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PORTUGUESES E O
CONSUMO DE DROGAS
Tema 1, Nº 2 Junho 2001
Estudo realizado em co-financiamento pela Faculdade de Motricidade Humana, o Programa de Educação Para Todos – PEPT Saúde e o
Gabinete de Prevenção da Toxicodependência da Câmara Municipal de Lisboa.
Resumo
Mas afinal (de acordo com um estudo realizado pelo projecto Aventura Social e Saúde, Faculdade de Motricidade Humana,
Universidade Técnica de Lisboa), qual é o perfil dos adolescentes portugueses que referem já ter consumido drogas ilícitas?
Realizámos um estudo junto de 6903 jovens do 6º, 8º e 10º anos de todo o país, utilizando um questionário. De acordo com
estes nossos dados as raparigas experimentam menos frequentemente drogas e consomem menos. À medida que a idade
avança (dos 11 para os 16 anos) aumenta a percentagem de jovens que já experimentaram drogas ilícitas bem como os que
consomem.
Os resultados sugerem que, no geral, os jovens que referem já ter experimentado ou que referem consumirem apresentam
um perfil de afastamento em relação à casa, à família e à escola, aparecendo com mais frequência um grupo de amigos
com quem se dão fora e depois da escola. Estes jovens têm um menor envolvimento na prática de actividades físicas.
Apresentam também com mais frequência outros consumos (tabaco e álcool) e referem mais frequentemente ter estado
envolvidos em actos de provocação na escola e envolvidos em lutas. Estes resultados foram confirmados num estudo
específico com jovens da cidade de Lisboa (Matos e Carvalhosa, 2001).
Neste grupo, os jovens mais novos parecem ter iniciado o seu primeiro contacto com drogas mais precocemente. Os jovens
que se envolvem em comportamentos de provocação foram também mais precoces neste primeiro contacto com drogas.
A droga mais frequentemente experimentada foi o haxixe. Foi também a droga mais frequentemente utilizada na primeira
experiência.
De salientar que o facto da primeira experiência com drogas se realizar com drogas ditas “duras” (heroína, crack, cocaína
ou morfina) aparece associado, neste grupo, à ausência de amigos e ao facto de não se sentirem felizes.
Referências
Currie, C., Hurrelmann, K., Settertobulte, W., Smith, R., & Todd, J. (Eds.). (2000). Health and health behaviour among young people. HEPCA
series: World Health Organization.
Matos, M., & Carvalhosa, S. (2001). Quem afinal experimenta drogas em Lisboa?.1, 1. Faculdade de Motricidade Humana /GPT da CMLisboa.
Matos, M., Simões, C., Carvalhosa, S., & Canha, L. (2001). A saúde dos adolescentes de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana /GPT da
CMLisboa.
Matos, M., Simões, C., Carvalhosa, S., Reis, C., & Canha, L. (2000). A saúde dos adolescentes portugueses. Faculdade de Motricidade Humana
/PEPT-Saúde.
PEPT 2000
Este estudo tem a ver com as ciências do Foram seleccionados alunos dos 6º, 8º e 10º anos de
comportamento e as relações sociais, mais do que escolaridade. A cada um destes anos corresponde
com a epidemiologia clássica. Chamou-se a este uma idade média de 11, 13 e 16 anos.
enquadramento teórico “perspectiva da
socialização“ na qual é sistematicamente explorada
a influência de várias “cenários socias” (família, Gráfico 1 – Média da distribuição dos sujeitos por
escola, amigos) na saúde e nos comportamentos idade
de saúde dos jovens.
O Questionário
Um pouco mais de metade dos jovens (53%) são do
O questionário "Comportamento e Saúde em
sexo feminino.
Jovens em Idade Escolar" utilizado neste estudo
foi o adoptado no estudo europeu HBSC em 1998
Gráfico 2 - Distribuição dos sujeitos por sexo
(Currie, Hurrelmann, Settertobulte, Smith e Todd,
2000; Matos, Simões, Carvalhosa, Reis e Canha,
2000; Matos, Simões, Carvalhosa e Canha, 2001). Sexo Masculino
Sexo Feminino
47%
Foram incluídas as questões demográficas e um 53%
Experimentar drogas (% Sim) Os jovens que não vivem com ambos os pais
Haxixe, Estimulan- Heroína,crack, experimentaram mais frequentemente haxixe ou
erva tes morfina,cocaína erva.36
Gosta da Sim 2.9% 2.2% 2.2%
escola Não 10.0% 6.0% 4.5%
É Sim 5.4% 3.4% 3.2%
• Relação com os professores:
aborrecido Não 1.5% 1.6% 1.6%
ir à escola Experimentar drogas (% Sim)
Haxixe, Estimu- Heroína,crack
erva lantes morf.,cocaína
Os jovens que não gostam da escola já Tratam-nos Sim/não sei 3.4% 2.3% 2.2%
experimentaram mais vezes haxixe ou erva26, com justiça Não 5.8% 4.6% 3.8%
estimulantes27 e heroína, crack, morfina ou Ajudam-me Sim/não sei 3.4% 2.4% 2.3%
cocaína.28 quando Não 9.8% 6.3% 5.2%
Os jovens que consideram que ir à escola é preciso
aborrecido já experimentaram mais vezes haxixe ou Interessam- Sim/não sei 3.4% 2.5% 2.2%
se por mim Não 7.6% 4.3% 4.8%
erva29, estimulantes30 e heroína, crack, morfina ou como pessoa
cocaína.31
Os jovens que consideram que os professores não os
tratam com justiça, experimentaram mais
frequentemente haxixe ou erva37, estimulantes38 e
heroína, crack, morfina ou cocaína.39
20
(χ² = 52.76, g. l. = 1, p<.001, n=6613)
21
(χ² = 26.73, g. l. = 1, p<.001, n=6557)
22
(χ² = 42.71, g. l. = 1, p<.001, n=6649)
23
(χ² = 24.17, g. l. = 1, p<.001, n=6591)
24 32
(χ² = 29.72, g. l. = 1, p<.001, n=6538) (χ² = 22.49, g. l. = 2, p<.001, n=6539)
25 33
(χ² = 18.68, g. l. = 1, p<.001, n=6670) (χ² = 6.79, g. l. = 2, p<.05, n=6484)
26 34
(χ² = 100.84, g. l. = 1, p<.001, n=6594) (χ² = 8.12, g. l. = 2, p<.05, n=6431)
27 35
(χ² = 40.18, g. l. = 1, p<.001, n=6539) (χ² = 20.84, g. l. = 2, p<.001, n=6502)
28 36
(χ² = 14.73, g. l. = 1, p<.001, n=6485) (χ² = 10.22, g. l. = 2, p<.01, n=6241)
29 37
(χ² = 66.93, g. l. = 1, p<.001, n=6650) (χ² = 14.20, g. l. = 1, p<.001, n=6555)
30 38
(χ² = 18.94, g. l. = 1, p<.001, n=6594) (χ² = 17.01, g. l. = 1, p<.001, n=6499)
31 39
(χ² = 16.90, g. l. = 1, p<.001, n=6542) (χ² = 9.02, g. l. = 1, p<.01, n=6448)
• Provocações na escola:
OS JOVENS E O CONSUMO DE
DROGAS ILÍCITAS NO ÚLTIMO MÊS Consumo no último mês
Sim Não
Provocador Sim 4.9% 95.1%
• Consumo de drogas ilícitas no último Não 2.1% 97.9%
mês:
Os jovens que têm comportamentos de provocação
Cerca de 156 (2,5%) dos jovens inquiridos consumiram aos colegas na escola, consumiram mais vezes drogas
drogas no último mês. no último mês.55
63
(χ² = 7.97, g. l. = 2, p<.05, n=5914)
57 64
(χ² = 42.16, g. l. = 1, p<.001, n=6292) (χ² = 6.46, g. l. = 1, p<.05, n=6214)
58 65
(χ² = 3.72, g. l. = 1, p=.05, n=6311) (χ² = 10.04, g. l. = 1, p<.01, n=6203)
59 66
(χ² = 87.55, g. l. = 1, p<.001, n=6246) (χ² = 26.87, g. l. = 1, p<.001, n=6227)
60 67
(χ² = 53.49, g. l. = 1, p<.001, n=6292) (χ² = 35.43, g. l. = 1, p<.001, (n=6205)
61 68
(χ² = 14.56, g. l. = 2, p=.001, n=6188) (χ² = 32.09, g. l. = 2, p<.001, (n=6272)
62 69
(χ² = 15.78, g. l. = 2, p<.001, n=6154) (χ² = 7.61, g. l. = 2, p<.05, (n=6218)
OS JOVENS E A IDADE DA PRIMEIRA experiência foi o haxixe, 30 (11.1%) afirmam ter sido
as anfetaminas, speeds, exctasy ou pastilhas e 13
EXPERIÊNCIA COM DROGAS (4.8%) a heroína, crack, cocaína ou morfina.
Os jovens que têm comportamentos de provocação referem ter experimentado ou consumir. Também
aos colegas na escola, tiveram a sua primeira sabemos que, face a perguntas como as suas
experiência com drogas mais novos (6-13 anos) .71 experiências e consumos de drogas ilícitas, alguns
jovens tenderão a negar, sobretudo em inquéritos
OS JOVENS E A SUBSTÂNCIA DA feitos a nível escolar. Mas estamos sobretudo
PRIMEIRA EXPERIÊNCIA interessados em tendências e em perfis.
70 72
(χ² = 95.48, g. l. = 3, p<.001, n= 323) (χ² = 7.05, g. l. = 2, p<.05, n=269)
71 73
(χ² = 5.90, g. l. = 1, p<.05, n=325) (χ² = 10.97, g. l. = 4, p<.05, n=269)
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