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1
2
Filosofia
3
2018 by FATIN
Editores:
Gerson Francisco de Arruda Júnior
Hildeberto Alves da Silva Júnior
Stéfano Alves dos Santos
ISBN:
CDD –
4
Oi! Tudo bem? Sou Sr. FATIN, alguns já
me conhecem de outras disciplinas. Estarei
com você em cada unidade deste guia de
estudos. Vou aparecer trazendo assuntos
interessantes.
A você, desejo sucesso nesta nova disciplina!
5
6
SUMÁRIO
UNIDADE 1 ........................................................................................... 15
TÓPICO 1 .............................................................................................. 17
FILOSOFIA: DEFINIÇÃO .................................................................. 17
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 17
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................... 17
1.2 DEFINIÇÕES .................................................................................... 18
1.3 UTILIDADE...................................................................................... 22
1.4 ETIMOLÓGICA ............................................................................... 24
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................... 29
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 30
TÓPICO 2 .............................................................................................. 31
DISCIPLINAS DA FILOSOFIA.......................................................... 31
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 31
2.1 ÉTICA ............................................................................................... 31
2.2 FILOSOFIA SOCIAL E POLÍTICA ................................................. 32
2.3 ESTÉTICA ........................................................................................ 33
2.4 LÓGICA ............................................................................................ 33
2.5 RELIGIÃO ........................................................................................ 35
2.6 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ............................................................ 35
2.7 FILOSOFIA DA HISTÓRIA ............................................................ 36
2.8 FILOSOFIA DA CIÊNCIA ............................................................... 36
2.9 EPISTEMOLOGIA ........................................................................... 37
2.10 METAFÍSICA ................................................................................. 37
2.11 FILOSOFIA DA MENTE ............................................................... 38
2.12 TEORIA DA AÇÃO ....................................................................... 38
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 39
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................... 41
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 42
TÓPICO 3 .............................................................................................. 43
COMO SABER O CERTO................................................................... 43
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 43
7
3.1 TEORIAS SOBRE O CERTO .......................................................... 43
3.2 O CORRETO E ERRADO PARA O CRISTÃO .............................. 47
3.3 RELAÇÃO ENTRE NORMAS E CONSEQUÊNCIAS ................... 48
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 51
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................... 53
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 54
UNIDADE 2 ........................................................................................... 55
TÓPICO 1 .............................................................................................. 57
O QUE É A LÓGICA? ..................................................................... 8957
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 57
1.1 DEFINIÇÃO DE LÓGICA ............................................................... 57
1.2 AS LEIS DO PENSAMENTO .......................................................... 58
1.2.1 Princípio da Identidade ................................................................ 59
1.2.2 Princípio da Não Contradição ..................................................... 60
1.2.3 Princípio do Terceiro Excluído ................................................... 60
1.3 DIVISÃO DA LÓGICA .................................................................... 61
1.3.1 Divisão da Lógica Clássica ........................................................... 62
1.3.2 Divisão da Lógica Clássica ........................................................... 62
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 64
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................... 78
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 79
TÓPICO 3 .............................................................................................. 90
ARGUMENTOS .................................................................................... 90
3.1 DEFINIÇÃO DE ARGUMENTO ..................................................... 90
3.2 TIPOS DE ARGUMENTOS ............................................................. 90
3.2.1 Dedutivo......................................................................................... 90
3.2.2 Indutivo ......................................................................................... 91
3.3 VALIDADE E VERDADE ............................................................... 92
8
3.3.1 Relação entre verdade/falsidade e validade/invalidade............. 93
3.4 INDICATORES DE PREMISSAS E CONCLUSÃO ....................... 95
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 96
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 100
9
3.1 JUSTINO ....................................................................................... 1388
3.2 CLEMENTE .................................................................................. 1399
3.3 AGOSTINHO ................................................................................ 1411
3.4 TOMÁS DE AQUINO .................................................................... 142
LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................... 1477
RESUMO TÓPICO 3 .......................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 151
10
APRESENTAÇÃO
11
sempre como a soma de que reconhecemos que tudo que somos,
temos e aprendemos vem de Deus. Nele (Deus) reside todo saber.
“A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e
aprender ainda mais” (Aristóteles).
Bons Estudos!
Enock Correia de Araújo
12
METODOLOGIA DE ESTUDO DA DISCIPLINA
EMENTA:
PROPÓSITO:
Esta disciplina objetiva alcançar as seguintes compreensões:
13
14
UNIDADE 1
Filosofia
OBJETIVOS DA UNIDADE
Ao final da unidade você será capaz de:
GUIA DE ESTUDOS
A primeira Unidade se divide em:
UTILIDADE E ETIMOLOGIA
15
16
TÓPICO 1
FILOSOFIA: DEFINIÇÃO
INTRODUÇÃO
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO
1.2. DEFINIÇÕES
18
posição é generalista e dificulta entender claramente o que é
filosofia. Não há separação entre filosofia e pensamentos
gerais; entre filosofia e moralidade; e entre filosofia e
virtudes. É uma visão de um conjunto social e não
individual, que não define a labuta específica da filosofia.
Por isso, não podemos aceitá-la.
19
complexa, porque diz que a filosofia concede a explicação
global do cosmos, o que se sabe ser impossível.
20
Não menosprezando a questão da essência da realidade, a
filosofia busca separar-se das ciências e das artes voltando sua
atenção para o mundo do tempo e do espaço em uma situação
particular: quando perdemos nossas certezas diárias e quando
outras áreas do saber ainda não elaboraram respostas para resolver
essas incertezas perdidas. Quando a ciência, a arte e o senso
comum não sabem o que dizer, a filosofia busca resolver os
conflitos agnósticos e de ceticismo a que somos acometidos.
21
Chauí (2000) descreve a análise de Kant de que as questões
basilares da filosofia são as seguintes:
1.3. UTILIDADE
22
interioridade e dessa descoberta o que é capaz de mudar em si,
torna a filosofia relevante.
23
Kant afirmou que a filosofia “é o conhecimento que
a razão adquire de si mesma para saber o que pode
conhecer, o que fazer e o que pode esperar, tendo
como finalidade a felicidade humana”.
1.4. ETIMOLÓGICA
24
Foi Pitágoras, filósofo grego, quem primeiro usou o termo
“filósofo”, ao afirmar que só os deuses conheciam o saber absoluto,
enquanto os homens poderiam apenas desejá-lo ou amá-lo,
tornando-se um filósofo. A filosofia não visa à competição, capital
ou mercado, mas apenas o saber. A verdade está disponível a quem
estiver interessado e determinado a encontrá-la.
25
LEITURA COMPLEMENTAR
[O QUE É FILOSOFIA]
26
Eis por que a filosofia não se transforma em credo. Está em
contínua pugna consigo mesma.
27
Fazemos uma tentativa, à qual outras hão de seguir-se,
continuadamente. Mas, presentes, por um instante, nessa tentativa,
o amor e a verdade atestam tratar-se de mais que uma tentativa.
Uma palavra de eternidade foi pronunciada. Nenhum pensamento
suscetível de ser concretizado, nenhum conhecimento, nada de
fisicamente tangível, nenhum dos enigmas por nós mencionados
pode adentrar a eternidade.
28
RESUMO DO TÓPICO 1
29
AUTOATIVIDADE
2. O que é filosofia?
30
TÓPICO 2
DISCIPLINAS DA FILOSOFIA
INTRODUÇÃO
2.1. ÉTICA
31
propriedade de certas ações e estilos de vida”. Também é um
estudo de conceitos éticos como bom, errado, certo, responsável,
deve e deveria. Outros sustentam que ela é um questionamento
normativo; avaliam objetivos e modos de vida se são relevantes.
Tem-se defendido que os princípios para uma ação universal ou
absoluta seja inaceitável. Outra vertente de oposição ao
universalismo de ação, pertencente à escola analítica do
positivismo lógico, defendem que expressões de princípios morais
não servem a todos, mas que no mínimo, servem para aprovação ou
desaprovação. Esta ideia ética chama-se emotivismo.
32
adequada, e sua finalidade. Também trata de compreender a “sua
natureza ética e sua relação com a moralidade social, entre estado e
os cidadãos, entre estado e igreja, entre estado e partidos”.
2.3. ESTÉTICA
2.4. LÓGICA
33
da lógica e demonstrar sua eficiência, mas também demonstrou
como identificar um argumento mentiroso ou um sofisma.
34
2.5. RELIGIÃO
Nesse assunto, a filosofia se dedica a questionar a religião.
Desde que o homem surgiu, ele pratica a religião. A religião está
presente em todas as culturas. Não há uma cultura na história da
humanidade que não tenha expressado sua religiosidade. Dessas
experiências se pensa no homem como ser religioso.
Para Mondin (2009), “A religião, com efeito, é um
fenômeno real, típico do homem, porém é também um fenômeno
problemático e – ousarei dizer – o mais problemático de todos”. As
indagações dos filósofos são sobre os seguintes assuntos: a
natureza da religião; as características que definem as crenças nas
religiões; os argumentos sobre a existência de Deus; atributos de
Deus; linguagem religiosa; problema do mal.
35
2.7. FILOSOFIA DA HISTÓRIA
36
2.9. EPISTEMOLOGIA
2.10. METAFÍSICA
37
2.11. FILOSOFIA DA MENTE
38
LEITURA COMPLEMENTAR
OS FILÓSOFOS E A FILOSOFIA
39
continua a criticar toda a (presumível) sabedoria existente, a
revelar-lhe a ausência de fundamentos, não porque tenha algo
melhor fundamentado a oferecer, mas porque a sua tarefa, ou
paixão ou destino, é o de revelar a falta de fundamento de cada
crença, de cada prática, obrigar as pessoas a primeiro tipo; Platão e
Marx, do segundo; Sócrates e Nietzsche, do terceiro. E todos,
embora com motivações diferentes, deram a sua importante
contribuição para o alargamento das fronteiras do possível que
constituía o seu verdadeiro objetivo.
40
RESUMO DO TÓPICO 2
41
AUTOATIVIDADE
42
TÓPICO 3
INTRODUÇÃO
43
Outros defendem que o conceito de certo é definido pelo
grupo social a que o indivíduo está integrado. Ou seja, a orientação
sobre o que é correto é, na verdade, cultural. O resultado dessa
concepção é a relativização do conceito do que é certo, pois varia
de cultura para cultura. O que pode ser certo em uma cultura pode
não ser em outras.
44
a vida prática em geral, mas não é uma clara descrição do que é
certo, do ponto de vista universal.
45
qualitativo do bem, por acreditar que há bens físicos maiores que
outros.
46
descritos na Bíblia tendo como seu autor o sumo bem (Deus). A
vontade de Deus é boa por ser ele bom.
47
ética adotados pelas diversas culturas, o homem vive aquém do que
desejaria viver. Isso se justifica pela natureza (moralidade humana)
caída e precisa de Cristo para redimi-lo (resgatá-lo moralmente e
espiritualmente).
48
Não se pode viver a vida sem regras. Seja lá como for, todos
nós precisamos de normas para se conduzir de forma a respeitar os
outros e a nós mesmos. Somos seres morais e, como tais, temos que
nos comportar seguindo as normas, que são sempre sociais, doutra
forma, seríamos como animais, regidos apenas pelos instintos
fazendo sempre o que quisesse. Então, desde cedo aprendemos a
nos comportar para que possamos nos tornar cidadãos adaptados a
vida social e não sejamos indivíduos à margem da sociedade, que
cria a sua própria regra e se torna estranho e assustador.
49
caos é instaurado e todas as desgraças acontecem por causa da
suspensão da lei. Nossa constituição brasileira reza que temos o
direito de ir e vir. No entanto, essa liberdade só funciona em estado
de paz e não de guerra. Em época de guerra, não há regras e as
coisas mais complexas, que em estado de paz onde a regra em
funcionamento não permitiria, socialmente acontecem. Não
existem normas em época de guerra e agente só sabe o valor dela
quando a perde.
50
LEITURA COMPLEMENTAR
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. de Tânia Maria Bernkopf. São
Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 25-26. (Os pensadores)).
52
RESUMO DO TÓPICO 3
errado.
ser de Deus.
53
AUTOATIVIDADE
correto?
consequências?
54
UNIDADE 2
Lógica e Epistemologia:
Conceitos Introdutórios
OBJETIVOS DA UNIDADE
Ao final da unidade você será capaz de:
GUIA DE ESTUDOS
A Segunda Unidade se divide em:
TÓPICO 3 – ARGUMENTOS
55
56
TÓPICO 1
O QUE É A LÓGICA?
INTRODUÇÃO
57
O aspecto linguístico é o aspecto que será considerado nas
seguintes definições de lógica. Pode-se definir a lógica como “o
estudo dos argumentos válidos”. Nesse caso, ela “é a tentativa
sistemática para distinguir argumentos válidos dos inválidos”
(NEWTON-SMITH, 2011, p. 13).
58
Pensamento”. Tais Leis são princípios fundamentais de todo o ser
(realidade), de toda a maneira correta de pensá-lo, e de toda a
maneira de se falar dele com sentido. Desse modo, as Leis do
Pensamento são princípios da Razão. Tais princípios são: o
Princípio da Identidade, o Princípio da Não Contradição, e o
Princípio do Terceiro Excluído. Cada um desses princípios ou leis
pode ser considerado a partir dos pontos de vista ontológico, lógico
e epistemológico.
59
1.2.2. Princípio da Não Contradição
60
Do ponto de vista ontológico, tal princípio é entendido da
seguinte forma: “uma coisa é ou não é, não há meio termo”. Por
exemplo, alguém é professor ou não é professor. Ninguém pode ser
meio professor.
61
1.3.1. Divisão da Lógica Clássica
62
b) NÃO-COMPLEMENTARES, concebidas como novas
lógicas, rivais da Lógica Clássica. Seu objetivo é superar os limites
teóricos da Lógica Clássica. São exemplos de Lógicas Não-
Clássicas Não-complementares:
63
LEITURA COMPLEMENTAR
64
estava profundamente enganado: muito havia ainda a fazer no
estudo da lógica.
A natureza da lógica
65
apelar para a experiência; e a posteriori se pelo contrário só
podemos conhecer a sua verdade através da experiência.
66
É necessário agora distinguir claramente a validade, ou a
correção de um raciocínio, da verdade. A validade é uma
propriedade dos raciocínios e não das proposições que os
compõem, ao passo que a verdade é uma propriedade das
proposições que compõem os raciocínios. Isto é, uma proposição
pode ser verdadeira ou falsa; mas não faz sentido dizer que é válida
ou inválida. Pelo contrário, um raciocínio é válido ou inválido mas
não faz sentido dizer que é verdadeiro ou falso. Esta não é uma
mera convenção, nem uma distinção meramente verbal; ela
corresponde à diferença que existe entre a avaliação de um
raciocínio e a avaliação de uma proposição. Avaliar uma
proposição é muito diferente de avaliar um raciocínio.
67
Sócrates e Platão eram egípcios.
68
que as premissas de um raciocínio dedutivo tanto podem ser a
priori como a posteriori. Porém, as teorias e os argumentos
tipicamente filosóficos não só são dedutivos, como muitas vezes as
premissas desses argumentos são a priori, no sentido em que não
são confirmáveis ou refutáveis pela experiência. Teorias e
argumentos indutivos e com premissas a posteriori são típicos das
disciplinas empíricas como a história ou a física.
Verdade e ilusão
69
Estes dois exemplos mostram como se pode chegar a
conclusões verdadeiras — o principal interesse dos filósofos —
partindo quer de premissas falsas, quer de raciocínios inválidos.
Chegámos por isso ao ponto em que os mais saudavelmente
cépticos perguntarão que papel poderá a lógica ter na filosofia,
considerando que podemos ter as seguintes situações:
e ainda:
70
Para responder a esta pergunta tenho de voltar a lembrar o
facto de que todo o conhecimento humano é fruto ou da
experiência ou do raciocínio. Se optarmos por uma postura
intelectual honesta não podemos deixar de nos perguntar como
poderemos nós distinguir o conhecimento verdadeiro da mera
ilusão. Que critério podemos nós usar que nos permita distinguir a
verdade da ilusão? A resposta depende do domínio de
conhecimento a que nos referimos. Se estamos no domínio do
conhecimento empírico temos a experiência como guia: ninguém
acredita numa proposição que afirma que todos os pássaros são
pretos quando o nosso canário é amarelo, ainda que esta seja
defendida por uma qualquer grande autoridade, com um léxico
terrorista e uma gramática barroca.
71
experiência verdadeira que ela pensa que teve, da ilusão de que a
teve? Num contexto cognitivo é irrelevante apelar para
experiências pessoais que não podem ser repetidas por terceiros e
que nem eles próprios podem distinguir da mais banal das ilusões
— ainda que isso seja reconfortante de um ponto de vista afetivo e
pessoal (para aquelas pessoas que são pouco exigentes quanto ao
valor de verdade daquilo em que querem acreditar). Mas a ciência,
a filosofia e a arte não são pessoais mas sim públicas, discutíveis,
passíveis de controlo por terceiros. Não se aceita uma lei da física
que só se verifica no laboratório de um cientista quando ele está
sozinho; não se aceita uma proposição da filosofia para a qual não
há argumentos discutíveis, mas que o filósofo afirma sentir ser
verdadeira; não se aceita o valor de um quadro que ninguém
consegue jamais apreciar exceto aquele mesmo que o pintou.
72
ilusão. A lógica não pode decidir se as premissas são ou não
verdadeiras; a lógica não pode tão pouco decidir se a conclusão de
um raciocínio é verdadeira ou não; mas a lógica diz-nos se tal
conclusão resulta realmente ou não de tais premissas.
73
Repare-se num argumento típico da filosofia: o filósofo
quer defender a ideia de que o bem é o que dá prazer. Nós
perguntamos: por que diz você tal coisa? E ele responde: porque
isto, e porque aquilo, e porque aqueloutro; logo, o bem é o que dá
prazer. A lógica permite-nos dizer: não senhor, dessas premissas é
que não se pode derivar tal conclusão; esse raciocínio não é válido.
Até pode ser que o bem seja o que dá prazer; mas a proposição que
afirma que o bem é o que dá prazer não se pode derivar das
premissas apresentadas. Como não podemos ter dados empíricos
acerca de tal questão, vamos ter de arranjar outras quaisquer
premissas donde se possa derivar que o bem é o que dá prazer.
74
vamos ter outra vez o dilema: ou temos o critério da experiência
para confirmá-la ou temos de argumentar. Mas se temos de
argumentar (o que é tipicamente o caso da filosofia), temos outra
vez todo o processo a repetir-se. É isto que torna a filosofia muito
difícil.
75
consciência fica sem dúvida enriquecida com a investigação
científica; mas não se confunde com ela. (Alguns filósofos
analíticos poderão achar este meu aparente antinaturalismo
chocante. Mas concordarão sem dúvida que o que caracteriza a
filosofia é um certo tipo de investigação conceptual; a questão de
saber que conexão tem essa investigação com as ciências empíricas
é posterior ao carácter conceptual da investigação filosófica. Aliás,
o que há de mais evidente nos filósofos naturalistas, como Quine, é
o facto de terem de defender a priori as suas doutrinas naturalistas:
nenhuma informação empírica pode ajudá-los a sustentar essa tese,
que por isso é tipicamente filosófica. O naturalismo não é uma tese
naturalista.).
76
ideias pouco inteligentes que querem furtar-se à livre discussão. O
verdadeiro filósofo é aquele que procura satisfazer a sua
curiosidade intelectual pela verdade, nada sacrificando ao valor da
verdade; por mais que uma ideia seja pessoalmente reconfortante
para um intelectual, o seu compromisso é com a verdade, não com
o conforto; o seu compromisso é com a inteligência, não com a
crença injustificada. Quem poderá pretender que a garantia da
verdade de uma tese é o facto de o autor sentir que ela é
verdadeira? Não se trata de deitar o sentimento humano fora,
transformando assim as pessoas em máquinas destituídas de
sentimentos. Trata-se muito simplesmente de ser imperioso
distinguir a verdade da ilusão. Por mais que um pintor que não tem
qualquer domínio de qualquer técnica de pintura sinta que o mau
quadro que pintou é bom, temos de poder distinguir esse
sentimento que ele tem acerca do valor do seu quadro da verdade
acerca do valor do seu quadro.
77
RESUMO DO TÓPICO 1
A divisão da Lógica;
78
AUTOATIVIDADE
79
TÓPICO 2
80
2.2. SENTENÇAS X PROPOSIÇÕES
81
a) quanto à qualidade – aponta para a propriedade que a proposição
possui de ser afirmativa ou negativa.
82
Pode ser afirmativa (por exemplo, “Todos os homens são mortais”)
ou negativa (por exemplo, “Nenhum homem é mortal”).
83
- Hipotética Condicional, quando a relação é condicional. Por
exemplo: “Se estou atento, aprendo melhor”.
84
LEITURA COMPLEMENTAR
Proposição
Exemplos:
- Está a chover.
- Esta llooviendo.
- It is raining.
- Il pleut.
85
Discussão: Faz sentido pensar numa proposição como o significado
de uma frase. O significado de uma frase tem várias componentes:
Valor de Verdade
86
Os filósofos discutem muito sobre o que constitui a verdade.
Por agora podemos usar uma caracterização muito simples:
Exemplos:
87
RESUMO DO TÓPICO 2
Os tipos de Proposição.
88
AUTOATIVIDADE
1. Defina proposição.
89
TÓPICO 3
ARGUMENTOS
3.2.1. Dedutivo
90
a) são argumentos cuja validade depende exclusivamente de sua
forma lógica;
Sócrates é homem
Sócrates é mortal.
3.2.2. Indutivo
91
a) os argumentos indutivos são ampliativos, ou seja, a conclusão
diz mais do que é afirmado nas premissas;
92
3.3.1. Relação entre verdade/falsidade e validade/invalidade
93
4) Todas as proposições Falsas, argumento inválido:
Observações:
94
3.4. INDICADORES DE PREMISSAS E CONCLUSÃO
Portanto, Por isso, Assim, Dessa maneira, Neste caso, Daí, Logo,
De modo que, Então, Assim sendo, Podemos deduzir que,
Podemos concluir.
95
LEITURA COMPLEMENTAR
TIPOS DE ARGUMENTOS
96
Nota: como podemos ver no seguinte exemplo: “Alguns filósofos
são gregos; logo, alguns gregos são filósofos”, não é verdade que
neste tipo de argumentos se parta sempre do geral para o particular.
97
“A analogia (…) baseia-se na comparação de objetos de duas
espécies diversas. (…) Objetos de uma espécie são bastante
semelhantes, sob certos aspectos, a objetos de outra espécie. (…)
Por analogia, sendo os objetos das duas espécies muito parecidos,
sob certos aspectos, conclui-se que eles serão parecidos em relação
a outros aspectos. Logo, os objetos da segunda espécie também
apresentam aquela propriedade que se sabe estar presente nos
objetos da primeira espécie.” (Wesley Salmon, Lógica).
(Extraído: https://filosofianoliceu.blogs.sapo.pt/8950.html)
98
RESUMO DO TÓPICO 3
O que é um argumento.
Os tipos de argumentos.
99
AUTOATIVIDADE
Texto 1:
Texto 2:
100
Texto 3:
101
TÓPICO 4
O QUE É CONHECIMENTO?
INTRODUÇÃO
102
4.1.1. O que é o conhecimento?
103
que Paris é a capital da França, então eu creio que Paris é a capital
da França.
a) Dogmatismo
104
portanto, a relação entre o sujeito capaz de conhecer e o objeto
capaz de ser conhecido é assumida como sendo autoevidente.
b) Ceticismo
105
cognoscível. Nesse caso, o Ceticismo se constitui uma posição
epistemológica que defende uma teoria extremamente oposta à
teoria do Dogmatismo.
106
seguro. Esse método foi, por exemplo, utilizado por Descartes, na
sua busca por certezas inabaláveis.
107
c) Subjetivismo ou Relativismo
108
4.1.3. A origem do conhecimento
Racionalismo Empirismo
109
No caso do Intelectualismo, que é uma mediação entre o
Racionalismo e o Empirismo, tanto a razão quanto a experiência
participam na formação do conhecimento. Para os intelectualistas,
o conhecimento é um processo que se dá da seguinte forma: a
consciência do sujeito cognoscente retira seus conceitos da
experiência sensível.
110
LEITURA COMPLEMENTAR
111
não distinguimos daquela matéria-prima antes que um longo
exercício nos tenha chamado a atenção para ele e nos tenha tornado
aptos a abstraí-lo. Portanto, é uma questão que requer pelo menos
uma investigação mais pormenorizada e que não pode ser logo
despachada devido aos ares que ostenta, a saber, se há um tal
conhecimento independente da experiência e mesmo de todas as
impressões dos sentidos. Tais conhecimentos denominam-se a
priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a
posteriori, ou seja, na experiência. (...) No que se segue, portanto,
por conhecimentos a priori entenderemos não os que ocorrem
independente desta ou daquela experiência, mas absolutamente
independente de toda a experiência. Opõem-se a eles os
conhecimentos empíricos ou aqueles que são possíveis apenas a
posteriori, isto é, por experiência. Dos conhecimentos a priori
denominavam-se puros aqueles aos quais nada de empírico está
mesclado. Assim, por exemplo, a proposição: cada mudança tem
sua causa, é uma proposição a priori, só que não pura, pois
mudança é um conceito que só pode ser tirado da experiência.
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. de Tânia Maria Bernkopf. São
Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 25-26. (Os pensadores)).
112
RESUMO DO TÓPICO 4
O que é o conhecimento.
113
AUTOATIVIDADE
114
UNIDADE 3
GUIA DE ESTUDOS
TÓPICO 1 – FÉ SOMENTE
115
116
TÓPICO 1
FÉ SOMENTE
INTRODUÇÃO
117
A verdadeira atividade filosófica cristã começa com os
Padres Apologetas, e a tese geral é de que só o cristianismo é a
verdadeira filosofia.
118
estado caído do homem. O homem está alienado, pelo pecado, de
um Deus santo. Realmente, Deus é uma “ofensa” a homens que
estão num estado perpétuo de rebelião contra Ele. O homem padece
o que Kierkegaard chamava uma “doença mortal” (o título de uma
das suas obras). A própria natureza do pecado do homem torna
impossível para ele conhecer a verdade acerca de um Deus pessoal,
visto ser este o próprio Deus a quem está apaixonadamente
desconsiderando ou rejeitando. A transcendência de Deus. O
homem não pode conhecer qualquer verdade acerca de Deus
porque Deus é “Totalmente Outro.” Deus não somente é uma
ofensa à vontade do homem, como também Ele é um “paradoxo” à
razão do homem. Embora Kierkegaard não alegue que o próprio
Deus é absurdo ou irracional, mesmo assim, Deus é suprarracional;
a verdade de Deus é paradoxal ou parece contraditória a nós.
Porque Deus transcende total- mente a razão, ou está “além” dela,
não há jeito da razão ir além de si mesma para Deus. Nenhum papel
positivo da razão. O melhor que a razão pode fazer é rejeitar o
absurdo ou o irracional, mas isso não pode ser de qualquer ajuda
positiva para atingir a verdade divi-na. A verdade cristã pode ser
conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava um “salto
da fé.” Com isso quer dizer um puro ato da vontade contra
probabilidades racionais cegantes. Logo, um crente pode ir além da
razão para uma entrega pessoal a Deus pela fé somente. A
ilustração que Kierkegaard dá desta consideração é a resposta de
Abraão ao mandamento de Deus no sentido de sacrificar seu filho
amado, Isaque.
119
Pela fé somente, e sem qualquer justificativa ética ou
racional, Abraão subiu de boa mente ao monte Moriá para
sa-crificar seu filho Isaque em obediência a Deus. As provas são
uma ofensa a Deus. Conforme Kierkegaard, qualquer tentativa
racional no sentido de comprovar a existência de Deus é uma
ofensa contra Deus. É como um amante que insiste em comprovar a
existência da sua amada a outras pessoas enquanto a pessoa ama-
da está presente. Realmente, ninguém sequer começa a comprovar
Deus a não ser que já tenha rejeitado a presença de Deus na sua
vida, diz Kierkegaard. As provas são desnecessárias para os que
acreditam em Deus, e não convencem os que não acreditam. A
única “prova” do cristianismo é o sofrimento, conforme
Kierkegaard, pois Jesus disse: “Vem, toma a tua cruz, e segue-me”
(Marcos 10: 21b).
120
virginal, Sua crucificação, e Sua ressurreição corpórea. Mesmo
assim, Kierkegaard acreditava que não havia meio algum de ter
absoluta certeza que estes eventos realmente ocorreram. Além
disto, Kierkegaard acreditava que a historicidade destes eventos
não era nem sequer importante. O fato significante não é a
historicidade de Cristo (em tempos passados) mas, sim, a
contemporaneidade de Cristo (no presente) dentro do crente, pela
fé. (Geisler, 1996, p.188)
121
conhecido somente através da revelação divina. A necessidade da
revelação sobrenatural. Barth, também, acreditava que o homem
caído é incapaz de conhecer um Deus transcendentemente santo.
Barth sustentava que todas as tentativas de se chegar a Deus
mediante a razão eram fúteis. É por isso que Barth se sentia
confortável ao escrever uma introdução a um livro escrito pelo ateu
Ludwig Feuerbach (1804-1872), que argumentava que Deus não é
nada mais que uma projeção da imaginação humana. Barth, no
entanto, sustentava que aquilo que o homem não pode fazer “de
baixo para cima” mediante a razão, Deus fez “de cima para baixo”
mediante a revelação sobrenatural.
122
humana não tem a capacidade ativa nem passiva para a revelação
divina. Deus tem de dar sobrenaturalmen-te a capacidade de
entender Sua revelação, assim como dá a própria revelação.
(Geisler, 1996, p.189)
1.3 TERTULIANO
123
Geisler diz que essa interpretação é um erro de semântica, pois
Tertuliano não empregou a palavra absurdo e sim estultícia. Muitos
citam a frase “creio por que é absurdo” pelo fato de defenderem
que ele a utilizou para rejeitar a filosofia. Entretanto, não é o que
pensa Geisler como podemos ler a seguir:
124
LEITURA COMPLEMENTAR
125
da religião? Oferecer conceitos e princípios para a ação moral e
fortalecer a esperança num destino superior da alma humana. Sem
Deus e a alma livre não haveria a humanidade, mas apenas a
animalidade natural; sem a imortalidade, o dever tornar-se-ia banal.
Hegel segue numa direção diversa da de Kant. Para ele, a realidade
não é senão a história do Espírito em busca da identidade consigo
mesmo. Deus não é uma substância, cuja essência foi fixada antes e
fora do tempo, mas é o sujeito espiritual, que se efetua como sujeito
temporal, cuja ação é ele mesmo manifestando-se para si mesmo.
126
com o mundo através das categorias e das práticas ligadas ao
sagrado, constitui a atitude religiosa.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000, p. 400 –
401).
127
RESUMO TÓPICO1
128
AUTOATIVIDADE
129
TÓPICO 2
RAZÃO SOMENTE
INTRODUÇÃO
2.1 KANT
130
entre fé e razão. O racionalismo geométrico. Começando com o
que Spinoza considerava os axiomas irredutíveis do pensamento
humano, “deduziu” todas as verdades necessárias acerca de Deus,
do homem, e o mundo. Primeiramente, segundo Spinoza, é
racionalmente necessá-rio concluir que há apenas uma “substância
no universo, da qual todas as coisas, inclusive todos os homens, são
meros modos ou momentos (trata-se claramente de um tipo de
panteísmo). Semelhantemente, o “mal” é apenas uma ilusão do
momento particular. O univer-so como um todo é bom, assim como
um mosaico como um todo é belo, a despeito da apa-rente feiura de
uma peça individual. (GEISLER, 1996, p. 204)
2.2 SPINOZA
131
intuição racional. Sobre a bíblia, não acreditava em milagres, pois
era irracional e que Moisés não escreveu o pentateuco e nem o
recebeu através de uma revelação divina. Em seu racionalismo,
tudo deve funcionar de acordo com as leis da natureza, pois ela, a
natureza, é imutável e qualquer intervenção ou milagre é absurdo.
Desta forma, se qualquer parte da Bíblia não estiver de acordo com
a lei da natureza, os milagres, deve ser descartado por ser
inautêntico.
132
entendido racionalmente era deixado de lado, ignorado. Havia a
predileção mais pela ciência e filosofia, no tocante ao que elas
postulavam para chegar a verdade das coisas. Por exemplo: relato
do nascimento virginal de Jesus, morte e ressurreição, curas, todo
tipo de ações miraculosas atribuídas a Deus no Antigo e Novo
testamentos, eram interpretados como milagres e estes não podiam
ser aceitos por serem vistos como irracionais. Do contrário, estes e
outros relatos eram compreendidos como mitos ou lendas. Geisler
nos informa:
133
LEITURA
COMPLEMENTARES
134
fornece de si mesma, cujo aditamento não distinguimos daquela
matéria-prima antes que um longo exercício nos tenha chamado a
atenção para ele e nos tenha tornado aptos a abstraí-lo. Portanto, é
uma questão que requer pelo menos uma investigação mais
pormenorizada e que não pode ser logo despachada devido aos ares
que ostenta, a saber, se há um tal conhecimento independente da
experiência e mesmo de todas as impressões dos sentidos. Tais
conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos
empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na
experiência. (...) No que se segue, portanto, por conhecimentos a
priori entenderemos não os que ocorrem independente desta ou
daquela experiência, mas absolutamente independente de toda a
experiência. Opõem-se-lhes os conhecimentos empíricos ou
aqueles que são possíveis apenas a posteriori, isto é, por
experiência. Dos conhecimentos a priori denominavam-se puros
aqueles aos quais nada de empírico está mesclado. Assim, por
exemplo, a proposição: cada mudança tem sua causa, é uma
proposição a priori, só que não pura, pois mudança é um conceito
que só pode ser tirado da experiência.
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.
25-26.(Os pensadores)).
135
RESUMO TÓPICO 2
136
AUTOATIVIDADE
137
TÓPICO 3
RAZÃO E FÉ SE COMPLEMENTAM
INTRODUÇÃO
3.1 JUSTINO
138
logos. Porém, o logos em sua completude é Cristo, ou seja, um ser
pessoal. Sendo assim, “como de um fogo, acende-se outro fogo
sem que o fogo que acende seja diminuído, o logos acendeu os
filósofos antigos sem deixar de ser logos”. Seu nome entrou na
história por ter sido um grande apologista e cristão conforme a
seguinte citação. Os debates que empreendia com filósofos e não-
cristãos em defesa do cristianismo como filosofia verdadeira, e dos
próprios cristãos que sofriam a perseguição e martírio devido a sua
fé, levou-o a escrever para as autoridades e o senado romano.
3.2 CLEMENTE
139
(1) na argumentação; (2) no fornecimento de armas para a defesa
da fé cristã. A fé e a razão não possuem natureza heterogênea. Não
há entre elas qualquer contradição, mas apenas uma relação de
dependência: uma não pode existir sem a outra. Para ele a fé: (1) é
a condição do conhecimento: a gnose pressupõe a fé; (2) é o
princípio e o fundamento da razão (filosofia); (3) é o critério da
verdade. Os filósofos misturaram o verdadeiro e o falso. Somente a
fé fornece o critério de separação. Como Justino, admite que os
homens que usaram a razão possuíram a centelha do logos divino.
Tiveram, assim, acesso à verdade, mas de modo parcial.
140
responde afirmando que existe um parentesco natural entre Deus e
o homem. A natureza humana não é estranha a Deus, e de maneira
específica, essa co-naturalidade se dá pela razão, “enviada por
Deus”, que faz do homem “imagem divina”.
3.3 AGOSTINHO
141
religião. Ela é indispensável para todo o conhecimento. A fé, nesse
caso, é uma pré-condição para todo conhecimento. “Crer para
compreender”. Pense no conhecimento do passado. Nós precisamos
ter fé nas fontes de informação, no testemunho das pessoas, nos
documentos, etc. Ex: descobrimento do Brasil. Nesse caso, a fé é
um conhecimento mediato, enquanto que a razão é um
conhecimento imediato, só dependendo (operando) nela mesma.
142
filosofia como uma inimiga e sim como amiga a partir do momento
que se valeu de Aristóteles. Tomás lançou mão da filosofia
aristotélica para fazer suas analises teológicas de aprofundamento
bíblico. Teve como meta entender profundamente Deus e elaborou
um modo de explicação para provar sua existência que ficou
conhecido como às cinco vias. Tomás se esforça para provar que a
razão não se opõe a fé, mas pode trabalhar a seu favor. A Suma
Teológica de Tomás é uma obra que reflete bem a reflexão racional
de pensar em assuntos teológicos pela via filosófica e de ser capaz
de não se distanciar dos dogmas da igreja, pois a igreja aprovou seu
pensamento e lhe conferiu o título de Doutor Angelicus. Não é que
ele pensasse na razão como superior a fé, mas que a primeira pode
ajudar na compreensão da segunda.
143
pura a respeito das coisas divinas fossem apresentadas aos homens
por meio da fé”. Resumindo: Aquino sustentava que o homem está
sujeito aos efeitos noéticos do pecado, ou seja: a influência do
pecado na sua mente. “Estamos obrigados a muitas coisas que não
estão dentro da nossa capacidade sem a graça saneadora — por
exemplo, a amar a Deus e ao nosso próximo.
144
ter sido influenciado pela revelação de Deus na Bíblia. As verdades
sobrenaturais são conhecidas somente pela fé. Não somente a fé é
prévia à razão ou ao entendimento da natureza de Deus, como
também algumas verdades de Deus, tais como a Trindade e outros
mistérios da fé, podem ser conhecidas somente pela fé.
145
artigos de fé.” Mas, Tomás continua: “com a ajuda da graça temos
este poder.”2 A despeito das influências do pecado, pela fé na
revelação de Deus o homem recebe a capacidade, outorgada por
Deus, para vencer esta deficiência. Porque “o pecado não pode
destruir totalmente a racionalidade do homem, pois então já não
seria capaz do pecado.”. Aquino sustentava que, com a ajuda da
revelação, o homem pode chegar a entender certas verdades de
Deus e até mesmo “comprová-las” filosoficamente. Tomás fez uma
lista de Cinco Vias” pelas quais a existência de Deus pode ser
comprovada, sendo que a mais importante é o “Argumento
Cosmológico” que se segue. (1) Existem coisas finitas e mutáveis.
(2) Cada coisa finita e mutável deve ser causada por outra. (3) Não
pode haver uma regressão infinita destas causas. (4) Logo, deve
haver uma primeira causa não causada de toda coisa finita e
mutável que existe. Aquino acreditava que este argumento se
baseava em premissas filosoficamente justificáveis que não foram
tiradas da revelação. O fato é, no entanto, que nenhuma filosofia já
elaborou semelhante prova do Deus cristão sem antes ter sido
influenciado pela revelação de Deus na Bíblia. As verdades
sobrenaturais são conhecidas somente pela fé. Não somente a fé é
prévia à razão ou ao entendimento da natureza de Deus, como
também algumas verdades de Deus, tais como a Trindade e outros
mistérios da fé, podem ser conhecidas somente pela fé. Sabemos
mediante a razão que Deus existe, mas é somente pela fé que
sabemos que há três pessoas num só Deus. (Geisler, 1996, p.210,
211)
146
LEITURA COMPLEMENTAR
147
significando que dEle procedem todas as coisas. Em defesa dos
cristãos, apresentou o relato de exemplos de pessoas que haviam
sido perseguidas e mortas tão-somente pela fé em Cristo, muito
embora apresentassem uma vida digna.
148
ensinou. Assim, diante do senado romano e do imperador, Justino
defendeu o cristianismo como verdade, em suas Apologias. Essa
defesa foi importante, já que “a razão e a busca da verdade eram
muito valorizadas pela intelectualidade romana” e o cristianismo
deveria ser mostrado como uma crença racional. Utilizando-se da
crença do Logos, Justino demonstrou a verdade do cristianismo a
partir da vinda de Cristo, o Logos de Deus, predita por milhares de
anos pelos profetas hebreus, mediante o ensino do Espírito Santo.
Para Justino, portanto, o cristianismo era a “alta razão”, e Jesus era
o cumprimento das profecias antigas de que Ele viria como Filho
de Deus, e essas profecias eram anteriores aos filósofos gregos, o
que por si só já dava credibilidade a elas. Sendo o Logos a “razão
pré-existente, absoluta, pessoal, e Cristo a encarnação dele”, o
cristianismo contém a racionalidade necessária para ser aceito e
compreendido pela filosofia grega. Dessa maneira, defendendo o
cristianismo, Justino defendeu a fé cristã, referindo-se à fé em
Cristo como forma de justificação e transformação, sendo essa fé
totalmente racional.
149
RESUMO TÓPICO 3
A fé e a razão se complementam
150
AUTOATIVIDADE
Agostinho?
151
REFERÊNCIAS
152
HESSEN, J. Teoria do conhecimento. Trad. de João Vergílio
Gallerani Cuter. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
153
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiante. Trad. de
Adalgisa Campos da Silva. São Paulo: Ed. Objetiva, 1998.
154