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DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
H éliton L uís G onçalves
União Educacional de Cascavel
Bom estudo!
Sumário
TEMA 1
Demonstrações contábeis: contextualização....................................................................................... 9
1.1 Demonstrações contábeis...............................................................................................................10
1.1.1 Finalidade das demonstrações contábeis....................................................................................... 14
1.2 Tipos de demonstrações contábeis.................................................................................................20
1.2.1 Balanço Patrimonial....................................................................................................................... 20
1.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício....................................................................................... 21
1.2.3 Demonstração dos Resultados Abrangentes................................................................................... 23
1.2.4 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados........................................................................ 25
1.2.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido...................................................................... 25
1.2.6 Demonstração de Fluxo de Caixa................................................................................................... 27
1.3 Conceito e objetivos do Plano de Contas........................................................................................31
1.3.1 Notas Explicativas.......................................................................................................................... 31
1.3.2 Demonstração do Valor Adicionado................................................................................................ 33
1.3.3 Plano de Contas............................................................................................................................. 34
1.4 Elementos do Plano de Contas e sua apresentação.......................................................................42
EM RESUMO......................................................................................................................................... 53
TEMA 2
Balanço Patrimonial – Ativo................................................................................................................ 54
2.1 Balanço Patrimonial: conceito, característica e função.................................................................55
2.1.1 Ativo.............................................................................................................................................. 60
2.2 Ativo Circulante: principais contas e suas características............................................................65
2.2.1 Principais contas do Ativo Circulante.............................................................................................. 65
2.3 Ativo Não Circulante: principais contas e suas características.....................................................75
2.4 Imobilizado e intangível: classificação...........................................................................................85
2.4.1 Intangível ...................................................................................................................................... 90
EM RESUMO......................................................................................................................................... 96
TEMA 3
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido........................................................................ 97
3.1 Passivo Circulante: principais contas e suas características........................................................98
3.1.1 Passivo Circulante......................................................................................................................... 99
3.2 Passivo Circulante: principais contas e um enfoque na conta descontos de duplicatas...........108
3.2.1 Desconto de duplicatas................................................................................................................ 113
3.3 Provisões e receitas diferidas: novas classificações. Passivo Não Circulante: principais contas e
suas características.............................................................................................................................117
3.3.1 Provisões..................................................................................................................................... 117
3.3.2 Receitas diferidas........................................................................................................................ 120
3.3.3 Passivo Não Circulante................................................................................................................ 121
3.4 Patrimônio Líquido: conceito das contas......................................................................................127
EM RESUMO....................................................................................................................................... 136
TEMA 4
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE............................................................................. 137
4.1 DRE – Demonstração do Resultado do Exercício: conceito..........................................................138
4.2 Como estruturar uma DRE.............................................................................................................149
4.3 Operações com Mercadorias: Inventário Periódico, Resultado com Mercadorias (RCM) e Apuração
do Resultado do Exercício (ARE).........................................................................................................159
4.3.1 Inventário Periódico..................................................................................................................... 161
4.3.2 Resultado Com Mercadorias (RCM).............................................................................................. 163
4.3.3 Apuração do Resultado do Exercício (ARE)................................................................................... 164
4.4 Notas Explicativas..........................................................................................................................169
4.4.1 Estrutura das Notas Explicativas.................................................................................................. 170
4.4.2 Modelo das Notas Explicativas..................................................................................................... 172
EM RESUMO....................................................................................................................................... 179
Demonstrações contábeis: contextualização | TEMA 1 9
tema
Demonstrações contábeis:
contextualização
1
OBJETIVO
Apresentar noções sobre a composição e a
funcionalidade das Demonstrações Contábeis e o Plano
de Contas no âmbito contábil.
NOSSO TEMA
Sabemos que a história da Contabilidade é muito antiga, podemos dizer até
que tão antiga quanto a história da civilização. Foi implantada devido a uma
necessidade pessoal, necessidade essa de proteção à posse, pois o ser humano
precisava criar formas de controlar seus bens.
Você já parou para pensar como os antigos controlavam os rebanhos que pos-
suíam? Ou como descobriam se suas negociações estavam sendo rentáveis?
Com o passar dos anos, essa forma de apresentação de informações vem sendo
muito mais utilizada pela sociedade em geral, um exemplo disso é a direção
da empresa que a utiliza para tomadas de decisão, ou então terceiros (Receita
Federal, acionistas, bancos etc.) para fiscalização, investimentos, liberação de
recursos, sendo que sua importância se deve ao mercado complexo e abrangen-
te que necessita ter informações precisas e fidedignas.
10 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Assim, podemos afirmar que a Contabilidade é uma das ciências mais antigas
que existem no mundo. Também chamada de ciência contábil, tem como ob-
jetivo o controle econômico de uma companhia, ou seja, de forma concreta,
a Contabilidade é o sistema de identificação, o qual controla o patrimônio da
entidade. Esse controle feito por meio de identificação, também se utiliza da
classificação, registro e mensuração econômica dos eventos que constituem ou
alteram o patrimônio da empresa.
Porém, graças à evolução da sociedade, a Contabilidade cada vez mais está sen-
do vista com outros olhos, não só pelo Fisco, mas também pelos outros usuá-
rios, entre eles os empresários, acionistas, investidores, bancos etc., que mais
frequentemente vêm demonstrando interesse, levando a sério essas informa-
ções. Estes usuários interpretam, detalham e, a partir disso, obtêm maior con-
fiabilidade das informações analisadas, podendo, da mesma forma, ter mais
confiança quando necessitam repassar essas informações.
12 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
© scanrail
Fonte: 123RF.
Nós já sabemos que a maioria das empresas, em nosso País, está obrigada a
fazer os registros da Contabilidade para transmitir informações importantes
aos usuários internos e externos. A importância da Contabilidade para todos
se traduz no fato de que as informações que ali são geradas podem apresentar
índices positivos e negativos, nos quais é possível verificar, por exemplo, se é
viável ou não a compra de ações desta instituição ou, até mesmo, efetuar vendas
e tornar-se um fornecedor desta empresa.
Lembre-se de que essa é apenas uma das análises possíveis, pois permite-se
ainda, por exemplo, uma análise vertical do Balanço Patrimonial que mede a
variação dos meses em comparação com os meses anteriores, ou ainda aos mes-
mos períodos de anos anteriores, entre outras formas existentes.
Empregados
Fornecedores e
outros credores Clientes
comerciais
Investidores
Demonstrações
Público
contábeis
Análise das
demonstrações
contábeis
• grau de risco;
• lucratividade (CREPALDI, 2008, p. 225).
© langstrup
Fonte: 123RF.
© aurielaki
Fonte: 123RF.
Enfim, nota-se que podem ser retiradas das demonstrações contábeis muitas
informações para todos os usuários, o que reflete a sua importância de conter
informações reais, fidedignas e com tempestividade.
LEITURA COMPLEMENTAR
É importante que você complemente o que estudamos neste tópico reali-
zando a leitura do “Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1)”. Este documen-
to trata, especificamente, da apresentação das demonstrações contábeis,
abordando um pouco mais sobre cada assunto que foi mencionado neste
tópico, e complementará o que estar por vir nas próximas abordagens que
faremos ao longo do estudo desta disciplina
REFERÊNCIAS
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1.121/08. Aprova a
NBC TG Estrutura Conceitual – Estrutura conceitual para a elaboração e apresenta-
ção das demonstrações contábeis. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/
SRE/docs/RES_1121.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2019.
CHING, H. Y.; MARQUES, F.; PRADO, L. Contabilidade geral. 3. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010. [livro eletrônico].
MARTINS, E. et. al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2013.
No Brasil, pela regra geral aplicada pelas normas contábeis tem-se o Balanço
Patrimonial dividido em duas partes (colunas). No lado esquerdo estão repre-
sentadas as aplicações dos recursos, ou seja, o Ativo, no qual se registram, em
sua maioria, as contas positivas e de natureza devedora, ou seja, contas que
aumentam o valor do Ativo, nesse caso, existem poucas exceções e a ordem de
classificação das contas se dá pelo seu grau de liquidez.
De modo geral, o grau de liquidez pode ser descrito da seguinte forma: “Os ín-
dices de liquidez objetivam fundamentalmente verificar a capacidade de uma
empresa em solver seus compromissos” (CREPALDI, 2008, p. 226).
© Rattanachai Bunying
Fonte: 123RF.
Assim, por meio da DRE é possível avaliar a capacidade e a real situação das
operações da companhia.
A DRE é estruturada pela Lei nº 6.404/1976, que em seu artigo 187 define a
estrutura-padrão de apresentação para os usuários, da seguinte forma:
© Dmitrii Kotin
Fonte: 123RF.
Assim como no caso da DRE, a DRA possui uma base mínima de rubricas a
serem seguidas, sendo elas:
© ahasoft2000
Fonte: 123RF.
Greco e Arend (2013, p. 106), afirmam que essa demonstração “[...] destina-se
a evidenciar as mutações nos resultados acumulados em determinado exercício
social”.
Portanto, a DLPA tem a sua estrutura interligada com a destinação dos lucros,
tanto a saída de recursos dos Lucros Acumulados que se originam do lucro lí-
quido para as contas de reservas, quanto as suas reversões.
Segundo Greco e Arend (2013, p. 111), essa demonstração “[...] indica claramen-
te a movimentação, durante o exercício social, das contas que compõem o Pa-
trimônio Líquido, destacando o fato que determinou cada um dos acréscimos
ou diminuições no patrimônio”. Logo, a DMPL deve ter uma estrutura que con-
tenha os seguintes itens:
Elementos Alteram o PL
Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido. Sim
Aumento decorrente da reavaliação de ativos. Sim
Aumento ou diminuição por ajuste de anos anteriores. Sim
Acréscimo de capital com o uso dos lucros e reservas. Não
Aumento pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus
Sim
subscritos.
Aumento por subvenções e doações. Sim
Aumento por prêmio recebido em debêntures. Sim
Utilização do lucro líquido do exercício diminuindo a conta lucros
Não
acumulados para a composição de reservas.
Aumento por subscrição e integralização de capital. Sim
Diminuição por ações próprias adquiridas ou aumento pela venda das
Sim
ações.
Compensação de prejuízos com a utilização de reservas. Não
Diminuição por parcelas do lucro apurado. Sim
Demonstrações contábeis: contextualização | TEMA 1 27
Para Greco e Arend (2013, p. 116), a DFC “[...] informa as modificações ocorri-
das na posição financeira da empresa durante o exercício social, discriminando
separadamente se decorrentes das suas operações, investimentos ou financia-
mentos”.
© ahasoft2000
Fonte: 123RF.
Nesse sentido, segundo o item 11 do CPC 03, na DFC deve constar uma divisão
em três partes, com a finalidade de demonstrar os fluxos de caixa advindos de
atividades operacionais (parte 1), de investimento (parte 2) e de financiamento
(parte 3). Observe esta disposição:
LEITURA COMPLEMENTAR
Neste tópico, vimos muitas informações interessantes sobre as demons-
trações exigidas por Lei, mas é importante que você conheça um pouco
mais sobre o assunto, por isso leia o “Pronunciamento Técnico CPC 03
(R2)” que traz a forma de elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades
por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.
htm>. Acesso em: 25 jun. 2019.
IV – indicar:
São critérios a serem elucidados nas Notas Explicativas, portanto, segundo Cre-
paldi (2008), os seguintes itens:
© thodonal
Fonte: 123RF.
Observe que o CPC 26 (R1), em seu item 113, também traz informações a res-
peito das Notas Explicativas e institui a forma adequada de apresentação de
tais notas.
a. Receitas;
b. Insumos adquiridos de terceiros;
c. Valor adicionado bruto;
d. Retenções;
e. Valor adicionado líquido produzido pela entidade;
f. Valor adicionado recebido em transferência;
g. Valor adicionado total a distribuir;
h. Distribuição do valor adicionado.
© awrangler
Fonte: 123RF.
A partir desse conhecimento, dizemos que o Plano de Contas deve ser estrutu-
rado em forma de “árvore”, em que temos os níveis e seus subníveis, padrão que
é determinado pelas normas de contabilidade e que facilitam a interpretação.
• Contas de Ativo;
• Contas de Passivo;
• Patrimônio Líquido;
• Contas de Resultado;
• Contas de Compensação;
• Outras.
Para ficar bem claro o que é esta estrutura do Plano de Contas, veja o exemplo
abaixo de como ficaria subdividida por níveis e por natureza:
38 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
1. Primeiro Nível
1.1 Segundo Nível
1.1.1 Terceiro Nível
1.1.1.1 Quarto Nível
1. Ativo
1.1 Ativo Circulante
1.1.1 Disponível
1.1.1.1 Caixa
2. Passivo
2.1 Passivo Circulante
2.1.1 Salários e Encargos Sociais
2.1.1.1 Salários e Ordenados a Pagar
© Antonio Guillem
Fonte: 123RF.
Saiba que cada empresa possui o seu Plano de Contas, especialmente projetado
para ela, estando em perfeita harmonia com o tipo de atividade, grandeza patri-
monial, constituição jurídica e disposições legais às quais se subordina. Diante
disso, é possível afirmar que não haverá planos de contas exatamente iguais.
Existirá sim, uma certa padronização estrutural, principalmente quando as
empresas possuírem atividades aproximadas ou iguais, como, por exemplo, os
planos de contas das companhias cuja atividade é a agropecuária, que possuem
semelhança estrutural, porém, ao serem comparados, verifica-se que são dife-
rentes entre si, pois uma terá atividade de produção de soja e milho, já outra
terá produção de frangos, ou seja, a estrutura utilizada poderá ser a mesma,
mas os requisitos particulares as diferenciarão.
40 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
A temática que estudamos neste tópico é fundamental dentro da Conta-
bilidade, por isso busque na leitura do capítulo 10 do livro “Contabilida-
de Básica” de Osni Moura Ribeiro, compreender um pouco mais sobre o
conceito do Plano de Contas e sua estruturação, pois são mencionados
conceitos que reforçam ainda mais a importância dessa estrutura para as
companhias.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades
por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.
htm>. Acesso em: 25 jun. 2019.
Sendo assim, para cada bem, direto, obrigação, receita ou despesa há uma con-
ta específica, de modo que fique estabelecida a relação de contas adotadas nos
registros contábeis, indicando sempre a função e o funcionamento de cada uma
delas.
Elemento Representatividade
Título Nome da Conta
Data Marcação do tempo referente ao fato ocorrido
Histórico Narração dos fatos ocorridos
Débito Estado devedor (dívida) da conta
Crédito Estado credor (haver) da conta
Saldo Diferença entre o débito e o crédito
o crédito está superior ao débito, por outro lado, se as contas estiverem com o
mesmo saldo, o chamamos de nulo.
As contas de despesas também são consideradas devedoras sempre que for re-
gistrado um custo ou uma despesa, bem como o prejuízo gerado no exercício,
devendo ser registrados a débito.
Balanço Patrimonial
Contas Valor (R$) Contas Valor (R$)
Ativo 200.000,00 Passivo 200.000,00
Ativo Circulante 200.000,00 Passivo Circulante 200.000,00
Disponível 200.000,00 Fornecedores 200.000,00
Banco 200.000,00 Fornecedores Nacionais 200.000,00
Você notou que nas simulações feitas nas tabelas acima ambos os lados (Ativo
e Passivo) terminaram com o mesmo valor? Essa regra justifica-se pelo método
chamado de partidas dobradas que foi criado por Luca Pacioli, em 1494.
O Balanço de uma empresa tem esse nome porque ele funciona como
uma “balança”, ou seja, no lado esquerdo são colocados os bens e
direitos; e no lado direito, são descritas as obrigações. A função lembra
uma balança porque os dois lados devem ter o mesmo peso, isto é, o
mesmo valor (SANTOS, 2014).
Outro ponto importante que precisa ser abordado é que após mais de trinta
anos sem mudanças expressivas na legislação contábil, o Governo publicou
uma alteração em 2009, a qual trouxe várias mudanças, entre elas, a inclusão
de apenas dois grupos contábeis para o Ativo, chamados de Ativo Circulante e
Ativo Não Circulante. Anteriormente a essa mudança, classificavam-se como
Ativo Circulante, Realizável a Longo Prazo e Permanente (Investimento, Imo-
bilizado e Diferido).
Contudo, Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 27-28), mencionam que “No Ativo
Circulante são classificados os itens de maior liquidez, ou seja, aqueles reali-
záveis [...] no curto prazo” e para o Ativo Não Circulante afirmam que “Neste
grupo estão os ativos de menor liquidez [...]”.
Nesse sentido, Greco e Arend (2013, p. 85), afirmam que “Serão classificadas no
Passivo Circulante as contas representativas das obrigações da companhia” e
para o Passivo Não Circulante afirmam que conforme a Lei nº 6.404/1976 “Se-
rão classificadas [...] as contas representativas das obrigações, se tiverem ven-
46 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Assim, diante do entendimento conceitual dos fatos até aqui mencionados, con-
cluímos que um Plano de Contas deve estar sempre atualizado para que possa
oferecer todas as análises de forma consistente e confiável, isso porque quando
se reconhece todas as contas em tempo hábil fica mais fácil decidir quando fa-
zer um investimento em imobilizado ou em estoque, ou mesmo o momento de
deixar de gastar e economizar, minimizando os riscos que a companhia possa
sofrer.
1. ATIVO
1.1 Circulante
1.1.01 Disponível
1.1.01.01 Caixa
1.1.01.01.01 Caixa
1.1.01.02 Banco conta movimento
1.1.01.02.01 Banco do Brasil S/A
1.1.01.02.02 Banco Itaú Unibanco S/A
1.1.01.02.03 Bradesco S/A
1.1.01.03 Aplicações financeiras
1.1.01.03.01 Banco do Brasil S/A
1.1.01.03.02 Banco Itaú Unibanco S/A
1.1.01.03.03 Bradesco S/A
1.1.02 Clientes
1.1.02.01 Cliente X
1.1.02.02 Cliente Y
1.1.03 Duplicatas a receber
1.1.04 (-) Duplicatas descontadas
1.1.04.01 (-) Duplicatas descontadas
1.1.05 (-) Provisão p/créditos de liquidação duvidosa
1.1.05.01 (-) Provisão p/créditos de liquidação duvidosa
1.1.06 Adiantamento a fornecedores
1.1.07 Adiantamento a empregados
Demonstrações contábeis: contextualização | TEMA 1 47
2. PASSIVO
2.1 Passivo Circulante
2.1.01 Obrigações com fornecedores
2.1.01.01 Fornecedor “A”
2.1.02 Duplicatas a pagar
2.1.02.01 Conta “A”
2.1.03 Empréstimos e financiamentos a pagar
2.1.03.01 Banco “X” S/A conta empréstimos
2.1.04 Obrigações fiscais
2.1.04.01 ICMS a recolher
2.1.04.02 PIS sobre faturamento a recolher
2.1.04.03 COFINS a recolher
2.1.04.04 IRPJ a recolher
2.1.04.05 CSLL a recolher
2.1.04.06 IRRF a recolher
2.1.04.07 ISS a recolher
2.1.05 Obrigações trabalhistas
2.1.05.01 Salários a pagar
2.1.05.02 INSS a recolher
2.1.05.03 FGTS a recolher
2.1.05.04 Provisão para 13° salário c/encargos
2.1.05.05 Provisão para férias c/encargos
2.1.06 Provisões para IR e CSLL
2.1.06.01 Provisão para I.R.
2.1.06.02 Provisão para C.S.L.L.
2.1.07 Outros títulos a pagar
2.1.08 Aluguéis a pagar
2.1.09 Dividendos propostos a pagar
2.2 Passivo Não Circulante
2.2.01 Exigível a longo prazo
2.2.01.01 Promissórias a pagar de longo prazo
2.3 Patrimônio Líquido
2.3.01 Capital Social
2.3.01.01 Capital subscrito
2.3.01.02 (-) Capital a integralizar
2.3.02 Reserva de capital
2.3.02.01 Ágio na emissão de ações
Demonstrações contábeis: contextualização | TEMA 1 49
3. RECEITA
3.1 Receita bruta s/ vendas e serviços
3.1.01 Receita bruta de venda
3.1.01.01 Revenda de mercadorias
3.1.02 Receita bruta de serviços
3.1.02.01 Prestação de serviços
3.2 Dedução de receita bruta vendas/serviços
3.2.01 Dedução de receita bruta de vendas
3.2.01.01 Cancelamento de devoluções
3.2.01.02 Abatimento incondicional
3.2.01.03 ICMS
3.2.01.04 COFINS
3.2.01.05 PIS s/ vendas e serviços
3.2.02 Dedução de receita bruta s/ serviços
3.2.02.01 ISS
3.3 Receita operacional
3.3.01 Receita financeira
3.3.01.01 Variação monetária ativa
3.3.01.02 Juros s/ aplicações financeiras
3.3.01.03 Descontos obtidos
3.3.01.04 Receita de aplicações pré-fixadas
3.3.01.05 Multas ativas
3.3.01.06 Dividendos
3.3.01.07 Juros s/duplicatas
3.3.02 Recuperações diversas
3.3.02.01 Reembolsos diversos
3.3.02.02 Venda de sucatas
50 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
4. DESPESAS
4.1 Custos diretos da produção
4.1.01 Custos dos produtos/mercadorias vendidas
4.1.01.01 CMV
4.2 Despesas operacionais
4.2.01 Despesas administrativas
4.2.01.01 Salários e ordenados
4.2.01.02 Adicional noturno
4.2.01.03 Água/esgoto
4.2.01.04 Alimentação
4.2.01.05 Aluguéis e arrendamento
4.2.01.06 Assistência médica/social
4.2.01.07 Associação de classe
4.2.01.08 Contribuição/donativos
4.2.01.09 Correios
4.2.01.10 Depreciação/amortização
4.2.01.11 Despesas com manutenção da loja
4.2.01.12 Farmácia
4.2.01.13 Férias
4.2.01.14 FGTS
4.2.01.15 Gás
4.2.01.16 Horas extras
4.2.01.17 Impostos e taxas
4.2.01.18 Impressos
4.2.01.19 Indenizações/aviso prévio
4.2.01.20 INSS
4.2.01.21 Legais e judiciais
4.2.01.22 Luz e energia
4.2.01.23 Materiais de consumo
4.2.01.24 Multas de trânsito
4.2.01.25 Multas fiscais
4.2.01.26 Pró-labore
4.2.01.27 Propaganda e publicidade
4.2.01.28 Reproduções
4.2.01.29 Revistas e jornais
Demonstrações contábeis: contextualização | TEMA 1 51
LEITURA COMPLEMENTAR
Para complementar o assunto que abordamos neste tópico, leia o artigo
“Contabilidade: aspectos relevantes da epopéia de sua evolução” de Sérgio
de Iudícibus, Eliseu Martins e L. Nelson Carvalho. Esse artigo traz um tema
importante e interessante para os contadores que é a evolução da Con-
tabilidade, dentre eles quem foi Luca Pacioli, como surgiu o método das
partidas dobradas e como ela se tornou ciência.
REFERÊNCIAS
GRECO, A. L.; AREND, L. R. Contabilidade: teoria e prática básicas. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• o contador deixou de ser um mero “guarda livros” para ter um papel funda-
mental dentro das companhias;
• são utilizadas pelos menos oito demonstrações contábeis para melhor apre-
sentar e explicar o desenvolvimento econômico, financeiro e patrimonial de
uma empresa;
• o Plano de Contas possui, pelo menos, quatro níveis e cinco naturezas, sendo
eles: grupo, subgrupo, conta e subconta; contas de Ativo, de Passivo, de Patri-
mônio Líquido, de Resultado e de Compensação, respectivamente;
tema
Balanço Patrimonial – Ativo 2
OBJETIVO
Demonstrar a estrutura do Balanço Patrimonial e
exemplificar as principais contas do Ativo.
NOSSO TEMA
Agora que já temos o conhecimento sobre as demonstrações contábeis existen-
tes, algumas de suas funcionalidades e principais características, conseguimos
perceber que a Contabilidade não se resume a apenas Débito e Crédito, ou seja,
não se limita a somente realizar lançamentos, mas se preocupa muito com a
forma de apresentá-los aos usuários.
É certo que as demonstrações estão vindo cada vez mais completas e em maior
número para evitar problemas, para facilitar a vida das pessoas e com o intuito
de melhor demonstrar as informações, de melhor controlar as movimentações,
mas, principalmente, controlar os bens e direitos das empresas. Sendo assim,
veremos, neste Tema, com mais detalhes o Balanço Patrimonial, o grupo Ativo
e suas principais contas.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 55
Nós já sabemos, também, que uma das demonstrações mais relevantes na Con-
tabilidade é o Balanço Patrimonial, por isso, entraremos agora um pouco mais
a fundo nesse assunto, no intuito de entendermos melhor o que o Balanço Pa-
trimonial faz, qual a sua função, qual a sua composição.
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo + PL
Bens e Direitos Obrigações
Aplicações Origens
Para melhor compreensão destas fórmulas, podemos dizer que elas se equipa-
56 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
ram ao Método das Partidas Dobradas. Esse Método foi descrito, inicialmente,
por Luca Pacioli em seu livro “Summa de Arithmetica, Geometria proportioni
et propornaliti”, no ano de 1494, que significa o sistema-padrão usado pelas
empresas para registrar as suas transações econômico-financeiras.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Essa análise é chamada de análise horizontal de balanço que busca, por meio
desta disposição, identificar como a empresa está se comportando através dos
anos, além de permitir visualizar se as receitas sofreram crescimento, se os
custos reduziram ou se houve uma troca de gastos, como, por exemplo, se em
vez de combustíveis, gastou-se mais com fretes.
zão”. Dessa forma, transparece uma confiança das ações ali transformadas em
números, possibilitando aos usuários terem dimensões básicas, mas importan-
tes nas tomadas de decisões, sempre visando ao futuro.
Logo, alguns pontos importantes que podem e devem ser analisados, por meio
do Balanço Patrimonial, antes de uma tomada de decisão, são:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O Balanço Patrimonial, como já sabemos, possui três elementos que são defi-
nidos, segundo Gelbcke et al. (2018), da seguinte forma: O Ativo é aquele que
abrange os recursos que são controlados por uma entidade e dos quais se espe-
ram benefícios econômicos futuros. O Passivo diz respeito às exigibilidades e
obrigações e o Patrimônio Líquido traduz a diferença entre o Ativo e o Passivo,
isto é, o valor líquido da empresa.
2.1.1 Ativo
Diante da divisão que existe dentro do Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido), vamos compreender, primeiramente, o primeiro grupo
que consta da ordem de apresentação de acordo com a legislação brasileira, o
Ativo.
Nesse sentido, Gelbcke et al. (2018, p. 67) colocam como regra de apresenta-
ção das contas do Ativo da seguinte forma: “[...] no Ativo, são apresentadas em
primeiro lugar as contas mais rapidamente conversíveis em disponibilidades,
iniciando com o disponível (caixa e bancos), contas a receber, estoques, e assim
sucessivamente”.
© cubydesign
Fonte: 123RF.
O Ativo é classificado pelo seu grau de liquidez, que significa o quanto mais
rápido é o prazo de transformação dos bens ou direitos em dinheiro. Por isso, a
primeira conta do Balanço Patrimonial, dentro do grupo do Ativo, é o CAIXA,
pois essa conta já é dinheiro, diferentemente, por exemplo, de um software que
a empresa possua, e que é um bem intangível que dificilmente será vendido e,
consequentemente, transformado em dinheiro.
© Andriy Popov
Fonte: 123RF.
I – ativo circulante; e
Vamos então prosseguir com nossos estudos para entender a ramificação que é
formada dentro do Ativo.
LEITURA COMPLEMENTAR
O assunto que estudamos neste tópico é extremamente importante e, por
isso, é necessário que você compreenda um pouco mais sobre ele lendo o
Capítulo 3 “Balanço Patrimonial – Grupos de Contas (Uma Primeira Abor-
dagem)” do livro Contabilidade Empresarial de José Carlos Marion.
Nesse capítulo, você terá uma abordagem no item “3.3 Grupos de contas
do balanço patrimonial”, sobre o que pode ser alocado dentro de cada gru-
po do balanço, exemplificando cada elemento.
REFERÊNCIAS
AVENIDA Cult. Contabilidade 9.2.1 Balanço Patrimonial, Ativo e Passivo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vogdvZWmrDw>. Acesso em: 28
jun. 2019.
MARION, J. C.; Contabilidade empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Dis-
ponível em: <https://www.academia.edu/6742745/CONTABILIDADE_EMPRESA-
RIAL_LIVRO_DE_EXERC%C3%8DCIOS>. Acesso em: 28 jun. 2019.
MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A.; Análise didática das demonstra-
ções contábeis. São Paulo: Atlas, 2014.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 65
Este grupo tem a função de agrupar o dinheiro (caixa, banco, aplicações, che-
ques etc.) e tudo o que possa ser transformado em dinheiro de forma rápida. As
contas aqui lançadas, são aquelas que estão constantemente em movimentação.
Essa transformação para estar classificada neste grupo, deve ser realizada até o
final do exercício seguinte, por isso usa-se o termo “curto prazo”.
Como sabemos, existe um Plano de Contas com sugestões de contas, mas exis-
tem algumas que a maioria das empresas utiliza, ou seja, são contas necessárias
para qualquer atividade, por essa razão, vamos verificar, a seguir, quais são elas
e suas funcionalidades.
Figura 1 – Disponibilidades
© Yulia Kireeva
Fonte: 123RF.
Veja abaixo a descrição das contas conforme são apresentadas no Balanço Pa-
trimonial:
Art. 10. Os registros contábeis das perdas admitidas nesta Lei serão
efetuados a débito de conta de resultado e a crédito:
© Gennady Kireev
Fonte: 123RF.
© samuraitop
Fonte: 123RF.
Figura 4 – Estoques
Fonte: 123RF.
E por último, mas não menos importante, temos o grupo das despesas anteci-
padas.
Para melhor entender podemos usar o exemplo do IPTU, o qual a empresa paga
no mês de abril, por exemplo, mas o valor deverá ser segregado no resultado em
doze meses, representando o período de janeiro a dezembro, descarregando a
despesa conforme o período de competência.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para um melhor aprofundamento sobre a forma de elaboração da Demons-
tração do Fluxo de Caixa outro importante documento da Contabilidade,
leia o “Pronunciamento técnico CPC 03 (R2)”.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação
tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrati-
vo de consulta e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L9430.htm>. Acesso em: 01 jul. 2019.
© robuart
Fonte: 123RF.
Sendo assim, mencionamos acima uma divisão no longo prazo, em que seguin-
do a ordem decrescente de liquidez temos o primeiro grupo do Não Circulante
chamado de Ativo Realizável a Longo Prazo que no artigo 179, II da Lei nº
6.404/1976 é disposto da seguinte forma:
Assim como no Circulante, este grupo também possui contas que são utilizadas
de forma padronizada em quase todas as empresas, vamos conhecê-las uma a
uma.
Fonte: 123RF.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 77
© Daniil Peshkov
Fonte: 123RF.
“O grupo Investimentos tem por finalidade absorver bens e direitos dos quais as
empresas não têm a intenção imediata de venda, mas que, por outro lado, não
são necessários ou utilizados em outras operações” PADOVEZE (2016, p. 173).
Conforme o inciso III, do artigo nº 179 da Lei nº 6.404/1976, a origem das con-
tas classificadas nesses investimentos deverá conter alguns requisitos, sendo
eles:
Alguns exemplos comuns que a sociedade poderá lançar e também os mais vis-
tos em balanços patrimoniais pelo País, são:
© pogonici
Fonte: 123RF.
Isto quer dizer que se, por exemplo, a companhia cuja atividade principal é a
venda de calçados, comprou salas comerciais e as alugou para terceiros, esta
negociação gerará uma renda, porém a sua atividade operacional é vender cal-
çados.
© pogonici
Fonte: 123RF.
d. Ativo Não Circulante mantido para venda: Esses ativos são comuns
de serem vistos em empresas de locação de veículos que utilizam estes
bens como fonte de renda e depois os revendem.
Para classificar um ativo não circulante (ou um grupo à dispo-
sição) como mantido para venda é preciso que a recuperação
esperada do seu valor contábil venha a ocorrer, principalmen-
te, por meio de uma transação de venda em vez do uso con-
tínuo. Isso implica dizer que o ativo (ou grupo à disposição)
deve estar disponível para uma possível venda imediata (nas
condições em que ele se encontra) e sujeito apenas ao que
é usual e costumeiro nas vendas desses tipos de ativos (ou
grupos à disposição) e, principalmente, que a venda seja alta-
mente provável (GELBCKE et al., 2018, p. 1317).
Neste tópico, aprendemos sobre o Ativo Não Circulante suas principais contas
e características e você teve a oportunidade de perceber a importância de cada
uma delas.
LEITURA COMPLEMENTAR
No estudo deste tópico, analisamos as definições para coligadas e contro-
ladas, contudo, é importante aprofundar ainda mais este conhecimento. O
artigo “Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
– erro na contabilização de dividendos quando existem lucros não realiza-
dos” de Ariovaldo dos Santos e Itamar Miranda Machado, tem a intenção
de nos alertar para o impacto que uma contabilização errada pode trazer
para a companhia e busca nos fazer compreender a importância deste co-
nhecimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades
por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compi-
lada.htm>. Acesso em: 01 jul. 2019.
GRECO, A.; AREND, L. Contabilidade: teoria e prática básicas. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
Figura 1 – Imobilizado
© macrovector
Fonte: 123RF.
Este grupo abrange também os custos dos bens em construção, ou seja, até
mesmo os bens que ainda não estão em operação (construções em andamento),
e das benfeitorias realizadas em bens próprios ou de terceiros. A sua principal
função é registrar e demonstrar os bens, direitos e obrigações patrimoniais e
ainda demonstrar a situação líquida patrimonial.
Sendo assim, supondo que a companhia adquira uma mesa para reuniões a um
custo de R$ 1.100,00, o que uma das regras nos diz é que não precisa ser imo-
bilizado e que podemos considerá-la uma despesa, porém, se comprovado que
a durabilidade dessa mesa é superior a um ano e que sua utilização continuará
sendo efetiva, neste caso, entende-se que ela deverá ser classificada no grupo
Imobilizado.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 87
a. Imóveis: esses imóveis são aqueles que a empresa possui e são utiliza-
dos na atividade operacional, nas atividades de desenvolvimento, aquelas
que são necessárias para a companhia. Englobam-se os Terrenos e as
Edificações. De uma maneira simplificada, são os prédios, indústrias,
construções etc.
b. Máquinas e equipamentos: são bens utilizados para o desenvolvimen-
to da atividade operacional da companhia. Um exemplo que pode ser con-
tabilizado nesta conta são as máquinas de costura, utilizadas pelas fábri-
cas para elaboração dos produtos destinados à venda.
c. Móveis e utensílios: estão incluídos nesta conta todos os móveis e uten-
sílios utilizados na companhia para o desenvolvimento das atividades, ou
seja, as mesas de escritório, as cadeiras etc.
d. Veículos: são lançados nesta conta os caminhões, as motos, os ônibus, os
automóveis, entre outros veículos, que são utilizados com a finalidade es-
pecífica de promover o desenvolvimento da empresa, sejam eles utilizados
para entregar produtos ou mesmo aqueles necessários para o deslocamen-
to de funcionários.
88 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Figura 2 – Veículos
© Shen En-Min
Fonte: 123RF.
Figura 3 – Reflorestamento/Florestamento
© Alexander Naumov
Fonte: 123RF.
Toda regra tem uma exceção e com a depreciação não poderia ser
diferente, pois a NBC TG 27 (R1) – Ativo Imobilizado, em seu item 58,
institui que “[...] os terrenos têm vida útil ilimitada e, portanto, não são
depreciados”.
2.4.1 Intangível
Os bens intangíveis se diferenciam dos imobilizados, pois não podem ser toca-
dos ou vistos, são bens incorpóreos, embora possuidores de valor, no entanto,
não possuem matéria física, sendo tratados como direitos de propriedade inte-
lectual ou imaterial. Esse subgrupo do Ativo Não Circulante, passou a integrar
o Balanço Patrimonial a partir da aprovação da Lei nº 11.638/2007. Com isso,
o inciso VI, do artigo 179, da Lei nº 6.404/1976, dispõe que a classificação das
contas no intangível será da seguinte maneira: “[...] os direitos que tenham por
objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos
com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido”.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 91
© yupiramos
Fonte: 123RF.
O CPC 15 (R1) (2011, on-line) define Ativo Intangível como “[...] um ativo não
monetário identificável sem substância física”. Adicionalmente, no referido
apêndice, consta que um ativo é identificável quando ele:
Veja que o CPC 04, em seu item 12, também traz critérios para facilitar a iden-
tificação de um ativo intangível, sendo eles:
• Coca Cola®;
• Apple®;
• Hellmann’s®;
• Nike®;
• Omo®.
Balanço Patrimonial – Ativo | TEMA 2 93
© rvlsoft
Fonte: 123RF.
Estas são algumas das marcas mais valiosas do mercado, mas por que citá-las?
Com certeza alguma vez você já foi a uma lanchonete ou restaurante e ao pedir
a bebida, ao invés de pedir um refrigerante, pediu uma Coca®, depois parou e
pensou um pouco, e trocou a marca da bebida, pegando outro refrigerante? Ou
ainda, já escutou a mãe pedindo: “Filho vai ao mercado e compra Omo®, pode
pegar o mais barato!”, sendo que, na verdade, ela está pedindo um sabão em
pó. Também é comum escutar, por exemplo, uma criança em uma lanchonete
pedindo para seu familiar alcançar ou passar a Hellmann’s®, quando na verda-
de quer a maionese. Por essa razão, atribui-se valor a uma marca e ela deve ser
reconhecida como um Ativo da empresa, desde que siga os requisitos mencio-
nados no CPC 04.
LEITURA COMPLEMENTAR
Vamos conhecer um pouco mais dos itens que podem ser depreciados,
seus percentuais de depreciação e seus prazos de vida útil, de acordo com
a Instrução Normativa nº 1.700/2017. Você vai encontrar estas informa-
ções no Anexo III – Taxas anuais de Depreciação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades
por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compi-
lada.htm>. Acesso em: 01 jul. 2019.
GRECO, A.; AREND, L. Contabilidade: teoria e prática básicas. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
NOSSO TEMA
Primeiramente, conhecemos a estrutura do Balanço Patrimonial, entendemos
a sequência lógica da classificação contábil e, após isso, visualizamos alguns
conceitos do Ativo.
Aprendemos que o Ativo é dividido entre Circulante e Não Circulante e que nele
se concentram todas as disponibilidades da empresa, o estoque de mercadorias
que a companhia possui para revender, bem como os clientes a receber. Vimos,
também, que o grupo Não Circulante possui uma outra divisão, contendo os
investimentos feitos para geração de resultado (não operacional), o imobilizado,
capital investido para que a atividade operacional da companhia se torne viável
e os intangíveis que são os bens que estão a cada dia mais, se tornando impor-
tantes dentro da sociedade.
© 3dfoto
Fonte: 123RF.
Por exemplo, se a empresa cuja atividade fim é o comércio atacadista, para que
ela possa operar precisará ter uma alta quantidade de produtos em seu estoque,
para manter o fluxo de saída de mercadorias, suprindo a necessidade de todos
os seus clientes. Contudo, a maioria das vendas acontece a prazo, ou seja, a
empresa receberá em um período posterior, normalmente, igual ou superior
a trinta dias, em razão isso, poderá se obrigar a buscar um empréstimo junto
aos bancos para conseguir adquirir mais mercadorias, atendendo a um número
maior de clientes.
Logo, seguindo o mesmo raciocínio, para que a empresa possa ter mais estoque,
ela poderá também negociar com os fornecedores os pagamentos a prazo.
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido | TEMA 3 99
Fonte: 123RF.
100 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Sendo assim, o Passivo Circulante é aquele que é exigível a curto prazo ou, ain-
da, segundo a legislação sob a ótica da Lei nº 6.404/1976, são contas a serem
liquidadas no exercício social seguinte. Por isso, é grande a importância de se
avaliar os passivos de curto prazo da companhia, principalmente aqueles passi-
vos ligados ao seu endividamento.
Desse modo, as empresas estão optando por quitar suas dívidas de longo prazo
e, muitas vezes, fazendo mais dívidas de curto prazo. Elas estão, na verdade,
apenas trocando a forma de dívida, pois precisam se alavancarem, cada vez
mais, em um curto espaço de tempo e esta tática pode funcionar muito bem até
que as taxas de juros deem um salto. Como é sabido, no Brasil, a economia é
instável do ponto de vista financeiro e o perigo do aumento das taxas de juros
pode fazer a empresa se deparar com credores muito mais resistentes a forne-
cerem empréstimos, fato que pode expor a companhia a uma espiral bastante
negativa de liquidez.
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido | TEMA 3 101
Por razões como essas, é importante ter em mente que em toda análise de in-
vestimentos se faz necessário conhecer sobre o grau de liquidez da companhia
para se manter no mercado, sendo que um dos componentes que pode servir
para esta análise é a observância do Passivo Circulante dessa empresa, compa-
rando-o com os Ativos Circulantes.
O parágrafo único do art. 179 da Lei nº 6.404/1976 menciona que: “Na compa-
nhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício
social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse
ciclo” (BRASIL, 1976).
Nesse entendimento, Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 30), colocam que nes-
se grupo, “[...] estão todas as obrigações cuja liquidação deva ser feita no prazo
de um ano, ou no prazo de um ciclo operacional, se este foi maior”.
© Dmitriy Shironosov
Fonte: 123RF.
a) Fornecedores;
b) Obrigações Fiscais;
c) Outras Obrigações;
d) Imposto sobre a Renda e Contribuição Social a Pagar;
e) Debêntures e Outros Títulos de Dívida;
f) Provisões (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2014, p. 30).
Dentro desses grupos existem contas que os compõem, assim, veja quais são as
principais e as suas características:
Fonte: 123RF.
104 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
© samuraitop
Fonte: 123RF.
Portanto, são exemplos de contas que pertencem a esse grupo o INSS a reco-
lher, FGTS a recolher, IRRF sobre salários, contribuições sindicais, salários a
pagar, pró-labore a pagar, férias a pagar, 13º salário a pagar, comissões a pagar,
rescisões a pagar.
Sendo assim, vamos entender um pouco sobre as contas mais essenciais e com
maior movimentação no dia a dia das sociedades, para compreendermos me-
lhor o que cada uma delas significa.
a. INSS a recolher (ou a pagar): são lançados nessa conta todos os va-
lores relativos ao INSS que a empresa deve recolher. O INSS se divide em
duas partes: O INSS patronal que é aquela contribuição feita pelas em-
presas para assegurar a seguridade social, destinada à garantia de servi-
ços básicos à população (assistência social, previdência e saúde), tendo sua
alíquota efetiva de 20% sobre a folha de pagamento da empresa. E o INSS
parte funcionário, pois assim como a empresa, o funcionário também
deverá recolher o INSS, porém a obrigação de repassar esse dinheiro ao
Governo é da empresa empregadora.
“A parcela do INSS a pagar engloba não só o valor do encargo da empresa,
mas também a contribuição devida pelo empregado, retida pela empresa e
por ela recolhida” (GELBCKE et al., 2018, p. 988).
106 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
No estudo deste tópico, vimos a suma importância de um controle das exi-
gibilidades de curto prazo, a fim de que a companhia não tenha problemas
em seu funcionamento para arcar com seus credores.
Para compreender mais sobre este assunto, leia o artigo “O uso de contra-
tos futuros para proteção de Ativo e Passivo Circulantes contra a flutuação
na taxa de juros de curto prazo”, de Felipe Garran, Almir Ferreira de Sousa
e Carlos Eduardo de Mori Luporini.
REFERÊNCIAS
HIRATA, L. Juros de longo prazo têm forte alta; os de curto prazo ficam estáveis.
Jornal Valor Econômico, 2018. Disponível em: <https://www.valor.com.br/finan-
cas/5405687/juros-de-longo-prazo-tem-forte-alta-os-de-curto-prazo-ficam-esta-
veis>. Acesso em: 03 jul. 2019.
A contabilização que deverá ser efetuada à medida em que vão sendo pagas as
parcelas dos empréstimos, está demonstrada na Figura 2, abaixo:
Além disso, o que mais pode ser lançado como custo dos empréstimos?
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido | TEMA 3 111
timo, deverá ser contabilizado como Passivo Circulante ou Não Circulante, pelo
valor líquido dos encargos cobrados pelo banco. Estes encargos devem ser reco-
nhecidos como despesa financeira na demonstração do resultado.
O cliente poderá não liquidar a duplicata e, neste caso, o banco vai debitar o
valor na conta da empresa, assim, o lançamento contábil será:
sendo que a duplicata a receber continua a ser mantida no Ativo até o seu efe-
tivo recebimento.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para complementar o que estudamos neste tópico, leia o “Pronunciamento
Técnico CPC 38 (R3)”. Neste documento, observe as informações refe-
rentes às outras formas de desconto de duplicatas existentes e como são
reconhecidas contabilmente.
REFERÊNCIAS
3.3.1 Provisões
O termo provisões é utilizado, de forma genérica, para definir determinados
eventos que aumentam o Passivo, sendo necessário ajustá-los à efetiva realida-
de patrimonial.
Este é o caso das obrigações de férias e 13º salário, que são pagas aos colabo-
radores uma vez ao ano, podendo ser pagas em até duas parcelas, no entanto,
referem-se a um período de 12 meses. Essa provisão foi criada para representar
o montante devido a cada mês, podendo a empresa reduzir e suspender o paga-
mento dos tributos em um determinado mês ou trimestre.
118 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Logo, a provisão de 13º salário não deverá apresentar saldo no final do exercí-
cio, uma vez que a legislação menciona que o pagamento deverá ocorrer até o
dia 20/12 do exercício corrente. Já as férias, estão vinculadas ao período aqui-
sitivo do funcionário, contando 12 (doze) meses da data em que o mesmo foi
contratado.
Figura 2 – Provisão dos encargos sociais (INSS e FGTS) incidentes sobre férias e 13º salário
Fonte: 123RF.
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido | TEMA 3 121
Já vimos que a conta Receitas Diferidas faz parte do grupo do Passivo Não Cir-
culante e agora veremos o conceito de algumas outras contas usuais e comuns
neste grupo.
Figura 4 – Empréstimos
© Maitree Boonkitphuwadon
Fonte: 123RF.
122 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
As debêntures nada mais são do que aplicações de renda fixa em que uma pes-
soa jurídica faz um empréstimo para outra pessoa jurídica. É semelhante a di-
nâmica dos títulos públicos do Tesouro Direto, só que ao invés de se emprestar
dinheiro para o Governo, você financia uma empresa privada e em troca recebe
juros sobre o valor que foi aplicado.
Fonte: 123RF.
124 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Dessa forma, GELBCKE et al. (2018), mencionam quem está obrigado a reco-
nhecer tais provisões:
LEITURA COMPLEMENTAR
É importante aprofundar um pouco mais o que aprendemos neste tópico,
principalmente no que diz respeito à obrigação presente, evento passado
e estimativa confiável que são assuntos fundamentais para a definição do
que contabilizar como provisões. Para isso, leia o item “21.2.1 Reconheci-
mento de provisões” disponível no livro Manual de Contabilidade Societá-
ria: aplicável a todas as sociedades - de acordo com as normas internacio-
nais e do CPC, de Ernesto Rubens Gelbcke, Ariovaldo dos Santos, Sérgio
de Iudícibus e Eliseu Martins.
126 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
REFERÊNCIAS
“No balanço patrimonial, a diferença entre o valor dos ativos e o dos passivos
representa o Patrimônio Líquido, que é o valor contábil pertencente aos acionis-
tas ou sócios” (GELBCKE et al., 2018, p. 1.142).
A Lei nº 6.404/1976, com alteração dada pela Lei nº 11.941/2009, em seu artigo
178, parágrafo 2º, inciso III, divide o grupo Patrimônio Líquido em seis contas,
sendo elas:
• Capital Social;
• Reservas de capital;
• Ajustes de avaliação patrimonial;
• Reservas de lucros;
• Ações em tesouraria; e,
• Prejuízos acumulados.
“[...] representa valores recebidos dos sócios e também aqueles gerados pela
empresa que foram formalmente (juridicamente) incorporados ao Capital (lu-
cros a que os sócios renunciaram e incorporaram como capital)” (GELBCKE et
al., 2018, p. 1.143).
128 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Débito Crédito
Capital a Integralizar 1.000.000.000
a Capital subscrito 1.000.000.000
Débito Crédito
Bancos, Imobilizado etc. 80.000.000
a Capital a Integralizar 80.000.000
Débito Crédito
Bancos, Imobilizado etc. 80.000.000
a Capital a Integralizar 80.000.000
“[...] representam valores recebidos que não transitaram e não transitarão pelo
resultado como receitas, pois derivam de transações de capital com os sócios”
(GELBCKE et al., 2018, p. 1.143).
Essa conta surgiu com a implantação da Lei nº 11.638/2007, que alterou a Lei
nº 6.404/1976, e veio com o objetivo maior de dar transparência às informa-
ções contábeis, considerando que elas devem refletir a realidade e, conceitual-
mente, o valor justo supre esse objetivo, pois o valor histórico, muitas vezes,
está defasado, principalmente em se tratando de imobilizados, os quais podem
ter sidos adquiridos há muito tempo. Dessa forma, diferente da antiga conta
“reserva de reavaliação”, aqui são demonstradas tanto a valorização, quanto a
desvalorização das contas, sendo que, anteriormente, apresentava-se somente
a desvalorização.
“Art. 182. [...] § 4º Serão classificadas como reservas de lucros as contas consti-
tuídas pela apropriação de lucros da companhia” (BRASIL, 1976).
Fonte: 123RF.
Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido | TEMA 3 133
“[...] representam as ações da companhia que são adquiridas pela própria socie-
dade (podem ser quotas, no caso das sociedades limitadas)” (GELBCKE et al.,
2018, p. 1.143).
Figura 5 – Prejuízos
© Christophe BOISSON
Fonte: 123RF.
134 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Lembrando que a melhor forma para entender todas essas movimentações, as-
sim como quando houve distribuição de lucro, quando foi diminuída uma re-
serva para compensação de prejuízos ou, ainda, quando um sócio integralizou
mais capital ou mesmo retirou capital da companhia, é por meio da análise e
interpretação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL),
que já tivemos a oportunidade de estudar anteriormente, sabendo que isto po-
derá facilitar muito mais o entendimento no dia a dia.
LEITURA COMPLEMENTAR
Vamos complementar o que estudamos neste tópico com a leitura do ar-
tigo “Provisão VS Reserva – Qual a diferença?” de Studio Fiscal, que trata
sobre a diferença existente na classificação de provisão e reserva e qual o
conceito de cada uma, e favorece também o entendimento do que contabi-
lizar como reserva dentro do Patrimônio Líquido.
REFERÊNCIAS
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• é possível efetuar uma distribuição de lucro aos sócios e não efetuar o paga-
mento desta distribuição dentro do exercício;
NOSSO TEMA
Durante o percurso que fizemos até aqui, já estudamos a estrutura de um Ba-
lanço Patrimonial, suas principais contas e suas características. Conhecemos,
também, a estrutura de um Plano de Contas e já temos conhecimento de que
parte dele é formado por contas de resultado.
© Wutthichai Luemuang
Fonte: 123RF.
© Andriy Popov
Fonte: 123RF.
Essa diferença, conceitualmente significa, se forem lucros, que poderão ser dis-
tribuídos sem a incidência de Imposto de Renda e INSS, uma vez que já foram
tributados na Pessoa Jurídica; mas se forem pagos a título de pró-labore, have-
rá a incidência do Imposto de Renda conforme a tabela progressiva da Receita
Federal do Brasil, havendo também a contribuição para o INSS.
© robuart
Fonte: 123RF.
Além disso, a Lei nº 6.404/1976 dispõe o que deve constar em uma DRE, em
seu artigo 187.
Além disso, deve ser levado em conta que a correta elaboração da DRE permite
aos usuários não só identificar se as suas estratégias estão dando certo ou não,
mas em uma análise mais detalhada, conta a conta, é possível, ainda, levantar
informações relevantes, como, por exemplo, sobre a composição dos custos que
a empresa possui, sejam eles de produção, de compras ou da prestação de servi-
ços, podendo-se, também, extrair o quanto a empresa está gastando com outras
despesas, ou seja, despesas com alimentação, combustível, salários, pró-labore
etc.
Com base nesses levantamentos, é possível, até mesmo, identificar o valor que
está sendo desembolsado em tributos sobre as vendas, sabendo, inclusive, de
seus custos financeiros, sejam eles com juros bancários ou decorrentes de va-
riações (ganhos ou perdas) na taxa de moedas estrangeiras quando compara-
das com a moeda brasileira, o Real (R$).
Além disso, por meio da DRE se descobre o valor que a companhia obteve de
vendas, podendo ser por produto ou apenas segregado em vendas, produção ou
serviços, e ainda conseguirá mensurar se obteve devoluções ou cancelamentos
de tais vendas.
Por outro lado, a Análise Vertical pode ser definida da seguinte forma, isto é,
os valores
Toda essa análise tem um único objetivo que é o de transmitir aos usuários
uma ideia da representatividade de cada item ou de um grupo de itens sobre
um determinado total, o qual foi tomado como base para comparabilidade, uti-
lizando-se, normalmente, como valor de base a Receita Líquida da companhia.
como estão os seus números. São razões como essas que nos levam a entender
o quão importante é a DRE e essas análises, pois, por meio delas, a companhia
poderá ver sua posição no mercado perante aos concorrentes, poderá notar se
está indo melhor ou pior que as outras companhias do mesmo setor e, ainda,
poderá demonstrar como estão sendo seus resultados em comparação com os
resultados dos anos anteriores, ou seja, se houve variação de despesa, se dimi-
nuiu ou aumentou, se isso é bom ou ruim para a empresa, entre outros. Para
responder a esses questionamentos, somente uma análise nessa sistemática
poderá trazer respostas adequadas que, certamente, irão influenciar uma pro-
jeção futura.
© cooldesign
Fonte: 123RF.
LEITURA COMPLEMENTAR
Neste tópico, estudamos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício
– DRE, contudo, é importante aprofundar um pouco mais este conheci-
mento a partir da leitura do capítulo “1.3.3 Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE) e Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)”,
no Livro Manual de Contabilidade Societária de Ernesto Rubens Gelbcke,
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE | TEMA 4 147
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades
por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compi-
lada.htm>. Acesso em: 28 jun. 2019.
A DRE, portanto, deve possuir requisitos mínimos para sua apresentação, logo,
para um melhor entendimento, veremos abaixo um modelo simplificado, con-
forme exposto na Figura 1.
Demonstração de Resultados
Receitas de Vendas
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
= Lucro Bruto
(-) Despesas
Fretes
(+) Outras Receitas
Receita Financeira
= Lucro Operacional Antes do Imposto de Renda
(-) Imposto de Renda
= Lucro Líquido do Período
DRE
Receita Bruta
Receitas Totais
Impostos Sobre Vendas
Devoluções
Receita Líquida
Custos dos Produtos Vendidos
Lucro Bruto
Despesas Administrativas
Despesas Comerciais
Despesas Operacionais
Despesas Totais
Deprecioações e Amotizações
Lucro antes de Juros e Imposto de Renda (EBIT)
Despesas Financeiras
Receitas Financeiras
Outras Receitas Financeiras
Lucro Operacional
Outras Receitas
Outras Despesas
Lucro antes dos Impostos (EBT)
Imposto de Renda e Contribuição Social
Lucro Líquido
Vale lembrar que, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 47, a definição para
essa conta se resume em:
[...] a contabilização das vendas deverá ser feita por seu valor
bruto, inclusive impostos, sendo que tais impostos e as devo-
luções e abatimentos deverão ser registrados em contas de-
vedoras específicas, as quais serão classificadas como contas
redutoras das vendas (GELBCKE et al., 2018, p. 1.608-1.609).
Observe alguns exemplos que evidenciam esta questão de custos e nos fazem
entender melhor sua definição:
Com isso, chegamos quase ao final da estrutura da DRE. O próximo passo é in-
corporar os resultados financeiros, os demais resultados que não foram oriun-
dos da atividade fim da companhia e constituir os tributos sobre o resultado.
Os modelos de DRE colocados neste tópico, são modelos resumidos para fácil
visualização, no entanto, para fins de elaboração da demonstração, várias con-
tas são criadas dentro desses grupos, sendo indicadas as naturezas que elas
possuem e a que se referem para uma leitura entendível, razão pela qual colo-
camos diversos exemplos de contas a serem usadas em cada grupo e subgrupo.
LEITURA COMPLEMENTAR
É fundamental a sua compreensão sobre o que acabamos de estudar neste
tópico, por isso aproveite e leia o artigo “EBITDA: possíveis impactos so-
bre o gerenciamento das empresas” de Fábio Frezatti e Andson Braga de
Aguiar, que tem por objetivo explicar os potenciais e as limitações do uso
do EBITDA que é um indicador financeiro de longo prazo que afeta o con-
trole gerencial. A partir desta leitura, você poderá conhecer mais a respeito
deste indicador e para que ele é utilizado.
REFERÊNCIAS
ATHAR, R. A. Introdução à contabilidade [livro eletrônico]. São Paulo: Prentice
Hall, 2005.
MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A.; Análise didática das demonstra-
ções contábeis. São Paulo: Atlas, 2014.
No artigo 183, da Lei nº 6.404/1976, ficou estabelecido que a avaliação dos es-
toques de mercadorias, inclusive as que serão utilizadas como matérias-primas
e bens de almoxarifado, deve ser feita pelo custo de aquisição/produção ou pelo
valor de mercado, entre eles o menor valor.
Figura 1 – Inventário
© Dmitry Kalinovsky
Fonte: 123RF.
Dessa forma, somente após a contagem física dos estoques é que se pode cal-
cular o CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) ou CPV (Custo dos Produtos
Vendidos), para que, posteriormente, seja calculado o RCM (Resultado com
Mercadorias).
Nesse sistema de inventário, Greco e Arend (2013, p. 243), mencionam que “[...]
o custo das mercadorias vendidas será obtido pela operação [...]”:
Sendo:
Ei = Estoque inicial do período
Co = Compras do Período*
Ef = Estoque final, mercadorias inventariadas ao final do período
*Na sigla Co, a composição das compras é feita pela seguinte fórmula:
© Somsak Chidchawange
Fonte: 123RF.
Se no tópico que falamos sobre Patrimônio Líquido, aprendemos que ele faz
parte do Passivo e que dentro do grupo existe a conta de Lucros ou Prejuízos do
exercício. Então, para que esse raciocínio faça sentido e para que a conta feche,
é preciso transferir o resultado para o Patrimônio Líquido, mas como isso é
feito?
Por essa razão, surgiu a necessidade de utilizar uma conta chamada ARE, ou
seja, Apuração do Resultado do Exercício.
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE | TEMA 4 165
D Receita de Vendas
C Apuração do Resultado do Exercício
Da mesma forma será feito para todas as contas de receitas, custos e despesas
da DRE, ficando com saldo apenas a conta ARE, sendo que esse valor deverá
ser o mesmo do resultado do exercício, em que será demonstrado o lucro ou o
prejuízo.
DÉBITO CRÉDITO
R$ 400.000,00 R$ 1.000.000,00
R$ 200.000,00 R$ 50.000,00
R$ 100.000,00
R$ 700.000,00 R$ 1.050.000,00
R$ 350.000,00
Portanto, perceba que quando a conta tem sua natureza credora, ela deverá
receber um lançamento a débito, para que assim possa ser zerado o valor, o
mesmo ocorre para contas de natureza devedora, isto é, o lançamento deverá
ser realizado a crédito.
Isso ficou evidenciado na conta Receita de Vendas, quando estudamos que essa
conta recebe lançamentos a crédito, ou seja, possui uma natureza credora, mas
que para zerá-la, precisamos debitá-la. Seguindo essa lógica, para transpormos
o resultado do exercício para o Patrimônio Líquido, basta fazermos um lança-
mento contrário daquele que foi demonstrado no Razão. A Figura 5 exemplifica
bem o que se quer dizer, observe o exemplo:
consideração que ali não está demonstrado somente o que foi pago ou recebido,
mas sim a totalidade das operações, conforme determina o regime de compe-
tência.
LEITURA COMPLEMENTAR
O assunto que estudamos neste tópico é muito importante e, por isso, é
essencial que você aprofunde ainda mais o seu entendimento sobre ele.
Sendo assim, leia o artigo “Inventário Rotativo” de Aline Cassiana Lamb e
Oscar Luiz da Silveira Scherer que trata sobre os inventários. A partir desta
leitura, você compreenderá ainda mais o que são e a diferença que existe
entre eles. Além disso, este artigo traz um entendimento sobre como é
possível reduzir custos e ter uma melhor organização dos estoques e ainda
garantir uma maior confiabilidade no processo de contagem dos materiais.
REFERÊNCIAS
ATHAR, R. A. Introdução à contabilidade [livro eletrônico]. São Paulo: Prentice
Hall, 2005.
© VIKTOR Zadorozhniy
Fonte: 123RF.
Para entender em detalhes quais as declarações que devem ser trazidas nas No-
tas Explicativas, fazemos o uso da NBC TG 1000, que em seu item 8.1 esclarece,
da seguinte forma:
A NBC TG 1000 ainda complementa esta explicação, no seu item 8.1, ao apre-
sentar o que as Notas Explicativas devem fornecer. “8.1. [...] As notas explica-
tivas fornecem descrições narrativas e detalhes de itens apresentados nessas
demonstrações e informações acerca de itens que não se qualificam para reco-
nhecimento nessas demonstrações” (CFC, 2016, on-line).
170 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
© tashatuvango
Fonte: 123RF.
Sobre esses três itens, vejamos a definição dada pela NBC TG 1000:
Nesse tópico, a empresa vai expressar aos usuários o embasamento que teve
para elaborar e apresentar as demonstrações, este é um dos tópicos obrigató-
rios pela legislação.
Dos três itens que a DFC deve apresentar, veremos abaixo a parte das possíveis
incertezas, ou seja, uma validação do que foi colocado no final do período em
cada grupo (Ativo Circulante e Não Circulante, Passivo Circulante e Não Circu-
lante), para dar um melhor embasamento aos números.
Imobilizado: sua avaliação foi feita utilizando o seu custo original de aquisi-
ção. As depreciações são calculadas pelo método (indicar o método) e as taxas
de acordo com a legislação fiscal (Regulamento do Imposto de Renda 2018 e
Instrução Normativa nº 1.700/2017).
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE | TEMA 4 175
Os custos dos itens do Ativo Imobilizado incluem seu preço de aquisição; custos
diretos para colocar o ativo em condições de funcionamento. Os grupos do Ativo
Imobilizado sofreram variações neste exercício, conforme composição abaixo:
Descrição Valor Líquido 20XX Aumento Transferência Baixas Depreciação Reclassificações Valor Líquido 20XX
Terrenos
Construções
Máquinas e equip.
Móveis e Utensílios
Veículos
Instalações
Equip. de Informática
Outros
Imob. em Andamento
Total
Obrigações com pessoal: a conta Obrigações com pessoal tem por base
obrigações com a folha de pagamento no valor de R$.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para finalizar nosso conteúdo e, ao mesmo tempo, complementar o que
estudamos neste último tópico, a sugestão de leitura é o artigo “Adequa-
ção da evidenciação social das empresas de capital aberto no relatório da
administração e notas explicativas às recomendações da NBC T 15” de
Ilse Maria Beuren, Juliane Elisabeth Horn, Marines Lucia Boff e Marciane
Angela Horn.
REFERÊNCIAS
BEUREN, I. M. et al. Adequação da evidenciação social das empresas de capital
aberto no relatório da administração e notas explicativas às recomendações da NBC
T 15. Revista de Contabilidade e Organizações – FEA-RP/USP, v. 4, n. 8, p.
47-68, jan./abr., 2010. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rco/article/
view/34758>. Acesso em: 09 jul. 2019.
EM RESUMO
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• existe uma fórmula para apurar o Custo das Mercadorias Vendidas e essa fór-
mula decorre de dois tipos de inventário, o Permanente e o Periódico;