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diálogo sociaL 3
Cidadania:
direitos e deveres
Brena Késsia Simplício do Bomfim
Sumário
1. Cidadania: Direitos e Deveres...............................................................................35
Considerações finais..............................................................................................46
Referências.............................................................................................................. 47
1.
Cidadania: Direitos
e Deveres
Historicamente, a origem do vocábulo
cidadania vem do latim civitas, que signi-
fica cidades. Na Grécia antiga, a expres-
são cidadania foi cunhada em um senti-
do eminentemente político, sendo o laço
Demais disso, como objetos espe-
efetivo entre o indivíduo e a comunidade
cíficos do estudo em questão questiono
a forma efetiva de vida do homem no
quais são estes direitos e deveres? Há
exercício da ação política, ou seja, na ad-
um rol exaustivo? Onde estão previstos?
ministração da vida em comunidade, das
Quais suas principais características para
diretrizes do governo ou do exercício do
fins de enquadramento como inerentes
poder do Estado. No sentido jurídico, ci-
à cidadania? Para isto, divido o presente
dadania trata-se da qualidade ou vínculo
artigo em três partes e utilizo o método
que gera para o nacional, uma vez que
dedutivo racionalista, a partir da pesqui-
ligado ao Estado, um conjunto de direi-
sa bibliográfica de doutrinas e pesquisas
tos e de deveres perante os seus pares.
sobre o tema, quantitativa e exploratória,
No sentido denotativo, como se aprende
como se desenvolve a seguir.
na escola, cidadania nada mais é que a
qualidade de ser cidadão, ou seja, ter di-
reitos a usufruir e deveres a cumprir, em
2.
uma relação mutualística em que, para
existência de um é imprescindível a ob-
servância do outro e vice-versa.
Posso apresentar inúmeras outras
acepções do vocábulo dadas por polí-
ticos, filósofos, juristas e, até mesmo, Direitos Humanos
por artistas e matemáticos, no entanto, Como Direitos
o sentido da palavra para fins desta lei-
tura já se encontra claro e delimitado na Fundamentais
acepção de um conjunto de direitos e de
deveres que compõem diretrizes de vida
Universais
em sociedade e que inexistem se não Há cerca de cinco anos, ministro disci-
observados em conjunto pelo Estado, plinas de direitos humanos em cursos de
bem como também pelos particulares, curta duração, pós-graduação e educa-
sem a participação deste não há falar em ção continuada. Desde que iniciei, ques-
exercício efetivo da cidadania. Esse con- tiono os alunos sobre o conceito pessoal
junto de prerrogativas é o objeto central de direitos humanos de cada um deles.
deste estudo, no qual viso revisitar um Antes, cada um opinava oralmente em
conceito de cidadania em tempos de cri- sala de aula sua percepção na aula inau-
se econômica, de baixa na representa- gural sobre o tema. Isso facilitava uma
tividade democrática, do impacto irres- indução das opiniões dos últimos interlo-
trito da inteligência artificial nas nossas cutores às concepções externadas pelos
vidas, dentre outras peculiaridades que primeiros a refletir sobre o conceito.
me assombram e exigem reflexão da co- Com o advento e ingresso das novas
munidade hodierna. tecnologias de informação e comunica-
4.
como ativamente envolvidas – dada a
oportunidade – na conformação de seu
são iguais perante a lei, sem distinção próprio destino, e não apenas como be-
de qualquer natureza, garantindo-se aos neficiárias passivas dos frutos de enge-
brasileiros e aos estrangeiros residentes nhosos programas de desenvolvimento”
no País a inviolabilidade do direito à vida, Os Limites às (SEN, ANO, p.77). Eu, você, nós somos
à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade” (BRASIL, 1988). Liberdades chamados ao protagonismo do processo
de desenvolvimento de nossas nações,
Nacionais e não nacionais, desde Individuais e a bem como das demais ao redor do mundo.
que residentes no Brasil gozam dessas Quando recebi o convite do Tribunal
garantias fundamentais e são titulares de Noção de Cidadania de Justiça do meu Estado natal, Ceará,
deveres que visam o exercício dos mes-
mos direitos pelos seus semelhantes em
Global para abordar o tema cidadania nesta co-
letânea, instiguei-me a olhá-la por um
território nacional. Assim, não há falar Promover os direitos humanos e alcan- novo espectro, pautado principalmente
em exercício dos direitos fundamen- çar a efetividade de direitos fundamen- pelas transformações sociais impulsio-
tais sem que os seus titulares cumpram tais é tarefa cabível a cada um de nós nadas pelas novas tecnologias da infor-
o pacto de observar as limitações que que compomos a sociedade moderna. mação e da comunicação e pela globa-
possibilitem o exercício dos mesmos pe- Já dizia o filósofo, Aristóteles, somos lização. Não se pode falar de cidadania
los demais cidadãos que compõem a so- animais eminentemente políticos. Não hoje, como o gozo de direitos e obser-
ciedade brasileira. No entanto, hoje, não há como se escusar de participar desse vância de deveres de forma mutual, cir-
há mais limitação da cidadania a geolo- processo. A minha não ação e a sua inér- cunscrita ao território de nossas nações
calização em um Estado por si só, pois cia, as nossas fugas dos processos polí- de nascimento.
somos humanos em um mundo cada ticos, que marca a convicção política de Hoje apenas somos cidadãos se
vez mais globalizado e sem fronteiras. inúmeros de nós na atualidade, também nosso compromisso em respeitar as
Chegamos à cidadania 4.0. Bem-vindos é uma ação política que reflete negati- liberdades dos nossos semelhantes
à noção de cidadania global! vamente na necessidade de assunção transpassar todas as nossas relações
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