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Meu avô era Ambidestro!

Quando era guri, uma das minhas interações prediletas era pedir ao meu avô para escrever com
uma mão e depois escrever o mesmo texto com a outra. Nunca entendi como ele fazia aquilo
com tanta perfeição, mas um dia ele me explicou que quando também era criança, na escola, as
professoras o proibiam de escrever com a mão esquerda [ele era canhoto de nascença], segundo
ele, os costumes da época condenavam os que eram canhotos, pois acreditavam que eles “não
eram do bem”. Daí, as professoras amarravam a mão esquerda dele atrás da cadeira, é isso
mesmo! Amarravam a mão daquele pequeno ser inofensivo, mas canhoto, atrás da cadeira. Foi
dessa forma que ele teve que aprender a escrever com a mão direita também, e, é claro, executar
todas as outras tarefas. Vovô se tornou o que chamamos de Ambidestro.

Na definição:
Português - Adjetivo: am.bi.des.tro
1. que habilmente utiliza ambas as mãos;
2. que defende os dois lados de uma questão.

Escrevendo com apenas uma mão


Quando comecei em propaganda, no final dos anos 80, escrever só com uma mão já era difícil,
quem já atuava na área, nessa época, sabe o parto que era para produzir um anúncio de jornal
em policromia. Tinha que mandar o cromo para Belo Horizonte, fazer a seleção de cores e
esperar, ansiosamente, que os fotolitos viessem corretos. Depois tinha que mandar compor os
tipos na saudosa SMW, claro que depois de selecioná-los, naquele livro gigante de tipos, e
determinar o tamanho das fontes, que não eram em corpo e sim em “picas”, e rezar pra que o
redator não tivesse esquecido uma “letrinha” na hora de digitar o texto na Olivetti portátil de
última geração, senão, tinha que recorrer às famosas letrinhas decadray pra fazer o acerto final, e
pra finalizar, colocar o overlay com a determinação de cores e seus percentuais em padrão
CMYK. Pra produzir um anúncio destes, demorava-se em média de 15 a 30 dias.
No início dos anos 90 muita coisa veio pra agilizar isso, os PC’s e seus asseclas, também
conhecidos como impressoras laser, scanners, etc., daí era só montar o arquivo, gravar em Zip
Drive e enviar para A Gazeta, que tinha um departamento específico para fazer estes partos,
chamados de “saída do fotolito”.

Aprendendo a escrever com a outra mão


No início de 97, meu irmão tinha ido ao Rio de Janeiro e quando voltou trouxe na bagagem uma
revista fininha com uma chamada de capa mais ou menos assim: “Desvendando a Internet”, e
colado nela um disquete com o Netscape Navigator 2, um dos primeiros navegadores da
internet. Li a matéria e comecei a ficar deslumbrado, procurei, procurei e descobri que o Sebrae/
ES estava oferecendo o serviço de acesso a internet aqui no ES, com a surpreendente velocidade
de 14.4 kbit/s. Rapidamente fizemos nossa conta e instalamos o disquete.
Imagine a cara de uma criança que gosta de brincar de carrinhos, ganhando um formula 1 com
controle remoto, essa foi a sensação daquele momento, e pensei: eu quero aprender a me
comunicar por aqui, isso é uma extensão do nosso mundo.

Não foi necessário amarrar a minha mão atrás da cadeira, pois eu queria aprender a escrever
com as duas mãos, queria continuar fazendo a publicidade tradicional, mas também acreditava
na possibilidade de que, algum dia, poderia fazer algo de comunicação no mundo online, e isso
se concretizou logo em seguida, com o lançamento do nosso primeiro website, em abril de 97,
após uma intensa imersão no assunto online.

www.marciogomes.com.br
Exercitando as duas mãos
Após a imersão, vem a euforia sobre o assunto. Em todas as conversas sempre citava essa tal de
internet e seu potencial futuro, encontrei nesse exercício várias pessoas que ou eram entusiastas,
ou eram totalmente contrárias. Muitas delas defendendo que isso era uma moda passageira, e
outras dizendo que isso acabaria com a comunicação tradicional.
No dia-a-dia ia tentando inserir as ações online no processo de comunicação tradicional e
aprendendo com isso, confesso que quase desisti tamanha a resistência ao novo. Ainda hoje
encontro essas resistências, mas o que mais me incomoda não é isso, o que me incomoda
mesmo são os novos profetas da comunicação, que em seus podcasts dizem que a mídia
tradicional está morta.
Se isso fosse verdade o Google não enviaria mala direta oferecendo bônus de R$ 100,00 em
AdWords, nem anunciaria no SuperBowl ou contaria com assessorias de imprensa municiando
diariamente jornalistas com seus releases e eventos.

Aprendendo a ser Ambidestro


Das duas uma: ou o Google acordou que a comunicação deve ser feita de forma integrada e
pelas duas mãos, a tradicional e a online, o que chamo de comunicação Ambidestra, ou eles
não têm onde mais gastar o suado dinheirinho deles e resolveram rasgá-lo em comunicação
tradicional. Respondam-me os novos profetas da comunicação.
Na minha opinião, vejo hoje, em 2010, a comunicação online começando a ser bem integrada à
tradicional, não vejo o online como ameaça ao tradicional, pelo contrário, vejo o online
ajudando, e muito, a comunicação tradicional e, principalmente, o vice-versa. Nunca se viu tanto
anúncio de jornal, revista, TV e outdoor com chamadas “veja mais em nosso site”. Estamos
aprendendo a ser Ambidestros, integrando o tradicional com as novas possibilidades, estamos
aprendendo na TV, nos jornais e nas revistas o que é Twitter, Facebook e Orkut.
Quando me perguntam como vejo a comunicação no futuro, digo simplesmente que -  
Ambidestra - inserida no rádio, na TV, no jornal, no folheto, mas também num podcast na iTunes
Store, numa mensagem no Blog ou Twitter, num e-mail personalizado ou até mesmo inserido
dentro de um game do Xbox, todos são meios e têm a sua força. O que terá importância mesmo
será a relevância do conteúdo e a linguagem adequada a cada meio de forma integrada, assim
como vovô escrevendo bem com as duas mãos.

Márcio Gomes
Diretor de Planejamento - tkg comunicação | cyber two interactive
www.marciogomes.com.br
@falecommarcio

Ps.: Todos os termos publicitários utilizados acima podem


ser consultados no Grande Oráculo chamado Google.com

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