE000101, 2016NE000102, 2016NE000103;
2017NE000012, 2017NE000013, 2017NE000014, 2017NE000015 (peça 63)
Causas
a) Cronograma de pagamento que perpassa mais de um exercício (2015-2016), conforme
Resolução Codefat nº 748/2015 e Anexos I e II;
b) Cronograma de pagamento que perpassa mais de um exercício (2016-2017), conforme
Resolução Codefat nº 768/2016, e Anexos I e II;
Efeitos
a) Superavaliação na DVP em razão da existência de registros de despesas do exercício de 2015 em
2016.
b) Subavaliação na DVP em razão da ausência de registros de despesas de competência de 2016.
c) Falta de transparência nos registros contábeis dos gastos com Abono Salarial;
d) Inobservância no princípio da competência na execução da despesa pública patrimonial,
conforme definido no inc. II, art. 50 da Lei Complementar 101/2000 (LRF).
e) perda de comparabilidade das despesas entre os exercícios financeiros.
Comentários dos gestores
Em reunião realizada em 28/3/2017 (lista de presença à peça 92), os gestores do Ministério do
Trabalho ponderaram que a dinâmica de pagamento do Abono Salarial foi alterada nos últimos
anos em função de restrições orçamentárias. Segundo os gestores, até 2014, o Ministério dispunha
de orçamento para disponibilizar a totalidade dos benefícios já no exercício seguinte ao ano-base.
Já em 2015, o Ministério não teve orçamento para o pagamento integral do abono.
Segundo Nota Informativa nº 003/2017 – CGFAT/SPOA/SE/MTb, (peça 90), decidiu-se adequar o
cronograma de pagamento do Abono Salarial ao exercício financeiro do Fundo PIS-Pasep, que
corresponde ao período de 1º de junho de cada ano a 30 de junho do ano subsequente, conforme
art. 6º do Decreto 4751/2003. O fundo PIS-Pasep é responsável por uma parcela das obrigações do
Abono Salarial, de modo que essa adequação se mostrou apropriada.
Segundo os gestores, o fato gerador do Abono Salarial é o final de cada ano-base, que é quando o
trabalhador que preencheu os critérios legais adquire o direito ao recebimento do benefício. Porém,
não é possível apurar o valor exato do direito (e individualizá-lo para cada beneficiário) ainda no
ano-base, uma vez que a apuração desse direito só é possível com o recebimento dos dados da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) relativa ao ano-base, o que só ocorre por volta de
maio do ano seguinte.
No entanto, os gestores afirmaram que, já ao final do ano-base, é possível fazer uma estimativa
sobre o valor aproximado do total de obrigações que o Ministério terá com o pagamento futuro de
benefícios, com base no histórico anual de pagamentos do Abono, associado a outros dados
econômicos, tais como o nível de emprego e o valor do salário mínimo.
Assim, por estimativa, é possível fazer o reconhecimento da despesa patrimonial relativa ao
pagamento futuro de Abono Salarial ainda ao final do ano-base (ano de competência), de modo que
esta obrigação seja registrada na Demonstração das Variações Patrimoniais do exercício de
competência e refletida no Balanço Patrimonial do FAT desse mesmo ano.
Segundo Nota Informativa nº 21/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, (peça 91), esse registro deve
ser feito por meio de uma provisão, por tratar-se de passivo com prazo ou valor incerto, em
atendimento ao determinado pelo MCASP, 6ª Edição, item 9.1. A Nota ressalta ainda que tal
registro não eliminaria a ocorrência de superavaliação ou subavaliações na DVP em relação aos

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

gastos com Abono Salarial, mas que este problema ocorreria em valores menores do que se verifica
hoje.
Já em relação à despesa orçamentária, os gestores do Ministério, em entrevista, apontaram a
dificuldade de se executar integralmente a despesa com Abono dentro do exercício seguinte ao ano
base em função da insuficiência de dotação orçamentária.
Em relação ao aspecto orçamentário, para os gestores, existe a necessidade de envolver a Secretaria
de Orçamento Federal (SOF/Ministério do Planejamento) na discussão, para avaliar se a
disponibilização do orçamento para o pagamento do Abono deve ser mantida fracionada em dois
exercícios ou se é possível a liberação do orçamento integral já no exercício seguinte ao ano-base.
Segundo os gestores, caso o orçamento esteja disponível, mesmo que o pagamento integral ao
beneficiário não seja feito integralmente no exercício seguinte, pode-se proceder à inscrição de
restos a pagar da parcela que venha a ser paga ao beneficiário no exercício subsequente. Assim, se
daria maior transparência ao gasto anual com Abono Salarial, com o empenho total da despesa
relativa a um dado ano-base sendo realizada dentro de um mesmo exercício.
Análise dos comentários
Considerando o posicionamento manifestado pelos gestores, esta equipe entende que o caso
demanda a separação do registro da despesa com Abono Salarial entre as esferas orçamentária e
patrimonial.
Ou seja, independentemente da dinâmica orçamentária e financeira que o FAT defina juntamente
com o Codefat e o Ministério do Planejamento para o empenho, liquidação e pagamento da despesa
orçamentária com Abono Salarial, a despesa patrimonial relativa ao benefício (obrigação de
pagamento) deve ser reconhecida por estimativa dentro de seu exercício de competência, ou seja,
ao final de cada ano-base, de modo a atender ao princípio da competência da despesa patrimonial
estabelecido pelo art. 50, II, da LRF.
Assim, cabe à CGFAT proceder ao registro de uma provisão no Balanço Patrimonial do FAT
correspondente à obrigação com Abono Salarial de cada ano-base, independentemente da execução
orçamentária da despesa.
Já nos Boletins Financeiros do FAT, assim como nas Notas Explicativas do Balanço Orçamentário
do FAT, deve-se deixar claro que a despesa orçamentária que está sendo executada em um dado
exercício refere-se ao adimplemento de uma obrigação adquirida em exercícios anteriores. Desse
modo, garante-se a transparência da informação e permite-se a comparabilidade dos gastos com
Abono Salarial realizados a cada ano.
Proposta de Encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) reconheça a despesa patrimonial com Abono Salarial, de
modo que o registro contábil coincida com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito
adquirido, em obediência ao que preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb), no âmbito do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), que em seus Boletins Financeiros e nas Notas Explicativas às demonstrações financeiras,
deixe claro que a execução da despesa orçamentária com Abono Salarial refere-se a direitos
adquiridos pelos beneficiários em exercícios anteriores, permitindo ao usuário da informação
identificar com facilidade a qual ano-base o gasto se refere.
II.2.1.2. Superavaliação nas despesas do Balanço Orçamentário e da Demonstração de Variações
Patrimoniais do FAT correspondentes aos valores disponibilizados aos beneficiários, a título de
Seguro Desemprego, que não foram desembolsados e perderam a validade ainda no exercício de
2016
Situação Encontrada
Nos casos previstos pela Lei 13.134/2015, o trabalhador demitido sem justa causa passa a ter o
direito ao recebimento do Seguro Desemprego, desde que o requeira. Após ter o seu direito
32
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

reconhecido por um agente habilitador, o beneficiário deverá receber a primeira parcela do Seguro
Desemprego em 30 dias contado da data do requerimento. A parcela devida a cada segurado passa
então a compor um lote semanal de pagamentos que contém as informações individualizadas de
todos que deverão receber o benefício em uma determinada semana.
Cada lote semanal fica disponível para saque por 67 dias e, caso o beneficiário não realize o saque
neste período, o lote perde a validade, perdendo assim o direito de sacar o benefício por vias
administrativas e os valores correspondentes devem ser restituídos ao FAT.
Apesar disso, a restituição dos benefícios de Seguro Desemprego não desembolsados é repassada
ao FAT apenas uma vez ao ano, em cerca de 18 de maio do exercício seguinte ao exercício de
competência, o que corresponde a 60 dias após a perda de validade do último lote de cada
exercício, juntamente com o processo de prestação de contas anual da aplicação dos recursos de
Seguro Desemprego, conforme definido pelo Contrato de Prestação de Serviços nº 38/2013
firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal (CEF), para a operacionalização
do Seguro Desemprego (peça 65).
Enquanto isso, os recursos relativos aos benefícios não desembolsados ficam depositados em uma
conta de “Suprimento” própria do Seguro Desemprego junto à Caixa Econômica Federal, sendo
remunerados mensalmente conforme determina a Resolução Codefat nº 164/1998.
Esses valores são devidamente remunerados ao FAT, mas o Fundo não registra em seu ativo o
direito a receber correspondente aos benefícios fora da validade ainda não restituídos, nem realiza a
anulação das despesas correspondentes, o que permitiria a recomposição da dotação orçamentária
relativa ao Seguro Desemprego, ainda durante o exercício financeiro de competência.
A quantificação dos benefícios de Seguro Desemprego disponibilizados em 2016 e que perderam a
validade ainda no exercício de competência, foi possível por meio das informações
disponibilizadas pelo Ofício nº 001/2017/DEGOV/2017 (peça 12), que apresentou todos os valores
não desembolsados de Seguro Desemprego que perderam a validade até 31/12/2016, por
modalidade de Seguro Desemprego. Os valores das quatro modalidades apresentadas foram então
somados para se identificar o valor da distorção de R$ 379.926.611,81.
Interessante destacar que os benefícios que perderam sua validade ainda no exercício de 2016
restringem-se aos lotes abertos até a 4ª semana de outubro, visto que os lotes abertos
posteriormente a essa data ainda se encontravam válidos em 31/12/2016, e, portanto, ainda estavam
disponíveis para o saque dos beneficiários.
Segundo o Ofício nº 004/2017/DEGOV/2017 (peça 37), a correspondente restituição ao FAT de
todos os valores não desembolsados a título de Seguro Desemprego de 2016 será realizada em uma
única parcela que será transferida apenas em 18/5/2017, data que corresponde a 60 dias após o
encerramento da validade do último lote do exercício, conforme previsto na Cláusula Décima
Sexta, combinada com o Parágrafo Sexto da Cláusula Décima Segunda do Contrato nº 38/2013,
firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal objetivando a prestação de
serviços no âmbito do Seguro Desemprego (Peça 65).
Nesse sentido, o contrato nº 38/2013 é ainda mais permissivo que a própria Resolução Codefat nº
12/1991 que, em seu inciso V, estabelece que a prestação de contas expressa na consolidação dos
relatórios gerenciais estabelecidos pela Resolução nº 09/1990 do Codefat, bem como o saldo final
dos recursos repassados, para fins de recolhimento ao FAT, serão encaminhados pela CEF, no prazo
máximo de 60 dias após o encerramento do exercício e não 60 dias após o encerramento da
validade do último lote do exercício.
Assim, verifica-se a inexistência de anulação das despesas com benefícios de Seguro Desemprego
não desembolsados e com validade vencida. Tal fato foi corroborado por pesquisas realizadas no
Siafi 2016, que apresentaram como único registro de receitas de restituição de benefícios de Seguro
Desemprego o documento 2016NL001149, de 19/7/2016, no valor de R$ 627.886.584,28, relativo
a benefícios de competência de 2015 e no Siafi 2017, que ainda não há registro de nenhuma receita
de restituição de benefícios de Seguro Desemprego não desembolsados.

33
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

De forma corroborativa, a prática aqui descrita de realizar a restituição dos benefícios não
desembolsados de Seguro Desemprego apenas uma vez ao ano e no exercício seguinte ao exercício
de competência foi apresentada à equipe de auditoria em entrevista realizada em 8/12/2016 com
representantes da Coordenação-Geral de Recursos do FAT (CGFAT) e da Secretaria de Políticas
Públicas de Emprego (SPPE) (peça 67), com o objetivo de conhecer o processo de concessão,
pagamento e prestação de contas do Seguro Desemprego, e assim realizar o mapeamento dos
processos e a identificação de seus riscos e controles.
No entanto, o princípio da oportunidade, segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público (MCASP 2015, 6ª Edição, parte II, item 4), dispõe que as transações no setor público
devem ser reconhecidas e registradas integralmente no momento em que ocorrem. Quanto ao
aspecto patrimonial, o MCASP (2015, parte II, item 3.2.2) estabelece que a realização da variação
patrimonial diminutiva deve ocorrer quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por
transferência de sua propriedade para terceiro.
Na mesma linha, a Lei 4320/1964, Art. 104, determina que a Demonstração das Variações
Patrimoniais deve evidenciar as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes
da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.
De tudo isso, depreende-se que, no momento em que um lote de benefícios de Seguro Desemprego
perde a validade, o valor correspondente aos benefícios não desembolsados deve ser baixado da
variação patrimonial diminutiva anteriormente incorrida e reconhecida a superveniência de um
ativo do FAT, que, estando de posse da Caixa Econômica Federal, é um direito a receber do Fundo,
até que os recursos correspondentes sejam efetivamente restituídos ao FAT.
Já quanto ao aspecto orçamentário, o Art. 38 da Lei 4320/1964 determina que deve reverter à
dotação a importância de despesa anulada no exercício. Nesse sentido, quando da superveniência
de um fato que implique na anulação de uma despesa ainda durante o exercício de competência, a
importância correspondente deve ser revertida à dotação, permitindo a recomposição da ação
orçamentária (no caso, a ação 00H4 – Seguro Desemprego) durante o exercício de competência,
atendendo ainda ao princípio da anualidade dos orçamentos.
Por fim, vale destacar o que apresenta o Art. 85 da Lei 4320/1964, ao afirmar que os serviços de
contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução
orçamentária e o conhecimento da composição patrimonial. Este artigo deixa claro o papel da
contabilidade em garantir que:
a) o acompanhamento da execução das despesas orçamentárias deve evidenciar a medida em que
tais despesas realmente ocorreram e, no caso do Seguro Desemprego, isso significa apresentar, ao
final do exercício, apenas os valores de fato percebidos pelos cidadãos que usufruíram desses
benefícios durante o ano, ou que ainda fazem jus ao mesmo, e anular as despesas correspondentes
aos benefícios que já perderam a validade;
b) a composição patrimonial deve ser evidenciada na sua integralidade, o que, em relação ao
Seguro Desemprego implica que os benefícios não desembolsados cujas validades já tenham
expirado, devem ser registrados como um ativo do FAT, e especificamente como um direito a
receber, enquanto estiverem em poder da CEF e não forem restituídos ao Fundo.
Desse modo, entende-se que a regulamentação do Seguro Desemprego deveria permitir que a
anulação da despesa e a consequente restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a
validade seja feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência e que enquanto
não forem efetivamente restituídos ao FAT, os recursos relativos a benefícios fora da validade
devem ser reconhecidos pela contabilidade do FAT por meio do registro de um direito a receber,
que evidencie a medida exata em que o patrimônio do fundo foi, de fato, diminuído.
Objeto
Balanço Orçamentário e Demonstração das Variações Patrimoniais do FAT de 2016.
Critérios de auditoria

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Os dispositivos legais e documentos utilizados como critérios foram:


a) Princípio da oportunidade, segundo o MCASP (MCASP 2015, 6ª Edição, parte II, item 4) (peça
83);
b) MCASP (2015, 6ª Edição, parte II, item 3.2.2): regra de realização da variação patrimonial
diminutiva (peça 83);
c) Lei 4320/1964, Art. 2º - Princípio da anualidade orçamentária
d) Lei 4320/1964. Art. 38;
e) Lei 4320/1964, Art. 85;
f) Lei 4320/1964, Art. 104;
g) Lei 13134/2015
Evidências
As evidências coletadas foram:
a) Ofício nº 001/2017/DEGOV/2017, da Diretoria Executiva de Serviços de Governo da CEF (peça
12);
b) Ofício nº 004/2017/DEGOV/2017, da Diretoria Executiva de Serviços de Governo da CEF (peça
37);
c) Siafi 2016 e 2017, 2016NL001149 (peça 64)
d) Contrato nº 38/2013, firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal (peça 65)
e) Entrevistas realizadas em 8/12/2016 com a CGFAT e a SPPE, e em 20/2/2017, com a CGFAT
(peças 66 e 67).
Causa
A principal causa da situação encontrada é o fato de a prática estar positivada pela Resolução
Codefat nº 12/1991 que estabelece a prestação de contas dos recursos aplicados em Seguro
Desemprego, por meio do Relatório Final de Execução que consolida anualmente os relatórios
gerenciais estabelecidos pela Resolução nº 09/1990 do Codefat, e determina, em seu inciso V, que o
saldo final dos recursos repassados, para fins de recolhimento ao FAT, serão encaminhados pela
CEF, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias após o encerramento do exercício.
Em consequência, o Contrato de Prestação de Serviços nº 38/2013 firmado entre Ministério do
Trabalho e Caixa Econômica Federal, para a operacionalização do Seguro Desemprego, acolheu a
prática de prestação de contas e recolhimento anual dos recursos não desembolsados, e estendeu o
prazo máximo de recolhimento para 60 dias após o encerramento da validade do último lote do
exercício – prazo superior, inclusive, ao que estabeleceu a Resolução Codefat nº 12/1991.
Além disso, os representantes da CGFAT, em entrevista realizada em 20/2/2017 (peça 66),
argumentaram que a prática da restituição anual dos recursos possui a vantagem de conferir ao FAT
maior flexibilidade na gestão de seu fluxo financeiro, e permitir que, em momentos de dificuldades
de caixa que ocorram ao longo do exercício, o Fundo possa continuar custeando o pagamento de
novos benefícios concedidos. Porém, este argumento revela-se frágil uma vez que o FAT dispõe de
uma reserva mínima de liquidez que é fruto de uma estimativa financeira, estabelecida pela Lei nº
8019/1990, justamente com o objetivo de garantir o pagamento dos dispêndios do Programa
Seguro Desemprego e do Abono Salarial (benefícios constitucionais) nos 6 meses seguintes.
Assim, a reserva mínima de liquidez deve ser suficiente para garantir que o FAT não precise
utilizar-se de benefícios não desembolsados para a concessão de novos benefícios, à margem da
contabilidade.
Efeitos

35
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Imprecisão nas informações prestadas pelo Balanço Orçamentário e pela Demonstração das
Variações Patrimoniais do FAT de 2016, no que diz respeito às despesas efetivamente realizadas
com Seguro Desemprego;
Falta de tempestividade na devolução dos benefícios não desembolsados ao FAT e a consequente
impossibilidade de recompor a dotação orçamentária relativa ao à ação orçamentária 00H4 –
Seguro Desemprego:
Falha na integridade dos ativos apresentados no Balanço Patrimonial do FAT, visto que os
benefícios não desembolsados cuja validade já está vencida e ainda não foram devolvidos ao Fundo
não são apresentados como um direito a receber.
Comentários dos gestores
Segundo Nota Informativa nº 003/2017 – CGFAT/SPOA/SE/MTb, (peça 90), a solução para a
restituição dos recursos não desembolsados do Seguro Desemprego, ainda dentro do exercício de
transferência do recurso, somente será possível quando houver alterações nos normativos que
atualmente embasam a prestação de contas deste benefício, bem como do Contrato de Prestação de
Serviços nº 38/2013 firmado entre Ministério do Trabalho e Caixa Econômica Federal, para a
operacionalização do Seguro Desemprego.
Em entrevista realizada em 28/3/2017 (lista de presença à peça 92), os gestores do Ministério do
Trabalho apontaram ainda a necessidade de revisar o Contrato nº 38/2013 em função do fato,
apontado pela auditoria, de ele ser ainda mais permissivo do que aquilo que está estabelecido na
própria Resolução Codefat 12/1991.
Em entrevista, os gestores ressaltaram também o fato de o FAT não incorrer em prejuízo financeiro
em função da não-devolução dos recursos, visto que os recursos são remunerados à taxa
extramercado do Banco Central.
De toda forma, segundo Nota Informativa nº 21/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, (peça 91), os
gestores concordam com a necessidade de que os recursos de lotes vencidos sejam devolvidos ao
FAT, em cumprimento ao disposto no Art. 38 da Lei 4.320/64, anulando-se a despesa anteriormente
incorrida e que, diante da impossibilidade da devolução dos valores dentro do exercício financeiro,
deva ser reconhecido um ativo, registrado contra uma variação patrimonial aumentativa.
Segundo os gestores, em entrevista, faz-se necessário levar o tema ao Codefat e rediscutir o fluxo
financeiro do Seguro Desemprego com a Caixa Econômica Federal, de modo a viabilizar a
anulação das parcelas de despesa com Seguro Desemprego que não foram desembolsadas e que
perderam a validade durante o exercício de competência.
Análise dos comentários
Considerando o posicionamento manifestado pelos gestores, esta equipe apenas ressalta que a
dinâmica de devolução dos benefícios não desembolsados tal como é feita hoje resulta em uma
informação equivocada quanto ao nível de gastos com Seguro Desemprego incorrido pelo Governo
Federal. A não-devolução de tais benefícios faz com que tanto as despesas orçamentárias quanto as
variações patrimoniais diminutivas do FAT com Seguro Desemprego fiquem sobreavaliadas em
relação ao gasto efetivamente incorrido pelo FAT.
Ademais, destaca-se que não se faz necessário que o processo de prestação de contas seja realizado
com periodicidade menor do que a que ocorre atualmente; apenas a devolução dos recursos não-
desembolsados deveria ser mais tempestiva, de forma a permitir a recomposição da dotação
orçamentária.
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), revise o processo de devolução dos benefícios do seguro
desemprego não desembolsados que perderam validade durante o exercício financeiro, de modo
que tais recursos sejam revertidos mais tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos

36
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

cofres do FAT, dentro do exercício de competência, em consonância com as disposições contidas


no MCASP (Parte II, itens 3.2.2 e item 4).
Recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb) que:
a) juntamente com Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), avalie a
oportunidade de realizar a revisão da Resolução Codefat nº 12/1991, com o objetivo de permitir
que a restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja feita de forma
tempestiva, ainda durante o exercício de competência;
b) reveja o Contrato de Prestação de Serviços nº 38/2013 firmado entre MTb e Caixa Econômica
Federal, de operacionalização do Seguro Desemprego, com o objetivo de permitir que a restituição
ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja
feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência.

II.2.1.3. Subavaliação do Balanço Orçamentário do FAT em razão da ausência do registro das


receitas realizadas de contribuição para o PIS/Pasep.
Situação encontrada
Não foram identificados registros da receita realizada de contribuição para o PIS/Pasep nas
Demonstrações Financeiras do FAT.
Por outro lado, tais registros foram identificados na UG 170013 - SPOA, vinculada ao órgão 25000
- Ministério da Fazenda, natureza da receita 12100911, 12100912, 12100913 e 12100914, no valor
de R$ 54.348.888.546,76.
O art. 239 da Constituição estabelece que os recursos arrecadados com a contribuição para o
PIS/Pasep devem ser destinados, nos termos da lei, ao financiamento do seguro-desemprego e ao
abono salarial. Já a Lei 7.998/1990 em seu artigo 11 vincula tais recursos ao FAT. E o art. 102 da
Lei 4.320/1964 impõe que se faça a demonstração no Balanço Orçamentário das receitas e despesas
previstas em confronto com as realizadas.
Sendo assim, visto que os recursos em questão pertencem ao FAT, por decorrência lógica, o registro
contábil da receita realizada deve ser realizado no âmbito orçamentário e patrimonial do órgão
38901 – FAT/MTb, em observância ao princípio contábil da entidade.
Objeto
Balanço orçamentário do FAT 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) CF/88, art. 239, caput;
b) Lei 4.320/64, art. 102;
c) Lei 7.998/90, art. 11, inciso I;
d) Lei 8.019/90, art. 1º.
Evidências
Balanço Orçamentário do FAT sem registro da receita realizada oriunda da contribuição para o
PIS/Pasep (peça 86, p. 6-8).
Por outro lado, tais registros foram identificados na UG 170013 - SPOA, vinculada ao órgão 25000
- Ministério da Fazenda, natureza da receita 12100911, 12100912, 12100913 e 12100914, no valor
de R$ 54.348.888.546,76, conforme demonstrado pelo recorte do balancete, abaixo reproduzido:
Tabela 22 – Receita Realizada PIS/PASEP, exercício 2016
UG Emitente: 170013 - Subsecretaria de Planejamento Orçamento E
Administração - MF
Gestão Emitente: 00001 - Tesouro Nacional
37
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Posição: Dezembro - Ano Encerrado


Conta Contábil: 621200000 - Receita Realizada
100% Receita Realizada do PIS/PASEP
Natureza De
Fonte Saldo em
Receita
N 12100911 0100980000 6.378.879.097,13 C
N 12100911 100980001 9.568.318.649,14 C
N 12100911 140171431 2.248.657.419,55 C
N 12100911 140171431 20.077.419.425,95 C
N 12100911 140171432 1.499.104.946,43 C
N 12100911 140171432 13.384.946.283,04 C
N 12100912 132251030 539.367.854,16 C
N 12100912 140171431 17.045.593,83 C
N 12100912 140171431 167.179.011,23 C
N 12100912 140171432 11.363.729,36 C
N 12100912 140171432 111.452.673,10 C
N 12100913 100980000 18.404.239,41 C
N 12100913 100980001 27.606.359,23 C
N 12100913 140171431 5.889.054,07 C
N 12100913 140171431 58.525.783,66 C
N 12100913 140171432 3.926.035,99 C
N 12100913 140171432 39.017.189,01 C
N 12100914 132251030 7.369,10 C
N 12100914 132251040 163.635.418,88 C
N 12100914 140171431 1.487.180,29 C
N 12100914 140171431 15.398.268,55 C
N 12100914 140171432 991.453,53 C
N 12100914 140171432 10.265.512,12 C
Total 54.348.888.546,76
Fonte: Siafi2016, Consultado Em 17/02/2017
Causas
Contabilização da receita realizada de contribuição para o PIS/Pasep (natureza da receita
12100911, 12100912, 12100913 e 12100914), na UG 170013 - SPOA, vinculada ao órgão 25000 -
Ministério da Fazenda, no valor de R$ 54.348.888.546,76, em vez de contabilizá-la na UG 380916
– Coordenação Geral de Recursos do FAT/MTE, vinculada ao órgão 38901 – Fundo de Amparo ao
Trabalhador/MTb.
Efeitos
A ausência de registro da receita realizada distorce a informação e impede o usuário de conhecer
quais são os respectivos valores, bem como passa uma mensagem no Balanço Orçamentário de que
houve frustração de receita no exercício, o que em verdade não ocorreu.
Comentários dos gestores
A Coordenação de Contabilidade do Ministério do Trabalho entende que as receitas decorrentes da
arrecadação do PIS/Pasep devem ser realizadas dentro do FAT (excluídas as da Desvinculação de
receitas da União). Contudo, informa ainda que o PIS/Pasep é arrecadado por Documento de
Arrecadação de Receitas Federais (Darf) e que os procedimentos de contabilização estão presentes
no Macrofunção Siafi 020306 (Apropriação da Arrecadação de Receitas Federais). Em razão desses
procedimentos estabelecidos, os valores são contabilizados automaticamente em unidade gestora
38
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

do Ministério da Fazenda. Mesmo assim, a coordenação do MTb encaminhou mensagem Siafi


2017/0169882 solicitando posicionamento da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) em relação ao
fato de que as receitas realizadas do PIS/Pasep não estão sendo registradas na contabilidade do
FAT, o que gera uma impressão distorcida do Balanço Orçamentário, ou seja, ao olhar o Balanço
Orçamentário parece que houve frustração de receitas do PIS/Pasep muito maior do que a que
realmente houve, conforme peça 91, p. 2.
Até a data da reunião realizada entre Ministério do Trabalho e TCU (dia 28/3/2017), a STN não
havia respondido à mensagem, conforme relato do gestor.
Análise dos comentários
O procedimento contábil para corrigir a informação relacionada à receita realizada do PIS/Pasep na
contabilidade do FAT não depende exclusivamente do Ministério do Trabalho, havendo a
necessidade de envolver o órgão central de contabilidade para encontrar solução para a distorção
relatada.
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho (MTb), em conjunto com a Secretaria do Tesouro Nacional
(STN), que revise o roteiro de contabilização das receitas realizadas relacionadas às contribuições
do PIS/Pasep, tendo em vista o que preceitua o art. 239 da Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º
da Lei 8.019/1990 e art. 11 da lei 7.998/1990, de modo que os reflexos contábeis sejam
evidenciados diretamente na contabilidade do FAT.
II.2.1.4. Subavaliação do ativo do FAT em razão da ausência de registro dos créditos a receber e
da dívida ativa referentes à contribuição para o PIS/Pasep.
Situação Encontrada
Não foram identificados registros dos créditos a receber nem da dívida ativa relativos à
contribuição para o PIS/Pasep nas Demonstrações Financeiras do FAT.
Por outro lado, tais registros foram identificados no Balancete Contábil do Subórgão 1702 –
Receita Federal do Brasil (RFB), natureza de receita 12100911 e 12100912, na conta de ativo
1.2.1.1.1.01.02 – Créditos de Contribuição a Receber Parcelados, bem como no Balancete Contábil
do Subórgão 1708 – Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), na conta de ativo
1.2.1.1.1.04.01 – Créditos Não Previdenciários Inscritos.
Objeto
Demonstrações Financeiras do FAT 2016
Critérios
O critério utilizado foi o seguinte:
a) Lei 7.998/90, art. 11, I e II. O produto da arrecadação das contribuições devidas ao PIS e ao
Pasep, bem como dos encargos devidos pelos contribuintes constituem recursos do FAT.
Evidências
As evidências coletadas foram as seguintes:
a) Balanço Patrimonial do FAT sem registro dos créditos a receber e da dívida ativa relativos à
contribuição para o PIS/Pasep (peça 86).
b) Balancete Contábil da RFB (Subórgão 1702) com registro dos créditos de contribuição a receber
na conta de ativo 1.2.1.1.1.01.02 - Créditos de Contribuição a Receber Parcelados, natureza de
receita 12100911 e 12100912 (peça 55).
c) Balancete Contábil da PGFN (Suborgão 1708) com registro da dívida ativa referente à
Contribuição para o PIS/Pasep na conta do ativo 1.2.1.1.1.04.01 – Créditos não previdenciários
inscritos (peça 54).
Causas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Lei 11.457/2007, art. 1º, caput, e art. 2º, §3º: compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização,
arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais, bem como o cumprimento das
obrigações da Lei 8.212/1991 (Plano de Custeio da Seguridade Social) perante a RFB.
Lei 4.320/1964, art. 39, § 5º: compete à PGFN apurar e inscrever a dívida ativa da União.
Efeitos
A ausência de registro dos créditos a receber e da dívida ativa referentes à contribuição para o
PIS/Pasep nas demonstrações contábeis do FAT distorce a informação patrimonial do FAT e impede
o usuário de conhecer os respectivos valores e o valor total de ativos do FAT.
Comentários dos Gestores
Em reunião em 28/3/2017, o gestor afirma que esse é um tipo de registro que não compete ao FAT,
nem Ministério do Trabalho contabilizar. De acordo com o art. 10 da Lei 9.715/1998, cabe à RFB a
administração e fiscalização da contribuição para o PIS/Pasep. À PGFN a inscrição dos créditos da
dívida ativa de contribuição (peça 91, p. 2).
Os gestores reconhecem que se trata de um direito do FAT, contudo não tem a competência de
controlar tais recursos, nem seus registros contábeis.
Análise dos comentários
Considerando a delegação de competência atribuída à Receita Federal do Brasil (RFB) e à
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), pela legislação, no que se refere ao controle da
arrecadação dos tributos (à RFB) e cobrança de dívida ativa inscrita (à PGFN), o entendimento
majoritário é de que tais recursos sejam contabilizados pelos órgãos de controle da arrecadação.
Contudo esse entendimento não se coaduna com o item 2.2.1 do MCASP, 6ª edição, que trata do
conceito do que é ativo de uma entidade, nem com a Lei 7.998/1990.
O conceito considera três condições para que um ativo seja considerado de titularidade de uma
determinada entidade: primeiro, tem de ser controlado pela entidade (mas pode ser terceirizado, e
isso não muda a titularidade do ativo); segundo, deve ser resultado de eventos passados (a
legislação diz que as receitas do PIS/Pasep deverão ser destinadas ao pagamento do seguro e do
abono, para isso criou um fundo (o FAT) para administrar esses pagamentos); terceiro, espera-se
que desses ativos resultem benefícios econômicos futuros para a entidade (qualquer eventual
recebimento tanto dos créditos tributários inscritos na RFB ou de dívida ativa registrada na PGFN,
deverão ser repassados ao FAT).
O fato de ser controlado pela RFB ou pela PGFN não muda a titularidade do ativo. Continua sendo
do FAT, portanto deveriam estar registrados contabilmente no FAT, mesmo que a RFB ou PGFN
controlem a arrecadação e cobrança das contribuições.
Além disso, a Lei 7.998/1990 em seu art. 11, inciso I dispõe que o produto da arrecadação das
contribuições devidas ao PIS e ao Pasep constituem recursos do FAT. Se os créditos de
contribuições do PIS/Pasep e da Dívida Ativa quando recebidos são transferidos ao FAT, conclui-se
então que o direito pertence ao FAT. Assim, os registros contábeis deveriam estar claramente
evidenciados na contabilidade do FAT e não na contabilidade da RFB e da PGFN.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb), em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN), Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que
revise a contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições do
PIS/Pasep, tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o
conceito de ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor
Público (MCASP); o art. 11, inciso I da Lei 7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1190, de
modo que os reflexos contábeis estejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

II.2.1.5. Superavaliação do ativo do FAT em razão da ausência da constituição de ajuste para


perdas referente à conta Crédito a receber decorrente da falta/irregularidade comprovada em
TCE
Situação encontrada
A conta contábil 113410208 (Crédito a receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em
Tomada de Contas Especial), compreende, segundo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
(PCASP 2015), os valores realizáveis no curto prazo, provenientes de direitos oriundos de danos ao
patrimônio, apurados em tomada de contas especial (TCE). A Macrofunção Siafi 021138 que trata
dos procedimentos contábeis relacionados aos diversos responsáveis também dispõe no item 2.3.2
que o grupo da supramencionada conta contábil representa aquelas responsabilidades que já foram
apuradas no âmbito administrativo interno e que teve como consequência a instauração da tomada
de contas especial.
Os créditos por responsabilidade apurada têm como função precípua ressarcir a Administração
Pública, por prejuízos causados por agentes públicos e, se for o caso, por terceiros em conluio com
aqueles. São, portanto, uma fonte potencial de fluxo de caixa, com impacto positivo nos cofres
públicos, reconhecida contabilmente no ativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Conceitualmente, ativos são recursos controlados pela entidade como resultado de eventos
passados e do qual se espera que resultem para a entidade benefícios econômicos futuros, os quais
devem ser reconhecidos no patrimônio público, conforme preconiza o item 2.2 do Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP 6ª edição).
Segundo o MCASP, item 4.3.2, os direitos e os títulos de créditos registrados pela entidade deverão
ser mensurados ou avaliados pelo valor original. Contudo, os riscos de recebimento de direitos
devem ser reconhecidos em conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada quando deixarem de
existir os motivos que a originaram.
A conta Crédito a receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE refere-se,
portanto, a um direito do FAT. Segundo o artigo 11 da Lei 7998/1990, constituem recursos do FAT
o produto da arrecadação do PIS e do Pasep entre outras receitas. Em caso de desvio desses
recursos, estes deverão retornar ao próprio FAT para serem utilizados nas finalidades previstas pela
legislação. Assim, a contabilidade FAT apresenta saldo de direito a receber conforme recorte
demonstrado abaixo:
Tabela 23 - FAT - Recorte do Balanço Patrimonial –– 2015 e 2016
Cód. Contábil Descrição conta 2015 2016
1.1.3.4.0.00.00 Créditos por Danos ao Patrimônio 998.418.185,42 999.480.759,25
Crédito a Receber decorrente de pagtos indevidos -
1.1.3.4.1.02.01 708.518,00 708.518,00
TCE
Crédito a Receber de responsáveis por perda/dano -
1.1.3.4.1.02.05 6.627,84 6.627,84
TCE
Crédito a Receber decorrente de falta/irreg.
1.1.3.4.1.02.08 997.703.039,58 998.765.613,41
comprovada em TCE
Fonte: Siafi 2015 e 2016
Contudo, embora os valores devam ser reconhecidos como ativos do FAT, existe o risco de que tais
recursos não sejam recuperados e o risco da inadimplência deve ser considerado contabilmente
para fins de efetivo recebimento do direito.
A esse respeito o MCASP 6ª Edição, item 8.5.1.2 define que deverá ser constituído ajuste de perdas
para os créditos inscritos. A metodologia utilizada para cálculo do ajuste de perdas deverá ser
aquela que melhor reflita a real situação do ativo e deverá ser evidenciada em notas explicativas.
A International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 26, item 72, utilizada como
fundamento na construção do MCASP, dispõe que se o valor recuperável de um ativo for menor do
que seu valor contábil, o valor contábil desse ativo deve ser reduzido ao seu valor recuperável e
essa redução representará uma perda.
41
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Entende-se por valor recuperável de um ativo o maior montante entre o seu valor justo líquido de
venda e o seu valor em uso. No caso da conta Créditos por danos ao Patrimônio é o maior valor que
a entidade espera recuperar dos devedores, considerando a expectativa de recebimento do direito a
receber.
De acordo com item 3, da Macrofunção Siafi 020333, os riscos de recebimento de dívidas a receber
são reconhecidos em conta de ajuste (ajuste de perdas estimadas), cujo saldo será reduzido ou
anulado quando deixarem de existir os motivos que a originaram. Ou seja, reconhecida a
expectativa de recebimento há que se reduzir a conta ao valor que realmente reflita o que se espera.
E as perdas estimadas, decorrentes desse reconhecimento, deverão ser constituídas com base em
estimativas pelos prováveis valores de realização para os ativos, caso a administração não tenha
condições de avaliar caso a caso individualmente.
O objetivo é fazer com que os registros espelhem de modo fidedigno a situação patrimonial real.
Um dos aspectos importantes para a apresentação dessa situação patrimonial real é o
reconhecimento dos Créditos por danos ao Patrimônio a receber com a constituição de ajuste de
perdas, de modo a permitir a quantificação fiel dos recursos controlados.
Embora existam todos esses normativos, no balanço patrimonial não foi encontrado registro
referente ao ajuste que retrate o risco de recebimento de que trata a norma de contabilidade pública,
divulgada pelo MCASP, pois trata-se de um direito a receber em razão da saída de recursos
financeiros de forma indevida. Conforme mencionado anteriormente, os riscos de recebimento
desses direitos devem ser reconhecidos em uma conta de ajuste.
Segundo o Ministério do Trabalho, gestor do FAT (Nota Informativa n.
6/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, peça 68), a média de recuperação dos valores inscritos na
conta contábil 113410208 do Siafi nos últimos três exercícios ocorreu conforme tabela abaixo.
Tabela 24 - Recuperação dos valores a receber da conta 113410208
Descrição 2014 2015 2016
918.296.691,5 997.703.039,5 998.765.613,4
Saldo (estoque) 8 8 1
Total recuperado 150.111,66 11.378.439,20 5.764.742,17
Taxa anual de recuperação 0,02% 1,14% 0,58%
Fonte: Nota Informativa n. 6/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, de 18/01/2017, pág. 2
Embora o gestor do FAT tenha conhecimento e controle sobre os valores recuperados, não foi feito
o ajuste para perdas conforme dispõe o MCASP. A tabela acima apresenta a taxa de recuperação
dos Créditos a receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE muito baixa em
relação ao total registrado no ativo, evidenciando uma dificuldade em se recuperar o direito
contabilizado. O reconhecimento sobre a irrecuperabilidade do direito deve estar refletido nas
demonstrações financeiras, uma vez que o ativo não será capaz de gerar caixa como o esperado.
Segundo o MCASP, provisões devem ser constituídas com base em estimativas pelos prováveis
valores de realização para os ativos. É importante destacar que o gestor do FAT deve realizar
ajustes de perdas para que o Balanço Patrimonial e a Demonstrações de Variações Patrimoniais
reflitam a realidade dos seus elementos patrimoniais.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT de 2016
Critério
Os critérios utilizados foram:
a) MCASP 6ª Edição, item 8.5.1.2 (peça 83).
b) International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 26, item 72 (peça 82).
c) Macrofunção Siafi 020333, item 3 (peça 81).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Evidência
As evidências coletadas foram:
a) Item da conta contábil 113410208 do FAT de 2016, registrado o valor de R$998.765.613,41
(peça 69)
b) Ausência de contabilização de conta de ajuste para perdas no Balanço Patrimonial, em razão da
baixa taxa de recuperação do direito a receber (peça 86, p. 1-2).
c) Planilha de recuperação de valores referente ao direito contabilizado na conta 113410208 (peça
68)
Causa
Não constituição de Ajuste para perdas na conta Crédito a receber decorrente de falta/irregularidade
comprovada em TCE (Código Siafi 113410208).
Efeitos
A ausência de uma conta retificadora, que demonstre a real perspectiva de recuperação dos créditos
registrados, faz parecer que o FAT tem um direito a receber maior do que aquele que realmente
tem. A ausência desse ajuste prejudica a transparência da informação ao distorcer a percepção do
real valor que se espera receber pelos créditos inscritos, ou seja, há uma percepção de
superavaliação dos ativos da entidade.
Em razão disso, o ajuste deve ser contabilizado e a metodologia utilizada para cálculo deve ser
evidenciada em notas explicativas, de modo que o usuário entenda as razões que levaram o gestor a
considerar os créditos como irrecuperáveis e qual o valor das perdas associadas ao gerenciamento
dos créditos.
Considerando que a quase totalidade do valor contabilizado refere-se a uso indevido de recursos
públicos, os contribuintes e beneficiários do PIS/Pasep precisam saber quanto dessas perdas
retornam aos cofres do FAT. Todo negócio tem riscos inerentes associados, e o risco de perdas na
Administração Pública não é diferente. Contudo, é responsabilidade da gestão, não apenas
implementar respostas para enfrentar esses riscos, mas também informar ao usuário qual o tamanho
da perda que ocorreu na gestão dos negócios e quais medidas estão sendo adotadas para reduzir
ainda mais a ocorrência do evento de risco.
Comentários dos Gestores:
Em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), para colher comentários do gestor, foi reconhecido
a falha em relação a não constituição de ajuste para perdas da conta Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em Tomada de Contas Especial (113410208). O gestor informou
que em 2017 vai reavaliar todo o crédito para verificar a melhor forma de estimar as perdas, uma
vez que o manual Siafi, recém publicado, já define procedimentos para estimativa de perdas em
créditos a receber, com essa nova macrofunção (peça 91, p.2). Em 2017, o ajuste para perdas será
constituído conforme declaração do gestor na reunião.
Análise dos comentários
Considerando a análise da equipe de auditoria e a concordância do gestor com a superavaliação do
ativo do FAT em razão da ausência do ajuste para perdas, propõe-se:
Proposta de encaminhamento
Determinar ao Ministério do Trabalho que constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a
receber decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização
reflita a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no
Balanço Patrimonial.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

II.2.1.6. Divergência entre os saldos do BNDES e Saldo contábil do FAT da conta Empréstimos
Concedidos a Receber
Situação encontrada
De acordo com o artigo 239 da CF/88, pelo menos 40% dos recursos arrecadados das contribuições
do PIS/Pasep serão repassados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). A Lei 8.019/1990, arts. 2º, 3º e 11, define que os recursos do PIS e do Pasep, em posse
do BNDES, constituem-se direitos do FAT e, por isso, deverão ser remunerados mensalmente,
pagos semestralmente e recolhidos até o décimo dia útil subsequente ao seu encerramento.
Além dos recursos repassados constituírem-se em um direito do FAT, constituem-se
consequentemente em uma obrigação, de mesmo valor, do BNDES junto ao FAT. Significa dizer
que os valores registrados como obrigação a pagar no BNDES devem coincidir com os valores
registrados como direito a receber na contabilidade do FAT.
Entretanto, quando da circularização de informações junto ao BNDES, identificou-se que há uma
divergência entre os valores contabilizados em ambos os órgãos. O BNDES fechou o exercício de
2016 com um saldo de obrigação a pagar ao FAT de R$219.650.101.837,35. Na contabilidade do
FAT o valor contabilizado como direito a receber totalizou R$219.733.145.465,93 (registros no
curto prazo R$9.043.408.414.46 e no longo prazo R$210.689.737.051,47). O cotejamento entre as
informações apresenta uma divergência de R$83.043.628,58, conforme evidenciado no quadro
abaixo:
Tabela 25 - Divergência entre os saldos Empréstimos a Receber do FAT e as correspondentes
obrigações registradas no BNDES
Código Siafi Conta Contábil Siafi Exercício 2016
1.1.2.4.1.01.00 Empréstimos Concedidos a Receber (CP) 9.043.408.414,46
1.2.1.1.1.03.01 Empréstimos Concedidos a Receber (LP) 210.689.737.051,47
Total contabilizado no FAT em 31/12/2016 219.733.145.465,93
BNDES - saldo em 31/12/2016 219.650.101.837,35
Diferença entre saldos   83.043.628,58
Fonte: Siafi/2016
Ao ser instado sobre a divergência, a CGFAT alega que o BNDES adotou uma rotina de
recolhimento de juros que é contrária ao que diz a legislação e as normas de contabilização,
gerando assim um prejuízo ao FAT. Essa rotina de recolhimento de juros consiste no seguinte:
imediatamente ao final do semestre o BNDES retira o valor dos juros a recolher do montante da
aplicação do FAT, mas não o recolhe imediatamente à conta do FAT. O banco aguarda até o décimo
dia útil após o encerramento do semestre para só então recolher o valor dos juros à conta do FAT.
Durante o período que vai do dia 1º até o 10º dia útil do mês subsequente ao encerramento do
semestre) o montante dos juros semestral fica em poder do BNDES, excluída da aplicação
financeira do FAT. Em relação aos juros do exercício de 2016, isso ocorreu em dois momentos: em
julho/2016 e em janeiro/2017. Os juros semestrais referentes ao primeiro semestre de 2016
totalizaram R$5.448.864.161,36. Segundo a CGFAT, no dia 1º/7/2016 os recursos foram sacados da
conta aplicação do FAT e somente foram depositados na conta bancária no dia 10/7/2016. O mesmo
ocorreu com os juros semestrais do segundo semestre de 2016 (total R$5.788.875.784,19). No
primeiro dia útil de janeiro os recursos foram sacados da conta aplicação e somente depositados na
conta bancária em 10/1/2017.
Para a CGFAT, os recursos sacados contra a conta aplicação devem ser repassados imediatamente
para a conta bancária, pois os juros já pertencem ao FAT. Se continuarem em poder da instituição
bancária deve incidir juros em aplicação financeira junto com o montante principal da aplicação.
Em razão disso, a CGFAT realizou o cálculo dos juros que incidiriam sobre o montante sacado
durante esses períodos de 10 dias úteis e o contabilizou como um direito a receber na conta
“Empréstimos Concedidos a Receber” (11241.01.00) no ativo circulante, ou seja, esse valor é
considerado um valor recebível para o FAT. Os totais contabilizados no exercício de 2016 foram
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

R$34.704.357,00, sendo R$17.177.392,21 de competência do primeiro semestre e mais


R$17.526.964,79 de competência do segundo semestre de 2016, conforme quadro abaixo:

Tabela 26 - Conciliação Empréstimos Concedidos a Receber 112410100 (Ativo Circulante), competência


exercício 2016
Juros a
Data Valor a ser
Document Descrição das Valor das Juros limitado receber
lançament capitalizado
o Siafi transações transações a 6% (diferença
o no longo prazo
dos 10 dias)
Juros a
1.119.728.575, 15.251.433,1
01/03/16 NS000215 receber/jan201 899.486.386,40 204.990.756,04
54 0
6
Juros a
1.050.550.968,
02/03/16 NS000217 receber/fev201 854.199.282,75 195.986.244,55 365.441,49
79
6
Juros a
1.128.300.812,
01/04/16 NS000251 receber/mar20 916.289.517,31 211.618.328,54 392.967,01
86
16
Juros a
1.111.674.647,8
29/04/16 NS000276 receber/abr201 904.399.473,10 206.892.585,27 382.589,46
3
6
Juros a
1.175.830.028,
01/06/16 NS000335 receber/mai201 959.404.484,27 216.027.811,57 397.732,29
13
6
Juros a
1.126.421.288,
01/07/16 NS000372 receber/jun201 915.085.017,53 210.949.042,59 387.228,86
98
6
-
14/07/16 NL001049 Juros recebidos 5.271.196.955, -
1º semestre de 96 5.448.864.161,3 - -
2016 - 6
14/07/16 NL001052
177.667.205,40
Juros a
1.181.596.064, 15.053.927,3
01/08/16 NS000444 receber/jul201 946.426.802,60 220.115.334,23
13 0
6
Juros a
1.184.035.285,
31/08/16 NS000494 receber/ago201 961.237.527,97 222.302.706,47 495.051,46
90
6
Juros a
1.161.055.183,
01/11/16 NS000639 receber/set201 943.656.653,47 216.916.551,74 481.978,03
24
6
Juros a
1.205.934.027,
01/11/16 NS000650 receber/out201 980.745.221,26 224.687.751,20 501.054,66
12
6
Juros a
1.185.223.578,
01/12/16 NS000695 receber/nov201 967.225.597,52 217.510.158,04 487.822,70
26
6
Juros a
1.214.842.668,
30/12/16 NS000745 receber/dez201 989.583.981,37 224.751.556,64 507.130,64
65
6
Juros recebidos - -
13/01/17 NL000091 2º semestre de 5.000.000.000, 5.788.875.784,1 - -
2016 00 9
13/01/17 NL000092 -
45
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

600.535.477,97
-
13/01/17 NL000093
188.340.306,22
2.607.453.183, 11.237.739.945, 2.572.748.826, 34.704.357,0
Saldo (competência exercício 2016) 88 55 88 0
Fonte: Siafi2016 e conciliação constante no Memo 287/2017/SE/MTb, (peça 71, p.3)
Desde 2011, a CGFAT vem adotando medidas para fazer com que o BNDES recolha os valores
referentes devidos ao FAT, mas não obteve êxito. O assunto foi discutido em diversas ocasiões por
meio de pareceres da consultoria jurídica junto ao Ministério do Trabalho, consultoria jurídica
junto ao Ministério supervisor do BNDES e junto a Advocacia Geral da União (AGU).
A primeira medida adotada ocorreu em 2011. A CGFAT encaminhou um ofício informando ao
BNDES a situação e solicitando o pagamento dos valores para consequente regularização
financeira e contábil. Em face da negativa do BNDES, a CGFAT realizou consulta, junto à
consultoria jurídica do Ministério do Trabalho, sobre a correção do cálculo da remuneração do FAT
em decorrência dos depósitos constitucionais feitos junto ao BNDES.
O Parecer/CONJUR/MTE/n. 524/2011, após analisar a situação, concluiu (item 32) que “o valor da
remuneração devida ao FAT somente deve ser sacada dos depósitos existentes no BNDES na data
do efetivo recolhimento ao Fundo, para que não haja prejuízo decorrente da não capitalização dessa
remuneração durante o período em que esses recursos estiverem segregados dos depósitos
constitucionais” (Peça 73).
O Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU concluiu que a interpretação que melhor se
adequa ao ratio legal consiste em que à remuneração dos empréstimos do FAT, compreendida entre
o fim do semestre e o dia do efetivo recolhimento, deverá ser sim aplicada os juros
correspondentes, sendo estes capitalizados, pela Taxa de juros de longo prazo (TJLP), sobre o total
dos valores existentes na data do recolhimento (Peça 72).
O Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AGU consagrou o entendimento de que o período
compreendido entre o encerramento do semestre e o dia do efetivo recolhimento dos valores do
FAT deverão ser capitalizados pelo critério pro rata tempore, sobre o total da remuneração, ou seja,
deve-se incidir sobre o saldo diário dos recursos emprestados ao BNDES os juros compensatórios
do art. 3 da lei 8019/1990, pro rata, também sobre o período compreendido entre o fim do semestre
e o dia do efetivo recolhimento do valor devido ao FAT (Peça 74).
A Consultoria Jurídica do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Ministério
Supervisor do BNDES na época, solicitou sobrestamento do Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU, contudo o Parecer n. 402/205/CONJUR-MTE/CGU/AGU concluiu
a) não haver elementos que autorizassem a revisão do entendimento fixado no Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU; e b) que o prazo prescricional aplicável a espécie é de 5 (cinco) anos
contados da oposição apresentado pelo MTE ao BNDES mediante Ofício n. 123/2011-
CGFAT/SPOA/SE/MTE (Peça 75).
Em 2015, a Conjur/MDIC solicitou novamente sobrestamento do Parecer n.
48/2013/DECOR/CGU/AGU e a AGU novamente se manifestou pela manutenção do
entendimento, no qual determina que o saldo de recursos existente a cada dia será atualizado com a
aplicação da taxa de juros prevista, com o critério pro-rata e que os juros serão calculados sobre o
saldo médio diário e recolhidos a cada semestre, até o décimo dia útil do mês subsequente
(PARECER n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU) – (Peça 76).
Embora tenha-se empreendido toda uma discussão que culminou no entendimento de que o
BNDES não pode apartar do saldo dos empréstimos parte dos recursos (juros semestrais), sob
qualquer pretexto, deixando de remunerá-lo pela taxa estabelecida em lei, ainda assim o BNDES
continua aplicando a mesma rotina de recolhimento de juros. Em 2016, houve contabilização R$
34.704.357,00 como direito a receber decorrente da divergência de entendimento da CGFAT e
BNDES. Porém, considerando o valor acumulado de exercícios anteriores, o efeito dessa mesma
divergência no balanço patrimonial do FAT no exercício de 2016 totalizou R$ 83.043.628,58, valor
46
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

esse que o BNDES não reconhece como passivo e não registrou em seu balanço patrimonial do
exercício de 2016.
Nesse sentido, essa divergência gera uma superavaliação do ativo do FAT da ordem de R$ 83
milhões que precisa, no mínimo, de uma nota explicativa específica sobre o ativo do FAT.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Art. 239, CF/88
b) Lei 8019/1190
c) Lei 9365/1996
Evidências
As evidências coletadas foram:
a) Documentos do Siafi: 20016NS000215, 2016NS000217, 2016NS000251, 2016NS000276,
2016NS000335, 2016NS000372, 2016NS000444, 2016NS000494, 2016NS000639,
2016NS000650, 2016NS000695 e 2016NS000745 (peça 70).
b) Conciliação constante no Memo 287/2017/SE/MTb, (peça 71, p.3).
c) Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU (Peça 72).
d) Parecer n. 524/2011/CONJUR/MTE (Peça 73).
e) Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AGU (Peça 74).
f) Parecer n. 402/205/CONJUR-MTE/CGU/AGU (Peça 75).
g) Parecer n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU (Peça 76).
Causa
Recusa do BNDES em cumprir o art. 3 da lei 8019/1990 e a determinação da AGU, conforme
entendimento dos pareceres mencionados no tópico anterior.
Efeitos
Alteração da percepção do usuário em face da divergência entre os saldos dos direitos a receber do
FAT e as correspondentes obrigações registrados no BNDES. Da forma como o BNDES executa a
rotina de recolhimento de juros para o FAT, o montante das obrigações fica subavaliado em relação
ao ativo a receber do FAT, uma vez que contabilização de parte dos juros que o BNDES não está
pagando encontra-se registrado desde julho 2012, sendo R$34.704.357,00 de competência do
exercício de 2016 e R$48.339.271,58 de competência de exercícios anteriores, totalizando
R$83.043.628,81.
Comentários dos Gestores:
Em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), o gestor afirma que todas as medidas que o
Ministério do Trabalho poderia adotar já estão sendo executadas. O exemplo disso são os pareceres
emitidos pela Advocacia Geral da União (AGU), nos quais a AGU reconhece o direito aos juros do
FAT contra o BNDES (Parecer n. 558/2012/CONJUR-MTE/CGU/AGU; Parecer n.
524/2011/CONJUR/TEM; Parecer n. 48/2013/DECOR/CGU/AG; Parecer n. 402/205/CONJUR-
MTE/CGU/AGU e Parecer n. 77/2015/DECOR/CGU/AGU, peças 72 a 76). Contudo até a presente
data, segundo os gestores, o BNDES se recusa a reconhecer o direito do FAT referente aos juros
pro-rata, conforme já esclarecido anteriormente.
Considerando que existem posicionamentos jurídicos divergentes e uma possibilidade de não
recebimento, a situação será analisada para verificar se é necessária a constituição de provisão

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

utilizando metodologia de cálculo baseada na probabilidade de recebimentos de valores (peça 92,


p. 2)
Análise dos comentários
Considerando a distorção entre o direito contabilizado no ativo do FAT e a obrigação reconhecido
pelo BNDES, propõe que enquanto a situação não chegar a um consenso que o FAT mantenha uma
nota explicativa sobre a situação.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que publique em nota explicativa, no âmbito das
demonstrações financeiras do FAT, as razões da divergência entre os saldos contabilizados no ativo
do FAT e a respectiva obrigação reconhecida pelo BNDES.

II.2.2. Distorçã o de classificaçã o


II.2.2.1. Erro de classificação contábil dos juros a receber do FAT Constitucional
Situação encontrada
Foi encontrado registro de juros a receber sobre financiamentos concedidos ao BNDES (40%
constitucional) na UG 380916 – Coordenação Geral de Recursos do FAT/MTE, Gestão 00001, na
conta 1.1.2.4.1.01.00 – Empréstimos Concedidos a Receber, no valor de R$ 9.043.408.414,46.
A função da conta contábil “Empréstimos Concedidos a Receber”, segundo o plano de contas
aplicado ao setor público (PCASP), é registrar os valores dos créditos por empréstimos concedidos
pela União por autorização legal ou vinculação a contrato ou acordo, com vencimento a curto
prazo, não sendo função dessa conta registrar fatos contábeis relacionados com apropriação de
juros a receber.
No PCASP não foi encontrado uma conta contábil de ativo circulante adequada para registrar a
apropriação de juros a receber por competência. No grupo Créditos a Curto Prazo (cód.
11200.00.00) que compreende os valores a receber realizáveis em até 12 meses da data das
demonstrações não há uma conta detalhada com descrição que reflita a ocorrência de apropriação
de juros a receber.
Critério
Lei 8.019, art. 3º;
Nota Informativa 104/CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb, apresentada em resposta a ofício da
equipe de auditoria (Ofício de Requisição 02-520/2016-TCU):
“(...) Os empréstimos/financiamentos constitucionais ao BNDES, ‘FAT Constitucional’, são
remunerados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (pós-fixada) e por taxas de juros do mercado
internacional (FAT Cambial). Considerando que os empréstimos/financiamentos concedidos ao
BNDES não possuem vigência definida, todas as transferências/concessões e a diferença entre a
TJLP e o valor de 6% ao ano são registrados no ativo não circulante – realizável a longo prazo. O
valor dos juros a serem recebidos (6% + remuneração cambial) é registrado no curto prazo,
por sua exigibilidade” (grifei).
Evidências
Registro de juros a receber sobre financiamentos concedidos ao BNDES (40% constitucional) na
UG 380916 – Coordenação Geral de Recursos do FAT/MTE, Gestão 00001, na conta
1.1.2.4.1.01.00 – Empréstimos Concedidos a Receber, no valor de R$ 9.043.408.414,46 (Balancete
FAT em 31/12/2016) (peça 69)
Causas
Contabilização de juros a receber em conta contábil com título de empréstimos a receber.
Efeitos

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Distorção da informação contábil envolvendo valores de elevada materialidade, visto que o título
da conta contábil utilizada não reflete a natureza das operações realizadas, em prejuízo do
entendimento por parte dos usuários da informação.
Comentários dos gestores
Segundo o gestor, em reunião realizada em 28/03/2017 (peça 92), já foi elaborada minuta de nota
técnica (peça 94) para propor um novo roteiro de classificação das apropriações de juros a receber
contabilizados na conta contábil Empréstimos Concedidos a Receber (11.2.4.1.01.00). O roteiro
propõe registrar as apropriações de juros na conta Juros Pro-rata sobre financiamentos a receber –
FAT (11241.0305), entretanto é necessário demandar o órgão central de contabilidade, a STN, para
validação do roteiro proposto.
Análise dos comentários
Embora já tenha sido formulada proposta de roteiro para que as apropriações dos juros sejam
contabilizadas em conta contábil que reflitam as transações conforme ocorreram, ainda não foi
implementado, portanto propõe-se a recomendação abaixo relacionada.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT), reclassifique os juros apropriados na conta contábil Empréstimos
Concedidos a Receber (11.2.4.1.01.00) para conta contábil que reflita as transações que ocorreram
de fato e que mantenha o mesmo roteiro para as próximas apropriações dos juros a receber dos
empréstimos concedidos ao BNDES (FAT Constitucional).

II.2.2.2. Erro de classificação no registro de capitalização de valores de longo prazo em contas


de curto prazo no valor de R$ 2,5 bilhões.
Situação encontrada
De acordo com o artigo 239 da CF/1988, pelo menos 40% dos recursos arrecadados das
contribuições do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep) serão repassados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) para financiamento de programas de desenvolvimento econômico.
A Lei 8.019/1990, art 11 dispõe que os recursos do PIS e do Pasep repassados ao BNDES,
constituirão direitos do FAT. O art. 2º informa que tais recursos serão remunerados mensalmente, e
o art. 3º define que os juros deverão ser recolhidos a cada semestre até o décimo dia útil
subsequente ao seu encerramento.
Os 40% da receita do PIS/Pasep repassados ao BNDES, conforme já mencionado anteriormente,
constitui-se um direito do FAT e tem baixo grau de liquidez, uma vez a Lei 8.019/1990, em seu art.
7º define que os valores somente poderão ser resgatados em caso de insuficiência de recursos para
pagamento do seguro desemprego e abono salarial. Mesmo assim, o resgate ocorreria de forma
parcelada e, no primeiro exercício, o FAT só poderia resgatar 20% do valor emprestado. Assim, a
liquidez desses recursos ultrapassa o término do exercício seguinte, por isso devem ser registrados
no Ativo não Circulante, conforme definição de ativo circulante e não circulante.
Já as apropriações de receita de juros a receber decorrente dos empréstimos ao BNDES são
registrados em conta semelhante, só que do grupo ativo circulante pois sua liquidez ocorrerá antes
do final do exercício seguinte, conforme demostrado no recorte do Balanço Patrimonial abaixo:
Tabela 27 - Recorte Balanço Patrimonial – FAT/2016
Código Siafi Conta Contábil Exercício 2016
1.1.0.0.0.00.0
0 Ativo Circulante -
1.1.2.4.1.01.0 Empréstimos Concedidos a
0 Receber 9.043.408.414,46

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

1.2.0.0.0.00.0
0 Ativo Não Circulante -
1.2.1.1.1.03.0 Empréstimos Concedidos a
1 Receber 210.689.737.051,47
Fonte: Siafi2016
A Lei 9365/1996, art. 4º, dispõe que os recursos do FAT repassados ao BNDES terão como
remuneração nominal a TJLP do respectivo período. O BNDES deverá, nos prazos legais, transferir
ao FAT o valor correspondente à remuneração da taxa de juros de longo prazo (TJLP) limitada a
seis por cento ao ano, devendo ser a diferença capitalizada.
Os registros contábeis devem ser realizados e os seus efeitos evidenciados nas demonstrações
contábeis do período com os quais se relacionam, reconhecidos, portanto, pelos respectivos fatos
geradores, independentemente do momento da execução orçamentária. Em razão disso, a
Coordenação Geral de Recursos do FAT (CGFAT) realiza os registros contábeis referentes à
remuneração da TJLP considerando a competência do fato gerador. Como a lei define que recursos
serão remunerados mensalmente, embora o pagamento seja semestral, a CGFAT contabiliza a
apropriação da receita de juros a receber mensalmente, conforme evidenciado na planilha abaixo.

Tabela 28 - Apropriações de Juros a Receber na conta Empréstimos Concedidos a Receber,


competência exercício 2016
Data
Document
lançament Valor Descrição das transações
o Siafi
o
01/03/16 NS000215 1.119.728.575,54 Apropriação de juros a receber/jan2016
02/03/16 NS000217 1.050.550.968,79 Apropriação de juros a receber/fev2016
01/04/16 NS000251 1.128.300.812,86 Apropriação de juros a receber/mar2016
29/04/16 NS000276 1.111.674.647,83 Apropriação de juros a receber/abr2016
01/06/16 NS000335 1.175.830.028,13 Apropriação de juros a receber/mai2016
01/07/16 NS000372 1.126.421.288,98 Apropriação de juros a receber/jun2016
01/08/16 NS000444 1.181.596.064,13 Apropriação de juros a receber/jul2016
31/08/16 NS000494 1.184.035.285,90 Apropriação de juros a receber/ago2016
01/11/16 NS000639 1.161.055.183,24 Apropriação de juros a receber/set2016
01/11/16 NS000650 1.205.934.027,12 Apropriação de juros a receber/out2016
01/12/16 NS000695 1.185.223.578,26 Apropriação de juros a receber/nov2016
30/12/16 NS000745 1.214.842.668,65 Apropriação de juros a receber/dez2016
13.845.193.129,4
Total apropriado  
3
Fonte: Siafi2016, conta contábil 11241.01.00, Ativo Circulante
Contudo as apropriações são registradas considerando o valor da TJLP cheia e não está limitado
aos seis por cento definido na lei. Nesse caso, a diferença entre os 6%aa e a TJLP deve se referir à
parte a ser capitalizada.
A parte referente à capitalização deve ser incorporada ao valor nominal que está registrado no ativo
não circulante, conta contábil Empréstimos Concedidos a Receber (1.2.1.1.1.03.01). No entanto, no
exercício de 2016, a capitalização ocorreu no ativo circulante (curto prazo). Como se trata de uma
parcela que não se realizará a não ser em conjunto com o valor principal, cuja liquidez é baixa e de
longo prazo, então a parcela a ser capitalizada deveria ser contabilizada na conta Empréstimos
Concedidos a Receber do Ativo não circulante (longo prazo).
A conciliação da conta Empréstimos Concedidos a Receber (11241.01.01), curto prazo, mostra a
composição e valores que deveriam estar no longo prazo, mas estão registrados no curto prazo.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Tabela 29 - Conciliação Empréstimos Concedidos a Receber 112410100 (Ativo Circulante),


competência exercício 2016
Valor a ser Juros a
Data
Documen Descrição das Valor das Juros limitado capitalizado receber
lançamen
to Siafi transações transações a 6% no longo (diferença
to
prazo dos 10 dias)
Juros a
1.119.728.575, 15.251.433,
01/03/16 NS000215 receber/jan201 899.486.386,40 204.990.756,04
54 10
6
Juros a
1.050.550.968,
02/03/16 NS000217 receber/fev201 854.199.282,75 195.986.244,55 365.441,49
79
6
Juros a
1.128.300.812,
01/04/16 NS000251 receber/mar20 916.289.517,31 211.618.328,54 392.967,01
86
16
Juros a
1.111.674.647,
29/04/16 NS000276 receber/abr201 904.399.473,10 206.892.585,27 382.589,46
83
6
Juros a
1.175.830.028,
01/06/16 NS000335 receber/mai20 959.404.484,27 216.027.811,57 397.732,29
13
16
Juros a
1.126.421.288,
01/07/16 NS000372 receber/jun201 915.085.017,53 210.949.042,59 387.228,86
98
6
-
Juros
14/07/16 NL001049 5.271.196.955, -
recebidos 1º
96 5.448.864.161, - -
semestre de
- 36
14/07/16 NL001052 2016
177.667.205,40
Juros a
1.181.596.064, 15.053.927,
01/08/16 NS000444 receber/jul201 946.426.802,60 220.115.334,23
13 30
6
Juros a
1.184.035.285,
31/08/16 NS000494 receber/ago20 961.237.527,97 222.302.706,47 495.051,46
90
16
Juros a
1.161.055.183,
01/11/16 NS000639 receber/set201 943.656.653,47 216.916.551,74 481.978,03
24
6
Juros a
1.205.934.027,
01/11/16 NS000650 receber/out201 980.745.221,26 224.687.751,20 501.054,66
12
6
Juros a
1.185.223.578,
01/12/16 NS000695 receber/nov20 967.225.597,52 217.510.158,04 487.822,70
26
16
Juros a
1.214.842.668,
30/12/16 NS000745 receber/dez20 989.583.981,37 224.751.556,64 507.130,64
65
16
-
NL00009
13/01/17 5.000.000.000,
1 Juros
00 -
recebidos 2º
NL00009 - 5.788.875.784, - -
13/01/17 semestre de
2 600.535.477,97 19
2016
NL00009 -
13/01/17
3 188.340.306,22

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

2.607.453.183, 2.572.748.826, 34.704.357,


0,00
Saldo (competência exercício 2016) 88 88 00
Fonte Siafi/2016 e conciliação constante no Memorando n. 287/2017-CGFAT/SPOA/SE/MTb (peça 71)
Constatou-se, portanto, que R$2.572.748.826,88 registrados na conta Empréstimos Concedidos a
Receber 112410100 (Ativo Circulante), curto prazo, deveriam estar registrados na conta
Empréstimos Concedidos a Receber 121110301 (Ativo não Circulante), longo prazo.
Ao detalhar conta Empréstimos Concedidos a Receber do Ativo Circulante percebeu-se que
existem valores anteriores a 2016 os quais devem ser objeto de apuração pela CGFAT a fim de
realizar a devida classificação, caso se refiram parte de juros a serem capitalizados. A tabela abaixo
demonstra a composição da conta de modo que evidencia a diferença a ser apurada pela CGFAT.
Tabela 30 - Detalhamento da conta “Empréstimos Concedidos a Receber"¹ do Ativo Circulante -
Exercício 2016
Saldo patrimonial inicial de 2016 9.043.408.414,46
(-) Recebimento de juros em jan/2017 -5.788.875.784,19
(-) juros capitalizados de longo prazo -2.572.748.826,88
(-) juros a receber (diferença dos 10 dias) -83.043.628,58
Diferença a apurar 598.740.174,81
¹ Código no Siafi 1.1.2.4.1.01.00
Fonte: Siafi/2016
Os registros contábeis realizados em conta de ativo circulante (curto prazo) geram uma distorção
entre os grupos internos do Balanço Patrimonial do FAT, sendo superavaliação do ativo circulante
do Balanço Patrimonial do FAT, exercício de 2016, em detrimento do ativo não circulante. A
percepção do usuário da informação é que o FAT tem R$ 2,5 bilhões a mais de direitos com alta
liquidez do que o que realmente tem.
Em cumprimento ao art. 4º da Lei 9365/1996, a diferença de remuneração entre a TJLP e os seis
por centos definidos pela lei devem ser capitalizados. Assim, como o valor principal a receber
pertencente ao FAT encontra-se registrado no ativo não circulante, em obediência às normas de
contabilidade, os valores referentes a parte dos juros que devem ser capitalizados, ou seja aqueles
que não se realizarão, também devem ser contabilizados no ativo não circulante.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Art. 239, CF/88
b) Lei 8019/1190
c) Lei 9365/1996
Evidências
As evidências coletadas foram:
a) Documentos do Siafi: 20016NS000215, 2016NS000217, 2016NS000251, 2016NS000276,
2016NS000335, 2016NS000372, 2016NS000444, 2016NS000494, 2016NS000639,
2016NS000650, 2016NS000695 e 2016NS000745 (peça 77)
b) Memorando n. 287/2017-CGFAT/SPOA/SE/MTb (peça 71)
c) Entrevista realizada com os gestores da CGFAT em 20/2/2017 (peça 66)
Causas

52
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Contabilização de R$2.572.748.826,88 de juros a serem capitalizados na conta de curto


prazo (empréstimos a receber - código Siafi 11241.01.00) no lugar de contabilizar em conta de
longo prazo (Empréstimos a receber – código Siafi 12111.03.01).
Efeitos
Superavaliação do ativo circulante do Balanço Patrimonial do FAT, exercício de 2016,
subavaliação do Ativo não Circulante do Balanço Patrimonial do FAT, exercício de 2016 e
consequentemente distorção da percepção do usuário em relação à composição do direito a receber
(patrimônio do FAT), no que se refere a sua liquidez.
Comentários dos gestores
Em reunião realizada com os gestores em 28/3/2017 (peça 92), foi apresentada uma minuta de nota
técnica (peça 94) propondo a reclassificação dos valores que estão que estão registrados em curto
prazo quando deveriam estar contabilizados em conta de longo prazo. Em nota informativa n.
21/CCONT/CGOFC/SE-MTb, de 27/3/2017, o gestor informa a situação será regularizada em 2017
(peça 91, p.3).
Análise dos comentários
A proposta de reclassificação da apropriação dos juros semestrais a receber - TJLP e Taxa
internacional de juros apresentada na minuta de nota técnica (peça 94) da setorial de contabilidade
do Ministério do Trabalho vai ao encontro da proposta de correção da distorção identificada. Ainda
assim, propõe-se:
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que:
a) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para os
próximos exercícios financeiros, realize a reclassificação contábil de R$2.572.748.826,88,
excluindo o registro contábil da conta Empréstimos Concedidos a Receber (código siafi
11241.01.00 - ativo circulante) e registrando na conta Empréstimos Concedidos a Receber (Código
Siafi 12111.03.01 - ativo não circulante), em cumprimento ao artigo 4º da Lei 9365/1996 (item
II.2.2.2)
b) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), apure a
diferença de R$598.740.174,81 referente a saldo anterior a 2016 da conta Empréstimos Concedidos
a Receber (Código Siafi 11241.01.00, ativo circulante), a fim de verificar se se trata de juros a
serem capitalizados conforme definido no art. 4º da Lei 9.365/1996, e, em caso positivo realize a
classificação, para os próximos exercícios financeiros (item II.2.2.2)

II.2.3. Falhas de controle e de divulgaçã o


II.2.3.1. Baixo nível de transparência na composição do ativo do FAT em razão das perdas
referentes a variações cambiais negativas registrada na conta de empréstimos concedidos a
receber
Situação encontrada
De acordo com o artigo 239 da CF/1988, pelo menos 40% dos recursos arrecadados das
contribuições do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep) serão destinados a financiar programas de desenvolvimento
econômico, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O artigo 11 da Lei 8.019/1990 dispõe que os recursos do PIS e do Pasep repassados ao BNDES,
constituirão direitos do FAT e pelos quais será remunerado. Ressalta, contudo, que correrá por
conta do BNDES o risco das operações financeiras realizadas com os recursos recebidos do FAT (§
4º, art. 2º, Lei 8019/1990).

53
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

A Resolução nº 320, emitida pelo Codefat em 29/4/2003, define que até 50% dos recursos
ordinários do FAT Constitucional pode ser utilizado para financiamento a empreendimentos e
projetos visando à produção e comercialização de bens com reconhecida inserção internacional.
Segundo o BNDES, para esta parcela de recursos que integrará o programa FAT - Cambial, os
saldos devedores dos financiamentos concedidos poderão ser determinados com base em duas
moedas: (i) dólar norte-americano, sendo remunerado pela Taxa de Juros para Empréstimos e
Financiamentos no Mercado Interbancário de Londres (Libor) ou pela taxa de juros dos Títulos do
Tesouro dos Estados Unidos da América (Treasury Bonds); ou (ii) euro, sendo remunerado pela
taxa de juros de oferta para empréstimo na moeda euro ou pela taxa representativa da remuneração
média de títulos de governos de países da zona econômica do euro (euro area yield curve).
Em razão dessas transações, foram encontrados lançamentos contábeis, em conta de variações
monetárias, com registros de variações cambiais positivas e variações cambiais negativas relativas
às operações de financiamento a empreendimentos e projetos com reconhecida inserção
internacional capitaneados pelo BNDES com os recursos do FAT Constitucional.
Variação cambial trata-se da uma alteração do valor do dinheiro em função da mudança na taxa de
câmbio em um determinado período. Semestralmente, nos meses de janeiro e julho, o BNDES
transfere ao FAT o valor correspondente à remuneração do FAT-Cambial. Segundo o Ministério do
Trabalho, quando a variação é positiva, uma parcela é realizada (com a entrada de dinheiro em
caixa) e outra parcela é incorporada ao capital (com o aumento do valor do principal aplicado). Já
quando a variação é negativa todo seu valor é deduzido do principal aplicado.
O FAT Constitucional é contabilizado em uma conta contábil de ativo não circulante (direito a
receber) chamada “Empréstimos Concedidos a Receber” (cód. Siafi 121110301), bem como as
transações relativas as variações cambiais que são incorporadas ao valor principal. Quanto aos
valores que são realizados, ou seja, que se convertem e dinheiro (caixa) são contabilizados no ativo
circulante para fins de recebimento.
As transações referentes às variações cambiais que afetaram o direito a receber do ativo não
circulante (o patrimônio) do FAT no exercício de 2016 estão discriminados conforme tabela abaixo:
Tabela 31 - Conta contábil do ativo sensibilizada “Empréstimos Concedidos a Receber” – FAT -
exercício 2016
Variações Cambiais positivas Variações Cambiais negativas
Data Documento Data Documento
Valor Valor
lançamento Siafi lançamento Siafi

01/mar NS000216 969.908.869,33 01/mar NS000218 441.227.998,89

01/jun NS000334 1.035.368.651,71 01/abr NS000250 2.995.560.451,85


01/ago NS000443 213.001.875,81 29/abr NS000275 770.733.565,32
31/ago NS000493 5.277.715,68 01/jul NS000371 2.805.181.380,54
01/nov NS000638 46.879.455,95 01/dez NS000693 491.514.440,42
01/dez NS000694 1.635.327.723,97 30/dez NS000744 1.050.555.021,77
Total positivo 3.905.764.292,45 Total Negativo 8.554.772.858,79
Saldo (Déficit) das aplicações -4.649.008.566,34
Fonte: Siafi/2016
De acordo com a tabela acima, a conta Empréstimos Concedidos a Receber (121110301) sofreu
uma capitalização de R$3.905.764.292,45 e uma perda por descapitalização no valor de
R$8.554.772.858,79. O saldo da rentabilidade das transações com financiamentos internacionais
(FAT-Cambial), que impactaram a conta contábil de longo prazo foi deficitária, ou seja, ao final do
exercício de 2016 o FAT acumulou perdas de R$4.649.008.566,34, os quais reduziram o patrimônio
do Fundo.

54
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Embora o FAT tenha assumido em seu patrimônio perdas de tal magnitude, não houve uma
divulgação adequada dos montantes contabilizados. A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T
16) exige que os devidos registros contábeis sejam realizados e que devam ser divulgadas todas as
transações que possam influenciar na tomada de decisão do gestor ou na percepção do usuário da
informação. Mesmo que os recursos tenham sido utilizados para financiamentos de projetos de
reconhecimento internacional, conforme autorizado pela Constituição Federal e na resolução do
Codefat, cabe à gestão do FAT dar divulgação do detalhamento da conta Empréstimos Concedidos
a Receber por meio das notas explicativas ao Balanço Patrimonial, inclusive esclarecendo as razões
pelas quais tais perdas são incorporadas pelo FAT e não pelo BNDES, conforme definido pelo § 4º,
art. 2º, Lei 8019/1990.
Nesse sentido, há que se atentar também à nomenclatura dessas contas de variação patrimonial.
Em relação às variações cambiais negativas, elas estão registradas na conta 34391.01.03 de nome
“Atualização Monetária Negativa”, que não deixa clara a natureza cambial da operação. No PCASP
2017 a conta 34391.02.00, de nome “Outras Variações Cambiais”, tem condições de dar mais
transparência ao fato que está sendo registrado, que ocorre em função de perdas cambiais. De
acordo com o Siafi 2016, a descrição da conta 34391.02.00 – Outras Variações Cambiais presta-se
a registrar a variação patrimonial diminutiva proveniente de variação do valor da nossa moeda em
relação às moedas estrangeiras, com exceção da dívida contratual e mobiliária. Assim, esta conta
parece mais apropriada para o registro em questão, cabendo ao Ministério do Trabalho avaliar a
necessidade de conferir ou não maior nível de detalhamento.
Quanto às variações cambiais positivas, algo semelhante se observa. Atualmente, o registro é
realizado na conta 44391.01.00 – “Outras Variações Monetárias” que tampouco demonstra a
natureza cambial do ganho aferido. Porém, o grupo das variações patrimoniais aumentativas
também dispõe de uma conta que poderia evidenciar a natureza cambial da operação que é a
44391.02.00, de nome “Outras Variações Cambiais”. A descrição dessa conta, no entanto, suscita
uma dúvida quanto a sua aplicabilidade ao presente caso, que decorre dos empréstimos concedidos
ao BNDES. De acordo com o Siafi, a conta 44391 02 00 – Outras Variações Cambiais “registra a
variação patrimonial aumentativa proveniente de variação do valor da nossa moeda em relação às
moedas estrangeiras, com exceção de empréstimos e financiamentos concedidos”. Assim, o
Ministério deve avaliar, em consulta à Secretaria do Tesouro Nacional, acerca da aplicabilidade
desta conta ou da necessidade de criação de nova conta contábil que seja aplicável ao caso.
O próprio Ministério do Trabalho já está construindo entendimento no sentido de promover as
alterações acima apresentadas. O Ministério encaminhou a esta equipe a Minuta de Nota Técnica
da CCONT/CGOFC/SPOA/SE/MTb sobre a revisão de procedimentos técnicos para o registro
contábil dos valores repassados BNDES (peça 94). Nesta Minuta de Nota Técnica, uma das
propostas de alteração apresentadas pelo Ministério foi a seguinte:
Item 5.d) ajuste decorrente da variação cambial do FAT Cambial (art. 5, Lei nº 9.365/1996);
Tabela 32 – Contabilização das Variações Cambiais positivas
Roteiro Contábil (atual) Roteiro Contábil (proposto)
Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais
Situação: CRD049 - Ajustes Financeiros de LP de Situação: CRD049 - Ajustes Financeiros de LP de
Empréstimos Conc. - Positivo Empréstimos Conc. - Positivo
Lançamento Contábil (contas patrimoniais): Lançamento Contábil (contas patrimoniais):
D - 12111.03.01 - Empréstimos Concedidos a D - 12111.03.09 - Financiamentos Concedidos a
Receber Receber - FAT
C - 44391.01.00 - Outras Variações Monetárias C - 44391.02.00 - Outras Variações Cambiais

Tabela 33 – Contabilização das Variações Cambiais Negativa


Roteiro Contábil (atual) Roteiro Contábil (proposto)
Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais Documento Hábil: PA - Lançamentos Patrimoniais
Situação: CRD045 - Ajustes Financeiros de LP de Situação: CRD045 - Ajustes Financeiros de LP de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Empréstimos Conc. - Negativo Empréstimos Conc. - Negativo


Lançamento Contábil (contas patrimoniais): Lançamento Contábil (contas patrimoniais):
D - 34391.01.03 - Atualização Monetária Negativa D - 34391.02.00 - Outras Variações Cambiais
C - 12111.03.01 - Empréstimos Concedidos a C - 12111.03.09 - Financiamentos Concedidos a
Receber Receber - FAT
Assim, resta clara a necessidade de rever os procedimentos do registro contábil decorrentes da
variação cambial do FAT Cambial, de modo a garantir que a natureza cambial da operação
registrada fique evidenciada pelo próprio nome da conta utilizada para o registro.
Objeto
Demonstrações financeira do FAT em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Artigo 239, CF/88;
b) Artigos 2º e 11 da Lei 8.019/1990;
c) Resolução nº 320/2003, emitida pelo Codefat em 29 de abril de 2003 (peça 84);
d) MCASP 6ª Edição, item 4.5 (peça 83).
Evidências
As evidências coletadas foram:
a) Lançamentos dos rendimentos de variação monetária positiva no Siafi/2016: 2016NS000216,
334, 443, 493, 638 e 694 (peça 78; p. 1, 5, 7- 9, 11)
b) Registros dos rendimentos de variação monetária cambial negativa no Siafi/2016:
2016NS000218, 250, 275, 371, 693 e 744 (peça 78; p. 2-4, 6, 10 e 12)
Causas
Não divulgação do detalhamento da conta Empréstimos Concedidos a Receber por meio das notas
explicativas ao Balanço Patrimonial.
Erro de classificação das variações cambiais positivas e variações cambiais negativas
Efeitos
A não divulgação da incorporação das perdas discutidas neste tópico implica baixo nível de
transparência na gestão da informação. Da forma como está apresentada e divulgada a informação
contábil da conta Empréstimos Concedidos a Receber no Balanço Patrimonial não é possível saber
o que é principal, o que é variação monetária positiva ou negativa, nem fica claro que tais variações
decorrem de flutuações do câmbio.
Abaixo encontra-se tabela com um detalhamento de como os valores impactaram no saldo inicial
da conta de direito a receber do FAT. No geral houve uma evolução positiva de 5,35% no
patrimônio do FAT, mas no detalhamento é possível verificar que a evolução positiva foi de 9,62%
e que as variações cambiais negativas geraram uma redução patrimonial de 4,28%.

Tabela 34 - Detalhamento da evolução da conta “Empréstimos Concedidos a Receber” do


Ativo não Circulante - Exercício 2016
Saldo patrimonial inicial – 2016 (121110301) 199.996.379.656,98 %
(+) repasse ao BNDES - dez/2015 1.034.847.913,43 0,52%
(+) Repasses ao BNDES exercício 2016 14.307.518.047,40 7,15%
(=) saldo patrimonial preliminar 215.338.745.617,81
(+) Variações Cambiais positivas-2016 3.905.764.292,45 1,95%
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

(-) Variações Cambiais negativas-2016 -8.554.772.858,79 -4,28%


(=) saldo patrimonial final - 2016 210.689.737.051,47
Fonte: Siafi/2016
Cabe destacar que quanto mais transparente for a informação, mais útil ela será, tanto para o gestor
adotar medida para evitar maiores perdas para o erário, quanto para o contribuinte saber onde seus
recursos estão sendo alocados, bem como as perdas com as quais a sociedade está arcando. Além
disso, faz-se necessário também esclarecer ao contribuinte quais os benefícios sociais e econômicos
foram incorporados ao país que justifique uma perda de R$8,5 bilhões em apenas um exercício
financeiro.
Comentários do gestor
Em reunião realizada em 28/3/2017 (peça 92), o gestor concorda que é necessário um nível de
esclarecimento maior dessas perdas com variação cambial negativa e que irão estudar uma forma
dar maior divulgação, especialmente para a tomada de decisão do Codefat. Ainda segundo a Nota
Informativa n. 21/CCONT/CGOFC/SE-MTb, de 27/3/2017 (peça 91, pg 3), o gestor informa que
entrou em contato com o Órgão Central de Contabilidade para avaliar a utilização das contas para a
realização dos ajustes necessários.
Ainda segundo os gestores, em reunião, foi elaborada minuta de nota técnica (peça 94) para
orientar a reclassificação dos valores registrados na conta contábil Outras Variações Monetárias
(cód. Siafi 44391.0101) para a conta contábil: Outras Variações Cambiais (Cód. Siafi 44391.02.00).
E os registros da conta Atualização Monetária Negativa (34391.01.03) serão transferidos para a
conta Outras Variações Cambiais (34391.02.00).
Análise dos comentários
Considerando a compreensão e a prestatividade dos gestores em corrigir as falhas propõe-se:
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que:
a) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que
divulgue o detalhamento da composição da conta Empréstimos Concedidos a Receber (cód. Siafi
121110301) por meio de Notas Explicativas, inclusive esclarecendo as razões pelas quais tais
perdas são incorporadas no patrimônio do FAT e não assumidas pelo BNDES, conforme definido
no § 4º, art. 2º, Lei 8019/1990 ;
b) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que adote
os procedimentos contábeis adequados para evidenciar a natureza cambial dos ajustes decorrentes
da variação cambial do FAT Cambial, realizando seu registro na conta contábil adequada que reflita
as transações que ocorreram de fato.

II.2.3.2. Ausência de divulgação das Demonstrações Financeiras individuais do FAT


Situação encontrada
Não há divulgação das demonstrações financeiras individuais do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT). Em consulta aos sítios eletrônicos do Ministério do Trabalho (MTb) e do FAT não se
verificou a publicação das demonstrações financeiras do FAT.
Atualmente, apenas por meio de consulta ao Siafi é possível extrair as demonstrações financeiras
do FAT. No entanto, o Siafi é um sistema com acesso limitado. Somente é possível consultar as
informações se o gestor do sistema conceder um perfil de usuário com certo nível de acesso, sendo
necessário preencher os requisitos regulamentados na IN/STN nº 03/2001. Além disso, o usuário
precisa ter conhecimentos específicos tanto de contabilidade pública, como de navegabilidade no
sistema. Significa dizer que os dados não estão disponíveis para todos. Assim, não é qualquer
cidadão que pode ter acesso às informações, pois não há ampla divulgação dos demonstrativos
financeiros do FAT.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Reforça-se a necessidade de publicação das demonstrações financeiras do FAT, o advento da Lei


12.527/2011 (Lei de Transparência), cujo art. 3, inciso III dispõe sobre a necessidade de divulgação
de informações de interesse público, independente de solicitações.
Na tentativa de promover mais transparência, a Secretaria do Tesouro Nacional disponibiliza um
link¹ em sua página oficial permitindo que qualquer usuário possa extrair os demonstrativos
financeiros de instituições públicas, contudo somente é possível consultar tais informativos por
nível de órgão superior. Como o FAT não é um órgão superior, suas demonstrações não são
passíveis de consulta pública.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT em 2016
Critérios
Lei 12.527/2011
Evidências
Em consulta aos sítios eletrônicos do Ministério do Trabalho (MTb) e do FAT não se verificou a
publicação das demonstrações financeiras do FAT.
Causas
Falta de previsão legal que determine a obrigatoriedade e os termos da divulgação ou publicação
das Demonstrações Financeiras do FAT.
Efeitos
Falta de transparência na divulgação das demonstrações financeiras do FAT.
Comentários dos Gestores
As Demonstrações Financeiras do FAT foram publicadas no portal do Ministério do Trabalho.
Segundo o gestor será publicado no portal do FAT também, depois de alguns ajustes na formatação
do documento (peça 92, pg. 3).
Análise dos comentários
Embora os gestores do FAT tenham publicado as demonstrações no decorrer da presente auditoria,
cabe ainda reforçar a obrigação com a transparência das informações conforme proposta abaixo
descrita.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que divulgue anualmente em sítio eletrônico as
demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador, acompanhadas de suas respectivas
notas explicativas.
II.2.3.3. Ausência de divulgação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras do FAT
Situação encontrada
Não foram identificadas a divulgação de Notas Explicativas específicas das Demonstrações
Financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) referente ao exercício de 2016, embora a
Setorial Contábil do Ministério do Trabalho tenha encaminhado uma cópia de tais Notas para
equipe de auditoria (peça 87)
Como não houve divulgação, cabe destacar que a Macrofunção 020319 do Siafi no item 2.2, dispõe
que, “Acompanhando as Demonstrações Contábeis”, existem as notas explicativas as quais incluem
as descrições dos valores mais significativos das demonstrações, indicando os critérios de avaliação
do ativo e passivo, as políticas contábeis adotadas, de forma assegurar um conjunto de informações
que atendam aos interesses dos diversos usuários.
De acordo com o Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP), as Notas
Explicativas são informações adicionais às apresentadas nos quadros das Demonstrações
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Financeiras. São consideradas parte integrante das demonstrações e tem o objetivo de facilitar a
compreensão das informações contábeis a seus diversos usuários. No geral, englobam informações
de qualquer natureza exigidas por lei, pelas normas contábeis e outras informações relevantes não
suficientemente evidenciadas ou que não constam nos balanços.
No que tange à estrutura das notas explicativas, elas devem ser apresentadas de forma sistemática.
O MCASP também sugere que as notas explicativas sejam apresentadas na seguinte ordem:
a) Informações gerais: destacando a natureza jurídica da entidade; seu domicílio; natureza das
operações e principais atividades de controle; declaração de conformidade com a legislação e com
as normas de contabilidade aplicáveis;
b) Resumo das políticas contábeis significativas: destacando, por exemplo, base de mensuração
utilizada; novas normas e políticas contábeis alteradas; julgamentos pela aplicação das políticas
contábeis;
c) Informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações contábeis pela
ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas;
d) Outras informações relevantes como passivos contingentes e compromissos contratuais não
reconhecidos; divulgações não financeiras (tais como, os objetivos e políticas de gestão do risco da
entidade; pressupostos das estimativas); reconhecimento de inconformidades que podem afetar a
compreensão do usuário sobre o desempenho e o direcionamento das operações da entidade no
futuro; ajustes decorrentes de omissões e erros de registro.
Ademais, é importante destacar que as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor
Público (IPSAS) também preveem a divulgação de notas explicativas às demonstrações contábeis.
A IPSAS n.1, que trata da apresentação das demonstrações contábeis, discorre nos parágrafos 127-
150 sobre o conteúdo básico das notas explicativas, cujo o teor está abarcado pelo MCASP,
conforme tratado nos parágrafos anteriores.
Nesse sentido, considerando os critérios estabelecidos no MCASP, na Macrofunção Siafi 020319, e
na IPSAS n.1, as demonstrações do FAT no exercício de 2016 deveriam estar acompanhadas de
notas explicativas. Todavia, na prática, não houve divulgação e apresentação desse conteúdo,
conforme requerido nas citadas publicações.
Objeto
Demonstrações financeiras do FAT em 2016
Critérios
Os critérios utilizados foram:
a) Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público (MCASP), 6ª Edição - 2015, (peça 83, p.
352-353)
b) Macrofunção 020319 do Siafi (peça 80)
c) Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público. IPSAS 1 - Apresentação das
Demonstrações Contábeis (Parágrafos 127-150) (peça 82)
Evidências
Ausência de divulgação pública do conjunto das demonstrações financeiras do FAT de 2016,
incluindo as Notas Explicativas específicas.
Causas
Não utilização da função Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis no SiafiWeb de 2016;
Não previsão na Lei 4.320/1964 de elaboração de notas explicativas às demonstrações contábeis
Efeitos
A ausência de notas explicativas às demonstrações contábeis impede o usuário de conhecer quais os
critérios estabelecidos para elaboração das demonstrações, o resumo das políticas contábeis

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

significativas aplicadas, informações sobre itens relevantes das demonstrações, e outras


informações relevantes, tais como passivos contingentes, compromissos contratuais não
reconhecidos, gestão de risco dentre outros.
Comentários dos Gestores
As notas explicativas do FAT foram elaboradas e encaminhadas a esta equipe de auditoria no
decorrer do presente trabalho, bem como publicadas no portal do Ministério do Trabalho. Segundo
o gestor será publicado no portal do FAT também, depois de alguns ajustes na formatação do
documento (peça 91, pg. 3).
Análise dos comentários
Embora os gestores do FAT tenham encaminhado as demonstrações a essa equipe de auditoria, sua
publicação no portal se deu ao longo da execução da presente auditoria. Dessa forma, para reforçar
a obrigação com a transparência das informações segue a proposta abaixo descrita.
Proposta de encaminhamento
Recomendar ao Ministério do Trabalho que elabore anualmente notas explicativas às
Demonstrações Financeiras anuais do FAT que contenham no mínimo informações gerais sobre o
fundo, resumo das políticas contábeis significativas; informações de suporte e detalhamento de
itens apresentados nas demonstrações contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada
rubrica sejam apresentadas; e outras informações relevantes que possam influenciar a situação
financeira do fundo, e que sejam publicadas e amplamente divulgadas, conforme definido no
MCASP.

III – MONITORAMENTO DE AUDITORIA ANTERIOR


III.1. Monitoramento do TCU no Acó rdã o 1749/2016-TCU-Plená rio
Trata-se de monitoramento de decisão resultado de Auditoria Financeira realizada no
FRGPS no exercício de 2015.
III.1.1. Determinaçõ es
Acórdão 1749/2016: determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com fulcro no art.
43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, nas
próximas demonstrações financeiras anuais do FRGPS:
Determinação 9.1.1: divulgue, em notas explicativas, a situação atuarial do RGPS, contemplando,
além das informações atuariais gerais do RGPS, dados de contribuições e despesas a valor presente,
bem como déficit atuarial do RGPS, em consonância com os resultados do grupo de trabalho
constituído pela Portaria Conjunta 218, de 19/12/2014, da Casa Civil da Presidência da República e
Ministérios da Fazenda e da Previdência Social para realização de estudos sobre a matéria, em
atendimento ao princípio da publicidade inscrito no art. 37 da Constituição Federal e conforme
previsto no art. 8º, caput, da Lei 12.527/2011;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: Na Nota Explicativa 07 “Situação Atuarial do RGPS - Regime Geral de Previdência
Social” às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016 (peça 88, p.19), é citado que:
Conforme já discutido anteriormente, tendo inclusive sido objeto de Grupo de Trabalho constituído
pela Portaria Interministerial CC/MF/MPS nº 218 [de 19/12/2014], o conceito de Balanço atuarial
não se aplica a regimes de previdência abertos que utilizam o sistema de repartição simples, como é
o caso aplicado no Brasil ao RGPS, pela complexidade em se apurar os ativos atuariais. A partir da
apuração desse ativo, que em um regime com as características do RGPS que não possuem
formação de capital e assim é formado exclusivamente pelas contribuições futuras, seria possível
chegar ao déficit atuarial do regime (...). Encontra-se em andamento em parceria com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento - BID, estudo para estimar as contribuições futuras para trazê-
las a valor presente e assim construir um balanço atuarial.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Apesar dessa ponderação, e para dar atendimento à determinação do TCU, foi anexada à referida
Nota 07 a tabela “Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Geral de Previdência Social -
Orçamento da Seguridade Social - 2017 a 2060” (peça 88, p. 20) com estimativas sobre as receitas
e despesas do RGPS para o horizonte de tempo até 2060, na qual foram incorporadas projeções
populacionais e tábuas de mortalidade, o que, segundo a citação, “fornece elementos atuariais à
estimativa e que vêm sendo utilizadas na composição dos Projetos de Lei Orçamentária Anual e
nos Relatório Resumido de Execução Orçamentária” (RREO 2017, compondo o Anexo 10,
conforme o art. 53, § 1º, inciso II, da Lei Complementar 101/2000 - Lei de Responsabilidade
Fiscal).
Quanto ao cálculo de déficit atuarial do FRGPS em balanço atuarial, a Secretaria de Previdência do
Ministério da Fazenda (peça 93, p. 5-6) informa que não existe metodologia para evidenciação
dessa informação, mas que em função da recomendação da determinação do TCU, deve-se realizar
estudo para definir e aprovar uma metodologia adequada para calcular o balanço atuarial do RGPS.
Determinação: 9.1.2: constitua ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio e divulgue
em notas explicativas a metodologia utilizada e a memória de cálculo do ajuste, de modo que a
contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FRGPS;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: Foi verificado que não há destaque, como conta retificadora, do ajuste para perdas
dos créditos por danos ao patrimônio no Balanço Patrimonial de 2016, e a Nota Explicativa 01 às
demonstrações contábeis de 2016 não está completa (peça 88, p.7-9), constando apenas a memória
de cálculo relativa à Unidade Gestora 513695 - Gerência Executiva em Maringá.
No Balanço Patrimonial referente ao exercício de 2016 do FRGPS, a conta Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo (código contábil 11.300.00.00) está registrada pelo valor líquido de R$
447.051.931,34, sem evidenciar o referido ajuste.
Com isso, para o leitor das demonstrações do INSS fica difícil fazer uma conciliação entre o valor
bruto das contas “Créditos por Danos ao Patrimônio” e “Valores Restituíveis” (que no Balancete de
dezembro de 2016 alcançam respectivamente os valores de R$ 1.870.782.795,01 e R$ 15.496,86) e
o ajuste de R$ 1.423.746.360,53 dentro do mesmo grupo de contas contábeis (113), de modo a
chegar ao valor líquido de R$ 447.051.931,34 da conta do Balanço Patrimonial “Demais Créditos e
Valores a Curto Prazo”. Este item foi objeto de análise no achado II.1.1.3, inclusive com proposta
de encaminhamento.
Determinação: 9.1.3. divulgue, em notas explicativas, a metodologia utilizada e a memória de
cálculo do ajuste para perdas, bem como esclarecimentos quanto aos fatores que levaram o fundo a
considerar perdas tão significativas na conta Dívida Ativa não Tributária;
Situação: atendida.
Comentários: Na Nota Explicativa 03 “Ajuste para perdas de Dívida Ativa não Tributária” às
demonstrações do FRGPS de 2016 (peça 88, p. 9-13) são expostas a metodologia utilizada no
ajuste e a respectiva memória de cálculo, e ao final esclarece que, considerando a metodologia
descrita, houve o reconhecimento de perda significativa devido aos baixos recebimentos ocorridos
no período de 2014 a 2016.
Determinação: 9.1.4. divulgue, em sítio eletrônico, as demonstrações financeiras do FRGPS, de
forma a promover a gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso e divulgação, em
atendimento ao princípio da publicidade inscrito no art. 37 da Constituição Federal e conforme
previsto no art. 8º, caput, da Lei 12.527/2011;
Situação: atendida
Comentários: As demonstrações, inclusive com as notas explicativas, estão publicadas no seguinte
sítio eletrônico: http://www.previdencia.gov.br/acesso-a-informacao/despesas/demonstracoes-e-
notas-explicativas-inss/ (Acesso em 16/3/2017).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

III.1.2. Recomendaçõ es
Acórdão 1749/2016 9: 9.2. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art.
250, inciso III, do Regimento Interno do TCU: 9.2.1. ao INSS, que:
Recomendação 9.2.1.1. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do
FRGPS, em convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os
imóveis do FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens;
Situação: em atendimento.
Comentários: na Nota Explicativa 05 “Reclassificação dos Imóveis” às demonstrações contábeis
do FRGPS de 2016 é citado que “para o exercício de 2016, os imóveis do FRGPS permanecerão
classificados no agrupamento 12.320.00.00. No entanto, para o exercício de 2017, os imóveis
contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual do INSS, serão reclassificados de modo a
refletir adequadamente a situação patrimonial do FRGPS”. Com isso, fica evidenciado que o
atendimento da recomendação só será possível a partir do exercício de 2017. Este item foi objeto
de análise no achado II.1.2.1, inclusive com proposta de recomendação.
Recomendação 9.2.1.2. elabore, nos exercícios financeiros subsequentes, notas explicativas às
Demonstrações Financeiras do FRGPS, que contenham, no mínimo, informações gerais sobre o
fundo; resumo das políticas contábeis significativas; informações de suporte e detalhamento de
itens apresentados nas demonstrações financeiras pela ordem em que cada demonstração e cada
rubrica sejam apresentadas; e outras informações relevantes que possam influenciar a situação
financeira do fundo, conforme definido no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(MCASP);
Situação: atendida.
Comentários: As Notas Explicativas às demonstrações contábeis de 2016 do FRGPS contam com
informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis significativas e o detalhamento de
itens das demonstrações que foram objeto de determinação ou recomendação deste Tribunal.
Recomendação 9.2.1.3. consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades
Gestoras sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das
ocorrências apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que
as ocorrências de restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto
6.976/2009 e IN-STN 6/2007;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: A despeito da recomendação, a Nota Explicativa 09 às demonstrações de 2016 do
FRGPS faz menção a 59 ocorrências de restrições de conformidade contábil. Já em consulta ao
Siafi 2016 realizada em 10/2/2017, utilizando a transação CONCOFCON, foram constatadas 161
ocorrências de restrições para o Órgão 37904. Além disso, outras três restrições constaram das
respostas do INSS ao TCU. Com isso, verifica-se que houve a ocorrência de restrições à
conformidade contábil que ultrapassaram o exercício financeiro de 2016. Este item foi objeto de
análise no achado II.1.3.1, inclusive com proposta de recomendação.
Recomendação 9.2.2. em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN),
Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), revise o entendimento de
contabilização dos créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias,
tendo em vista a convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de
ativo definido no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público
(MCASP) e com fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei
11.457/2007, de modo que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS;
Situação: não atendida.
Comentários: Apesar dos esforços da TCU em ressaltar que o não registro contábil dos créditos
tributários previdenciários no FRGPS ocasiona distorções nas demonstrações financeiras do fundo
da ordem de R$ 354,26 bilhões em 2015 e de R$ 415,45 bilhões em 2016, a referida recomendação
62
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

não foi atendida e as demonstrações financeiras de 2016 do FRGPS continuam sem a evidenciação
desses valores. No entanto, em 20/1/2017, foi instituído Grupo de Trabalho Interministerial (GTI),
no âmbito dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social e Agrário com o objetivo de
atender a recomendação exarada no Acórdão 1749/2016-TCU-Plenário, com o propósito de revisar
e avaliar o entendimento sobre a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa
relacionados às contribuições previdenciárias. Nesse sentido, apesar de ainda não haver registro dos
créditos previdenciários a receber (administrativos e dívida ativa) no âmbito do FRGPS, já existe
uma equipe em trabalho para equacionamento da questão, o que indica que a recomendação ainda
está em atendimento. Este item foi objeto de análise no achado II.1.1.1, inclusive com proposta de
recomendação.
IV - CONCLUSÃO
Com base nos procedimentos realizados, descritos neste relatório, não há conhecimento de algum
fato que leve a acreditar que as informações constantes nos demonstrativos financeiros do Fundo
do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
(especificamente Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais e Balanço
Orçamentário), do exercício de 2016, não estão apresentadas em todos os seus aspectos relevantes,
de acordo com as normas dispostas na Lei 4320/1964, Lei Complementar 101/2000, Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP 6ª Ed.) e demais normativos infralegais, exceto
pelas seguintes ressalvas:
I) no âmbito do FRGPS:
a) Subavaliação do ativo do FRGPS em razão da ausência de registros dos créditos tributários a
receber e da dívida tributária;
b) Despesas com Sentenças Judiciais do FRGPS que foram apropriadas em Tribunais Regionais
Federais e não constam no Demonstrativo de Variações Patrimoniais do FRGPS;
c) Falta de evidenciação do ajuste para perdas dos créditos por danos ao patrimônio;
d) Não reclassificação dos imóveis contidos no Plano Nacional de Desimobilização Anual do
INSS;
e) Restrições de conformidade contábil que ultrapassaram o exercício.
II) no âmbito do FAT:
a) Despesas do abono salarial de competência de 2015 registradas no exercício de 2016 e ausência
de provisão para pagamento do abono de ano-base 2016;
b) Superavaliação nas despesas do Balanço Orçamentário e da Demonstração de Variações
Patrimoniais do FAT correspondentes aos valores disponibilizados aos beneficiários, a título de
Seguro Desemprego, que não foram desembolsados e perderam a validade ainda no exercício de
2016;
c) Subavaliação do Balanço Orçamentário do FAT em razão da ausência do registro das receitas
realizadas de contribuição para o PIS/Pasep;
d) Subavaliação do ativo do FAT em razão da ausência de registro dos créditos a receber e da
dívida ativa referentes à contribuição para o PIS/Pasep;
e) Superavaliação do ativo do FAT em razão da ausência da constituição de ajuste para perdas
referente à conta Crédito a receber decorrente da falta/irregularidade comprovada em TCE;
f) Divergência entre os saldos do BNDES e Saldo contábil do FAT da conta Empréstimos
Concedidos a Receber;
g) Erro de classificação contábil dos juros a receber do FAT Constitucional;
h) Erro de classificação no registro de capitalização de valores de longo prazo em contas de curto
prazo no valor de R$ 2,5 bilhões;
i) Baixo nível de transparência na composição do ativo do FAT em razão das perdas referentes a
variações cambiais negativas registrada na conta de empréstimos concedidos a receber;
j) Ausência de divulgação das Demonstrações Financeiras individuais do FAT;

63
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

k) Ausência de divulgação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras do FAT.

V- PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Ante o exposto, propõe-se ao Tribunal:
I. Determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, I, c/c art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao:
a) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS):
a.1) em conjunto com a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, ajuste a
contabilização da execução das despesas patrimoniais do Fundo do Regime Geral de Previdência
Social (FRGPS), de forma que as despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas
descentralizadas aos Tribunais Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas de Classe 3
(variações patrimoniais diminutivas) do FRGPS (item II.1.1.2).
b) Ministério do Trabalho (MTb), que nas próximas demonstrações financeiras do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT):
b.1) reconheça a despesa patrimonial com Abono Salarial, de modo que o registro contábil coincida
com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito adquirido, em obediência ao que
preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal (item II.2.1.1);
b.2) revise o processo de devolução dos benefícios do seguro desemprego não desembolsados que
perderam validade durante o exercício financeiro, de modo que tais recursos sejam revertidos mais
tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos cofres do FAT, dentro do exercício de
competência, em consonância com as disposições contidas no MCASP (Parte II, itens 3.2.2 e item
4) (item II.2.1.2);
b.3) em conjunto com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que revise o roteiro de
contabilização das receitas realizadas relacionadas às contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista o
que preceitua o art. 239 da Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º da Lei 8.019/1990 e art. 11 da
lei 7.998/1990, de modo que os reflexos contábeis sejam evidenciados diretamente na contabilidade
do FAT (item II.2.1.3);
b.4) que constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em Tomada de Contas Especial, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização
reflita a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no
Balanço Patrimonial (item II.2.1.5).
II) Recomendar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do TCU ao:
a) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nas próximas demonstrações financeiras do
Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS):
a.1) em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita Federal do
Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), revise a contabilização dos créditos
tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias, tendo em vista a
convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido
no Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com
fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS (item II.1.1.1);
a.2) discrimine no Balanço Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio e o
respectivo Ajuste para perda de créditos, bem como inclua em Nota Explicativa,
complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio
relativos às unidades do FRGPS, de forma a permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta
de ajuste para perda, em consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
64
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

(MCASP), 6ª Edição (2015), Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p.


177, e Macrofunção Siafi 020333, item 3 (item II.1.1.3);
a.2) implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do FRGPS, em
convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os imóveis do
FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens (item II.1.2.1);
a.3) consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades Gestoras sob sua
responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das ocorrências
apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que as
ocorrências de restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto
6.976/2009 e IN-STN 6/2007 (item II.1.3.1).
b) Ministério do Trabalho (MTb) que:
b.1) no âmbito do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em seus Boletins Financeiros e nas
Notas Explicativas às demonstrações financeiras, deixe claro que a execução da despesa
orçamentária com Abono Salarial refere-se a direitos adquiridos pelos beneficiários em exercícios
anteriores, permitindo ao usuário da informação identificar com facilidade a qual ano-base o gasto
se refere (item II.2.1.1);
b.2) juntamente com Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), avalie
a oportunidade de realizar a revisão da Resolução Codefat nº 12/1991, com o objetivo de permitir
que a restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja feita de forma
tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
b.3) reveja o Contrato de Prestação de Serviços nº 38/2013 firmado entre MTb e Caixa Econômica
Federal, de operacionalização do Seguro Desemprego, com o objetivo de permitir que a restituição
ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja
feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
b.4) em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita Federal do
Brasil (RFB) e Secretaria do Tesouro Nacional (STN), revise a contabilização dos créditos
tributários e dívida ativa relacionados às contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista a convergência
aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no Item 2.2.1 da
Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP); o art. 11, inciso I da Lei
7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1190, de modo que os reflexos contábeis estejam
evidenciados diretamente na contabilidade do FAT. (item II.2.1.4);
b.5) publique em nota explicativa, no âmbito das demonstrações financeiras do FAT, as razões da
divergência entre os saldos contabilizados no ativo do FAT e a respectiva obrigação reconhecida
pelo BNDES (item II.2.1.6);
b.6) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),
reclassifique os juros apropriados na conta contábil Empréstimos Concedidos a Receber
(11.2.4.1.01.00) para conta contábil que reflita as transações que ocorreram de fato e que mantenha
o mesmo roteiro para as próximas apropriações dos juros a receber dos empréstimos concedidos ao
BNDES (FAT Constitucional). (item II.2.2.1);
b.7) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para os
próximos exercícios financeiros, realize a reclassificação contábil de R$2.572.748.826,88,
excluindo o registro contábil da conta Empréstimos Concedidos a Receber (código siafi
11241.01.00 - ativo circulante) e registrando na conta Empréstimos Concedidos a Receber (Código
Siafi 12111.03.01 - ativo não circulante), em cumprimento ao artigo 4º da Lei 9365/1996 (item
II.2.2.2);
b.8) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), apure a
diferença de R$598.740.174,81 referente a saldo anterior a 2016 da conta Empréstimos Concedidos
a Receber (Código Siafi 11241.01.00, ativo circulante), a fim de verificar se se trata de juros a
serem capitalizados conforme definido no art. 4º da Lei 9.365/1996, e, em caso positivo realize a
classificação, para os próximos exercícios financeiros (item II.2.2.2);
65
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

b.9) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), divulgue
o detalhamento da composição da conta Empréstimos Concedidos a Receber (cód. Siafi
121110301) por meio de Notas Explicativas, inclusive esclarecendo as razões pelas quais tais
perdas são incorporadas no patrimônio do FAT e não assumidas pelo BNDES, conforme definido
no § 4º, art. 2º, Lei 8019/1990 (item II.2.3.1);
b.10) no âmbito das demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), adote
os procedimentos contábeis adequados para evidenciar a natureza cambial dos ajustes decorrentes
da variação cambial do FAT Cambial, realizando seu registro na conta contábil adequada que reflita
as transações que ocorreram de fato. (item II.2.3.1);
b.11) divulgue anualmente em sítio eletrônico as demonstrações financeiras do Fundo de Amparo
ao Trabalhador, acompanhadas de suas respectivas notas explicativas (item II.2.3.2);
b.12) elabore anualmente notas explicativas às Demonstrações Financeiras anuais do FAT que
contenham no mínimo informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis
significativas; informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações
contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e outras
informações relevantes que possam influenciar a situação financeira do fundo, e que sejam
publicadas e amplamente divulgadas, conforme definido no MCASP (item II.2.3.3).
III) Enviar ao Ministério do Trabalho, Instituto Nacional do Seguro Social, Secretaria do Tesouro
Nacional, Secretaria da Receita Federal do Brasil, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, e
Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), cópia deste Relatório, bem
como do Relatório, Voto e Acórdão que vierem a ser proferidos no presente processo.
IV) Arquivar os presentes autos.
3. Após o ingresso dos autos ao meu gabinete, a Caixa e o BNDES apresentaram novos
elementos acostados às peças 104 e 115/116, respectivamente.
É o relatório.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

VOTO

Trata-se de auditoria realizada no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e no


Ministério do Trabalho (MTb) com o objetivo de emitir conclusão sobre os demonstrativos financeiros
do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), referentes ao exercício de 2016. A presente fiscalização também apresenta o monitoramento do
Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, resultado de auditoria financeira realizada no FRGPS no exercício
de 2015.
2. O trabalho desenvolveu-se no contexto da estratégia de fortalecimento da auditoria
financeira, aprovada mediante o Acórdão 3.608/2014-TCU-Plenário, cujo objetivo
é garantir um alto nível de segurança na emissão de opinião de auditoria sobre a
credibilidade do Balanço Geral da União (BGU), por meio da integração da
certificação das contas ordinárias e de governo e da ampliação gradual da
quantidade de demonstrações auditadas.
II
3. Inicio o presente voto pela análise das demonstrações financeiras do FAT. O
aludido fundo é vinculado ao Ministério do Trabalho (MTb) e seus recursos são
destinados ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial,
bem como ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico por
meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
4. Uma das principais constatações do trabalho refere-se à dificuldade de se
reconhecer, a partir da leitura das demonstrações financeiras do FAT, quais os
valores efetivamente operacionalizados pelo fundo no exercício de 2016.
5. Com relação às receitas, a dificuldade reside no fato de que parte significativa
delas está registrada em outros órgãos arrecadadores. Por exemplo, as receitas
relativas à arrecadação do PIS/Pasep, da ordem de R$ 54,3 bilhões, estão
registradas na contabilidade do Ministério da Fazenda (achado II.2.1.3, peça 95). O
balanço orçamentário do FAT registra uma receita de R$ 20,8 bilhões (tabela 7,
peça 95, p. 15). Diante da ausência da completude da informação nos registros do
FAT, restou prejudicada a análise sobre o equilíbrio financeiro do fundo, uma vez
que a contabilidade não está retratando do modo devido a efetiva arrecadação
referente ao exercício de 2016.
6. No tocante às despesas pagas, alcançaram o montante de R$ 69,9 bilhões no
exercício de 2016, compostas por R$ 54,5 bilhões de despesas correntes e R$ 15,3
de despesas de capital. Do total das despesas correntes, 33,05% foram destinados
ao pagamento de abono salarial e 67,14% ao pagamento do benefício com seguro
desemprego. As despesas de capital referem-se à transferência destinada a
financiar programas de desenvolvimento econômico, por meio do BNDES.
7. A propósito, vale registrar que o balanço patrimonial do fundo apresenta um ativo
no montante de R$ 276,4 bilhões. Desse total, cerca de R$ 210,6 bilhões estão
contabilizados na conta referente às transferências ao BNDES, que é uma conta de
ativo realizável a longo prazo.
8. Feita essa visão geral, passo à análise dos achados de auditoria.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

9. Inicialmente, destaco a ausência de transparência referente ao real gasto anual com


abono salarial. Tal abono está estabelecido no § 3º do art. 239 da Constituição
Federal, e assegura o pagamento de um salário mínimo anual aos empregados de
contribuintes do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), que recebam até dois salários mínimos
de remuneração mensal.
10. Na comparação de despesas executadas nos exercícios de 2015 e de 2016, foi
identificado um aumento da ordem de 77%, passando de R$ 10,1 bilhões para R$
17,9 bilhões.
11. De acordo com a equipe de auditoria, o que explica variação de tal magnitude é o
impacto da alteração do cronograma de pagamento. Até 2014, o ministério
dispunha de orçamento para efetivar o pagamento da totalidade dos benefícios, já
no exercício seguinte ao ano-base. Em 2015, o ministério não teve orçamento para
o pagamento integral do abono. Assim, as despesas de competência de 2014 foram
pagas, parte em 2015 e parte em 2016. Ao apresentar os dados, incluindo despesas
postergadas de um exercício para outro, a informação perdeu sua comparabilidade.
12. Em outros termos, foram executados, em 2016, cerca de R$ 11 bilhões do abono
referente a 2014 e R$ 6,9 bilhões referentes a 2015, sem a correspondente
assunção do compromisso, pelo regime de competência, nos exercícios dos
respectivos momentos de ocorrência do fato gerador.
13. O mesmo está acontecendo com o abono de competência de 2016, com início de
pagamento em 2017 e adentrando por 2018, sem o devido reconhecimento da
obrigação de pagamento na Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) do
exercício de 2016. Sendo assim, a DVP do FAT de 2016 apresenta uma distorção
no que se refere ao reconhecimento das despesas de competência dos exercícios de
2014 e 2015 e ao não-reconhecimento das despesas de competência de 2016.
14. Entendo que não há problema no procedimento adotado referente ao parcelamento
do desembolso em si, por se tratar, neste caso, de discricionariedade do gestor,
considerando o orçamento que lhe é disponibilizado.
15. Contudo, o art. 85 da Lei 4.320/1964 define que a contabilidade deve espelhar ou
pelo menos se aproximar ao máximo da descrição da realidade dos fatos. No caso
do abono, o compromisso deve ser apropriado no ano referente à ocorrência do
fato gerador (ano base), mesmo que o pagamento ocorra em exercícios diferentes.
A dinâmica dos registros como está ocorrendo, além da falta de transparência,
dificulta o planejamento e o controle sobre os valores do fundo.
16. Os gestores do ministério afirmam que por estimativa é possível fazer o
reconhecimento da despesa patrimonial relativa ao pagamento futuro de abono
salarial ainda ao final do ano-base (ano de competência). Já em relação à despesa
orçamentária, apontam a dificuldade de se executar a despesa dentro do exercício
seguinte ao ano base em função da insuficiência de dotação orçamentária.
17. Nesse sentido, anuo a proposta da unidade técnica no sentido de determinar ao
Ministério do Trabalho (MTb) que promova a separação do registro da despesa
com abono salarial entre as esferas orçamentária e patrimonial, de modo que, nas
próximas demonstrações financeiras do FAT, seja reconhecida a despesa
patrimonial com abono salarial, fazendo com que o registro contábil coincida com

68
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

o fato gerador da despesa à luz do princípio da competência, que é o ano-base do


direito adquirido, em obediência ao que preceitua o inciso II do art. 50 da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
18. Bem como no sentido de recomendar ao Ministério do Trabalho (MTb) que, nos
boletins financeiros e nas notas explicativas referentes às demonstrações
financeiras do FAT, deixe claro que a execução da despesa orçamentária com
abono salarial refere-se a direitos adquiridos pelos beneficiários em exercícios
anteriores, permitindo ao usuário da informação identificar com facilidade a qual
ano-base o gasto se refere.
19. Outra constatação identificada refere-se à imprecisão das despesas efetivamente
realizadas com seguro desemprego. Trata-se de direito do trabalhador demitido
sem justa causa, nos casos previstos pela Lei 13.134/2015, desde que o requeira.
20. Uma vez concedido o direito, o beneficiário deverá receber a primeira parcela do
seguro desemprego em 30 dias contados da data do requerimento. Cada lote fica
disponível por 67 dias. A Caixa Econômica Federal é responsável pela
operacionalização do benefício. Caso o usuário não realize o saque neste período, o
lote perde a validade e os valores correspondentes devem ser restituídos ao FAT.
21. Apesar disso, a restituição ao FAT dos benefícios não desembolsados é realizada
apenas uma vez ao ano, em cerca de 18 de maio do exercício seguinte ao de
competência.
22. Esses valores são devidamente remunerados ao FAT. Entretanto, o fundo não
registra em seu ativo o direito a receber correspondente aos benefícios fora da
validade ainda não restituídos, nem realiza a anulação das despesas
correspondentes, de maneira a recompor a dotação orçamentária durante o
exercício financeiro de competência.
23. No Siafi 2016, não há registro da anulação de despesas, que somaram cerca de
R$ 457 milhões, consoante informações prestadas pela Caixa às peças 12 e 104.
Há apenas um único registro de receitas de restituição de benefícios de seguro
desemprego, de 19/7/2016, no valor de R$ 627 milhões, relativo a benefícios de
competência de 2015.
24. A dinâmica de devolução dos benefícios não desembolsados tal como é feita hoje
resulta em uma informação equivocada quanto ao nível de gastos com seguro
desemprego, fazendo parecer maiores do que efetivamente representam. A prática
está positivada pela Resolução Codefat 12/1991 e no Contrato de Prestação de
Serviços 38/2013, firmado entre o ministério e a Caixa.
25. No momento em que um lote de benefícios de seguro desemprego perde a
validade, o valor correspondente aos benefícios não desembolsados deve ser
baixado da variação patrimonial diminutiva anteriormente incorrida e reconhecida
a superveniência de um ativo do FAT, que, estando de posse da Caixa, é um direito
a receber do fundo, até que os recursos sejam efetivamente restituídos ao FAT.
26. Já quanto ao aspecto orçamentário, o art. 38 da Lei 4.320/1964 determina que deve
reverter à dotação a importância de despesa anulada no exercício. Nesse sentido,
quando da superveniência de um fato que implique a anulação de despesa ainda
durante o exercício de competência, a importância correspondente deve ser
revertida à dotação, permitindo a recomposição da ação orçamentária durante o
69
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

exercício de competência, atendendo ao princípio da anualidade dos orçamentos.


27. Os gestores concordam com a necessidade de que os recursos de lotes vencidos
sejam devolvidos ao FAT, anulando-se a despesa anteriormente incorrida e que,
diante da impossibilidade da devolução dos valores dentro do exercício financeiro,
deva ser reconhecido um ativo, registrado contra uma variação patrimonial
aumentativa.
28. Desse modo, corroboro em essência com as propostas de encaminhamento feitas
pela unidade técnica reproduzidas no relatório precedente (item II.2.1.2, seção do
FAT). Em especial, no sentido de determinar ao MTb que, nas próximas
demonstrações financeiras do FAT, revise o processo de devolução dos benefícios
do seguro desemprego não desembolsados que perderam validade durante o
exercício financeiro, de modo que tais recursos sejam revertidos mais
tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos cofres do FAT, dentro do
exercício de competência, tendo em vista o disposto no art. 38 da Lei 4.320/1964 e
em consonância com as disposições contidas no Manual de Contabilidade aplicado
ao Setor Público (MCASP).
29. Outra distorção encontrada, já mencionada no prefácio da presente seção, diz
respeito à ausência de registros nas contas do FAT dos recursos arrecadados com a
contribuição para o PIS/Pasep, da ordem de R$ 54,3 bilhões.
30. Tal valor foi contabilizado nas demonstrações do Ministério da Fazenda,
responsável pela arrecadação da contribuição. Essa dinâmica gera uma impressão
distorcida do balanço orçamentário, ou seja, ao olhar as demonstrações contábeis
do fundo, parece que houve frustração de receitas do PIS/Pasep muito maior do
que realmente ocorreu.
31. O art. 239 da Constituição estabelece que os recursos arrecadados com a
contribuição para o PIS/Pasep devem ser destinados, nos termos da lei, ao
financiamento do seguro-desemprego e ao abono salarial. Já a Lei 7.998/1990, em
seu artigo 11, vincula tais recursos ao FAT. E o art. 102 da Lei 4.320/1964 impõe
que se faça a demonstração no balanço orçamentário das receitas e despesas
previstas em confronto com as realizadas.
32. Sendo assim, em que pese se tratar de receita recebida pelo Ministério da Fazenda,
são valores que pertencem ao FAT. Nesse sentido, as informações seriam mais
precisas se estivessem refletidas no FAT e apenas tivessem registros transitórios no
Ministério da Fazenda, por meio, por exemplo, de contas de controle. Diante disso,
anuo proposta de determinação para que o MTb e a STN revisem, em conjunto, o
roteiro de contabilização das receitas referentes ao PIS/Pasep, de modo que os
reflexos contábeis sejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT nas
próximas demonstrações financeiras, tendo em vista o que preceitua o art. 239 da
Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º da Lei 8.019/1990 e art. 11 da Lei
7.998/1990.
33. De maneira análoga, não foram identificados nas demonstrações do FAT registros
dos créditos a receber nem da dívida ativa relativos à contribuição para o
PIS/Pasep. Tais registros foram identificados nos balancetes da Receita Federal do
Brasil e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), respectivamente.
34. Segundo os gestores do MTb, o art. 10 da Lei 9.715/1998 define que cabe à RFB a
administração e fiscalização da contribuição para o PIS/Pasep. À PGFN a inscrição
70
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

dos créditos da dívida ativa de contribuição (peça 91, p. 2). Reconhecem que se
trata de um direito do FAT, contudo não têm competência de controlar tais
recursos, nem seus registros contábeis.
35. Com efeito, o fato de a RFB ou a PGFN controlarem a arrecadação e a cobrança
das contribuições não muda a titularidade do ativo, nos termos do art. 11, inciso I,
da Lei 7.998/1990 c/c o art. 239 da Constituição Federal. Em outros termos, os
recursos continuam sendo do FAT, e desse modo, deveriam estar registrados
contabilmente nesse fundo, de modo a evitar distorções no sentido de demonstrar o
ativo subavaliado.
36. Assim, acolho a proposta da unidade técnica no sentido de recomendar ao
Ministério do Trabalho (MTb), em conjunto com a PGFN, RFB e STN, que
revisem a contabilização dos créditos tributários e da dívida ativa relacionados às
contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista a convergência aos padrões
internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no item
2.2.1 da parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP);
o art. 11, inciso I da Lei 7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1990, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados diretamente na contabilidade do
FAT.
37. Saliento que esses créditos, de acordo com informações da unidade técnica, estão
registrados na RFB e na PGFN, como créditos “tributários” e “tributários
previdenciários”, e o crédito do PIS/Pasep está incluído nesse registro genérico, o
que exigiria uma extração especial para se chegar à informação precisa, o que deve
ser buscado na análise das demonstrações dos próximos exercícios.
38. Por outro lado, a equipe de auditoria identificou a superavaliação do ativo do FAT
em razão da ausência da constituição de ajuste para perdas referente à conta
“crédito a receber decorrente da falta/irregularidade comprovada em TCE”.
39. No balanço patrimonial de 2016, a aludida conta estava registrada pelo valor de
R$ 998,7 milhões. Representa uma expectativa de fluxo de caixa, com impacto
positivo nos cofres público. Ocorre que, historicamente, o valor restituível é bem
inferior ao esperado. Esse cálculo deve ser registrado em uma conta retificadora
para “ajuste para perda”. No entanto, o FAT não apresenta tal ajuste.
40. Na prática, em 2016, foi recuperado o valor de R$ 5 milhões.
41. Os créditos por responsabilidade apurada decorrente de TCE têm como função
precípua ressarcir a Administração Pública por prejuízos causados por agentes
públicos e, se for o caso, por terceiros em conluio com aqueles. A ausência de uma
conta retificadora que demonstre a real perspectiva de recuperação dos créditos
registrados, faz parecer que o FAT tem um direito a receber maior do que aquele
que realmente tem.
42. Assim, anuo a proposta da unidade técnica no sentido de determinar ao Ministério
do Trabalho que constitua ajuste para perdas da conta contábil “Crédito a receber
decorrente de falta/irregularidade comprovada em TCE”, e divulgue em notas
explicativas a metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de
modo que a contabilização reflita a real situação dos direitos a receber do FAT,
deixando o ajuste claramente evidenciado no balanço patrimonial.
43. Outro ponto que merece destaque diz respeito à divergência entre os valores
71
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

registrados como obrigação a pagar no BNDES e os valores registrados como


direito a receber na contabilidade do FAT, referente a recursos repassados por este
último ao BNDES. Explico.
44. De acordo com o artigo 239 da Constituição Federal de 1988, pelo menos 40% dos
recursos arrecadados das contribuições do PIS/Pasep serão repassados ao BNDES
para financiamento de programas de desenvolvimento econômico. A Lei
8.019/1990, arts. 2º, 3º e 11, define que os recursos do PIS e do Pasep, em posse do
BNDES, constituem-se direitos do FAT e, por isso, deverão ser remunerados
mensalmente, pagos semestralmente e recolhidos até o décimo dia útil subsequente
ao seu encerramento.
45. Além dos recursos repassados constituírem-se um direito do FAT, referem-se a
uma obrigação, de mesmo valor, do BNDES. Significa dizer que os valores
registrados como obrigação a pagar no BNDES devem coincidir com os valores
registrados como direito a receber na contabilidade do FAT.
46. Entretanto, quando da circularização de informações junto ao BNDES, a equipe
identificou que há uma divergência entre os valores contabilizados em ambos os
órgãos. O cotejamento entre as informações referente a 2016 apresenta uma
divergência no sentido de que o FAT registou como direito a receber R$ 83 milhões
a mais do que o BNDES registrou como obrigação a pagar.
47. Essa divergência decorre da rotina de recolhimento de juros e consiste no seguinte:
imediatamente ao final do semestre, o BNDES retira o valor dos juros a recolher
do montante da aplicação do FAT, mas não o recolhe imediatamente à conta do
FAT. O banco aguarda até o décimo dia útil após o encerramento do semestre para
só então recolher o valor dos juros à conta do FAT.
48. O efeito dessa divergência no balanço patrimonial do FAT no exercício de 2016
totalizou R$ 83 milhões (sendo R$ 35 milhões de competência do exercício de
2016 e R$ 48 milhões de competência de exercícios anteriores), valor esse que o
BNDES não reconhece como passivo e não registrou em seu balanço patrimonial
do exercício de 2016.
49. A unidade técnica relatou diversas tratativas entre os órgãos envolvidos para
resolver a questão, que segundo o MTb, deve-se à recusa do BNDES em cumprir o
art. 3 da Lei 8.019/1990 e o posicionamento da AGU.
50. Já o BNDES, por sua vez, informa, em documentação complementar acostada à
peça 115, que o banco e o MTb ainda aguardam o desfecho das discussões a
respeito do tema no âmbito da AGU.
51. O BNDES defende que o prazo de 10 (dez) dias úteis estabelecido no artigo 3° da
Lei 8.019/1990 consiste em prazo de pagamento da remuneração, não havendo que
se falar em incidência de juros no período, sob pena de majoração da base de
cálculo para apuração dos juros do período subsequente. Por fim, informa que
representantes do BNDES, da CONJUR/MP, do MTb e da AGU têm promovido
tratativas para que a questão seja encerrada por meio de um acordo entre as partes
no âmbito da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal -
CCAF, na expectativa de que a controvérsia seja solucionada à luz da legislação
aplicável.
52. Diante disso, entendo que a questão deve ser acompanhada na análise das
72
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

demonstrações financeiras do FAT nos exercícios subsequentes. Nesse sentido,


enquanto os órgãos envolvidos não chegam a um consenso, considero pertinente
recomendar ao Ministério do Trabalho que publique, em nota explicativa, no
âmbito das demonstrações financeiras do FAT, as razões da divergência entre os
saldos contabilizados no ativo do FAT e a respectiva obrigação reconhecida pelo
BNDES.
53. Ainda no quesito operações com o BNDES, a equipe relatou baixo nível de
transparência na composição do ativo do FAT em razão das perdas referentes a
variações cambiais negativas.
54. A Resolução 320, emitida pelo Codefat em 29/4/2003, define que até 50% dos
recursos oriundos do FAT podem ser utilizados para financiamento a
empreendimentos e projetos visando à produção e comercialização de bens com
reconhecida inserção internacional.
55. Em 2016, a conta “Empréstimos Concedidos a Receber” sofreu uma capitalização
de quase R$ 3,9 bilhões e uma perda por descapitalização no valor de R$ 8,5
bilhões. O saldo da rentabilidade das transações com financiamentos internacionais
(FAT-Cambial), que impactaram a conta contábil de longo prazo, foi deficitária, ou
seja, acumulou perdas de R$ 4,6 bilhões, os quais reduziram o patrimônio do
fundo.
56. Mesmo que os recursos tenham sido utilizados para financiamentos de projetos de
reconhecimento internacional, conforme autorizado pela Constituição Federal e na
resolução do Codefat, cabe à gestão do FAT dar divulgação do detalhamento da
conta por meio das notas explicativas ao balanço patrimonial. Além disso, faz-se
necessário também esclarecer ao contribuinte quais os benefícios sociais e
econômicos foram incorporados ao país que justifique tamanha perda em apenas
um exercício financeiro.
57. O TCU vem se dedicando ao tema em diversos trabalhos, a exemplo da auditoria
realizada no BNDES (Acórdão 1.413/2016-TCU-Plenário, Ministro-substituto
Augusto Sherman Cavalcanti) com o objetivo de avaliar as operações de apoio à
exportação de serviços de engenharia a ente público estrangeiro. O trabalho
identificou diversas inconsistências nas informações analisadas e determinou a
criação de oito apartados para aprofundamento das questões afetas aos
investimentos em diversos ramos de infraestrutura. Além desse trabalho, poderia
citar o TC 018.593/2014-3 e o TC 032.888/2016-3, este último em andamento.
58. Desse modo, concordo com a proposta de recomendação ao Ministério do Trabalho
para que, no âmbito das demonstrações financeiras FAT, divulgue o detalhamento
da composição da conta “Empréstimos Concedidos a Receber” por meio de notas
explicativas, inclusive esclarecendo as razões pelas quais tais perdas são
incorporadas no patrimônio do FAT e não assumidas pelo BNDES, conforme
definido no § 4º do art. 2º da Lei 8.019/1990; e ainda adote os procedimentos
contábeis adequados para evidenciar a natureza cambial dos ajustes decorrentes da
variação cambial do FAT Cambial, realizando seu registro na conta contábil
adequada que reflita as transações que ocorreram de fato.
59. Partindo para conclusão referente ao FAT, a auditoria identificou distorções na
classificação contábil do fundo, como: erro de classificação dos “juros a receber
sobre financiamentos concedidos ao BNDES” na conta “Empréstimos Concedidos
73
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

a Receber”, no montante de cerca de R$ 9 bilhões; e no registro de capitalização de


valores de “longo prazo” em contas de “curto prazo”, gerando a percepção ao
usuário da informação de que o FAT tem R$ 2,5 bilhões a mais de direitos com alta
liquidez do que realmente tem.
60. Distorção da informação contábil envolvendo valores de elevada materialidade,
visto que o título da conta contábil utilizada não reflete a natureza das operações
realizadas, além de representar ausência de transparência, trazem prejuízo ao
entendimento por parte dos usuários da informação.
61. Outra questão que prejudica a transparência, e por conseguinte, o controle social
sobre as contas do FAT, refere-se à ausência de divulgação das demonstrações
financeiras do aludido fundo no portal do ministério e do próprio FAT. Somente
por meio de consulta ao Siafi é possível extrair as demonstrações do fundo. Ocorre
que o Siafi é um sistema com acesso restrito e que exige conhecimentos
específicos de contabilidade pública para navegação.
62. De maneira análoga, não foram identificadas a divulgação de notas explicativas
referentes ao exercício de 2016. As notas explicativas são consideradas parte
integrante das demonstrações e a sua ausência impede o usuário de conhecer quais
os critérios estabelecidos para elaboração das demonstrações, o resumo das
políticas contábeis significativas aplicadas, informações sobre itens importantes
das demonstrações, e outras informações relevantes, tais como passivos
contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos.
63. A parte dispositiva da presente decisão apresenta um conjunto de recomendações
para as constatações relatadas nos parágrafos 59 a 62 supra.
III
64. Passando para análise do FRGPS, saliento que este é o segundo ano consecutivo
que tenho a oportunidade de acompanhar a avaliação das demonstrações contábeis
do fundo.
65. Em brevíssimo histórico, relembro que o FRGPS foi criado, efetivamente, apenas
em 2014, em cumprimento à recomendação do item 9.6 do Acórdão 2.059/2012-
TCU-Plenário. Até então, inexistia segregação do patrimônio previdenciário, ou
seja, receitas e despesas previdenciárias e não previdenciárias a cargo do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) eram registradas numa só entidade, assim como
os ativos e passivos, inclusive o patrimônio imobiliário.
66. Com o advento da MP 726/2016 (convertida na Lei 13.341/2016), o FRGPS —
então vinculado ao Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) — passou
a ser subordinado, juntamente com o INSS, ao Ministério do Desenvolvimento
Social. A respectiva mudança no Siafi ocorreu somente no início de 2017.
67. A operacionalização do FRGPS envolve o pagamento de mais de 28 milhões de
benefícios mensais previdenciários. O valor médio mensal da folha do INSS é de
R$ 38 bilhões.
68. A análise das demonstrações contábeis evidencia o desequilíbrio entre receitas e
despesas referente ao fundo, o que não é novidade para este Plenário. Em 2016, as
receitas previdenciárias do RGPS somaram R$ 360,3 bilhões, enquanto as
despesas ultrapassaram R$ 484,4 bilhões, ou seja, os gastos corresponderam a

74
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

134,4% do que foi arrecadado.


69. A simples leitura das variações contábeis, no entanto, não permite avaliar as razões
desse déficit financeiro, uma vez que não há segregação, por exemplo, dos
resultados relacionados aos contribuintes urbanos e rurais. Conforme já havia
registrado durante análise das demonstrações de 2015, a SecexPrevidência apurou,
no âmbito do TC 017.210/2015-1, que o resultado da previdência urbana foi
superavitário em todos os exercícios de 2009 a 2014, enquanto o da previdência
rural foi deficitário ao longo de todo o período.
70. Feita essa sucinta introdução, passo à análise dos achados.
71. Consoante consignou a equipe de auditoria, não foram identificados, nas
demonstrações financeiras do FRGPS de 2016, registros contábeis referentes a
créditos tributários a receber, nem registros referentes à dívida ativa relativos às
contribuições previdenciárias.
72. Esse achado também foi constatado na auditoria realizada nas demonstrações de
2015. Verificou-se, à época, que os créditos tributários previdenciários a receber,
tanto aqueles inscritos em dívida quanto aqueles que se encontravam em fase
administrativa, eram registrados contabilmente na Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional e na Secretaria da Receita Federal do Brasil, respectivamente.
73. Apesar dos esforços do TCU em ressaltar que o não registro contábil dos créditos
tributários previdenciários no FRGPS ocasiona uma distorção patrimonial
(subavaliação do ativo) da ordem de R$ 415,45 bilhões, a referida recomendação
não foi atendida e a contabilidade de 2016 do FRGPS continua sem a evidenciação
desses valores. Cabe asseverar que o montante em questão refere-se a um valor
patrimonial acumulado ao longo dos anos.
74. Em que pese a RFB e a PGFN serem responsáveis pelo planejamento e
operacionalização da arrecadação e cobrança desses créditos tributários, tal fato
não transfere a titularidade do ativo para aquelas entidades, pois, são recursos que
pertencem ao regime geral de previdência social. Nesse sentido, as informações
seriam mais precisas se estivessem refletidas no FRGPS e apenas tivessem
registros transitórios na Receita e na PGFN, por meio, por exemplo, de contas de
controle.
75. O ministério informou que, em 20/1/2017, foi instituído grupo de trabalho no
âmbito dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social com o objetivo
de atender à recomendação do TCU (peça 56).
76. Quanto ao tema, embora já tenha sido constituído um grupo de trabalho, isso por si
só não resolveu o problema da distorção causada nos demonstrativos do FRGPS.
Em outros termos, a ausência desses registros impede o usuário de conhecer quais
são os reais valores que pertencem ao fundo, bem como qual é o valor total de
ativos do FRGPS. A questão deve ser acompanhada pela auditoria financeira até
que seja efetivamente saneada, razão pela qual deve ser reiterada a proposta de
encaminhamento feita em auditoria anterior (item 9.2.2 do Acórdão TCU
1.749/2016 – Plenário), considerando-a não atendida.
77. Outra distorção identificada na contabilidade do fundo refere-se a despesas
decorrentes de sentenças judiciais do FRGPS que foram apropriadas em Tribunais
Regionais Federais e não constam no Demonstrativo de Variações Patrimoniais do
75
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

FRGPS.
78. A Lei Orçamentária Anual de 2016 e seus respectivos créditos adicionais
disponibilizaram ao FRGPS recursos da ordem de R$ 11,6 bilhões para pagamento
de sentenças judiciais transitadas em julgado (precatórios e sentenças de pequeno
valor).
79. Ocorre que grande parte da execução desses valores é realizada no âmbito dos
Tribunais Regionais Federais. Ou seja, de um orçamento de R$ 11,6 bilhões, R$
10,3 bilhões foram executados no âmbito dos Tribunais Regionais Federais (o
restante foi executado em Tribunais Estaduais e corretamente contabilizado no
FRGPS). Isso representa uma disfunção do registro de contabilidade, pois apesar
de a operacionalização da despesa ocorrer de fato dentro dos tribunais, a despesa
pertence patrimonialmente ao FRGPS e não aos tribunais pagadores.
80. Diante disso, acolho na essência a proposta da unidade técnica no sentido de
determinar ao INSS e a STN, que, conjuntamente, nas próximas demonstrações
financeiras do FRGPS, ajustem a contabilização do fundo, de forma que as
despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas descentralizadas aos Tribunais
Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas do FRGPS.
81. Sobre o tema, encontra-se em andamento no TCU fiscalização (levantamento), de
relatoria do Ministro-substituto André Luiz de Carvalho (TC 022.354/2017-4),
com o objetivo de avaliar questões afetas à judicialização junto ao INSS. Ações
dessa natureza representam o alarmante número de 37% dos processos da Justiça
Federal.
82. Em outro achado, a equipe considerou parcialmente resolvida distorção já
apontada na auditoria das demonstrações de 2015 e que foi objeto de determinação
por parte do TCU, qual seja, a falta de evidenciação do ajuste para perdas dos
“créditos por danos ao patrimônio”. A necessidade de “ajuste para perda” decorre
do risco de não recebimento do direito, reconhecido historicamente.
83. Embora a referida conta retificadora tenha sido registrada no balanço de 2016, a
equipe entendeu que o modo de lançamento não trouxe a transparência necessária
para compreensão da informação, tendo em vista, em especial, “que o ajuste não
está evidenciado em conta retificadora no balanço patrimonial”. Consignou que,
para o “leitor das demonstrações do INSS, fica difícil fazer uma conciliação entre o
valor bruto das contas ‘Créditos por Danos ao Patrimônio’ e ‘Valores Restituíveis’
(registradas nos valores de R$ 1.870.782.795,01 e R$ 15.496,86) e o ajuste de R$
1.423.746.360,53 dentro do mesmo grupo de contas, de modo a chegar ao valor
líquido de R$ 447.051.931,34 da conta ‘Demais Créditos e Valores a Curto
Prazo’”.
84. Assim, considerando o encaminhamento do item 9.1.2 do Acórdão TCU
1.749/2016-TCU-Plenário parcialmente atendido, anuo a proposta de
recomendação para que o INSS, nas próximas demonstrações contábeis do
FRGPS, discrimine no balanço patrimonial as contas de “Créditos por danos ao
patrimônio” e o respectivo “Ajuste para perda de créditos”, bem como inclua em
Nota Explicativa, complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos
créditos por danos ao patrimônio relativos às unidades do FRGPS, de forma a
permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de ajuste para perda, em
consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP),
76
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

6ª Edição (2015), Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem


8.5.1.2, p. 177, e Macrofunção Siafi 020333, item 3.
85. Prosseguindo com os achados, a auditoria identificou que o INSS não cumpriu
integralmente recomendação do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário para proceder
à correta classificação dos imóveis contidos no plano de desimobilização anual do
órgão.
86. A leitura da demonstração do FRGPS de 2016 pode levar à conclusão equivocada
de que os imóveis destinados à venda – ora incluídos no grupo “Bens Imóveis” –
serão utilizados “para o uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou
para fins administrativos”. De acordo com os comentários dos gestores, somente
em 2017 os imóveis serão reclassificados de modo a refletir adequadamente a
situação patrimonial do fundo.
87. Nesse sentido, considerando a deliberação do item 9.2.1.1 parcialmente atendida,
anuo à proposta da unidade técnica no sentido de recomendar ao INSS que
implemente práticas para classificação do acervo imobiliário do FRGPS, em
convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os
imóveis entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens.
88. A equipe de auditoria relatou, ainda, a ocorrência de 59 restrições de conformidade
contábil que ultrapassaram o exercício financeiro de 2016. A Instrução Normativa
STN 6, de 31/10/2007, define as situações em que devem ser registradas as
restrições e o Siafi codifica as ocorrências para controle. A conformidade contábil
pretende registrar situações que afetam os registros contábeis para que sejam
corrigidos tempestivamente, de modo que, ao final do exercício, os demonstrativos
fiquem o mais próximo da realidade dos fatos possível.
89. Em 2015, a equipe de auditoria financeira do TCU havia verificado que, ao final
do exercício, 44 unidades gestoras do fundo encerraram o exercício com registro
de 52 restrições na conformidade contábil.
90. Verifica-se, portanto, que houve reincidência com relação à ocorrência de
restrições à conformidade contábil que ultrapassaram o exercício financeiro,
descumprindo a recomendação do subitem 9.2.1.3 do Acórdão 1.749/2016-TCU-
Plenário. Nesse sentido, corroboro a proposta de recomendação da unidade técnica
para que o gestor do fundo “consulte mensalmente a conformidade contábil, no
Siafi, das Unidades Gestoras sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a
solução junto às áreas envolvidas, das ocorrências apontadas, conforme definido na
macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que as ocorrências de restrições
ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto 6.976/2009 e IN-
STN 6/2007”.
IV
91. Passo ao terceiro e último ponto de análise referente ao monitoramento das
deliberações constantes do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, que resultou de
auditoria financeira realizada no FRGPS no exercício de 2015. Além das questões
tratadas na seção anterior, foram monitorados os seguintes itens, reproduzidos a
seguir:
Determinações do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário: determinar ao Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, que, nas próximas demonstrações financeiras anuais do FRGPS:
77
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

Determinação 9.1.1: divulgue, em notas explicativas, a situação atuarial do RGPS, contemplando,


além das informações atuariais gerais do RGPS, dados de contribuições e despesas a valor
presente, bem como déficit atuarial do RGPS, em consonância com os resultados do grupo de
trabalho constituído pela Portaria Conjunta 218, de 19/12/2014, da Casa Civil da Presidência da
República e Ministérios da Fazenda e da Previdência Social para realização de estudos sobre a
matéria, em atendimento ao princípio da publicidade inscrito no art. 37 da Constituição Federal
e conforme previsto no art. 8º, caput, da Lei 12.527/2011;
Situação: parcialmente atendida.
Comentários: Na Nota Explicativa 07 “Situação Atuarial do RGPS - Regime Geral de Previdência
Social” às demonstrações contábeis do FRGPS de 2016 (peça 88, p.19), é citado que:
Conforme já discutido anteriormente, tendo inclusive sido objeto de Grupo de Trabalho
constituído pela Portaria Interministerial CC/MF/MPS nº 218 [de 19/12/2014], o conceito de
Balanço atuarial não se aplica a regimes de previdência abertos que utilizam o sistema de
repartição simples, como é o caso aplicado no Brasil ao RGPS, pela complexidade em se apurar
os ativos atuariais. A partir da apuração desse ativo, que em um regime com as características do
RGPS que não possuem formação de capital e assim é formado exclusivamente pelas
contribuições futuras, seria possível chegar ao déficit atuarial do regime (...). Encontra-se em
andamento em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, estudo para
estimar as contribuições futuras para trazê-las a valor presente e assim construir um balanço
atuarial.
Apesar dessa ponderação, e para dar atendimento à determinação do TCU, foi anexada à
referida Nota 07 a tabela “Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Geral de Previdência
Social - Orçamento da Seguridade Social - 2017 a 2060” (peça 88, p. 20) com estimativas sobre
as receitas e despesas do RGPS para o horizonte de tempo até 2060, na qual foram incorporadas
projeções populacionais e tábuas de mortalidade, o que, segundo a citação, “fornece elementos
atuariais à estimativa e que vêm sendo utilizadas na composição dos Projetos de Lei
Orçamentária Anual e nos Relatório Resumido de Execução Orçamentária” (RREO 2017,
compondo o Anexo 10, conforme o art. 53, § 1º, inciso II, da Lei Complementar 101/2000 - Lei
de Responsabilidade Fiscal).
Quanto ao cálculo de déficit atuarial do FRGPS em balanço atuarial, a Secretaria de Previdência
do Ministério da Fazenda (peça 93, p. 5-6) informa que não existe metodologia para
evidenciação dessa informação, mas que em função da recomendação da determinação do TCU,
deve-se realizar estudo para definir e aprovar uma metodologia adequada para calcular o
balanço atuarial do RGPS.
Determinação: 9.1.3. divulgue, em notas explicativas, a metodologia utilizada e a memória de
cálculo do ajuste para perdas, bem como esclarecimentos quanto aos fatores que levaram o
fundo a considerar perdas tão significativas na conta Dívida Ativa não Tributária;
Situação: atendida.
Comentários: Na Nota Explicativa 03 “Ajuste para perdas de Dívida Ativa não Tributária” às
demonstrações do FRGPS de 2016 (peça 88, p. 9-13) são expostas a metodologia utilizada no
ajuste e a respectiva memória de cálculo, e ao final esclarece que, considerando a metodologia
descrita, houve o reconhecimento de perda significativa devido aos baixos recebimentos
ocorridos no período de 2014 a 2016.
Determinação: 9.1.4. divulgue, em sítio eletrônico, as demonstrações financeiras do FRGPS,
de forma a promover a gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso e
divulgação, em atendimento ao princípio da publicidade inscrito no art. 37 da Constituição
Federal e conforme previsto no art. 8º, caput, da Lei 12.527/2011;
Situação: atendida.

78
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Comentários: As demonstrações, inclusive com as notas explicativas, estão publicadas no


seguinte sítio eletrônico: http://www.previdencia.gov.br/acesso-a-
informacao/despesas/demonstracoes-e-notas-explicativas-inss/.
Recomendações do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário: 9.2. recomendar, com fulcro no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que:
Recomendação 9.2.1.2. elabore, nos exercícios financeiros subsequentes, notas explicativas às
Demonstrações Financeiras do FRGPS, que contenham, no mínimo, informações gerais sobre o
fundo; resumo das políticas contábeis significativas; informações de suporte e detalhamento de
itens apresentados nas demonstrações financeiras pela ordem em que cada demonstração e cada
rubrica sejam apresentadas; e outras informações relevantes que possam influenciar a situação
financeira do fundo, conforme definido no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(MCASP);
Situação: atendida.
Comentários: As Notas Explicativas às demonstrações contábeis de 2016 do FRGPS contam
com informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis significativas e o
detalhamento de itens das demonstrações que foram objeto de determinação ou recomendação
deste Tribunal.
92. Sem embargos, acompanho os posicionamentos da unidade técnica referentes ao
monitoramento do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário, ressaltando que as questões
não atendidas em sua completude serão acompanhadas na auditoria sobre as
demonstrações do FRGPS nos próximos exercícios.
V
93. Em conclusão, o relatório de auditoria salienta que a extensão dos testes e as
análises efetuadas na auditoria não pretenderam alcançar o nível exigido pelas
normas internacionais para emissão da chamada “asseguração razoável”, mas
foram suficientes para a “asseguração limitada”. Isso significa que não é possível
emitir uma “opinião de auditoria”, mas sim uma “conclusão”. Mais
especificamente, trata-se de uma “conclusão com ressalvas”.
94. Não poderia concluir sem ressaltar que a busca pelo tão almejado equilíbrio fiscal
para as contas públicas perpassa necessariamente pelo bom planejamento e pela
transparência das ações da Administração Pública. A Lei 4.320/1964 foi clara ao
definir que a contabilidade deve espelhar ou pelo menos se aproximar ao máximo
da descrição da realidade dos fatos. A auditoria financeira tem muito a contribuir
nessa trajetória, por constituir-se de um mecanismo eficaz para melhorar o
ambiente das informações orçamentárias, financeiras e patrimoniais dos órgãos
públicos, com efeitos positivos sobre o controle externo e social.
Por todo o exposto, VOTO para que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 8 de novembro de
2017.

Ministro VITAL DO RÊGO


Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.106/2016-7

ACÓRDÃO Nº 2455/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC 026.106/2016-7.
2. Grupo I; Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Responsável: Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40) e Ministério do Trabalho.
4. Órgãos: Fundo de Amparo ao Trabalhador; Fundo do Regime Geral de Previdência Social; Instituto
Nacional do Seguro Social; Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho; Subsecretaria do Regime
Geral de Previdência Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934) e outros, representando Caixa
Econômica Federal.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria financeira realizada com o objetivo
de emitir conclusão sobre os demonstrativos contábeis do Fundo do Regime Geral de Previdência
Social (FRGPS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), referentes ao exercício de 2016, bem
como promover o monitoramento das deliberações expedidas no Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário,
resultado de auditoria financeira realizada no FRGPS no exercício de 2015;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de
Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1.considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 9.1.3 e 9.1.4; e
parcialmente cumpridas as determinações dos subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acórdão 1.749/2016-TCU-
Plenário; bem como, com relação às recomendações, considerar atendida a contida no subitem 9.2.1.2;
parcialmente atendidas as dos subitens 9.2.1.1 e 9.2.1.3 e não atendida a recomendação constante no
9.2.2 do Acórdão 1.749/2016-TCU-Plenário;
9.2. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II,
do Regimento Interno do TCU:
9.2.1. que, nas próximas demonstrações financeiras do Fundo do Regime Geral de
Previdência Social (FRGPS), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS):
9.2.1.1. e a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda ajustem a
contabilização do FRGPS, de forma que as despesas com sentenças judiciais, mesmo aquelas
descentralizadas aos Tribunais Federais, sejam apropriadas diretamente nas despesas de Classe 3
(variações patrimoniais diminutivas) do FRGPS (item II.1.1.2);
9.2.2. que, nas próximas demonstrações financeiras do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), o Ministério do Trabalho (MTb):
9.2.2.1. reconheça a despesa patrimonial com abono salarial, de modo que o registro
contábil coincida com o fato gerador da despesa, que é o ano-base do direito adquirido, em obediência
ao que preceitua o inciso II, art. 50, da Lei de Responsabilidade Fiscal (item II.2.1.1);
9.2.2.2. revise o processo de devolução dos benefícios do seguro desemprego não
desembolsados que perderam validade durante o exercício financeiro, de modo que tais recursos sejam
revertidos mais tempestivamente (financeira e orçamentariamente) aos cofres do FAT, dentro do
exercício de competência, tendo em vista o disposto no art. 38 da Lei 4.320/1964 e em consonância
com as disposições contidas no MCASP (Parte II, itens 3.2.2 e item 4) (item II.2.1.2);
9.2.2.3. e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem, em conjunto, o roteiro de
contabilização das receitas realizadas relacionadas às contribuições do PIS/Pasep, de modo que os

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reflexos contábeis sejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT, tendo em vista o que
preceitua o art. 239 da Constituição Federal de 1988 c/c art. 1º da Lei 8.019/1990 e art. 11 da
Lei 7.998/1990, (item II.2.1.3);
9.2.2.4. constitua ajuste para perdas da conta contábil Crédito a receber decorrente de
falta/irregularidade comprovada em tomada de contas especial, e divulgue em notas explicativas a
metodologia utilizada, bem como a memória de cálculo do ajuste, de modo que a contabilização reflita
a real situação dos direitos a receber do FAT, deixando o ajuste claramente evidenciado no Balanço
Patrimonial (item II.2.1.5);
9.3. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso III,
do Regimento Interno do TCU:
9.3.1. que nas próximas demonstrações financeiras do Fundo do Regime Geral de
Previdência Social (FRGPS), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS):
9.3.1.1. juntamente com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a Receita
Federal do Brasil (RFB) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem a contabilização dos
créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições previdenciárias, tendo em vista a
convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no
Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP) e com
fundamento no inciso III do §1º do art. 68 da LRF, c/c o §1º do art. 2º da Lei 11.457/2007, de modo
que os reflexos contábeis estejam evidenciados no FRGPS (item II.1.1.1);
9.3.1.2. discrimine no Balanço Patrimonial as contas de Créditos por Danos ao Patrimônio
e o respectivo Ajuste para perda de créditos, bem como inclua em Nota Explicativa,
complementarmente, quadro analítico resumindo os ajustes nos créditos por danos ao patrimônio
relativos às unidades do FRGPS, de forma a permitir que o usuário acesse o valor lançado na conta de
ajuste para perda, em consonância com Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP),
6ª Edição (2015), Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, subitem 8.5.1.2, p. 177, e
Macrofunção Siafi 020333, item 3 (item II.1.1.3);
9.3.1.3. implemente práticas contábeis para classificação do acervo imobiliário do FRGPS,
em convergência às normas de contabilidade, de modo que seja possível distribuir os imóveis do
FRGPS entre as contas contábeis que melhor expressem a classificação dos bens (item II.1.2.1);
9.3.1.4. consulte mensalmente a conformidade contábil, no Siafi, das Unidades Gestoras
sob sua responsabilidade, a fim de providenciar a solução junto às áreas envolvidas, das ocorrências
apontadas, conforme definido na macrofunção 020315 do Siafi, de modo a evitar que as ocorrências de
restrições ultrapassem o exercício corrente, em consonância com o Decreto 6.976/2009 e IN-STN
6/2007 (item II.1.3.1);
9.3.2. que o Ministério do Trabalho (MTb):
9.3.2.1. no âmbito do FAT, em seus Boletins Financeiros e nas Notas Explicativas às
demonstrações financeiras, deixe claro que a execução da despesa orçamentária com abono salarial
refere-se a direitos adquiridos pelos beneficiários em exercícios anteriores, permitindo ao usuário da
informação identificar com facilidade a qual ano-base o gasto se refere (item II.2.1.1);
9.3.2.2. juntamente com Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(Codefat), avalie a oportunidade de realizar a revisão da Resolução Codefat 12/1991, com o objetivo
de permitir que a restituição ao FAT dos benefícios cujos lotes perderam a validade seja feita de forma
tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
9.3.2.3. reveja o Contrato de Prestação de Serviços 38/2013 firmado entre MTb e Caixa
Econômica Federal, de operacionalização do seguro desemprego, com o objetivo de permitir que a
restituição ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) dos benefícios cujos lotes perderam a validade
seja feita de forma tempestiva, ainda durante o exercício de competência (item II.2.1.2);
9.3.2.4. juntamente com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a Receita
Federal do Brasil (RFB) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) revisem a contabilização dos
créditos tributários e dívida ativa relacionados às contribuições do PIS/Pasep, tendo em vista a

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convergência aos padrões internacionais de contabilidade, conforme o conceito de ativo definido no


Item 2.2.1 da Parte II do Manual de Contabilidade aplicado ao Setor Público (MCASP); o art. 11,
inciso I da Lei 7.998/1990 c/c com o art. 1º da Lei 8.019/1190, de modo que os reflexos contábeis
estejam evidenciados diretamente na contabilidade do FAT (item II.2.1.4);
9.3.2.5. publique em nota explicativa as razões da divergência entre os saldos
contabilizados no ativo do FAT e a respectiva obrigação reconhecida pelo BNDES (item II.2.1.6);
9.3.2.6. reclassifique os juros apropriados na conta contábil Empréstimos Concedidos a
Receber (11.2.4.1.01.00) para conta contábil que reflita as transações que ocorreram de fato e que
mantenha o mesmo roteiro para as próximas apropriações dos juros a receber dos empréstimos
concedidos ao BNDES (FAT Constitucional) (item II.2.2.1);
9.3.2.7. no âmbito do FAT, realize a reclassificação contábil de R$ 2.572.748.826,88,
excluindo o registro contábil da conta Empréstimos Concedidos a Receber (código siafi 11241.01.00 -
ativo circulante) e registrando na conta Empréstimos Concedidos a Receber (Código Siafi 12111.03.01
- ativo não circulante), em cumprimento ao artigo 4º da Lei 9.365/1996 (item II.2.2.2);
9.3.2.8. no âmbito do FAT, apure a diferença de R$ 598.740.174,81 referente a saldo
anterior a 2016 da conta Empréstimos Concedidos a Receber (Código Siafi 11241.01.00, ativo
circulante), a fim de verificar se trata de juros a serem capitalizados conforme definido no art. 4º da
Lei 9.365/1996, e, em caso positivo, realize a classificação para os próximos exercícios financeiros
(item II.2.2.2);
9.3.2.9. divulgue o detalhamento da composição da conta Empréstimos Concedidos a
Receber (cód. Siafi 121110301) por meio de Notas Explicativas, inclusive esclarecendo as razões pelas
quais tais perdas são incorporadas no patrimônio do FAT e não assumidas pelo BNDES, conforme
definido no § 4º, art. 2º, Lei 8.019/1990 (item II.2.3.1);
9.3.2.10. adote os procedimentos contábeis adequados para evidenciar a natureza cambial
dos ajustes decorrentes da variação cambial do FAT Cambial, realizando seu registro na conta contábil
adequada que reflita as transações que ocorreram de fato (item II.2.3.1);
9.3.2.11. divulgue anualmente em sítio eletrônico as demonstrações financeiras do Fundo
de Amparo ao Trabalhador, acompanhadas de suas respectivas notas explicativas (item II.2.3.2);
9.3.2.12. elabore anualmente notas explicativas às Demonstrações Financeiras anuais do
FAT que contenham no mínimo informações gerais sobre o fundo, resumo das políticas contábeis
significativas; informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações
contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e outras
informações relevantes que possam influenciar a situação financeira do fundo, e que sejam publicadas
e amplamente divulgadas, conforme definido no MCASP (item II.2.3.3);
9.4. dar ciência desta deliberação ao Ministério do Trabalho, Instituto Nacional do Seguro
Social, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria da Receita Federal do Brasil, Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional e Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat);
9.5. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 45/2017 – Plenário.


11. Data da Sessão: 8/11/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2455-45/17-P.

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13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin
Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


RAIMUNDO CARREIRO VITAL DO RÊGO
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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