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Editor: José Carlos Vieira


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CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, domingo, 7 de abril de 2013

Tauana Macedo/Divulgação
Com o próprio
cabelo cortado
em cena,

A
Tauana faz
apresentação
delicada e
instigante
ARTE

extremo
DO

As perfomances, muitas vezes incompreendidas e criticadas, são ações que ajudam a refletir sobre o olhar estético do homem
» NAHIMA MACIEL artísticas pelas quais são motivadas. E, muitas ve- Universidade de Brasília (UnB) e donas de discur- aquela pessoa”, conclui. “A ação cria uma fissura
zes, atravessadas. A performance pode ser uma so pungente que encontra eco em performances no condicionamento cultural. É um discurso po-
á um estado de “magia”, de quase ausên- necessidade urgente para essas artistas. E o estado fisicamente intensas e desgastantes. lítico, mas não é panfletário”, completa Maria

H cia de si mesmo e de conexão profunda


com a ideia de um ambiente etéreo quan-
do as artistas plásticas Maria Eugênia Ma-
tricardi, Ana C, Nina Barreto e Tauana M estão
em ação. Elas não lidam com pincéis, papéis, tin-
de performance é algo que fica entre o mítico e o
religioso. Pudera. As linguagens e as questões es-
colhidas por Maria Eugênica, Ana C, Nina e Taua-
na M são viscerais. Violência, gênero e preconcei-
tos estão no topo das preocupações que afligem as
Sangue menstrual, cabelo, ossos e brinque-
dos infantis são alguns dos materiais utilizados
pelas artistas para interferir na rotina de espaços
públicos e, muitas vezes, causar um incômodo
cujo saldo, elas acreditam, é extremamente posi-
Eugênia. E quando os espectadores não são ar-
tistas, o ganho é maior. “Porque as pessoas que
se interessam estão abertas”, explica Nina. “E
não ficam objetivando tudo o que você faz”, con-
clui Ana C. Veja abaixo como trabalham essas jo-
tas e lápis. É no próprio corpo que encontraram quatro performers, todas com idade entre 23 e 25 tivo. Se alguém se incomoda durante a perfor- vens artistas que acreditam na força de uma
o suporte para explorar e expressar as questões anos, formadas ou graduandas em artes visuais na mance, Tauana gosta. “É porque está afetando ação como veículo para a reflexão.

Ingrid Barros/Divulgação Alexandra Martins/Divulgação Ana C./Divulgação Gustavo Moreno/CB/D.A Press


AS PERFORMANCES

AS ARTISTAS

Ana C usa brinquedos para falar da infância: excesso de objetos Vestidas luxuosamente, Maria Eugênia e Luara Sangue é usado Tauana, NIna, Ana C e Maria Eugênia não têm medo de
pregados pelo corpo são uma reflexão sobre o consumismo comem restos de comida na Rodoviária para pintar o corpo usar o próprio corpo para pensar a arte contemporânea

» O corpo é o suporte performances. “Na galeria, esse ela utiliza o líquido para pintar o temperatura do colo do útero só conseguiu largar a ave depois resistência cultural, a praia com construção de discursos. Tauana
Maria Eugênia nunca quis mendigo nunca entraria. E ele é próprio corpo e o deixa escorrer com um termômetro. A palavra de realizar a performance o metro quadrado mais caro do faz uma série de performances
chocar ninguém. Suas a prova de que essa pela barriga até o púbis. A histeria vem de útero e, durante Incorporação. Foi como um país bem ao lado da favela, a com cabelos. Em uma delas,
peformances têm elementos performance não é inacessível, intenção é exagerar uma muito tempo, esteve associada a ritual de passagem da vida para tensão gerada no espaço por raspou a própria cabeça e colou
fortes, como sangue e comida como às vezes situação para refletir sobre a uma neurose exclusivamente a morte. “Uma urgência me uma ação estranha à celebração os fios pelo corpo. Uma outra
podre, mas eles carregam uma me dizem”, explica. construção da ideia do feminino feminina. Ana C fala em atravessou quando vi aquele da alegria ensolarada carioca, consiste em tirar os fios, um a
simbologia nada banal. Com Na mesma linha está na civilização. “O sangue “domesticação da medicina pássaro morrer”, explica. A um conjunto de provocações que um, da própria boca. A repetição
eles, a artista pretende tratar de Composição residual, na qual a menstrual evidencia uma sobre os corpos” quando reflete performance consistia em fazer Nina acredita serem poderosas do gesto e a lentidão são marcas
temas elencados como artista se arrasta pelo chão da relação corporal relacionada ao sobre as motivações que movimentos associados ao voo quando assumidas fisicamente. do trabalho da artista. O tempo
imprescindíveis no discurso Rodoviária vestida de branco nosso gênero, mas ele é tido desencadearam a performance. com o corpo do próprio carcará. Osso é mais radical e aconteceu tem um peso no aspecto
artístico. “A questão não é como se fosse a tela de um como abjeto na sociedade. Em Em outras performances, ela “Porque os pássaros têm essa durante uma maratona de delicado da obra. “Minhas ações
chocar, mas evidenciar quadro a captar os pigmentos, ritos indígenas, no entanto, a utiliza brinquedos de R$ 1,99 memória do céu que a gente não performances na UnB. A artista costumam ser lentas, repetitivas
elementos simbólicos que no caso os resíduos e sujeiras menstruação é celebrada. Por para cobrir o corpo, secadores tem”, justifica Nina. A memória é enterrou ossos de animais nos e delicadas, e essa delicadeza
tragam uma forma de depositados no chão do local. A isso chamo de Pintura corporal de cabelo para lembrar a a matéria-prima da artista, e a arredores da galeria Espaço está ligada a ações que geram
deslocamento. Eles podem interação com o público foi de guerra”, diz. violência necessária às performance foi um caminho Piloto para, no dia seguinte, incômodos, que não é a ideia
provocar incômodos e levar as imediata e incluiu desde atitudes mudanças estéticas e produtos natural, nascido da necessidade desenterrá-los com os olhos natural de delicadeza”, repara.
pessoas à reflexão”, diz. “Até um maternais, como a de uma » Infância domada de higiene para falar da de trabalhar questões vendados. Guiada apenas pela “O cabelo tem uma
gesto superdelicado pode gerar senhora que queria cobrir os A domesticação da infância e a obsessão em esconder manchas simbólicas com o corpo. “O intuição, ela precisou fazer uso característica importante que é
um estranhamento.” Duas seios à mostra da atriz, até ideia de que as atitudes que e odores, marcas reais da corpo é um lugar de do olfato para encontrar os se relacionar com a beleza. Mas
performances são comportamentos sádicos que caracterizam a feminilidade são condição humana e animal. atualizações constantes, é uma ossos, que àquela altura já faço uma busca de uma
especialmente representativas dificultavam a performance. A uma construção cultural servem “Penso muito no processo de casa de memórias coletivas e começavam a apodrecer. De feminilidade que não está
do trabalho de Maria Eugênia. intenção: quebrar um ciclo de guia para as performances de construção do corpo a partir de ancestrais. E, quando situo o novo, a memória ganhou espaço relacionada com essa estética
Em Luxo, elegância e rotineiro de quem circula pelo Ana C. Kit princesinha é a mais práticas cotidianas”, avisa. meu corpo socialmente, carrego na performance. “O osso é o que padrão e que se mescla, em
sofisticação, feita em parceria local, provocando uma brecha leve. Munida de uma maleta de essas memórias”, analisa. fica de um corpo, e as memórias algum momento, com a ideia
com Luara Learth, ela come de suspensão da normalidade. maquiagem para crianças e » A morte do carcará “Quantas mulheres não têm no são assim, elas persistem.” de masculinidade, que é o
restos de comida das latas de Com essa, Maria Eugênia quase vestida de preto, a artista se A relação de Nina Barreto com a corpo de uma mulher?” corpo coberto de pelos.”
lixo da Rodoviária vestida de teve problemas. Foi abordada maquia até formar crostas de performance nem sempre Em Dendê 1, Nina caminha entre » Delicadeza e violência
maneira luxuosa. A performance pela polícia, pelo Samu produtos no rosto. O exagero resulta em ação planejada. Uma a praia de Ipanema e o morro do A voz suave e o jeito introvertido,
ocorreu em 2010, uma única vez. e pelos bombeiros. ressalta o excesso de atenção vez, ela acompanhou a morte de Cantagalo (RJ) enquanto discreto e quase tímido, de
Durante a ação, um mendigo se Outra performance, Pintura direcionada ao embelezamento um carcará próximo ao Instituto despeja o azeite pelo corpo. Aos Tauana M revelam uma www.correiobraziliense.com.br
aproximou e compartilhou o corporal de guerra também e à aparência estética no de Artes da UnB. Passou várias pés da escada que leva ao delicadeza que vai de encontro à
lixo. Essa interação inusitada é reúne elementos simbólicos cotidiano. Histeria explora vezes pelo bicho agonizante morro, ela se despe e segue violência explorada durante as
também o motivo de Maria para a artista. Depois de colher universos mais adultos, embora antes de decidir tomá-lo no colo. adiante. Há muitos símbolos performances. Não uma
Eugênia dar preferência a locais o sangue menstrual em também fale de domesticação. O carcará morreu nos braços de propostos pela artista. O dendê violência explícita ou concreta, Veja fotos e links para vídeos
públicos ao planejar as recipiente de silicone cirúrgico, Nua na galeria, a artista mede a Nina, olhando para ela. A artista como herança africana e mas aquela embutida na das performances.

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