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MARIDALVA NASCIMENTO
THAÍS CHADA DE FREITAS
Belém
2010
MARIDALVA NASCIMENTO
THAÍS CHADA DE FREITAS
Belém
2010
Dados Internacionais de Catalogação de publicação (CIP)
(Biblioteca do NAEA/UFPA)
____________________________________________________________________________
Nascimento, Maridalva
Gestão urbanística no Município de Barcarena Pará / Maridalva Nascimento; Thais Chada de
Freitas; orientador João Márcio palheta da Silva. – 2010.
67 f.: il.; 29 cm
Inclui Bibliografias
1. Gestão ambiental – Barcarena (PA). 2. Políitica ambiental – Barcarena (PA) 3. Meio ambiente –
Barcarena (PA) 3. Baixo-Tocantiis, Região (PA). I. Freitas, Thais Chada; Silva, João Márcio Palheta
da, orientador. III. Título.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________ - Orientador
Prof. Dr. João Márcio Palheta da Silva
PPGEO-UFPA
Ao Prof. Dr. João Márcio Palheta da Silva, pela orientação na elaboração e conclusão
deste trabalho.
Aos colegas Wando Dias Miranda e Benedito Aldo Lisboa pela colaboração sem
cessar
Aos nossos esposos que nos fizeram enxergar que ter filhos é permitir unir-se a Deus
na criação de uma alma imortal
This study aimed to evaluate the management of municipal Barcarena subregion of the Lower Tocantins, in
dealing with the issue planning, urban planning tools that management uses to public social development of the
local population. For both addressed, adopted a qualitative approach and guided its research strategy in a study
exploratory and descriptive, by which we seek to understand the phenomena and for its description
interpretation. A collection was based on research and historical documentary seen in locus targeted at the
identification of valuable information and concepts to understand the object of research, as well as reports and
documents of agencies and secretaries of state and city, when seen in the Central Library of Federal University
of Pará, the Center for Amazon Research (NAEA), the Municipality of Pombal, Secretary of Planning, Budget
and Finance of the State Department of Public Works of Pombal, Secretary of Planning of Pombal, in addition to
research on the Internet at an institution of control, supervision and standardization as National Treasury. This
study was motivated by the observation that huge disparities experienced by population of the region, beyond the
short distance from major cities - Bethlehem The survey results point to the difficulty that the municipality of
Pombal in offering equitable conditions and opportunities to its inhabitants. The urban population lives in
private, or restricted to meet their basic needs, either by their social, cultural, ethnic, or gender and age.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FEDERALISMO NO BRASIL – repercussão na
questão urbana ............................................................................................................ 15
2.1 A QUESTÃO URBANA ........................................................................................... 17
2.2 O PODER PÚBLICO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO .......................... 19
2.3 O PLANO DIRETOR E O ESTATUTO DAS CIDADES ........................................ 21
2.3.1 A questão urbana no Pará .................................................................................... 24
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MUNICÍPIO DE BARCARENA ........................ 25
3.1 LEITURA DA CIDADE ............................................................................................ 26
3.2 ORGANIZAÇÃO URBANA DO MUNICÍPIO DE BARCARENA ........................ 29
3.2.1 Ocupação Urbana Atual ....................................................................................... 29
3.2.2 A Questão da Habitação em Barcarena ............................................................. 39
3.2.3 Áreas de Ocupação Irregular ............................................................................... 41
3.2.4 Infra-Estrutura Urbana em Barcarena .............................................................. 43
3.2.5 Equipamentos Urbanos Urbanos de Barcarena ................................................ 46
3.3 AGRICULTURA E INDÚSTRIA EM BARCARENA ............................................ 50
4 GESTÃO AMBIENTAL E MUNICIPAL DE BARCARENA ............................... 52
4.1 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL EM BARCARENA ................................................... 59
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 62
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 66
11
1 INTRODUÇÃO
As questões sobre o espaço urbano na Amazônia paraense são frutos de intensos embates
envolvendo a sociedade civil e o poder público na resolução dos problemas urbanos e de
acessibilidade aos equipamentos no território para uso dessas sociedades. A partir desse
contexto das políticas públicas, e seu rebatimento no território, é que pensamos as questões
sobre Barcarena no período de 1998 a 2009. Nesse sentido, a monografia ora apresentada
sobre Barcarena, estrutura-se em sua contextualização histórica. Para tanto, no primeiro
momento da monografia faremos uma abordagem do Federalismo no Brasil, seguindo sua
repercussão urbana, tendo como marco a constituição de 1988, analisando a dinâmica
municipal a partir de dados populacionais e econômicos.
A pesquisa foi realizada tendo como referência as doze regiões de integração, no qual
nosso foco corresponde à região do Baixo Tocantins, sendo a mesma formada pelos
municípios de Abaetetuba, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru,
Moju, Oeiras do Pará e Mocajuba. A pesquisa concentra-se no município de Barcarena
especificamente em sua sede, por nela termos encontrado razões que nos levam ao debate
sobre as políticas públicas em municípios que estão sob área de influência dos grandes
projetos, como a Alumínio Brasileiro (ALBRAS) e Alumínio do Norte do Brasil
(ALUNORTE), muito embora nosso foco não sejam esses grandes empreendimentos
econômicos.
A partir da implantação dos projetos de beneficiamento mineral em Barcarena,
município localizado na microrregião de Belém, teve sua economia totalmente transformada,
de acordo com dados da Secretaria de planejamento, orçamento e finanças (SEPOF) e do
Instituto de Geografia Estatística (IBGE), Barcarena havia se transformado em um município
eminentemente industrial de caráter excludente de mão-de-obra não especializada, sediando
importantes empresas (Albrás, Alunorte, Pará Pigmentos, Imerys Rio Capim Caulim) o que
fez a atividade industrial responder por 70,59% da economia local, os serviços representarem
29,01% e a agropecuária apenas 0,40%.
As transformações econômicas e sociais foram sem dúvida um dos fatores de
repulsão da população para as atividades secundárias e terciárias; o que provocou um
acentuado êxodo rural, haja vista que, a atividade econômica havia se deslocado para as
novas empresas e terceirizadas que ali se implantavam. Estas transformações
socioeconômicas contribuíram, para o aumento das receitas municipais próprias tais como:
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)
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crer que necessitam de certa importância nestas áreas para uma definição de qualquer
estratégia de desenvolvimento.
A primeira vez em que visitamos o município de Barcarena, tivemos um susto
primeiro pela grandiosidade das instalações das empresas de beneficiamento mineral ali
instalada, segundo pela falta de infra-estrutura que o município apresenta, exatamente por
entendermos que o que gerava tanta riqueza não repercutia em “desenvolvimento”. Esta visita
aconteceu em outubro de 2009, quando procurávamos elementos que subsidiassem nosso
trabalho de pós-graduação.
No trabalho de campo, realizamos entrevistas com representantes de movimentos
sociais e representantes do poder público local.
Neste sentido, passamos a considerar como objetivos específicos, os seguintes
tópicos:
a) Caracterizar a sociedade local em seus aspectos populacionais, econômicos e
sociais no período de 1998 a 2009.
b) Identificar os instrumentos urbanísticos utilizados na gestão municipal
c) Como está estruturada a gestão pública municipal
omissão, pois pesquisava “coisas que poucos desejam falar” tais como receitas, despesas,
recursos, obras realizadas ou não, modelo de gestão, dentre outros.
O mais intrigante da pesquisa de campo sem dúvida foi constatar como são
empregados os recursos públicos pela gestão pública municipal, na qual encontramos obras
que deveriam ter sido concluídas e não o foram, mesmo depois do aporte financeiro ter sido
completamente realizado. De uma forma geral a política do medo impera tanto para quem foi
direta ou indiretamente beneficiado em alguma obra municipal quanto quem não foi, ficando
claro o modelo tradicional de gestão praticado no município, sendo este o modelo
burocrático.
A gestão pública municipal de Barcarena no período estudado, usufrui da autoridade
tradicional para administrar. Foram nas abordagens de Max Weber, economista e sociólogo
Alemão responsável pela Teoria da Burocracia na Administração, que encontramos grande
semelhança na teoria e prática aplicada na administração em Barcarena, considerando que o
poder tradicional não é racional e é extremamente conservador.
Durante o trabalho de campo outros obstáculos estiveram presentes, tais como a falta
de atendimento a equipe mesmo diante das várias ligações na tentativa de contato com a
prefeitura, e-mail e declarações enviadas as Secretarias de Planejamento a de Obras, na
figura da própria Renata Martins Secretária de Planejamento do Município de Barcarena,
uma vez que na impossibilidade do Secretário de Obras, Renato Ogawa, em nos atender seu
adjunto, solicitou que nos reportássemos sempre a Secretária de Planejamento do município a
fim de que a Srª Renata Martins pudesse dissipar as nossas dúvidas também acerca dos
investimentos e obras realizadas no município de Barcarena, além disso, solicitamos
informações em relação ao alcance dos nossos objetivos, anteriormente descritos, da
Prefeitura de Barcarena, através do Assessor Sr.º Robson Amorim, devido as constantes
ausências do Prefeito, Sr.º João Carlos Dias, na prefeitura, ainda assim as visitas a estes
órgãos não foram bem sucedidas, se não pelo acesso ao processo de Elaboração do Plano
Diretor.
15
O golpe de 1964 colocou o Brasil na rota dos regimes autoritários que passaram a
governar a América Latina na década de 60. Paradoxalmente, os militares não promulgaram
imediatamente uma nova Constituição, embora tenham feito várias emendas à Constituição de
1946.
A nova Constituição do regime só foi promulgada em 1967, assim uma longa emenda
constitucional foi editada. Como se sabe, a Constituição de 1967 e a reforma tributária de
1966 centralizaram na esfera federal o poder político e tributário, afetando o federalismo e
suas instituições.
Embora o Federalismo estivesse fragilizado, isso não significou a eliminação do poder
dos governadores nem dos prefeitos das principais capitais. Como demonstraram Souza
(2005) e Oliveira (1995), os governantes estaduais e municipais foram grandes legitimadores
do regime militar e contribuíram para formar as coalizões necessárias à sua longa
sobrevivência.
No Brasil, o Federalismo significou uma forte centralização do poder político,
partindo do princípio que a vida municipal era pouco expressiva, no que se refere às
competências políticas o papel da atuação pública no município neste período tem pouca
notoriedade. Por que Federalismo? O dicionário Aurélio define Federalismo como “forma de
governo pela quais vários estados se reúnem numa só nação, sem perderem sua autonomia,
fora dos negócios de interesse comum”. As federações possuem um Senado, ou Câmara Alta,
que representa o princípio do território: ali, cada membro tem o mesmo número de votos,
independentemente de sua população.
No entanto, apesar da centralização dos recursos financeiros, foi a reforma tributária
dos militares que promoveu o primeiro sistema de transferência intergovernamental de
recursos da esfera federal para as subnacionais, por meio dos fundos de participação Fundo de
Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O critério de
distribuição abandonou a repartição uniforme entre os entes constitutivos, passando a
incorporar o objetivo de maior equalização fiscal pela adoção do critério de população e
inverso da renda per capita. No regime militar, as esferas estaduais e municipais também
recebiam as chamadas transferências negociadas, que cresceram significativamente no
período (OLIVEIRA, 1995).
16
A mobilização popular iniciada nos anos 1970 levou o país ao movimento pela
constituinte e a conseqüente promulgação da “Constituição Cidadã” em 1988. Novo marco
institucional e sóciopolítico se instauraram com ela, particularmente no tocante ao
planejamento urbano e regional e aos instrumentos nela criados.
Dentre as principais mudanças então introduzidas, destaca-se a maior participação dos
governos subnacionais na arrecadação tributária total, por meio da elevação de transferências
intergovernamentais e da ampliação da base de incidência do ICMS, que passou a incluir os
antigos impostos únicos – energia elétrica, combustível e lubrificante e mineral, além dos
serviços de comunicação e transporte. E outras medidas na esfera de competência dos
tributos estaduais e municipais foi também implementada, visando ao reforço de seu potencial
de arrecadação e, paralelamente, à expansão da autonomia legislativa dessas esferas de
governo nas matérias fiscais.
A análise integrada dos fundos de participação, que expressam a partilha
constitucional da receita da União com estados e municípios, e dos critérios e resultados da
partilha do ICMS com os governos municipais, abre caminho para a avaliação das mudanças
recentes no perfil de produção de serviços públicos e na equação socioeconômico/
populacional, delas extraindo possíveis indicações relativas à necessidade de mudanças nos
critérios de alocação de receita e gasto na Federação brasileira.
Ainda que não justificados por viabilidade econômica, os pequenos municípios1
puderam, desde então, contar com os recursos do FPM para sua multiplicação, com
conseqüente pulverização da representação política. Uma vez dominantes numericamente,
conseguiram manter intocados os critérios de rateio do Fundo, mesmo com a reformulação
constitucional, o que tem permitido, ao longo do tempo, total desinteresse dessas
administrações pela arrecadação de tributos próprios, com grande prejuízo sobre a eficiência
arrecadatória (ARRETCHE, 2004).
Uma questão importante sobre o Federalismo brasileiro seria seu significado para os
municípios quanto ao crescimento de recursos fiscais postos à disposição deles para custear
suas despesas. Os Municípios, principalmente os pequenos, dependem fortemente das
transferências de impostos federais, via Fundo de Participação dos Municípios o que aumenta
sua receita disponível.
1
Municípios pequenos classificados pelo IBGE população de 10 a 20 mil.
17
O Processo de Urbanização no Brasil teve seu auge com o poderio do setor industrial
através da substituição das importações. Neste contexto, houve aumento da procura por
emprego, habitação e serviços públicos nas áreas urbanas. O Final da década de 1970 foi
marcado por grandes investimentos públicos em infra-estrutura e comunicação, a população
assim concentrava-se em núcleos urbanos, no entanto essa “urbanização da população” não
refletia na qualidade de vida das mesmas. Surgiram então o aumento da pressão social, a
formação de grupos organizados, que passaram a pressionar o poder público para que se
reduzissem as carências urbanas, na luta por direitos formalmente reconhecidos. Contudo a
reforma urbana sofre reações adversas quer seja no âmbito de interesses patrimoniais
contrariados quer seja nas posições ideológicas conservadoras, ainda assim é notório que esse
embate aconteça para que haja conquistas, seja no nível jurídico ou na própria administração
urbana.
Durante a Assembléia Nacional Constituinte, 1986, tivemos a materialização jurídica
do principio da “função social da propriedade” com a proposta da reforma urbana
especificamente no que tange à propriedade urbana, que apenas na Constituição de 1988, no
art. 182, § 2º, ganhou força e importância, estabelecendo o cumprimento da função social da
propriedade urbana através da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Neste contexto, Fernandes (2002) ratifica o cumprimento da função social da cidade,
onde o direito a propriedade urbana é determinado por legislação urbanística, sobretudo no
contexto municipal. Cabe especialmente ao governo municipal promover o controle do
processo de desenvolvimento urbano, através da formulação de políticas de ordenamento
territorial nas quais os interesses individuais e coletivos se coadunam. Como é dado a
perceber mais adiante, se confrontarmos as diretrizes e os instrumentos efetivamente incluídos
na nova lei, vai-se verificar que, talvez à exceção de algumas propostas mais estritamente
relacionadas à política habitacional e aos transportes urbanos, as teses da emenda popular,
quando não encontraram abrigo na própria Constituição, foram agora encampadas pelo
Estatuto da Cidade. No entanto, o poder público municipal estaria mais apto a constatar e
solucionar os problemas municipais, dado sua maior proximidade dos anseios da população.
A dissociação das tendências de concentração de recursos e de responsabilidades.
Uma questão que ainda não foi devidamente inserida na análise dos problemas do federalismo
fiscal brasileiro é a que aborda as transformações no nosso padrão demográfico. De certa
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forma as relações intergovernamentais no país ainda são informadas por visões do passado,
dando pouco valor a dimensões importantes como a “metropolização da pobreza” ou
“urbanização da pobreza”, o ritmo de urbanização, a concentração da população em cidades
de maior porte e as diferenças regionais no perfil etário da população e sua evolução ao longo
do tempo.
A natureza das demandas sobre o Estado brasileiro e sua concentração territorial está
diretamente relacionada à atenção do Estado em voltar-se com prioridade para as populações
menos favorecidas economicamente. A tendência à urbanização e metropolização da pobreza
é um dos aspectos mais importantes a serem considerados. Sob essa perspectiva, a
concentração espacial das demandas fica cada vez mais dissociada da concentração espacial
dos recursos, contribuindo para gerar uma situação no mínimo curiosa: uma maior
dependência das regiões metropolitanas e das cidades de médio porte de uma maior atuação
direta da União e dos Estados na solução de problemas locais.
Um dos princípios do Federalismo, conforme Barrera e Roarelli (1995, p. 131),
não são apenas possíveis, mas também prováveis. Nessas condições, não surpreende
tentativas dos governos centrais em limitar o processo de autonomia das instâncias
subnacionais, como é o caso atual da federação brasileira, no âmbito da qual o governo
federal está muito comprometido com o ajuste fiscal, no sentido de lograr maior estabilidade
no quadro macroeconômico do país (BARRERA; ROARELLI, 1995).
construir e elaborar o Plano Diretor é também uma oportunidade para estabelecer um processo
permanente de construir políticas, de avaliar ações e de corrigir rumos.
Assim fazer o planejamento territorial é definir o melhor modo de ocupar o sítio de um
município ou região, prever os pontos onde se localizarão atividades e todos os usos do
espaço, presentes e futuros. Pelo planejamento territorial, pode-se converter a cidade em
benefício para todos; podem-se democratizar as oportunidades para todos os moradores;
podem-se garantir condições satisfatórias para financiar o desenvolvimento municipal; e
podem-se democratizar as condições para usar os recursos disponíveis, de forma democrática
e sustentável.
O Plano Diretor, portanto, deve interagir com as dinâmicas sócio-econômicas do
município. Nesse sentido é que se pode dizer que o Plano Diretor contribui para reduzir as
desigualdades sociais – porque redistribui os riscos e os benefícios da urbanização. O objetivo
fundamental do Plano Diretor é estabelecer como a propriedade cumprirá sua função social,
de forma a garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada, reconhecer a todos os cidadãos
o direito à moradia e aos serviços urbanos.
Neste contexto, o Plano Diretor é um importante instrumento para que as cidades
possam cumprir sua função social, sendo uma ferramenta fundamental de planejamento e
gestão do município, que formula mecanismos de caráter mais especifico e comunitário onde
prevaleça a percepção coletiva sobre a visão fragmentada da cidade, onde o processo de
formulação das políticas possa oferecer maior legitimidade.
Segundo a CEPAL (1998), a comissão Econômica para a América Latina e Caribe,
atualmente 73,4% da população da América Latina e Caribe vive nas cidades, percentual que
deverá chegar a 85% até o ano de 2025. Para Santos (1994), as cidades médias crescem cada
vez mais exigindo uma mão-de-obra qualificada, enquanto que as metrópoles absorvem a
população mais despreparada.
Segundo o Instituto de Geografia Estatística (IBGE) o Censo Demográfico 2000
apresenta 81,2% da população Brasileira vivendo nas cidades. Sabendo que o Brasil apresenta
uma dimensão de 8.514.215,3 km2, composto por 27 Unidades da Federação e com 5.564
municípios existentes até a data da pesquisa. É alarmante a informação (2007) de que apenas
14.5% dos municípios brasileiros possuem Plano Diretor Participativo, embora este seja um
instrumento fundamental para o planejamento das políticas urbanas.
Informação consonante com o exposto por Vânia Maria Pacheco, gerente do Projeto
Pesquisas de Informações Básicas Municipais (2005), relata que, ainda em 2005, dos 1372
municípios que utilizam os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, 805 declararam
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possuir um Plano Diretor, o que corresponde a cerca de 59% deste universo ou 14,5% de
todos os municípios brasileiros.
O Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) estabelece diretriz acerca do que fazer e de
como fazer através do Plano Diretor:
Barcarena foi primeiramente habitada pelos índios Aruans, que durante a colonização,
1709, foram catequizados pelos padres jesuítas. Os historiadores referem-se igualmente que o
nome desse município se originou da presença do assentamento populacional de uma grande
embarcação que havia sido batizada como “Arena”, e à qual os habitantes do lugar chamavam
de barca. A junção das duas palavras fez com que a localidade ficasse conhecida como
Barcarena. No Decreto-Lei de nº 2.972 de 31 de março de 1938, a denominação oficial do
lugar aparece como Barcarena, simplesmente, considerada como distrito da jurisdição de
Belém. Pelo Decreto-Lei Estadual nº 3.331, de 31 de outubro do mesmo ano, Barcarena
perdeu o território da área do Caeté, em favor do município de Moju.
Somente mediante a promulgação de Decreto-Lei Estadual nº 4.505, de 30 de
dezembro de 1943, Barcarena foi reconhecida como Município do Estado do Pará, fixando
seus limites e sua localização geográfica. Em 1956, foram reconhecidos como seus distritos
Barcarena e Murucupi, com os quais configura seu território, até hoje, segundo IBGE.
26
1997-2007
100%
Quantidade
80%
60%
40%
Administração Pública
20% Serviços
0% Comércio
Construção Civil
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Indústria de Transformação
Período Extrativa Mineral
Evolução Populacional
100.000
80.000
Valores
60.000
40.000
20.000
0
80
96
00
¹
¹
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08
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19
20
19
20
20
20
20
Período - Ano
População Área
operariam com 135KA e as demais com 150KA. Hoje, após a expansão dos fornos, a
produção passou de 355.000tpa para 460.000tpa.
Toda a produção é voltada para a exportação de lingotes de 22kg. Seus principais
insumos, alumina e energia, são fornecidos, respectivamente, pela Alunorte e pela hidrelétrica
de Tucuruí.
A ALUNORTE está localizada ao lado da Albras, a cerca de 40km a sudoeste de
Belém, junto à margem sul do Rio Pará, na Baía do Marajó, no município de Barcarena. Sua
fábrica de alumina, projetada para 1,1Mtpa tem tido um excelente desempenho, já tendo
alcançado, em 1998, a produção de 1,43Mtpa, de uma alumina de excelente qualidade. Opera
com a bauxita de MRN (100%), recebida em navios de até 60.000tdw. O Porto de Vila de
Conde, adjacente, é operado de forma compartilhada com a Albrás a Companhia Docas do
Pará (CDP).
Além de fornecer toda a alumina requerida pela Albrás e 55% das necessidades da
Valesul, a Alunorte exporta 50% de sua produção. Uma pequena parte desta exportação é
feita na forma de hidrato – hidróxido de alumínio – para indústrias químicas dos Estados
Unidos. A empresa tem 460 empregados, dos quais 75% contratados no Pará e gera, ainda,
383 empregos indiretos. Metade da produção atende o mercado interno e a outra metade é
exportada.
A ALUBAR METAIS e ALUBAR CABOS S/A fazem parte do Grupo ALUBAR,
que possui capital argentino e produzem vergalhões para uso elétrico e siderúrgico e cabos de
alumínio nu, respectivamente. A Alubar Metais tem uma capacidade de produção de
vergalhões de 2.000 ton/mês e de cabos de 300. As fábricas atendem tanto o mercado nacional
como o mercado internacional. No ano de 2000, o Grupo Alubar foi o principal exportador
brasileiro de vergalhões para o mercado dos Estados Unidos. Seu faturamento anual está na
ordem de US$ 35.000.000 e envolve 105 pessoas, incluindo os terceirizados, com planta
industrial sobre uma área de 25.000m², sendo 8.000m² cobertos.
A logística favorável na região, no que tange o transporte de cargas (porto de Vila do
Conde e Alça Viária), foi determinante para a escolha a localização, além da disponibilidade e
qualidade do alumínio fornecido pela ALBRÁS.
A IMERYS RIO CAPIM CAULIM S.A. (RCC) é uma empresa brasileira, onde sua
principal atividade é o beneficiamento de caulim para uso na indústria de papéis. Os produtos
são exportados para a Europa 50%, Estados Unidos 30% e Ásia 15%. Conta hoje com 220
colaboradores, onde 92% são paraenses.
32
não apresentava nenhuma Lei de criação de bairros. Tal especificação foi proposta na
Elaboração do Plano Diretor como forma de equilibrar a cidade.
O zoneamento urbano em Barcarena, proposto pelo Plano Diretor, vem promover
alterações nos padrões de produção e consumo da cidade, planejando melhor os espaços
urbanos, buscando introduzir normas de uso e ocupação da macrozona de Barcarena.
34
O mapa 2, no entanto, não menciona as especiais ecológicas, sendo estas fundamentais para
Barcarena em especial por se tratar de um município que estabelece industrias de beneficiamento
mineral, esquecer disto é não respeitar o equilíbrio ambiental. A simples delimitação da Zona
industrial é insuficiente, mesmo que esta busque a redução da poluição e a proteção dos recursos
hídricos e a qualidade do ar.
A carta imagem da sede de Barcarena, no mapa 3 nos permite visualizar a divisão do
município em bairros, sendo o Bairro Nazaré; Bairro Comercial, onde está localizada a sede
de Barcarena; o Bairro Betania; Bairro Centro; Bairro Novo I e II e o Bairro Pedreira segundo
a proposta da Lei de Criação de Bairros, no Plano Diretor do Município.
38
É extremamente difícil delimitar o urbano e o rural em Barcarena, pois não existe até
então aplicação das leis urbanísticas orientadoras neste processo, a cidade é habitada por
ocupações irregulares, onde, segundo a Secretaria de Planejamento Municipal, agora está
sendo pensado a Lei de Criação de Bairros.
No mapa 4 podemos observar a localização dos prédios públicos em Barcarena, sendo
identificados os vários Bairros, as Vilas, os postos de saúde, as escolas, dentre outros.
Mostrando dessa forma como a população tende a ocupar as áreas no entorno dos grandes
centros, observamos a cidade se formando de forma desordenada.
Devido à dificuldade em estabelecer o que é urbano e o que é rural, recorremos ao
IBGE com dados do Censo 2000. Embora os dados do IBGE informe que a grande maioria da
população concentra-se nas áreas rurais, as informações empíricas nos permitem inferir que a
ocupação acontece no entorno das áreas urbanas de forma desordenada. Por isso a
necessidade de pensarmos na influência que este adensamento populacional causa na
definição de qualquer estratégia de desenvolvimento, pois estas áreas chamadas por Veiga,
2000 como “rurbano”, apresentam expressivo crescimento populacional de 44% dos
municípios “rurbanos” e 25% dos municípios rurais, indicando que existem nelas alguns dos
poderes de retenção, ou atração, próprios de economias “ativas”.
40
O município de Barcarena apresenta uma situação muito específica, pois ainda não
apresenta lei de criação de bairros, é uma cidade com várias áreas de ocupação irregular, uma
delas é a ocupação de Barbolândia, onde os moradores não apresentam nenhum documento
que lhes dêem direitos a terra. Em visita a ocupação de Barbolândia, Baracarena sede,
conversamos com uma família que apresentou declaração da Associação de Moradores do
Bairro, Fotografia 1, cujo presidente, Sr. Domingos Gonçalves Marques, mais conhecido por
Tuchaua, concedeu documento a algumas famílias dizendo que tal documento lhes conferia o
direito ao terreno construído, porém o documento abaixo não apresenta valor algum, seja de
direito a propriedade ou ao solo.
A provável declaração de domicílio, na verdade não declara nada, não confere a Srª.
Cíntia Pinheiro o direito a propriedade, o intrigante desta história é que a Sra. Cíntia,
“proprietária” do imóvel de dois cômodos que abriga sete pessoas, sabe que a declaração
gentilmente concedida pela Associação de Moradores do Bairro, não lhe permite o direito a
propriedade, porém vê-se sem alternativa, sem saber a quem reclamar por justiça, quem
poderia honestamente ajudá-la. Em face disto, a comunidade de Barbolândia é o retrato de
uma população que vive a margem de seus direitos, reivindicam por uma vida digna e pelo
respeito a seus direitos, mas não sabem como fazê-los, nem tão pouco a quem recorrer.
42
100
87
80 66 80
Domicílios
Atendidos
54
60 40
40 45
20
0
Água Encanada Energia Elétrica Coleta de Lixo¹
Serviços 1991
2000
É necessário, dessa forma, criar condições para que se cumpra à função social da
cidade, onde os interesses da coletividade sejam atendidos. Para tanto é indispensável
conhecer a estrutura da gestão municipal de Barcarena e suas tendências de como promover o
desenvolvimento do município. É importante conhecer como a prefeitura gere o município,
que instrumentos utilizam para conhecer sua realidade, quais as proporções das desigualdades
sociais e da degradação ambiental e o que vêm sendo feito para reduzi-las e ou preveni-las.
O município de Barcarena em sua sede não apresenta sistema de água tratada, em
princípio houve uma privatização da rede de abastecimento, sendo ineficaz, pois culminou no
retorno da rede para responsabilidade da prefeitura, esta terceirizou o serviço à empresa
“Águas de Barcarena”, que atualmente funciona de modo quase artesanal, por um micro-
sistema que puxa a água de um poço artesiano, bombeia para uma caixa d’água e a distribui à
população.
Por conseguinte na área denominada “Distrito Industrial” também não existe sistemas
de fornecimento de água tratada, uma realidade nova vem sendo implantada através do TAC,
que obrigou a empresa Imerys a construir um sistema de fornecimento de água tratada de
acordo com os critérios de potabilidade contidos na Portaria nº 518/04 do Ministério da
Saúde, aos moradores da área “Distrito Industrial” (por meio de água encanada), neste os
sistemas serão doados integralmente à comunidade, a qual será responsável por sua operação
e manutenção e eventuais ampliações/modernizações;
Além disso, o município de Barcarena recebeu o valor de R$100.000,00 (cem mil
reais), como contribuição para a construção de sistema de fornecimento de água tratada,
destinado aos moradores das margens dos igarapés Curuperê e Dendê (por meio de micro-
sistemas autônomos completos ou equivalentes), garantindo-se a qualidade de acordo com os
critérios de potabilidade contidos na Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde, segundo
Ministério Público no Procedimento nº. 001/2007-MP/1ªPJB do TAC.
Toda via a Iluminação Elétrica em Barcarena cresceu em número de domicílios
atendidos, atendendo em 1991 6.197 domicílios, ou seja, 69,23% enquanto que em 2000 esse
número cresceu para 10.909 representando 82,07% de domicílios contemplados pela
iluminação elétrica, segundo dados do IBGE no Censo Demográfico 1991/2000.
45
VALOR
OBRA ESTÁGIO
LIQUIDADO
TERRAPLENAGEM DE ESTRADA VICINAL DE BARCARENA
ABERTURA E TERRAPLENAGEM DO RAMAL LIMEIRA- CONCLUÍDO R$120.000,00
TRACUATEU
2007
Em Andamento R$ 5.729.537,56
DA ALÇA / PORTO DO ARAPARI EXT: 18,95KM
PAVIMENTAÇÃO NA ROD. PA-481 -TRECHO: TREVO DO
Em Andamento R$ 4.042.438,53
PETECA/VILA CABANOS EXT:23,50KM
PAVIMENTAÇÃO NA ROD. PA-483 - TRECHO: ALÇA
Em Andamento R$ 4.130.561,47
VIÁRIA/TREVO DO PETECA EXT: 23,50KM.
TOTAL: R$ 18.270.102,57
Quadro 4 – Obras realizadas no período de 2007-2009.
Fonte: SEPOF/GPPA (2009)
A Pavimentação das vias Urbanas, entre os anos de 2007 e 2009 cresceu através das
várias obras executadas em diversos setores da região, porém as vias urbanas ganharam
destaque não apenas pela quantidade de obras iniciadas como também pelo aporte financeiro
nelas empregadas. Segundo a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Finanças do Estado
(SEPOF), neste período foi destinado à quantia de R$ 5.777.129,57 (cinco milhões, setecentos
e setenta e sete mil, cento e vinte e nove reais e cinqüenta e sete centavos) em obras
beneficiando o setor de transportes, conforme Quadro 2.
Em visita a região de Barcarena constatamos a realização de várias obras tais como a
pavimentação de vias urbanas de Barcarena no distrito de Murucupi, Quadro 2, cujo aporte foi
de R$ 331.139,54. Considerando o valor investido na obra e o estado atual da via, tentamos
confirmar com a Secretaria de Obras do Município, se ao invés de pavimentação não se
trataria de manutenção ou restauração, porém secretário adjunto preferiu não manifestar
opinião quanto à realização da obra, alegando não saber do que se tratava.
46
Por conseguinte a interdição parece não ter tanta importância, já que inúmeros eventos
são realizados no espaço, tal qual a Feira Regional de Ciência e Tecnologia (FEICITEC), que
aconteceu em 10, 11 e 12 de setembro de 2009, evento realizado com o incentivo do Governo
do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e em parceria com a
prefeitura municipal de Barcarena.
Quanto a Educação o quadro não é tão diferente, desde 2007 foram destinados
recursos para realização de inúmeras obras descritas no Gerenciamento de Projetos do Estado,
dentre elas o aporte de R$ 59.609,04 para ampliação da Escola Estadual Eduardo Angelim, no
que se refere à quadra de esportes e vestuários, em visita ao local observamos que tal projeto
após três anos não foi concluído, o que demonstra a total inoperância de gestão municipal,
uma vez que seria de responsabilidade do município cobrar do Estado a realização e
conclusão da obra.
Enquanto isso, na fotografia 3, vemos com clareza a destreza com que são tratados os
equipamentos urbanos em Barcarena, sendo um barraco a antiga escola da ocupação de
Barbolândia.
Parafraseando Nahum (2008) no município de Barcarena há uma grande confusão do
que é público e do que é privado. A forma municipal de gerir está baseada em um conjunto de
obras intermináveis, no qual o orçamento está sempre aquém, a ação governamental, através
das obras, nada mais são que um eficiente instrumento de propaganda que garante a
dominação política.
Fotografia 4– Obra de Construção do Hospital Municipal de Barcarena, em janeiro de 2010, após 4 anos de
liberação do aporte financeiro necessário para finalizar a obra, a mesma continua parada com indícios de
abandono.
Fonte: Acervo das autoras (2010).
49
Os moradores que ficam a margem deste “benefício” que deveria ser de todos, desta
forma, precisam incinerar ou até mesmo enterrar o material descartado nas casas. Soluções
paliativas para um problema que tende a se agravar com o tempo.
A situação das unidades carcerárias das Delegacias de Polícia Civil de Barcarena
(sede) e de Vila dos Cabanos são precárias, o Ministério Público Estadual constatou que as 2
(duas) unidades prisionais estão em péssimo estado de conservação e não apresentam as
mínimas condições pra recepcionar. A unidade carcerária de Barcarena sede, possui apenas
uma delegacia com seis investigadores, dois escrivãs e um delegado, funciona em um prédio
alugado do ex-prefeito Laurival Cunha, no qual as instalações dos cárceres são improvisadas,
inadequadas e insalubres; não há assistência médica e alimentação para os detentos e
tampouco para os policiais encarregados da custódia, visto que não há agentes prisionais
designados para exercer essa tarefa.
Em 2007 o órgão Ministerial requereu que “todos os presos depositados na ala
carcerária da delegacia de Polícia de Barcarena e Vila dos Cabanos fossem retirados e
remanejados pelo Sistema Penitenciário do Estado (SUSIPE), para estabelecimentos
prisionais adequados e compatíveis com os exigidos pela LEP”. Contudo a situação
carcerária permanece a mesma em ambos, embora anteriormente o Estado do Pará tenha
proferido que “não está se furtando a imprimir melhorias em seu sistema carcerário, porém
tais melhorias demandam tempo; liberação de verbas públicas; previsão orçamentária;
realização de procedimentos licitatórios para a escolha da melhor proposta, visando à
construção de novos presídios e cadeias locais”.
Talvez hoje após 5 (cinco) anos do primeiro laudo ser emitido pelo Instituto de
Criminalística e depois de 3 (três) anos do pronunciamento do Estado, a situação continua
sem ser resolvida e tal argumento seja insuficiente dado que o município de Barcarena
apresenta no PPA em obras e investimentos. Então o questionamento se dá com base na
determinação de dezembro de 2008 do Juiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de
Barcarena, Raimundo Rodrigues Santana, a considerar que no prazo de 4 (quatro) meses, o
Estado do Pará é obrigado dentre outros a realizar a reforma dos prédios das Delegacias de
Polícia de Barcarena e Vila dos Cabanos, o que inclui não apenas as unidades carcerárias,
mas todo o prédio. No caso de descumprimento a multa diária estipulada é de R$ 20.000,00
(vinte mil reais), além desta obrigação os detentos deveriam ter sido transferidos para as
unidades prisionais mais próximas e que estivessem em melhores condições, tal
determinação deveria ter sido cumprida no prazo limite de 10 (dez) dias sob a direção da
50
para atender a produção de 200.000 mudas de espécies vegetais pela Prefeitura Municipal,
através da Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI).
Os principais produtos do município de acordo com o IBGE 2008 são: plantio de açaí,
banana, cacau, coco-da-baía, laranja, limão, mamão, maracujá e pimenta-do-reino. No que
concerne a Pecuária existe no município o Projeto de Erradicação da Febre Aftosa já
implantado, sendo uma parceria com o Governo do Estado, através da SEMAGRI, os
produtores rurais do município foram cadastrados para atender o objetivo do projeto, assim o
cadastro foi aplicado a 120 produtores rurais que tiveram seus rebanhos vacinados no período
de 2002 a 2009, conforme Quadro 1.
potencial de crescimento Industrial, um exemplo disso é o distrito industrial, que tem mais de
cinco mil hectares para novos empreendimentos. Além de estar no caminho das torres de
transmissão de Tucuruí, o porto tem um calado, ou seja, profundidade mínima de água necessária
para embarcação flutuar, de 20 metros e canal de acesso de 14 metros de profundidade. Além da
modernidade e potencialidade do porto, o pólo industrial do município é favorecido pela
proximidade de sua metrópole, Belém.
em 26 de junho de 2004, nos rios Curuperê e Dendê a água dos rios antes com coloração
esverdeada passou para amarelo com aspecto espumante.
A quinta contaminação ocorreu em 23 de novembro de 2004 por fuligem negra em Vila do
Conde, a sexta contaminação aconteceu em 04 de novembro de 2005 por vazamento de licor
com soda cáustica, novamente no rio Pará atingindo as praias do conde e Itupanema.
A sétima contaminação e talvez a de maior impacto ambiental, ocorreu no dia
12/06/2007, uma vez que houve um vazamento de cerca de 300.000 metros cúbicos de
rejeitos da empresa Imerys Rio Capim Caulim S.A., e deste cerca de dez por cento atingiram a
pista de rolamento que separa a empresa da área denominada Bairro Industrial, bem como a
estrada que liga a fábrica ao porto da empresa Imerys, atingindo também os igarapés Curuperê
e Dendê e área de preservação permanente destes, conferindo às águas uma coloração branca,
que chegou até as praias do Caripi, Conde e Itupanema, coloração esta que levou cerca de
uma semana para dissipar, devido à influência do movimento de marés sobre os corpos
hídricos atingidos, o que resultou na Interdição Temporária da empresa, segundo promotoria
de justiça de Barcarena, no Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC), no
Procedimento nº. 001/2007-Mp/1ª pjb.
Decorrente a isto famílias tiveram que ser remanejadas pela Defesa Civil Estadual e
que até o dia 20/06/2007, o número de famílias remanejadas para creches e colégio públicos
chegou a 52 (cinqüenta e duas), sendo cerca de 196 pessoas, privando famílias ribeirinhas de
desenvolver as atividades econômicas voltadas para o seu sustento.
O Termo de Ajustamento de Conduta busca reparar integralmente os danos ambientais
e sociais causados pelo vazamento de caulim, desta forma, a Imerys dentre outras
indenizações ficou responsável pelo financiamento do Projeto de Desenvolvimento da
Capacidade Social de Barcarena, através do Instituto de Educação Brasileira (IIEB), visando
promover o fortalecimento das instituições de Barcarena por meio da capacitação das
organizações da sociedade civil, seja através do fortalecimento das capacidades
administrativas e institucionais da sociedade civil organizada, seja pelo apoio à criação de um
espaço público de diálogo entre empresas privadas e a sociedade civil organizada.
Além deste a Empresa de beneficiamento de Caulim, Imerys, fica obrigada a pagar a
título de indenização de natureza civil pelos danos ambientais causados, o valor de
R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais), com o objetivo de financiar programa (atividades e
projetos) que vise melhoria das condições ambientais da região de Barcarena, através de
monitoramento, controle, fiscalização, defesa e recuperação do meio ambiente, através do
Instituto Evandro Chagas (IEC).
54
Gonçalves Marques, mais conhecido por Tuchaua apresenta grau de parentesco com a família
Dias.
urbano o qual necessitaria dos detalhamentos dos seus instrumentos além da presença efetiva
da sociedade local.
A Lei Complementar nº. 23 de 28/09/2006 em seu art. 7º infere ao poder público
municipal de Barcarena a utilização dos instrumentos urbanísticos na elaboração do Plano
Diretor, sendo estes o zoneamento urbanístico e ambiental; o parcelamento, do uso e da
ocupação do solo; as edificações e posturas; o plano plurianual, PPA; as diretrizes
orçamentárias, LDO e orçamento anual, LOA; os planos, projetos e programas setoriais e os
planos de desenvolvimento econômico e financeiro, embora haja instrumento de regulação
legal não identificamos lei específica de regulamentação do instrumento maior.
Outrossim, a Prefeitura quanto gestão pública, segundo a Secretária de Planejamento
Municipal de Barcarena, Srª. Renata Martins, não se instrumentalizou para garantir a
aplicação do disposto no artigo mencionado anteriormente.
Dessa forma o planejamento territorial contribui para a tomada de decisão pela
população, que enxerga os objetivos e prioridades das ações do Governo, facilitando a lógica
que para que os municípios possam elaborar e implementar seus planos no sentido de planejar
seus territórios para superar seus desafios, é necessário o processo decisório que dá clareza à
população favorecendo a participação.
Neste contexto, reclama-se o direito da propriedade urbana e da cidade, no caso
Barcarena, para o cumprimento de sua função social, assim é expressa na constituição o Plano
Diretor Municipal permitindo dentre outros a prevalência do direito comum sob o individual
de propriedade, além da proteção urbanística, ambiental e cultural.
Sabendo que a temática urbana denota grande importância social, desde a
promulgação da nova Constituição, em uma época que as atividades capitalistas têm se
pautado pela competição global, no âmbito local, queremos entender quais iniciativas de
formulação de instrumentos urbanísticos têm procurado avançar nessa questão? Que
instrumentos de gestão são utilizados pela prefeitura de Barcarena? Quais os instrumentos
jurídicos? Buscamos entender quais instrumentos de ocupação urbana foram utilizados no
ordenamento territorial, e de que forma esse processo aconteceu?
O município de Barcarena mais especificamente em sua sede está distante de oferecer
condições e oportunidades eqüitativas aos seus habitantes. A população urbana vive privada e
ou limitada de satisfazer suas necessidades básicas, seja por suas características sociais,
culturais, étnicas, seja de gênero e idade.
62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
apenas 9 anos, o que nos leva a inferir exatamente o que nossas conversas informais com
formadores de opinião como o líder comunitário e professor Walmir Bastos nos sugeriram a
presença forte de recursos próprios, porém há niliência da gestão pública municipal na
administração do bem público.
Além disso, os dados apresentados pelas transformações socioeconômicas apontadas
nos relatórios do Instituto de Desenvolvimento Econômico, social e Ambiental do Estado do
Pará – IDESP, confirmam o aumento das receitas arrecadadas pelo município de Barcarena no
período de 2005 a 2007, devendo estas ser determinantes para os investimentos em
equipamentos urbanos, todavia esses investimentos não fazem parte da realidade hoje vivida
pela população de Barcarena.
Tais dados comprovam ainda uma conseqüência destacada da descentralização e do
Federalismo através do aumento crescente destes recursos fiscais tornados disponíveis para os
municípios e que acima de tudo necessitam que haja uma aplicação dos instrumentos
urbanísticos agendados pelo Estatuto da Cidade. Projetando os problemas urbanísticos de
Barcarena numa configuração territorial local como resultado de processos globais e
regionais, sem desconsiderar as peculiaridades de Barcarena, frente à forte expansão
econômica.
O município de Barcarena está estruturado pelo instrumento maior de gestão urbana, o
Plano Diretor, incluso neste o Zoneamento Urbano, que vem promover alterações nos padrões
de produção e consumo da cidade, planejando melhor os espaços urbanos, buscando
introduzir normas de uso e ocupação da macrozona de Barcarena.
O município de Barcarena não utiliza os instrumentos de gestão urbana dentro do
Plano Diretor tais como o Zoneamento Urbano, que poderiam promover alterações nos
padrões de produção e consumo da cidade, planejando melhor
os espaços urbanos, buscando introduzir normas de uso e ocupação da macrozona de
Barcarena.
O Plano diretor de Barcarena, como instrumento de regulação urbana, não deixa de ser
também um importante instrumento jurídico, pois ajusta a ocupação urbana dentro do
ordenamento territorial, sendo também responsável pela aplicação dos instrumentos presentes
no Estatuto da Cidade, como: o Parcelamento e Edificação Compulsórios, IPTU Progressivo
no Tempo, Direito de Preempção, Transferência do Direito de Construir e Outorga Onerosa
do Direito de Construir.
Nesse sentido o Plano Diretor deveria vir para reduzir as desigualdades sociais –
porque redistribui os riscos e os benefícios da urbanização e cumprindo com o seu objetivo
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fundamental que é estabelecer como a propriedade cumprirá sua função social, de forma a
garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada, para que desta forma todos os cidadãos
tenham o direito à moradia e aos serviços urbanos. Do mesmo modo Barcarena sede está
distante de oferecer condições e oportunidades eqüitativas aos seus habitantes, seja por suas
características sociais, culturais, étnicas, seja de gênero e idade a população urbana vive
privada e ou limitada de satisfazer suas necessidades básicas.
66
REFERÊNCIAS
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fiscais intergovernamentais. São Paulo: FUNDAP, 1995.
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construção de um objeto de estudo: o urbano. São Paulo: USP/FAU/AUH/LAP, 1997.
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LEFEBVRE. Henri. A revolução urbana. Tradução Sérgio Martins. Belo Horizonte: Editora
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LEVY, E. Democracia nas cidades globais: um estudo sobre Londres e São Paulo. São
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(org.) Gestão Ambiental: desafios e experiências municipais no estado do Pará. Belém:
EDUFPA, 2007.