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Justiça e

diálogo sociaL 3

Cidadania:
direitos e deveres
Brena Késsia Simplício do Bomfim
Sumário
1. Cidadania: Direitos e Deveres...............................................................................35

2. Direitos humanos como direitos fundamentais universais..............................35

3. Direitos fundamentais como exercício de cidadania........................................40

4. Os limites às liberdades individuais e a noção de cidadania global................43

Considerações finais..............................................................................................46

Referências.............................................................................................................. 47
1.
Cidadania: Direitos
e Deveres
Historicamente, a origem do vocábulo
cidadania vem do latim civitas, que signi-
fica cidades. Na Grécia antiga, a expres-
são cidadania foi cunhada em um senti-
do eminentemente político, sendo o laço
Demais disso, como objetos espe-
efetivo entre o indivíduo e a comunidade
cíficos do estudo em questão questiono
a forma efetiva de vida do homem no
quais são estes direitos e deveres? Há
exercício da ação política, ou seja, na ad-
um rol exaustivo? Onde estão previstos?
ministração da vida em comunidade, das
Quais suas principais características para
diretrizes do governo ou do exercício do
fins de enquadramento como inerentes
poder do Estado. No sentido jurídico, ci-
à cidadania? Para isto, divido o presente
dadania trata-se da qualidade ou vínculo
artigo em três partes e utilizo o método
que gera para o nacional, uma vez que
dedutivo racionalista, a partir da pesqui-
ligado ao Estado, um conjunto de direi-
sa bibliográfica de doutrinas e pesquisas
tos e de deveres perante os seus pares.
sobre o tema, quantitativa e exploratória,
No sentido denotativo, como se aprende
como se desenvolve a seguir.
na escola, cidadania nada mais é que a
qualidade de ser cidadão, ou seja, ter di-
reitos a usufruir e deveres a cumprir, em

2.
uma relação mutualística em que, para
existência de um é imprescindível a ob-
servância do outro e vice-versa.
Posso apresentar inúmeras outras
acepções do vocábulo dadas por polí-
ticos, filósofos, juristas e, até mesmo, Direitos Humanos
por artistas e matemáticos, no entanto, Como Direitos
o sentido da palavra para fins desta lei-
tura já se encontra claro e delimitado na Fundamentais
acepção de um conjunto de direitos e de
deveres que compõem diretrizes de vida
Universais
em sociedade e que inexistem se não Há cerca de cinco anos, ministro disci-
observados em conjunto pelo Estado, plinas de direitos humanos em cursos de
bem como também pelos particulares, curta duração, pós-graduação e educa-
sem a participação deste não há falar em ção continuada. Desde que iniciei, ques-
exercício efetivo da cidadania. Esse con- tiono os alunos sobre o conceito pessoal
junto de prerrogativas é o objeto central de direitos humanos de cada um deles.
deste estudo, no qual viso revisitar um Antes, cada um opinava oralmente em
conceito de cidadania em tempos de cri- sala de aula sua percepção na aula inau-
se econômica, de baixa na representa- gural sobre o tema. Isso facilitava uma
tividade democrática, do impacto irres- indução das opiniões dos últimos interlo-
trito da inteligência artificial nas nossas cutores às concepções externadas pelos
vidas, dentre outras peculiaridades que primeiros a refletir sobre o conceito.
me assombram e exigem reflexão da co- Com o advento e ingresso das novas
munidade hodierna. tecnologias de informação e comunica-

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 35


ção (NTIC) em sala de aula, hoje, consigo
realizar a atividade simultaneamente en-
tre os alunos, em ambiente virtual. Todos
são chamados a enviar até 10 (dez) pa-
lavras-chave sobre seu conceito pessoal
de direitos humanos para um sítio que
reúne simultaneamente as respostas de
todos os participantes, sem que estes
tenham acesso prévio às opiniões dos
colegas. Os resultados são compilados,
e as palavras-chave enviadas recebem
maior evidência no quadro quando se re-
petem em mais de uma resposta.
Em que pese uma ou outra remissão
incomum, que, todavia, não merece des- Esses direitos são compreendi-
taque, este sempre é dado às palavras dos como ínsitos à pessoa humana em
como as seguintes: dignidade, direitos qualquer lugar do mundo em que esteja,
fundamentais e garantias. Em uma me- seja no ocidente, seja no oriente; seja
nor proporção, mas não incomuns, os no hemisfério norte, seja no hemisfério
alunos associam ao conteúdo de direitos sul; e em todas as circunstâncias que ela
humanos substantivos como vida, liber- assuma, seja em liberdade, seja subme-
dade, igualdade, justiça, saúde e edu- tida à sanção penal; seja empregado-
cação. Essas são respostas ocidentais ra, seja trabalhadora; seja eleitora, seja
comuns dadas por quem detém algum eleita. No entanto, devo ponderar que
conhecimento jurídico àqueles direitos as circunstâncias culturais são levadas
caracterizados como universais, irrenun- em conta pela doutrina internacionalista
ciáveis, inalienáveis, complementares e para fins de relativização ou universali-
interdependentes. zação desses valores.

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Enquanto os relativistas ponderam hodiernamente, em muitas comunida- social ao valorar um fato jurídico, reputan-
que os valores morais são determinados des, assume-se com coleta seletiva de do-lhe uma sanção ou um incentivo sob
pela cultura, história, religião e outros con- resíduos ou com a emissão de gases a ótica da teoria tridimensional (REALE,
textos sociais, sendo os direitos humanos com impacto ambiental. 2003), conforme a necessidade de es-
para estes cultural e historicamente espe- Ao positivismo jurídico, de raiz emi- tímulo ou desestímulo de determinada
cíficos e não universais; os universalistas nentemente legalista, a história do Direito conduta humana, passando a incorporar
descartam esta concepção, fundados na reputa parte da responsabilidade desses padrões morais universais por meio da
crença de que os valores morais são fun- genocídios. Neles residem parte da razão positivação de valores éticos frente à crise
damentalmente os mesmos quando se fática para o surgimento da consolidação do formalismo jurídico que de certa forma
trata de proteção da condição humana de standards internacionais, compreen- legitimou tais conflitos bélicos. Surgiu, en-
em todos os momentos históricos e em didos como garantias mínimas, normas, tão, o pós-positivismo jurídico, cujo com-
todas as localizações geográficas do glo- padrões, ou seja, modelos globais de pro- promisso primordial reside, para além da
bo terrestre, não devendo se admitir va- teção à condição humana dos indivíduos limitação da ação estatal, na preservação
riáveis resultantes da diversidade cultural, que povoam as mais diversas nações ao e na consolidação da dignidade humana.
histórica ou religiosa. redor do planeta. Filosoficamente, os fun- Talvez por isso, ao falar de direitos
Essa última concepção ganhou no- damentos iniciais residem nas concep- humanos, a primeira menção da memó-
toriedade após a ocorrência de duas ções morais advindas de uma lei natural ria os associe ao termo dignidade, pois
grandes guerras mundiais que dizima- derivada da humanidade básica, indepen- é nele que reside o centro propulsor da
ram milhões de vidas humanas, descar- dentemente das circunstâncias culturais. função do Direito como condicionamen-
tadas, nestes conflitos armados, com O Direito travou importante função to da conduta humana com a consoli-
menor grau de responsabilidade do que, como condicionante do comportamento dação do pós-positivismo jurídico. É em
prol da sua dignidade que a minha ação é
limitada pelo Estado e que a ação do Es-
tado também recebe limitações. E, após
os conflitos mundiais, a preocupação
alargou-se também para a convivência
entre Estados, os quais, para preservar a
dignidade de seus nacionais, começaram
a organizar-se em comunidades e condi-
cionar essa relação também por norma-
tização de valores.
Ressalto que não é a positivação em
instrumentos escritos a função primor-
dial do direito internacional dos direitos
humanos, mas sim a busca pelo consen-
so, por meio do diálogo cooperativo in-
ternacional, de quais seriam essas garan-
tias mínimas de domínio não exclusivo do
Estado, mas de legítima preocupação da
comunidade internacional, resultando
assim em processos de universalização e
de efetivação desses direitos.
Nesse sentido, Fábio Konder Com-
parato reitera, ao refletir sobre a afirma-
ção histórica dos direitos humanos, que
(2010, p. 02):
“Reconhece-se hoje, em toda
parte, que a vigência dos direitos
humanos independe de sua de-

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 37


claração em constituições, leis
e tratados internacionais, exata-
mente porque se está diante de
exigências de respeito à digni-
dade humana, exercidas contra
todos os poderes estabelecidos,
oficiais ou não. A doutrina jurídica
contemporânea, de resto, como
tem sido reiteradamente assina-
lado (...) distingue direitos huma-
nos dos direitos fundamentais,
na medida em que estes últimos
são justamente os direitos con-
sagrados pelo Estado mediante
normas escritas.”
Pois bem, para fins pedagógicos,
costumo ilustrar as classes de direitos
humanos com doutrina que reputa como
único o fundamento axiológico para di-
reitos do homem, direitos humanos e
direitos fundamentais como sendo a
limitação do poder do Estado e o com-
promisso com a dignidade da pessoa
humana (LIMA, 2013). Quando não po-
sitivados, inerentes apenas ao contexto
social, histórico e cultural de um povo,
reputam-se por direitos do homem.
Quando positivados em instrumentos in-
ternacionais, frutos de um compromisso
comunitário em prol de sua efetivação
denominam-se direitos humanos. Por
fim, mas não por último, quando posi-
tivados na ordem jurídica interna, repu-
tam-se direitos fundamentais.
A ordem é que ao homem, ao adqui-
rir a condição de sapiens, ou seja, ao ter
poder de racionalizar e ao entender seu
papel no mundo, tem que ser garantido
o protagonismo de sua própria história,
de fazer suas escolhas e de assumir as
responsabilidades de sua tomada de
decisão, bem como da vida em comuni-
dade. Para isso, onde quer que ocupe a
condição humana e em qualquer função
que exerça em sociedade não só são

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garantidos direitos universais inerentes direitos de proteção em face do arbítrio
à sua condição humana, mas também estatal e da dominação do capital. No
lhe são exigidas obrigações advindas da mesmo sentido crítico, os utilitaristas
vida em sociedade. afirmam que valores chave decorrentes
Essa filosofia, fundada em padrões de direito natural são um fenômeno me-
sociais e econômicos liberais, repousa, tafísico que não admitem consolidação
assim, na dignidade da pessoa huma- no mundo real.
na, na capacidade de racionalizar do A refutação a esse pessimismo críti-
homem, na igualdade entre todas as co deu vazão aos estudiosos de direitos
pessoas, na autonomia da vontade, nas humanos concentrarem seus esforços
nossas necessidades e capacidades co- em busca de efetivá-los. Assim, tomo
muns, bem como no consenso universal enquanto construção contemporânea da
sobre valores chaves. É um mister, con- institucionalização dos direitos humanos
tudo, apresentar algumas críticas a essa o conjunto dinâmico de relações ocorri-
consolidação de padrões, pois a filosofia das na sociedade – políticas, econômi-
liberal encontra desafios que não conse- cas, sociais e culturais – que aumentam
gue se esquivar com êxito em um mundo as potencialidades dos seres humanos
em que as desigualdades são abissais e em determinado lapso temporal e es-
que o exercício da autonomia e da liber- pacial (HERRERA FLORES, 2005). Não
dade do homem é diretamente propor- se podem igualar direitos humanos às
cional ao seu acúmulo de capital. normas de direitos humanos, pois estes
Nesse sentido, funda-se, inclusi- devem ser interpretados como um pro-
ve, a crítica marxista aos direitos hu- cesso, um resultado de lutas que geram
manos, para qual estes não se tratam emancipação dos povos e não a imposi-
de nada além de parte da estratégia ção de normas pelo Estado. “As normas
capitalista de um sistema de dominação, são apenas garantias, mas não direitos
em que as carências dos humanos em humanos em si mesmo, os quais exi-
situação de desvantagem são supridas gem um mínimo de eficácia para existir”
pela promessa de um rol ou conjunto de (BOMFIM, 2017, p. 20).

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3.
Costumo destacar ainda a impor- terrestre equilibrado com possibilidade de
tância da efetivação desses direitos, gozo de um meio ambiente hígido, mas
cumulada com a potencialização das também com proteção das pessoas hu-
capacidades do homem, ou seja, com manas em face da revolução tecnológica.
as possibilidades concretas de se atingir A institucionalização inadequada desses Direitos
o tipo de vida que ele escolheu. Amar-
tya Sen, um dos idealizadores da ava-
standards enseja expansão institucional
ou reforma da atuação das comunida-
Fundamentais
liação das nações ao redor do mundo des globais como parte dos ônus gera- Como Exercício de
via Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), em detrimento dos índices de ri-
dos pelo reconhecimento desses direi-
tos como patamar mínimo de civilidade Cidadania
queza acumulada per capita, analisada da geração moderna. “A irrealizabilidade Positivados em direito interno, direitos
produto interno bruto (PIB), afirma que atual de qualquer direito humano aceito, a fundamentais são aqueles considera-
só há falar em desenvolvimento quando qual pode ser revertida por meio de uma dos básicos para qualquer ser huma-
“relacionado, sobretudo, com a melho- mudança institucional ou política, não faz, no, independentemente das condições
ra da vida que levamos e das liberdades por si só, converter a reivindicação para
pessoais específicas que assumam,
que desfrutamos” (2010, p. 29). Assim, um não direito”11 (SEN, 2004, p. 320).
compondo um núcleo intangível de res-
riqueza não pode ser considerada um Positivados em plano internacional,
peito aos indivíduos que compõem uma
fim em si mesma, mas sim um meio para por meio de acordos, pactos, tratados e
determinada ordem jurídica. Assim,
alcançarmos o tipo de vida que a so- outros instrumentos de direito interna-
distingo-os dos direitos humanos, pois
ciedade almeja ter e que nós, cidadãos, cional público, os direitos humanos ape-
aqueles são prescrições determinadas a
desejamos desfrutar. Liberdade, como nas assumem esta condição quando mi-
um delimitado território de autonomia e
direito humano, só é alcançada por meio nimamente exercitáveis em um contexto
soberania de uma nação.
de um processo complexo que deságua social e espacial, o que me remete fazer
Esses direitos decorrem de um pro-
em oportunidades reais da minha e da o destaque à incorporação dessas ga-
cesso de luta social pela efetivação da
sua emancipação enquanto ser. rantias ao direito interno de cada Estado
proteção do homem em face dos pode-
Assim, direitos humanos incluem e à positivação desses mesmos valores
res do Estado e das arbitrariedades dos
inúmeras liberdades, desde as civis e fundamentais diretamente nos ordena-
demais seres humanos quando estes
políticas; passando pelas econômicas e mentos jurídicos internos, quando são
detinham a possibilidade do uso da força.
sociais; e, hodiernamente, as de garan- reputados como direitos fundamentais,
Para Alexandre de Moraes (2011, p. 02-
tia de um futuro decente para presente tal como visto acima e esmiuçado abaixo.
03), “a noção de direitos fundamentais
e futuras gerações, não só de um globo
é mais antiga que o surgimento da ideia
de constitucionalismo, que tão somente

1 “The current unrealizability of any ac-


cepted human right, which can be pro-
moted through institutional or political
change, does not, by itself, convert than
claim in to a non-right” (tradução livre).

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consagrou a necessidade de insculpir
um rol mínimo de direitos humanos em
um documento escrito, derivado direta-
mente da soberana vontade popular”.
Nesse sentido, ressalto que, clara-
mente, a proteção aos direitos funda-
mentais é datada de interregno bem an-
terior das garantias de direitos humanos
e, até mesmo, da constitucionalização
das ordens jurídicas, que só aparece
com as Revoluções Francesa e America-
na do Século XVIII, que iniciam o proces-
so de construção de constituições como
instrumento de contenção de poder do
Estado e de garantia de direitos funda-
mentais de 1ª dimensão: non facere es-
tatal e direitos civis e políticos.
Considerada como a carta geográfi-
ca fundamental para o projeto de cons-
titucionalização dos povos, a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão de
1789 foi institucionalizada pelos franceses,
no auge da revolução, como primeiro ele-
mento constitucional do novo regime po-
lítico. Publicada sem sanção do rei, muitos
questionaram se seria uma mera declara-
ção de princípios sem força normativa. No
entanto, teóricos clássicos reconheceram
sua importância e competência decisória,
tal como Sièyes, que afirmou que a de-
claração emana diretamente da nação,
como poder constituinte.

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 41


Ressalto que a declaração emana 1824, ainda sob égide do Império, até a
direcionamento não só aos franceses, Constituição Federal de 1988, há expres-
quando remete ao termo cidadão, mas sa remissão a um rol de garantias funda-
também a todos os povos, quando reto- mentais ínsitas aos nacionais submetidos
ma a palavra homem. Destaco a forma à ordem jurídica brasileira. Destaco que a
com a qual o instrumento deu contem- constituição atual não limitou o exercício
poraneidade ao compromisso com uma dos direitos e garantias fundamentais
ordem universal preocupada com o ser aos nacionais, ao expressamente con-
humano, não restrita ao território fran- signar, logo no Título II – Dos Direitos e
cês. Em pleno século XVIII, os franceses Garantias Fundamentais, que “todos
já demonstravam que a cooperação en-
tre os homens deve transpor as barrei-
ras geográficas.
Já nas primeiras décadas do sécu-
lo XX, uma nova concepção de Estado
preocupada com as necessidades pri-
márias dos cidadãos, introduz nas cons-
tituições disposições voltadas à imple-
mentação de prestações econômicas,
sociais e culturais, que ensejam uma
ação do estado no sentido de efetivá-las,
o que a doutrina clássica reputa como
prestações positivas, denominação que
recebe críticas liberais, pois há quem
entenda que os direitos negativos, ou de
primeira dimensão, também dependem
de altos custos de implementação (HOL-
MES; SUNSTEIN, 2000).
A Constituição do México de 1917 e,
para admiração, a Constituição de Wei-
mar (Alemanha) de 1919 inauguram o
constitucionalismo social e positivam os
chamados direitos sociais no âmbito dos
ordenamentos jurídicos nacionais. No
caso brasileiro, desde a Constituição de

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do compromisso com uma das maiores
urgências hodiernas: a concretização de
um modelo de cidadania global.
As pessoas são diretamente respon-
sáveis pelo processo de desenvolvimen-
to da sociedade atual. “Têm de ser vistas

4.
como ativamente envolvidas – dada a
oportunidade – na conformação de seu
são iguais perante a lei, sem distinção próprio destino, e não apenas como be-
de qualquer natureza, garantindo-se aos neficiárias passivas dos frutos de enge-
brasileiros e aos estrangeiros residentes nhosos programas de desenvolvimento”
no País a inviolabilidade do direito à vida, Os Limites às (SEN, ANO, p.77). Eu, você, nós somos
à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade” (BRASIL, 1988). Liberdades chamados ao protagonismo do processo
de desenvolvimento de nossas nações,
Nacionais e não nacionais, desde Individuais e a bem como das demais ao redor do mundo.
que residentes no Brasil gozam dessas Quando recebi o convite do Tribunal
garantias fundamentais e são titulares de Noção de Cidadania de Justiça do meu Estado natal, Ceará,
deveres que visam o exercício dos mes-
mos direitos pelos seus semelhantes em
Global para abordar o tema cidadania nesta co-
letânea, instiguei-me a olhá-la por um
território nacional. Assim, não há falar Promover os direitos humanos e alcan- novo espectro, pautado principalmente
em exercício dos direitos fundamen- çar a efetividade de direitos fundamen- pelas transformações sociais impulsio-
tais sem que os seus titulares cumpram tais é tarefa cabível a cada um de nós nadas pelas novas tecnologias da infor-
o pacto de observar as limitações que que compomos a sociedade moderna. mação e da comunicação e pela globa-
possibilitem o exercício dos mesmos pe- Já dizia o filósofo, Aristóteles, somos lização. Não se pode falar de cidadania
los demais cidadãos que compõem a so- animais eminentemente políticos. Não hoje, como o gozo de direitos e obser-
ciedade brasileira. No entanto, hoje, não há como se escusar de participar desse vância de deveres de forma mutual, cir-
há mais limitação da cidadania a geolo- processo. A minha não ação e a sua inér- cunscrita ao território de nossas nações
calização em um Estado por si só, pois cia, as nossas fugas dos processos polí- de nascimento.
somos humanos em um mundo cada ticos, que marca a convicção política de Hoje apenas somos cidadãos se
vez mais globalizado e sem fronteiras. inúmeros de nós na atualidade, também nosso compromisso em respeitar as
Chegamos à cidadania 4.0. Bem-vindos é uma ação política que reflete negati- liberdades dos nossos semelhantes
à noção de cidadania global! vamente na necessidade de assunção transpassar todas as nossas relações

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 43


humanas. Isso porque os limites geográ- tados internacionais de direitos humanos
ficos se tornam cada vez mais tênues e ratificados pelo Brasil, ainda que não ob-
insignificantes frente à revolução tecno- servando o quórum especial do § 3º do
lógica que nos possibilita comunicação art. 5º da Constituição Federal, assumem
em tempo real com o mundo, realização natureza supralegal, prevalecendo
de atividades complexas com apenas um sobre a legislação infraconstitucional
clique, transporte a jato para o outro lado e, inclusive, orientando a interpretação
do globo terrestre, dentre outras pers- constitucional em conformidade com
pectivas que nos aloca para muito além as diretrizes do respectivo tratado
dos nossos domicílios de residência. internacional quando este dispuser so-
Nesse sentido, falar em cidadania bre conteúdo de direitos humanos.
global compreende não só entender e Tal diretriz determinou a impossi-
efetivar o conteúdo e a extensão dos di- bilidade de prisão civil por dívida do de-
reitos e deveres internos de uma nação positário infiel, em que pese a expres-
e sua dimensão de garantias fundamen- sa autorização constitucional, mas em
tais, mas também conhecer e aplicar as consonância com a cláusula de abertura
garantias de direitos humanos mundial- prevista no art. 5º, § 2º da Constituição,
mente consolidadas, pois ambas as nor- sociais, culturais e da região geográfica que prevê que o rol de direitos e garan-
matizações abrangem o mesmo conteú- em que se encontram. tias ali expressos não exclui outros “de-
do ético-jurídico: a limitação do poder do Aqui surge a importância de conhe- correntes do regime e dos princípios por
estado e a efetivação das garantias de cer não apenas a ordem jurídica interna, ela adotados, ou dos tratados interna-
dignidade da pessoa humana. composta da Constituição Federal, Leis cionais em que a República Federativa
A solução de problemas globais, Complementares, Leis Ordinárias, de- do Brasil seja parte” (BRASIL, 1988). Isso
continentais, nacionais e regionais de- cretos e regulamentos que codificam mostra a tendência de reunião dos siste-
pende dessa compreensão de que so- nossas vidas no território nacional bra- mas jurídicos de direito interno e de direi-
mos agentes ativos do processo de sileiro, mas também a normatização in- to internacional como forma inexorável
efetivação das garantias do ser humano ternacional que dispõem sobre nossas de organização normativa do século XXI.
que, para fim de adimplemento dos nos- garantias como seres humanos ao redor Não há falar em ordem jurídica mun-
sos deveres, é o outro; mas, para fim de do globo terrestre, composta de trata- dial que não privilegie a congregação das
adimplemento dos nossos direitos, so- dos, convenções internacionais, pactos, organizações normativas internas dos
mos nós, eu e você. Só é possível falar da declarações dentre outros instrumentos. Estados que compõem o globo terrestre
existência de direitos humanos e de ga- Ressalto que a lei e a jurisprudência e das diretrizes internacionais comuni-
rantias fundamentais, segundo a teoria brasileiras auxiliam nesse processo ao, tárias da mesma forma em que não se
crítica, se houver efetivação destes. Só é adotando a teoria monista no confronto imagina mais um mundo não conectado
possível haver efetivação se houver par- de aplicação do direito internacional e à rede mundial de computadores ou à
ticipação de toda a sociedade. Essa é a do direito interno, cooperam ao incluir, internet. Nessa medida, alerto. A noção
noção de cidadania global: um conjunto com efeito, no ordenamento pátrio os de cidadania recebe um novo paradig-
de direitos e deveres que coexistem de instrumentos internacionais ratificados ma. Hoje ela é, repito, global.
forma mútua ao redor da Terra e ensejam pelo Brasil. Isso porque, após a decisão A pergunta que me queda e que deve
a observância dos habitantes do planeta, do Habeas Corpus n. 87.585/TO e do Re- estar também rodeando seus pensa-
independentemente das circunstâncias curso Extraordinário 466.343/SP, os tra- mentos é: o que muda na perspectiva da

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cidadania quando ela assume uma pers- sino. A DUDH é considerada o documen- 3. Garantia de vida, de liberdade e
pectiva mundial? É exatamente o com- to mais traduzido no mundo — já alcança de segurança pessoal.
promisso do ser humano em zelar não 500 (quinhentos) idiomas e dialetos, po- 4. Vedação à servidão, à escravi-
só pelos direitos fundamentais dos seus rém muitos nacionais desconhecem seu dão e ao tráfico de pessoas.
companheiros nacionais, mas também teor e, assim, tornam-se impossibilitados 5. Vedação à tortura e ao trata-
pelos direitos humanos de todos aqueles de cumprir seu papel na implementação mento cruel, desumano ou de-
demais homens que habitam na terra. desses direitos, infringindo o dever cívico gradante.
Sabendo que a cidadania é com- de cidadania global. 6. Ser reconhecido como pessoa,
posta pelo exercício de direitos e obser- Tomo a liberdade de transcrever o perante a lei, em qualquer lugar.
vância de deveres, o espectro cognitivo rol de direitos humanos universais da de- 7. Proteção à discriminação.
do homem, hoje, ultrapassa o limite das claração que devem nortear nosso com- 8. Proteção judiciária em face de
constituições nacionais e legislação in- portamento e limitar nosso agir em prol atos violadores de direitos fun-
terna e atinge todos os compromissos de uma cidadania global que nos permita damentais.
internacionais inerentes ao respeito à o gozo desses direitos. 9. Vedação à prisão, à detenção ou
dignidade do ser humano. Isso começa 1. Liberdade e igualdade em digni- ao exílio arbitrários.
promovendo e difundindo o teor da le- dade e direitos de todo ser hu- 10. Audiência pública em tribunal in-
gislação internacional clássica dos direi- mano, devendo assim agir uns dependente e imparcial quando
tos humanos, sem afastar, contudo, sua com os outros. houver acusação criminal.
efetivação, pois, conforme levantei alhu- 2. Impossibilidade de distinção de 11. Presunção de inocência, devido
res, não se fala em direitos humanos sem qualquer espécie entre os seres processo legal penal e anteriori-
sua concretização. humanos. dade da lei em relação à tipifica-
Nesse cenário, ouso destacar um ção do fato delituoso.
diploma essencial, sem desmerecer 12. Inviolabilidade da privacidade,
qualquer outro – muitos deles deve- de domicílio, da honra e da repu-
ras importantes, tal como a Convenção tação.
Americana de Direitos Humanos, mais 13. Liberdade de locomoção, inclu-
conhecida por Pacto de São José da sive entre as fronteiras dos Es-
Costa Rica – pela sua importância na tados.
consolidação da disciplina internacional 14. Asilo em Estados não nacio-
dos direitos humanos: a Declaração Uni- nais, não podendo ser invocado
versal dos Direitos Humanos (DUDH). quando houver perseguição le-
Datada de 1948, aparece como mar- gitimamente motivada por cri-
co teórico normativo da disciplina dos mes de direito comum ou por
direitos humanos na seara internacional, atos contrários aos princípios e
logo após a criação das Nações Unidas objetivos das Nações Unidas.
por uma Carta de 1945, logo após o térmi- 15. Nacionalidade e restrição à pri-
no do Holocausto. Trata de direitos desde vação dela.
direitos de primeira dimensão, tais como, 16. Contrair matrimônio e nele gozar
a liberdade, a igualdade e a dignidade, até de direitos iguais com o nubente
direitos de segunda e outras dimensões, na duração do casamento e na
tais como a alimentação, a moradia, o en-

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 45


sua resolução, sendo a família
núcleo fundamental da socie-
pleno desenvolvimento da per-
sonalidade do ser humano e no
Considerações
dade, tendo direito à proteção fortalecimento do respeito pelos Finais
desta, bem como do Estado. direitos humanos e pelas liber-
Chamada a tecer minhas considerações
17. Propriedade, vedada a privação dades fundamentais.
acerca do conceito de cidadania, propus-
arbitrária desta. 27. Participar livremente da vida cul-
-me a revisitar seus aspectos eminen-
18. Liberdade de pensamento, de tural da comunidade; da fruição
temente preocupada com os impactos
consciência e de religião. das artes; do progresso científi-
sociais da revolução 4.0, ou seja, com as
19. Liberdade de opinião e de ex- co e seus benefícios; bem como
transformações impostas na nossa vida
pressão. de ter proteção moral e material
cotidiana com pelos anseios e novas de-
20. Liberdade de reunião e de ação em face das produções literárias
mandas trazidas pelas novas tecnologias
pacífica, vedada a associação e artísticas.
da informação e da comunicação.
obrigatória. 28. Direito a uma ordem social e
Talvez o maior desses impactos seja
21. Sufrágio universal, periódico, le- internacional em que estes di-
a superação das fronteiras e a diminuição
gítimo e por voto secreto, tendo reitos e liberdades possam ser
das distâncias entre os seres humanos
todos os homens o direito de plenamente realizados.
do mundo, o que nos torna muito mais
votar e ser votado, bem como 29. Todo ser humano tem deveres
próximos de outros humanos que vivem
ao acesso ao serviço público de para com a comunidade, estan-
em nações de valores culturais e sociais
seu país. do sujeito às limitações legais
muitas vezes distintos dos nossos. Daí
22. Segurança social por esforços voltadas a assegurar o devido
vem a importância da consolidação de
nacional e cooperação inter- reconhecimento e respeito dos
standards internacionais usufruíveis por
nacional. direitos e liberdade de outrem e
todo e qualquer ser humano, onde quer
23. Livre escolha do trabalho em de satisfazer as justas exigên-
que ele esteja e seja qual condição que
condições justas, favoráveis e cias da moral, da ordem pública
ele ocupe. Isso porque a nós é devido o
em proteção ao desemprego; e do bem-estar de uma socie-
tratamento condigno pela capacidade
igualdade de remuneração, dade democrática.
que temos de raciocinar, por nossa auto-
justa e satisfatória, em condi- 30. Nenhuma das disposições aci-
nomia e necessidades comuns.
ções de igual ocupação; e li- ma podem ser interpretadas no
É aqui que os direitos huma-
berdade sindical. intuito de autorizar qualquer Es-
nos, positivados na ordem internacional,
24. Direito ao repouso, ao lazer e à li- tado, grupo ou pessoa de exer-
cumulados aos direitos fundamentais,
mitação da jornada, bem como a cer qualquer atividade ou de
tutelados pelas ordens jurídicas internas,
férias periódicas e remuneradas. praticar qualquer ato destinado
aparecem como padrão de referência
25. Direito a um padrão de vida ca- à mitigação ou destruição de
para o novo modelo de cidadania, a cida-
paz de assegurar ao ser huma- quaisquer direitos e liberdades
dania 4.0 ou cidadania global para qual to-
no e a sua família saúde e bem acima garantidos.
dos nós, seres humanos que ocupamos a
estar, garantida a proteção em 31. O destaque dado ao item 29 é
terra, somos, ao mesmo tempo, titulares
casos de contingências sociais, meu chamado ao exercício da
para o gozo dos direitos a ela inerente e
bem como os direitos das crian- cidadania global. Hoje, somos
sujeitos ativos das limitações jurídicas a
ças nascidas dentro ou fora do cidadãos com conexões ao re-
fim os outros possam exercê-las.
matrimónio. dor do globo terrestre que nos
26. Instrução gratuita, no mínimo, chama a exercer nossos deve-
nos graus elementares e fun- res e suas limitações a nossas
damentais, aquela obrigatória; liberdades individuais de forma
a instrução técnica-profissional globalizada. Se cada um de nós
será acessível a todos; e a ins- inicia este processo como uma
trução superior terá ingresso gota no oceano, parafraseando
baseado no mérito, sendo todas Santa Tereza de Calcutá, esse
estas orientadas no sentido do oceano será cada vez maior.

46 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Referências
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JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 47


BRENA KÉSSIA SIMPLÍCIO DO BOMFIM (Autora)
Advogada, mestre em Direito Constitucional e especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade
de Fortaleza (Unifor), doutoranda em Direito e Processo Contemporâneo do Trabalho pela Universidade de São
Paulo (USP) e coordenadora da Pós Unifor.

KARLSON GRACIE (Ilustrador)


Nasceu em Paulista, Pernambuco. Desenha desde criança. A arte e a leitura estiveram sempre presentes em sua
vida. Filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames eram inspirações para desenhar. Integra
o Núcleo de Design (NDE) da Fundação Demócrito Rocha, onde faz o que mais gosta: imaginar, criar e ilustrar.

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fdr.org.br Desembargador Washington Luís Bezerra de Araújo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargadora Maria Nailde Pinheiro
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