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– A ordem da caridade.
Para expressar a relação que os seus discípulos devem manter com Ele,
relação que é o fundamento de qualquer outra unidade, o Senhor falou-nos da
videira e dos ramos: Eu sou a verdadeira vide1. No vestíbulo do Templo de
Jerusalém, podia-se ver uma imensa vide dourada, que era o símbolo de Israel;
Jesus, ao afirmar que Ele é a verdadeira vide, diz-nos que esse símbolo era
provisório e meramente figurativo.
A união com Cristo é a que fundamenta a unidade viva dos irmãos entre si; a
mesma seiva percorre e fortalece todos os membros do Corpo Místico de
Cristo. Os Actos dos Apóstolos relatam-nos que os primeiros
cristãos perseveravam unânimes na oração4, e que todos os que criam viviam
unidos, tendo todos os seus bens em comum; pois vendiam as suas terras e
haveres e os distribuíam entre todos, segundo a necessidade de cada um 5. A
fé em Cristo trazia consigo – e traz – umas consequências práticas em relação
aos outros: uma mesma comunhão de sentimentos e uma disposição de
desprendimento que se manifesta na renúncia generosa aos bens pessoais em
benefício dos que se encontram mais necessitados. A fé em Jesus Cristo
move-nos – como aos primeiros cristãos – a tratar-nos fraternalmente, a ter cor
unum et anima una6, um só coração e uma só alma.
II. UMA GARANTIA CERTA do espírito ecuménico é esse amor com obras
pela unidade interna da Igreja, porque “como se pode pretender que os que
não possuem a nossa fé venham para a Igreja Santa, se contemplam o
desabrido trato mútuo dos que se dizem seguidores de Cristo?”9
III. DIANTE DE UM PERIGO físico, o homem tende como que por instinto a
proteger a cabeça; é o que nós, cristãos, devemos fazer quando vemos
ameaçada a Igreja: amparar o Romano Pontífice e os bispos, no âmbito em
que nos desenvolvemos, quando surgem críticas ou calúnias, quando são
menosprezados... O Senhor alegra-se e abençoa-nos sempre que, na medida
em que estiver ao nosso alcance, defendemos o seu Vigário na terra e os que,
como os bispos, partilham da tarefa pastoral. E como a unidade é algo que se
constrói dia a dia, rezaremos diariamente com amor e piedade pelos Pastores
e em primeiro lugar pelo Papa: Dominus conservet eum et vivificet eum, et
beatum faciat eum in terra... Que o Senhor o conserve e o vivifique e o faça
feliz na terra...
(1) Jo 15, 1; (2) Jo 15, 4-6; (3) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, Quadrante, São
Paulo, 1978, n. 254; (4) Act 1, 14; (5) Act 2, 44-45; (6) Act 4, 32; (7) Act 2, 42; (8) João Paulo
II, Homilia no Phoenix Park, 29-IX-1979; (9) São Josemaría Escrivá, Sulco, Quadrante, São
Paulo, 1987, n. 751; (10) Paulo VI, Alocução, 31-III-1965; (11) cfr. Jo 13, 35; (12) cfr. Santo
Agostinho, Comentário sobre o Salmo 44; (13) Gal 6, 20; (14) 1 Pe 2, 17; (15) Paulo VI, ib.; (16)
São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 902; (17) Santo Agostinho, Carta 73; (18) São
Bernardo, Sermão 49 sobre o Cântico dos Cânticos.