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Problemas Morais da Existência Humana

Rafael Gomes Perez

CAPITULO IV

ABORTO

Conceito e classes

«Entende-se por aborto a expulsão, casual ou intencional, de um feto não viável, fora do seio da sua
mãe. Precisamente por não ser viável, a nota essencial do aborto é a morte do feto, antes da sua
expulsão, ou depois, ao pô-lo em condições impossíveis de sobrevivência. Portanto, quando o feto
é viável, a sua expulsão antes do tempo normal, se não é para lhe causar a morte, considera-se mera
antecipação ou antecipação do parto. Com o termo feto abarca-se todo o ciclo vital que se inicia na
fecundação do óvulo pelo espermatozoide e termina pela vigésima oitava semana de gravidez, quando o
(nonato) feto adquiriu a capacidade mínima para sobreviver fora do seio materno. Em consequência, a
expulsão do óvulo, uma vez fecundado, já se considera aborto» (Ferrer, Sarmiento, Adeva e Escós).
O aborto é espontâneo, involuntário, casual ou natural quando as causas que o provocam não
dependem para nada da vontade dos homens. É um ato involuntário e, portanto, não se apresenta
sequer o problema da sua licitude ou ilicitude.
O aborto é procurado, provocado, intencional, artificial, voluntário quando é causado pela intervenção
do homem. Neste sentido, uma definição de aborto, tal como se entende quando se usa apenas esta
palavra é: «morte de um feto humano, viável ou inviável, causada pela atividade livre do homem».
O aborto procurado pode ser:
a) direto, quando se busca a morte do feto, a sua expulsão do seio materno. À sua vez pode ser:
— provocado como fim, se se trata apenas de se desfazer do feto;
— provocado como meio para conseguir outro fim, como, por exemplo, a saúde da mãe. É o chamado
aborto terapêutico;
b) aborto indireto: é o que se causa como efeito secundário e inevitável — previsto mas não querido, só
permitido — de uma ação que em si é boa. Por exemplo, para curar a mãe de doenças graves,
adminístram-se-lhe fármacos que podem ter como efeito secundário a morte do feto. Quer dizer, não se
intervém diretamente contra o feto; simplesmente, num caso de necessidade, empregam-se remédios
que podem ter um efeito abortivo.

Juízo ético
Todo o aborto direto, também o terapêutico, é ilícito, porque implica a morte de um ser vivo inocente.
Com as circunstâncias atenuantes que possam existir, o aborto é sempre um homicídio. O objeto do
aborto direto é a morte de um ser humano.
Às vezes entende-se menos a ilicitude do aborto terapêutico. Mas é preciso dizer que o fim bom (salvar a
vida da mãe) não justifica o ato mau (a morte provocada do feto). Há que ter em conta, por outro lado,
que o aparente conflito de deveres — vida da mãe ou do filho—, resolve-se recordando que o dever é
procurar a vida dos dois com os meios lícitos adequados. Ao ilícito ninguém está obrigado, por muito
eficaz que seja. Por outro lado, quase sempre se pode evitar o chamado aborto terapêutico com uma
assistência pré-natal correta e com todos os meios de que atualmente se dispõe.
Com alguma frequência, entre pessoas não informadas, confunde-se o aborto terapêutico com
operações cirúrgicas em que há, quando muito, um aborto indireto, quando não a simples remoção de
um feto imaturo ou morto. Daí a importância da distinção entre o aborto direto (sempre ilícito) e o
aborto indireto que, com as devidas condições, é lícito.

Razões que se esgrimem a favor do aborto direto


As discussões sobre o aborto terapêutico, bem como os esclarecimentos éticos sobre o aborto indireto,
perderam de certo modo atualidade (ainda que não vigência), porque se tem desenvolvido uma
mentalidade a favor do aborto direto, simplesmente a petição da mãe e por qualquer causa, inclusive
em avançado estado de gestação.
Para justificar o aborto direto expõem-se diversas teorias, que veremos a seguir:
a) não há homem propriamente dito (alma e corpo) até ao segundo mês de gravidez, quando se dife-
renciam claramente os órgãos humanos. Portanto, o aborto até esse tempo seria lícito.
— Esta teoria não tem em conta todos os dados da ciência. O conhecido genetista Lejeune escreveu:
«Esta primeira célula (o resultado da fecundação) vai começar a dividir-se em duas, quatro, oito,
dezesseis, trinta e duas, sessenta e quatro, e vai-se converter num pequeno «disco» que se alojará na
parede do útero materno. Sendo extremamente minúsculo e medindo um milímetro e meio de altura, é
já um ser humano, diferente da sua mãe e diferente de todos os outros homens. (...) O coração humano
anima-se no vigésimo primeiro dia aproximadamente e, no fim de um mês, sendo a sua altura (a do
feto) a de um grão de trigo, estão já esboçados todos os seus órgãos: a sua cabeça, o seu tronco, os
braços e as pernas.» Quer dizer, desde o princípio, essa vida humana está a dirigir todo o processo que
vai terminar no nascimento. A partir da união dos dois gametas (óvulo e espermatozoide) há vida
humana como um processo (e a vida humana como um processo é o que se segue depois do
nascimento). Este ser humano tem já, portanto, todos os direitos fundamentais da pessoa. Suprimi-lo é
cometer um verdadeiro homicídio.
b) o feto, em algumas circunstâncias, pode ser considerado um injusto agressor à vida da mãe e, por-
tanto, seria lícita a legítima defesa.
—Esta posição não se mantém. O novo ser foi chamado à vida por outros, com uma atuação
voluntária. É inocente no mais completo sentido da expressão. E também o é no caso de que a gravidez
se tenha produzido como consequência de uma violação. O inocente não pode ser injusto. E o ser
humano, nos seus primeiros dias ou meses de vida, não tem sequer recursos para ser agressor.
c) a mulher é dona do seu próprio corpo e de tudo o que há nele.
—Esta afirmação esquece que o ser humano concebido é já outra pessoa; não é um apêndice da mãe. A
mulher leva no seu seio outro ser humano — o seu filho—, para com quem já tem uma série de
deveres; ainda mais, durante nove meses, só dela depende a vida do filho. O facto de o feto depender
absolutamente da sua mãe — apesar de por outro lado já estar dotado da sua própria organização —
não justifica que seja lícito desprender-se dele. Exagerando essa afirmação poderia também
justificar-se o infanticídio; a criança recém-nascida continua dependente de sua mãe, de uma forma
radical.

O ódio à vida
Existem outras teorias justificativas do aborto. Citemos só a posição do que considera o aborto um mal,
mas acrescenta: «Este mal existe clandestinamente; e são muitos milhares de pessoas que morrem por
isso. Portanto, para evitar males maiores, o aborto deve legalizar-se, e deste modo regular de alguma
forma o inevitável.»
Este raciocínio — que, com frequência, exagera as cifras de abortos clandestinos, sobre os quais não há
na realidade nenhum dado seguro — esquece que não se pode fazer um mal para evitar outro. Para
evitar mortes de pessoas mais velhas não se pode dar a morte a inocentes. O que é moral e legal é lutar,
com todos os meios, contra os abortos clandestinos, mediante sistemas aperfeiçoados de assistência
pré--natal. A impossibilidade de impedir os roubos «clandestinos» não justifica a legalização do roubo.
Há males sociais que são, por desgraça, inevitáveis. Por outro lado, a legalização do aborto costuma
trazer consigo o aumento dos abortos legais e dos clandestinos.
A mentalidade pró-abortista, uma vez difundida, tem consequências de todo o tipo na vida social. A
principal é esta: a vida humana já não se pode conceber como um valor absoluto, mas como algo que
depende da vontade de outro homem que se encontra numa situação mais vantajosa (no caso do
aborto, a mãe em relação ao filho já vivo, mas ainda não nascido). Esta justificação do homicídio —
ainda que não se pretenda como tal — constitui, na realidade, uma transmutação do princípio
fundamental da moral: não se tem já em conta que o homem não cria a lei moral, mas que a descobre.
A moral já não se apresenta como uma exigência da verdadeira natureza humana, mas como um
acordo precário, provisório e simplesmente histórico.
Esta desvalorização da moral impede também de dar um juízo ético coerente sobre qualquer dos
fenômenos imorais que se tenham registado no passado (escravatura, sacrifícios humanos,
infanticídio, etc.). Poder-se-ia, com efeito, dizer que naquela sociedade existia um acordo — plenamente
«justificado» naquelas circunstâncias — sobre a oportunidade e eticidade de tais práticas.
Esta imoralidade que está na base do aborto contrasta com algumas das razões que se dão para o
defender. São razões que argumentam com «casos limites» ou com situações que movem à compaixão.
Por isso é oportuno resumir alguns conceitos aparecidos anteriormente:
a) o aborto indireto, quer dizer, realizar um ato lícito de que pode seguir-se, como consequência não
querida, o aborto, não tem nada a ver com o aborto direto e com o conceito de aborto tal como se
entende habitualmente;
b) o aborto terapêutico, quer dizer, a morte do feto para salvar a vida da mãe é ilícito; trata-se realmente
de um «caso limite», até ao extremo de que na prática é quase inexistente; no caso hipotético de que se
dê, não é lícito, porque não se pode fazer um mal (a morte de um ser vivo) para conseguir um bem (a
vida da mãe); há aqui uma decidida vontade homicida;
c) do aborto terapêutico em sentido estrito passou-se a defender a legitimidade do aborto terapêutico
em sentido amplíssimo, quer dizer, quando a gravidez afetasse de algum modo a saúde da mãe,
entendendo por saúde o estado de completo bem-estar físico. Deste modo, a possibilidade de que a
gravidez afetasse uma enfermidade não grave da mãe (enfermidade fisiológica ou mental) considerou-se
causa suficiente para o aborto; esquece-se que a intenção não pode mudar a malícia objetiva do ato;
d) do aborto terapêutico em sentido amplo passa-se, já muito facilmente, ao aborto a pedido, sem
causa alguma, nem sequer leve. Considera-se que o ser vivo ainda não nascido é um apêndice do corpo
da mãe que se pode «extirpar» como um quisto ou um dente a mais.

Aborto e cultura
A difusão do aborto não é uma situação que se tenha dado pela primeira vez no século XX. Na história
conheceram-se outras épocas nas quais um estado semelhante de sensibilidade e de falta de respeito
pela vida humana levou à mesma solução contrária à ética. Mas, também, nessas épocas, como hoje,
houve os que, em nome do carácter absoluto da moral natural, se declaravam energicamente contra o
aborto. O antiquíssimo juramento de Hipócrates, que chegou até hoje como fundamento de uma
deontologia médica natural, diz: «Abster-me-ei de administrar abortivos às mulheres grávidas.»
Esse e outros testemunhos demonstram que o respeito pela vida humana concebida e não nascida não
é algo que deriva unicamente de ter uma fé religiosa — cristã ou não. A razão descobre-o por si mesma,
por pouco que analise o que é e o que tem que ser a vida humana, contando, além do mais, com os
mais profundos conhecimentos científicos.

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