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A TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES E A

FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO

ELAINY MORAIS GONÇALVES


Pós - Graduada em Direito Público

I– O fenômeno da transcendência

Tradicionalmente, sabe-se que somente a parte dispositiva das


decisões e das deliberações colegiadas é que são abrangidas pela eficácia
preclusiva da coisa julgada. No entanto, em sede de controle abstrato de
constitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal tem firmado entendimento
de que a eficácia vinculante das deliberações não se cinge somente à parte
dispositiva do julgado, mas abrange também os próprios fundamentos
determinantes da decisão, com base no princípio da supremacia formal e
material das normas constitucionais.

O fenômeno da transcendência basicamente consiste no


reconhecimento da eficácia que transcende o caso singular, não se
limitando à parte dispositiva da decisão, de modo a se aplicar aos próprios
fundamentos determinantes do julgado que o Supremo Tribunal Federal
venha a proferir em sede de controle abstrato, especialmente quando
consubstanciar declaração de inconstitucionalidade1. Significa que, na
prática, os fundamentos da decisão do STF – a ratio decidendi – em sede
de ADI vinculam o Poder Judiciário e Administração Pública à sua
observância.

Surge como resposta à necessidade de preservar a força


normativa da Constituição, que resulta da indiscutível supremacia, formal e
material, de que se revestem as normas constitucionais, cuja integridade,

1
STF - Rcl 2.363, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-10-03, DJ de 1º-4-05.
A Transcendência dos Motivos Determinantes e a Força Normativa da Constituição

eficácia e aplicabilidade, por isso mesmo, hão de ser valorizadas, em face


de sua precedência, autoridade e grau hierárquico2.

Dessa forma, as decisões exaradas em sede de controle


concentrado de constitucionalidade possuem eficácia vinculante não apenas
em face à parte dispositiva declarada, mas também em face dos motivos
que determinaram a decisão. Exemplificando, se o STF declara a
inconstitucionalidade de uma lei A, do Estado X, os fundamentos de sua
decisão terão efeitos vinculantes para se declarar inconstitucional uma
idêntica lei B de outro estado Y, que, no entanto, não foi objeto do controle
concentrado3. Assim, a lei B poderá ser afastada de incidência se houver
uma reclamação diretamente no STF com base na transcendência dos
motivos que determinaram aquela decisão da lei A.

Percebe-se que, então, com base na teoria da transcendência


dos motivos determinantes, será possível requerer diretamente ao STF a
manutenção da autoridade de seu julgado através do instituto processual
da reclamação. Sobre o tema, não se pode deixar de reproduzir o voto do
Ministro Gilmar Ferreira Mendes, na Reclamação 2.363/PA, defendendo o
caráter transcendente e vinculante dos fundamentos determinantes de
decisão do Supremo Tribunal Federal:

a aplicação dos fundamentos determinantes de um ‘leading


case’ em hipóteses semelhantes tem-se verificado, entre nós,
até mesmo no controle de constitucionalidade das leis
municipais. Em um levantamento precário, pude constatar
que muitos juízes desta Corte têm, constantemente, aplicado
em caso de declaração de inconstitucionalidade o precedente
fixado a situações idênticas reproduzidas em leis de outros
municípios. Tendo em vista o disposto no ‘caput’ e § 1º-A do
artigo 557 do Código de Processo Civil, que reza sobre a
possibilidade de o relator julgar monocraticamente recurso
interposto contra decisão que esteja em confronto com
súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal, os membros desta Corte vêm aplicando tese fixada

2
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 109.
3
ADI 2.868/PI, proposta em face de lei no Estado do Piauí e posterior Reclamação 2986
MC/SE em face de ato de outro Estado.
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A Transcendência dos Motivos Determinantes e a Força Normativa da Constituição

em precedentes onde se discutiu a inconstitucionalidade de


lei, em sede de controle difuso, emanada por ente federativo
diverso daquele prolator da lei objeto do recurso
extraordinário sob exame.

Assim, o Supremo Tribunal Federal entende que o efeito


vinculante das decisões proferidas em ação direta de inconstitucionalidade
apresenta eficácia que transcende o caso singular, não se limitando à parte
dispositiva da decisão, de modo a se aplicar às razões determinantes da
decisão proferida na ADI4. Significa que, na prática, os fundamentos da
decisão do STF – a ratio decidendi – em sede de ADI vinculam o Poder
Judiciário e Administração Pública à sua observância.

II - Efeito transcendente no controle difuso de


constitucionalidade

Não só no controle concentrado o STF tem aplicado a


transcendência dos motivos determinantes, mas, também, no sistema
difuso de controle de constitucionalidade. Tal afirmação se confere no
julgamento do Recurso Extraordinário 197.917, que definiu os critérios da
proporcionalidade da fixação do número de vereadores por município.

Na ocasião, entendeu o Ministro Gilmar Ferreira Mendes que a


declaração de inconstitucionalidade efetuada no Recurso Extraordinário não
necessitaria do referendo do Senado Federal, na orientação do art. 52, X,
em virtude do reconhecimento expresso de que, naquele não haveria efeito
transcendente. Desse modo, não seria necessário ir para o Senado Federal
a fim de se estender os efeitos da decisão prolatada.

No caso em tela, os critérios da proporcionalidade na fixação do


número de vereadores presentes no Recurso Extraordinário supracitado
vieram a embasar a formulação de ato normativo do Superior Tribunal
Eleitoral, que reduziu o número de vereadores de todo o país. Contra a
resolução do TSE, foi proposta a ADIn 3345/DF, tendo entendido o STF que

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STF - Rcl 2.363, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-10-03, DJ de 1º-4-05.
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A Transcendência dos Motivos Determinantes e a Força Normativa da Constituição

ele próprio teria conferido efeito transcendente aos fundamentos da


decisão no RE 197.917, razão pela qual julgou constitucional o ato
normativo.

Percebe-se, assim, que o próprio STF entendeu, em sede de


ADIN, que teria ocorrido a transcendência dos motivos determinantes no
julgamento do RE 197.917. Por essa razão, vinculou a decisão da ADIN aos
motivos que determinaram a decisão no controle difuso de
constitucionalidade, em razão da existência do mesmo fundamento jurídico
em ambos os casos.

Pode-se dizer, portanto, que há uma aproximação do modelo


difuso ao modelo concentrado de controle de constitucionalidade ao
conceder efeitos transcendentes à decisão que declara a
inconstitucionalidade de uma norma, em sede de controle difuso, já que os
fundamentos daquela decisão, aparentemente utilizados apenas na
fronteira do processo inter partes, passam a transcender o próprio
processo, aplicando-se a outros casos.

III - Legitimidade ativa para o ajuizamento da reclamação

Cabe esclarecer se terceiros que não intervieram no processo


objetivo de controle normativo abstrato dispõem de legitimidade ativa para
o ajuizamento de reclamação perante o Supremo Tribunal Federal, com o
objetivo de fazer restaurar a autoridade das decisões emanadas por essa
Corte, proferidas em sede de ação direta de inconstitucionalidade ou de
ação declaratória de constitucionalidade.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, a propósito de tal


questão, firmou orientação que reconhece, a terceiros, qualidade para agir,
em sede reclamatória, quando necessário se torne assegurar o efetivo

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A Transcendência dos Motivos Determinantes e a Força Normativa da Constituição

respeito aos julgamentos dessa Suprema Corte, proferidos no âmbito de


processos de controle normativo abstrato5.

Pode-se concluir, portanto, que o STF já pacificou o


reconhecimento de legitimidade ativa ad causam - para ingressar com a
reclamação - de todos que comprovem prejuízo oriundo de decisões dos
órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública de todos os níveis,
contrárias ao julgado do Tribunal.

IV - Diferença entre a transcendência dos motivos


determinantes e a inconstitucionalidade por arrastamento

Na inconstitucionalidade por arrastamento, uma norma que


deriva de outra norma inconstitucional também será considerada
inconstitucional. Entre as normas há uma relação de dependência ou liame
que faz com que dispositivos, além dos originariamente imputados
inconstitucionais, sejam declarados incompatíveis com a Constituição.

Na transcendência, o que vincula não é só o dispositivo, mas


também a fundamentação, independentemente se deriva ou não de outra
norma. Significa que não há vínculo entre as normas, mas semelhança
entre casos que faz com que, por segurança jurídica, eficiência e economia
processual, seja aplicado a caso semelhante ao entendimento que
fundamentara decisão do Supremo Tribunal Federal em sede de ADIN.

V– Conclusão

Por todo o exposto, pode-se concluir seguramente que já se faz


presente em nosso sistema jurídico a existência do fenômeno da
transcendência dos motivos determinantes das decisões proferidas pelo
STF, em processo de fiscalização normativa abstrata. Verifica-se que o
efeito vinculante refere-se, também, à própria "ratio decidendi",
projetando-se, em conseqüência, para além da parte dispositiva do

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STF - Rcl 1.880-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 7-11-02, DJ de 19-3-04
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A Transcendência dos Motivos Determinantes e a Força Normativa da Constituição

julgamento, em abstrato, de constitucionalidade ou de


inconstitucionalidade.

Tal fenômeno apresenta-se como resposta à necessidade de


preservar a força normativa da Constituição, que resulta da indiscutível
supremacia, formal e material das normas constitucionais, cuja integridade,
eficácia e aplicabilidade deverão ser valorizadas.

Por fim, os fundamentos resultantes da interpretação da


Constituição devem ser observados por todos os tribunais e autoridades, o
que contribuirá para a preservação e desenvolvimento da ordem
constitucional.

VI – Notas bibliográficas

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2006;

DIDDIER JR., Fredie. Ações Constitucionais. Org. 2 ed. Salvador: Jus


Podium, 2007;

STF - Rcl 2.363, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-10-03, DJ de


1º-4-05;

STF - Rcl 2.363, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-10-03, DJ de


1º-4-05;

STF - Rcl 1.880-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 7-11-02, DJ


de 19-3-04

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