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Apresentação

É com grande satisfação que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE pu-
blica o Atlas do censo demográfico 2010, que constitui um dos produtos de referência do Censo
Demográfico 2010.
Com essa publicação, fica evidente a importância da visão geográfica na análise dos dados
estatísticos levantados pela Instituição em seus recenseamentos da população brasileira.
Revelando questões fundamentais da população e do território brasileiros, o Atlas
estrutura-se em um temário que se propõe a abordar, de forma abrangente e interligada, as
várias dimensões que compõem a dinâmica e o perfil demográfico da população brasileira,
dando ênfase às diferenças regionais e locais encontradas. Desse modo, ele vem ao encontro do
crescente interesse despertado, nos últimos tempos, pelo entendimento do território brasileiro
em múltiplas escalas geográficas.
Os temas relativos à inserção do Brasil no mundo, à divisão político-administrativa, às
características demográficas, à distribuição espacial da população, aos fluxos da população no
território, à urbanização, além daqueles relativos às condições de habitação, ao perfil socioe-
conômico da população e à diversidade cultural constituem os ângulos de análise da realidade
brasileira selecionados para contextualizar as mudanças contemporâneas na geografia da po-
pulação brasileira.

Wasmália Bivar
Presidenta do IBGE
Introdução

As mudanças ocorridas na geografia da população O Brasil e o mundo


brasileira, além de serem fatores centrais da realidade ter- Com uma população de 190 755 799 habitantes,
ritorial do País, constituem referências ao próprio destino em 2010, e uma superfície de 8 515 767,049 km², o Bra-
da nação no mundo. Tais mudanças, ao envolver questões sil tem, na dimensão continental de seu território, assim
em torno da reprodução, da existência e da distribuição como no tamanho populacional1 e diversidade cultural, os
espacial da população brasileira no País e no mundo, fundamentos de suas diferenças regionais e de seu modo
tangenciam a geopolítica contemporânea. Nesse sentido, de inserção internacional na contemporaneidade.
uma visão comparada com os demais países se impõe ini- Nesse sentido, os mapas que iniciam o Atlas, reu-
cialmente no Atlas do censo demográfico 2010, uma vez que nidos no capítulo Brasil e o mundo, dizem respeito
até mesmo a projeção econômica do Brasil no processo à distribuição espacial da população no mundo, nos
de globalização atual tem como fundamento sua extensa quais se destacam os indicadores relativos à densidade
base populacional e territorial. demográfica, urbanização e distribuição espacial das
Na escala nacional, o Atlas do censo demográfico 2010 grandes cidades, enquanto fatores estratégicos do País
contempla as principais transformações ocorridas na no contexto internacional.
dinâmica da população brasileira enfatizando, particular- Quanto à urbanização, cabe ressaltar que, embora
mente, as que afetam a distribuição espacial da população a presença de cidades constitua fenômeno que remonte
na última década. a mais de 5 mil anos, ainda que associada a lógicas dife-
O temário do Atlas se propõe a abordar, de forma rentes da atual, uma das principais marcas do Século XX
abrangente e interligada, as várias dimensões que com- foi a abrangência e o ritmo alcançados pelo processo de
põem a dinâmica e o perfil demográfico da população urbanização em todo o mundo.
brasileira, dando ênfase às grandes diferenças regionais Nesse contexto, a América Latina e o Brasil, em
e locais encontradas. Desse modo, ele vem ao encontro particular, destacam-se pela intensidade desse processo,
do crescente interesse despertado, nos últimos tempos, registrando acentuado crescimento tanto no número
pelo entendimento do território brasileiro em múltiplas como no tamanho das cidades, assim como na proporção
escalas geográficas. de pessoas que vivem em espaços urbanos relativamente
Os temas relativos à divisão territorial do Brasil, aos habitantes dos espaços rurais, apesar das diferenças
às características demográficas, à distribuição espacial existentes na conceituação desses espaços entre os países.
da população, aos fluxos da população no território, Cabe lembrar que pela geografia das cidades no
à urbanização, além daqueles relativos às condições de mundo passa não só o entendimento da distribuição das
habitação, ao perfil socioeconômico da população e à grandes manchas urbanas, como, principalmente, da rede
diversidade cultural constituem os ângulos de análise de poder mundial. São nas grandes cidades mundiais que
da realidade territorial brasileira selecionados para con- estão concentradas as funções de comando e controle dos
textualizar as mudanças contemporâneas na geografia 1
De acordo com a Organização das Nações Unidas - ONU, o Brasil ocupa a quinta posição no Planeta em termos
de extensão territorial e de número de habitantes, sendo superado pelo Canadá, Rússia, China e Estados Unidos,
da população brasileira. quanto ao tamanho do território, e pela China, Índia, Estados Unidos e Indonésia, em relação à população.
Atlas do Censo Demográfico 2010
12 IBGE Introdução

fluxos econômico-financeiros, além daquelas associadas fez com que o País passasse de 1 121 municípios, ritmo de crescimento vem desacelerando, o que revela
ao avanço técnico-científico, que alavanca o processo em 1900, para 1 890, em 1950, e 5 507, em 2000, um comportamento demográfico comum a todo o
contínuo de produção da inovação inerente ao cres- chegando a alcançar, na primeira década do século Território Nacional.
cimento econômico global na contemporaneidade. atual, 5 565 municípios. Dado o forte caráter descen- Embora essas regiões reflitam uma tendência à
De igual importância para a geografia da po- tralizador da Federação após a última Constituição convergência nas taxas básicas de evolução da popu-
pulação mundial é a questão dos fluxos migratórios. Federal, a multiplicação das unidades de poder local lação, as diferenças regionais ficam evidentes quando
Cabe observar que atualmente existe um grande constituem elemento intrínseco de compreensão da se compara o ritmo de crescimento entre elas, assim
número de estados nacionais que podem ser catego- própria geografia da população brasileira, uma vez como o próprio tamanho da população total, urbana
rizados como de imigração ou de emigração, ou, em que a criação de um novo ente federativo constitui e rural, em 2010 (Gráficos 1, 2 e 3).
alguns casos, como países com grande contingente em si um fator de interiorização de parcela da po-
de migrantes, chamando a atenção para o peso que pulação brasileira. Gráfico 1 – Evolução da população total, segundo as
Grandes Regiões - 1991/2010.
essa questão tem desempenhado no processo de Em continuidade, apresentam-se os temas 1 000
100 000
mudanças demográfica, cultural, social e econômica relativos aos diversos recortes institucionalizados
em todo o mundo. do território brasileiro, tais como as Regiões Me- 80 000

A crescente importância numérica da migração tropolitanas, Faixa de Fronteiras, além daqueles que 60 000

internacional se converteu, desse modo, em tema têm como referência diversos recortes regionais que 40 000

recorrente nas relações bilaterais e regionais, uma vez servem, igualmente, como referência territorial para 20 000

que a generalização e a escala da migração levantaram a análise geográfica dos indicadores demográficos 0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
complexas questões sociais e culturais. constantes do Censo Demográfico 2010. -Oeste

Nesse sentido, o Brasil se insere nos fluxos mi- O capítulo Características demográficas 1991 2000 2010

gratórios internacionais, enviando e recebendo mão aborda a evolução da população brasileira, vista através Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010.

de obra, em grande parte pouco especializada, com da taxa de crescimento e de indicadores básicos de
Gráfico 2 – Evolução da população urbana, segundo as
destino preferencial para os Estados Unidos e a Europa, natalidade, mortalidade, idade e sexo que traçam o Grandes Regiões - 1991/2010.
e como território receptor de migrantes provenientes perfil da população brasileira, contextualizando, no
1 000
de países fronteiriços ou não. O aumento da circula- tempo e no espaço, as mudanças operadas na distri- 100 000

ção de pessoas, produtos e informação, bem como a buição espacial da população no Território Nacional. 80 000
redução da distância relativa entre os países e as regiões, Em relação à evolução demográfica, os Censos
60 000
contribuem para a inserção da temática dos fluxos mi- Demográficos brasileiros mostram que a população
40 000
gratórios entre nações, sejam elas vizinhas ou distantes, experimentou sucessivos aumentos em seu contin-
na agenda política, econômica e social na atualidade. gente no período 1991/2010 (Tabela 1), tendo cresci- 20 000

Finalmente, as diferenças relativas à razão de do 1,29 vezes nesse período, embora a velocidade des- 0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
-Oeste
sexo e média de idade contextualizam as diferenças se crescimento venha diminuindo progressivamente.
e semelhanças do perfil demográfico da população Tabela 1 - Evolução da população residente,
1991 2000 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010.


brasileira em relação aos demais países do conti- segundo as Grandes Regiões - 1991/2010
nente e do mundo. Evolução da população residente
Grandes Regiões
1991 2000 2010 Gráfico 3 – Evolução da população rural, segundo as
Geografia da população brasileira Grandes Regiões - 1991/2010
Brasil 146 825 475 169 799 170 190 755 799
A geografia da divisão político-administrativa Norte
Nordeste
10 030 556
42 497 540
12 900 704
47 741 711
15 864 454
53 081 950
1 000
100 000
do País revela os recortes territoriais originários da Sudeste
Sul
62 740 401
22 129 377
72 412 411
25 107 616
80 364 410
27 386 891
80 000
divisão federativa do Estado brasileiro através dos Centro-Oeste 9 427 601 11 636 728 14 058 094

mapas políticos do Brasil, segundo estados e muni- Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010. 60 000

cípios. Tais mapas são fundamentais para se entender Com efeito, a taxa média geométrica de 40 000

o processo de ocupação do território brasileiro e crescimento anual vem decrescendo no período 20 000

fundamentam, em grande parte, a distribuição e a 1991/2010, quando passou de 1,64%, entre 1991 e 0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
mobilidade da população no País. 2000, para 1,17%, entre os Censos Demográficos de -Oeste

O capítulo Divisão territorial do Brasil abor- 2000 e 20102, refletindo a continuidade do processo 1991 2000 2010

da a dinâmica espacial da criação das municipalidades, de declínio da fecundidade no País. Cabe observar Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010.

ao longo da história, tanto esteve submetida à lógica que esse declínio é generalizado, expressando-se na
da ocupação do espaço pela necessidade de organiza- queda relativa e, em diversos casos, na redução até No capítulo Distribuição espacial da popula-
ção social e econômica, como foi também o resultado absoluta do número de nascimentos (CENSO DE- ção, cabe registrar que as Regiões Sudeste, Nordeste
de ações geopolíticas com vistas à consolidação do MOGRÁFICO, 2011). e Sul, compreendendo, respectivamente, 42,13%,
domínio político do território. Nesse sentido, a evo- Assim, apesar de o processo de evolução positiva 27,83% e 14,36% do total da população brasileira,
lução da malha municipal constitui elemento central da população ser generalizado por todas as Grandes continuam ser as mais populosas do País, enquanto a
de explicação das mudanças operadas na geografia da Regiões do País, conforme observado na Tabela 1, é Norte e a Centro-Oeste, apesar de apresentarem as
população brasileira. igualmente relevante registrar que, em todas elas, o maiores taxas de crescimento populacional da última
Assim, o crescimento verificado no número década, abrangem, respectivamente, 8,32% e 7,37%
2
A taxa é calculada para o período 2000/2010 e considera a população de 2010, incluindo a estimada
de municípios no Brasil, ao longo do Século XX, para os domicílios fechados. A população considerada para 2000 foi a efetivamente recenseada. da população nacional em 2010.
Atlas do Censo Demográfico 2010
Introdução IBGE 13

Os padrões regionais de distribuição da po- Reproduzindo características territoriais se- aspectos espaciais da circulação da população, como
pulação no Território Nacional, representados nos melhantes às da Região Centro-Oeste, as áreas do a concentração e a seletividade nas escalas urbanas.
mapas de densidade populacional segundo Unidades oeste baiano, assim como as do sul do Maranhão e Os movimentos migratórios, tendo em vista as
da Federação, são um testemunho de um processo de do Piauí vêm apresentando padrões de ocupação grandes unidades urbanas, apontam uma tendência
ocupação que ao longo da história tem moldado as semelhantes ao dos estados que compõem aquela de desaceleração não só da migração, mas do cres-
diferenças regionais brasileiras. macrorregião em virtude justamente da expansão cimento populacional como um todo (OLIVEIRA;
A distribuição espacial das cidades, assim como da agricultura tecnicista. ERVATTI; O’NEILL, 2011). No mapeamento
seu distanciamento, são também um elemento geo- A distribuição da população e das cidades dos realizado, é visível a ocorrência de um processo
gráfico fundamental do processo de ocupação e de estados nordestinos reproduz, de modo geral, o pa- de redistribuição da população que diferencia as
divisão política dos estados brasileiros. Nesse senti- drão de maior densidade, que se desenha do litoral metrópoles. São Paulo e Rio de Janeiro, por exem-
do, pode-se afirmar que estão aqui representados os em direção ao interior, contrapondo, assim, uma plo, já não são os grandes polos de atração do País,
elementos estruturantes dos padrões espaciais que malha territorial mais densa, característica da Zona ainda que o volume de imigrantes e emigrantes seja
definem, em escalas nacional e regional, as formas da Mata e do Agreste, a um espaçamento das redes significativo. Outras metrópoles mais antigas, como
diferenciadas de ocupação não só do espaço rural, ainda dominantes, no sertão, embora na atualidade as Belém, Fortaleza, Recife, Salvador e Porto Alegre,
como também da configuração territorial do espaço áreas de ocupação menos densas do interior nordes- também apresentam um fraco desempenho. Brasília
urbano dos estados brasileiros. tino convivam, cada vez mais, com novos padrões de seguida de Goiânia, que podem ser consideradas me-
A análise dos mapas estaduais revela a grande ocupação derivados de projetos públicos e privados, trópoles emergentes, destacam-se por apresentarem
heterogeneidade que caracteriza o povoamento do que alteram o uso e o modelo tradicional de ocupação os maiores resultados alcançados no saldo migratório
território brasileiro, no qual se distingue, em uma territorial do interior dessa macrorregião. e na taxa líquida de migração (TLM).
primeira clivagem, a divisão do País entre o domínio Finalmente, a feição territorial composta por Mesmo que o ritmo de crescimento demo-
territorial de mais baixa densidade dos estados das um domínio de maior adensamento populacional gráfico do País venha diminuindo e a migração seja
Regiões Norte e Centro-Oeste vis-à-vis os demais conjugada a uma rede viária urbana igualmente densa um componente deste processo, ela ocorre dife-
estados de ocupação mais consolidada. é característica dos estados das Regiões Sudeste e renciadamente nos escalões urbanos. Na década de
Chama a atenção, contudo, nos domínios Sul do País, revelando um padrão de ocupação mais 1970, quando a atividade industrial e a urbanização
territoriais de mais baixa densidade populacional consolidado no contexto nacional. crescente determinavam o direcionamento dos fluxos
da Região Norte, o formato linear da ocupação Como legado da “civilização do café” e da migratórios, a Região Sudeste e, particularmente, o
ribeirinha, que caracteriza a forma de povoamento interiorização pioneira de São Paulo em termos de interior paulista registravam os maiores volumes nos
da parte mais ocidental dessa Grande Região, bem adensamento da rede ferroviária, acompanhada pela movimentos populacionais do País, tendo como re-
como o predomínio de densidades lineares ao longo criação de cidades, sua estrutura urbano-regional sultado o surgimento e o fortalecimento de centros
de estradas, traço que também caracteriza a porção caracteriza-se por uma rede urbana polinucleada e regionais em um novo contexto de redistribuição da
ocidental das Regiões Norte e Centro-Oeste, onde uma distribuição de cidades bem mais equilibrada população (BAENINGER; CUNHA, 1996).
as baixas densidades convivem com densas manchas que a dos demais estados brasileiros. Posteriormente, a desconcentração industrial,
urbanas, representadas pelas capitais estaduais, e com Ao contrário de grande parte dos estados das que ocorreu principalmente a partir da metrópole
uma dispersão dos demais centros urbanos. Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País, paulista e se estendeu a outros núcleos urbanos, alte-
Na atualidade, a análise da configuração ter- observa-se, no território paulista, uma distribuição rou a participação do setor no conjunto da economia,
ritorial de extensas regiões, tanto na Região Norte espacial sem forte primazia urbana, o que proporciona principalmente na produção de bens tradicionais
como na Centro-Oeste, passa ainda pela presen- uma geografia singular no que diz respeito às formas e duráveis, com a intensificação de atividades que
ça de numerosas Terras Indígenas e Unidades de de ocupação de seu território. incorporam tecnologia avançada, transformando, ao
Conservação. A delimitação dessas regiões reflete As mudanças na geografia da população brasi- longo do tempo, o perfil não só das maiores aglo-
nitidamente as baixas densidades populacionais que, leira não podem, contudo, ser analisadas sem levar em merações do País como, particularmente, dos centros
de modo geral, as caracterizam, conforme revelado conta os fluxos da população no território, aí inseridos sub-regionais nos eixos mais ativos da economia.
nos mapas estaduais. os movimentos migratórios mais longos verificados Como resultado, as capitais regionais apresen-
Na Região Centro-Oeste, o processo de entre os estados, e a geografia dos deslocamentos tam um movimento populacional mais expressivo,
crescimento da população é indissociável da própria mais curtos, realizados para trabalho e estudo, entre sendo este o nível hierárquico que apresenta os
geografia da agricultura modernizada, que conferiu municípios, característicos da mobilidade diária ou índices mais altos de eficácia migratória3. Elas de-
nova especificidade ao reordenamento da população periódica, que ocorre principalmente no interior das monstram maior poder de atração quando compa-
no território. Embora responsável por um espaço maiores Regiões Metropolitanas do País. radas ao nível metropolitano e, mesmo no Nordeste,
rural caracterizado por baixas densidades demo- O capítulo Fluxos da população no território tradicionalmente uma região de emigração, não há
gráficas, o crescimento demográfico de inúmeros chama atenção a geografia da migração através da perdas populacionais significativas neste patamar.
municípios situados na área de avanço da produ- análise da rede urbana e de seus níveis hierárquicos, Enquanto algumas capitais regionais se destacam na
ção agrícola modernizada da soja e do algodão foi a qual constitui uma das formas de se apreender a estrutura produtiva do País, como Campinas, Santos
embalado por elevadas taxas anuais de crescimento dinâmica dos movimentos populacionais e suas rela- e Sorocaba (SP), outras exercem forte centralida-
populacional, sobretudo em suas áreas urbanas. Por ções com a urbanização, com a divisão territorial do de devido às funções político-administrativas que
conseguinte, confirma-se, nessa região, uma estreita trabalho e com a diferenciação que ela introduz entre exercem como capitais estaduais, casos de Vitória,
associação entre as dinâmicas agrícola e demográfica, as diversas unidades urbanas. O mapeamento realiza- Porto Velho e Palmas.
com forte repercussão no crescimento dos centros do permite identificar os centros urbanos que atuam
3
O índice de eficácia migratória é a relação entre o saldo migratório e o volume total de migrantes
urbanos nessa região. como focos de atração e evasão populacional e ressalta (imigrantes + emigrantes).
Atlas do Censo Demográfico 2010
14 IBGE Introdução

A perspectiva de requalificação do território, O capítulo Urbanização aborda, através da e administração, financeiras e informacionais, e
tendo em vista a presença desigual de novos ele- distribuição atual e da evolução da população urbana, nas atividades industriais e administração, imprime
mentos de estruturação do espaço urbano, tais como a dimensão central de entendimento das mudanças múltiplos perfis às principais aglomerações urbanas
as atividades que agregam técnica e inovação e que ocorridas na geografia da população brasileira. Nesse do País no que diz respeito à estrutura do trabalho.
se estruturam, cada vez mais, em redes, fortalecem, sentido, a compartimentação político-administrativa Os mapas ressaltam a regionalização do emprego e
seletivamente, os centros urbanos. é considerada como componente estrutural na for- as mudanças no padrão de produção metropolitana,
Quanto aos centros sub-regionais, embora mação do território brasileiro, visto numa abordagem uma vez que as aglomerações mais dinâmicas tendem
apresentem certo dinamismo na região centro-sul, mais ampla, conjugando o processo de ocupação e a concentrar atividades industriais e de serviços,
em inúmeros casos, eles perdem população, sobretudo urbanização com o da formação de governos locais, enquanto em outras, as atividades de administração
na Região Nordeste. Este nível hierárquico reforça o enquanto fenômenos que devem ser analisados de pública suportam segmentos expressivos da força de
aspecto seletivo de determinados pontos do território forma relacional no Brasil. trabalho. Estes e outros fatores provocaram efeitos
nos quais centros como Cabo Frio e Macaé (RJ), O fenômeno urbano manifesta-se, entre na estrutura socioespacial das grandes aglomerações,
Rio Verde (GO), Balneário Camboriú e Itajaí (SC) outras formas, constituindo aglomerações urbanas que ainda se mantêm profundamente desiguais, com
mostram dinamismo e aparecem atraindo migrantes que, ao longo do tempo, concentraram população concentração de renda, serviços urbanos e acesso à
por diferentes motivos. e atividades, diferenciando-se na magnitude e na educação e à saúde de qualidade em espaços privi-
Dois aspectos do processo migratório ocorrem complexidade em relação ao restante do urbano legiados das cidades.
no sentido de reforçar dinâmicas espaciais, como as nacional. As aglomerações urbanas são espaços resul- No nível intraurbano, os mapas privilegiam o
de concentração e de seletividade, que requalificam tantes da concentração de pessoas ou atividades em recorte metropolitano. As transformações na organi-
a rede urbana brasileira ao longo do tempo quan- um núcleo central que em sua expansão incorpora zação e produção das empresas expandiram as funções
to ao papel que alguns centros passam a exercer, municípios contíguos. de controle e administração nas grandes aglomera-
absorvendo população excedente de outras áreas, As aglomerações selecionadas para represen- ções e ocasionaram investimentos diferenciados na
num momento de diminuição dos grandes fluxos tação neste Atlas pretendem ultrapassar os recortes urbanização, provocando fragmentação socioespa-
migratórios, mas de aumento na flexibilização e na de Região Metropolitana e de Região Integrada de cial e influenciando a vida cotidiana da população.
mobilidade do trabalho. Desenvolvimento - RIDE (aglomeração formada por Internamente, os recortes metropolitanos denotam
O primeiro ocorre nas capitais regionais, em municípios de diferentes Unidades da Federação), áreas desiguais, com diferenças significativas entre as
função de um extravasamento econômico das me- incorporando ainda a capacidade polarizadora das diversas aglomerações, onde o tamanho populacional,
trópoles e, consequentemente, do poder de atração capitais estaduais. a densidade demográfica e a taxa de crescimento
que as primeiras passam a exercer em relação aos Nesse tema, privilegiaram-se as informações revelam grandes amplitudes, incompatíveis com o
escalões mais baixos da hierarquia urbana. A maioria que retratam aspectos das chamadas economias de que se condicionou denominar de sociedade urbana.
das capitais regionais parece atrair migrantes oriundos aglomeração - a exemplo do tamanho populacional A análise das Regiões Metropolitanas per-
de centros de diversas hierarquias, principalmente em e do ritmo de crescimento demográfico; da estrutura mite uma avaliação crítica tanto da multiplicação
áreas como o interior de São Paulo, onde se deslocou etária; das condições de adequação das moradias; e da desses recortes territoriais na atualidade, como da
parte da produção. estrutura de emprego (pessoas ocupadas por setores enorme diversidade de tamanho, número de ha-
Outro aspecto relevante refere-se à coexis- de atividade selecionados). bitantes e ritmo de crescimento populacional que
tência espacial de numerosos centros de diferentes O mapeamento realizado aponta mudanças na elas revelam. Um estudo comparativo das diferenças
hierarquias que perdem ou ganham população, dinâmica populacional, com a presença de patamares sociais existentes nas Regiões Metropolitanas, na
principalmente os centros de zona e centros lo- de população diferenciados quando se consideram atualidade, completa a dimensão da urbanização
cais. Observa-se que centros da mesma hierarquia as Regiões Metropolitanas, as RIDEs e as capitais no Atlas do censo demográfico 2010.
e próximos comportam-se de maneira oposta, estaduais. Os gráficos registram o arrefecimento do O capítulo Condições de habitação continua
indicando rearranjos nas redes urbanas de menor ritmo de crescimento demográfico nos maiores cen- a contemplar os temas que permitem medir e qualifi-
hierarquia. Tal cenário, levando em conta que uma tros urbanos do País. car as desigualdades socioeconômicas que se reprodu-
das principais motivações para migrar é o baixo A estrutura etária revela o predomínio de uma zem no ambiente urbano brasileiro. Nesse sentido, foi
desempenho de economias e administrações lo- população adulta, com redução na participação dos elaborado o mapeamento de distintas características
cais, sugere, neste nível hierárquico, que os fluxos jovens e o aumento dos idosos. A tendência, quando do entorno dos domicílios, além daquele referente à
migratórios mais curtos estejam direcionados para se observa as principais aglomerações, é a de uma adequação de moradia, ao valor dos aluguéis urbanos
centros urbanos relativamente próximos, mas com distribuição desigual dos grupos de idade, com uma e aos serviços de saneamento básico, como o acesso
maior desenvolvimento econômico. territorialidade diferenciada no centro-sul em relação ao abastecimento de água, o tipo de esgotamento
Finalmente, cabe observar que, na comple- às Regiões Nordeste e Norte. O Censo Demográfico sanitário, o destino do lixo, entre outras geografias,
xidade do mundo contemporâneo, a geografia dos 2010 registrou que os idosos acima de 60 anos repre- que permitem avaliar as desigualdades espaciais de
fluxos está estreitamente associada às mudanças sentam 10,8% da população do País, sendo que quase toda ordem, registradas no ambiente urbano brasileiro.
observadas no mercado de trabalho. Nesse último, o 3% deles vivem nas aglomerações urbanas seleciona- As desigualdades nos níveis de acesso aos ser-
migrante com maior escolaridade amplia suas pos- das. Os jovens com 14 anos e menos correspondem a viços de saneamento básico no Brasil são evidentes
sibilidades de deslocamento e opções profissionais, 24% da população, e, nas grandes aglomerações, esta na comparação entre o espaço urbano e o rural. Essa
num contexto de alterações nas relações de trabalho, participação corresponde a 9,7%, indicando seletivi- diferença é especialmente observada quando se trata
ou seja, não são mais fluxos onde predominam ex- dade nas mudanças do perfil demográfico brasileiro. do acesso à rede geral de abastecimento de água, que
cedentes populacionais com baixa qualificação, são A espacialização do emprego, com a represen- atinge patamares superiores a 90% dos domicílios em
fluxos mais diversificados. tação das pessoas ocupadas em funções de controle situação urbana dos municípios. Já os domicílios no
Atlas do Censo Demográfico 2010
Introdução IBGE 15

meio rural utilizam a água de poço e/ou nascente Região Nordeste representou 56,7% daquele auferido As diferenças regionais associadas, entre outros,
como principal forma de abastecimento. pela Região Centro-Oeste. às características de cor ou raça, à origem de migran-
Em relação à rede geral de esgotamento sa- Dimensão-chave no processo de superação tes e às práticas religiosas servem de parâmetro ao
nitário, os maiores níveis de acesso ao serviço se das desigualdades socioeconômicas no País, pode- enfoque da diversidade cultural construída ao longo
concentram no espaço urbano, em municípios com -se afirmar que apesar das melhorias observadas nos do processo de ocupação diferenciada do imenso
mais de 50 mil habitantes. A concentração nos mu- indicadores sociais no que se refere aos aspectos re- Território Nacional. Nesse contexto, as diferenças
nicípios litorâneos da Região Sudeste, de níveis de distributivos de renda e de melhoria nos indicadores existentes na presença relativa dos segmentos de cor
acesso em grande parte superiores a 85%, denota a de educação, ocorridas entre o período intercensitário ou raça no País fornecem uma dimensão da diver-
forte diferença regional ainda existente no País em 2000/2010, mantém-se, em escala nacional, o padrão sidade encontrada na composição étnica de cada
serviços de caráter universal. geral de desigualdade regional observada entre as Re- Grande Região brasileira.Assim, se a Região Sudeste
Diferentemente da concentração espacial ainda giões Sudeste, Sul e Centro-Oeste vis-à-vis as Regiões concentra parcela significativa de brancos, pretos e
encontrada na rede de esgotamento sanitário, os ser- Norte e o Nordeste. pardos do País, na Região Nordeste, essa sequência
viços de coleta de lixo são mais bem distribuídos no A educação no Brasil tem se modificado é composta por pardos, pretos e índios. Nas demais
espaço urbano. Nesse sentido, considerando a coleta lentamente nos últimos 140 anos. O percentual de regiões, contudo, desponta a concentração relativa
direta nos domicílios e a coleta em caçambas, os níveis pessoas alfabetizadas saltou de 18,6% da população do indígena nas Regiões Norte e Centro-Oeste, e a
de acesso aos serviços de coleta de lixo superam 90% livre e 0,1% da população escrava, em 1872, segundo do branco, na Sul.
na maior parte do espaço urbano brasileiro. Já no o Recenseamento Geral do Brazil daquele ano, para Quando observado em escalas geográficas
meio rural, a maior parte do lixo gerado é queimada 82,6%, em 2010. Parte dessa melhoria está associada, mais localizadas, pode-se afirmar que a diversidade
no próprio domicílio. em grande parte, a ações públicas direcionadas a esse cultural brasileira se reproduz também em muni-
A natureza relacional do saneamento reporta, setor, especialmente nos últimos dez anos. cípios distribuídos por todo o Território Nacional.
necessariamente, à compreensão mais ampla do meio Com efeito, entre 2000 e 2010, constatou-se Com efeito, no que se refere ainda à diversidade
ambiente urbano no qual grande parte da população uma redução no número de crianças na faixa etária religiosa, são inúmeros os registros de elevados per-
brasileira vive e se reproduz em sociedade, projetando, de 7 a 14 anos fora da escola, especialmente nas Re- centuais de determinadas crenças religiosas em todas
por esta via, a outras medidas e mapas que remetem giões Norte e Nordeste, que passou de 11,2% para as Unidades da Federação. Esse é o caso, por exemplo,
igualmente à questão da desigualdade socioeconô- 5,6% e de 7,1% para 3,2%, respectivamente, sobretudo de praticantes do budismo e do judaísmo, em São
mica no Território Nacional. nos Estados do Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão, Paulo; do islamismo, no Paraná; de praticantes de
Dando sequência ao temário do Atlas, o Pernambuco e Alagoas. religiões de raiz africana e da igreja católica apos-
capítulo Perfil socioeconômico da população, Em 2010, o analfabetismo por faixa etária tólica romana, no Rio Grande do Sul; de católicos
abordado principalmente através dos indicadores de aponta diminuição no percentual de brasileiros com apostólicos brasileiros, no Rio Grande do Norte; de
educação, trabalho e rendimento, fornece um quadro idades inferiores a 60 anos que não sabem ler e es- evangélicos de missão, no Espírito Santo; de evan-
abrangente das várias facetas das desigualdades regio- crever, sendo 3,0% na faixa de 15 a 29 anos e 9,5% gélicos pentecostais, em Goiás; e de testemunhas
nais que marcam ainda hoje a sociedade brasileira. na de 30 a 59 anos, enquanto que, na faixa igual de Jeová, na Bahia, entre muitos outros segmentos
Tais desigualdades são vistas tanto na perspectiva e superior a 60 anos, o percentual nacional atinge que compõem a diversidade de crenças religiosas
temporal, através de gráficos e tabelas referenciadas 26,6%. Ainda que por si só a educação não assegure praticadas no Brasil, na contemporaneidade.
a séries históricas, como na perspectiva espacial a justiça social e o fim das discriminações sociais, O ambiente multicultural das grandes cidades
própria da análise geográfica. ela é parte do processo de formação de sociedades brasileiras está visível na pluralidade de religiões e
Em 2010, o rendimento médio mensal das mais igualitárias e fator fundamental de redução das crenças (acima de 90) presentes em grandes espa-
pessoas de 10 anos ou mais de idade foi de R$ 1 disparidades socioeconômicas. ços urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
202,00, em nível nacional, com a área rural apresen- Cabe mencionar não só a correlação positi- Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Curitiba.
tando acentuada diferença em relação à área urbana, va existente entre educação e renda, mas também Cabe lembrar que a expansão da urbanização para
com, respectivamente, R$ 596,00 para a primeira e reforçar o fato de a contribuição da educação ser o interior do País tem levado consigo a diversidade
R$ 1 294,00 para a segunda. Se, na escala nacional, o consideravelmente maior do que a de qualquer de religiões e cultos.
rendimento da área rural do País representou 46,1% outra característica individual na superação da Um dos elementos-chave de afirmação do
daquele da área urbana, em nível regional tal distan- desigualdade de rendimento. Brasil no mundo contemporâneo - a diversidade
ciamento variou de 44,0%, na Região Nordeste, a Os indicadores de analfabetismo por faixa cultural - finaliza, assim, o temário do Atlas, apontan-
62,8%, na Região Sul. etária, cor ou raça e os de rendimento médio por do na direção de um futuro que se quer, pautado na
Na escala macrorregional, as diferenças nos nível de instrução, por sexo ou segundo condição diminuição das desigualdades socioeconômicas, com
rendimentos médios mensais das pessoas de 10 anos de domicílio (rural/urbana) são algumas referências a manutenção das diferenças culturais/ambientais,
ou mais de idade colocam as Regiões Centro-Oeste estatísticas e geográficas que alimentam a questão diferenças essas reafirmadas recentemente pelo cresci-
e Sudeste com valores mais elevados e próximos (R$ das desigualdades socioeconômicas na sociedade mento observado no número de pessoas que assumem
1 422,00 e R$ 1 396,00, respectivamente), a Região brasileira contemporânea. a identidade indígena no País e que marcam, entre
Sul com valores intermediários (R$ 1 282,00), se- Finalmente, uma característica demográfica outras características, as mudanças ocorridas no perfil
guida, em ordem decrescente, das Regiões Norte e que é intrínseca às diferenças forjadas pela história da demográfico e na geografia da população brasileira
Nordeste (respectivamente, R$ 957,00 e R$ 806,00). formação do território brasileiro e de sua sociedade na primeira década do Século XXI.
Nesse contexto, cabe observar que o rendimento da constitui o capítulo Diversidade cultural.

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