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Sou uma pesquisadora que escolheu estudar a produção literária de escritoras negras e
escritores negros na Literatura Brasileira não como um mero exercício de análise, uma mera
pesquisa acadêmica, mas como um compromisso ético e político. Ressalto esse aspecto para
afirmar que sou uma estudiosa diretamente envolvida com os sujeitos e objetos de minha
pesquisa. Por isso, considero um exercício prazeroso e, ao mesmo tempo desafiador, atender a
proposta de fazer um panorama da literatura produzida por escritoras negras e escritores
negros no Brasil. No critério de seleção das autoras e autores que serão inseridos nesse
texto, considerei a relevância destes/as no processo de formação e consolidação da Literatura
Afro-brasileira.1
Escrevo na primeira pessoa do singular porque o meu texto está carregado de uma
subjetividade intrínseca a todo ser humano e não acredito em imparcialidade no discurso
crítico literário ou de qualquer outra área de conhecimento. A opção em redigir esse texto na
primeira pessoa é, assim, um reflexo do meu posicionamento como uma intelectual negra,
ativista de movimentos sociais, especialmente, o Movimento Negro. Uma pesquisadora que
busca romper com algumas imposições da academia, produzindo uma pesquisa que se
apresenta como um ato de protesto, uma manifestação política, tanto na forma como em seu
conteúdo.
1
Artigo publicado em Dezembro de 2018, no site Words without Borders: The Online Magazine for
International Literature. Link de acesso ao artigo na versão em inglês:
https://www.wordswithoutborders.org/article/december-2019-afro-brazilian-panorama-of-afro-
brazilian-literature-francy
2
Franciane Conceição Silva is a Brazilian literary critic and researcher. She earned her PhD in
Portuguese-language literatures from the Pontifical Catholic University of Minas Gerais (PUC Minas)
and a master’s in literary studies from the Federal University of Viçosa (UFV). In 2017, she was a
visiting researcher at the University of Lisbon. She is a member of the study group “Diasporic
Aesthetics” at PUC Minas and the Nucelus of Afro-Brazilian studies at UFV. Silva was recognized in
the Roll-Call of Black Intellectuals published at the Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). In
2016, she organized the anthology Literaturas Africanas: narrativas, identidades, diásporas (African
Literatures: narrative, identity,and diaspora). She is a member of the Latin American Studies
Association and the Brazilian Association of Black Researchers.
No Brasil, país que tem mais de 50% da população formada por pessoas negras2, a
literatura estudada dentro das escolas e universidades tem cor, sexo e classe social. É uma
literatura produzida, maioritariamente, por homens brancos, pertencentes a certa elite
econômica e intelectual3. O ensino de literatura no Brasil também é branco e embranquecido,
ou seja, um corpo docente formado em grande parte por professores/as brancos/as, na maioria
das vezes, pesquisa e ensina uma literatura produzida por escritores/as do mesmo perfil dos
pesquisadores/as. Os nomes que apresentarei ao longo desse texto são desconhecidos por
grande parte dos/das leitores/as e também dos/das pesquisadores/as brasileiros/as, que
costumeiramente supervalorizam os textos canônicos, em detrimento daqueles que
consideram marginais e/ou marginalizados. Este ensaio busca, portanto, contribuir para o
ecoar de vozes por muito tempo silenciadas. Vozes de corpos invisibilizados e subjugados por
força do racismo - tão presente nessa terra tropical - e que muitos/as, sobretudo os racistas,
ainda insistem em chamar de democracia racial. A reflexão de Débora Almeida, escritora,
atriz, professora e pesquisadora, nos ajuda a pensar sobre as discussões levantadas no decorrer
deste ensaio:
No contexto de produção de sua época, Maria Firmina dos Reis surgiu como uma voz
potente. Em 1859, vinte e nove anos antes da assinatura da Lei Áurea, lei que supostamente
aboliu a escravatura do Brasil, Firmina dos Reis publicou o romance Úrsula. Esta obra é
considerada transgressora não apenas por ser escrita por uma mulher negra, ainda no período
escravocrata, no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. A transgressão da obra de Maria
Firmina dos Reis se dá, sobretudo, pelo audacioso enredo. Em Úrsula, a escritora constrói
personagens negros que mesmo não sendo protagonistas da história ganham destaque, pois a
subjetividade destes é delineada com profundez, “permitindo ao leitor não apenas ser levado
pela comiseração, mas também confrontar-se com o tolhimento da humanidade dos
escravizados” (CUTI, 2010, p. 80). No romance de Maria Firmina dos Reis, dentre os
personagens destacados, nos chama a atenção a velha Suzana. Durante a narrativa, Suzana
reflete sobre o martírio vivido pelos negros africanos, brutalmente arrancados de sua terra
para serem escravizados no Brasil:
No mesmo ano em que Maria Firmina dos Reis lançou o romance Úrsula, 1859, Luiz
Gama publicou Primeiras trovas burlescas de Getulino. Nesta obra poética, escrita no período
do Romantismo, fica demarcado o discurso crítico do poeta e jornalista à escravidão vigente.
Nos seus poemas, Luiz Gama “traça um lugar diferenciado de emanação do discurso e
demarca um ponto de subjetividade não apenas individual, mas coletivo” (CUTI, 2010, p. 66-
67). O autor foi um dos mais importantes abolicionistas de sua época, sendo um dos primeiros
negros brasileiros a lutar contra a ideologia do branqueamento da sociedade brasileira. Trago
o excerto de uma da carta escrita por Luiz Gama, endereçada a Lúcio de Mendonça, datada de
25 de Julho de 1880, que revela a força do discurso antirracista do escritor:
(GAMA, 1880).
A denúncia das agruras vivenciadas pelos negros no Brasil, inscrita nas linhas
insurgentes de Maria Firmina dos Reis e Luiz Gama, também se apresentará com
expressividade, ainda no século XIX, nos poemas de Cruz e Sousa. Considerado o poeta mais
importante do Simbolismo no Brasil, Cruz e Sousa chamou a atenção dos leitores e críticos
com a publicação da prosa-poética “Emparedado”, último texto do seu livro Evocações
(1898). No poema em questão, o eu-lírico “antevê que o progresso da população negra e sua
maior participação nas atividades até então destinadas apenas aos não negros (brancos e
mestiços) enfrentarão as “paredes” que se elevam para barrar-lhe a caminhada” (CUTI, 2010,
p. 69). Na concepção de muitos críticos literários, “Emparedado” é uma espécie de testamento
do escritor, um grito de dor e desespero contra o sistema de opressão racista que o
aprisionava. Destaco um trecho desta prosa-poética de Sousa que considero bem
representativo de sua produção:
[...]
O que tu podes, só, é agarrar com frenesi ou com ódio a minha Obra
dolorosa e solitária e lê-la e detestá-la e revirar-lhe as folhas, truncar-lhe as
páginas, enodoar-lhe a castidade branca dos períodos, profanar-lhe o
tabernáculo da linguagem, riscar, traçar, assinalar, cortar com dísticos
estigmatizantes, com labéus obscenos, com golpes fundos de blasfêmia as
violências da intensidade, dilacerar, enfim, toda a Obra, num ímpeto covarde
de impotência ou de angústia. (CRUZ E SOUSA, 1995, p. 669-670).
A denúncia do racismo, tema frequente nos textos críticos e literários dos autores afro-
brasileiros do século XIX, será uma temática recorrente na literatura produzida pelo escritor
Lima Barreto, no início do Século XX. Autor de textos ficcionais como romances e contos,
Lima Barreto também escreveu artigos e crônicas. Além do racismo, os textos publicados por
Barreto abordavam outros temas polêmicos, tais como: “corrupção na política, militares e a
violência contra civis, violência contra a mulher, ostentação social, parcialidade da imprensa,
literatos esnobes e hermetismo, feminismo, futebol e violência, depressão e loucura” (CUTI,
2011, p. 11). Dos temas apontados, o sofrimento provocado pelo racismo será constantemente
abordado na literatura produzida por Lima Barreto. Essa temática já anunciada em seu
primeiro romance Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), será apresentada com
maior vigor em sua obra mais famosa, o romance Clara dos Anjos7. Em estudo sobre a
literatura produzida por escritores negros brasileiros, nos séculos XIX e início do Século XX,
Cuti, escritor, poeta e pesquisador, concluiu que:
Para Luiz Gama e Cruz e Sousa e também Lima Barreto não interessava o
silêncio, o acobertamento completo de sua psique, porque o silêncio abafa e
impede a realização de uma das funções básicas da literatura: a catarse, e no
caso, a catarse do povo negro, que encontra também na literatura um
caminho aberto para reconhecer a si mesmo, por meio da purgação da
histórica humilhação sofrida e do expurgo de seus fantasmas criados pela
discriminação racial. (CUTI, 2010, p. 74-75).
Se no começo do Século XX, temos a voz ácida e contumaz de Lima Barreto, tocando
através dos seus textos literários ou jornalísticos na ferida aberta do racismo à brasileira, em
meados do Século XX, nos deparamos com a voz afiada da escritora Carolina Maria de Jesus,
voz fundamental para a divulgação das letras pretas fora do Brasil. Leitora voraz e escritora
compulsiva, Carolina tornou-se conhecida na década de 1960, com a publicação do seu livro
mais famoso Quarto de desejo: diário de uma favelada. Nesta obra, a autora que morava em
um barraco na Favela do Canindé, localizada na cidade de São Paulo- e que criava sozinha os
três filhos, trabalhando como catadora de papel - relata o cotidiano dos moradores da
Favela, denunciando a miséria, violência, vícios e doenças que acometiam a população do
local. No período em que foi publicado, Quarto de Despejo alcançou um estrondoso sucesso
no mercado editorial, sendo vendido mais de dez mil exemplares do livro, em uma semana,
apenas na cidade de São Paulo. Na ocasião, a obra foi traduzida em mais de vinte idiomas,
alcançando uma média de quarente países, da América Latina, Ásia e Europa. As reflexões da
autora são profundas, revelando a sua consciência social e política e sua faceta de intelectual,
inconformada com a desigualdade que separava os habitantes esquálidos do Canindé
dos moradores abastados que habitavam os bairros luxuosos da cidade de São Paulo. Em uma
das passagens do seu Diário, Carolina de Jesus explica porque considera a favela um “Quarto
de Despejo”:
Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com
seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando
estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de
estar em um quarto de despejo. [...] Sou rebotalho. Estou no quarto de
despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo8.
(JESUS, 1995, p. 33).
13 de maio de 1958
- Viva a mamãe!
A publicação da série Cadernos Negros, no ano de 1978, pode ser considerado como
um relevante marco para o processo de consolidação e divulgação da Literatura Afro-
brasileira.
A proposta de publicação dos Cadernos Negros partiu dos escritores e militantes Cuti
(Luiz Silva) e Hugo Ferreira, responsável por sugerir o nome da coletânea. O primeiro
volume da obra reuniu textos poéticos de oito autores que dividiram os custos da publicação.
Em novembro de 1978, a primeira edição dos Cadernos foi apresentada ao público, numa
tiragem de mil exemplares. No ano de 1979 foi lançado o segundo volume dos Cadernos
Negros, mas em vez de poemas, a antologia reuniu contos de 12 autores (CUTI, 2010). Desde
então, os Cadernos Negros são publicados ininterruptamente, sempre revezando entre
coletâneas de contos e poemas. Em dezembro de 2017 foi lançado o quadragésimo volume da
coletânea.
Vozes-Mulheres
Essa necessidade de escrever sobre as vivências é uma maneira das autoras e dos
autores negros, marcadas por múltiplas violências, especialmente a racial, se fazerem ver e
ouvir. Pensar no conceito de escrevivência é pensar também na escrita como uma forma de
ativismo. A escrita politicamente comprometida de Conceição Evaristo é também
característica de todas/os as/os escritoras/es que vêm publicando nos Cadernos Negros, ao
longo dos últimos quarenta anos. Esse comprometimento foi assumido, em maior ou menor
grau, por todos os autores e autores da Literatura Afro-brasileira a que nos referimos no
decorrer deste ensaio, desde os seus precursores.
Destacamos a relevância dos Cadernos Negros para a divulgação inicial dos textos de
grande parte dos escritores afro-brasileiros contemporâneos, a coletânea é, certamente, a mais
importante, mas não é a única a revelar talentos na/da Literatura Negro-brasileira. Tem
surgido um número cada vez maior de pequenas editoras – Nandyala, Mazza, Pallas, Malê,
dentre outras-, dedicadas a publicação de escritoras negras e escritores negros, em obras
individuais ou coletivas, abrindo espaço para outras vozes também silenciadas como, por
exemplo, a de autores/as indígenas.
Como dito, nem todo/a autor/ negro/a brasileiro/a contemporâneo iniciou a carreira
publicando nos Cadernos Negros. Do mesmo modo, temos episódios (ainda isolados) é
importante ressaltar, de escritores/as afro-brasileiros/as que foram publicados em grandes
editoras brasileiras. É o caso de Ana Maria Gonçalves, autora do romance histórico Um
defeito de cor (2006), lançado pela Editora Record, uma das maiores do Brasil. A obra foi
vencedora do prestigioso prêmio Casa de las Américas (2007). O livro grandioso pela
quantidade de páginas: 952, resultado de uma minuciosa pesquisa de Gonçalves, é também
grandioso pelo conteúdo, pela narrativa pungente, que conta a história de Kehinde, uma velha
africana, numa saga de quase oitenta décadas, em busca do filho perdido. Fatos que marcaram
a história do Brasil se misturam com a história de Kehinde, ou melhor, a história de Kehinde
se mistura com a história do Brasil: escravidão, rebeliões, violências indizíveis, são
ingrediente narrados de maneira original por Ana Maria Gonçalves16.
Além dos textos literários que, na seleção aqui feita, destacam-se como obras de
grande relevância da Literatura Afro-brasileira, não posso deixar de mencionar o trabalho de
fôlego Literatura e Afro descendência no Brasil: antologia crítica (2011), organizado pelos
pesquisadores Eduardo de Assis Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Maria
Nazareth Soares Fonseca, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. A antologia
reúne quatro volumes espessos, construídos com a colaboração de 61 pesquisadores, de 21
universidades estrangeiras e 06 brasileiras, refletindo sobre a produção de 100 autores afro-
brasileiros, que publicaram em diferentes contextos e espaços, do século XVIII ao século
XXI.
Uma das formas que o autor negro-brasileiro emprega em seus textos para
romper com o preconceito existente na produção textual de autores brancos é
fazer do próprio preconceito e da discriminação racial temas de suas obras,
apontando-lhes as contradições e as consequências. Ao realizar tal tarefa,
demarca o ponto diferenciado de emanação do discurso, o “lugar” de onde
fala. (CUTI, 2010, p. 25).
No decorrer deste ensaio, busquei traçar um breve percurso de algumas obras e alguns
autores e autoras que constroem a Literatura Negro-brasileira, para alguns, Literatura Afro-
brasileira, para outros19. Acredito que é importante discutir as terminologias porque elas são
criadas para atender aos interesses e objetivos específicos de determinado grupo, mas, neste
ensaio, prefiro evitar a discussão polêmica em torno desses conceitos. Por uma escolha
pessoal, utilizo os termos Literatura Negro-brasileira e Literatura Afro-brasileira como
sinônimos, plenamente consciente de que não existem sinônimos perfeitos.
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1. Certamente, a seleção feita não agradará a todos/as, que considerarão injusto a inclusão de alguns
nomes bem como a ausência de outros.↩
7. O romance Clara dos Anjos foi concluído por Lima Barreto em 1922, ano do falecimento do
escritor, sendo publicado postumamente em 1948.↩
8. O texto foi publicado respeitando a grafia original dos diários de Carolina Maria de Jesus. O que
alguns consideram erro ortográfico, entendemos como estilística da autora.↩
10. Além de Quarto de despejo, Carolina publicou as seguintes obras: Casa de Alvenaria, Pedaços de
Fome, Provérbios, livros que tiveram pouca ou nenhuma visibilidade. Depois da sua morte,
pesquisadores encontraram uma infinidade de textos inéditos escritos por Carolina. É uma média de
cinco mil páginas, com textos literários dos mais diferentes gêneros, reunidas em 58 cadernos. Das
obras póstumas da autora, destacamos os seguintes títulos: Diário de Bitita (1986), Meu Estranho
Diário (1996), Onde estaes felicidade?(2014), Meu sonho é escrever(2018).↩
11. A publicação mais recente e, podemos dizer, a mais completa sobre a vida e obra de Carolina
Maria de Jesus, foi lançada em março de 2018, pelo jornalista Tom Farias, intitulado Carolina: uma
biografia.↩
12. Ao longo de sua trajetória nos Cadernos Negros, Conceição Evaristo publicou 28 poemas e 11
contos, saídos em 13 volumes da antologia, no período de 1990 a 2011.↩
13. Em entrevista recente, Conceição Evaristo falou sobre as engrenagens do racismo à brasileira e
disse da necessidade de questionar as regras que a fizeram ser reconhecida somente aos 71 anos de
idade. A entrevista completa pode ser encontrada neste link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
43324948.↩
14. “Da grafia-desenho de minha mãe um dos lugares de nascimento de minha escrita”, texto
ensaístico de Conceição Evaristo que pode ser acessado neste
link: http://nossaescrevivencia.blogspot.com/2012/08/da-grafia-desenho-de-minha-mae-um-
dos.html.↩
15. Entrevista: O ponto de partida da escrita – Ocupação Conceição Evaristo 2017. Itaú Cultural.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3CWDQvX7rno. Acesso em 10 fev. 2018.↩
16. Depois de mais de dez anos do lançamento de Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves lançará
brevemente o livro Quem é Josenildo? Uma mistura de romance policial e ficção científica.↩
17. O pensamento da estudiosa Luísa Lobo apresenta-se em conformidade com o ponto de vista de
Cuti: “Poderíamos definir literatura afro-brasileira como a produção literária de afrodescendentes que
se assumem ideologicamente como tal, utilizando um sujeito de enunciação próprio. Portanto, ela se
distinguiria, de imediato, da produção literária de autores brancos a respeito do negro, seja enquanto
objeto, seja enquanto tema ou personagem estereotipado (folclore, exotismo, regionalismo)” (Luísa
Lobo 2007, p. 315).↩
18. Miriam Alves nasceu na cidade de São Paulo, no ano de 1952. Publica nos Cadernos Negros desde
o ano de 1982, sendo uma das primeiras mulheres a ter os seus textos inseridos na série. É autora dos
livros: Momentos de Busca (1983) e Estrelas nos Dedos (1985), coletâneas de poemas. Mulher
Matr(i)z (2011), coletânea de contos, além do romance Bará na trilha do vento (2015).↩
19. A pesquisadora Maria Nazareth Soares Fonseca busca amenizar a polêmica a respeito do que seria
Literatura Negra ou Literatura Afro-brasileira, trazendo a seguinte definição: Literatura Negra:
resignificação do termo negro, que historicamente em nossa sociedade se configurou como termo
negativo; Literatura Afro-brasileira: fortalece a ideia da criação literária dos negros com a matriz
africana; Literatura afrodescendente: duplo movimento – constituição de uma visão vinculada às
matrizes africanas e busca por traduzir as mutações inevitáveis que essas heranças sofreram na
diáspora (FONSECA, 2006, P.24).
Referências
Alves, Miriam. Entrevista. Duke, Dawn (Org.). A escritora afro-brasileira: ativismo e arte
literária. Belo Horizonte: Nandyala, 2016.
Barreto, Lima. Obras Completas. Barbosa, Francisco de Assis (Org.). São Paulo:
Brasiliense, 1956.
Cruz e Sousa, João da, 1861-1898. Obra Completa. Organização de Andrade Murici. Rio de
Janeiro: Nova Aguiar, 1995.
Cuti (Luiz Silva). Negroesia: antologia poética. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.
Cuti (Luiz Silva). Literatura Negro-Brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010.
Cuti (Luiz Silva). Lima Barreto. São Paulo: Selo Negro, 2011.
Cuti. Conceição nos Cadernos Negros. In: Ocupação Conceição Evaristo. Disponível
em: http://www.itaucultural.org.br/ocupacao/conceicao-evaristo/escrevivencia/. Acesso em:
05 mar. 2018.
Fonseca, Maria Nazaré Soares. Literatura negra, literatura afro-brasileira: como responder à
polêmica?. In: SOUZA, Florentina & LIMA, Maria Nazaré (Orgs.). Literatura afro-
brasileira. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural
Palmares, 2006.
Gama, Luiz. Primeiras trovas burlescas de Getulino. Salvador: P55 Edições, 2011.
Gomes, Heloísa Toller. Algumas palavras sobre a tessitura poética de Olhos D’água. In:
DUARTE, Constância Lima; CÔRTES, Cristiane; PEREIRA, Maria do Rosário A.
(Org.). Escrevivências: identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo. Belo
Horizonte: Idea, 2016.
Jesus, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Editora
Ática, 1995.
Jesus, Carolina Maria de. Meu sonho é escrever...contos inéditos e outros escritos.
FERNANDEZ, Rafaella (Org.). São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.
Menucci, Sud. “A carta abolicionista de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça”. In: O precursor
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Reis, Maria Firmina dos. Úrsula. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2017.
Ribeiro, Esmeralda; Barbosa, Márcio. Cadernos negros: os melhores poemas. São Paulo:
Quilombhoje, 2008.
Sobral, Cristiane. Só por hoje vou deixar meu cabelo em paz. Brasília: Ed. Teixeira, 2014.