Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Estrutura do livro
O livro é dividido em três partes.
Os três primeiros capítulos da Parte Um tratam de saúde e expectativa de vida.
A Parte Dois trata sobre dinheiro e riqueza. Os capítulos abordam os padrões de vida, a
começar pelos Estados Unidos e depois do mundo como um todo.
A Parte Três consiste em um único capítulo, no qual é apresentado argumentos se deve
ou não ser feito algo para ajudar países pobres que ainda estão presos à pobreza e ao
atraso, e o que pode ou não ser feito.
O pós-escrito questiona se podemos crer que alcançar uma grande saída trará um final
feliz.
Parte I
Capítulos 1 e 2
Sobre o que é esta parte?
Deaton inicia sua análise expondo como a expectativa de vida cresceu até o nível atual.
Ele retroage até a pré-história para analisar como a vida era no princípio e depois segue
para a era do Iluminismo até chegar aos dias atuais.
Pré-História
Segundo o autor, durante o período da pré-história o padrão de vida e saúde da
humanidade eram mais elevados do que imaginaríamos. A expectativa de vida era entre
30 e 35 anos, similar a países ricos dos séculos XVIII e XIX.
Estudos demonstram que eles possuíam ótima saúde pois faziam longas caminhadas em
busca de alimentos, tinham uma dieta composta principalmente de frutas e vegetais,
ingeriam muitas fibras e comiam pouca carne, por ser rara.
Porém, esse estilo de vida mudou quando começaram a plantar seus alimentos. A
chamada revolução agrícola viabilizou que alimentos fossem armazenados e que
animais fossem domesticados. Graças a ela surgiram a propriedade privada da terra, os
sacerdotes, os governantes, as vilas, as cidades e a desigualdade intracomunitária.
Assentamentos maiores e domesticação de animais acarretaram novas doenças
infecciosas.
Segundo Deaton, a revolução pode até ter piorado a expectativa de vida da humanidade,
pois as pessoas passaram a morar mais próximas e deixaram de se deslocar. Isso
permitiu que as crianças passassem a morrer em larga escala de desnutrição e germes,
permitiu o aparecimento de novas doenças, e piorou nas condições sanitárias nas
comunidades maiores. O comércio entre cidades permitiu que doenças infecciosas se
transmitissem entre comunidades, provocando enormes mortalidades.
O autor afirma que não há qualquer evidência de aumento da expectativa de vida
durante milhares de anos após o estabelecimento da agricultura, sendo provável que
houve um declínio no bem-estar individual até cerca de 250 anos atrás.
Iluminismo
Apesar de não ter certeza do porquê do aumento, Deaton levanta algumas hipóteses
baseadas em alguns outros autores.
Uma das hipóteses é de que o Iluminismo inglês foi um período que as pessoas
começaram a se preocupar mais com a felicidade e a buscar realizações pessoais ao
invés de virtudes espirituais. A busca da felicidade passou a ser feita pelo uso da razão e
pela descoberta de novos meios de melhorar a vida, entre elas a posse de bens materiais
e a saúde. Isso permitiu que surgissem inovações na área da medicina, trazendo
tratamentos inéditos.
Entre estas inovações médicas, estão o uso de plantas medicinais, a inoculação da
varíola e a vacinação como as mais importantes. No fim do século XVIII também
surgiram as primeiras campanhas públicas de saúde e as clínicas de distribuição
de remédios.
O autor acredita que que essas novidades foram responsáveis pela melhoria na saúde da
nobreza e da realeza no fim do século XVII. Por serem tratamentos caros e pouco
conhecidos, só foram utilizadas pelos ricos e à uma pequena parte da população, o que
levou a novas desigualdades na saúde.
Porém, a partir do século XIX esses tratamentos foram popularizados e permitiram
imensos avanços na expectativa de vida da população em geral. Além desses avanços
médicos, também houve uma melhora nutricional ocasionada pela nova revolução
agrícola do século XIX, o que gerou pessoas maiores e mais fortes. Por sua vez, essas
pessoas maiores e mais fortes permitiram o aumento da produtividade, ocasionando
aumento da renda, o que gerou mais progresso e melhorias na saúde.
Deaton considera como o maior avanço as melhorias em saneamento básico,
acompanhadas por medidas baseadas na teoria microbiana das doenças, pois foram
responsáveis diretas no aumento da expectativa de vida na segunda metade do século
XIX na Europa.
Por fim, esses progressos se espalharam para o resto do mundo no início do século XX,
embora tenham levado bastante tempo para serem totalmente aceitas e suas práticas
totalmente difundidas.
Essas mudanças acabaram permitindo um aumento muito grande na expectativa de vida
da humanidade, hoje, no século XXI. Por exemplo, uma menina nos EUA em 2006
tinha uma expectativa de vida de 77,9 anos, quando, em 1900, possuía uma expectativa
de apenas 47,3 anos. Essa expectativa de vida continua aumentando, sendo que nos
últimos 25 anos a expectativa subiu um a cada cinco anos para homens, e um a cada dez
anos para mulheres.
Para Deaton, o conhecimento científico e o progresso tecnológico são a chave para o
aumento da expectativa de vida e da melhoria do bem-estar, e não a renda. Ele diz isso
pois, mesmo nos períodos que não houve aumento de renda, a saúde aumentou. Conclui
que os avanços científicos e o progresso médico foram os maiores responsáveis para o
aumento da expectativa de vida, e não o aumento da renda.
O mundo está se tornando um lugar melhor.
O gráfico abaixo mostra a evolução da expectativa de vida de pessoas com cinquenta anos em quatorze
dos países mais ricos do mundo. Se a expectativa de vida aos cinquenta anos for de 25, as pessoas desse
grupo podem esperar viver até os 75 anos.
Este avanço foi possível pois as pessoas começaram a investir grandes somas em
tratamento e em pesquisa e desenvolvimento para descobrir quais eram os mecanismos
básicos das doenças, o que viabilizou a introdução de melhores tratamentos.
Deaton conclui que à medida que o câncer e doenças cardiovasculares diminuírem em
importância, um novo sentido de urgência será canalizado para males como Alzheimer,
já que apenas uma parcela mínima da população vivia o suficiente para padecer da
doença. Assim como ocorreu no século XIX, novas doenças demandam novas curas e
geram oportunidades sem precedentes para descobri-las. Hoje, quando a própria morte
chega mais tarde, os desafios estão em doenças que acometem pessoas cada vez mais
velhas.
Ele também ressalta que nos países ricos houve uma grande diminuição na morbidade.
Pessoas com deficiência física ou mental ou que sofrem de dor crônica, possuem hoje
mais acesso a remédios, tratamentos e cirurgias, além de mais informação quanto a suas
doenças e também serviços de saúde mais acessíveis, melhorando muito seu bem-estar.
Também diz que não espera que a expectativa de vida nos países ricos continue a
crescer com a mesma velocidade como no passado, mas que o crescimento continuará
contínuo. E à medida que mais pessoas enriquecerem, mais irão tentar driblar a morte
investindo dinheiro em pesquisa de novos tratamentos para as atuais doenças e outras
que possam surgir.
Conclusão da Parte I
Por fim, Deaton conclui que os povos do mundo estão vivendo mais e ficando mais
ricos. Porém, a distribuição de benefícios tem sido desigual. Apesar de muitos terem
conseguido escapar, milhões ficaram para trás, produzindo um mundo de diferenças.
Parte II
A parte I do livro nos mostrou um relato da história da saúde e do crescimento da
expectativa de vida e também das desigualdades que a acompanharam. Já a parte 2
aborda os padrões de vida, a começar pelos Estados Unidos e depois de todo o mundo,
dando foco ao processo de globalização e a consequente redução da pobreza mundial
desde 1980.
O capítulo 5 nos mostra que o crescimento econômico propiciou uma nova onda de
prosperidade aos americanos depois da Segunda Guerra Mundial que durou sem que
houvesse muitas mudanças na desigualdade. O autor utiliza o PIB para analisar o
histórico de crescimento econômico dos EUA, embora deixe muito claro que ela não é
uma medida perfeita para se entender este processo.
No gráfico abaixo, vemos que a linha mais ao alto mostra o comportamento do PIB per
capita nos EUA desde 1929. Neste ano, o PIB era de pouco mais de 8 mil dólares per
capita; caindo para 5695 dólares em 1933, e subindo até alcançar 43.238 dólares em
2012. Depois de 1950, a linha é praticamente reta, indicando uma taxa constante de
crescimento de 1,9% ao ano.
O filme Fugindo do Inferno que o autor utilizou como metáfora não teve um final feliz.
Quase todos os fugitivos foram recapturados, e cinquenta deles executados. Será que
podemos acreditar que a nossa fuga será diferente?
Provavelmente não, mas não é despropositado ter esperança.
Há muitas ameaças capazes de nos derrubar, como: mudanças climáticas; a
possibilidade de interesses privados vencerem os interesses públicos; guerras e
movimentos políticos perigosos surgindo por toda parte; taques constantes de religiosos
fundamentalistas contra a ciência; doenças que não possuem tratamento e outras que
podem surgir a qualquer momento; a desaceleração do crescimento econômico.
Apesar de tudo isso, o autor se mantém otimista. A versão da grande saída de Angus
Deaton é positiva: afinal, milhões de pessoas foram salvas da morte e da miséria, e
vivemos em um mundo melhor que em qualquer outro momento da história, apesar de
suas desigualdades e dos milhões que ficaram para trás.
Ele acredita que a desaceleração da economia esteja exagerada, visto que estatísticos
negligenciam muitas melhorias na qualidade que respondem por parcela cada vez maior
do produto interno. Além disso, a maioria da população do mundo não vive em países
ricos, e para ela não houve desaceleração. A revolução da informação contribui para o
bem-estar mais do que somos capazes de aferir. Há possibilidades infinitas para a África
à medida que melhores gestões da economia evitam alguns dos desastres auto infligidos
do passado.
A morte está demorando a chegar. Há progressos reais contra o câncer que, com sorte,
serão equivalentes aos alcançados na luta contra doenças cardiovasculares nos últimos
quarenta anos. A violência diminuiu; hoje, as chances de uma pessoa ser assassinada
são muito menores que no passado. A democracia está implantada em muito mais países
do que cinquenta nãos atrás. São cada vez menos comuns casos de opressão de um
grupo social por outro. No mundo inteiro as pessoas estão ficando mais altas e
provavelmente mais inteligentes. A educação tem melhorado na maior parte do planeta.
Não se deve esperar que esses progressos ocorram em todos os lugares, ou que sejam
ininterruptos. Coisas ruins acontecem; novas fugas, como as do passado trarão novas
desigualdades. Apesar de tudo, a expectativa do autor é a de que os reveses sejam
superados no futuro como foram no passado.