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Resumo: Este trabalho constitui-se um estudo com professores em fase inicial, dos anos iniciais
do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) da Rede Municipal de Ensino de Guarapuava,
objetivando, responder a uma problemática relacionada a função da História, as percepções a
respeito dela e seus usos em sala de aula. Em vista, disso a análise foi pautada na influência de
História Local, para a formação de uma consciência histórica em professores e alunos, como se
dá sua construção no conhecimento histórico escolar, esse conceito é utilizado na perspectiva de
Jörn Rüsen, segundo ele “(...) quando se entende por consciência histórica a suma das operações
mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução temporal de seu
mundo e de si mesmos, de tal forma que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no
tempo” (RÜSEN, 2001: p.57). Portanto, nossa busca é analisar os processos de consciência
histórica e narrativas, como a partir da História Local, os professores e alunos interpretam o
mundo a sua volta, começando do seu cotidiano. Ressalto, que é necessário refletir sobre como é
ensinado História nas séries, haja vista, que ela pode perdurar na vida de todo o sujeito. E o olhar
sobre o professor é importante, pois ele é aquele que precisa auxiliar na construção do
conhecimento histórico, também por serem professores pedagogos a ensinar sobre História O
estudo desenvolve-se no campo da Educação História, utilizando-se das ideias de Jörn Rüsen.
Utiliza-se da metodologia qualitativa, onde, privilegia observações e aplicação de questionários e
análise de currículos, percebendo as diferentes narrativas, na perspectiva de Rüsen. Esta
dissertação de mestrado está sendo desenvolvida na linha Espaços de Prática e Relações de
Poder, do programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Estadual do Centro Oeste.
Introdução
2 Possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (1998), mestrado em Educação pela
Universidade Federal do Paraná, 2001 (Bolsa Capes), doutorado em Educação pela Universidade Federal do
Paraná (2010). Atualmente é professor Adjunto da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO),
atuando na graduação na disciplina Estágio Supervisionado em História, e no pós-graduação em Educação e de
História.
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Dentre tantas problemáticas possíveis, essa pesquisa busca analisar “O que acontece no
ensino de História Local, na rede Municipal de Ensino de Guarapuava – PR”.
A análise está centralizada nas narrativas dos currículos que regulamentam o ensino de
História, especialmente o PCN (Parâmetro Curricular Nacional) e o PCM (Parâmetro Curricular
Municipal). Como eles justificam a prática do ensino de História Local. Qual a concepção da
aprendizagem histórica e consciência perpassada por esses documentos oficiais e posteriormente,
a prática docente através de observações não participativas e de questionários aos professores.
Por isso, esse artigo, está dividido em seções, primeiramente, historiar a construção do
universo dos currículos de História, o currículo como um objeto praticado na perspectiva de
Certeau, mesclado de relações de poder, para, em seguida, analisar o currículo específico da rede
municipal de ensino da cidade de Guarapuava – PR, utilizando-se também dos pressupostos
teóricos de Jörn Rüsen e da Educação Histórica, quando este reflete sobre o ensino de História,
como já mencionado anteriormente, em seguida, a aplicação dos questionários, porém essa
questão ficará em aberto nesse artigo, pois ainda não é nossa pretensão responde-la.
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O sentimento de nacionalismo e identidade, tinham uma magnitude grande por uma parte
da população, esta que criou de associações para a preservação de tal anseio de patriotismo.
Havia, uma compreensão de que as massas precisariam ser guiadas pela elite. (ABUD, 2005, p.
33).
Um progresso sucedeu em 1942, com o aumento da carga horária para o campos das
humanidades no âmbito escolar. (ABUD, 2005, p. 32).
Esse ideal de nação vigorou por um longo período, haja vista, que as rupturas históricas,
não ocorrem do dia para noite. Existiram resquícios em programas posteriores, na formação do
cidadão nos moldes do estado. (ABUD, 2005, p. 39)
Gostaria de ressaltar que naquele período. “os professores não estavam mais dispostos a
receber “pacotes” do poder educacional e desejavam participar da elaboração de currículos
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possíveis para a difícil realidade escolar que enfrentavam.” (BITTENCOURT, 2005, p. 13)
Como aludido anteriormente, a década de 1980 foi decisiva nas conquistas, se 1960,
houve a exclusão da disciplina de História e Geografia e a inserção no lugar para Estudos Sociais.
Em 1980, ocorreu a retomada dessas disciplinas nos currículos nacionais.
Na citação a seguir, a autora afirma que a História “parece assegurada” nas propostas
curriculares. Gostaria, de timidamente refletir um pouco sobre essa questão, embora, não seja o
enfoque principal deste trabalho.
A permanência da História parece assegurada por inúmeras propostas
curriculares que têm sido produzidos por Secretarias de Educação de
estados e municípios brasileiros a partir de 1985 e, mais recentemente,
pelo próprio Ministério da Educação na elaboração dos parâmetros
curriculares nacionais. (BITTENCOURT, 2005, p. 11)
Com isso, é necessário perceber a importância da educação, os interesses por trás dela. A
educação para todos no Brasil um direito adquirido por lei, tanto a ONU e a Constituição
Brasileira asseguram sua legibilidade. Portanto, um luta se impõe a nós pesquisadores e
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pesquisadoras da História, não só do ensino de História. Estamos perdendo a cada dia mais o
espaço dos nossos discursos, o Ensino Médio se tornou tecnicista, uma nova Base Nacional
Curricular Comum (BNCC), foi discutida e entrará em vigor em 2019, com a alteração da maioria
dos documentos que já temos na educação, o cenário é cada vez mais incerto.
Advindo de todas as mudanças e uma preocupação atual com o ensino, ainda é possível
questionamentos por parte dos alunos, como no caso de Bloch, ainda mais para que estudar
determinados conteúdos, qual a diferença na vida prática dos alunos? Me baseio nos
questionamentos de Guimarães, já que a educação é tão importante, quais são os conteúdos que a
História precisa difundir, em seus currículos.
que ele seja significativo e profícuo? É um tema um tanto quanto complexo, vamos buscar
entender essa complexidade nos Currículos de História.
São responsáveis por formar uma visão de História para a sociedade, difundir um modelo
de educação homogêneo do que necessita ser ensinado. “Eles não relativizam a realidade e
trabalham com a ausência de rupturas e resistências. As dificuldades e obstáculos presentes no
cotidiano das escolas estão ausentes dos textos.” (ABUD, 2005, p. 29)
Os currículos assim, como a História são dotados de expressividades. “E o currículo,
assim como a disciplina, não é um mero conjunto neutro de conhecimentos escolares a serem
ensinar, apreendidos e avaliados.” (GUIMARÃES, 2012, p. 61).
Quem influência esses currículos? “Essa organização dos currículos de História por temas
e problemas é fruto do intenso debate curricular ocorrido no Brasil, nos anos 1980, em diálogo
com experiências europeias.” (GUIMARÃES, 2012, p. 61)
Esses debates são importantes em 1980. “ao defender uma perspectiva multicultural,
plural e temática, tem contribuído para a ampliação do debate historiográfico e a formação
histórica dos jovens.” (GUIMARÃES, 2012, p. 67).
A tática, tenta encontrar brechas para não cumprir as estratégias presentes nos
documentos oficiais, os professores podem não cumprir exatamente o que o poderio impõe.
A História Local, está presente nos currículos desde anos 1960. “a histórica local ou
estudos do meio, do ambiente próximo é ao mesmo tempo global, em virtude de articular-se às
múltiplas temporalidades e a diferentes contextos.” (OTTO, 2013, p. 58)
As propostas analisadas para este artigo referem-se ao ensino fundamental I, tendo sido
produzidas entre “os currículos não poderão ser analisados independente do órgãos que os
produziram, pois é “impossível analisar o discurso histórico, independentemente da instituição
em função da qual ele é organizado em silêncio. (DE CERTEAU).” (ABUD, 2005, p. 29).
Quero me ater agora nesse ponto, o ensino de História, que busca dialogar com o aluno,
ressaltando a fala assim, é preciso olhar para o aluno e valorizar o seu saber, tudo que ele carrega
de conhecimento, a sua localidade, onde ele está inserido. Se apropriando de uma categoria
didática a “formação” em Rüsen, que nada tem a ver com a formação docente. “Ela pressupõe a
capacidade de apreender os contextos abrangentes – e de refletir sobre eles.” (RÜSEN, 2010, p.
95). Essa capacidade possibilita a interpretação do mundo e de si próprio e está intimamente
ligada as carências de orientação, o sujeito utiliza-se do saber para fins de orientação na vida
prática.
A História Local pode ser relacionada a teoria de Rüsen, para se pensar numa consciência
histórica. “Se a história local produz uma determinada consciência histórica, a mesma pressupõe,
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como toda consciência, como toda saber sobre algo, usos, valores, sentidos.” (GONÇALVES, p.
176-177). Com base nisso, é possível através do ensino de histórica local, estimular os alunos a
serem sujeitos de sua própria história e possibilitar a eles, uma percepção que é a História, a partir
do seu local, do seu cotidiano, que pode ser o mais próximo a compreensão deles de História,
utilizando-se de fontes do seu cotidiano, arquivo familiar, museu, imprensa, entre outros.
Segundo Schmitd. “Ademais, o trabalho com espaços menores pode facilitar o estabelecimento
de continuidades e diferenças, evidências de mudanças, dos conflitos e das permanências.”
(SCHMIDT, 2007, p. 191).
Por isso, a aprendizagem histórica tem por objetivo intervir diretamente na orientação
dos seres humanos no tempo, ou seja, à consciência histórica. A busca de interpretar o presente,
a partir da experiência do passado e assim projetar ações no futuro. “a aprendizagem histórica é
uma das dimensões e manifestações da consciência histórica”. (RÜSEN, 2006, p. 16)
Considerações finais
Referências
CERTEAU, Michel De. A invenção do Cotidiano. 1 – artes de fazer. Petrópolis, Rio de Janeiro:
Vozes, 2007.
COSTA, Aryana Lima; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. O ensino de história como objeto
de pesquisa no Brasil: no aniversário de 50 anos de uma área de pesquisa, notícias do que virá.
Saeculom – Revista de História, João Pessoa, n. 16, p. 147-160, jan./jun. 2007.