Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
R. Schirmer
Direitos autorais do texto original
2016 Roberta Schirmer
Todos os direitos reservados
Dedicatória
Dedico esse livro à minha mãe e à minha grande amiga Mariana Motta, que aguenta minha
loucura de ideias. Obrigada por serem pessoas maravilhosas.
Índice
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Capítulo 1
— Estamos indo para Mercer Island, Srta. Harper. – Charles disse assim
que o veículo pegou velocidade em um túnel.
Novamente senti o frio na barriga que desde que acordei naquela manhã
se tornara parte do meu dia. Agora além daquele desconforto eu sentia uma
leve dor de cabeça por conta do cansaço da viagem. Eu não costumava ficar
ansiosa, sabia lidar com minhas emoções, mas agora estava sendo dominada
por um nervosismo ao qual não conseguia controlar. Foram alguns poucos
minutos admirando as águas logo abaixo de nós e eu me perguntava como era
morar em uma cidade rodeada por elas. Logo o carro começou a ganhar as
ruas residenciais de Mercer Island. Comecei a ver lindas mansões de cada
lado da rua, com grandes terrenos arborizados e me perguntava em que lugar
exatamente íamos parar.
— Olá, seja bem vinda. – a voz melodiosa dela chegou aos meus ouvidos,
mas eu ainda estava sob os efeitos daquele homem que até agora estava
parado no mesmo lugar – Eu sou Karin.
— Emma. – respondi olhando para baixo vendo que ela ainda dormia
tranquila.
— Muito prazer.
A voz que saiu daquela garganta chegou aos meus ouvidos de maneira
grave e um pouco rouca. Será que existia algo naquele homem que não me
fizesse tremer? Até mesmo seu nome era sexy. Agora eu me perguntava se o
som daquela voz ficaria ecoando em minha mente pelo resto da noite. Seu
olhar era profundo, os olhos castanhos eram mais claros que o de Karin e
tinham um tom amendoado.
Eu tentei fazer com que minha voz saísse o mais natural possível, mas
me arrependi de ter dito aquelas palavras. Pareciam sugestivas ou talvez
fossem sugestivas só para mim já que estava inebriada pelo poder masculino
daquele homem. As palavras de Henry vieram à minha mente. “Meu neto
Christopher é bastante fechado, sério na maior parte do tempo e poucas vezes
o vi sorrir”. Naquele dia, ela imaginou várias imagens dele de acordo com a
descrição, mas nunca pensou que o tal Christopher fosse um homem
poderosamente bonito.
Matthew tinha sido realmente um cara legal até descobrir que eu estava
grávida. Lembro-me o quanto chorei naquele dia. Suas palavras foram duras,
como um soco no estômago. Se vire, sou jovem demais para cuidar de um
bebê. Quando ele me deu as costas, prometi a mim mesma que jamais iria
atrás de qualquer ajuda dele. Eu era saudável, tinha energia e confiança para
cuidar da minha filha. Trabalhava em uma escola de educação infantil no
centro de Bismark. Foi lá que conheci Henry Vielmond, um dos homens mais
poderosos dos Estados Unidos.
Muitas vezes eu desabafei com ele como me sentia, Henry era como o
avô que nunca conheci. Deu-me forças quando precisei, tinha palavras de
conforto e de esperança para mim, me incentivava dizendo que eu era uma
garota forte por ter aceitado enfrentar tudo sozinha. Quando ficou muito
doente, foi quando descobri sobre sua real situação financeira. Peter, seu
motorista, foi até a escola me contar que Henry estava debilitado e eu
imediatamente me preocupei. Sabia sobre sua doença e quis visitá-lo. Quando
cheguei até a mansão no interior da cidade, fiquei pasma.
Lembro até hoje da conversa que tivemos naquele dia. Estava um pouco
chuvoso e Henry repousava em sua cama. Quando entrei percebi que o quarto
era bastante distinto e ele era um homem muito solitário. Aquela era uma boa
razão para ter se apegado tanto a mim. Ele sempre repetia que eu era como
uma neta bastante cuidadosa.
— Sabe, Lisa, eu tenho dois netos, mas não somos muito próximos,
nunca fomos. Quase não nos falamos. – ele falava com pesar na voz –
Sempre moramos muito afastados e é por isso que tenho te considerado uma
pessoa da família.
Nunca desconfiei que fosse herdar alguma coisa, mas quando Henry
faleceu, seu advogado me procurou. Foi como se eu realmente tivesse
perdido alguém da família, a única coisa que me consolava era o fato de que
Emma havia nascido antes e Henry teve o prazer de vê-la um pouco depois
de ter nascido. Eu perdi uma pessoa especial, mas ganhei outra e sempre me
lembraria daquele meu amigo tão querido. Agora eu estava nessa mansão
graças a ele. Em seu testamento ficou claro que eu tinha dez por cento de suas
ações o que era bastante já que o império Vielmond era incalculável.
Christopher agora detinha sessenta por cento e Karin vinte. Os outros dez
eram divididos entre outros sócios.
— Não, eu já terminei.
— Você sabe que pode redecorar à sua maneira. Agora essa casa também
é sua.
— Aqui é a sala de estar. – Karin disse, mas não se deteve durante muito
tempo a esse detalhe – Venha por aqui, te mostrarei a sala de jantar.
Passamos através de um arco do lado direito da sala e entramos em um
pequeno hall onde uma grande porta que parecia com a da sala de estar deu
passagem para uma bela sala de jantar. Uma bela mesa retangular com tampo
de vidro estava no meio sob um lustre de cristal. Os pés eram de madeira bem
talhada e as cadeiras seguiam o mesmo material com estofados cor de areia.
A parede direita tinha pequenas pastilhas que mesclava as cores gelo,
marrom, marfim e cinza. Um aparador de madeira estava encostado à parede
decorado com um vaso de flores. Ao fundo uma vidraça também dava vista
para um jardim.
O que vi em seguida foi uma enorme cozinha muito bem equipada onde
uma cozinheira mexia em algumas panelas diante do fogão. Pareceu não
notar nossa chegada apesar dos barulhos dos saltos de Karin sobre o chão de
porcelanato. As bancadas e armários tinham o mesmo tom amadeirado da
sala de jantar, um enorme balcão estava no meio da cozinha e a geladeira de
inox era imensa. Nunca estive em uma cozinha tão bem equipada, mas era de
se imaginar que em uma mansão onde recebiam várias pessoas para jantar, os
cozinheiros tinham tudo à mão e espaço suficiente para trabalharem.
— Olá, Beth. – Karin chamou a mulher que estava de frente para o fogão
e esta se virou um pouco surpresa por me ver ali.
— Quero te apresentar Lisa Harper, ela vai morar aqui a partir de hoje.
— Muito prazer, Srta. Harper. – ela fez um leve aceno com a cabeça.
Beth parecia ter cerca de quarenta anos e usava uma touca de proteção
para cozinhar. Seu uniforme era da cor vinho e tinha um avental branco com
detalhes formando alguns babados na borda. Seguindo o passeio pela
mansão, vi uma enorme sala de TV do outro lado do hall e me perguntei se
estava dentro de um cinema. Cada vez que caminhávamos eu duvidava de
que fosse precisar de um GPS para me localizar naquele lugar. Finalmente
chegamos de frente a uma grande porta branca trancada e Karin não abriu.
Apenas se virou para mim parecendo um pouco mais séria.
— Bem, amanhã você pode conhecer a área externa já que pela manhã é
tudo mais bonito. – sorriu e se afastou dali – Venha, quero te mostrar o
jardim de inverno.
Aquele era um lugar que até então eu não reparei quando entrei na sala de
estar. Do outro lado, havia uma porta simples que dava para um lindo jardim
fechado repleto de plantas coloridas muito bem cuidadas. Era todo revestido
de madeira e fechado, o caminho era feito de tábuas bem talhadas e alguns
sofás estavam dispostos nas extremidades. Pedras brancas decoravam a terra
e eu respirei fundo absorvendo o aroma das plantas. Era delicioso. Já podia
me imaginar ali dentro sentindo a paz do lugar enquanto amamentava Emma.
A todo o momento eu carregava a babá eletrônica na mão atenta a qualquer
barulho, mas minha filha parecia que estava adaptada ao lugar, dormia
tranquila sem sentir diferença no ambiente.
— Não se preocupe, você tem toda a liberdade aqui dentro de casa. Não
se incomode com o jeito do meu irmão, ele está sempre trabalhando, é um
pouco sério, mas tente deixar de lado isso. Não é nada pessoal, faz parte dele
ser assim um pouco fechado.
O barulho dos saltos de Karin indicava que ela estava voltando e quando
apareceu na sala de jantar, a figura alta de seu irmão surgiu logo atrás. Ele era
magnífico. Agora na claridade daquele ambiente, cada detalhe daquele rosto
podia ser analisado para que eu chegasse à conclusão de que aquele homem
havia sido esculpido com calma e perfeição. A mandíbula quadrada, o queixo
firme, o nariz reto e a boca delineada de uma maneira tão masculina que era a
primeira vez que eu via um homem com lábios tão perfeitos. Foi difícil não
imaginar tocá-los com a ponta dos dedos para em seguida beijá-los com
paixão. Senti minha intimidade pulsar diante do pensamento e senti minhas
faces queimarem quando ele me olhou, mesmo que por um breve momento,
mas suficiente para me sentir hipnotizada pelos olhos castanhos.
— Ótimo. – a voz dele saiu suave chegando até mim como uma deliciosa
carícia – Será a melhor forma de apresentarmos essa nova mudança.
— Com o tempo você vai se acostumar com a ideia. É bom que você
conheça quem são as outras pessoas envolvidas. – ela se inclinou um pouco
para frente – Você não precisa se preocupar com a administração,
Christopher cuida de tudo.
— Oi, Lisa. – ele disse meu nome naquele tom de voz grave fez com que
eu apertasse a maçaneta da porta com força deixando os nós dos meus dedos
esbranquiçados.
— Oi. – foi tudo o que consegui dizer, cada vez que o via mais de perto
ele parecia mais alto.
— Sua carinha de anjo pode ter convencido meu avô, mas eu não vou cair
nessa. – olhou-a de cima a baixo – Boa noite.
De frente para o espelho eu olhava o meu visual para aquela noite. Estava
usando um vestido preto simples na altura dos joelhos com mangas
compridas e decote quadrado. Coloquei um colar simples de ouro que havia
ganhado da minha mãe e uma sapatilha de camurça também preta. Deixei os
cabelos soltos e lisos complementando com uma maquiagem simples nos
olhos e um batom cor de boca. Sempre tive um pouco de medo de abusar na
maquiagem, então preferi algo mais simples. Coloquei as mãos na cintura e
me avaliei mais uma vez. Provavelmente não estava à altura das outras
pessoas, porém elas eram mais sofisticadas e eu fiz o meu melhor. Aquele
vestido só tinha sido usado uma vez, quando me formei na faculdade.
Antes de descer para o jantar, olhei Emma mais uma vez e ela ainda
dormia. Eu estava um pouco nervosa, eu não conhecia ninguém, mas
precisava participar daquela formalidade e me acostumar com isso, aquela
seria minha nova vida. Desci as escadas devagar, ao mesmo tempo em que
queria acabar logo com aquilo, eu tentava hesitar ao máximo. A primeira
pessoa que vi foi Christopher. Ele usava uma calça social preta, paletó da
mesma cor e uma camisa vinho com o colarinho aberto. Estava sofisticado e
ao mesmo tempo casual. A maneira como ele segurava o copo e uma das
mãos se mantinha no bolso mostrava o quanto era seguro se si. O homem que
conversava com ele era mais velho, talvez cerca de cinquenta anos e era um
pouco barrigudo. Respirei fundo sabendo que tinha de ir até lá e ser
apresentada não somente a ele, mas a todas as outras pessoas.
— Harris, quero que você conheça Lisa Harper. – aquela voz grave me
fez tremer levemente, principalmente por meu nome pronunciado daquela
forma.
O jantar correu bem, mas eu torcia para que acabasse logo porque sentia
os olhares de Christopher sobre mim todo o tempo e aquilo estava me
deixando desconfortável porque eu podia sentir que algo não estava lhe
agradando. Seu olhar era duro, sério e frio todo o tempo. Por que fazia isso
comigo? Será que realmente me detestava? Ele achava que eu era algum tipo
de golpista, mas eu não me prenderia aquilo, não iria ficar martelando sobre
aquela opinião dele, até porque o testamento fora incontestável e eu não
podia provar que não fui interesseira. Tudo o que tinha era a vontade de
Henry escrita, mas que para Christopher aquilo não valia. Talvez estivesse
me olhando daquela forma por não aceitar que eu estivesse participando da
empresa.
— Oi, Christopher. – me virei e olhei para ele tendo noção da sua altura –
Aconteceu alguma coisa?
— Agora você faz parte dessa família, é uma sócia da empresa e precisa
se vestir como tal. Haverá reuniões, festas, jantares, até mesmo viagens e
você carrega o nome da nossa empresa. Eu não quero ninguém comentando o
quanto você é uma pobre coitada e tenho certeza de que você não quer ser
vista assim. Me faço entender? – levantou as sobrancelhas esperando minha
resposta.
— Bom dia, Lisa. – Karin sorriu para mim enquanto enchia sua xícara
com chá.
— Bom dia. – eu me ajeitei em uma cadeira e Christopher nem mesmo se
moveu.
— Bem. – sorri – Ela parece ter se adaptado muito bem ao lugar, acho
que o ambiente está lhe fazendo bem. Eu passei todos os dias com ela no
jardim, Emma esta adorando o sol.
— Eu não conheço nada por aqui, então confio em você para me levar às
lojas certas.
— Que nada, já estava na hora de termos mais alguém aqui. Essa casa é
enorme, viver só com meu irmão não tinha graça. Você e Emma vieram
mudar um pouco a rotina e isso tem sido legal. – ajeitou a bolsa no ombro e
começou a caminhar para a entrada.
— Christopher tem esse jeito, mas mais dia menos dia ele se acostuma e
passa a gostar da ideia. – eu vi o motorista que me trouxe parado em frente è
entrada ao lado da Mercedes – Charles vai nos levar, ele já instalou a
cadeirinha para a Emma.
— Olá, Karin! – sorriu mostrando seus belos dentes brancos – Que bom
vê-la aqui. Procurando alguma coisa especial?
— Eu vou adorar ajudar. – ela me olhou com seus grandes olhos verdes –
Chegou uma nova coleção essa semana, acho que vai ficar ótimo em você.
-— Quero experimentar.
— O que achou deste? É lindo, foi feito todo em seda e tem um caimento
leve. – ela me mostrou e eu sem conseguir resistir, toquei o tecido com
cuidado.
— É simplesmente lindo!
— Experimente.
— Eu sei que Trisha comentou que eu deveria usar um sapato preto com
aquele vestido roxo, mas você acha que havia ocasião para eu usar esse
sapato se colocasse com um vestido preto? – perguntei dando mais uma
olhada pra o reflexo dos meus pés no espelho de chão.
Após dar um banho em Emma e colocá-la para dormir, fui até meu quarto
e tomei um delicioso banho quente, colocando uma calça azul marinho de
pano, um sutiã branco para sustentar meus seios ainda mais cheios por conta
da amamentação e uma blusinha branca simples. Olhei para as sacolas no
canto do quarto e me aproximei devagar. Abri uma por uma sem me atrever a
tocar algo que tivesse comprado. Aquilo era um sonho que fora realizado
graças a Henry. Eu sentia muita falta dele, eu ainda tinha o hábito de olhar as
notícias sobre beisebol como que para manter uma parte dele ainda viva.
Lembrei que precisava ligar para minha amiga Jennifer, então fui até minha
bolsa e peguei o celular. Por sorte ela logo atendeu e eu senti meu coração se
aquecer diante daquela voz familiar, foi quando percebi que sentia falta de
Bismark e da vida pacata que levava lá.
— Algumas vezes sinto sua falta, mas também o sinto muito presente,
procuro sempre lembrar o que ele me dizia. Sabe que ele foi o avô que nunca
tive.
— Eu sei. Eu gostava dele também e pelo visto ele também te via como
uma neta, porque deixou uma fortuna para você. – eu ouvi o barulho de
panelas e deduzi que Jennifer estava tentando fazer algo na cozinha, mas ela
não tinha muitas habilidades culinárias – Mas me conte, como estão as coisas
aí? E a família Vielmond como é?
— Tratar mal não seria bem a palavra, mas ele se mostra sempre superior,
é frio e fez questão de deixar claro que não faço parte desse mundo de luxo e
que preciso cuidar disso imediatamente.
— Mas sabe, Jen, o pior é que apesar da maneira como ele falou comigo,
eu sei que no fundo ele está certo.
— Como assim?
— Eu entendo você, mas ainda acho que o que elas fizeram foi um
absurdo.
— Sei que preciso aprender algumas coisas sobre esse mundo dos
milionários, mas posso te dizer uma coisa, olhar alguém se sentindo superior
é a coisa mais normal do mundo. – passei o dedo pela borda de uma das
sacolas de papel – Eu sei que poderei mostrar a todos que também posso ser
uma pessoa de classe, ninguém vai pisar em mim, Jen.
Ela tinha razão. Assim que entrei na sala de jantar senti o aroma de
comida atiçando ainda mais minha fome. Coloquei o aparelho da babá
eletrônica sobre a mesa e me sentei. Olhei para a cadeira de Christopher vazia
e me perguntei onde ele estava, mas a minha dúvida logo foi respondida.
— Beth, o meu irmão não jantará em casa hoje, ele disse que sairia com
Sienna, mas como não sei se vai a um restaurante, você pode deixar um
sanduíche pronto? – Karin perguntou enquanto ajeitava o guardanapo no
colo.
— Entendo.
— Eu a levei para jantar, mas acabei de deixar ela em casa. Não estou
com cabeça para encontros, só não cancelei o jantar porque já tinha cancelado
o anterior. – ele virou o líquido dentro do copo novamente e colocou a
garrafa em cima da bancada do bar, mas dessa vez não tomou tudo de um só
gole.
— Entendi porque está parecendo tão estressado, mas tive uma ideia. –
Karin disse sorrindo e bateu no sofá ao seu lado – Vem cá, sente-se porque
precisamos conversar.
— Porque conheço uma pessoa maravilhosa que pode ser sua secretária
durante esse período. – ela esperou ele se sentar ao seu lado e olhou para mim
– Lisa.
— Eu vou tentar. – disse olhando para ele que me olhava fixamente com
aqueles olhos profundos olhos amendoados.
Tão rápido como havia entrado na sala de estar, ele saiu levando o copo
consigo. Eu ainda não conseguia acreditar que acabara de arrumar um
emprego sendo secretária de Christopher. É claro que eu ia adorar ter
responsabilidades e me sentir útil, mas trabalhar para ele era algo que me
assustava. Christopher era sério, fechado e quando estava perto dele me
sentia como se estivesse pisando em ovos. Não que eu tivesse medo, estava
determinada a enfrentá-lo se fosse necessário, mas quanto mais pudesse
evitar uma briga, mais fácil seria a convivência.
Eu estava um pouco tensa por ter que deixar Emma pela primeira vez
desde que dei à luz. Para começar a adaptação, ficou combinado que eu iria
até a empresa naqueles dois primeiros dias apenas no turno da manhã. Karin
ficaria cuidando da minha filha enquanto eu estava trabalhando, mas disse
que me ligaria em caso de qualquer problema ou dúvida. Eu confiava nela,
sabia que era uma boa pessoa e que cuidaria da minha filha com todo carinho
e dedicação.
De frente para o espelho, eu me olhava fixamente querendo saber se
aquela roupa estava ideal. Uma saia lápis preta até os joelhos e uma blusa de
seda sem mangas cor de marfim eram complementados por um sapato de
salto bem alto preto. Tentei fazer uma maquiagem leve e deixei meus cabelos
lisos naturalmente. Aquele visual de executiva até que havia me agradado, eu
esperava que tivesse o mesmo efeito em Christopher. Eu estava esperando
sua aprovação apenas por ser meu chefe ou por querer ser vista como uma
mulher? Droga, Lisa. Pare de pensar bobagens. Peguei minha bolsa de couro
preta e meu casaquinho da mesma cor e fui até o quarto de Emma vê-la ainda
adormecida. Tentei não me estender muito senão poderia correr o risco de
desistir de sair e eu estava ansiosa pela minha independência.
Quando terminei meu café, Charles me esperava, com o mesmo carro que
havia me levado até a mansão, de frente para a porta de entrada. Christopher
já havia saído, então entrei no veículo e me recostei no banco de trás.
Coloquei a bolsa sobre o colo e vi a mansão se afastando quando começamos
a ir em direção ao centro de Seattle. Meu coração estava um pouco acelerado
e minhas mãos suavam. Eu não sabia o que esperar, nem mesmo como agir
em um lugar que eu nunca tinha estado. Comecei a movimentar a perna em
uma ansiedade que estava se tornando quase um hábito naquele mês.
Trabalhar com Christopher seria um desafio, principalmente por conta do seu
gênio difícil e da atração física que eu não podia negar.
Charles parou o carro em frente a um enorme edifício empresarial que eu
precisei inclinar toda a cabeça para trás em uma tentativa de ver o topo. As
enormes janelas de vidro brilhavam refletindo a luz do sol daquela manhã
ocupando quase toda a parede ao longo da construção. Era imponente e se
destacava entre os demais edifícios, chamando a atenção de qualquer um que
passasse ali. Aquele edifício era exatamente como Christopher, que fazia com
que todos notassem sua presença quando chegava, tornando-se o centro das
atenções. Eu estava tão deslumbrada com aquele monumento que nem notei
que Charles havia aberto a porta para que eu saísse.
— Obrigada, Charles.
— Com licença, sou Lisa Harper, estou aqui para ser a nova secretária de
Christopher Vielmond. – eu me apresentei, sabendo que somente pessoas
autorizadas tinham autorização para passar.
— Sou Lisa Harper, estou aqui para trabalhar com o Sr. Vielmond. – eu
disse pela primeira vez me referindo a Christopher daquela meneira.
— Ah, Srta. Harper, o Sr. Vielmond me avisou sobre sua chegada. Ele a
esta esperando. Vou avisá-lo. – pegou o telefone e discou apenas um número
esperando o pacientemente a resposta ao lado – Sr. Vielmond, Lisa Harper
acabou de chegar. – ela fez silêncio por um momento e desligou o aparelho –
Ele disse para entrar, venha que vou lhe acompanhar. – ela se levantou
ajeitando o vestido que ia até a altura dos joelhos.
Eu a segui por um corredor curto que terminava com uma grande porta de
madeira com uma placa dourada gravada com letras pretas “Christopher
Vielmond CEO”. Senti um frio na barriga sabendo que estava prestes a
encontrá-lo pela primeira vez em seu local de trabalho. A secretária me
guiava em silêncio quando finalmente paramos de frente para a porta que nos
separava de Christopher. O frio no estômago apertou e eu respirei fundo uma
última vez quando ela bateu na porta, girando a maçaneta em seguida.
A primeira imagem que tive foi de uma imensa parede de vidro ao fundo
que dava a visão de um bonito céu azul, nas laterais paredes cinza com um
acabamento de madeira e à frente dos painéis envidraçados, estava uma
grande mesa preta equipada com um computador de última geração, estátuas
de prata e um porta lápis. Christopher estava sentado em uma cadeira de
couro vestido com um terno cor de chumbo, camisa preta e gravata cinza
olhando em nossa direção. Sua pose denotava austeridade e poder. Aquela
sala apesar de grande parecia diminuir com sua presença e o autocontrole
dele contrastava com o que eu estava sentindo no momento. Minhas pernas
pareciam perder as forças a qualquer momento e eu agarrei com mais força o
casaquinho que estava em minhas mãos sentindo que elas começavam a suar.
Com toda a sua elegância e eficiência, a secretária deu meia volta e nos
deixou sozinhos. Eu tentei me manter firme, mas por dentro meu corpo todo
estava borbulhando. Ficar sozinha na frente dele sabendo que agora apesar de
uma acionista, eu seria sua secretária, não me deixou passar despercebida a
fantasia que muitas pessoas tinham em relação ao seu chefe. Aquilo me fez
perguntar se Christopher tinha ou já teve um caso com Olivia. Não que ela
fosse linda, mas era uma mulher bonita. Eu estava começando a fantasiar
como seria trabalhar para aquele homem, mas era um pouco difícil acreditar
que ele pudesse me achar sexy dada a forma como ele me evitava quase o
tempo todo.
— Então vamos nos entender nesse ponto. Outra coisa que quero deixar
clara, Lisa, é que apesar de você ter uma parte da empresa, você ficará no
momento como minha secretária e eu vou exigir de você da mesma maneira
que exijo de Olivia, inclusive que me chame de “Sr. Vielmond”.
— Claro.
— Como foi seu dia, Srta. Harper? – ele me perguntou quando o carro já
estava em movimento.
— Posso lhe fazer uma pergunta, Charles? – eu não soube dizer o que me
dera forças para deixar um pouco a timidez e o desconforto de lado e passar a
interagir melhor.
— Faz dez anos que trabalho para eles. – o carro fez uma curva mais
fechada e eu precisei me segurar no banco da frente – Me desculpe, eu acho
que o tráfego aqui será mais tranquilo.
Chegar em casa foi um alívio, poder segurar Emma no colo fez com que
eu acalmasse meu coração. Ela estava um pouco sonolenta ainda, mas Karin
me disse que havia acabado de lhe dar um banho, portanto eu sabia que seria
o momento de Emma ficar acordada por um tempo antes do seu horário para
ser amamentada.
— Então eu tive uma boa ideia. – ela colocou uma mecha de cabelo atrás
da orelha enquanto me olhava.
— Só espero que eu consiga lidar com seu irmão, não quero criar
confusões no ambiente de trabalho.
Ela saiu da sala de estar após me acenar e me deixou sozinha com Emma.
Olhei para minha filha e pensei no quanto ela estava crescendo rápido. Tinha
quase sete meses de idade e eu sentia que ela começava a querer engatinhar,
já que eu costumava observá-la no berço e a via forçando as perninhas para
tentar se mexer. Sempre que acontecia eu ficava olhando para ela me
sentindo orgulhosa, vendo minha filha se desenvolver de maneira saudável e
sem mais pensar no pai que a abandonou. Tudo o que eu fazia era desprezar a
existência dele, que jamais iria merecer o carinho da filha.
— Você é tão linda, meu amor. – eu disse à ela, deixando-a deitada sobre
minhas coxas e segurando-a pela cintura, brincar fez com que Emma sorrisse
e eu me derreti.
Fiquei tão distraída com minha filha que não vi que Christopher acabara
de entrar na sala de estar.
— Boa tarde, Lisa. – ele me disse e eu olhei para cima, surpresa em vê-lo
ali àquela hora.
— Como foi a manhã com Olivia? Acha que consegue dar conta? –
perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça social.
— Eu consigo sim. – olhei para ele de maneira altiva, mostrando que não
deixaria me intimidar diante do trabalho ou da sua presença, tentando
disfarçar o nervosismo que sentia perto dele.
— Precisou sair.
— Certo. Eu vou para meu escritório, vim para casa mais cedo porque
tenho assuntos para resolver em relação à compra de uma nova empresa e
preciso de paz. – senti o peso daquele olhar sobre mim – Já que você tem
participação nos negócios da família, acho que vai gostar de saber que estou
interessado em comprar uma parte de uma empresa de cosméticos.
Ele não disse nada, apenas fez um leve aceno com a cabeça e se virou
indo em direção ao escritório. Fechei os olhos por alguns segundos avaliando
o que eu disse. Será que foi um elogio tão direto? Christopher realmente é um
grande empresário, por tudo que Karin me contou até agora, ele soube cuidar
do dinheiro da família e a cada ano aumentava ainda mais a fortuna da
família. O choro de Emma fez com que eu deixasse de lado os pensamentos e
me concentrei nela, devia estar com fome, então eu abri os botões da minha
blusa e afastei o sutiã, fazendo com que minha filha abocanhasse meu
mamilo. Eu adorava amamentá-la, era gostosa a sensação de saber que sou
capaz de alimentá-la por conta própria. Essa era um dos maravilhosos
momentos que somente as mulheres poderiam ter. Um presente que Deus nos
deu por confiar a nós a vida de uma criança acima de tudo, afinal, éramos nós
que carregávamos uma vida em nosso ventre. A satisfação de ser mãe deixou
de lado qualquer medo que eu poderia sentir no futuro.
— Claro, porque não? – meneou a cabeça – Vai sei mais divertido assim,
vai ter mais divertido ter alguém para dividir a opinião.
— Tudo bem. – concordei balançando levemente a cabeça.
— Lisa, conversei com Olivia hoje, pedi para que ela te ensine a
organizar os documentos e pastas, a atender o telefone e anotar os recados. O
resto ficará por minha conta, conversarei com você em particular na minha
sala sobre o resto das suas funções. – ouvi Christopher me falar com sua voz
autoritária que tinha total efeito sobre mim.
— Obrigado, Beth.
Assim que acabou o jantar, eu subi para ver se Emma estava bem e me
tranquei em meu quarto para ligar para minha tia e mandar um e-mail para
Jennifer. Por sorte minha tia estava bem, conversei com ela cerca de cinco
minutos garantindo que tudo ia bem comigo e que Emma estava cada vez
melhor e mais crescida. Desliguei a ligação me sentindo um pouco
nostálgica, lembrando-me de como era a vida em Bismark. Sem roupas de
estilistas famosos, sem uma mansão em uma área nobre e sem festas
glamourosas nos jardins. Aquilo ainda era um pouco diferente para mim, mas
eu não podia negar que gostava de usar lindos vestidos e me sentir poderosa
naqueles sapatos de salto alto.
Liguei o notebook em cima da escrivaninha de madeira no canto esquerdo
do meu quarto e comecei a digitar um breve e-mail para minha amiga.
De: lisaharper@web.com
Para: jenreynard@web.com
Olá, Jen! Que saudade de você. Tem sido um pouco complicado não ter você para conversar sobre
tudo o que está acontecendo. Sei que a vida tem sido um pouco tumultuada aí e aqui não é diferente.
Mas eu adoraria te ligar para contar as novidades e pedir uma opinião sincera. Preciso tanto desabafar!
Vou te ligar no fim de semana, assim teremos mais tempo para colocar a conversa em dia. Espero que
tudo esteja bem por aí, se cuida! Beijos!
Entrei na sala logo após bater à porta e senti um arrepio percorrer meu
corpo, sentindo os efeitos imediatos da presença dele naquele lugar.
Christopher estava sentado à mesa, recostado em sua cadeira de couro
girando uma caneta dourada segurando em cada extremidade com a ponta dos
dedos. Ele me olhava fixamente e indicou a cadeira à sua frente fazendo
apenas um movimento com a cabeça e eu me aproximei após passar as mãos
sobre minha saia lápis cinza escura com riscas de giz. Assim que me
acomodei, olhei em seus olhos castanhos e por um momento achei que
tivesse visto um brilho diferente, algo que jamais tinha percebido, mas se
realmente eu estivesse certa, esse lampejo foi embora tão rápido quanto veio.
— Ótimo. Você se sente segura para estar no lugar dela na semana que
vem?
— Eu tenho certeza de que posso dar conta de ser sua secretária. – tentei
ser o mais firme possível, tentando oprimir o desejo que estava sentindo por
ele naquele momento.
— Pode ter certeza que se eu soubesse, não teria deixado meu avô
cometer essa insanidade. – Christopher também se levantou e eu ar de
superioridade começou a se esvair como fumaça diante da altura dele – Mas
já que você está aqui e faz parte disso, quero que faça tudo bem feito.
— Mas com certeza você vai saber lidar com ele e vai se sair bem. Não se
preocupe com isso. O nervosismo só vai fazer com que fique mais apavorada.
– seu sorriso amigável me reconfortou – Já está quase na hora do almoço,
quer me fazer companhia, Lisa? Assim podemos repassar tudo que você
aprendeu aqui.
— Alô?
— Sim, ele me ligou. Pode avisar a ele que já estou aqui, Olivia?
— Claro.
Com eficiência, ela ligou para a sala de Christopher dizendo que eu
estava ali para falar com ele. Assim que desligou, Olivia se levantou e me
levou até a sala dele como sempre fazia com todos que iam até lá. Eu disse
para que ela me esperasse porque não ia demorar. Assim que entrei na sala,
Christopher estava separando alguns envelopes e me olhou sem dizer nada
demorando cerca de dois segundos antes de voltar a se concentrar no que
estava fazendo.
— Seu cartão está como dependente do meu, assim como minha irmã. –
ele disse assim que separou um envelope e se levantou – Eu já liguei para a
central para desbloqueá-lo e dentro deste outro envelope está sua senha. Eu
estava guardando para lhe entregar quando o cartão tivesse chegado. –
estendeu os dois envelopes para mim – Já está pronto para ser usado.
— Peça a Charles para te levar até uma loja. Eu até prefiro que você
renove também seus cosméticos, além das roupas e sapatos. A família
Vielmond tem que seguir um alto padrão, Lisa.
— Que bom. Você entrou para a família, agora deve dançar conforme a
música.
— Eu morei minha vida toda aqui, mas sempre tive vontade de viajar
pelos Estados Unidos e conhecer vários lugares. É um país bem grande e tem
diversas cidades interessantes. – ela suspirou com um olhar sonhador – Deve
ser mágico poder viajar assim.
Nós duas nos demos bem logo de cara. Conversamos bastante sobre
viagens e apesar de nunca ter saído do país, falamos bastante sobre nossos
sonhos de conhecer a Itália, França, Grécia e outros países. Olivia mostrou
seu desejo de visitar países de cultura oriental por conta de sua ascendência e
nem mesmo percebemos que o horário de almoço dela tinha chegado ao final.
Quando o telefone dela tocou, a vi remexer em sua bolsa em busca do
aparelho e sua expressão de pânico ao ver no visor de quem se tratava me
deixou bastante confusa e preocupada.
— O Sr. Vielmond está uma fera comigo! Meu horário de almoço acabou
e eu não percebi.
Não queria nem imaginar o que Christopher iria fazer quando Olivia
chegasse ao escritório. Fazia tanto tempo que eu não tinha uma amiga para
conversar que poder sair para almoçar com ela me lembrou de como é bom
ter alguém para passar um tempo me distraindo. Jennifer sempre fora minha
companheira, eu poderia contar com ela quando estivesse precisando, mas
agora minha melhor amiga estava a vários quilômetros de distância e eu
sentia falta de ter alguém para sair, ir a uma cafeteria e bater um papo
descontraído. Também tinha Karin que se tornara uma boa amiga desde que
eu cheguei à mansão e fazia minha estadia lá um pouco mais fácil, já que
Christopher continuava o mesmo homem frio e que me tirava o sono algumas
noites.
Chegar em casa e poder cuidar da minha filha era a melhor parte do meu
dia. Emma estava crescendo rápido e eu tinha medo de perder os melhores
momentos da vida dela. Queria estar por perto quando começasse a andar e
quando dissesse sua primeira palavra. Mães que trabalhavam fora precisavam
se desdobrar para cuidar não só do seu emprego, como de sua família e eu
teria o apoio de Karin, Beth e até mesmo de uma babá caso eu quisesse
contratar uma, porém eu achava melhor não fazê-lo.
Enquanto brincava com minha filha, eu pensava nos próximos dois dias
que teria antes de assumir o cargo na empresa. Lembrei-me do estojo de
maquiagem que eu precisava comprar e pontuei aquilo mentalmente para
falar com Karin mais tarde. Cada vez eu me empenhava mais naquele novo
mundo sabendo que não poderia em momento nenhum permitir que alguém
me tratasse como inferior. Quando Emma pegou no sono, coloquei-a em seu
berço devagar e fiquei velando seu sono por alguns minutos totalmente em
silêncio. Ela era meu maior tesouro, o presente que Deus havia me dado e
minha missão era cuidá-la e por não ter o pai longe, eu tinha uma
responsabilidade dobrada que não me amedrontava.
— Olá, Lisa. Você não veio almoçar aqui hoje. Aconteceu alguma coisa?
– fechou a revista e deixou-a de lado.
— Não se preocupe, Christopher não vai fazer nada contra ela. Olivia
sempre foi uma secretária excelente.
— Não se preocupe com isso, vou te ajudar. Eu tenho uma amiga que é
maquiadora, posso marcar um dia para ela vir aqui te ensinar alguns truques e
algumas maquiagens que ficariam boas para você em um dia de trabalho e
outras para festas formais e informais. Ela é ótima, se chama Sylvia Evans e
foi com quem eu aprendi muita coisa.
— Karin, eu não sei o que seria de mim sem você. Tem me ajudado tanto.
— Você é praticamente uma irmã para mim agora, Lisa. – seu sorriso era
sincero – E estou adorando ter alguém com quem posso conversar já que
Christopher quase nunca está em casa ou está sempre trancado no escritório.
Meu irmão não é muito aberto ao diálogo.
— Eu pude perceber.
Depois de mais um pouco de conversa, Karin subiu para fazer uma
ligação e eu peguei a babá eletrônica e me dirigi ao jardim da mansão. O
cheiro das flores no final da tarde e a brisa que vinha do lado aos fundos da
mansão renovavam minha energia. Sentei-me em um banco de ferro e olhei
para uma fonte circular que jorrava um filete de água do jarro de uma estátua
de anjo. Novamente as imagens de Christopher me vieram à mente. Era
difícil evitar me sentir atraída por ele. Apesar das aparências, eu nunca me
considerei uma pessoa conservadora, tive alguns namorados, mantive minhas
relações sexuais de maneira regular com Matthew e minha libido sempre era
aflorada quando eu via um homem bonito. O problema é que Christopher
ultrapassava os limites de ser simplesmente um homem de boa aparência.
Além de lindo, seu jeito firme e controlado despertavam em mim algo que até
então jamais foram características que me chamavam atenção em um homem,
mas em Christopher tudo aquilo o deixaram ainda mais sexy, tudo combinava
tornando-o aquele homem que atraía os olhares femininos sempre que
chegava.
— Bom dia, Lisa. – ele chegou bem próximo à minha mesa, pude sentir o
cheiro do seu perfume sempre tão marcante e precisei me segurar para não
respirar fundo e absorver aquele aroma masculino.
— Uma ligação para o Sr. Suguiyama às dez e meia e uma reunião com o
departamento de publicidade às duas da tarde. – confirmei os horários dando
uma olhada na agenda digital aberta na tela do computador.
— Mostrando que pode ser uma boa secretária, Lisa. – os dedos longos
ajeitaram o nó da gravata já perfeitamente alinhada – Até agora não entendi
por que raios meu avô te colocou aqui dentro dessa empresa, mas já que faz
parte dela, espero te ver contribuindo para o bom funcionamento. O império
Vielmond depende de mim e eu dependo do seu desempenho para organizar
meus compromissos.
— Já que está tão confiante, leve essa pasta para William Jones. –
estendeu para mim uma pasta preta – Aqui estão os relatórios sobre a marca
de cosméticos que quero comprar. Peça para ele vir até minha sala depois de
tê-los analisados.
Saí da sala dele batendo os saltos no piso de madeira liso e caminhei até
minha mesa onde Olivia me mostrara uma lista onde trabalhava cada um dos
funcionários da empresa para me ajudar a me guiar. Os nomes estavam
organizados em ordem alfabética, então eu fui até o final para encontrar o
nome de William Jones. Ele era o chefe de contabilidade e trabalhava no
nono andar do edifício. Fui até o elevador e acionei o botão para chamá-lo.
Enquanto esperava, lembrei-me de Christopher sentado todo dono de si atrás
daquela mesa me dando ordens. Aquela firmeza e minha submissão a ele
fazia com que eu me sentisse um pouco excitada me mostrando um lado que
eu ainda não conhecia, mas que com ele aquilo estava se intensificando mais.
Aquilo era totalmente o oposto ao que eu queria ser. Queria mostrar que era
forte e independente, que poderia ser dona de mim mesmo e estar no mesmo
nível que toda aquela gente, mas por outro lado sentia-me excitada cada vez
que estava diante do poder de Christopher tendo consciência de que poderia
me entregar a ele sem nenhum tipo de resistência.
— Bom dia, vim aqui para entregar essa pasta para o Sr. Jones, sou a
secretária temporária do Sr. Vielmond, Lisa Harper. – apresentei-me
enquanto notava o olhar avaliador sobre mim.
Ela pegou o telefone sobre a mesa e apertou um número que dava ligação
direta para a sala de seu chefe. Esperei até que me anunciasse e depois a vi
encerrar a ligação.
Olhei para ver se ela me levaria até a sala dele, mas como a ruiva não se
mexeu, eu me virei e fui até a sala onde ficava uma placa prateada escrita
William Jones – Contabilidade. Bati na porta e girei a maçaneta também
prateada vendo uma sala revestida com paredes de madeira clara e uma
grande mesa de vidro do lado oposto à porta. William Jones estava sentado
atrás dela em sua cadeira preta e ajeitava alguns papéis. Ele era loiro e magro,
tinha a barba por fazer e olhos cor de mel. Não era um exemplo de beleza,
mas também não poderia ser considerado um homem feio. Devia ter cerca de
quase trinta anos e talvez eu pudesse me interessar por ele, caso não tivesse
conhecido Christopher. Perto dele qualquer homem perdia o encanto.
— Bom dia, Sr. Jones. – me aproximei e estendi a pasta preta para ele – O
Sr. Vielmond pediu para que eu lhe entregasse essas pastas e que o senhor
passasse em sua sala assim depois que analisar os documentos.
— Obrigado. – ele pegou a pasta e levantou uma das sobrancelhas – Então
você é a nova secretária temporária do Christopher?
— Com licença.
Saí apressada da sala dele me sentindo quase nua. William Jones não fez
nenhum esforço para tentar ser discreto, me olhou de cima a baixo e me senti
constrangida por imaginar o que se passava na mente dele. Voltei para a
recepção da presidência me questionando como eu poderia me sentir
envergonhada em relação a outros homens enquanto meus pensamentos em
relação a Christopher se tornavam cada vez mais eróticos. Voltei à minha
cadeira e respirei fundo tentando me controlar novamente. Pare de pensar em
Christopher.
— E você acha que eu posso fazer algo errado que possa te envergonhar.
Sair da empresa com ele fez com que quase todos ali no térreo olhassem
para nós. Provavelmente estavam curiosos para saber quem eu era e porque
estava saindo na hora do almoço com o todo-poderoso Christopher
Vielmond. A cada passo que eu dava, tinha total consciência da presença dele
logo atrás de mim. Eu tentava caminhar com segurança e elegância, e acabei
me assustando quando senti a mão firme segurar meu braço. O toque fez meu
corpo se acender e eu precisei respirar fundo.
— Por aqui, Lisa.
A voz dele era incisiva, eu apenas dei meia volta e paramos na entrada de
um restaurante tailandês bastante espaçoso. A decoração oriental misturada
com a madeira escura dava um ar mais acolhedor e eu fiquei perdida olhando
para tudo a minha volta. As mesas eram de madeira escura combinando com
as cadeiras, no centro um vaso listrado de azul e branco sustentava lindas
flores alaranjadas. As paredes eram de textura cor de areia e tinham belos
quadros decorando-as. As luzes baixas tornavam o ambiente aconchegante e
até mesmo romântico, o que me deixava ainda mais apreensiva estando ali
acompanhada por Christopher. O maître nos levou até uma mesa que ficava a
um canto do restaurante e esperou que nos acomodássemos e entregou o
menu.
— Com licença.
— Que tal pedirmos um Pad Thai? É arroz frito com camarões, acho que
você vai gostar. – ele me perguntou desviando sua atenção do menu.
Christopher era tão sexy tomando conta de toda a situação que eu não
conseguia pensar em mais nada a não ser na presença dele ali comigo durante
o almoço no meu primeiro dia de trabalho como sua secretária.
— Mas eu sou sua secretária no momento, vai querer fazer isso? Não
ficaria estranho?
— Por quê? Não é mais cômodo para você que todos pensem que
sou apenas uma secretária?
— Pare com isso, eu quero que você entenda que agora faz parte desse
mundo e faz parte da família Vielmond. Deve estar à altura, o que significa
que deve estar sempre com as melhores roupas. – sorriu de canto – Não há
como negar a superficialidade da alta sociedade Lisa, mas imagem nos
negócios é tudo.
— Estou percebendo.
— O que te fará procurar o melhor vestido para usar na festa. Fale com
minha irmã.
Pouco mais de três horas, ouvi o toque do elevador indicar que este
chegara ao andar e levantei o olhar para ver quem estava chegando já que
Christopher se mantinha em sua sala desde que voltamos do almoço. O
inconveniente William Jones vinha em minha direção com um sorriso
exageradamente aberto e me fitando com aqueles olhos cor de mel que me
deixavam desconfortável.
— Mande-o entrar, Lisa. – sem tom era incisivo e assim que me deu a
ordem, encerrou a ligação.
Por que ele estava falando dessa maneira? Eu senti o calor subir pelo meu
corpo dominado pela seriedade com que Christopher respondera ao outro.
Preferi fingir que não estava prestando atenção na conversa e respirei mais
aliviada quando William entrou no elevador enquanto meu chefe temporário
dava meia volta e se trancava novamente em sua sala.
Sobre quem ele estava conversando? Com certeza estava no celular com
uma pessoa falando sobre uma mulher que na mesma hora senti uma ponta de
inveja. Christopher estava tentado por alguém e eu desejando com todas as
forças estar no lugar dessa sortuda. Ela estaria na festa? Agora mais do que
nunca eu precisava estar lá usando um lindo vestido espreitando por todos os
lados tentando saber quem seria a mulher por quem Christopher estava
atraído. Ouvi o barulho do elevador e esperei um pouco mais até ter certeza
de que ele havia descido. Sozinha ali no último andar do edifício da
Vielmond Enterprises, eu me recostei sobre a parede ao lado do elevador
sentindo uma pontada de tristeza. Eu nunca teria o prazer de estar nos braços
daquele homem, a realidade era dura enquanto meu corpo continuava
alimentando o desejo que sentia por ele.
Trabalhar com Christopher estava sendo um desafio para mim, três dias
depois de começar oficialmente como sua secretária, estava sentindo o peso
da responsabilidade de dos compromissos. Com a proximidade da festa que
seria naquele fim de semana, muitos convidados estavam ligando para a
empresa para conversar com ele, avisar que não poderiam ir se desculpando
por viagens de última hora ou para confirmar que estariam presentes. A
maioria das pessoas que foram convidadas estava entrando em contato para
conversar diretamente com Christopher na intenção de deixar claro que
estaria com sua presença garantida e que não perderiam por nada aquele
evento. Cada vez que eu ouvia a empolgação deles ao ligar para o escritório,
tinha mais certeza de que aquela festa era realmente o acontecimento do ano
naquela sociedade. Por sorte Karin havia me ajudado a escolher um vestido
roxo cor de beterraba que realçara meus seios e fez com que eu me sentisse
mais sensual.
— Ele não me contou que tinha uma nova secretária. – sua voz aguda do
outro lado da linha beirava o insuportável.
— Que diabos acha que está fazendo? – ele perguntou em um tom de voz
alto que me assustou.
— É claro que você não sabe o que estou falando, se soubesse teria
percebido que se esqueceu de me avisar sobre a reunião que teria às duas
horas da tarde! – explodiu mostrando-se furioso e eu me levantei
rapidamente.
— Mas você foi à reunião, certo? – dei um passo para trás em uma
tentativa de me defender.
— Assunto encerrado.
— Lis, minha menina! – ouvi a voz da minha tia animada do outro lado –
Que saudades!
— Você não atrapalha, tia. Vai ser ótimo tê-la alguns dias aqui.
— Alô?
— Oi, Jen. – cumprimentei-a aliviada por ouvir uma voz amiga – Está
tudo bem?
— Lis! – agora ela parecia mais recuperada – Está tudo bem sim, eu só
vim correndo quando ouvi o telefone tocar, acabei de chegar em casa.
— Com o quê?
— O bonitão?
— Ele mesmo. – mordi meu lábio e esfreguei a mão sobre a saia de
maneira inquieta – Hoje ele me beijou.
— Foi isso mesmo que você ouviu, mas não se anime, não houve
romantismo.
— Como aconteceu?
— Ele está louco! Vocês não falaram nada sobre o beijo então?
— Não, nada. E nem sei se vamos falar, dada a reação dele, acho até que
se arrependeu.—- Quero saber o que aconteceu depois que vocês se
encontrarem novamente. Agora me conte uma coisa: ele beija bem?
— Acho que não. – respondi com pesar – Jen, eu preciso ir. Tenho que
tomar um banho antes que Emma acorde, no domingo eu te ligo com mais
calma.
— Minha anjinha, a mamãe está aqui. – aninhei minha filha em meu colo,
mas ela não parava de chorar.
Foi no corredor que dei de cara com Christopher. Ele estava usando o
terno que fora para o trabalho e provavelmente devia ter acabado de chegar.
Senti meu corpo se arrepiar na mesma hora lembrando-me do beijo que
trocamos poucas horas antes. Ele me olhou friamente, depois lançou um olhar
de desaprovação para minha filha que continuava chorando. Christopher era
sexy, mas ao mesmo tempo um homem que conseguia me deixar um pouco
amedrontada, eu nunca sabia qual era sua próxima reação.
Foi tudo o que disse antes de se virar no corredor e sumir atrás da porta
de seu quarto. Meu Deus, ele conseguia ser uma pedra de gelo enquanto meu
corpo ardia em chamas diante de sua presença. Será que eu era a única a
pensar no beijo que trocamos? E aquela ereção pressionando minha barriga?
Como Christopher conseguia agir como se nada tivesse acontecido depois
dessa tarde? Rapidamente saí dali com Emma e fui até o jardim de inverno.
Ela adorava aquele lugar, talvez o aroma das plantas a tranquilizasse, então
eu a deitei em um dos sofás e acariciei sua barriguinha cantarolando as
mesmas canções infantis de quanto a colocava para dormir.
Eu era totalmente apaixonada por minha filha. Ela era a única lembrança
boa do meu namoro com Matthew. Por um momento eu achei que ele fosse o
cara certo, com quem eu ia me casar e ter filhos, porém nada do que eu
pensava era realmente verdade. Assim que descobriu que eu estava grávida,
ele praticamente fugiu me deixando com um bebê para criar. Eu nunca culpei
minha filha pelo que acontecera, Deus me mostrou que Matthew não era o
cara certo. Agora eu não conseguia entender porque Christopher nunca se
aproximara de Emma, ele sempre agia como se não existisse um bebê dentro
daquela mansão e as raras vezes que se dirigiu à minha filha, fora sempre em
um tom irritado.
— Ele não vê a princesinha que você é. – falei com minha filha pensando
em Christopher.
— Estou atrasada?
— É difícil para mim. – fui até o quarto de Emma e abri a porta devagar –
Acho que ela está bem. – sussurrei.
— Beth ficará aqui vigiando para saber se está tudo bem. Nunca se sabe.
— Eu sou, Nora Jordan. – seu sorriso era simpático e eu não pude deixar
de sorrir – Este é meu marido Robert. – indicou o senhor barrigudo e de
estatura baixa que estava se servindo com um copo de uísque.
— Eu estava aqui dizendo à Lisa que você não fica irritado por muito
tempo quando se trata de uma mulher bonita, assim como ela. – Robert mais
uma vez comentou deixando-me ainda mais envergonhada, principalmente
estando na frente de Christopher.
Senti a mão dele na base da minha coluna e virei o rosto para olhá-lo.
Christopher desviou os olhos amendoados em minha direção e eu acho que vi
um brilho diferente. Será que ele estava lembrando-se do beijo na empresa?
Seria pretensão minha achar que aquele homem maravilhoso reservava
alguns segundos do seu tempo pensando em mim?
— Lisa estava um pouco ocupada. – ele disse sem tirar a mão da base da
minha coluna e eu estava sentindo meu corpo todo o tempo tenso com o
contato – Este é Philip Marshall. – apresentou-o a mim.
Fui apresentada ao resto das pessoas e fiz o maior esforço possível para
parecer simpática sem ser forçada. As mulheres me olharam de cima a baixo,
mas tentei não me sentir intimidada com aquilo. Queria mostrar que apesar de
ser nova naquele meio, uma desconhecida que de repente estava entre os
donos de uma das maiores empresas do país, eu jamais permitiria que
mulheres como aquelas fizessem com que me sentisse inferior.
— Ethan.
Então aquele era o tal Ethan com quem ele falava ao telefone no dia em
que ouvi sua conversa? Fiquei ainda mais curiosa para saber quem era aquela
mulher a qual Christopher sentira necessidade de compartilhar seu desejo
com outra pessoa. Devia realmente estar levando-o à loucura, até porque, ele
sempre se mostrou muito controlado.
— Porque Ethan tem essa mania de querer ver sempre com os próprios
olhos. – Christopher interrompeu a conversa.
— Mas eu tenho certeza que ela não vai se importar se eu tirar Lisa para
dançar por 5 minutos. – Ethan meneou a cabeça olhando para o amigo – E
nem você, certo?
Sendo mais uma vez um cavalheiro, Ethan estendeu o braço para mim e
eu não tive como recusar. Ele parecia divertido e apesar da forma como
Christopher falara, eu pude sentir que eram muito amigos. Afastei-me
acompanhada por aquele charmoso homem virando para trás cruzando meu
olhar com o de Christopher que permanecia no mesmo lugar olhando-me de
maneira séria com aqueles profundos olhos castanhos. Eu queria voltar lá, eu
queria sentir novamente a mão dele na base da minha coluna, mas tive que
ceder ao pedido de Ethan e me encaminhei até a pista de dança no meio do
jardim onde alguns casais dançavam uma música lenta.
— Eu não entendo. – tentei olhar para trás, mas não conseguia vê-lo.
— Eu sempre gostei de provocá-lo e sei que ele não está gostando nem
um pouco da nossa dança.
— E você?
— Arquitetura. Projetar casas é o que gosto de fazer. Meu pai queria que
eu o seguisse e assumisse a empresa, mas aquilo não é o que eu gosto. Já
Christopher, parece que nasceu pra isso.
— Foi Christopher quem pediu isso? – espantei já que ele nunca fez
questão de notar a existência de Emma.
Depois de certo tempo, achei que era hora de voltar para a festa e
abri a porta devagar. Dei de cara com Christopher parado no corredor,
sozinho, olhando em minha direção como um falcão. Respirei fundo
diante daquele homem, ele tinha o poder de mexer com toda minha
sanidade e abalar minhas estruturas. Fechei a porta atrás de mim e
mantive o olhar fixo ao dele, tentando não me intimidar com seu
tamanho e o poder que exalava.
Eu deixaria para pensar sobre esse beijo depois, agora era hora de voltar
para o quarto de Emma e acalmá-la. Entrei rapidamente me aproximando de
seu berço e a vi ajoelhada tentando engatinhar.
Aninhada contra meu peito, consegui fazer com que ela se acalmasse e
aproveitei para amamentá-la. Emma mamou um pouco, mas logo desistiu
bocejando mais uma vez. Fiquei cantando algumas canções de ninar enquanto
caminhava pelo quarto com ela nos braços sentindo que já estava
adormecendo. Agora com Emma mais calma minha mente teve tempo de
pensar em Christopher. Por que ele me beijara daquela maneira? Aquele
homem era tão confuso, um poço de mistérios. Eu não conseguia entender
como na maioria das vezes ela se mantinha distante, como se ignorasse minha
existência e em outras me agarrava dessa forma me beijando até que eu
perdesse a razão.
— Sim, foi só Emma que estava chorando um pouco, mas consegui fazê-
la dormir. – respondi sem deixar transparecer o nervosismo de encarar
Christopher novamente.
— Achei que algo tivesse acontecido com ela. – seu sorriso foi de alívio –
Venha, logo Christopher vai subir ao palco fazer ao anúncio de mais uma
sócia na empresa.
— Boa noite, senhoras e senhores. – ouvir aquela voz grave e rouca fez
com que eu me arrepiasse sem conseguir desviar meu olhar – Em nome da
Vielmond Enterprises eu gostaria de agradecer a presença de todos. Durante
todos esses cinquenta anos da empresa, novos mercados foram expandidos e
novas sociedades foram criadas, e hoje de maneira excepcional, eu gostaria
de apresentar oficialmente a todos a mais nova sócia da empresa. – os olhos
castanhos me olharam diretamente, era como se soubesse onde eu estava o
tempo todo – Lisa Harper.
Ouvi os aplausos ecoarem por todo o jardim e senti que estava corando.
Era a primeira vez que estava diante daquela situação e eu não soube como
agir. Christopher me deu lugar ao microfone e eu soube que era hora de falar
alguma coisa, porém nada vinha à minha cabeça. Dei um passo à frente e
respirei fundo.
— Olá...
— Não seja boba! – olhou para trás – Eu preciso ir, minha esposa está
sozinha. Mais uma vez, bem vinda.
Agradeci por Karin ter aparecido, eu estava entediada com toda aquela
festa e minha mente só girava em torno de Christopher. Se fechasse os olhos,
poderia ser capaz de reviver tudo, até mesmo sentir a pressão dos lábios sobre
os meus. Sentei-me à mesa com a irmã dele e estava lá uma mulher que eu
ainda não conhecia.
— Mas ele disse que logo vai ajudá-lo com decisões e todas essas coisas
que um empresário faz. Deve ser tão excitante! – Simone exclamou
empolgada com os seus grandes olhos azuis cintilando.
— Venha, Lisa.
— Relaxe, Lisa.
— Está linda, Karin fez um ótimo trabalho. – respondi sentindo que ele
me pressionava ainda mais contra seu corpo.
— Todos estão curiosos para saber como você se tornou uma das
acionistas. É claro que eu não falei sobre meu avô.
— Com licença. – Ouvi uma voz que me soou familiar, mas não consegui
reconhecer.
— Vim reclamar uma dança com Lisa. – eu estava de costas, mas podia
imaginar o sorriso nos lábios dele.
— Eu posso esperar.
— Se eu fosse você não faria isso, vou mantê-la ocupada a noite toda.
— William não vai desistir tão cedo, eu o conheço. – sua voz parecia ter
um leve toque de irritação.
— Eu não vou permitir que ele passe dos limites com você. – a resposta
dele confirmou minhas suspeitas.
— Obrigada. – peguei uma taça de vinho e bebi um gole – Acho que vou
subir e ver como está Emma.
— Tudo bem.
A primeira coisa que fiz foi sentar na poltrona verde clara e tirar os
sapatos. Poder voltar a sentir meus dedos era maravilhoso. O alívio foi
instantâneo e eu recostei na poltrona fechando os olhos aproveitando um
pouco pra descansar. Eu tinha que tirar a maquiagem e tomar um banho, mas
fiquei me perguntando se seria falta de educação minha sair da festa sem falar
com ninguém. Eram pessoas que eu não conhecia, estavam aqui por causa de
Christopher e eu apenas fui apresentada como nova sócia, o que gerou
especulações, mas não era o motivo principal para a vinda de todos. Dei de
ombros para o caso de Christopher ficar irritado, afinal, eu precisava
descansar e ter que cuidar de um bebê não me dava muito tempo para dormir,
então meu cansaço era justificável.
— Eu quis ver como estava Emma e dispensei Beth, resolvi ficar aqui em
cima pronta para cuidar da minha filha e descansar. Meus pés estavam em
matando. – encostei a porta e me virei para ele.
— Por um momento achei que Jones tinha ido atrás de você. – seus olhos
encontraram os meus com tamanha profundidade.
— Espero ter sido. – ele olhou para o Rolex em seu pulso – São quase
três horas da manhã, é melhor que descanse.
— Eu vou descansar.
Sem dizer mais nada, Christopher girou nos calcanhares e saiu do meu
quarto me deixando confusa e sozinha com meus pensamentos. Ele me
deixava cada dia mais confusa. Pensei no beijo, em nossa dança, em como ele
estava caloroso e receptivo e agora voltara a ser o mesmo homem de gelo que
eu conheci. Com a mente atormentada, achei que o melhor a fazer era tomar
um banho e dormir. Olhei a babá eletrônica sobre o criado-mudo e me
certifiquei de que estava ligada, depois fui para o banho onde comecei o ritual
que aprendi com a amiga de Karin para remover a maquiagem, prendi os
cabelos em um coque e entrei debaixo do chuveiro de água quente e relaxei
os músculos.
Capítulo 8
Meu domingo havia sido preguiçoso. Dormi até tarde já que tinha ido
para cama no começo da madrugada e tive o sono interrompido várias vezes
por Emma. Logo após o almoço eu quis aproveitar o sol da primavera e me
arrumei para ficar na beira da piscina com minha filha. Eu não tinha visto
Christopher até então, segundo Karin ele estava no escritório e não queria ser
incomodado. O que havia com esse homem? Será que nem em um domingo
ele parava de pensar no trabalho para relaxar? Coloquei um biquíni rosado e
um shortinho jeans por cima e calcei uma sandália rasteira.
— Lisa.
— Queria falar com você. – cruzou os braços realçando a forma dos seus
músculos e fazendo meu corpo reagir imediatamente à vontade de tocá-los.
— Algo sério?
— Mas eu tenho uma filha pra cuidar, Christopher. Não é tão simples.
— Não se preocupe com isso, Karin cuidará da sua filha. – ele deu um
passo e eu respirei fundo tendo consciência do seu tamanho – Eu preciso de
você, Lisa. – a ênfase na palavra me fez estremecer.
Senti a mão em minha nuca e fechei os olhos sabendo o que viria a seguir
e eu estava pronta para recebê-lo. Os lábios firmes tocaram os meus com
menos agressividade como das outras vezes, mas o beijo tinha a mesma
intensidade. Christopher entreabriu os lábios e eu coloquei as mãos sobre sua
cintura mais uma vez me recordando da tatuagem que era separada da minha
mão por apenas uma fina camada de pano. Nossas línguas se entrelaçavam,
ele me pressionava ainda mais contra seu corpo musculoso e a rigidez do seu
peitoral espremia meus seios.
Uma das mãos experientes subiu pelas minhas costas até alcançar a parte
de trás da minha nuca e começar a desfazer o laço do meu biquíni. Gemi
baixo entre o beijo, mas Christopher permanecia explorando toda minha boca
sem deixar com que eu me afastasse. Ele queria mais e não importava se
alguém poderia nos ver, e com surpresa eu notei que eu também não estava
me preocupando com tal detalhe. Meu corpo estava aceso o suficiente pronto
para aceitar o que Christopher quisesse me dar. Senti o meu biquíni deslizar
do meu pescoço deixando meus seios à mostra enquanto ele continuava preso
pelo nó de baixo.
Christopher afastou nossos corpos o suficiente para por uma das mãos
sobre meus seios encaixando-a perfeitamente. Era como se meu seio tivesse
sido moldado para o tamanho da mão dele. Senti o polegar passar sobre meu
mamilo intumescido e joguei a cabeça para trás desfrutando daquele toque.
Subi uma das mãos para o cabelo dele e puxei com força reagindo a cada
toque em meu mamilo sensível enquanto os lábios dele deslizavam sobre meu
pescoço me deixando arrepiada. Christopher girou o bico do meu seio entre
os dedos polegar e indicador e eu gemi baixo agarrada ao seu cabelo. A
umidade entre minhas pernas se intensificava e eu podia sentir mais uma vez
o volume da ereção dele contra minha barriga esperando para ser libertada.
Não seria agora que eu teria o prazer de sentir ser preenchida por ele,
Christopher se afastou e me olhou nos olhos com a respiração ofegante. Eu
não me senti inibida em tampar meus seios quando os olhos castanhos
deslizaram pelo meu corpo se detendo em meus seios, voltando a me olhar
nos olhos.
— Eu sei o que nós queremos, mas aqui não é o lugar ideal. – a voz rouca
me causou ainda mais arrepios enquanto minha intimidade pulsava frustrada
– Eu te prometo uma viagem inesquecível, Lisa. – olhou novamente para
meus seios descobertos – Cubra-se, eu não ficarei satisfeito se virem você
desse jeito.
Dizendo isso ele me puxou para mais um beijo dessa vez como um
selinho chupado e me deixou sozinha novamente no jardim. Rapidamente,
tomando consciência dos meus seios à mostra, suspendi o biquíni e dei um nó
atrás do meu pescoço. Meu corpo ainda queimava e eu já não lutava mais
contra o desejo que sentia por Christopher. Eu te prometo uma viagem
inesquecível. Eu me lembrei das palavras dele e senti um arrepio em minha
nuca. Aquele era o jeito certo de me persuadir visto que eu estava
completamente atraída por ele.
— Lisa? – ela chamou meu nome como que para ter certeza de que era
eu.
— Como nada? Não é possível. Vocês estavam tão próximos, a foto está
linda! Você não viu?
— O meio dos negócios é assim, Lisa. Vão vigiar todos os seus passos,
você precisa se acostumar. – ele colocou as mãos no bolso da calça social.
Aproveitei a hora do almoço para ligar para minha tia e dizer que logo
após a viagem que eu precisava fazer para Nova York, eu gostaria que ela
fosse até a mansão me visitar. Combinei de comprar as passagens e ligar para
ela avisando o dia do voo. Sentia tanta falta da minha tia, seus cuidados
comigo e éramos muito apegadas graças ao fato de eu considerá-la como uma
mãe, afinal, foi quem me criou praticamente a vida toda. Levantei e ajeitei a
saia, guardei o celular e peguei minha bolsa indo em direção ao elevador,
apertei o botão do térreo e esperei pacientemente até as portas de aço se abrir
na minha frente. Um dos seguranças se aproximou rapidamente, parecia um
pouco agitado.
— Gostaria de informá-la que o Sr. Vielmond pediu para que não saísse
do edifício.
— Lisa.
Ele sabia que era eu já que era a única que tinha acesso direto ao telefone
de seu escritório. Aquela vez rouca era sexy até mesmo durante uma ligação.
— O que quer falar comigo, Lisa? – sua pose relaxada mostrava que os
jornalistas não o estavam incomodando apesar de plantados na porta da
empresa.
— Fui sair para almoçar e um segurança me disse que eu não podia sair.
— E veio até aqui reclamar porque são ordens minhas? – levantou uma
sobrancelha enquanto pegava uma caneta dourada e começava a girar nos
dedos.
A língua experiente logo abriu caminho para explorar toda minha boca
enquanto um desejo lascivo nos circulava. Agarrei os cabelos dele entre os
dedos e senti meus seios serem pressionados pela musculatura rígida do seu
tórax. A umidade entre minhas pernas era mais um sinal de que eu não era
imune a ele, meu corpo todo se acendia com apenas um toque e toda essa
espera para ser possuída me deixava ainda mais sensível. Christopher em um
movimento rápido me sentou sobre a mesa e agarrou minha saia com uma das
mãos subindo o suficiente para que eu pudesse abrir minhas pernas e ele
pudesse se encaixar entre elas.
Sem conseguir resistir, joguei a cabeça para trás quando ele afastou
minha calcinha para o lado e me penetrou com dois dedos de maneira lenta
me torturando com o toque íntimo. Era a primeira vez que chegávamos a esse
nível de intimidade e tudo o que eu queria era saborear cada momento e
prazer que ele pudesse me oferecer. Com meu pescoço exposto, Christopher
aproveitou para deslizar ali sua língua e distribuir beijos quentes enquanto
seus dedos trabalhavam em um ritmo de vai e vem dentro de mim.
— Oh, Christopher...
Gemi chamando seu nome o que pareceu deixá-lo ainda mais excitado,
porque senti a pressão de seus dedos e os movimentos rápidos dentro de mim
fazendo com que minha intimidade pegasse fogo. Chegando ao limite, senti
que meu corpo ia alcançando o ápice do prazer enquanto o suor brotava em
minha testa e os fios de cabelo sobre ela ficavam úmidos. Eu estremeci mais
uma vez gritando seu nome e desci pelo abismo de prazer sendo arrebatada
por um orgasmo poderoso sem nenhum tipo de reservas ou vergonha.
De olhos fechados eu senti meu corpo estremecer até que precisei de mais
forças nos braços para não cair deitada sobre a mesa enquanto minha
respiração estava fora de ritmo. Abrindo os olhos após me acalmar, consegui
ver a tempo Christopher levar os dois dedos que usou para me masturbar até
os lábios e chupá-los devagar sem tirar os olhos de mim. Meu Deus, como
esse homem era delicioso! Não evitei um sorriso e ele me devolveu de
maneira lasciva entortando os lábios.
— Estou aqui, Rossetti. – ele disse em sem tom de voz profissional sem
parecer o Christopher que estava a um minuto me olhando como um felino.
Por sorte o monitor estava atrás de mim o que significava que ninguém
nos vira sobre a mesa. Minha saia ainda estava levantada, mas minhas pernas
agora fechadas conservavam a umidade do meu orgasmo. Christopher
conversou com o homem cerca de cinco minutos e se despediu dizendo que
tinha assuntos importantes a tratar e que entraria em contato em breve. Após
encerrar a chamada de vídeo, ele se levantou e aproximou-se de mim me
dando um beijo demorado. Aquelas atitudes dele me deixavam confusa, mas
totalmente excitada e satisfeita por ter parte do meu desejo saciado.
— Imediatamente, senhor.
Vesti uma calça de pano azul e uma blusinha branca bem simples. Eu
queria ficar confortável após passar horas de salto alto e roupa social. Fiquei
me perguntando se Christopher já teria voltado do trabalho e saí do quarto
devagar. Não queria que Karin soubesse o que tinha acontecido, eu nem
mesmo sabia no que ia dar tudo aquilo. Desci as escadas e encontrei com ela
saindo da sala de estar segurando a babá eletrônica.
— Oi, Lisa. Estava indo atrás de você para entregar isso. – estendeu o
aparelho da babá eletrônica para mim – Como vi que Charles já havia trazido
você, pensei que queria aproveitar a noite para ficar com Emma.
— Sim, eu sinto muito a falta dela. Não gosto nem de imaginar como será
a viagem longe da minha filha. – peguei o aparelho que ela me entregava
gentilmente.
— Christopher!
Karin chamou o irmão que vinha atrás de mim, mas eu não tive coragem
de me virar. Depois do que acontecera na sala dele na hora do almoço, eu me
sentia vulnerável já que agora Christopher sabia que eu o desejava
desesperadamente e ficara completamente submissa em suas mãos. Senti o
perfume masculino indicando que ele se aproximava e com a visão periférica
vi que parou ao meu lado.
— Que bom que veio jantar em casa, Beth está fazendo aquele ceviche de
salmão que você gosta. – Karin falou animada com o irmão sem se dar conta
da tensão sexual que nos rondava.
— Ótimo, eu vou tomar banho. – notei que ele me olhou – Boa noite,
Lisa.
— Desejo sorte a você que vai aguentar meu irmão nesses dias de
viagem. – sorriu de maneira amigável – Ele às vezes é tão fechado.
— Sim, mas acho que estou conseguindo lidar com ele por conta da
convivência no escritório.
— Fico feliz. Quero que ele seja mais simpático com você.
Simpático ele não está sendo, mas está me deixando muito excitada. Meu
pensamento me fez recordar nitidamente o orgasmo que tive sentada sobre a
mesa do escritório de Christopher. Ele movia os dedos com maestria, parecia
ter nascido para dar prazer a uma mulher e não estava decepcionando. Eu
fiquei conversando com Karin enquanto o jantar não era servido. Falamos um
pouco sobre compras, que eu precisava comprar novas roupinhas para Emma
já que ela estava crescendo rápido e as roupas que tinha já estavam ficando
pequenas.
— Lisa, já que você vai à Nova York, tente encontrar um tempo para dar
umas voltas na 5th Avenue. É o paraíso das compras! Você pode comprar
coisas para você e para Emma, tenho certeza de que vai adorar. Se eu pudesse
iria junto.
— Não tem problema, faremos compras aqui quando você voltar. Se quer
comprar algo para Emma, em Nova York tem várias opções. Você pode dar
uma olhada na Ralph Lauren Baby Store, acredita? A Ralph Loren tem sua
própria coleção para bebês também!
— Eu conheço essa marca, mas eu não sabia que tinha para bebês.
— Acho que vou precisar desses nomes por escrito, não vou me lembrar
de nada. – ri um pouco sendo contagiada pela animação dela.
— Acho que já deve estar saindo. – a irmã olhou em seu relógio discreto.
Rapidamente ele deu meia volta e desapareceu pela porta lateral da sala
de estar me deixando absorta em sua maneira de caminhar. Não sei se Karin
notou, mas tentei disfarçar comentando sobre um quadro e ela me contou que
fora Christopher quem trouxera de um leilão pouco antes de eu ir morar ali.
Capítulo 9
Uma tempestade atrasara o voo em quatro horas e Christopher agora
estava sentado dentro do avião particular tamborilando os dedos impaciente
sob a mesa de café. Do outro lado, eu estava sentada em uma das poltronas
cor de creme que contrastavam muito bem com a mesa de madeira. O avião
era aconchegante, no final havia uma porta que dava para um quarto com
uma cama de casal e um aparador. Um banheiro era acoplado como suíte e eu
desejei deitar naquela cama com lençóis brancos para cochilar um pouco.
Havia acordado cedo, me despedido rapidamente de Emma e agora começava
a sentir saudades da minha filha.
— Lisa?
Não consegui esconder meu sorriso e ele me olhou satisfeito sabendo que
me agradava. Recostei-me mais aliviada tentando pensar no quanto aquela
viagem seria deliciosa ao lado dele e me perguntando como seria estar nos
braços daquele homem enquanto ele me possuía. Pelos beijos que trocamos,
pela maneira como ele me levou ao orgasmo em sua sala, Christopher parecia
o tipo de homem que era selvagem, controlador e o sexo não devia ser
romantizado. Aquilo me excitava, era a primeira vez que eu viveria algo do
tipo e meu corpo vibrava de antecipação.
Ele desviou o olhar de mim e olhou para seu relógio de pulso controlando
as horas. Estava bastante nervoso porque tinha uma reunião agendada e
provavelmente chegaria em cima da hora por conta do atraso. O plano era
chegarmos pela manhã, mas a tempestade impedira qualquer avião de
decolar.
— Tudo bem, só espero que não prejudique você caso chegue atrasado.
— Não, não vai me prejudicar, mas estou irritado porque odeio não
cumprir com meus horários.
— Pois não, Sr. Vielmond. – ela disse pronta para seu trabalho.
— Perfeitamente.
Meia hora depois, um belo hotel surgiu quando íamos nos aproximando.
Era grande, com diversos andares e as paredes externas acinzentadas
contrastavam com as letras douradas com o nome New York Plaza Hotel, e
luzes amareladas na entrada clareavam e chamavam a atenção. Imponente e
provavelmente um dos mais caros da cidade, vista a inclinação de
Christopher pelo luxo, a construção parecia enorme por dentro baseada em
seu tamanho. Assim que o carro parou em frente à portaria, um dos
mensageiros de hospedagem se aproximou abrindo a porta para mim, mas sua
expressão mudou e seu sorriso se abriu ainda mais ao ver Christopher sair do
carro.
— Eu preciso que me ajude a levar Lisa até à suíte que deixei reservada.
– ele respondeu batendo a porta do carro e indo até o porta-malas para abri-
lo.
— Com o maior prazer. – o mensageiro respondeu recebendo
imediatamente a ajuda de outro para descarregar as bagagens, que eram
apenas duas, mas que por conta de toda a ajuda e atenção, parecia uma
grande quantidade.
Por dentro o hotel era ainda mais luxuoso. O hall de entrada era largo
com dois andares, onde uma escadaria adornava o centro com seu corrimão
dourado, pisos de mármore e um belo lustre de cristal pendurado no teto que
dava um toque ainda mais clássico. A recepção ficava logo ao lado direito
após passarmos por um arco de gesso, encontrando com um balcão de
madeira onde uma mulher loira com um coque muito bem feito estava vestida
com o uniforme vinho com abotoaduras douradas.
— Srta. Harper, eu sou Carlos Gómez, será uma honra levá-la até a suíte.
— Muito obrigada.
— O Sr. Vielmond tem muito bom gosto e para nós é uma honra poder
receber o nosso próprio patrão, visto a quantidade de hotéis da rede Plaza.
— Com certeza a senhorita vai gostar muito da sua estadia aqui, faremos
de tudo para que se sinta como se estivesse em casa.
— Obrigada.
— Vou deixar que descanse. – eu tentei abrir a bolsa para pegar uma
gorjeta, mas ele se adiantou – Não, não precisa. O Sr. Vielmond me deixou
encarregado de servir exclusivamente a senhorita e já deixou todas as minhas
gorjetas, porém para mim somente ter a honra de ser escolhido para ser o
mensageiro dos senhores já é gratificante.
Sentada ali pensei em Emma. Já estava sendo difícil ficar longe dela,
pensei em como seria quando chorasse sentindo minha falta e senti um aperto
no peito. Resolvi pegar o celular em minha bolsa e fazer uma ligação para
Karin perguntando como estava minha filha. Procurei o número na agenda
esperando ansiosa enquanto ouvia os toques da ligação.
— Não, é um prazer poder cuidar da sua filha. Emma trouxe alegria para
essa casa, estava tudo muito monótono.
— Claro, pode deixar comigo. Diga para meu irmão que lhe mandei um
beijo.
— Eu digo sim.
— É lindo, mas você não me disse que esse hotel era seu. – respondi sem
consegui desviar o olhar.
— Não foi uma reunião completa, foi apenas uma conversa durante um
café. Comentamos sobre alguns detalhes, mas amanhã faremos uma reunião
oficial e você vai comigo.
— Claro. – levantei e notei que seus olhos se desviaram para minhas
coxas à mostra – Sua irmã te mandou um beijo.
Novamente senti seus lábios nos meus, dessa vez em um beijo mais
calmo, porém invasivo o suficiente. Christopher me conduziu até a cama e
me pegou no colo, deitando-me devagar e se debruçando sobre meu corpo.
Eu estava muito excitada, sentia minha intimidade molhada e pronta para
recebê-lo, mas Christopher tinha outros planos antes de finalmente me
possuir. Senti seus lábios descendo pelo meu pescoço até alcançar meu serio.
Gemi ao sentir a língua em meu mamilo endurecido e agarrei os cabelos dele
arqueando as costas. Cada fibra do meu corpo respondia aos estímulos que
Christopher me proporcionava e eu quase tive um orgasmo, porém ele notou
e afastou a boca para me torturar um pouco mais.
Ele não parou os movimentos, dedicou-se a estimular meu clitóris até que
eu não consegui mais segurar e gritei deixando o orgasmo me dominar. Eu
nem mesmo o vi levantar e se livrar da calça e da cueca, mas ouvi um barulho
e abri os olhos a tempo de vê-lo desenrolar o preservativo em seu membro
totalmente rígido. Christopher era poderoso, cada parte daquele corpo era
desprovida de defeitos e eu me sentia pronta para finalmente me entregar.
Juntos chegamos ao orgasmo, mais uma vez meu corpo atingiu o limite
da excitação e Christopher estremeceu sobre mim fazendo com que eu
sentisse seu peso sobre mim. O único som no quarto era o barulho de nossas
respirações aceleradas e eu subi uma das mãos até tocar seus cabelos
levemente suados.
Christopher me beijou mais uma vez, dessa vez de uma maneira mais
calma e se levantou para ir se livrar do preservativo. Notei suas costas largas,
as coxas firmes e a bunda arredondada, um detalhe que sempre me chamara a
atenção naquele homem. Mordi meu lábio inferior e me ajeitei na cama na
expectativa de vê-lo retornar. Passei a língua nos lábios ao ver seu corpo em
toda sua nudez, extremamente viril e com o membro ainda ligeiramente
rígido. Sim, ele vai estar pronto para outra. Christopher não era realmente
um homem de decepcionar, toda aquela força se refletia na cama provando
que seu lado sexual era intenso.
— Tenho certeza que essa viagem vai ser inesquecível. – ele se
aproximou e sentou na beirada da cama contemplando meu corpo nu.
— Esse olhar quer dizer que você quer mais. – seu sorriso lateral me
deixou ainda mais excitada.
A confissão me deixou ainda mais atrevida. Saber que era desejada dessa
forma tirava todo meu pudor, libertando uma Lisa sensual e completamente
excitada. Comecei massageando o membro dele, apertando e passando o
polegar em volta da glande até ater certeza de que Christopher estava
completamente entregue. Os gemidos roucos chegavam até meus ouvidos e
me mantinha ainda mais determinada em dar prazer aquele homem. Ele era
uma espécie de deus, forte e viril, se deixou dominar por mim aproveitando
tudo o que eu era capaz de lhe dar.
— Posso pedir para trazer algo no quarto. – a voz dele agora parecia mais
serena, diferente do Christopher Vielmond que vi pela primeira vez – Apenas
escolha.
— Não, só achei estranho você pedir algo tão banal enquanto a cozinha
do hotel pode oferecer uma boa quantidade de pratos variados.
— Tenho certeza de que sim, mas eu queria pizza, desde que me mudei
nunca mais comi, sinto falta disso. Eu comia todos os finais de semana
quando ainda morava em Dakota do Norte.
— Farei o pedido.
— Vou ligar lá para baixo e pedir que alguém traga uma pizza. Qual o
sabor que você escolhe? – perguntou já discando o número direto.
— Gostei da ideia.
— Ele é excelente funcionário, da última vez que estive aqui fora ele
quem me servia e agora que retornei, fiz questão do seu trabalho.
— É um rapaz que tem potencial, tenho certeza que daqui a algum tempo
poderá chegar ao cargo de chefe dos mensageiros e se continuar seu trabalho
tão bem, pode chegar à gerente do hotel.
Sentei em uma das cadeiras e abri a caixa de pizza enquanto ele servia os
refrigerantes nos copos. Peguei uma fatia com as mãos e mordi o bico, vendo
novamente Christopher me olhar como se eu tivesse duas cabeças.
— O que houve?
— Certo.
Depois de hesitar, Christopher pegou uma das fatias de pizza com as
mãos e olhou para ela antes de tirar um pedaço com os dentes. Sorri satisfeita
vendo-o quebrar umas de suas regras comigo e se mostrar menos exigente
consigo mesmo. Ele me olhou e balançou a cabeça positivamente mostrando
que eu estava certa. Comemos em silêncio por algum tempo até terminarmos
nossas primeiras fatias.
— Sério?! – olhei para ele feliz com a notícia – Tenho que comprar um
presente para ela.
— Podemos fazer isso amanhã depois da reunião, a não ser que você
precise fazer algo.
— Era, agora eu amadureci muito. Vejo que Matthew nem mesmo pode
ser chamado de pai, o laço de sangue pouco importa, porque amor era o que
ele realmente deveria dar, mas não foi capaz. – olhei para ele – Pois isso
sempre criei Emma sozinha, ela não tem o nome dele no registro e eu me
recuso de que um dia venha a ter. Não quero nada de Matthew, nem mesmo
dinheiro.
— Entendo.
Sorri aliviada por ele não estar chateado e me joguei em seus braços
deixando que me carregasse. Na cama tive mais uma vez a certeza de que
Christopher era o único homem capaz de me excitar daquela forma, me
deixando ainda mais viciada em seus toques. Com a cabeça apoiada em seu
peitoral após mais um orgasmo, adormeci com o corpo satisfeito e a certeza
de que precisava disso de hoje em diante.
— Não consegui tirar os olhos de você naquela reunião. Que merda, Lisa!
– senti a mão deslizar até minha cintura e me apertar – Estou ficando louco.
— Por maior que seja minha vontade de te levar para o hotel e passar o
resto do dia com você naquele quarto, preciso te levar para almoçar primeiro.
O elevador chegou e por um homem fiquei feliz achando que íamos ser
os únicos ali dentro, mas quando a porta ameaçou chegar, os dois advogados
que estavam conversando se apressaram para nos fazer companhia naquele
cubículo. Christopher me manteve próxima a ele enquanto trocava algumas
palavras com seu advogado, que era um senhor de cabelos bem grisalhos e
um pouco barrigudo, mas extremamente competente. Durante os andares,
algumas pessoas iam entrando e eu olhei para Christopher que apertou minha
cintura. Eu estava adorando aquele gesto possessivo. Finalmente chegamos à
garagem e nos encaminhamos até onde estava estacionada a BMW prateada.
— Eu me segurei por muito tempo para ter que me privar agora. – ele
levou uma mão até meu rosto e alisou-o com a ponta dos dedos – Confesso
que tentei resistir, me manter distante, mas o desejo falou mais alto.
— Será um prazer.
Ele abriu a porta do carro e eu me acomodei no banco de couro enquanto
ele dava a volta no veículo e se sentava atrás do volante. Rapidamente deu
partida no motor e dirigiu pelas ruas de Nova York me dizendo que íamos até
um restaurante italiano perto do centro de compras. Christopher deixou o
carro no estacionamento e abriu a porta para me ajudar a descer. Segurei sua
mão e sorri feliz em sua companhia, ainda mais contente por saber que ele
também estava satisfeito por estar ali comigo. Nem mesmo parecia o mesmo
homem frio que eu vi quando cheguei à mansão. Ele me desejava e agora não
resistia mais, assim como eu não seria capaz de resistir a ele.
— Boa tarde. – o maitre nos levou até uma mesa mais reservada
atendendo às exigências de Christopher.
— Para sua irmã. Preciso saber como está Emma. – toquei a tela
levemente e levei o aparelho ao ouvido sendo observada por Christopher que
agora permanecia em silêncio – Olá, Karin! – saudei feliz em poder conversar
com ela e perguntar como estava minha filha.
— Fico mais aliviada, mas mesmo assim você pode me ligar a hora que
precisar.
— Eu sei, mas não se preocupe, pode relaxar. Como está meu irmão?
— Certo, então diga que lhe mandei um beijo e tenham um bom apetite.
— Beijos, Lisa.
— Está querendo dizer que iremos como um casal? – olhei para ele
confusa.
— Pode ter certeza de que isso vai acontecer em breve, querida. – ele
sorriu de maneira lasciva e voltou a se recostar na cadeira.
— Boa tarde, sou Megan Baker – ouvi a voz melodiosa e educada de uma
vendedora magra com cabelos loiros cortados na altura do outro –
Procurando algo especial, senhor?
— Que tipo de joias ela gosta? – percebi que ela me olhou a espera de
uma resposta que veio dele.
— Não, ela não é minha irmã. Na verdade estamos procurando algo para
dar como presente de aniversário.
Um deles possuía uma corrente de ouro e uma gota azul como pingente,
meu conhecimento sobre jóias me impedia de opinar sobre de que tipo se
tratava. O outro era todo feito de pedras brancas com um uma flor como
pingente e o terceiro se tratava de um modelo extremamente elegante.
— Karin vai ficar encantada, tenho certeza. – disse para ela agarrando
mais o seu braço.
Fiquei olhando para ele enquanto a vendedora sorridente pela venda que
acabara de ser concretizada, preparava as jóias nas caixinhas e as colocava
em uma sacola preta com o nome da loja em dourado. Christopher guardou a
carteira no bolso do paletó e se aproximou de mim segurando meu queixo me
fazendo olhar diretamente em seus olhos.
— Aquele colar vai ficar lindo em você. – disse com a voz rouca
extremamente sexy – Comece a se acostumar com presentes.
— Tudo bem, acho que tem uma loja aqui perto, podemos ir andando.
Com certeza estava impaciente para sair logo dali e retornar ao hotel. Fui
até o caixa com as compras e usei o cartão de crédito para pagar as roupinhas.
Peguei as sacolas e me aproximei de Christopher que rapidamente tratou de
pegá-las das minhas mãos e me conduzir para fora da loja. Caminhei ao seu
lado notando o quanto estava quieto, não falou nada e apenas se limitou a me
levar ao carro de braços dados comigo. Muitas das vezes eu tinha impressão
de que Christopher não gostava muito de Emma, nunca me perguntava sobre
ela e praticamente ignorava sua existência dentro daquela casa. Era o tipo de
situação que me deixava um pouco entristecida, mas para não criar confusão,
preferia deixar de lado. Já tive problemas suficientes por conta do pai dela,
não queria criar novos problemas em relação a Christopher, desde que não a
maltratasse, ele não era obrigado a gostar dela. Talvez ele nunca tivesse a
intenção de ser pai, nem mesmo ter filhos biológicos, talvez crianças não o
agradassem.
Ele me conduziu a passos largos até o elevador enquanto sua mão estava
pousada de maneira firme em minha cintura me fazendo lembrar com era ter
aquela mesma mão deslizando por todo o meu corpo. Christopher ficara tão
calado nos últimos minutos que eu agora já estava um pouco incerta sobre ele
estar ou não com a mesma vontade de algumas horas atrás para transar
comigo. Suspirei assim que entrei no quarto e tirei os sapatos de salto alto
enquanto ele deixava todas as sacolas sobre o sofá.
Devagar tirei minha saia e fiquei apenas com as roupas íntimas tendo
consciência do enorme volume que se formara na calça dele. Passei a língua
nos lábios pronta para desfrutar daquele homem, então me curvei e
delicadamente abri seu cinto, fazendo o mesmo com a calça. Assim que
abaixei o zíper, a cueca branca contornava o membro rígido e eu deslizei os
dedos provocando gemidos em Christopher. Ele me olhava na expectativa
enquanto eu segurava o elástico da sua cueca e a abaixava o suficiente para
livrar aquele enorme membro pulsando pronto para me possuir. Circulei
meus dedos em sua virilidade e comecei a massageá-lo devagar, provocando-
o, despertando ainda mais seu desejo por mim. Ameacei encostar a boca, mas
sorri travessa e levantei a cabeça vendo os olhos mais estreitos, como um
felino pronto para me dar o bote, mas não me intimidei. Continuei as carícias
aumentando a pressão dos dedos, apertando o membro cada vez mais inchado
e recebi em troca um gemido selvagem.
Ele ainda mantinha sua pose controladora e eu atendi sua ordem sem
hesitar. Continuei acariciando seu membro até que este inchou e explodiu em
um clímax derramando o líquido do seu prazer sobre a própria barriga
enquanto seu peitoral subia e descia ofegante. Não sei de onde ele teve forças
para me puxar logo após aquele orgasmo, mas soltei um grito surpreso
quando caí por sobre seu corpo e sei os lábios firmes reclamando os meus em
um beijo cheio de desejo.
— Está em japonês?
— Sim. – senti seus longos dedos em minha nuca, segurando meu cabelo
e me fazendo olhá-lo – Tome um banho comigo.
— Christopher, se continuar...
— Se você vai estar comigo, com certeza vai ser maravilhoso. – sorri e
senti seu selinho rápido.
— Não acredite muito nisso, esses almoços sociais não são nada
emocionantes.
— Uma mulher muito bonita, meu caro. – o senhor olhou para mim – Sou
Mark Chapman e esta é minha esposa Marisa.
— Por que diz isso? – perguntei curiosa por saber como eram as coisas
antes de eu aparecer.
Olhei para ele que já se levantava apertando a mão dos dois homens e
puxando a cadeira de modo cavalheiresco para mim. Ajeitei meu vestido,
levantando devagar e acenei para todos dizendo que foi um prazer conhecê-
los. Senti a mão de Christopher na base da minha coluna quase sobre minha
bunda, talvez ele estivesse mesmo querendo ter certeza de que o que eu
coloquei em seu bolso era realmente minha calcinha. Dei o braço a ele e
saímos sob os olhares das mulheres que não faziam a menor questão de
esconder seu interesse pela figura masculina ao meu lado e paramos na
entrada do restaurante enquanto esperávamos o manobrista trazer o carro.
Christopher se virou de frente para mim me olhando com os profundos olhos
castanhos e as pupilas dilatadas.
— Ainda não consigo acreditar que o que está no meu bolso seja sua
calcinha. – sua voz tinha um tom ainda mais rouco que o habitual.
— Fico satisfeito que estou sendo o homem a ter esse privilégio. – senti
seu corpo rígido contra o meu e um beijo logo abaixo da minha orelha me
provocando arrepios.
— Diga que não ficará desfilando pelas ruas de Nova York sem calcinha.
– notei os nós dos seus dedos ficarem esbranquiçados revelando a força com
que segurava o volante.
Mordi meu lábio inferior e deixei que ele me levasse até a 5th Avenue,
um pouco contrariado a princípio por eu não estar usando roupa íntima. Ele
parou o carro na beirada da calçada e eu me inclinei para lhe dar um beijo
calmo que logo se tornou algo devorador quando Christopher pressionou
minha boca contra de ele. Ofegantes, nos afastamos e vi seu olhar escuro
sobre mim fazendo com que eu estremecesse de desejo.
— Pense, vou querer que ponha em prática assim que chegar. Eu não me
demoro.
Saí do veículo com cuidado e acenei para ele assim que o vi arrancar com
o carro novamente pelas ruas movimentadas de Nova York. Comecei a
procurar em minha bolsa o papel onde eu havia escrito o nome das lojas
infantis que Karin me indicara. Tentei ignorar a sensação estranha por estar
sem calcinha e me concentrei em minhas compras. Passei grande parte da
tarde andando de loja em loja comprando roupinhas e sapatinhos para Emma,
até que decidi fazer uma surpresa para Christopher. Aquele dia ainda seria
mais interessante. Eu sabia que ele estava excitado com a ideia de eu estar
sem calcinha e chegaria ao hotel louco para saciar seus desejos mais
selvagens.
— Tem noção do que eu passei por causa disso? – ele perguntou sem tirar
os olhos de mim e eu apenas balancei a cabeça negativamente – Pois eu vou
te dizer: precisaram chamar minha atenção pelo menos cinco vezes durante a
reunião. – ele deu mais um passo, com movimentos lentos como os de um
felino – Tudo porque fiquei pensando em você desfilando por aí sem nada
por baixo.
— E o que seria?
— Você.
Essa última palavra foi pronunciada quando ele estava cerca de dois
passos de distância o que facilitou para que avançasse em minha direção e me
puxasse pela cintura, chocando nossos corpos e tomando meus lábios em um
beijo cheio de desejo. Gemi sentindo sua língua abrir passagem e cedi à
vontade que estava sentindo durante todo o dia. Agarrei-me aos seus ombros
apertando-os e sentindo os músculos firmes enquanto a mão dele deslizava
diretamente para minha bunda pressionando minha barriga contra sua ereção.
Christopher perdia totalmente o controle quando estava comigo e isso me
deixava ainda mais satisfeita por saber que um homem como ele me desejava
com toda aquela intensidade.
Joguei a cabeça para trás gemendo seu nome e senti a leve mordida no
bico do meu seio. Meu corpo todo estava arrepiado e eu agarrei com força os
cabelos dele. Sentia como se estivesse a ponto de explodir, minha intimidade
já estava pronta a latejava em desespero para ser preenchida. Gemi quando
senti os lábios sugando meu mamilo e me arrepiei arqueando mais em
direção àquela boca experiente.
A sensação era maravilhosa, o sexo com ele era incrível e meu corpo
estava completamente viciado. Gritei seu nome quando atingi o orgasmo e
senti o membro dele enterrando novamente chegando ao clímax junto
comigo. Christopher afundou o rosto no vão do meu pescoço e eu senti sua
respiração quente e acelerada contra minha pele. Ficamos em silêncio, por
um ou dois minutos, apenas ouvindo a respiração do outro se acalmar
lentamente.
— Eu não sei. – balancei a cabeça – Tudo tem sido diferente desde que te
conheci.
— Fico satisfeito que tenha sido eu a ter esse privilégio, porque serei o
único. – o comentário possessivo me fez estremecer. O que será que queria
dizer? Será que tinha intenção de ficar comigo por muito tempo?
A sua voz soou ainda mais rouca que o normal, ele estava apreciando e eu
observava cada reação enquanto massageava seus ombros sentindo a pele
aquecer com o contato. Desci um pouco as mãos pela lateral do seu corpo até
sua cintura passando os dedos por sobre a tatuagem e subi novamente pelo
meio das suas costas. Comecei uma massagem fazendo movimentos
circulares com os polegares enquanto ele gemia satisfeito de olhos fechados.
O aroma da menta se espalhava pelo ar deixando o clima ainda mais
relaxante. Eu queria poder cuidar dele, tirar o estresse do seu corpo, fazer
com que dormisse mais tranquilo. Christopher estava sempre com a
expressão rígida, os olhos frios e movimentos completamente controlados.
Ele era um poço de autocontrole, deixando-o de lado apenas durante o sexo.
Para mim era satisfatório vê-lo daquela forma quando estávamos juntos,
Christopher parecia um animal cedendo aos seus desejos primitivos enquanto
me possuía, mas fora da cama ele era sempre um CEO pronto para resolver
todas as suas questões de negócios.
— Isso. – confirmei lembrando que todos sabiam que era eu que estava
no quarto com o poderoso Vielmond – Pode me mandar um belo vinho que
combine com a refeição? – pedi mordendo o lábio em seguida já que não
sabia nada sobre vinhos e não contava com a ajuda experiente de Christopher,
tentando não parecer uma idiota.
— O que faz aqui fora? – perguntou com a voz rouca um pouco sonolenta
– Achei que ficaria na cama comigo.
— Pedi o jantar, espero que não se importe. Coloquei uma roupa porque
precisava atender à porta.
— Pode falar. – olhei para ele sentindo um frio na barriga receosa de que
tudo voltasse a ser como era antes.
— Entendo.
— Acho Karin muito sentimental, ela pode achar que fizemos tudo nas
costas dela e ficará chateada. Quero evitar esse tipo de confusão para nós
dois.
— Sim, eu acho melhor mesmo. Na verdade, não quero que ela pense que
eu estava aqui me divertindo com você enquanto ela cuidava da minha filha.
— Então vamos agir com cautela para parecer que tudo aconteceu de
maneira gradual. – ele esticou a mão para mim e eu a segurei – Por isso
precisamos ficar longe dos carinhos em público quando estivermos em
Seattle, os meus passos são sempre vigiados por lá, senão estaremos
estampando jornais e revistas e não adiantará de nada o nosso esforço.
Ninguém sabia quee eu estaria em Nova York, então nossa liberdade aqui foi
muito maior.
— Você não viu nada ainda, querida. – aquele sorriso lateral teve um
efeito instantâneo em mim refletindo em minha intimidade.
— É bom ter vocês de volta, Lisa. Preciso que me conte sobre a viagem.
Sinto tanta saudade de Nova York!
— Fico feliz que a viagem tenha corrido bem. – ela esfregou o braço do
irmão – Vocês devem estar cansados. Eu pedi para Beth preparar uma sopa
para o jantar, acho que é uma ótima refeição para vocês que acabaram de
chegar e estão enfrentando as consequências da mudança de fuso horário.
— Tinha cada coisa tão linda, a minha vontade era de trazer tudo, mas
Emma iria crescer antes que tivesse tempo de usar todas as roupas. – dei uma
risadinha.
— Isso é verdade, mas enfeitar aquela bonequinha não faz mal. Cuidar
dela esses dias me deixou ainda com mais vontade de ser mãe.
— Seu momento vai chegar, Karin. Tenho certeza que você será uma
mãe maravilhosa.
— Você acha, Lisa? Às vezes penso que não saberia lidar com os meus
filhos entende? Cuidar do filho dos outros é mais fácil.
— Não fale isso, quando você se descobrir grávida, vai se apegar a ideia
de ser mãe e não vai querer saber de outra coisa.
— Eu não quero comentar nada com meu irmão, mas comecei a namorar
um rapaz e quero trazê-lo aqui no meu jantar de aniversário.
— Entendo, não se preocupe. Não vai ser de mim que ele ficará sabendo
de alguma coisa.
— Perfeitamente. Quando vim para cá, me senti perdida, sem ter algo
com que ocupar meu tempo e fiquei muito agradecida por ter substituído a
secretaria do seu irmão, me ajudou muito. Só foi um pouco complicado ficar
longe de Emma, mas estou me acostumando.
— Eu sei que como não tenho filhos, para mim é mais fácil dedicar o
tempo a esse novo trabalho.
— Acho uma ótima oportunidade, tenho certeza de que você vai adorar.
— Sim, ficar com ela esses dias me fez criar o hábito de verificar as horas
e monitorar tudo. – ela riu – Quero poder continuar ajudando.
— Claro, sua ajuda é sempre bem vinda! Até porque, preciso voltar para
a empresa e eu ainda posso contar com você certo?
Beth nos chamou para jantar e eu fui até à mesa me perguntando onde
Christopher estava. Ele apareceu em seguida usando uma calça jeans de
lavagem clara e uma camisa preta simples. O vi se acomodar à cabeceira da
mesa e me limitei a direcionar minha atenção para meu prato com medo de
ser traída pelo meu olhar e sua irmã começasse a notar alguma coisa.
O silêncio que se seguiu me fez correr dali sabendo que a ligação tinha
sido encerrada. Christopher não estava mais com Sienna, havia terminado
tudo e alegara ter outra mulher. Sorri sabendo que só poderia ser eu, seria
trágico demais pensar que havia alguém em sua vida a qual eu desconhecia.
Não, claro que não. A mulher que ele citara era eu, afinal, Christopher disse
que agora tínhamos uma relação séria.
— Bom dia.
— Aceito sim.
Seu olhar significava que ele não estava me oferecendo e sim ordenando
que eu o acompanhasse. Mais uma vez Karin o olhou como se ele tivesse três
cabeças achando estranho que ele me chamasse para ir para a empresa já que
antes fazia questão de que eu fosse levada por Charles. Christopher não
percebeu ou ignorou os olhares da irmã e eu me levantei pegando minha
bolsa me despedindo de Karin e lembrando à ela que podia me ligar a
qualquer hora caso precisasse.
— Não via a hora de irmos para empresa. – ele disse apertando minha
coxa levemente.
Ele recolheu a mão e voltou a pousar no volante à sua frente fazendo meu
corpo vibrar com aquela descoberta, mas tentei ignorar os efeitos. Ouvi-lo
falar sobre Emma me fez pensar na sua distância em relação à ela.
Christopher nunca fazia menção de tentar se aproximar, nem pegá-la no colo
uma única vez. Realmente era como se não houvesse um bebê naquela casa.
Mordi meu lábio sabendo que aquilo me incomodava um pouco e fazia com
que eu me perguntasse por que ele tinha tanta aversão à minha filha ou a
bebês em geral. Mesmo que uma pessoa não gostasse muito de crianças, pelo
menos interagia com alguma ainda mais se estivesse morando na mesma
casa, salvo o fato de que a mansão era tão grande que Christopher poderia se
manter distante de Emma sem nenhum problema.
Fiquei tão distraída com meus pensamentos que só me dei conta de que
estávamos chegando quando o carro entrou no estacionamento do edifício da
Vielmond Enterprises. Christopher parou o carro em sua vaga especial com
maestria e desligou o motor, eu ameacei sair, mas senti a mão firme em torno
do meu braço.
Ele desceu do carro e abriu a porta para mim. Ali estávamos livres dos
olhares curiosos, mas formos até o elevador sem nos tocar, apenas
caminhando lado a lado. A porta de aço se fechou e Christopher colocou as
mãos nos bolsos, com certeza não seríamos os únicos ali e a cada andar
pessoas iam entrando e cumprimentando-o de maneira educada meneando a
cabeça em minha direção. Quando chegamos ao último andar, onde ficava a
presidência, estávamos novamente sozinhos no elevador e Christopher
deslizou a mão pelas minhas costas até minha bunda quando eu comecei a
caminhar para a recepção.
Aproveitei para ligar para Karin e perguntar sobre Emma que estava bem.
Liguei para minha tia e a mantive informada de como estavam as coisas, é
claro que preferi omitir minha relação com Christopher. A deixei tranquila
dizendo que estava esperando terminar meu trabalho como secretária para
convidá-la para me visitar, já que assim eu teria mais tempo. Levantei da
minha mesa e ajeitei a saia procurando retocar o batom antes de sair para o
almoço. Como Christopher não disse nada sobre passar aquele tempo
comigo, julguei que ele ainda estava em reunião e decidi descer para comer
algo no restaurante do outro lado da rua.
Eu queria confrontá-lo, mas aquele não era o momento. Sabia que ele
tinha uma reunião em poucos minutos e fechei os olhos assim que entrei no
elevador respirando fundo. Então ele não saiu para almoçar porque estava
com aquela vagabunda. O pior é que esperou eu sair do edifício para chamar
aquela loira descarada para lhe fazer uma visitinha. Quando as portas de aço
se abriram, eu caminhei a passos largos e larguei a sacola no chão
completamente frustrada por ter comprado um vestido pensando nele
enquanto estava em sua sala se divertindo com outra.
Eu achei que ele fosse comentar alguma coisa, mas acho que apenas
achou estranho o tom da minha resposta e preferiu se calar. Após parado
cerca de cinco segundos, ele ajeitou o paletó e se encaminhou para o
elevador. Quando sua imagem atraente sumiu por completo, fechei os olhos e
respirei fundo tentando não me culpar. É claro que Christopher poderia ter a
mulher que quisesse, inclusive muitas que tinham muito mais classe que eu.
Então por que eu achava que ele realmente fosse ficar somente comigo?
Apoiei os cotovelos sobre a mesa e a cabeça nas mãos. Droga, por que nada
dava certo para mim? Estava tão feliz, Christopher parecia gostar de mim, o
que estava fazendo de conversa e sorrisos com aquela mulher? Por que ela se
atrevera a dar um beijo no canto dos lábios?
— Você me viu em frente ao edifício? – sua voz era tranquila, sem alterar
o tom.
— É claro que não, Lisa! Mas com certeza agora você está interpretando
errado.
— Me diz que outro tipo de interpretação tem um o beijo que ela te deu
no canto da boca? – mantive meu queixo erguido e as mãos na cintura.
— Lisa, Sienna e eu ficamos juntos por três meses. Minha relação com
ela era uma amizade que acabou se tornando algo mais, e quando digo isso,
quero dizer sexo. Eu não estou apaixonado por ela, nunca tivemos nada sério.
Sim, o beijo foi no canto da boca, Sienna estava se despedindo de mim. Sei
que não é uma situação confortável e não vai se repetir. Ela veio aqui na hora
do almoço e eu conversei pessoalmente com ela sobre o fim do nosso caso.
— Eu não gosto da maneira atrevida que ela te olha, como segura seu
braço, é como se você fosse propriedade dela. E eu não quero ter que ver essa
mulher agarrada ao seu pescoço.
— Eu não quero que você me faça de boba, somente porque era uma
simples professora e não fui criada nesse mundo da alta sociedade não
significa que eu seja burra.
Ele venceu a distância entre nós e segurou meu rosto com ambas as mãos.
Seu olhar era intenso e caloroso, eu não consegui desviar meu olhar daquele
par de olhos castanhos. Inspirei sentindo a fragrância forte dele e segurei seus
braços, com mais força do que Sienna me convencendo de que aquele homem
fazia parte da minha vida agora.
Eu assenti antes de sentir mais uma vez os lábios dele nos meus, dessa
vez apenas um selinho. Olhei para ele e Christopher deslizou a ponta dos
dedos no meu rosto, passando o polegar no meu queixo.
Ele me olhou mais uma vez antes de se virar e ir para sua sala. Sentei na
cadeira extasiada com as sensações que Christopher era capaz de me
provocar. Eu estava completamente irritada e no momento meu corpo todo
estava quente e a única coisa que eu pensava era nele, deixando de lado todas
as mulheres que poderiam nos assombrar. Por maior que fosse a fama dele
em relação à quantidade de conquistas, eu conseguia confiar de que
ficaríamos juntos sem nenhum tipo de ameaça. Passei o resto da tarde
trabalhando e tendo a certeza de que dali em diante tudo ficaria ainda melhor.
Como combinado, fui para casa junto com Christopher. Ele voltou a
deslizar a mão atrevida pela minha coxa e eu estremeci. Era delicioso estar
com ele, ver seu sorriso e a maneira como me olhava. Desci do carro
ajeitando meu vestido e notei o olhar dele sobre mim.
Christopher nem mesmo foi até a sala de estar falar com a irmã, subiu as
escadas provavelmente indo para o seu quarto. Tentei ignorar aquele detalhe
onde mais uma vez ele me deixava sozinha com Emma e se trancava em
algum lugar. Minha filha sorria me olhando esticando os braços e a peguei no
colo, me sentando no sofá e deixando-a sentada sobre minhas coxas.
— Lisa, já disse que é um prazer cuidar dessa menininha. – ela deu mais
uma colherada da papinha.
Dei um leve beijo na cabeça de Emma e subi para meu quarto. Respirei
fundo quando senti a água do chuveiro deslizando sobre meu corpo me
fazendo relaxar. Sorri e peguei a esponja cor de rosa, colocando um pouco do
sabonete líquido de cereja e deslizando sobre minha pele em seguida. Inclinei
a cabeça para trás e comecei a deslizar a esponja pelo me pescoço adorando o
toque suave e o aroma que tomava conta do ambiente. Senti duas mãos fortes
me agarrando por trás e soltei um grito assustada antes de ouvir a voz de
Christopher me tranquilizando.
— Relaxe, Lisa. – sua boca estava bem próxima ao meu ouvido – Não
aguentei esperar até o final do jantar, te vi entrando no quarto e vim atrás.
Dediquei minha atenção à parte superior do seu corpo e pedi para que se
virasse. Christopher exibiu as costas largas, a cintura fina e as nádegas
rígidas. Definitivamente ele era um deleite para meus olhos e eu jamais me
cansaria de admirá-lo. Passei a esponja por suas omoplatas, descendo devagar
até a base de sua coluna e em seguida deixei a esponja de lado deslizando
minhas mãos por todo seu corpo. Christopher gemeu quando o abracei por
trás e desci até o seu membro pulsante. Comecei uma leve carícia que logo se
tornou mais intensa e gemidos roucos começaram a escapar de sua garganta.
Ele era o tipo de homem que despertava os maiores desejos e a libido de
qualquer mulher e obviamente comigo não seria diferente.
Eu gostava de saber que era o motivo do prazer dele, ouvir meu nome
sussurrado de maneira rouca entre um gemido e outro, vê-lo chegar ao ápice
do prazer enquanto eu saboreava a sensação de observá-lo perder o controle.
Aquele era o Christopher homem, um animal selvagem capaz de me envolver
e esquecer completamente o pudor. Eu adorava o contraste entre sua imagem
de CEO e a que eu tinha agora dentro do meu boxe. Os gemidos ecoavam
pelo banheiro e sua respiração ofegante se tornava cada vez mais pesada.
Deslizei minha mão rapidamente, apertando a base do seu membro e
Christopher chegou ao clímax, urrando de prazer e jogando a cabeça para trás
me deixando tão satisfeita quanto ele.
— O que houve?
— Será um ótimo lugar para sermos visto juntos. Não é tão romântico
quanto um jantar, acho que é o tipo de encontro ideal para uma primeira
aparição. Podemos trocar olhares, sorrisos, e eu serei um cavalheiro.
— Você pensou em tudo. – levantei e fui até ele que me recebeu em seu
corpo.
— O que você acha? – senti uma leve carícia no meu rosto – Quando se é
alvo da mídia, todo cuidado é pouco. Não quero dar motivos para que pensem
que você está se aproveitando de mim ou que temos algum tipo de caso.
Quero que especulem um relacionamento, mas que seja visto como algo
sério. As pessoas precisam ver que gostamos da companhia um do outro e
não apenas que pensem que está tudo fundamentado no sexo.
O quarto era sóbrio, quase todas as paredes eram brancas, com exceção
de onde ficava a cama, que tinha um tom pastel. Os lençóis eram azul
marinho e havia dois travesseiros, um de lado. Sorri satisfeita com o visual e
olhei para um lado, onde duas grandes portas de correr com puxador prateado
indicavam o closet, uma TV de frente para a cama pendurada na parede
ficava sobre um móvel branco que continha alguns aviões em miniatura e
uma pilha com três livros. Do lado oposto ao closet ficava um divã azul
escuro e ao lado uma pequena estante de livros. A porta da varanda estava
fechada sendo coberta por uma cortina também branca que deixava o
ambiente claro e aconchegante.
Uma bela pintura do mar ficava sob a cabeceira da cama e eu sorri diante
da beleza e sobriedade daquele cômodo. Era realmente no estilo dele e eu
imaginei como seria dormir pela primeira vez naquele quarto. Christopher
estava sentado em uma poltrona no canto do quarto com um Macbook no
colo, mas desviou sua atenção quando me viu.
— Já estava achando que você não viria.
— Como vamos explicar que lhe daremos um presente à ela juntos? Acho
que sua irmã vai estranhar.
— É só eu contar que pedi sua ajuda e ofereci para que fosse nosso
presente de aniversário para ela. – senti um beijo calmo em meu ombro.
— Lisa, que bom que desceu. Eu estava prestes a roer minhas unhas.
— Relaxe, vai dar tudo certo. Se você o escolheu como namorado, é sinal
de que é um rapaz legal e Christopher vai gostar dele.
— Sabe, Lisa, pode parecer besteira eu com vinte e quatro anos ainda
precisar ficar nervosa por conta de um namorado, ainda mais em relação ao
meu irmão. Mas é que desde que nossos pais faleceram, Christopher tem sido
minha referência e eu tenho bastante respeito por ele.
Ela sorriu para mim e voltou a torcer os dedos em seu colo parecendo
uma adolescente que ia apresentar o namorado ao pai. Para mim, aquele tipo
de reação mostrava o quanto Karin respeitava o irmão e o quanto a família
para ela era importante. Ficamos em silêncio, eu preferi não incomodá-la e a
vi suspirar parecendo aliviada quando Christopher entrou na sala de estar
indo até o bar se servir com alguma bebida. Ele estava vestido com uma calça
social preta e uma camisa também social verde musgo com as mangas
enroladas até os cotovelos. Estava simples e extremamente sexy e me remexi
inquieta no sofá sentindo o quanto ele me afetava.
— Simplesmente lindo. Lisa, você tem muito bom gosto. – ela respondeu
me olhando.
— Que bom que chegou, David. – ela tentou manter a voz firme e eu
desviei meu olhar para ver Christopher que tinha adotado a postura de um
CEO – Quero te apresentar à minha família. Este é meu irmão Christopher e
esta é Lisa Harper, ela se tornou uma prima para mim. – ela bateu os longos
cílios piscando de maneira afetiva – Esse é meu namorado David Brooks.
— Muito prazer.
Karin achou estranho ver o irmão falando que pretendia me levar para
sair, mas se calou. Com certeza ela achava que não era o momento de
perguntar nada a ele. Beth anunciou a chegada de um casal. Ela era magra e
esguia, com os cabelos ruivos cortados na altura do pescoço e o homem
também era magro, completamente careca e grandes olhos azuis. Estavam
bastante elegantes e cumprimentaram a todos com simpatia. Fui apresentada
a eles e descobri que eram um casal, Marsha e Philip havia se casado há
pouco tempo e ela estava esperando o primeiro filho, ainda no início da
gravidez.
Bati na porta, mas como não houve resposta, entrei devagar colocando
apenas a cabeça para o lado de dentro. O vi sentado em sua cadeira de couro
em completo silêncio, mas seus olhos castanhos se fixaram em mim e ele fez
um leve aceno com a cabeça me dando permissão para entrar. Aproximei-me
devagar até chegar perto de sua mesa e deslizei os dedos sobre a borda.
— Karin escondeu de mim que estava namorando, Lisa. – sua voz saiu
baixa com uma pontada de incredulidade – Ela deveria ter me dito, preciso
saber se o cara que está com minha irmã não é nenhum canalha.
— É difícil para mim. Desde que nossos pais faleceram, eu tenho sido
uma espécie de pai para Karin já que nosso avô morava em outro estado. É
normal que eu me preocupe.
— Mas não existe motivo, ela está feliz. Os dois ficam juntos e trocam
sorrisos, é lindo de se ver. Sinto até inveja.
— Em ter alguém do lado, para poder andar de mãos dadas, essas coisas.
– o vi se levantar e ficar de pé na minha frente exibindo seus mais de um
metro e oitenta.
— Você não precisa ter inveja disso, nós dois em breve estaremos
fazendo o mesmo. E não pensa que esqueci que quero te levar à uma galeria,
talvez seja uma boa ideia ir até a galeria desse tal de David.
Ele sorriu para mim e fez com que eu sentasse sobre a mesa e capturou
meus lábios em um beijo sedento. Christopher me suspendeu e aproveitou as
mãos em minha cintura para me manter o mais próxima possível. Era louco
como nós nos completávamos, como nossas bocas se encaixavam e tudo era
deixado de lado quando estávamos juntos. Senti uma das mãos dele deslizar
até a minha lombar e senti que era inclinada pra trás. Christopher me beijava
com paixão, sua língua explorava toda minha boca e eu soltei um gemido ao
sentir sua ereção quando ele levantou meu vestido até que nossos quadris
ficassem grudados.
Uma batida na porta não foi suficiente para que nós nos afastássemos,
estávamos sedentos um pelo outro e meu corpo vibrava implorando por ele.
Christopher seria capaz de transar comigo ali sobre a mesa, nossas
respirações estavam ofegantes e nossos corpos ainda mais quentes. Agarrei
seus cabelos com força e os apertei com vontade, mantendo o corpo perto do
meu e sentindo a língua experiente explorar toda a minha boca. Senti o toque
dele em minha coxa, deslizando até a mão o elástico da minha calcinha,
agarrando-a sem nenhum pudor e puxando-a para baixo, porém algo o
impediu de continuar. Uma voz assustada ecoou em nossos ouvidos e eu senti
meu corpo todo tencionar.
— Christopher?! Lisa?!
— Eu vim avisar que o jantar vai ser servido, achei que estivesse sozinho.
— Pois já viu que não estou. – passou a mão nos cabelos tentando
recuperar o fôlego e fechou os olhos.
— Vocês estão juntos?
Ela perguntou, mas estava claro que não era necessária uma resposta e eu
desci da mesa temendo o que Christopher fosse responder. Será que ele iria
omitir da irmã que tínhamos uma relação há alguns dias? Fiquei de pé e não
me atrevi a olhar para Karin, preferi abraçar o meu próprio corpo e olhar para
o chão temendo ser julgada. Que espécie de mulher eu era? Era
completamente desinibida quando estava com Christopher, mas me sentia
envergonhada por ter sido flagrada daquela forma sobre a mesa dele.
— Mas eu não tenho quinze anos, Chris. – ela continuava na mesma pose
enquanto eu assistia a conversa dos irmãos – David é um homem gentil, sei
que gosta de mim e poderia até mesmo dizer que acho que um dia iremos nos
casar.
— Tudo bem, mas não demorem. Quero todos à mesa. Ainda não digeri a
situação, estou mega surpresa.
— Nunca passei por nada parecido, Christopher. E ser flagrada justo pela
sua irmã tornou tudo ainda pior.
— Relaxe, Lisa. – o polegar deslizou pelo meu queixo sem pressa – Pelo
menos não precisamos mais esconder. Vou marcar um dia para irmos até a
exposição, quero sair ao seu lado.
— Às vezes acho que tudo isso é um sonho. Você parecia sentir raiva de
mim.
— Eu sei, Lisa. – a mão deslizou até minha nuca – Mas eu não pensava
assim. Você era uma desconhecida que tinha herdado uma parte da fortuna da
família. – seus lábios pressionaram os meus como se quisessem tirar de mim
todo aquele sentimento que me incomodara.
Senti deslizar a mão até a curva das minhas costas e me conduzir para
fora de seu escritório. O acompanhei satisfeita por não precisar esconder mais
nada dentro daquela casa, apesar da vergonha que sentia pela cena que
protagonizamos na frente da irmã dele. Todos já estavam em seus lugares e
Christopher puxou a cadeira para mim na ponta da mesa do seu lado direito,
se ajeitando na cabeceira da mesa em seguida. Karin sorriu e agradeceu a
presença de todos, especialmente de seu novo namorado. David fez um
brinde à ela dizendo o quanto era especial e eu sorri diante daquele gesto
romântico. Nunca me envolvi com nenhum homem que julgasse importante
certos detalhes, que me mimasse e me olhasse como se eu fosse a única
pessoa no mundo. Sabia que não podia esperar isso de Christopher, ele era
um CEO sempre tão impassível e controlado, que eu achava difícil que
romantismo fizesse parte do seu jeito de ser.
— Não foi nenhum pecado. É meu escritório, podemos fazer o que quiser
nele. Nós apenas não ouvimos Karin bater na porta.
— Tenho medo do que ela vai pensar sabe? Que talvez eu seja uma
mulher fácil que pulou na cama do irmão dela na primeira oportunidade.
— Mas não deu pra evitar sentir um pouco de vergonha quando me sentei
à mesa.
— Bom dia. – cumprimentou-me com sua pose de CEO, mas seu olhar
era de completa luxúria – Assim que Olivia chegar, peça para que ela vá até
minha sala.
— Sim, herdei uma parte das ações. – respondi sabendo que não era mais
segredo para ninguém.
— Fiquei surpresa e muito feliz também. Agora que estou de volta acho
que você vai ter um cargo importante aqui na empresa, certo?
— Bem, eu ainda não sei ao certo qual será minha função aqui, mas fico
feliz que você tenha voltado e eu adoraria continuar conversando, mas o Sr.
Vielmond quer que você passe na sala dele. Eu vou avisar que acabou de
chegar.
— Sr. Vielmond, Olivia acabou de chegar. Posso pedir para que entre?
— Lisa, o Sr. Vielmond pediu para que vá até a sala dele enquanto eu
fico em seu lugar. Vou tratar de olhar os compromissos dele para o horário da
tarde.
— Vem cá, Lisa. – ele se levantou fazendo a sala parecer ainda menor e
se aproximou de mim – Por que está me olhando dessa maneira? – perguntou
e eu me recriminei por estar aparentando minha tristeza.
— Eu estava pensando no que farei agora que não sou mais sua
secretária. – senti os braços fortes envolvendo minha cintura e mantendo
nossos corpos grudados.
— Às vezes acho que tudo isso é um sonho. – uni minhas mãos em sua
nuca agarrando os cabelos curtos entre os dedos – Achei que o que eu sentia
nunca seria recíproco.
Senti a pressão dos lábios dele contra os meus fazendo com que eu
gemesse e me entregasse. Abri um pouco a boca deixando que a língua
possessiva explorasse cada canto enquanto meu corpo saboreava o prazer de
estar novamente em seus braços. A sensação de ser dominada por cada
palavra, cada gesto, se tornava cada vez mais excitante para mim deixando
todas as barreiras erguidas no passado, serem derrubadas com cada avanço
que fazíamos naquela relação. Agora eu sabia que seria capaz de fazer tudo
com ele, porque entre quatro paredes todo o pudor era esquecido.
Christopher aproveitou que uma de suas mãos estava sobre minha bunda
e pressionou meu quadril contra o dele fazendo com que eu sentisse sua
ereção poderosa contra minha barriga. Gemi mais uma vez e ouvi o suspiro
rouco que indicava o quanto estava excitado. Senti a leve mordida em meu
lábio inferior e passei a língua em seu lábio superior. Ambos estávamos
ofegantes, os corpos pulsando num mesmo ritmo e minha intimidade cada
vez mais úmida e pronta para recebê-lo.
Foi com pesar que nos afastamos. Christopher segurou minha cintura e
me olhou nos olhos, com o castanho de sua íris escurecido por trás dos cílios
finos. Sua boca estava avermelhada e eu toquei seus lábios com as pontas dos
dedos, deslizando-os devagar admirando os contornos masculinos.
— Eu vou para casa assim que sair, não vou almoçar na rua. – ajeitei sua
gravata alinhando-a perfeitamente.
— Eu vou deixá-lo ir até lá e subir para meu quarto. – disse a ele, mas
Christopher não hesitou, apenas segurou minha mão com um pouco mais de
força e me levou com ele de maneira decidida.
— Acho que não temos nada para conversar. – ele foi firme ainda
segurando minha mão – Não há motivos para vir até minha casa, Sienna.
— Eu fiquei sabendo que sua irmã estava namorando o dono da Galeria
Brooks e a encontrei lá. Expliquei para ela que tinha algo importante para te
dizer e Karin me trouxe até aqui. – a loira falou e sua voz pareceu ainda mais
irritante ao vivo.
Sienna levantou e retorceu o lenço em sua mão. Ela havia chorado, seus
grandes olhos azuis agora avermelhados assim como seu nariz fino e
arrebitado. Ela usava um elegante vestido verde claro que ia até os
tornozelos.
— Por que está com essa? – ela apontou para mim olhando com desdém
– Espero que não tenham planos de se casar, porque tenho uma notícia
importante para dar.
— Antes que fale qualquer coisa, pense bem antes de se referir à minha
mulher da próxima vez.
— Saia da minha casa. – ele soltou minha mão e falou tentando manter
seu autocontrole.
A voz grave dele vibrou por toda a sala eu recuei dando um passo para
trás tamanho o susto. Sua pele começou a adquirir um tom avermelhado e
uma de suas veias começava a sobressair em sua garganta. Christopher
definitivamente perdeu todo o controle e eu não conseguia entender o motivo.
Estava expulsando a suposta mãe do seu filho. Mas por quê?
— Saia da minha casa. E nunca mais pise aqui novamente. Não sou
nenhum otário que vai cair no golpe mais antigo do mundo.
— Suma, Sienna!
Ele disse aquilo com a voz ainda mais rouca e nem mesmo olhou para
mim ou Karin, apenas deu meia volta subindo as escadas e desapareceu
provavelmente indo se trancar no próprio quarto. Sienna parecia
envergonhada e saiu apressada carregando sua bolsa e o envelope em mão
praticamente correndo em direção ao carro. Ou ela estava mentindo sobre o
fato de estar grávida, ou a essa hora pensava no real pai do bebê. Olhei para
Karin que estava ainda com a mesma expressão chocada no rosto. Não me
atrevi a dizer nada, apenas olhei para o chão e passei a mão em um dos
braços. Ouvi o longo suspiro dela e levantei o olhar sem saber como agir.
— Eu não acredito que ele escondeu isso. – ela falou em um tom de voz
mais baixo que o normal – Christopher nunca me contou nada. Não sei
quando descobriu.
Apenas assenti sem saber o que fazer. Christopher era estéril. Jamais teria
passado algo desse tipo na minha cabeça e toda essa descoberta me fez pensar
no quanto ele estava sofrendo guardando isso apenas para si. Karin se virou e
voltou para a sala de estar provavelmente buscando refletir sobre o que
acontecera e eu olhei para escada sem ter certeza do que faria em seguida. A
passos lentos, comecei a caminhar até iniciar uma subida quase que pesarosa
degrau a degrau ainda em dúvida do que fazer.
Ele ficou quieto, sua respiração pesada, mas por fim cerca de mais ou
menos um minuto depois, esboçou alguma reação. Sem pressa, tirou as mãos
do rosto e levantou a cabeça focando os olhos castanhos agora sem brilho em
mim. Estavam avermelhados e os cílios molhados pelas lágrimas. A cena
partiu meu coração. Christopher estava com o rosto corado, os olhos inchados
molhados pelas lágrimas recentes. Tudo o que queria no momento era abraçá-
lo, mas precisava tirar de cima dele todo aquele sofrimento com uma
conversa esclarecedora.
— Estou aqui na sua frente, pronta para te ouvir desabafar. Eu sei que
você ainda precisa tirar esse peso de dentro de você.
— Você ouviu tudo, Lisa. Eu não posso ter filhos. – a voz saiu mais fraca
e mais rouca.
— Mas me torna menos homem do que outros. – ele passou a mão nos
cabelos de maneira inquieta.
— Claro que não, Christopher. – agarrei uma das mãos dele – Você não é
menos homem que ninguém.
— Quando minha noiva me deixou por eu não poder lhe dar filhos, eu
percebi que minha incapacidade seria um problema em qualquer relação que
eu pudesse ter. Foi a partir desse momento que decidi que não iria mais
namorar. Quando você apareceu e tudo aconteceu entre nós, eu colocava na
cabeça que poderíamos ter algo mais sério porque o dia que você descobrisse
que eu não poderia lhe dar filhos, você iria se conformar mais. Afinal, você já
é mãe.
— Não, Christopher. Não é por isso que aceito você. O fato de não poder
me dar filhos, teria outros caminhos aos quais recorrermos e mesmo se não
desse certo, ainda sim eu estaria ao seu lado. Porque eu adoro o homem que
você é, não me importa as dificuldades que existam.
— Não diga bobagens, Christopher. – levei a mão até seu peito no lugar
do coração e o senti batendo com força – É o valor que tem aqui. Você é uma
pessoa maravilhosa, eu posso dizer isso porque a cada dia conheço um pouco
mais sobre o homem por baixo dos ternos italianos. E não falo do seu corpo e
sim da sua alma. É dedicado, inteligente, protetor e intenso.
— Ia, mas não agora. Queria esperar até nossa relação estar mais sólida,
até eu ter certeza de que você não iria me deixar por causa disso.
— Não seja bobo. – levantei, me sentei em seu colo e Christopher não
protestou, envolveu minha cintura e me manteve por perto – Jamais ia deixar
de estar com você por conta disso.
Olhei para ele, mas não obtive mais nenhum diálogo. Enquanto o
observava, lembrei-me da maneira como ele sempre ignorou Emma e agora
todas as perguntas giravam em torno disso. Será que existia alguma relação
com sua esterilidade?
— Para mim é difícil, Lisa. Sei que poderia adotar quantas crianças eu
quisesse, mas é ruim saber que eu, como homem, não posso engravidar uma
mulher. Isso faz com que me sinta inferior.
— Não diga uma bobagem dessas. Você não é inferior a ninguém. Veja o
meu caso. – continuei passando os dedos pelos cabelos dele fazendo-o com
que ficasse menos tenso – O pai de Emma foi capaz de me engravidar, mas
quando teve de assumir o verdadeiro papel de pai, ele fugiu. Então eu não o
considero pai dela, o fato de ter participação na concepção não o torna pai.
Para mim, pai é quem cuida e dá amor.
— Foi difícil para você lidar com tudo sem a ajuda dele? Quando chegou
aqui você parecia bem.
— Acho que vou precisar aprender a conviver com Emma. Não pretendo
te deixar, Lisa. Sei que ela é sua filha e agora que você já sabe do meu
problema, acho que vou consegui lidar melhor com o fato. Só preciso
explicar a Karin porque escondi dela.
— Lisa, cada dia eu tenho mais certeza de que você é a mulher que quero
na minha vida.
Fiquei sentada em sua cama esperando até que voltasse ao quarto. Toda
aquela confissão fizera meu coração se abrir ainda mais para ele. Mais uma
barreira foi ultrapassada e eu me perguntava que tipo de sentimento era
aquele que eu estava experimentando. Amor? Não, não podia ser. A relação
com Christopher era tão recente, eu não podia estar apaixonada. Respirei
fundo tentando deixar de lado esses pensamentos e me concentrei no que
fazer de agora em diante. Precisava mostrar a ele que o fato de não poder
engravidar uma mulher não o tornava inferior a ninguém. Fiz uma nota
mental para perguntar outro dia sobre fertilização in vitro quando as tensões
desse dia tivessem sido dissipadas por completo.
— Parece que tirei um peso das costas agora que você sabe de tudo. –
pegou minha mão e beijou a palma com carinho – Me passou pela cabeça
algumas vezes contar tudo, mas o final sempre trazia imagens de você me
deixando.
— Eu nunca faria isso, Christopher. – levei a mão livre até seu rosto e
deslizei a ponta dos dedos em sua barba por fazer – Eu te acho o homem mais
incrível que já conheci e me sinto muito sortuda por estar com você. Por
algum tempo eu apenas podia te admirar de longe.
— Foi complicado negar para mim mesmo o quanto eu estava atraído por
você, até que não aguentei mais.
— Você está linda, Lisa. – senti segurar meu queixo e levantar um pouco
minha cabeça em sua direção – Acho que terei que ficar de olho, não serei o
único homem interessado em você naquela galeria.
— Achei que tivesse exagerado. – mordo meu lábio, mas ele puxou-o
com o polegar tirando-o da pressão dos meus dentes.
— Está perfeita. Gostei de te ver usando o colar que lhe dei. – o par de
olhos amendoados pousou mais no decote do meu seio do que propriamente
na jóia – Chama a atenção para um detalhe especial. – ele se aproximou da
minha orelha e sussurrou – Também acho que não serei o único a perder os
olhos entre seus seios.
— Christopher...
Chamei seu nome quase em um sussurro com medo de que Karin tivesse
nos ouvido e suspirei devagar. O vi se afastar um pouco e notei os dois
botões de seu colarinho aberto, dando uma deliciosa visão da base do seu
pescoço e o início de seu peitoral, onde despontavam uma pouca quantidade
de pelos que eu adorava. Karin se levantou e elogiou meu vestido. Ela usava
um modelo vinho de decote quadrado justo ao corpo e sandálias de salto fino
modelo gladiador da cor preta. Os cabelos pretos estavam amarrados em um
coque dando um ar mais clássico.
- Fiquei sabendo que o artista terá futuro. – ele comentou alisando minha
lombar em uma carícia quase imperceptível, notada apenas por minha
sensibilidade ao seu toque.
— Então nos encontramos lá. Até mais!
— Beth disse que cuidará de Emma. – disse para quebrar aquele silêncio
antes que eu desistisse de sair e me jogasse em seus braços musculosos e
protetores – Mas ainda fico preocupada estando longe dela assim. Tenho
passado muito pouco tempo com minha filha.
— Tenho certeza de que Beth vai cuidar muito bem dela. Tente relaxar,
Lisa. Garanto uma noite inesquecível.
Ele me puxara de um lado dizendo que notara pelo menos dois fotógrafos
atentos à nossa chegada e provavelmente estariam tirando fotos de nós dois
juntos para fundamentar as colunas de fofocas.
— Parece que vamos sair nos jornais de revistas como o mais novo casal
de Seattle. – ele passou um dos braços em torno da minha cintura e roçou os
lábios em minha orelha – Vou dar ainda mais motivos para terem certeza de
que estamos juntos.
Ele me beijou, não intenso como costumava ser, mas casto e carinhoso.
Com certeza não era bom provocar uma cena de dois amantes excitados no
meio do salão, mas o beijo havia sido para selar nosso compromisso diante de
todos. Após separar os lábios dos meus, ele me ofereceu o braço e começou a
caminhar comigo para observar as obras expostas, já que a exposição de
Dimitri seria somente às seis da noite.
Eram quadros em sua maioria abstratos, com cores fortes que chamavam
atenção. Uma das meninas devidamente uniformizadas começou a explicar
sobre a natureza da pintura, o que ela representava e no quanto era avaliada.
Christopher olhava com atenção para o quadro e eu apesar de não entender
muita coisa sobre arte, estava adorando ouvir a explicação. Era uma pintura
que representava o amor que transcendia o tempo. Olhei de esguelha para
Christopher me perguntando se algum dia ele me amaria. Isso fazia com que
eu me perguntasse o que eu estava sentindo no momento, todos os meus
desejos e o quanto ele significava para mim. Tentei pensar que era um
sentimento especial, mas amor, eu ainda achava que era cedo.
— Está gostando do passeio? – ele segurou meu rosto com a ponta dos
dedos e seu olhar me mostrava que eu era a prioridade daquela noite.
— Adorando. Nunca tinha visitado uma galeria de arte assim, tão calma e
organizada. Visitei algumas exposições quando morava em Bismark, mas
eram comunitárias, então estavam sempre muito cheias.
— Podemos visitar outras galerias quando você quiser. – senti seus lábios
roçarem os meus em uma leve carícia e me afastei – Venha, vamos ao salão
principal ver a exposição.
— A morena.
— Eu direi.
— Vamos jantar juntos, não queria falar nada antes porque quero que o
lugar seja uma surpresa.
Ele assentiu e pegou o cardápio à sua frente, correndo os olhos pela lista
até se decidir. Christopher fez o pedido de uma burrata and hot coppa para
entrada e como prato principal frutos do mar bouillabaisse. O garçom
assentiu e se afastou nos deixando sozinhos. Olhei para Christopher sentado à
minha frente com uma expressão tranquila, os lábios tentadores curvados em
um meio sorriso que me fez sorrir para ele.
— Não precisa fazer nada para retribuir o fato de eu não ter te deixado,
Christopher. Jamais faria algo assim. Estou descobrindo um lado meu que eu
ainda não conhecia.
— Qual?
Christopher esperou até que este se afastasse e pegou sua taça de vinho
levantando-a fazendo um convite silencioso para que brindássemos. Fiz o
mesmo e chocamos lentamente o cristal, sem desviar nossos olhares. Ele
girou o conteúdo escuro dentro da taça e sentiu seu aroma antes de provar um
pouco seu sabor. Percebi que ele movimentava o líquido dentro de sua boca
antes de engolir como um verdadeiro especialista em vinhos e sorriu para
mim.
— Beba, Lisa. Tenho certeza de que vai gostar. A safra está excelente.
— Nada em especial, eu disfarcei dizendo que não queria mais nada com
Cecile, que nós dois como um casal já não funcionava mais e decidimos
terminar.
— Um pouco.
Gentilmente, ele retirou o paletó e colocou este sobre meus ombros para
me proteger do vento. Vê-lo somente de camisa me fazia recordar de cada
traço daqueles músculos bem definidos. Ele me levou até um espaço menos
movimentado e ficou de frente para mim. Seus olhos estavam escuros e
brilhantes refletindo as luzes externas.
— Lisa... – sua voz estava mais rouca e transbordava ansiedade.
— Sei que agora não existe nenhum segredo entre nós e ainda sim você
aceitou continuar ao meu lado, espero te recompensar por tudo. – a voz dele
era suave, porém decidida.
— Eu não vou deixar você, Lisa. Da mesma forma que você está
confiando em mim, eu estou confiando em você. Às vezes sinto certo temor
de que mais para frente você mude de ideia e decida que quer um homem que
te dê filhos, que possa enfim curtir uma gravidez ao seu lado. Já que você não
pode experimentar isso quando engravidou da sua filha. – sua expressão era
dolorosa e seu olhar carregado de pesar.
— Não diga bobagens. – levei meu dedo aos lábios dele silenciando-o –
Eu não vou mudar de ideia e além do mais, podemos não ter filhos de
maneira tradicional, mas com todos os métodos hoje em dia, talvez a gente
consiga ter um bebê juntos.
— Eu sei, mas não é fácil. Às vezes leva muito tempo e não sei se com
meu problema, haja a possibilidade de fecundação, mesmo que artificial. – a
frase terminou quase em um sussurro – Por favor, não vamos falar disso.
Ele roçou no meu corpo mais uma vez e me beijou com vontade até sumir
de vez pelo corredor me deixando ofegante e cheia de desejo recostada contra
a parede. Respirei fundo e passei a mão em meu vestido, me recompondo e
fui em direção ao quarto de Emma. Ela estava acordada, mas quieta, o que
acontecia com frequência já que sempre foi calma e não chorava se não
tivesse um bom motivo. Agora que já estava acostumada ao seu quarto,
Emma não estranhava mais o lugar e quando despertava, sentia-se
verdadeiramente em casa. Aproximei-me dela e a peguei no colo
murmurando palavras de carinho vendo-a sorrir para mim cada vez mais
esperta e crescida.
— Estava começando a achar que você não viria mais. – sua voz tinha um
fio de irritação.
— Só quis ficar um pouco com Emma, não tenho tido muito tempo com
ela.
Ele colocou o iPad sobre o criado mudo e se virou de frente para mim
esperando enquanto eu me aproximava. Envolvi seu pescoço com os braços e
senti todo o calor que emanava de seu peitoral rígido. Christopher envolveu
minha cintura e me beijou de uma maneira apaixonada. Não consegui conter
o gemido ao sentir sua língua possessiva em minha boca e me agarrei mais a
ele pressionando os seios em seu peitoral. As mãos experientes deslizaram
por minhas costas parando em minha lombar pressionando meu corpo em sua
ereção.
— Ah, Christopher!
— Quanto tempo vai ficar lá? – comecei a alisar seu peitoral sentindo os
pelos finos sobre a palma da minha mão.
— Olivia vai com você? – perguntei sem conseguir esconder uma ponta
de ciúme lembrando a nossa viagem enquanto eu ainda era sua secretária.
— Você manipulou.
— Eu te queria, não achei que aqui seria o melhor lugar para investir na
nossa primeira vez. Não teríamos a privacidade que eu queria, então eu
inventei que precisava da sua companhia.
— Você não tem limites, Sr. Vielmond. – sorri me sentindo ainda mais
poderosa sobre ele.
Soltei uma risada sentindo ele me abraçar e virar o corpo sobre o meu,
beijando-me com paixão. Christopher parecia pronto para outra e eu senti o
calor do meu corpo aumentar novamente. Quando achei que não tinha mais
forças, ele me incendiava a ponto de não conseguir mais raciocinar e só
pensar no prazer que meu corpo tanto ansiava. Senti os lábios descendo até
meus seios e quando a boca experiente começou a me provocar, gemi ficando
excitada novamente. Christopher passou a língua ao redor do meu mamilo e
mordeu-o levemente, puxando-o entre os dentes e soltando devagar me
levando à loucura.
Sem perder tempo, senti minha cintura ser agarrada com força e fui
puxada para cima ficando de joelhos e com as mãos apoiadas no colchão. Eu
estava com a bunda exposta para ele e segurei os lençóis entre os dedos
sabendo o quanto aquela posição era erótica. Eu não tinha nenhum pudor
contra ele, nada seria capaz de me fazer parar e ao sentir a cabeça do membro
roçar minha intimidade molhada eu sabia que tudo o que eu queria era ser
preenchida por ele novamente.
— Foi perfeito. – foi tudo que consegui dizer antes de sentir meu corpo
ceder ao cansaço.
— Claro, Karin. Diga que lhe mandei lembranças e que assim que
pudermos, Christopher e eu voltaremos à galeria.
— Sabia que vi uma foto de vocês dois na Internet? Uau, Lis! Você
ganhou na loteria! Não estou falando da herança em dinheiro e sim do neto
gostoso do Henry. Desculpe minha sinceridade, mas esse tal Vielmond é um
pecado.
— Eu sei que sim. Ah, Jennifer, eu preciso confessar que estou cada dia
mais encantada com ele. – disse em um tom de voz baixo.
— Sabe, agora eu sei que não amei o Matthew. O que senti por ele era
uma paixonite de uma menina boba que se encantou com um cara bonito.
Depois que conheci Christopher eu vi a diferença entre um garoto e um
homem. Matthew era um imbecil que se achava o rei porque as meninas
viviam aos seus pés, eu fui uma das idiotas que se deixou levar, mas
Christopher é seguro, emana poder e não é só bonito, sabe dar prazer à uma
mulher. Não é velho, mas é experiente, parece dono do mundo. É delicioso
estar com ele.
— Logo vai aparecer o cara certo. Acredite, Jen. Agora preciso desligar,
tenho que falar com minha tia.
Caminhei até a varanda de seu quarto e fui até uma das espreguiçadeiras
acolchoadas e me recostei em uma das partes cobertas. Deixei sobre uma
mesinha a babá eletrônica e o celular e fechei os olhos aproveitando a brisa
fresca da primavera. Cochilei algumas vezes, mas acordava assustada um
pouco confusa sobre onde estava, mas logo me sentia tranquila reconhecendo
a varanda do quarto de Christopher. Entre cochilos, ouvi o toque de seu
celular e acordei sobressaltada, tateando a mesa em busca do aparelho. Sorri
ao ver o nome dele no visor e mordi o lábio contendo um sorriso.
— Como seria isso, Sr. Vielmond? – perguntei sem tirar o sorriso dos
lábios.
— Claro que não, Lisa. Esse quarto agora é nosso. – sua voz saiu mais
rouca e eu sabia que aquele era seu tom de voz sério – Eu iria achar
maravilhoso se você passasse a noite em minha cama mesmo que eu não
esteja nela. Me conforta saber que você está aí.
Assim que a babá eletrônica soou, eu deixei tudo sobre o balcão e subi
para ver Emma, ela chorava sem parar e eu sabia que aquele era o tipo de
pedido quando estava com fome. O som do seu choro saía diferente e era
fácil de ser interpretado. Peguei minha filha no colo e me sentei na poltrona,
ajeitando-a nos braços e abrindo minha blusa de botões afastando o sutiã.
Enquanto a amamentava, olhei para minha menina acariciando sua cabecinha
pensando em como deve ter sido perturbador para Christopher descobrir que
não poderia ser pai. Ter uma filha me fez perceber o quanto aquilo é uma
dádiva e consegui entender melhor as armas que ele encontrou para se
defender de seus fantasmas. Um bebê representava para ele a personificação
de seu problema, uma criança o lembrava a todo o momento que jamais
poderia ser pai. Por mais que houvesse outros meios para que isso
acontecesse, Christopher psicologicamente estava afetado sentindo-se que
não era homem suficiente. Uma bobagem que eu precisava tirar de sua
cabeça aos poucos.
— Sim, um pouco mais cedo ele ligou avisando que já estava no hotel,
mais tarde antes de dormir ele disse que ligaria novamente. Posso pedir para
falar com você.
— Não, não precisa. Só queria saber se ele tinha chegado bem. – sorriu
mais abertamente trocando o peso do corpo para a outra perna – Nós temos
que marcar de fazer umas compras, já que agora meu irmão está viajando e
não vai tomar seu tempo. Ele é muito egoísta, nem me deixa aproveitar a
companhia da minha cunhada.
— Sim, você está enganado Sr. Vielmond. Não pensei que pudesse
cometer esse tipo de equívoco. Quando eu trabalhava com o senhor,
costumava ser mais perspicaz.
— Devo ter sofrido alterações graves quando você deixou suas funções,
senhorita. Acho que você vai precisar me ajudar.
— Tenho certeza que você não vai ser demitida pelo presidente se
ultrapassar os limites, porque coincidentemente, eu sou o CEO.
— Estou.
— Que merda, Lisa. Tenho vontade de pegar um avião e ir até aí.
— Seria delicioso, eu abri meu roupão e meu corpo está quente sentindo
sua falta. – fechei os olhos e levei a mão livre até um dos meus seios,
soltando um gemido baixo.
Sorri aliviada deixando meu corpo voltar para o estado de liberdade que
sentia com Christopher. Ouvi sua voz dizendo que estava apenas de cueca e o
quanto me desejava mesmo sem poder me ver. Brincamos com a imaginação
um do outro, gemi algumas vezes e tom de voz rouco dele enquanto se
acariciava fazia com que todo meu corpo entrasse em combustão. Levei os
dedos até minha intimidade e me acariciei aos comandos dele, sua voz era
sedutora e autoritária, me deixando completamente louca.
— Diga, querida. – agora ele parecia relaxado e feliz, podia sentir eu sua
voz tranquila.
— Como tudo sempre é quando estou com você. Ainda estou sentindo
sua falta, preciso do calor do seu corpo contra o meu quando estamos
dormindo após compartilharmos um sexo maravilhoso.
— Eu sei. Vou torcer para que os dias passem rápido. Tente não demorar.
— Ah, antes que eu esqueça, amanhã de manhã vou para empresa, vou
almoçar com sua irmã e depois faremos compras.
“Bom dia. Espero que tenha dormido bem assim como eu.”
Ele era surpreendente. Fez com que eu sorrisse feito boba olhando para a
tela do celular e digitei uma resposta com eficácia.
“Eu adoraria estar no carro com você, tenho algumas ideias de como
distraí-la.”
Meu Deus, ele não perde uma! Mantive meu sorriso, e continuei a
responder enquanto o carro atravessava a avenida principal de maneira lenta.
Continuamos a conversa um pouco mais até que ele precisou ir para uma
reunião e se despediu de mim. Guardei novamente o celular e recostei-me no
sofá vendo a chuva cair do lado de fora fazendo um delicioso som contra o
vidro enquanto algumas pessoas andavam apressadas sobre as calçadas
debaixo de guarda-chuvas. Assim que paramos em frente ao edifício da
Vielmond Enterprises, eu respirei fundo olhando para o edifício e sentindo-o
um pouco diferente por saber que Christopher não estaria ali. Charles segurou
o guarda-chuva para mim e me levou até a porta de entrada, agradeci a ele lhe
desejando uma boa volta para casa.
Fui até o elevador e apertei o botão esperando até que chegasse ao térreo.
Ajeitei a bolsa em meu ombro e fiquei batendo o sapato de salto alto no piso
frio um pouco impaciente. Entrei no elevador e lembrei-me das vezes em que
desfrutava de alguns segundos com Christopher ali dentro. A porta se abriu
em um dos andares e eu vi a figura de um homem que eu não gostaria de ter
encontrado. William Jones pensava o contrário, abriu um enorme sorriso ao
me ver e entrou apressado no elevador. A ideia de estar naquele cubículo
sozinha com ele me causou calafrios e eu dei um passo para trás como se
quisesse fugir.
— Fazia tanto tempo que não te via, minha flor. – o apelido que ele usou
quase fez com que eu fizesse uma careta.
— Não sou mais secretária dele, tenho um novo cargo e estou bastante
satisfeita com ele.
— Eu achei que ele fosse esperto o suficiente para não deixar você aqui
sozinha. Pelo que fiquei sabendo, vocês estão juntos, certo?
A porta se abriu no nono andar e eu sabia que aquele era o piso em que
ele trabalhava, mas William não se mexeu, continuou me olhando até que a
porta se fechou e o elevador começou a subir.
— Tenho certeza de que se ele fosse escolher alguém para isso, não seria
você.
— Nada, Chris.
— Lisa, você já deveria saber que não sou homem de deixar o assunto
pela metade. Acho que será muito melhor que você me conte, afinal, se trata
da minha empresa. Algo aconteceu com você?
— Ele é muito atirado sempre que me vê, disse que enquanto você estava
viajando, talvez precisasse de alguém para cuidar de mim. – mordi meu lábio
incomodada em ter que repetir aquilo, mas se não contasse nada, Christopher
iria insistir e não esqueceria o assunto.
— Que filho da puta! - seu xingamento denotava toda sua raiva e eu
fechei os olhos – Eu vou dar um jeito nisso.
— Eu não acredito que ele fez isso. – falei baixo, mais comigo do que
para ela.
— Obrigada, Lisa. Você é uma pessoa que eu gosto bastante, espero que
a gente continue assim.
— Combinado!
— Não, cheguei faz poucos minutos. – segurou sua taça e levantou como
se fizesse um brinde – Pedi vinho branco, aprendi a apreciar esse tipo de
bebida por causa de David.
— O mesmo que você. – respondi sem ter ideia do que ela havia
escolhido.
Por sorte ela iniciou uma conversa sobre David e seus planos para o fim
de semana. Senti uma pontinha de inveja por não poder estar ao lado de
Christopher, mas já tinha planos para o dia seguinte, que era o aniversário de
Emma. Karin comentou sobre o tipo de lingeries que queria e comentou que
passaria um final de semana no Olympic National Park, no norte de
Washington. Senti saudade dos dias em Nova York com Christopher e fiz
uma anotação mental para falar com ele sobre uma nova viagem, agora
exclusivamente para relaxarmos.
— David está muito animado e eu ainda mais. Vai ser tão bom ficar longe
de tudo, só nós dois.
— Fale com meu irmão, Lisa. – ela se inclinou para frente – Eu andei
reparando a maneira com que Christopher te olha, é como se você fosse uma
deusa na terra, é impressionante! Nunca o vi assim antes. Tenho certeza de
que se você pedir, será imediatamente atendida.
— Eu ando mesmo pensando em falar com ele sobre uma viagem. Não
sei para onde, mas seria bom apenas o fato de sair um pouco de Seattle,
esquecer um pouco os negócios. – disse satisfeita com a observação dela.
Karin chamou minha atenção levantando uma peça que continha uma
calcinha no modelo shortinho e um sutiã de renda cobrindo todo o bojo. Era
sexy, mas não carregava nenhum tipo de vulgaridade. Fiz um sinal de
positivo para ela e Karin sorriu confirmando que ficaria com a peça. Meu
celular tocou e eu remexi toda a bolsa procurando por ele. Vi o nome de
Christopher no visor e não consegui conter minha alegria.
— Coisa de mulheres, Chris. Melhor você ficar fora disso. – dei uma
risadinha cruzando minhas pernas enquanto continuava sentada sobre um
pufe cor de limão.
— Cuido de tudo que me pertence, Lisa. – seu tom de voz ficara mais
rouco e eu me senti ainda mais hipnotizada.
Cheguei em casa com os pés latejando por conta dos sapatos de salto e os
retirei ali mesmo na porta de entrada. Peguei ambos no chão e comecei a
subir as escadas carregando a sacola com a outra mão. Larguei tudo no quarto
e fui até o quartinho de Emma que estava acordada, mas bem quieta. Com
cuidado a peguei no colo sussurrando palavras carinhas e dando um beijo no
alto de sua cabecinha.
Parecia que havia sido ontem que tinha dado a notícia a Matthew e ele
reagiu da pior maneira possível gritando impropérios e deixando claro que o
melhor a se fazer era tirar a criança. Jamais havia passado pela minha cabeça
sequer considerar a possibilidade e apesar da dor de ter sido decepcionada
acreditando que ele era o cara certo, minha gravidez era sagrada e eu levaria
adiante junto com todas as consequências. Agora Emma estava ali, cada vez
mais forte e prestes a completar seu primeiro aninho. Agachei-me sentando
no tapete cor de rosa em formato de flor e deixei que minha pequena
caminhasse se divertindo enquanto eu agradecia pela sorte de ter concebido
esse tesouro. Estava claro que Matthew não merecia sequer chegar perto da
minha filha, a qual eu estava criando sozinha e sei que com o tempo
Christopher também conseguiria superar seu trauma com a esterilidade e
abriria aos poucos o seu coração para conviver com Emma, como ele mesmo
havia reconhecido ser necessário.
— Vou dar um passeio com ela, desde que cheguei não tive a
oportunidade de levá-la para dar umas voltas pela cidade.
— Não posso negar que é, mas é como acontece, Lis. – ela bebeu um
gole do seu suco – De qualquer forma, se você mudar de ideia, podemos
arranjar algo mesmo que a festa aconteça depois.
Por um lado eu queria dar uma grande festa para comemorar o primeiro
aniversário da minha filha, mas por outro ficaria tudo muito impessoal, já que
todas as pessoas que iriam àquela festa, eu nem mesmo conhecia. Deixei de
lado as dúvidas por enquanto e me concentrei em limpar a boquinha da minha
pequena com medo de que sujasse seu vestidinho. Após o café da manhã,
peguei minha bolsa e com a ajuda de Charles, levei o carrinho de bebê até a
Mercedes, colocando Emma em sua cadeirinha e me sentando ao lado. O sol
durante a manhã era fraco, a brisa gelada refrescava e era o horário perfeito
para levar Emma até o parque.
— Não, Charles. Não se preocupe. Eu ligo assim que decidir voltar para
casa, acho que o dia será longo.
— Sim, a cada ano vai ficando pior. – comentei colocando uma mecha do
meu cabelo atrás da orelha.
— É um nome lindo, sempre quis ter uma menina. É sua única filha?
— Qual o nome?
— Robert.
— Meu marido sempre foi criado em South Beacon Hill, nos mudamos
depois que nos casamos, faz poucos meses. Eu engravidei antes do planejado
e acabamos ficando enrolados com nossa festa de casamento, precisamos
gastar tudo com a gravidez, coisas para o bebê e quando dei por mim,
fizemos apenas um jantar para comemorar com as pessoas mais próximas à
família. Foi especial, mas eu sempre quis ter uma festa de casamento cheia de
convidados.
— Ah, entendo. Você merece todo o crédito, tem uma menina linda
crescendo saudável.
— Sim, Emma é meu presente. Eu nem mesmo penso sobre o pai dela,
nem nada do tipo, ela é o mais importante.
— Sei que pareço um pouco intrometida, mas é que fazia tempo que eu
não tinha a oportunidade de conversar com alguém. Fico o tempo todo em
casa cuidando do Robert, não tenho muitas amigas com quem conversar,
todas moram um pouco distantes agora que me mudei.
— Que nada, conversar está me fazendo bem. Como moro aqui há pouco
tempo, também não tenho muitas amizades.
— Acho que estamos fazendo bem uma à outra, então. – ela sorriu –
Você me disse que é mãe solteira, mas não tem nenhum namorado?
— Vai dar, é bom encontrar alguém que nos aceite mesmo com um bebê,
muitos homens apesar do século 21, pensam como se estivéssemos no século
15.
— Isso é verdade.
— Estou te ligando o dia todo, não é possível que você não tenha pegado
seu telefone pelo menos um minuto!
— Fiquei distraída, é o aniversário de Emma e saí com ela para dar um
passeio.
— Eu estava preocupado.
— Fui a um parque, conheci uma mulher bem legal. Acho que podemos
nos tornar amigas, sinto que agora estou fazendo mais parte deste lugar,
conhecendo gente nova. Depois fui a um restaurante e comprei algumas
roupinhas para Emma.
Voltei para casa com Charles desejando que Christopher voltasse logo e
retomasse nossa rotina de voltarmos juntos logo após alguns beijos no
elevador. Aproveitei que o sol ainda estava se pondo e peguei Emma no colo
para dar um passeio no jardim. Sentei em um dos bancos e deixei que ela
caminhasse enquanto passava a mão em algumas flores sob meu alerta de que
não poderia arrancá-las.
— Lisa.
— Diga, Karin.
O nervosismo em sua voz era impossível de não ser notado. Ela batia o
salto alto nas pedras do caminho do jardim e agarrava uma bolsa preta de
couro como se sua vida dependesse daquilo.
— Não precisa ficar tensa, Karin. Você está linda, é uma mulher
inteligente e com certeza os pais dele vão te adorar.
Acenei para ela que passou a mão nos cabelinhos de Emma e saiu
andando apressada da maneira que os saltos lhe permitiam no chão irregular.
Voltei minha atenção para minha filha que estava com as mãozinhas nas
bordas do jardim se apoiando enquanto batia os pezinhos no chão. Quando o
sol se pôs, lhe dei um banho e amamentei colocando-a no berço em seguida
enquanto a via bocejar.
Fui direto para meu quarto e separei uma camisola para vestir logo após o
banho na intenção de esperar por Christopher. Meu coração palpitava de
ansiedade e eu não via a hora de vê-lo chegar. Jantei pouco mais de sete
horas da noite e fui para o chuveiro às oito para relaxar e tomar um banho
bem demorado. Vesti minha camisola de seda rosa clara e um robe
combinando por cima, sentei em minha cama e peguei uma revista para
começar a folhear enquanto esperava por Christopher. Meu corpo todo já
clamava por ele e os minutos pareciam se arrastar. O celular tocou sobre o
criado mudo interrompendo o silêncio e eu deixei a revista de lado sorrindo
ao ver o número no visor.
— Lis, me desculpe, mas não poderei ir para casa agora. – a voz dele
estava carregada de culpa – Aconteceram problemas de última hora e passei o
dia todo ocupado, por isso não consegui avisar antes.
— É muito sério?
— Não, são só detalhes do contrato que prefiro acertar logo, já que quero
deixar tudo assinado e pronto antes de voltar para os Estados Unidos.
Sem nenhum tipo de cerimônia, ele afastou a boca de mim e olhou para
baixo, agarrando o nó do meu robe e desfazendo-o com pressa, empurrando a
peça de seda pelos meus ombros fazendo com que este deslizasse até o chão.
Os meus mamilos despontavam através do tecido fino da camisola e o
gemido animalesco de Christopher demonstrava o quando aquilo o abalava.
Seu olhar estava escuro de desejo e eu me senti a mulher mais linda do
mundo.
Christopher gemia baixo, sua mão em minha nuca era o sinal de que ele
se rendera até certo ponto, estava mais esperando o momento certo de voltar a
me atacar e este não demorou muito. De surpresa, os lábios voltaram a
capturar os meus fazendo com que eu gemesse diante daquele jeito
possessivo enquanto suas mãos percorriam minhas nádegas grudando ainda
mais meu quadril dele. Meu corpo todo estava pegando fogo, minha
intimidade pulsava e meus seios estavam inchados e com mamilos
intumescidos prontos para sentir a boca de Christopher lhes dando atenção
especial. Mas ele era o tipo de homem que sempre guardava uma riqueza.
Meu corpo quase explodiu, fechei os olhos e absorvi aquelas palavras que
soaram como pólvora para incendiar mais nossa relação. Christopher agarrou
minha calcinha pelas laterais e deslizou pelas minhas pernas, jogando a peça
íntima no chão me deixando completamente nua e deitada à sua frente. Ele
veio para cima de mim, seu corpo grande escondendo o meu por baixo de
todos aqueles músculos e eu me abri ainda mais o abraçando pela cintura
enquanto seu membro roçava no meu clitóris.
Sem pressa, ele saiu de cima de mim e deitou ao meu lado puxando-me
para junto de seu corpo e eu colei meus seios em suas costelas. Meu corpo
estava totalmente saciado e não conseguia me mexer. Ainda era difícil
acreditar que Christopher estava na mesma cama que eu depois de uma
semana longe. Apoiei meu queixo em seu peitoral e olhei para ele cansada,
mas com um sorriso satisfeito nos lábios. Senti sua mão deslizar pela minha
coluna fazendo uma deliciosa carícia.
— Fiquei bastante desapontada quando você me ligou, por que fez isso?
— Ainda não engoli essa história, Chris. Você inventou uma viagem de
última hora só para tirá-lo da empresa.
— Eu precisava tirá-lo de perto de você enquanto eu estava longe e não
podia ter a conversa que eu gostaria com ele. – seus dedos roçavam
levemente sobre a pele das minhas costas.
— Eu sei, mas acho que você precisa de um aparelho mais moderno. Não
tenha vergonha de usufruir dos benefícios que o dinheiro pode te oferecer.
— Já disse que não. Logo você vai encontrar ótimas utilidades para ele,
tenho certeza. – um sorriso enigmático apareceu em seus lábios e seu olhar
era de pura malícia.
— Parece que você teve muito que pensar durante a viagem, Sr.
Vielmond.
— Posso garantir, Srta. Harper, que tive bastante tempo para planejar
soluções para essa distância. – seus lábios tocaram os meus levemente, num
leve roçar, mas logo se afastou – Eu te ensino depois como mexer nesse
iPhone.
— Ah...
Até seu tom de voz denotava toda uma insegurança e eu fiquei apreensiva
para saber o que havia naquela caixa capaz de desestabilizá-lo, já que ele
mesmo a trouxera em sua mala. Segurei a tampa depois de hesitar um pouco
e retirei devagar revelando algo que me deixou confusa em um primeiro
momento. Dentro da caixa, repousando sobre os papéis de seda, estava uma
boneca de pano. Seus cabelos loiros eram pequenos fios de lã presos em
marias-chiquinhas, com um vestidinho lilás e bolinhas brancas e sapatinhos
da mesma cor. Olhei para ele confusa e sua expressão estava indecifrável.
— É tão linda. – sorri para ele e olhei de volta para a boneca e a retirei da
caixa sentindo seu corpinho todo macio.
— Naquele dia, quando você disse que havia saído com Emma porque
era o aniversário dela, decidi comprar esse presente. Não sei o que comprar
para uma criança, principalmente uma tão pequena, então vi essa boneca na
vitrine de uma loja e achei que era um presente aceitável.
— Por que não vai comigo até o quarto de Emma para entregarmos a
bonequinha à ela? – sugeri tentando estimulá-lo ainda mais.
— Lisa, eu... – ele ia recusar, mas eu pousei meu dedo indicador em seus
lábios para que silenciasse.
— Obrigada pelo que você fez. – minha voz saiu baixa, mas com força
suficiente para que fosse ouvida.
— Nunca quis falar com ninguém. Eu não queria que ninguém soubesse.
Minha ex-noiva foi quem eu mais temi que acabasse jogando toda a história
no ventilador, mas por alguma razão pela preferiu se calar.
— Eu tenho azoospermia, Lisa. – seu tom de voz saiu gélido e seu olhar
demonstrando que a confissão era algo ainda mais difícil do que falar sobre a
esterilidade – Não produzo espermatozoides. Meu sêmen é apenas um líquido
vazio.
Eu não levantei minha cabeça, apenas fiquei deitada com o rosto na curva
do seu pescoço consciente de que estava totalmente apaixonada por ele e era
capaz de dividir toda sua angústia. Senti seu corpo tencionar novamente
rapidamente diante do meu silêncio e levantei minha cabeça para olhá-lo nos
olhos. O par de íris cor de amêndoas me olhava de maneira apreensiva e eu
toquei seu rosto de maneira terna.
— Não tenho nada para repensar. Minha decisão de ficar com você não
mudou e realmente não me importo de não termos um filho biológico. Estou
tocada pelo fato de você ter me contado algo tão pessoal e ter confiado em
mim, mesmo que tenha deixado de mencionar isso quando conversamos pela
primeira vez aqui no quarto. Para mim, você é especial, um homem
admirável, com uma série de qualidades e com sua masculinidade intacta.
— Ser homem não é apenas poder engravidar uma mulher. Ser homem
vai além disso. Um homem de verdade valoriza uma mulher, demonstra que
se importa, lhe dá carinho e atenção, cuida de suas responsabilidades de
maneira honesta e procura sempre ser alguém melhor. Meu ex-namorado me
engravidou, mas em momento nenhum para mim ele foi um homem no
sentido real da palavra. Um homem não abandona o próprio filho. Um
homem de verdade cuida de uma criança mesmo que ela não tenha seu
sangue.
— Eu amo você.
Paralisei achando que tinha ouvido algo errado. A voz dele ecoou na
minha mente me fazendo acreditar que Christopher realmente tinha dito que
me amava. Meu coração iniciou suas batidas aceleradas e eu fechei os olhos
rapidamente absorvendo aquela verdade. Ele me amava. Uma onda de
emoção me invadiu e eu senti que nada no mundo poderia estragar esse
momento. Quando abri os olhos, eles estavam inundados de lágrimas e
Christopher me olhava pálido, como se tivesse temendo uma rejeição ou em
pânico por ter falado mais do que devia. Eu precisava dele, com todas as
minhas forças e agora estava mais do que certa que meu sentimento era
correspondido.
Ouvir a voz rouca dele me fez agarrá-lo com ainda mais força e mantive
meu corpo grudado ao seu enquanto tentava me acalmar. Levantei o rosto
enxugando as lágrimas com as costas dos dedos vendo sua expressão que era
um misto de alívio e preocupação.
— Sei que o que eu disse foi de repente, mas não pense que foi apenas
impulso. – Christopher se sentou e segurou meu rosto entre as mãos – Amo
você e estava planejando dizer isso desde o nosso jantar no Space Needle
quando te dei aquele anel.
O beijo que veio em seguida foi calmo, como uma prova do que cada um
sentia. Christopher se tornara minha base, o homem que tomou conta do meu
coração e que eu faria de tudo para que nada viesse a nos separar. Dormimos
abraçados, agora com a certeza de que demos o primeiro passo para sermos
felizes.
Capítulo 15
A semana foi incrível. Minha relação com Christopher estava cada vez
melhor e durante duas noites ele esteve no quarto de Emma conversando
comigo enquanto eu a amamentava. Aos poucos ele ia criando um pouco
mais de afeto por minha filha e tentando superar o problema de se sentir
menos homem por conta de sua esterilidade.
Minha tia viera me visitar durante três dias aos quais a levei para
conhecer os melhores lugares em Seattle. Como ela não gostava de sair
durante a noite, quando Christopher chegava em casa ficávamos juntos
enquanto ele me contava sobre o que acontecera na empresa, sobre o trabalho
que me esperava, ou fazíamos amor antes de adormecer em sua cama. Depois
de nós dois termos confessado o amor que sentíamos um pelo outro, as
demonstrações de carinho de Christopher eram ainda mais evidentes, mas
sem perder sua personalidade de quem gostava de estar no comando.
Acordei na manhã de terça-feira com uma mão pousada sobre meu seio
de maneira extremamente possessiva segurando-o em concha enquanto sentia
o corpo quente e musculoso grudado ao meu por trás. Christopher fazia com
que eu não quisesse levantar da cama quando por acaso eu era a primeira a
despertar. Até adormecido, ele deixava claro o quanto era possessivo pela
maneira com que me segurava ao dormir e me mantinha próxima, e sempre
quando eu levantava, ele acordava perguntando onde eu estava indo. Era
realmente o tipo de homem que gostava de controle.
— Sei que você pode chegar à empresa a hora que bem entender, senhor
presidente. – falei de maneira suave sentindo meu corpo arrepiado com a
respiração quente dele em meu pescoço.
— Já que está tão dedicada ao trabalho, acho que vou até sua sala mais
tarde, Srta. Harper. – a mão dele deslizou pela minha barriga subindo até o
vale dos meus seios.
Parei o que fazia para admirá-lo, era incrível como eu ainda não
conseguira me acostumar com ele vestido de terno. Era sempre uma visão
que me fazia divagar sobre o quanto Christopher ficava sexy vestido daquela
forma. Emma começou a dar passinhos na direção dele, fazendo-o parar no
mesmo instante. Ela olhou para ele com curiosidade e cada dia que passou
desde o episódio do presente, Christopher estava se esforçando para aprender
a superar os traumas que carregava consigo. Emma parou de frente para ele
estendendo a boneca e balbuciando coisas ininteligíveis, como qualquer bebê
em sua idade.
Após olhar a gravata com curiosidade, minha filha voltou sua atenção
para a boneca em sua outra mão distraída com o laço em seus cabelos.
Christopher se levantou devagar e eu deixei sobre a penteadeira o pincel que
estava usando para dar cor às maçãs do rosto. Sorri para ele sem precisar
dizer o quanto a cena me deixou encantada e recebi em troca um olhar
brilhante e um sorriso encantador.
— Querida, não tenha pressa para comer. – Christopher deu uma rápida
olhada para Rolex em seu pulso – Temos tempo suficiente.
— Vou providenciar.
Karin iniciou uma conversa sobre seu novo emprego. Ela estava ajudando
uma amiga em sua empresa de organização de eventos já que era o que
gostava de fazer. A morena nunca almejou um cargo administrativo na
empresa da família, então preferia buscar algo fora dali. Apesar de ser algo
diferente para mim, trabalhar na Vielmond Enterprises estava sendo uma
experiência de muita aprendizagem que me despertava até interesse naquele
trabalho.
— Acho uma ótima ideia. Agora que você tem meu número aí no celular,
pode me ligar quando tiver um tempo livre.
— Não vou mais de atrapalhar, Lisa. Nos falamos depois, tenha um bom
dia e dê um beijinho em Emma por mim.
— Querida, vim avisar que não poderemos almoçar juntos hoje. – ele
disse baixo com os lábios ainda roçando os meus.
— Não, por mim não tem problema. – alisei seu peitoral sentindo o tecido
do terno italiano contra minhas palmas – Vá ao seu almoço e eu te espero
para irmos para casa juntos.
Christopher alisou meu rosto com a ponta dos dedos e me deu mais um
selinho antes de sair da sala e me deixar sozinha. O perfume dele continuou
no ambiente deixando claro sua presença ali. Era marcante, sexy e
extremamente poderoso, bem de acordo com ele. Sorri em seguida me
sentindo completamente feliz e fui até a mesa onde olhei a hora no meu
celular. Precisava ir almoçar e tentei chamar Olivia, mas esta disse que por
conta da reunião do patrão, precisava ficar ao lado do telefone e que pediria
algo para comer ali mesmo, enquanto esperava uma ligação importante de
Nova York, que por conta do fuso horário, provocava certos contratempos.
Eu queria esquecer essa voz, mas algumas vezes ela voltava em meus
pesadelos para me atormentar. Aquilo só podia ser alucinação. Meu corpo
todo ficou tenso e eu senti o sangue bombear mais rápido enquanto sentia
todos os meus músculos imóveis. A única coisa que consegui foi levantar a
cabeça desejando de todo coração que aquilo fosse mentira. Voltar a encarar
o passado foi um soco no estômago ao vê-lo ali parado na minha frente.
Matthew estava usando calça jeans e uma camisa preta, seus olhos
estavam com olheiras profundas e os cabelos ligeiramente bagunçados não
lembrando em nada o rapaz que eu conheci e que um dia namorei. Coloquei a
mão na altura do estômago sentindo certo embrulho perturbando a digestão
do meu almoço enquanto minha pele estava arrepiada com medo do motivo
que o trouxera até aqui e o que fizera me encontrar.
— Depois de todo esse tempo é assim que você recebe o pai do seu filho?
– sua voz era arrogante e ouvi-lo falar daquele jeito me causava ainda mais
arrepios.
— Aonde pensa que vai, Lisa? Nem começamos a nossa conversa. – seus
dedos continuavam segurando meu braço com certa força e eu tentava me
soltar em vão.
— Não tenho nada para conversar com você. Me solta, por favor.
— Você está aí toda bem vestida. Não sei que tipo de golpe você deu
naquele velho babaca, mas andei vendo no jornal que agora você arrumou
outro otário para te bancar. – ele falava com grosseria, como se fosse um
marginal.
— Você está cheia de dinheiro, até seu perfume agora é diferente. – ele se
aproximou aspirando o ar e meu dei um passo para trás – Sei muito bem o
que anda fazendo para agora estar desse jeito, cheia de jóias e bem vestida. –
sorriu de canto de maneira maliciosa – Só vim dar meu recado: exijo meus
direitos de pai.
— O quê? – arregalei os olhos jurando ter ouvido errado.
— Cala a boca! Você não é ninguém para falar da minha filha, entendeu?
— Eu sou o pai dela e vou atrás dos meus direitos. Sei que agora você
está com grana e eu quero uma boa quantidade desse dinheiro. Eu vou à
justiça reconhecer a paternidade e você não poderá fazer nada, não pode
mudar os fatos.
— Você é um filho da mãe interesseiro que nunca fez seu papel de pai.
— Eu vou atrás do que é meu, Lisa! Eu vou fazer da sua vida um inferno!
Eu tiro essa menina chorona de você se for preciso! Digo na frente do juiz
que você me escondeu a gravidez. – ele segurou novamente o meu braço me
fazendo olhar dentro dos seus olhos – Você está muito gostosa, mas continua
sendo uma garota boba.
Ele chegou tão perto que eu precisei virar o rosto sentindo os lábios
roçarem minha bochecha. Matthew me soltou me fazendo cambalear para trás
enquanto tive tempo de vê-lo sorrir vitorioso e dizer “Adeus, baby.” Todo
meu corpo ficou rígido e eu olhei para trás onde vi Christopher parado na
entrada da Vielmond Enterprises me olhando de um jeito que eu nunca tinha
visto. Seus olhos castanhos estavam escuros e tinham um brilho totalmente
diferente, um brilho que refletia toda sua dureza. Eu estremeci
involuntariamente vendo-o me dar as costas e sumir dentro do prédio da
empresa. O que acontecera? Por que me olhara daquela forma? Será que vira
Matthew tentar me beijar?
Seu grito ecoou pela sala e eu senti meu corpo todo estremecer enquanto
minha visão estava um pouco turva por conta das lágrimas, que ele talvez
nem mesmo percebesse tamanha raiva que sentia. Encolhi no sofá sem
conseguir responder à sua reação, senti que o sangue ia sumindo do meu
rosto e minha palidez ficando ainda mais acentuada enquanto os olhos de
Christopher brilhavam de maneira impetuosa. Pela primeira vez eu estava
com medo dele, mesmo sabendo que nada do que aconteceu havia sido minha
culpa. O que ele estava interpretando da reação de Matthew?
Sem pensar duas vezes levantei meu braço e direcionei um tapa no rosto
dele que latejou toda a palma da minha mão. Christopher virou a cabeça para
o lado enquanto o som do tapa parecera ecoar pela sala. Nesse momento,
como se em câmera lenta, ele virou o rosto para me encarar com os olhos
ainda faiscando de raiva e a bochecha totalmente vermelha contrastando com
sua pele branca. O que ele falara denegria minha imagem e acabava com
minha moral me tratando como se eu fosse uma vagabunda. A respiração dele
estava pesada, seu olhar gélido enquanto meu corpo sentia todo o sangue ser
bombeado correndo quente em minhas veias.
— Ele veio para tirar Emma de mim... – falei com a voz abafada pelas
minhas mãos enquanto sentia todo o peso daquela ameaça.
— Não posso perder minha filha, não posso... – quase sem forças, minha
voz saía rouca enquanto as lágrimas molhavam a camisa e o paletó dele –
Matthew não é o pai dela, nunca foi, ele me abandonou, ele não pode ter
direitos de tirá-la de mim... – me agarrei mais a Christopher apertando meus
olhos – Eu passei por tudo sozinha, Matthew só quer dinheiro, minha filha
não é um negócio, ele não pode tirar vantagem...
— Lisa, eu não vou deixar que nada aconteça. – Christopher disse com a
voz bem firme enquanto seus braços continuavam em volta do meu corpo –
Vou te levar para casa, você não tem condições de continuar aqui.
Sem pressa, ele me soltou e passou os dedos para secar minhas lágrimas,
me ajudando a levantar em seguida. Sacou o Iphone do bolso do paletó e
tocou a tela para fazer uma ligação.
Ele pegou minha mão e levou até os lábios roçando-os lentamente antes
de depositar um beijo suave. Era como um pedido silencioso de desculpas e
agora que eu havia conseguido parar de chorar, podia enxergar o brilho em
seus olhos enquanto me olhava fixamente. Sentei-me devagar, ficando mais
próxima dele e levei a mão livre até seu rosto tocando-o com a ponta dos
dedos.
— Estava tudo indo tão bem. – minha voz foi quase um sussurro.
— Lisa, eu vou cuidar de tudo. Farei o possível e o impossível para que
aquele desgraçado não chegue perto de Emma.
— Preciso ouvir você dizendo que me perdoa pela maneira como agi
dentro da sua sala. – seus dedos longos tocaram com sutileza o meu rosto –
Disse coisas das quais me arrependerei para sempre.
— Vamos esquecer isso. Eu te dei um tapa. Não queria ter feito isso, mas
estava completamente descontrolada e abalada com tudo que acontecera.
— Depois ele disse que ia exigir os direitos dele como pai, que tiraria
dinheiro de mim e que se fosse preciso também tiraria Emma. – olhei para
baixo vendo minha filha bocejar e senti um pânico crescendo dentro de mim
em ter que vê-la com um homem que jamais teria sentimento paternal e lhe
daria amor – Prometeu fazer da minha vida um inferno e ameaçou dizer ao
juiz que eu escondi a gravidez dele.
Senti seus lábios macios sobre os meus em um beijo casto e protetor, mas
que mesmo assim transmitia toda a intensidade do seu amor. Quando nos
separamos, senti seu carinho em meus braços e sua voz rouca me disse para
voltar para cama e descansar.
— Vou ligar para meu advogado, fique aqui e descanse. Pedirei para
daqui a pouco Beth lhe trazer um lanche.
— Falei com minha advogada, ela virá amanhã depois do almoço para
conversamos pessoalmente sobre essa situação. – ele se aproximou e me deu
um beijo no alto da cabeça – Por que não aproveita que Emma dormiu e toma
um banho enquanto Beth te prepara um lanche?
— Vá querida, enquanto isso ligarei para Olivia para saber o que ela fez
com meus compromissos para esta tarde. – o senti alisar meu braço devagar
enquanto me olhava preocupado – Está se sentindo melhor?
— Depois de conversar com você e ver que está fazendo de tudo para me
ajudar, me sinto mais segura.
Seus lábios tocaram os meus com carinho e em seguida saí do quarto para
levar Emma para seu berço e ir até meu banheiro tomar um banho para
relaxar e tirar um pouco a tensão daquele dia. Christopher continuou em seu
quarto e eu fiquei pensando sobre a reunião com a advogada. Se bem me
lembrava, ele havia dito que ligaria para seu advogado. Mordi o lábio com
aquela dúvida e decidi perguntar a ele quando saísse do banho.
Sentir a água morna escorrer pelo meu corpo ela revigorante, parecia que
todo o peso daquele dia ia se esvaindo pelo ralo junto com a água. Molhei os
cabelos, lavei-os com um delicioso shampoo com cheiro floral e enxaguei
toda espuma deslizando a mão pelo meu corpo me sentindo novamente mais
forte e pronta para enfrentar o que viesse. Eu sabia que tinha Christopher ao
meu lado e que seu apoio e sua ajuda eram o que me sustentariam para que
não sucumbisse ao medo e a insegurança.
— Ela estava chorando, você estava no banho e sua babá eletrônica ficou
no meu quarto quando Beth entrou. Fiquei sem saber o que fazer e a peguei
no colo e trouxe para cá. – Christopher explicava um pouco sem graça
olhando para pontos no chão sem me encarar.
— Ela parece que gostou de ficar no seu colo. Está calma e logo vai
pegar no sono. – eu disse baixinho sem fazer menção de pegar Emma no
colo, deixando-o ver que eu me sentia confortável em deixá-la nos braços
dele.
— Com o tempo você aprenderá. – sorri para ele e coloquei a mão em seu
braço – Apoie e cabecinha dela aqui, Emma gosta de dormir nessa posição e
você verá como ela pega no sono rápido.
Ele não protestou, o que me deixou ainda mais feliz. Devagar, ambos nos
sentamos na beirada da cama e eu fiquei alisando suas costas enquanto ele
segurava Emma em completo silêncio. Nenhuma palavra poderia explicar o
que aquele momento representava para mim, então encostei minha cabeça em
seu ombro e comecei a cantarolar uma canção bem baixinha para Emma que
continuava quieta e cada vez mais à vontade nos braços de Christopher.
Parecia que nada no mundo poderia quebrar a magia daquele momento, nem
mesmo as ameaças de Matthew seriam capazes de tirar toda a felicidade em
que me encontrava. Christopher estava dando mais um passo e eu sentia que
a partir de agora, ele passaria a se sentir mais seguro perto de Emma e de
qualquer outra criança.
— Eu que devo te agradecer. – sua voz agora estava um pouco mais firme
e senti sua mão tocar minha coxa – Graças a ti que fui capaz de fazer isso.
— Grande parte disso foi porque você quis. – olhei para ele de maneira
intensa – Você está abrindo seu coração e começando a entender que
ninguém é culpado por nada. Você é um homem maravilhoso, tenho orgulho
de tê-lo em minha vida e sei que a cada dia você vai superar isso.
— Meu amor, eu tenho uma filha cujo pai virou as costas como se isso
fosse simplesmente nada. – toquei o rosto dele com a ponta dos dedos
deslizando por sua barba que começava a despontar – Ser biologicamente
capaz de ser pai, não é o mesmo que ser pai. Só alguns têm o dom da
paternidade, isso independe de fatores biológicos. Ser pai, Chris, é aceitar a
paternidade de coração.
— Vou fazer de tudo para que Emma não saia dessa casa. Matthew não
chegará perto dela.
— Ele não gosta de Emma, ele não se interessa, eu não sou capaz de
entregar minha filha nas mãos dele independente dos laços de sangue. Tenho
medo do que pode acontecer, ela não estará segura.
— Algumas horas. Beth vai trazer seu café da manhã no quarto, não se
preocupe.
— Eu jamais deixaria você aqui sozinha, querida. – senti seu beijo calmo
envolvendo meus lábios e me fazendo gemer de satisfação – Depois do
almoço teremos aquela reunião para saber que medidas podemos tomar.
— Obrigada, meu amor. – sorri para ele me sentindo confiante.
— Não me agradeça. Tudo o que faço é por nós dois em nome do que
sinto por você. – seus dedos tocaram de leve minha bochecha – Te amo,
querida.
— Por que diabos eu pedi para que ela trouxesse o café aqui?
— Eu acho que Karin deve saber. Ela se apegou muito à Emma e eu não
me sentiria bem escondendo isso dela, já que cuidara tantas vezes da minha
filha quando precisei trabalhar e viajar. – peguei uma torrada e a lambuzei
com geleia de amora – Mas gostaria de pedir que você contasse o que
aconteceu, prefiro voltar a não pensar nas palavras dele. Hoje me sinto
melhor e mais confiante de que tudo dará certo.
— Fico tão feliz por você. Sei que está fazendo o que gosta e dá pra notar
seus olhos brilhando quando falta do seu novo emprego.
— Pode deixar.
— Não acredito que não foi à empresa. Achei que iria pelo menos
durante a manhã. – comentei virando o rosto para olhá-lo com atenção.
— Jamais te deixaria sozinha aqui, estou com alguns planos, mas para
isso prefiro conversar com a advogada antes de decidir algo.
— O que é?
— Uma viagem. Emma, você e eu. – senti seus dedos na minha bochecha
– Deixar você longe do estresse desse problema com Matthew. Dependendo
do que a advogada disser, posso tirar pelo menos uns três dias para que você
relaxe.
— Obrigada. – dei um selinho nele de maneira demorada agradecendo
por ser tão carinhoso comigo, recebendo de volta um lindo sorriso.
Christopher tocou meus lábios com os dele e senti seu beijo suave. O
contato era leve, mas intenso o suficiente para demonstrar seus sentimentos.
Senti um toque em meu braço, mas não eram os dedos longos dele, e sim uma
pequena mãozinha que parecia me chamar. Sorri me separando dele com uma
mordida leve em seu lábio inferior.
— O que foi, meu anjinho? – perguntei olhando para Emma, que retribuía
com seus grandes olhos castanhos.
— Mama...Ma...Ma.
— Sim, tenho uma amiga e minha tia, fora algumas pessoas que
trabalhavam comigo na época.
— Suzanna, ele pode exigir um novo registro de Emma com o nome dele,
certo?
— Sim, e o juiz irá conceder já que são seus direitos. Inclusive, se ele
deixar claro seu interesse em conviver com a filha, receberá o direito de fazer
visitas a cada quinze dias.
— Tem que haver uma maneira de fazê-lo desistir dos direitos de pai. –
os olhos castanhos se fixaram em mim e depois em Suzanna – Vamos dar a
ele o que quer.
— Que ele não terá. – Christopher respondeu de imediato – A não ser que
eu esteja presente. Não vou permitir que ameace Lisa novamente. Inclusive
quero aproveitar o momento para ficar fora da cidade por três ou quatro dias.
— Isso dará tempo para Matthew arquitetar seu próximo passo. Quando
vocês voltarem, ele rapidamente tomará uma atitude. – ela se inclinou
deixando um dos cotovelos apoiados na coxa – Pelo visto ele andou vigiando
os passos de Lisa para abordá-la após o almoço, o que significa que se ele
tentar nos próximos dias e não vê-la, com certeza tomará uma atitude mais
concreta quando vocês estiverem de volta, nos guiando ao próximo passo.
Quando ela entrou em seu carro prateado, fez uma manobra e pegou o
caminho rumo aos portões da mansão. Era uma mulher bonita, inteligente e
que mostrava suas formas esguias através do vestido preto bem cortado que
ia até a altura dos joelhos. Voltei a me perguntar quais motivos teriam feito
Christopher contratá-la e senti uma pontada de ciúmes. Ele me conduziu em
silêncio até a varanda do quarto e me sentei em um dos sofás acolchoados
debaixo da sombra de um toldo branco.
— Quando você me disse que era uma advogada, eu não pensei que fosse
tão jovem. – comentei vendo-o de pé enquanto abria alguns botões da camisa
social.
— Faz tempo?
— Alguns meses, quando ela começou a trabalhar para mim. – seu tom
de voz ainda era tranquilo – O pai dela sempre foi advogado da família e ela
passou a substituí-lo quando Gregory estava ocupado lidando com outros
casos. Ficamos juntos algumas vezes, mas nunca foi nada sério. Inclusive,
isso nunca prejudicou nossa relação profissional.
— Porque era para ser assim. Não era nada sério, ficamos com outras
pessoas e fim. Sem ressentimentos. – devagar ele se aproximou e agachou na
minha frente levando sua mão até meu rosto – Eu não quero que fique
pensando nas mulheres com quem me envolvi, Lisa. Tudo isso está no
passado, você é meu presente e será meu futuro.
— Espero que ela realmente se acostume, vai ter que fazer muitas viagens
ainda. – ele apoiou o copo de vidro sobre a mesa de madeira – O futuro nos
reserva muitas coisas boas, querida.
— Ao seu lado tenho certeza disso. – sorri e estendi a mão para segurar a
dele – Você me traz uma segurança que nunca senti antes. Sei que vou
superar esse problema com Matthew.
Senti segurar minha mão com carinho e alisar passando o polegar até os
nós dos meus dedos. Seu olhar estava fixo no meu e eu pude ver o brilho do
desejo começar a acender na profundeza de seus olhos amendoados.
— Tem um quarto no final do avião. – sua voz saiu extremamente
sedutora – Gostaria de lhe mostrar.
— Não sabe como senti falta do seu corpo. – sussurrou em meu ouvido
me deixando completamente extasiada com cada sensação – Não ia aguentar
até chegarmos ao hotel.
Christopher era delicioso, meu corpo gritava para ser saciado e ele sabia
exatamente quando acelerar e o que fazer para prolongar meu prazer,
diminuindo o ritmo e rebolando com o membro totalmente encaixado em
mim. Estávamos ofegantes, nossos corpos suavam enquanto meus seios
sentiam os pelos do peitoral dele deslizando em meus mamilos intumescidos.
A explosão de prazer estava se aproximando, puxei os cabelos de Christopher
e arqueei mais o corpo quando ele estocou novamente com força até o fundo
e eu apertei os olhos tamanho tesão que senti e explodi em um clímax
violento.
— Espero que sim. – abro meus olhos e fixei-os nos dele – Acho que
você poderia me levar no colo. – sorri.
Ele deu uma deliciosa risada e me pegou em seus braços fortes com força
mantendo meu corpo grudado ao dele. Tomando um banho delicioso juntos,
mas não aproveitamos tanto o momento já que estávamos preocupados com
Emma e provavelmente logo ela poderia acordar, ou talvez, já tivesse
acordado. Quando saímos do quarto, já devidamente vestidos e saciados,
encontramos Valerie sentada em uma das poltronas olhando para Emma que
fazia alguns barulhos com a boca como se quisesse conversar. Assim que nos
viu, a comissária de bordo se levantou de maneira rápida ficando de frente
para nós e eu não consegui evitar ficar um pouco envergonhada, afinal, ela
sabia por que eu e Christopher precisávamos de um pouco de privacidade.
— Espero que Emma não tenha dado trabalho. – ele colocou as mãos nos
bolsos adquirindo uma postura mais relaxada.
— Pela sua cara, eu sei que gostou. – senti seus lábios roçando de leve
em meus cabelos.
Sorri feliz por ele não ter se esquecido de Emma e providenciar tudo para
sua estadia também. O lobby do hotel era em um estilo clássico, com pisos de
mármore cor de areia com um losango preto ao centro. As paredes eram
brancas e contrastavam com as colunas douradas, que compunham o visual
elegante e sóbrio com os lustres de cristal no teto alto.
Dei-lhe um beijo no canto dos lábios e ajeitei Emma nos meus braços.
Christopher indicou a porta que dava para varanda em um convite silencioso
que eu decidi aceitar sem pensar duas vezes. Assim que passei pela porta,
senti a brisa fresca vinda do mar que estava calmo lá embaixo. O hotel era
alto e dava uma vista espetacular de toda a praia de Miami e o sol estava se
ponho no horizonte deixando o céu com tons rosados e alaranjados. Emma
começou a falar sílabas desconexas e jogou o corpo inclinando-se para baixo
deixando claro que queria ir para o chão. Devagar me abaixei deixando que
seus pezinhos tocassem o piso de pedras e ela logo começou a caminhar. Por
sorte eu não precisava me preocupar, já que os muros da varanda eram
totalmente fechados e não havia chance de que Emma pudesse sofrer algum
acidente. De qualquer maneira, mantive os olhos atentos à ela para que não se
machucasse com os sofás ou espreguiçadeiras, afinal, era uma menina
bastante curiosa. Senti os braços de Christopher ao redor do meu corpo
abraçando-me por trás e descansei a cabeça em seu peitoral.
— Pode deixar.
— Posso providenciar uma banheira para Emma. – ele falou assim que
parou na porta do banheiro.
— Não precisa, eu vou dar banho nela no box. Tem aderência e ela já
consegue ficar de pé. Só não vou conseguir evitar me molhar também. – sorri
e sentei minha filha na bancada da pia segurando-a – Obrigada.
Caminhei até ele e me sentei ao seu lado notando que ele olhava a página
do Seattle News. Por conta da minha presença ao seu lado, Christopher
deixou o iPad sobre o sofá e me beijou devagar. Não era um beijo cheio de
desejo, mas eu entendi o recado, afinal, Emma estava a poucos passos de
distância provavelmente nos observando.
— Parece delicioso.
— Nunca comi nada tão gostoso como isso. – gemi de satisfação dando
mais uma colherada do creme dentro de uma bonita taça.
— Funcionou?
— Por que não tenta a sorte? – deixei minha colher sobre a mesa e o vi se
levantar dando a volta na mesa como um leão feroz em busca de sua presa.
— Você gosta disso? – soou mais como uma afirmação no que como uma
pergunta.
— Preciso mesmo pegar um pouco de sol. Também fará bem para Emma,
ela tem ficado tempo demais dentro de casa.
— Nessa viagem terá tempo para isso, querida. Estarei com vocês, não
quero pensar em trabalho durante esses quatro dias. Quero apenas relaxar e te
manter segura e confiante.
— Você tem sido maravilhoso para mim. Nunca vou poder agradecer
tudo isso.
— Claro, tive que acordar duas vezes porque Emma chorou, mas estou
acostumada.
— Peguei a boneca que você trouxe na mala. Não foi nada de muito
extraordinário.
Não estava sol, mas ainda sim o tempo estava abafado e ideal para uma
volta na praia ou um banho de mar. Christopher vestiu uma camisa simples
branca e eu coloquei um vestido florido por cima do meu biquíni rosa. Vesti
um pequeno maiô lilás em Emma com babadinhos amarelos e coloquei em
sua cabecinha um chapéu que fazia conjunto com a roupa de banho. Saímos
do hotel e em poucos passos já estávamos na praia. O vento jogava meus
cabelos para o lado e eu coloquei Emma para caminhar na areia pela primeira
vez.
Ela ficou parada e eu a observei. Christopher estava com a mão em minha
cintura me mantendo grudada ao seu corpo másculo e continuei em silêncio
esperando que Emma esboçasse alguma reação. Ela começou a chorar e
sacudir os pezinhos batendo-os na areia claramente irritada. Rapidamente,
Christopher se abaixou e a pegou no colo deixando-a em seus braços
enquanto ela continuava chorando.
— Acho que Emma não gostou muito da areia. – disse desviando o olhar
para mim mostrando-se confiante no que fazia e me deixando ainda mais
orgulhosa e emocionada de vê-lo com minha filha no colo.
— Vamos esperar.
Coloquei uma toalha estendida sobre a areia e ele deixou Emma sentada.
Enquanto isso, graças aos funcionários do hotel e ao fato de Christopher ser o
dono do lugar, conseguimos duas cadeiras espreguiçadeiras que foram
montadas para que pudéssemos relaxar. Acomodei-me logo ao lado de Emma
que começara a brincar com um balde de praia rosa e uma pazinha amarela.
A manhã foi gloriosa. Christopher até mesmo foi cuidadoso com Emma.
O que mais tocou meu coração, foi vê-lo levá-la até a água para molhar os
pezinhos. Emma pareceu gostar da onda, que subia e descia a areia e batia em
seus pés, dando alguns gritinhos sorridente enquanto Christopher, de maneira
quase paternal, a segurava pelas mãozinhas. Quando ele me olhava, eu sentia
que ele buscava certa aprovação, como se perguntasse em silêncio se estava
indo pelo caminho certo, se realmente estava conseguindo lidar com aquela
situação que por muito tempo o incomodou.
Sorri satisfeita e ele pareceu relaxar mais. Brincou mais alguns minutos
com Emma sob meu olhar encantado e depois voltou com ela no colo até a
cadeira. Estiquei meus braços para segurá-la e lhe dei um beijinho na
bochecha rosada perguntando com voz de mãe coruja se ela havia gostado de
brincar na água e fui retribuída com palminhas animadas. Quando Emma
começou a chorar por estar com fome, nos levantamos e fomos almoçar no
restaurante do hotel, que providenciou uma sopa de legumes para minha filha
que comeu com um grande apetite. Christopher pediu filés de peixe ao forno
com purê de batata e picles. A sobremesa foi uma deliciosa torta holandesa
que me fez gemer de satisfação na primeira garfada.
— Vá, querida. – senti o beijo no alto da minha cabeça e uma leve carícia
em minha cintura – Eu preciso fazer uma ligação.
— Claro, Suzanna, tenho certeza de que posso arcar com essa parte das
negociações. – sua voz era firme, a mesma que usava no escritório quando
vestia sua máscara de CEO – Faça o que for preciso, em poucos dias estarei
de volta a Seattle e vamos resolver isso pessoalmente. Agora preciso desligar,
entre em contato comigo caso tenha alguma novidade.
— Não, Suzanna só está estudando o caso e disse que vai usar todos os
artifícios dentro da lei para provar que foi Matthew quem fugiu deixando
você sozinha.
— Por que fala uma coisa dessas? – me ajeitei em seu colo ficando
desconfortável com aquele assunto, sentindo um pequeno nervosismo ao ver
Christopher tão inseguro, o que não era comum.
— Você tem noção de que nunca poderei te dar um filho com o meu
sangue? – eu podia sentir a angústia em sua voz.
Após mais um breve beijo, me levantei do seu colo e fui direto para o
banheiro, onde arranquei minhas roupas e me meti debaixo da água que caía
morna sobre meu corpo. A viagem estava mesmo me fazendo bem e quando
pensava em Matthew e em suas ameaças, já não sentia pânico, apenas um
sentimento de segurança dentro do coração que Christopher era capaz de
transmitir com toda sua calma e confiança. Assim que saí do banho, vesti o
roupão e dei um nó em minha cintura e caminhei de volta para a sala.
Christopher estava quieto, tinha deixado o iPad ao seu lado no sofá e
segurava Emma em seu colo, mas não se movia. Minha filha parecia
confortável com a cabeça recostada no peito dele e os olhinhos fechados,
provavelmente adormecida. Olhei para ele com curiosidade e me aproximei.
Fiquei um pouco receosa já que Christopher não desviara o olhar, mesmo
tendo a certeza de que havia notado minha presença.
— Ela estava chorando, eu a peguei no colo e... – seu tom de voz ficou
mais baixo e ele hesitou – Bem, ela parou e logo adormeceu.
— Parece que a cada dia Emma mostra o quanto se sente bem com você.
— Você não me contou isso. – olhei para ele que deu de ombros.
— Obrigado.
— Lisa! – eu pude ouvir a animação em sua voz – Que alegria falar com
você.
— Vai ser um grande favor, ainda mais porque o Robert está cada vez me
dando mais trabalho.
— Então ficamos combinadas. Posso pedir para o Charles passar aí por
volta das onze horas.
— Alguma coisa que eu precise saber? – aos poucos seus dedos hábeis
iam revelando parte de seu peitoral firme e a fina camada de pelos escuros.
— Está certo. Pela manhã vou entrar em contato com Suzanna para saber
como andam as coisas. – senti seus lábios tocarem os meus brevemente –
Fique em casa. Eu até mesmo prefiro que não vá para empresa, não quero
outro incidente daquele com Matthew na rua. Tenho certeza de que ele não
vai querer perder a oportunidade de te encarar novamente.
Ele fora breve em suas palavras antes de eu sair do quarto. Meu corpo se
arrepiara de antecipação, mas eu foquei toda a minha concentração em
preparar uma vitamina para Emma antes de colocá-la para dormir. Naquela
noite, depois de voltar para o quarto, nenhum de nós jantou. Eu apenas retirei
meu roupão e me exibi para Christopher, que imediatamente ficou duro como
pedra. Ele era magnífico e eu me derretia por completo em seus braços.
— Lisa, sua casa é linda! – ela disse olhando em volta com seus grandes
olhos verdes – Na verdade, é uma mansão.
Eu pensei em Christopher com seus ternos feitos sob medida, seu porte de
bilionário, suas gravatas de seda, sentado em um sofá simples em uma sala
provavelmente bem menor do que a que estávamos sentadas agora se
perguntando o que estaria fazendo ali. Sorri para Tracy tentando transmitir
segurança, mas eu mesma estava um pouco nervosa me perguntando como
Christopher iria reagir caso cruzasse a cidade até um bairro mais humilde e se
deixaria transparecer seu desgosto por se sentir totalmente fora dos padrões.
Tudo estava delicioso e Tracy elogiou cada prato, deixando claro que
queria a receita dos muffins de banana que ainda estavam mornos quando
servidos, deixando-os ainda mais macios. Sem resistir, comi dois bolinhos e
respirei fundo quando meu estômago parecia explodir. Fazia tempo que eu
não comia com tanto apetite. Talvez a preocupação em relação ao que estava
acontecendo com o aparecimento de Matthew na cidade, tenha me tirado um
pouco a vontade de comer. Após o almoço, aproveitando que a chuva ainda
não caíra, caminhamos um pouco no jardim conversando um pouco sobre os
planos para o futuro. Tracy queria abrir uma pequena loja de artigos de
artesanato, tal como uma perfumaria.
Sorri para ela me afeiçoando cada vez mais a Tracy. Eu sentia ainda
muita falta de conversar mais com minha amiga Jennifer, mas estava feliz de
que agora eu estava começando a construir novas amizades na cidade e já não
me sentia mais tão isolada.
— Lisa...
— O prazer é meu.
— Por que chegou tão cedo, meu amor? – perguntei a ele estranhando
que estivesse em casa logo após o almoço.
— Eu me senti até diminuída. Ele tem toda aquela pose de homem rico.
— Você acha que ele aceitaria ir com você até minha casa para jantar?
Peguei uma calça de ioga lilás e uma blusinha simples branca. Escolhi
uma calcinha de renda também branca e procurei dentro da gaveta o sutiã que
fazia o conjunto. Sorri satisfeita quando achei e levantei novamente o corpo,
fechei a gaveta e virei tomando um susto com Christopher parado na porta do
quarto me olhando.
— Meu Deus, Christopher! – coloquei a mão sobre o peito – Por que não
avisou que estava aí?
Ele entrou no quarto puxou a gravata que já estava frouxa e a jogou sobre
a cama. Caminhou em minha direção abrindo os outros botões da camisa
social e parou na minha frente. O beijo dele foi voraz e em poucos segundos
eu estava livre do vestido. Caminhamos até o banheiro praticamente
cambaleando enquanto nossas mãos trabalhavam para tirar todas as peças de
roupas um do outro. Foi um dos banhos mais prazerosos que já tive, todos
eles incluíam Christopher como protagonista e acompanhante.
— Achei que quisesse ficar em casa. – ele me olhou levantando uma das
sobrancelhas e em seguida abriu o closet para escolher um terno.
— Claro. – ele se virou de frente para mim e cravou seus olhos nos meus
– Só me prometa que não vai sair de lá sozinha. Tenho a leve impressão de
que Matthew está esperando uma nova oportunidade para te abordar e fazer
ameaças.
— Tudo bem. Eu não vou sair. Até mesmo porque eu não quero passar
por aquilo novamente.
— Acho que ainda está no quarto ou nem mesmo dormiu em casa, deve
estar com David. – respondeu pegando um pedaço de sua panqueca.
— Hoje Suzanna vai novamente ao meu escritório, vou pedir para Olivia
ligar para sua sala assim que a reunião começar. – ele me tirou do meu transe
momentâneo.
— Espero que ela tenha boas notícias. – mordi meu lábio inferior um
pouco preocupada.
— Lisa, querida! Que alegria receber sua ligação. – ela também parecia
bastante feliz e eu me recostei na cadeira girando-a um pouco até que pudesse
ver os pingos de chuva escorrendo no vidro da janela.
— Ela deve estar radiante. Pelo que me lembro, Lindsey sempre quis ter
uma família grande porque achava injusto ser filha única. – respondi me
sentindo cada vez mais nostálgica ao me lembrar de todas as vezes que
sentava no sofá e conversava com minha tia.
— Kenan tem sido um bom rapaz. Ele acha que o bebê vai ser um
menino, mas Lindsey insiste em dizer que será uma menina. Mas no fundo,
acho que não se importam muito com o sexo do bebê. Eles estão animados
mesmo para serem pais.
— Eu ainda fico impressionada como ele mudou desse jeito. Ele parecia
um rapaz tão legal. As aparências realmente enganam. Ainda bem que agora
você tem Christopher e ele parece realmente gostar de você, já que está
ajudando na luta contra Matthew.
— Está tudo bem, desde que me leve a algum daqueles lugares com uma
sobremesa deliciosa feita com sorvete. – espalmei minhas mãos em seu
peitoral lhe lançando um olhar quase suplicante.
— Será um prazer. – ele me deu um leve beijo nos lábios e apoiou meu
braço no dele, me levando para rua em seguida.
— Quem você pensa que é para vir colocando banca para cima de mim?
– Matthew ergueu o queixo um pouco alterado.
— Não tenho essa pretensão, apesar de que acredito que você está
bastante interessado na minha situação financeira.
Era inútil tentar chamar sua atenção, ele parecia não ouvir. Estava
possuído por uma raiva aguda. Vi mais um soco ir de encontro ao nariz de
Matthew que gemera de dor colocando a mão no rosto. Dominado também
pela raiva, ele conseguira revidar acertando o canto do lábio de Christopher e
eu gritei novamente ficando mais desesperada. Não queria ver o homem a
quem eu amava sendo prejudicado por minha causa. Os dois travavam uma
luta corporal que parecia não ter limites e a aglomeração de pessoas começou
a se formar. Os gritos pareceram chamar a atenção dos seguranças da
empresa que vieram correndo para segurar o próprio chefe. Christopher
estava como o canto dos lábios sangrando e seu rosto adquirira uma
tonalidade avermelhada. O suor em sua testa brilhava e sua respiração
ofegante parecia a de um leão enjaulado.
A fúria em seus olhos era algo nunca vista, por mim, daquela maneira.
Christopher respirava rápido e dois dos seguranças o seguravam pelo braço.
Senti um nó na garganta ao ver seu lábio machucado, a gravata torta e seu
total descontrole. Era a primeira vez que o via dessa maneira. Christopher
sempre se caracterizara pelo seu total controle das situações, e agora estava
no meio da calçada agredindo um homem e lutando por sua filha. Sim, sua
filha. Senti as lágrimas descerem por minha face lembrando-me de suas
palavras. Essa era a total redenção de Christopher, dos traumas causados por
sua esterilidade e finalmente se assumindo pai. Este era meu maior presente.
Aproximei-me dele esquecendo totalmente a presença de Matthew agachado
na calçada com as mãos no rosto e das outras pessoas e olhei diretamente no
fundo de seus olhos. Suas pupilas dilatadas me olharam com atenção e eu
pude sentir a raiva se dissipar como uma nuvem de fumaça.
— Meu amor, por que você fez aquilo? – toquei seu rosto com carinho
tomando cuidado para não encostar em seu lábio machucado.
— Jamais ia permitir que ele falasse aquelas coisas. – finalmente ouvi sua
voz, rouca, porém firme.
— Fiz o que era necessário. – senti que ele apertou o abraço em torno do
meu corpo – E o que meu coração queria.
— Imediatamente.
Ele abriu os braços e estendeu a mão para mim que sem hesitar, segurei.
Olhamos-nos fixamente por alguns minutos e ficamos em silêncio apenas
sentindo a conexão daquele momento. Algumas batidas nos distraíram e
olharam diretamente para ela. Soltei a mão quente de Christopher e abri a
porta agradecendo à Olivia pela caixinha de primeiros socorros. Coloquei
sobre a mesa e comecei os preparativos para cuidar do machucado dele.
Quando olhei para baixo, pude ver os nós dos dedos sujos de sangue.
Assustei-me pensando que fosse mais um ferimento e ele pareceu notar meu
espanto.
— Você foi tão corajoso de ter feito aquilo. Tenho medo das ameaças
dele.
Senti seus lábios tocarem os meus num gesto carinhoso. Não era algo
extremamente comum vindo dele, Christopher era mais intenso, todo seu
corpo emanava um calor impossível de ser ignorado. Agora, ele parecia
aguentar a dor em seu machucado, pois não fazia a menor menção de se
afastar. Ele pousou a mão em minhas costas, descendo até a lombar e quanto
senti meu corpo ser pressionado no dele, o telefone tocou fazendo-o soltar um
palavrão. Christopher beijou meus lábios devagar e se afastou, apertando o
botão do aparelho de telefone em seguida.
— Sr. Vielmond, sua advogada Suzanna Collins está aqui para falar com
o senhor. – a voz dela encheu a sala pelo viva-voz.
— Agora tenho outro assunto que deve ser tratado. Eu acabei de agredi-lo
em frente à empresa.
— Ele começou com ofensas e eu não me segurei, parti para cima dele
com um soco, a partir daí nos agredimos mutuamente.
— Isso aconteceu aqui em frente. – Suzanna disse mais para ela do que
para nós - Obviamente havia um grande número de testemunhas, talvez o
evento apareça nos jornais. Isso pode ser bastante prejudicial no processo.
— Farei o mesmo.
— Não é culpa sua. Olhe para mim. – senti as mãos com carinho tentando
tirar as minhas que estavam sobre o rosto.
— Não quero que se culpe por nada. Eu agi daquela maneira e não me
arrependo. Matthew estava precisando tomar porrada.
— Posso te perguntar uma coisa? – olhei dentro dos seus olhos sentindo
uma emoção tomar conta do meu peito.
— Por que agora você se sentiu como pai de Emma? O que aconteceu
para você mudar? Eu estou tão feliz que não consigo acreditar. – suspirei e
sorri - É claro que sei que você tem lidado muito bem com ela, mas ser pai
me parece um sonho! – minha animação foi crescente.
— Eu quero saber, por favor. – segurei seu braço tentando lhe passar
segurança.
— Foi daí que senti realmente como se algo especial existisse. Depois de
tudo que conversamos, dos complexos que eu tinha por não ser capaz de me
tornar pai, no momento em que Emma me chamou de “papai”, for um
turbilhão de emoções.
— Para Emma, você é o pai dela e não há ninguém para dizer o contrário
disso. – o abracei pelo pescoço e sorri me sentindo extremamente feliz com
aquela revelação e nem os problemas com Matthew seriam capazes de
estragar isso.
— Hoje eu briguei por você e por ela também. Ver Emma me chamar de
pai fez com que eu me sentisse orgulhoso e jamais deixaria que ela passasse
pela situação de descobrir que seu pai biológico é um grande filho da puta.
— Agora mais do que nunca está claro que você é o pai dela. Você
desenvolveu o instinto protetor.
— Eu amo você.
— Farei imediatamente.
— É claro! – sorri para lhe passar confiança. – Vou adorar que você
esteja conosco.
Christopher assentiu e passou seu braço por trás por de mim e segurou
minha cintura. Beth nos dissera que Karin estava com Emma na beira da
piscina. A irmã de Christopher estava sentada em uma cadeira enquanto
minha filha brincava com a boneca dada por ele em seu colo. Assim que nos
viu chegar, ela sorriu abertamente e esticou os bracinhos em nossa direção.
— Me parece sério.
— Sei que sim. – Karin beijou o rosto do irmão – Vou torcer para tudo
ficar bem. Agora deixarei vocês curtindo um pouco essa princesinha e vou
ligar para David e tentar marcar um jantar.
Ela se afastou jogando seus cabelos pretos, de um lado para outro, presos
em um rabo. Christopher se virou e ficou de frente para mim olhando meus
olhos. Ele era um homem extremamente bonito e me despertava uma emoção
sempre que me olhava nos olhos.
— Claro que vai. – senti sua mão quente em meu rosto – Eu não deixarei
que ninguém tire Emma de nós.
— Eu disse que um dia esse sentimento ia surgir. – sorri para ele com os
olhos marejados – Por que não pega sua filha no colo? – sugeri sentindo meu
coração disparado.
— Acho que era mais algo do destino. Emma se sentiu ligada a você,
acho que desde o momento em que você lhe deu a boneca. Lembra-se?
— Sim. – fez uma pausa quando Emma tocou seu rosto e gentilmente ele
segurou sua mãozinha e deu um beijinho na palma – Eu era um tremendo
cretino naquela época, e isso nem faz tanto tempo assim.
— Você não faz ideia de como sou louco por você. – a voz rouca dele
interrompeu o som das nossas respirações ofegantes.
— Eu também sou louca por você, meu amor. – levantei minha cabeça
vendo-o debaixo de mim.
A risada dele explodiu pelo quarto e senti sua mão em minha nuca, me
puxando para um beijo intenso. Eu adorava quando estávamos assim
relaxados, esquecendo todos os problemas do lado de fora. Senti que ele
estava ficando rígido debaixo de mim novamente e eu soube que essa era a
deixa para voltar a movimentar o quadril sentindo o desejo reverberar pelo
meu corpo.
Capítulo 19
Voltamos para empresa dentro do Lincoln que ele dirigia com maestria.
Optamos por ir a um restaurante de carro para evitar sermos abordados na rua
por jornalistas. O resto da tarde passou rápido e perto da hora de ir para casa,
Olivia ligou para minha sala.
— Srta. Harper, estou ligando para lhe dar um recado deixado pelo Sr.
Vielmond. – sua voz era suave, mas capaz de demonstrar toda sua eficiência.
– Ele precisou sair para uma reunião de última hora. Disse que o motorista
estará esperando-a em frente à empresa.
— Eu adoraria.
— Alô?
— Lis, já está vindo para casa? – ela parecia ansiosa do outro lado da
linha.
— Não, pelo menos não ainda. – ela parecia animada – É que David vai
jantar aqui em casa hoje e eu gostaria de saber se você e meu irmão estarão
disponíveis.
— Eu estarei, mas Christopher está em uma reunião, não sei a que horas
chega.
— Vou torcer para que chegue a tempo. – ela dissera e eu estava cada vez
mais curiosa com essa urgência.
Que bom que chegou, Lis! – ela me abraçou dando um beijo em minha
bochecha logo em seguida.
— Como você sabe, David virá jantar conosco e queremos falar com
você e com meu irmão.
— Tudo bem, eu acredito que até a hora do jantar ele já esteja aqui. Sei
que foi tudo resolvido de última hora, mas eu precisava esperar um pouco.
Subi as escadas e fui direto para o banho. Por conta do jantar, vesti uma
saia plissada roxa e uma blusa simples da cor creme com sapatos de salto
médio. Penteei os cabelos com cuidado e fiz uma maquiagem leve. Emma
estava em seu berço brincando com a boneca dada por Christopher. Assim
que percebeu minha presença no quarto, ela levantou a cabeça e sorriu
animada.
— Mama...
Sempre que ouvia esse chamado tão especial, meu coração batia
acelerado em meu peito e eu quase explodia de felicidade. Definitivamente eu
jamais deixaria alguém tirá-la de mim.
Aproveitando o tempo livre que eu tinha para curtir minha filha, desci até
a cozinha segurando-a no colo e peguei a raspadinha de frutas que Beth
preparara. Dessa vez fui para quarto de Christopher para encontrar um
delicioso refúgio naquele começo de noite ao lado da minha filha. Sentei-me
em uma das espreguiçadeiras e deixei Emma de pé na minha frente.
— Papa...
— Mmm... – ele murmurou – Algo para dizer? Que tipo de coisas ela tem
para dizer que precisa de uma reunião para o jantar?
Peguei Emma que estava quase cochilando em seu ombro e deixei que
fosse para o banheiro. Ninei cantarolando algumas canções e a vi pegando no
sono rapidamente. Levei-a até seu quarto e a coloquei no berço com cuidado
para não acordá-la. Fiquei por alguns minutos vendo-a dormir tranquila e fiz
uma promessa silenciosa de que tudo ficaria bem.
Nosso beijo foi mais intenso e eu senti que a toalha escorregava para o
chão. Com uma das mãos sobre minha bunda, Christopher me puxou de
encontro ao seu membro que eu já conseguia sentir endurecer contra minha
barriga. Meu desejo por ele crescia de maneira intensa e descontrolada.
Nossas mãos começaram a trabalhar juntas, buscando cada centímetro do
corpo do outro e devagar, passei minha língua pelo seu lábio inferior. Uma
batida na porta foi necessária para fazer com que Christopher praguejasse
contra meus lábios. Eu não podia negar que estava tão frustrada quanto ele.
— Chris, você está aí? – o som da voz de Karin foi abafado pela porta.
— Ótimo! Então saia logo desse quarto porque David já está a caminho.
Ouvimos o som dos passos dela ecoando pelo corredor por conta dos
saltos altos. Christopher me olhou com a toalha na mão e eu suspirei. Era
impossível ignorar o membro rígido à minha frente e eu precisei de muita
concentração e forças para não me jogar em seus braços.
— Vamos para sala tomar algo antes do jantar ser servido. – Karin
sugeriu e nós quatro caminhamos até a sala de estar.
— Karin, por que não nos conta como estão as coisas no bufê e a empresa
de organização de eventos? – ele iniciou uma conversa que para mim parecia
um território tranquilo.
O comentário pode ter passado despercebido para qualquer um, mas não
para mim. Por que ele parecera interessado em organização de festas de
casamento? Será que... Não, não podia ser possível. Por outro lado,
Christopher deixara claro que não iria ficar longe de mim ou de Emma. Lisa,
é melhor você parar de sonhar. Concentre-se na realidade.
— Sem dúvidas! Por isso tudo tem que sair perfeito. – Karin disse com
um sorriso estampado no rosto agitando as mãos no ar.
— Oh, Karin! Que bela notícia! Meus parabéns! – levantei e dei a volta
na mesa passando por trás de Christopher e lhe dando um abraço quando ela
se levantou da cadeira.
Voltei para o meu lugar e olhei para Christopher que continuava sentado
sem transparecer nenhuma emoção. Será que esse assunto ainda o afetava
tanto? Será que a gravidez iria trazer de volta os seus fantasmas? Oh, Deus,
por favor, não!
— Ter um filho sempre foi um sonho e poder vê-lo ser realizado com
Karin tornou tudo especial. Sei que parece cedo, mas nunca tivemos tanta
certeza de algo como agora. – ele voltou a segurar a mão da namorada.
— Então meu filho terá uma priminha. – David se pronunciou sem tirar o
sorriso do rosto.
— Que bom que está aqui. – ouvi sua voz serena enquanto sua mão
segurava meu joelho.
— Dormimos juntos todas as noites, não faz sentido nenhum que você
deixe suas coisas em outro quarto.
— David é um bom homem, sei que os dois vão lidar muito bem com a
responsabilidade que é ter um filho.
Seu sorriso se abriu ao me ver de frente para ele com Emma em meu
colo. Estendeu os braços e pegou-a no colo aninhando-a em seu peitoral
devagar. A cena era linda, enchia meu coração de alegria e eu sorri bastante
contente.
— Tudo que sei foi que a Srta. Collins ligou e ele saiu em seguida
apressado pedindo para desmarcar seus compromissos. – eu podia sentir o
tom de desculpa em sua voz.
— Ele deve ter tido uma emergência. – dei de ombros tentando não
parecer irritada.
— Me sinto tão culpada. – ouvi seu suspiro – Acho que era para eu deixar
avisado que ele saiu apressado e não deu previsão de retorno.
Não sei quanto tempo se passou, mas já estava escuro quando ouvi o
barulho da porta abrir sem nenhum tipo de suavidade. Pisquei com força me
obrigando a abrir os olhos e me deparei com a figura alta de Christopher.
Meu estômago se contraiu diante da imagem dele, sempre impecavelmente
arrumado mesmo depois de um dia inteiro.
— Não foi isso que você veio falar para mim? Que cansou de bancar o
homem apaixonado e quer voltar para sua vida de mulheres sem
compromisso? – perguntei sufocando o nó em minha garganta.
— Você saiu com Suzanna. – suspirei ainda sentindo a pressão dos dedos
em volta do meu braço – Vocês já tiveram um caso, ela é uma mulher bonita.
– fechei os olhos – Além do mais, se o encontro tivesse algo a ver com o caso
de Matthew, eu teria que estar presente.
Devagar, eu me levantei e deixei que ele me guiasse pela mão para fora
do quarto. Várias coisas passavam pela minha cabeça no momento, mas nada
podia ser considerada uma possibilidade. Que tipo de acerto ele estava
falando?
— Eu não te contei sobre ter saído com Suzanna porque queria te fazer
uma surpresa sobre meus planos. – ele se aproximou devagar agachando na
minha frente — Esse é um documento reconhecido em cartório. – peguei o
envelope que ele me oferecia – Aqui você verá Matthew abrindo mão de
qualquer direito sobre Emma.
— Oh, meu Deus! – coloquei a mão livre sobre os lábios assim que retirei
o papel oficial – Como você conseguiu isso?
— O que você fez é a maior prova de amor que alguém poderia dar.
— Eu não quero saber o quanto você precisou pagar por isso, basta para
mim que você agora é oficialmente o pai de Emma, perante a lei.
Seu sorriso para mim era o mundo. Christopher fez com que eu me
levantasse e me abraçou pela cintura roçando seus lábios no meu pescoço.
Senti um arrepio e pressionei meu corpo mais ao dele. Qualquer palavra foi
dispensada, ele sabia o que eu queria, por isso tomou meus lábios em um
beijo forte e carregado de desejo. Com pressa eu soltei sua gravata
empurrando o terno para longe. As peças de roupa foram caindo ao chão uma
a uma, até que ambos estávamos nus. Coloquei as mãos em seu peitoral largo
e o fiz sentar no sofá.
Eu pude ver seu olhar escuro e cheio de desejo. A ereção era um show à
parte, um completo deleite ao qual eu ia saborear. Caí de joelhos aos seus pés
e agarrei o membro rígido entre meus dedos. Christopher de pé me olhava de
maneira intensa e ofegou quando meus lábios alcançaram a cabeça do seu
membro. Ele era um homem magnífico e eu o chupava de maneira lenta. O
gemido rouco ecoou pelo escritório e eu senti seus dedos agarrarem meus
cabelos com força e empurrar o quadril forçando ainda mais o pênis em
minha boca. Christopher era insaciável e cheio de energia e eu o sugava até
seu corpo estremecer, mas seu autocontrole era impressionante.
Sua risada foi um deleite para meus ouvidos e nos beijamos de maneira
apaixonada. Após recolhermos nossas roupas, Christopher pegou o
documento sobre o sofá e o guardou no envelope trancando-o em sua gaveta.
Terminei de vestir a blusa e tentei ajeitar os cabelos da melhor maneira
possível. Ele apenas vestiu a cueca e a calça e deixou pendurados no braço a
camisa, o paletó e a gravata.
— Você vai sair assim? – perguntei sem conseguir desviar o olhar do seu
tórax e abdome, ele apenas assentiu. – E se alguém nos vê? Que vergonha! –
mordi o canto da boca.
— Querida, não vamos ser presos por transar dentro da nossa casa. Além
do mais, com seus gemidos, não temos como fingir que não aconteceu, todos
já saberiam.
— O pai mais incrível que uma menina pode ter. – toquei seu rosto com a
ponta dos dedos enquanto uma lágrima de emoção corria pelo meu rosto –
Sou a mulher mais feliz do mundo por ter você na minha vida.
— Eu te amo, Lis.
Christopher me enlaçou pela cintura e com a outra mão enterrou os dedos
nos meus cabelos, me dando um beijo apaixonado. Eu o amava de maneira
desesperada, meu corpo o desejava com tanta intensidade que parecia
queimar. Ele afastou alguns centímetros de mim e encostou a testa na minha.
— Ótimo, nos vemos em casa. Esteja pronta às sete. Tenho mais uma
reunião e assim que terminar irei direto para casa.
— O Sr. Vielmond está parecendo outra pessoa. É claro que digo isso de
maneira positiva. Ele realmente mudou bastante, não parece mais tão mal
humorado quando sai da empresa.
— Ela está cada dia mais esperta. – Beth comentou logo atrás de mim.
— Espero que ela não esteja dando muito trabalho. – a peguei no colo
dando um beijo em sua bochecha – Talvez esteja na hora de contratar uma
babá.
Sorrindo eu exclamei e ouvi a risada dela quando peguei minha bolsa, saí
da cozinha e subi as escadas em direção ao quarto. Christopher ainda estava
em reunião, o que me dava ainda mais tempo para me arrumar. Deixei a bolsa
sobre o sofá e fui direto para o banheiro, tirei toda a roupa e preparei um
banho relaxante na banheira. O perfume de jasmim tomou conta do ar e eu
afundei na água morda sentindo cada músculo relaxar e recostei a cabeça na
borda da banheira. Fechei os olhos e suspirei pensando em tudo que mudou
na minha vida. Desde o momento em que descobri estar grávida e fui
rejeitada com minha filha, tudo se tornou muito difícil. Quando conheci
Henry Vielmond, encontrei nele um amigo, sem saber que dali em diante o
destino tinha bastante coisa preparada para mim. Quase dois anos depois eu
tinha encontrado um homem que apesar de parecer frio, se mostrou uma
pessoa carinhosa e sentimental, por quem me via completamente apaixonada
agora.
— Você também é irresistível. – passei meus lábios pelos dele e ouvi seu
gemido.
— Eu adoraria.
— Não, Lis. – seu sorriso mostrava quase todos os dentes perfeitos – Não
vai adiantar.
Suspirei e olhei em volta vendo Beth trazer o vinho que com certeza tinha
sido escolhido por Christopher. Ele mesmo fez questão de servir agradecendo
à governanta pelos seus serviços. Com maestria ele abriu a garrafa e serviu a
bebida em duas taças de cristal. Eu sorri ainda mais diante daquele gesto e
peguei as taças que me eram oferecidas.
Batemos nossas taças uma contra a outra e o prato de entrada foi servido.
Uma salada de legumes cozidos a vapor com molho italiano, seguida pelo
prato principal. O risoto de frutos do mar estava excelente e eu gemi de
satisfação saboreando cada garfada. A sobremesa foi uma tortinha de frutas e
creme de baunilha e eu precisei resistir à tentação de comer outra, afinal, não
queria exagerar na comida. Christopher encheu minha taça novamente e eu
dei dois goles para limpar a garganta.
— Beth como sempre não deixou a desejar, mesmo que eu tenha lhe
pedido com poucas horas de antecedência.
— Vou me encarregar disso depois. – ele pousou sua taça sobre a mesa e
me olhou com seus profundos olhos castanhos iluminados pela luz da vela ao
centro da mesa – O que tenho para fazer agora é mais importante.
— Eu fico tão feliz ao ouvir isso, Chris. Muitas vezes eu pensei que
jamais encontraria alguém que pudesse me amar. Fiquei devastada quando fui
abandonada e eu duvidei que eu também pudesse amar alguém. Você foi gelo
e fogo, tudo ao mesmo tempo e despertou em mim um lado que eu jamais
conheci. Me sinto mais forte e ao mesmo tempo tão frágil diante do poder
que você exerce. Sou mais mulher, mais madura e desinibida diante do seu
olhar.
— Admito que fui um idiota durante algum tempo, mas vou passar o
resto da vida te compensando por isso. Nunca conheci ninguém tão bela e tão
forte quanto você que enfrentou muitas coisas sozinha, mas você nunca estará
sozinha novamente, querida. – ele esticou a mão até um dos arranjos de flores
sobre a mesa e me surpreendeu tirando de lá uma caixinha de veludo
vermelha – Lisa, aceita se casar comigo?
Christopher sorriu para mim e tomou minha mão direita deslizando o anel
até que este tocasse o anel de compromisso que ele me dera alguns meses
atrás. Contemplei a joia e desviei meu olhar para o rosto do homem que eu
amava. Uma força emanava dele e eu me sentia segura diante de qualquer
problema. Christopher havia mostrado um lado romântico e apaixonado que
apenas eu conhecia, mas que agora o mundo ficaria ciente.
Olhei para o lado em busca de alguém, uma pessoa que a cada dia tornava
minha vida mais especial. Em meio às dezenas de mulheres e crianças, eu a
avistei. Com um vestido verde emoldurando seu corpo tentador, lá estava a
minha esposa. Casados há mais de um ano, nós ainda nos sentíamos em lua
de mel. Era impossível ficar muito tempo longe dela e eu sempre soube que
ela se sentia da mesma forma em relação a mim. Parecendo perceber que eu a
olhava, sua cabeça girou levemente e seus olhos encontraram os meus. Seu
sorriso se abriu e eu retribuí o mesmo piscando de um olho só. Sem dúvidas
eu era perdidamente apaixonado por ela e deslizar meu olhar pelo seu corpo
me fazia desejar encerrar a festa, subir para o quarto e terminar o que
havíamos começado pouco tempo antes de descermos. Eu ainda podia me
lembrar de cada detalhe daquela boca me dando prazer. Eu nunca ia me fartar
dessa mulher!
— PAPAI! PAPAI!
Karin se casara seis meses após dar a luz a Vicent, ela quis dedicar o
período durante a gravidez em organizar tudo para a chegada do bebê e
escolhera ir morar no apartamento de David, no centro de Seattle. O
casamento foi uma cerimônia íntima, ao contrário do meu, que fiz questão de
organizar uma festa para centenas de convidados e dividir com todos minha
felicidade. Lisa estava deslumbrante. Nossa lua de mel em uma praia
particular me rendeu nádegas bronzeadas por um bom tempo graças a
constante atividade sexual ao ar livre. Emma se remexeu nos meus braços e
seu grito desviou meus pensamentos mais uma vez.
— Vovó!
Olhei para o lado e vi a tia de Lisa se aproximando. Ela viera para a festa
de aniversário do meu sobrinho e Lisa fez questão de mantê-la aqui pela
próxima semana realizando passeios pela cidade, assim como fizera com sua
amiga Jennifer no mês passado.
— Não diga isso, Grace. Você está ótima. – eu respondi sentindo Emma
pousar a cabeça em meu ombro – Thomas está ansioso para lhe conhecer.
— Eu te achei um máximo!
E eu provei.
— R. Schirmer.