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A construção de um ambiente empreendedor dentro das universidades

Tema 1: Empreendedorismo e inovação

Janaina Mendes de Oliveira

Resumo

O objetivo deste trabalho é entender e conceituar um ambiente empreendedor,


criando formas de inserir dentro das universidades modos de estimular os cidadãos
a ter o espírito e a iniciativa empreendedora. A partir da revisão bibliográfica,
elaborou-se um modelo integrado, em que a universidade oferece um conjunto de
suportes aos potenciais empreendedores, como o suporte psicológico, que auxilia o
indivíduo a quebrar paradigmas (como o do emprego), estimulando a busca da auto-
realização, autonomia e iniciativa; o suporte à inovação, que auxilia o
desenvolvimento cientifico e a busca de oportunidades; o suporte à gestão, que diz
respeito ao planejamento do empreendimento em todos os seus aspectos e o
suporte ao capital, que diz respeito ao auxílio financeiro para a criação do
empreendimento, dependente da articulação com parceiros como bancos e agências
de fomento, para facilitar o acesso ao capital. Esse modelo representa uma tentativa
de elaborar um instrumento útil, que não se restrinja apenas à proposição de ações
isoladas, mas de um conjunto de ações, concorrendo, desta forma, para a promoção
da cultura empreendedora, imprescindível para o desenvolvimento de uma região.

Palavras Chave: empreendedorismo; cultura empreendedora; ambiente


empreendedor; universidade empreendedora

Doutoranda na UFSC , Mestre em administração pela UFRGS ,


Professora do Centro Universitário Lasalle UNILASALLE e gerente IECAN
End: Rua João Batista de Sousa 345/ 102
CEP 94920100 Cachoeirinha - RS
Fones : (51) 476.8507 e (51) 99677485
janainamendes@uol.com.br
The construction of an enterprising environment in the universities.

Theme 1: Entrepreneurship and innovation

Janaína Mendes de Oliveira

Abstract

The objective of this work is to understand and conceptualize the enterprising


environment, creating, in the universities, ways of stimulating citizens to have an
enterprising spirit and initiative. By means of a bibliographical review, an integrated
model, in which the university offers a set of scaffolding devices for potential
entrepreneurs, was elaborated. The scaffolding devices offered were psychological
support, which can help those potential entrepreneurs break paradigms (such as
employment) and stimulate self-realization, autonomy and initiative; support to
innovation, which stimulates scientific development and the search for new
opportunities; management support, which refers to the planning of the enterprising
in all its aspects and capital support, which aids, financially, the creation of
enterprisings that depend on the articulation with partners such as banks and
development banks. This model represents an attempt of elaborating a useful tool,
which is not limited to isolated actions, but to a set of actions, which can stimulate the
promotion of an enterprising culture, indispensable to the development of a region.

Keywords: enterprising, enterprising culture, enterprising environment, enterprising


university.

Candidate for a doctorate s degree at UFSC, MBA at UFRGS, Professor of Centro


Universitário LaSalle UNILASALLE and manager of IECAN
Address: Rua João Batista de Sousa 345/ 102.
Zip code: 94920100, Cachoeirinha - RS
Telephone: (51) 476.8507 and (51) 99677485
janainamendes@uol.com.br

Introdução

Empreender é um fenômeno cultural que diz respeito aos valores da


sociedade e não é uma questão exclusivamente de conhecimento, apesar de
depender da capacidade de inovação e auto-aprendizagem. Sua importância
consiste em movimentar a economia num processo de introduzir inovações e novas
relações, provocando a destruição criadora, ou seja, a dinâmica empresarial que
implica no nascimento de novas empresas e no desaparecimento de outras.
A universidade possui um papel importante na formação do indivíduo.
Segundo o relatório GEM1 2002, deverá haver a disseminação de uma cultura

1
Global Entrepreneurship Monitor GEM foi criado em 1997 como uma iniciativa consorciada entre o
Babson College e a London Business School e apoio do Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership, com
o objetivo de pesquisar as taxas de empreendedorismo no mundo. www.emkf.org
empreendedora promovida por instituições de ensino como as escolas de ensino
fundamental e médio, além das universidades, a fim de promover o
empreendedorismo no Brasil. Num ambiente de aprendizado, tanto dos
conhecimentos gerais como de valores, se poderá criar o ambiente necessário para
romper paradigmas e promover uma mudança para uma cultura empreendedora.
O objetivo deste trabalho é entender e conceituar um ambiente
empreendedor, criando formas de inserir dentro das universidades formas de
estimular os cidadãos a terem o espírito e a iniciativa empreendedora.
Parte-se do pressuposto de que o ambiente em que o indivíduo esta inserido,
seja no âmbito da cultura de uma sociedade, ou no âmbito familiar, induz a um
comportamento empreendedor.

O Papel da Universidade como Disseminadora do Empreendedorismo

Segundo Menezes (2000), a tradição universitária da América Hispânica


inicia-se praticamente com a conquista espanhola. A primeira universidade das
Américas é fundada em Lima, em 1551, seguida depois pelo México, em 1553, e
Córdoba em 1613. As modificações por que passa o capitalismo no início do século
XX, principalmente a influência da Revolução Russa de 1917 e da Revolução
Mexicana de 1910, irá desencadear movimentos de inspiração nacionalista no
continente. Este é o pano de fundo que leva estudantes da pequena burguesia, no
âmbito universitário inicialmente, a provocar um movimento que dá origem à
universidade.
Segundo Wanderley (1983), a palavra "universitas" foi originariamente
aplicada às sociedades corporativas escolásticas da Idade Média; o termo passou a
ser usado no sentido de uma comunidade de professores e alunos cuja existência
era legitimada pela autoridade dominante, ou seja, criada para formar a elite e, por
isso ,ela vai se modificando com as mudanças sociais e políticas. A concepção
moderna de universidade surge com a revolução industrial, e esta passa a ser
utilizada para a formação dos filhos de burgueses.
Inicialmente, a serviço da classe dominante, a missão da universidade passa
a ser questionada e muitas reformas se instituem. A principal questão é o seu papel
fundamental no desenvolvimento econômico do País.
No Brasil, a primeira universidade foi legitimada em 1920, no Rio de Janeiro.
Devido à colonização portuguesa e espanhola, inicialmente a contribuição da
universidade se deu mais no campo das artes e literatura e menos nas ciências
exatas e na filosofia, principalmente por causa do domínio do clero.
Para Morthy (2003) de acordo com a lei n. 9.394/1996, a educação superior
tem as seguintes finalidades:
1) Estimular a criação cultural e desenvolvimento do ensino científico e do
pensamento reflexivo;
2) Formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua;
3) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cientifica, visando ao
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio
em que vive;
4) Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
5) Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos
que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento e de cada geração;
6) Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular dos nacionais e regionais, prestar serviços especializado à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
7) Promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica, geradas na instituição.

Em fins de 1968, Segundo Plonski (1998), foi proposto um modelo para que a
América Latina superasse o subdesenvolvimento e ascendesse à condição de
sociedade moderna. Este modelo deveria ter como meta a inserção da ciência e da
tecnologia para alavancar o desenvolvimento. Os estudos resultaram no chamado
"Triângulo de Sábato": governo, estrutura produtiva e infra-estrutura científico-
tecnológica. Esta última refere-se à universidade, que é a responsável pela geração
do conhecimento.
Entretanto, além da geração tecnológica, a universidade também representa
a socialização, a vida em grupo, o aprendizado do "ser humano". Segundo Siqueira
(apud ALMEIDA, 2001, p.283), "cabe à universidade levar adiante o projeto de
humanização à sociedade, pois dela surgiram profissionais que construirão o futuro".
Para Drucker (1998), até o século XIX, o contato entre conhecimento e ação é
praticamente nulo. O conhecimento fazia parte do "intelecto", a ação era baseada
apenas na experiência. Na era do conhecimento esta distância não é mais possível.
Para o autor a universidade deverá assumir seu papel na formação de indivíduo:
Os conceitos tradicionais de instrução já não são suficientes. Ler,
escrever e calcular serão tão necessários como hoje, mas a
instrução deverá ir muito além dessas bases. Ela exige que se saiba
usar números, que se tenha uma compreensão básica da ciência e
da dinâmica da tecnologia. (p.544)

Muitos autores estão estudando a nova dinâmica do papel da universidade


num contexto de mudanças. O interesse pelo tema do empreendedorismo nas
instituições de ensino justifica-se pela necessidade de proporcionar aos estudantes
novas formas de inserção na sociedade altamente competitiva.
Para Etzkowitz (2001), a universidade do futuro deverá adotar uma cultura
empreendedora. Segundo o autor, o conhecimento e a tecnologia se unem para
gerar empreendimentos. O modelo das incubadoras de empresas ligadas a estas
instituições facilitam o desempenho do modelo da universidade responsável, aquela
que cumpre seu papel no desenvolvimento econômico na região onde se localiza.
Segundo Guaranys (2003), o empreendedorismo dentro das universidades
facilita o processo de interação universidade - empresa. A autora faz um
comparativo entre a universidade tradicional, de pesquisa, e a universidade
empreendedora, que pode ser verificado no quadro 1:
Quadro 1 - Características da Universidade de Pesquisa e da
Universidade Empreendedora

Universidade de Pesquisa Universidade Empreendedora


Tem por objetivo ensino, pesquisa e Idem e desenvolvimento econômico
extensão
Forma recursos humanos para a academia Idem para gerar as próprias empresas
e para as empresas no mercado
Formação especializada em determinada Idem e também em áreas relacionadas à
área do conhecimento gestão empresarial
Pesquisa fundamental, aplicada e idem e para geração de novas empresas
tecnológica, além de protótipos, processos ou
serviços para atender à demanda de
empresas no mercado
Produtos esperados: recursos humanos de Idem e para gerar novas empresas; e
alta qualificação para os mercados
geração de empresas spin-offs dos grupos de
empresarial e acadêmico pesquisa
Formação empreendedora através de Formação empreendedora articulada e
algumas disciplinas optativas abrangente, oferecida como uma segunda
área de competência
Graduação de alunos Idem e graduação de empresas
Incubadora de empresas como unidade Incubadora de empresas como unidade
complementar opcional complementar obrigatória
Pré-incubação como atividade opcional Pré-incubação como atividade regular dos
relacionada à incubadora de empresas laboratórios de pesquisa e da incubadora de
empresas
Parque tecnológico como unidade Parque tecnológico como unidade
complementar opcional complementar obrigatória, articulado com a
incubadora de empresas e com os grupos de
pesquisa e laboratórios
Fonte: Guaranys (2003) p. 240

Segundo Brisolla (1998), a universidade deverá cumprir seu papel no


desenvolvimento da sociedade, através da interação universidade -empresa. Para a
mesma autora, a universidade está sofrendo mudanças devido:
1. à emergência de um novo paradigma científico e tecnológico nos anos 80,
que reduziu a distância de tempo entre uma invenção , uma descoberta e
uma inovação, ou aplicação tecnológica daquelas novas idéias;
2. ao crescente conteúdo de conhecimento na formação do valor dos bens e
serviços, que vem provocando profundas transformações na organização
do trabalho no interior das empresas, como as novas técnicas de gestão
como total quality management (TQC);
3. à maior interdisciplinaridade dos temas de pesquisa aplicada, que exigem
um enfoque mais globalizado e aumento da interação entre equipe de
especialistas de áreas diversas;
4. à tendência ao crescimento dos custos de P&D , tanto para os
departamentos de pesquisa da universidades, como para a pesquisa
acadêmica ,que é visto como mais importante pelos que defendem a
primeira alternativa: da retomada de uma interação que já foi importante
no passado.
Para Gregolin (1998), a redução no nível de emprego e a necessidade de
criação de novos empregos devem induzir a universidade a estimular seus alunos de
graduação e pós-graduação para, a partir de suas pesquisas, criarem seus próprios
negócios. "Assim, é importante que a universidade participe de atividades como
formação e atualização de profissionais com um novo perfil empreendedor" (p.197).
Para o mesmo autor, movimentos do tipo Incubadoras, Science Parks, Tecnópolis
para as empresas, promoção de ambiente regional propício à atuação de empresas
em consórcios , bem como a criação de núcleos de transferência de tecnologia
,principalmente para pequenas e média empresas, contribuem com este objetivo.
Para Schneider (1998), a universidade deveria assumir uma postura de
incentivadora do empreendedorismo, abandonando atitude passiva de mera
formadora de mão-de-obra. Neste sentido a existência de uma incubadora de
empresas passa a ser de muita importância. Para o autor esta importância se deve:
1) as Incubadoras revestem a tecnologia gerada na pesquisa universitária
com os elementos necessários a sua aplicabilidade;
2) o conhecimento técnico-científico é levado a um grande número de
usuários, em geral empresas industriais, promovendo um efeito
multiplicador de seus benefícios, bem como dando acessibilidade
econômica pela produção em escala;
3) ao lado da transferência de tecnologia geram-se novas empresas ,
recursos econômicos na região, empregos qualificados.

A universidade é o ambiente simbólico dos criadores : intrate spectatores


exite creatores (aqueles que entram como espectadores saem criadores)2 . Esta
inscrição poderia ser: aqueles que entram como espectadores saem como
empreendedores .

O ambiente empreendedor: fundamentos teóricos

Para Bygrave (2000),


empreendedorismo leva a mais empreendedorismo e o nível
da atividade empreendedora é resultado de um processo
dinâmico no qual ambiente social é tão importante quanto os
fatores econômicos e legais p.26

As teorias realizadas até o momento se referem apenas às características do


empreendedor, a psicologia e a economia se preocupam em explicar individuo que
cria novos negócios. Mas é preciso entender a causa do fenômeno empreendedor
numa região e para isso é necessário entender o ambiente em que este está
inserido.
Partindo da hipótese verificada pelos psicólogos organizacionais, em especial
Maslow e Rogers, de que o individuo age motivado por uma necessidade podemos
inferir que a universidade pode criar o motivo através da criação da necessidade
para empreender, ou seja, a universidade torna-se de fato uma universidade
empreendedora, conforme figura 1.
O ambiente empreendedor é entendido como a conjunção de fatores sociais,
psicológicos, políticos e econômicos, que juntos estimulam a ação empreendedora.

2
Inscrição encontrada a entrada de um universidade na Itália citado por Sadlak , in fórmica p. 252
Figura 1 Hipótese sobre a Relação entre o Motivo e a ação para empreender

AMBIENTE MOTIVO AÇÃO

Para o relatório da associação de cidades européias EURADA 20033, o


desenvolvimento de uma região é medido pela propensão da população para criar
novos negócios e inovar em comparação aos empregos diretos e indiretos gerados
por empresas de setores tradicionais. E na sua análise constatam que deverá haver
uma conjunção de fatores que levem ao empreendedorismo:
-A governança;
-O empreendedorismo na população;
-O suporte à criação de novos negócios;
-A disponibilidade de capital adequado;
-O potencial da esfera sócio-econômica local para inovação;
- A qualidade de redes locais;
- A qualidade do suporte aos pequenos empresários;
- Novas formas de relações entre o poder público e o privado;
- A percepção das reais necessidades da comunidade pelos
empresários;
- Investimento em recursos humanos tanto pelas autoridades
locais quanto pelos empresários.

A governança, segundo o estudo, representa a habilidade dos atores do setor


publico e privado de terem a visão e desenvolverem uma estrutura propicia ao
desenvolvimento, entre elas: o acesso ao capital de risco, inovação, treinamento,
internacionalização, tecnologias de informação, prover a comunidade de uma infra-
estrutura de qualidade, centros de tecnologia, formas de redes, clusters ou outras
formas de colaboração entre empresas. Também pode antecipar a descoberta de
necessidades futuras que ainda não foram avaliadas pelas empresas do setor
privado.
Já a qualidade do suporte as empresas iniciantes e aos potenciais
empreendedores para garantir a sua sobrevivência, é de suma importância.
Os esquemas de cooperação entre empresas são responsáveis pelo potencial
de inovação. Estes são entendidos como as redes que possibilitam a transferência

3
The association of regional development agencies de 25 paises da união européia e centro oeste da
Europa. www.eurada.org
de tecnologia, a economia inteligente e o serviço de proteção tecnológica. A
experiência italiana4 com clusters mostrou excelentes resultados para a
competitividade regional.
Segundo Kouriloff (2000), autores como GARTNER, 1988; PORTER, 1990;
GNYAWALI & FOGEL, 1994, se dedicaram ao estudo dos fatores externos do
ambiente que afetam o nível de empreendedorismo.
Para Porter (1987) o empreendedorismo é responsável pelo crescimento do
país, como neste exemplo da Alemanha:
na Alemanha (..), o evento isolado mais importante , entre
1873 e 1914 foi seguramente a criação do banco universal. O
primeiro destes, o Deutsche bank, foi fundado em 1870 por
Georg Siemens com a missão especifica de encontrar
empreendedores , financiar empreendedores e focá-los a uma
administração organizada e disciplinada. P.17

O desenvolvimento de uma sociedade será tão ou mais intenso quando a


capacidade empreendedora for disseminada. Segundo Bygrave (2000) o nível de
empreendedorismo difere entre países e mesmo entre estados do mesmo país, pois
potencial individual é o catalizador da atividade.
Segundo kouriloff (op.cit.) muitas pesquisas sobre empreendedorismo
evidenciam apenas as características e motivações do indivíduo, poucos se
preocupam com os fatores externos que podem dificultar ou facilitar a criação de
novos negócios.
Não se pode pensar em uma linha de desenvolvimento, sem o alinhamento
de vários mecanismos, de natureza social, econômica, política. Ao mesmo tempo
em que o empreendedorismo é a mola que impele o desenvolvimento, ele necessita
de uma junção de fatores, como ressalta BACIC (2001):
Neste cenário é que deve ser visto o processo empreendedor
resultado de interações pessoais, profissionais, culturais e
sociais e, parte de um processo integrado de desenvolvimento
econômico e social e as políticas de incentivo ao
empreendedorismo na sociedade como um todo através de
distintos programas (desde universidades, institutos de
pesquisa, órgãos de apoio, incubadoras, etc.) deveriam partir
dos mesmos pressupostos. (pág. 7)

Vesper (1980), por outro lado, avalia a importância do ambiente social na


formação do empreendedor. Variáveis como: expectativas família, impactos da
guerra, conseqüências da imigração, posição em relação à inovação e à riqueza, a
cultura do trabalho duro em oposição às regalias do serviço público. Os Grupos
excluídos, por exemplo, aqueles que saem de sua pátria natal para construir suas
vidas em outros paises, tem maiores probabilidades de empreenderem visto não
ficarem amarrados pelos padrões culturais existentes. Para o autor o conhecimento
do ambiente social é um caminho importante para o entendimento do fenômeno
empreendedor.
Spilling (in Neck, 2004) ressalta a importância da interação dos elementos do
sistema empreendedor : o desenvolvimento econômico é o resultado de um
complexo processo empreendedor (p.192) , é necessário a conjunção de fatores

4
The association of regional development agencies - EURADA 2003
como a infra-estrutura, instituições públicas e empresas privadas que podem se
combinar dentro avançado sistema produtivo.
Bygrave (2003) diz que os fatores críticos para a criação de empreendimentos
são três: o individual, sociológico e o ambiental. Na figura 2 este fatores são
esquematizados para entendimento do que o autor chama de processo
empreendedor.

Figura 2 A Influência do ambiente no processo empreendedor de Bygrave

Organizacional
Sociológico Individual
Individual

Inovação Evento Implementação Crescimento


impulsionador

Ambiente Ambiente
Ambiente

Fonte : adaptado de Bygrave (2003) , modelo do processo empreendedor, p.3

Neste modelo, na fase inovação são necessários os fatores individuais como


a realização, ser tomador de riscos, valores, educação, experiência, e fatores
ambientais como oportunidades e criatividade. Na fase do evento que impulsiona a
criação de um novo empreendimento, estão presentes os fatores individuais (os
mesmos citados), os sociológicos como as redes e a família, e o ambiente é
representado pela competição, recursos, incubadoras, políticas governamentais. Na
fase de implementação também estão presentes os mesmos fatores sociológicos e
ambientais e ainda fatores individuais como liderança e visão. Finalmente, na fase
de crescimento estão presentes os mesmo fatores individuais, os fatores
organizacionais como estratégia, cultura, produtos, e os fatores ambientais como
competidores, clientes, fornecedores, investidores, bancos e políticas
governamentais.
A história de uma comunidade, ressalta Bygrave (2000), é também elemento
de atração do nível de empreendedorismo na medida em que traços culturais são
transmitidos. O autor reforça que a descoberta de novas oportunidades só possível
em ambientes no qual a atividade empreendedora é estimulada.

Um modelo para criação do ambiente empreendedor dentro da universidade


O ambiente empreendedor deve ser aquele em que se tem uma conjunção de
fatores para estimular o empreendedorismo. A partir de seu ingresso num curso
superior o individuo deverá ser estimulado ao desenvolvimento de ferramentas para
empreender.
A partir da fundamentação teórica realizada sintetizou-se um modelo no qual
o ambiente empreendedor seria composto de quatro tipos de suporte: psicológico,
de inovação, de gestão e de capital. A figura 3, ilustra este modelo.
Este modelo procura integrar todos os elos de uma cadeia. Verifica-se na
literatura consultada, que o evento de empreender não é um fator isolado e depende
e muito de uma conjunção externa. Assim não se pode ter empreendimento apenas
porque um indivíduo tem características para realizá-lo, mas não encontra estimulo
para pesquisa, ou que não dispõe de recursos financeiros, assim como podem
existir excelentes oportunidades e o individuo não está preparado para identificá-las
e/ou transformá-las.
O suporte psicológico envolve o individuo e o eu contexto. Os estudos sobre
empreendedorismo comentam sobre perfil do empreendedor, várias pesquisas
realizadas evidenciam algumas características essenciais ao desenvolvimento do
empreendedor. Este suporte esta relacionado com as capacidades de competências
do ser humano, procurando despertar a busca da auto-realização e a quebra de
paradigmas que obstaculizam o processo. Este modelo leva em conta o
estabelecimento de uma cultura de empreendedorismo na comunidade, incentivando
as famílias a considerarem a perspectiva de ensinarem seus filhos para criação de
empreendimentos. Como instrumentos poderiam ser realizados: oficinas, dinâmica
de grupo, palestras para sensibilização sobre o tema.
O suporte à inovação, envolve o estimulo à pesquisa e busca por sua
aplicação. Além disso, deverá ser criado um ambiente fértil às idéias e a busca de
oportunidades, estimulando os alunos no seu raciocínio crítico a cerca do mundo
que os cerca. Como instrumentos podem-se citar: como criação de centros de
pesquisas, e estimulo a geração das spin-off, busca de incentivos a pesquisa.
O suporte à gestão, deverá levar em conta a sistema de criação de
empreendimento, envolvendo o planejamento, e o ensino de ferramentas que
auxiliem no inicio, amadurecimento e crescimento de empresas ou projetos que
geram resultados pra a comunidade onde a instituição de ensino está inserida. A
criação de incubadoras, por exemplo, é um instrumento de grande auxilio.
O suporte de capital envolve a articulação com os agentes do
desenvolvimento como bancos, agências de fomentos e órgão responsáveis. A
instituição deve utilizar mecanismos que garantam o acesso ao capital, e se
possível, utilizar formar de intermediar a obtenção de recursos que possam auxiliar a
criação dos empreendimentos.
As sociedades que buscam o desenvolvimento deverão entender a dinâmica
do empreendedorismo a fim de criar uma cultura que envolve uma conjunção de
mecanismos integrados de estimulo individual , social, político e econômico.

Figura 3 modelo de ambiente empreendedor


Ambiente

Suporte
Capital

Suporte
Gestão
Universidade

Suporte
Inovação Suporte
Psicológico

Indivíduo

empreendedor

Fonte: elaborado a partir da revisão bibliográfica

Considerações Finais

Este artigo é resultado de uma revisão teórica a cerca da necessidade de se


criar um ambiente empreendedor, e no papel da universidade nesta função . Este se
constitui de uma análise de do tema empreendedorismo , e procura a resposta para
questão de como criar uma cultura empreendedorismo. Muitos estudos são feitos
para procurar meios de realizá-la, alguns autores citados por Neck (2004) entendem
que a cultura é criada por um grande evento, ou pela influência dos Clusters, enfim a
certeza de todos é que : uma região que busca o desenvolvimento deverá ser uma
região empreendedora. E para ser empreendedora precisa gerar empreendedores.
Kouriloff (2000) defende a idéia de que quanto maior o número de empreendedores
de uma região maior será a capacidade de gerar mais empreendedores.
Partindo da hipótese de que se pode gerar o motivo para empreender, cria-se
um modelo que pode servir como instrumento para criar o ambiente empreendedor,
aquele onde se desenvolvem indivíduos empreendedores.
Fazendo uma primeira análise chegou-se a quatro fatores: o suporte
psicológico, o suporte à inovação, o suporte à gestão e o suporte ao capital.
Não se pretendeu neste momento ser conclusivo, mas sim trazer conteúdos
que possam embasar ações e instigar os questionamentos sobre o tema de como
criar um ambiente empreendedor e sua importância para o desenvolvimento
regional.

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