Sunteți pe pagina 1din 9

14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

   - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Gabinete do Desembargador HUMBERTO ADJUTO ULHÔA

CLASSE: PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA (313)

PROCESSO: 0728561-26.2020.8.07.0000

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

INDICIADO: FRANCISCO ARAUJO FILHO, IOHAN ANDRADE STRUCK, RICARDO TAVARES MENDES,
EDUARDO SEARA MACHADO POJO DO REGO, RAMON SANTANA LOPES AZEVEDO, JORGE ANTONIO
CHAMON JUNIOR, EDUARDO HAGE CARMO, BIOMEGA MEDICINA DIAGNOSTICA LTDA, LUNA PARK-
IMPORTACAO, EXPORTACAO E COMERCIO ATACADISTA DE BRINQUEDOS TEMATICOS LTDA - EPP

DECISÃO

O M. P. D. F. T, em petições assinadas pela Vice-Procuradora-Geral de


Justiça, Drª Selma Sauerbronn, e pelos Promotores de Justiça integrantes da Assessoria
Criminal e do GAECO, na qual figuram como representados

1) FRANCISCO ARAÚJO FILHO (SECRETÁRIO DE SAÚDE – SES/DF);

2) IOHAN ANDRADE STRUCK (SUBSECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO


GERAL – SES/DF);

3) JORGE ANTÔNIO CHAMON JÚNIOR (DIRETOR DO LACEN – SES/DF);

4) EDUARDO HAGE CARMO (SUBSECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA À SAÚDE


– SES/DF);

5) RICARDO TAVARES MENDES (EX-SECRETÁRIO ADJUNTO DE


ASSISTÊNCIA À SAÚDE – SES/DF);

6) EDUARDO SEARA MACHADO POJO DO REGO (SECRETÁRIO-


ADJUNTO DE GESTÃO EM SAÚDE – SES/DF), e;

7) RAMON SANTANA LOPES AZEVEDO (ASSESSOR ESPECIAL DO


SECRETÁRIO DE SAÚDE – SES/DF),

e ancorado no disposto nos artigos 125, 126, 240, 282, § 6º e 311 e seguintes
do Código de Processo Penal c/c Lei Complementar 105/101 c/c Lei 9.296/1996 c/c art.
4º, “caput”, e § 4º da Lei 9.613/98 c/c Decreto-Lei 3.240/41 REQUEREU, em caráter
cautelar e investigativo:

a) O decreto das prisões preventivas dos representados;

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 1/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

b) A busca e apreensão de arquivos eletrônicos de qualquer natureza,


agendas eletrônicas ou manuscritas, hard drives, computadores, laptops, pen drives,
disquetes, mídias, telefones celulares, smartphones, tablets, bem como de todo e
qualquer papel ou documento que contenha material probatório de interesse da
investigação, valores em moeda nacional ou estrangeira e desde que não haja imediata
comprovação da origem lícita, pertencentes aos representados, pessoas e empresa
referidas na peça de ingresso;

c) A quebra do sigilo bancário dos representados, pessoas e empresas


referidas na peça de ingresso;

d) A interceptação telefônica e quebra de sigilo de dados dos


representados, e;

e) O bloqueio/indisponibilidade de bens pertencentes aos representados,


pessoas e empresas referidas na peça de ingresso c/c proibição/suspensão de emissão
de ordens bancárias e notas de empenho em favor das empresas que menciona c/c
suspensão do procedimento de dispensa do processo licitatório indicado nos autos;

As liminares foram deferidas por esta Relatoria (ID 18718231 – Prisão


Preventiva; ID 18720234 – Busca e Apreensão; ID 18721775 – Quebra do Sigilo
Bancário; ID 18723230 - Interceptação Telefônica e Quebra de Sigilo de Dados; ID
18723245 – Bloqueio/Indisponibilidade de Bens).

Determinei o levantamento do sigilo de todo o processado, com exceção das


medidas ainda em curso (Súmula vinculante 14), bem como deferi os pedidos de
habilitações dos advogados dos representados (ID 18985962).

As defesas dos investigados ingressaram com inúmeros pedidos nos autos,


devidamente apreciados por esta Relatoria (ID 19128620; ID 19233497; ID 19256674;
ID 19261054; ID 19268949; ID 19275625; ID 19283412; ID 19286192; ID 19291779; ID
19331810; ID 19343657; ID 19357680; ID 19389733; ID 19401316; ID 19536604; ID
19594102) e encaminhados para manifestação do Ministério Público.

Recebida a comunicação emanada do colendo Superior Tribunal de Justiça -


STJ consubstanciada no deferimento do pedido de liminar no Habeas Corpus n.
608.886/DF, da Relatoria do eminente Ministro Rogério Schietti Cruz, em favor do
paciente EDUARDO HAGE CARMO (IDs 19135615 e 19135618), determinei a
expedição do competente alvará de soltura, observadas as medidas cautelares
estabelecidas pelo eminente Ministro Relator do writ (ID 19135836), cujas informações
foram prestadas por esta Relatoria (ID 19228921).
Os representados FRANCISCO ARAÚJO FILHO, RICARDO TAVARES
MENDES, JORGE ANTÔNIO CHAMON JÚNIOR; EDUARDO SEARA MACHADO
POJO DO REGO e RAMON SANTANA LOPES AZEVEDO ingressaram com Habeas
Corpus perante o colendo Superior Tribunal de Justiça, todos da Relatoria do eminente
Ministro Rogério Schietti Cruz, cujas liminares foram indeferidas por Sua Excelência
(ID 19317227).

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 2/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

Na data de 11/09/2020, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios


ofereceu DENÚNCIA contra os representados e outros investigados (IDs 19599765;
19599766 e 19599767).
É a síntese dos fatos.

DECIDO.

Com o oferecimento da denúncia (11/09/2020), a persistência, no processo,


dos denunciados que não desfrutam, originariamente, da prerrogativa de foro, em face
das inúmeras diligências que acarreta e dos numerosos incidentes que possibilita, sem
dúvida retarda o andamento normal do processo neste Tribunal, que, em face da
singularidade do rito das ações penais originárias, já demanda maior tempo.

É certo, por outro lado, que o princípio do “simultaneus processus” não é


absoluto, uma vez que sua aplicação é expressamente vedada nos casos descritos no
art. 79 do Código de Processo Penal e meramente facultativa nas hipóteses do artigo 80
do mesmo diploma legal. Com efeito, permite o Código de Processo Penal, por seu artigo
80, parte final, a separação do processo em face de motivo relevante. É o caso dos
autos, porque necessária maior celeridade, só possível com o desmembramento do
processo. Atender-se-á ao reclamo social por maior agilidade, evitando-se eventual
prescrição, e ao direito dos acusados, inscrito na Constituição Federal (artigo 5º,
LXXVIII), à razoável duração do processo, assegurada a celeridade viável na sua
tramitação.

O artigo 80 do Código de Processo Penal não delimita as fases processuais


em que é cabível a separação facultativa dos processos, não havendo, por isso, que se
falar em prejuízo dos denunciados, que terão todas as oportunidades legais inerentes
ao exercício do princípio do contraditório e da ampla defesa em seus juízos naturais.

Tal medida torna-se necessária, a fim de se evitar que, em decorrência do


excessivo acúmulo de diligências e incidentes acarretados pelo elevado número de
denunciados, o arrolamento de testemunhas pelo Ministério Público, a faculdade de
cada acusado arrolar até 8 (oito) testemunhas quando da instrução (art. 401, CPP), a
demora no deslinde do feito acabe por gerar impunidade. Registre-se a necessidade de
cumprimento do preceito constitucional fundamental, previsto no inciso LXXVIII do art. 5ª
da Constituição Federal: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”.

Com efeito, o colendo Supremo Tribunal Federal, buscando uma prestação


jurisdicional mais rápida e eficaz, tem determinado o desmembramento de feitos com
vários acusados, a fim de que aqueles que, originariamente, não desfrutam da
prerrogativa de foro sejam julgados em seu juízo de origem, observado, desta maneira,
o princípio do juiz natural. Neste sentido:

“(...) COMPETÊNCIA - PRERROGATIVA DE FORO - DESMEMBRAMENTO.


A racionalidade dos trabalhos do Judiciário direciona ao desmembramento do
processo para remessa à primeira instância, objetivando a seqüência no tocante

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 3/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

aos que não gozem de prerrogativa de foro, preservando-se com isso o princípio
constitucional do juiz natural.” (STF – Tribunal Pleno, AP nº 351/SC, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO, DJe 17/09/2004).

“Inquérito. Embargos declaratórios recebidos como agravo regimental.


Desmembramento. Possibilidade. Art. 80 do Código de Processo Penal. Elevado
número de indiciados e complexidade da causa. (...) 2. Na forma de inúmeros
precedentes da Suprema Corte, o elevado número de agentes e de condutas
demandam complexa dilação probatória a justificar o desmembramento do feito
requerido pelo Ministério Público Federal, ressaltando-se que apenas o denunciado
detém prerrogativa de foro por ser Deputado Federal (art. 80 do Código de Processo
Penal). 3. Agravo regimental desprovido.” (STF, Inq 2168 ED, Relator Min. MENEZES
DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 15/04/2009, DJe 27-08-2009)

“PENAL. PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. AGRAVOS REGIMENTAIS.


INDICIADOS SEM PRERROGATIVA DE FORO. DESMEMBRAMENTO.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVOS DESPROVIDO. I - O elevado número
de agentes demanda complexa dilação probatória a justificar o desmembramento
do feito. Precedente do INQ 2706, Rel. Min. Menezes Direito. (...). III - Agravos
Regimentais desprovidos.” (STF, Inq 2471 AgR, Relator Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, DJe 25-03-2010)

“DIREITO PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO DE


DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RAZOÁVEL
DURAÇÃO DO PROCESSO. ART. 80, CPP. IMPROVIMENTO. 1. Trata-se de agravo
regimental interposto contra decisão monocrática que determinou a separação do
processo relativamente aos demais acusados, mantendo apenas em relação ao
parlamentar que tem prerrogativa de foro. 2. O art. 129, I, da Constituição da República,
atribui ao Ministério Público, com exclusividade, a função de promover a ação penal
pública (incondicionada ou condicionada à representação ou requisição) e, para tanto, é
necessária a formação da opinio delicti. Como já pontuou o Min. Celso de Mello, "a
formação da "opinio delicti" compete, exclusivamente, ao Ministério Público, em cujas
funções institucionais se insere, por consciente opção do legislador constituinte, o próprio
monopólio da ação penal pública (CF, art. 129, I). Dessa posição de autonomia jurídica
do Ministério Público, resulta a possibilidade, plena, de, até mesmo, não oferecer a
própria denúncia" (HC 68.242/DF, 1ª Turma, DJ 15.03.1991). Apenas o órgão de atuação
do Ministério Público detém a opinio delicti a partir da qual é possível, ou não,
instrumentalizar a persecução criminal (Inq-QO 2.341/MT, rel. Min. Gilmar Mendes,
Pleno, DJ 17.08.2007). 3. Esta Corte vem se orientando no sentido de admitir a
separação do processo com base na conveniência da instrução e na racionalização
dos trabalhos (AP-AgR 336, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.12.2004; AP 351, rel. Min.
Marco Aurélio, DJ 17.09.2004). 4. No caso em questão, a razoável duração do
processo (CF, art. 5°, LXXVIII) não vinha sendo atendida, sendo que as condutas
dos 8 (oito) acusados foram especificadas na narração contida na denúncia. 5.
Relativamente à imputação sobre possível crime de quadrilha, esta Corte já decidiu

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 4/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

que há "a possibilidade de separação dos processos quando conveniente à


instrução penal, (...) também em relação aos crimes de quadrilha ou bando (art.
288, do Código Penal)" (AP-AgR n° 336/TO, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.12.2004).
6. Agravo regimental improvido.” (STF, Inq 2527 AgR, Relator Min. ELLEN GRACIE,
Tribunal Pleno, DJe 25-03-2010)

No mesmo sentido a jurisprudência desta egrégia Corte de Justiça, verbis:

“DIREITO PROCESSUAL PENAL - AGRAVO REGIMENTAL -


ESPECIALIZAÇÃO DE HIPOTECA LEGAL - INQUÉRITOS CORRELATOS - DECISÃO
DE DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO - ART. 80, CPP - REQUISITOS
PRESENTES - DECISÃO MANTIDA. 1. Trata-se de agravo regimental interposto pelo M.
P. D. F. T. contra decisão monocrática que, coerente com as decisões proferidas nos
inquéritos correlatos, determinou a remessa dos autos ao Juízo competente, eis que o
excipiente não detém prerrogativa de função. 2. O art. 80 do CPP prevê a possibilidade
de separação dos processos, mercê da conexão ou continência, quando "as
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes
prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar
conveniente a separação." 3. A atual jurisprudência desta eg. Corte de Justiça e do
col. Superior Tribunal de Justiça, em consonância com o entendimento sufragado
pelo col. Supremo Tribunal Federal, vem se orientando no sentido de admitir a
separação do processo com apoio na conveniência da instrução e na
racionalização dos trabalhos. Precedentes. 4. Os incidentes processuais seguem a
sorte do processo principal. No caso, em sede dos inquéritos correlatos, desmembrou-
se o processo com a remessa ao Juízo competente em relação aos investigados que não
detém prerrogativa de foro, cujas decisões respectivas foram integralmente prestigiadas
pelo eg. Conselho Especial quando do julgamento de Agravos Regimentais interpostos
pelo M. P. D. F. T. Nestes termos, a manutenção da decisão declinatória do feito é
medida que se impõe, sob pena de contradição com a decisão pretérita prolatada pelo
órgão colegiado competente. 5. Recurso conhecido e não provido.” (AGR, Acórdão
552650 (https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?
visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&contro
20110020178233PET, de minha Relatoria, CONSELHO ESPECIAL, data de julgamento:
29/11/2011, publicado no DJE: 5/12/2011. Pág.: 46)

“AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO PENAL. DESMEMBRAMENTO DO


PROCESSO. DECISÃO DO RELATOR DESMEMBRANDO PROCESSO PARA QUE A
AÇÃO PENAL, NO TRIBUNAL, PROSSIGA APENAS CONTRA O RÉU COM
PRERROGATIVA DE FORO. PROSSEGUIMENTO CONTRA OS DEMAIS, SEM
PRERROGATIVA DE FORO, EM PRIMEIRO GRAU, JUÍZO NATURAL. INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 80, PARTE FINAL, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTE TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. A continuidade, no processo, dos cinco denunciados que não desfrutam,
originariamente, da prerrogativa de foro, em face das inúmeras diligências que acarreta e

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 5/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

dos numerosos incidentes que possibilita, sem dúvida retarda o andamento normal do
processo neste Tribunal, que, em face da singularidade do rito das ações penais
originárias, já demanda maior tempo. O princípio do simultaneus processus não é
absoluto, uma vez que sua aplicação é expressamente vedada nos casos descritos no
artigo 79 do Código de Processo Penal e meramente facultativa nas hipóteses do artigo
80. Com efeito, permite o Código de Processo Penal, por seu artigo 80, parte final, a
separação do processo em face de motivo relevante. É o caso dos autos, porque
necessária maior celeridade, só possível com o desmembramento do processo. Atender-
se-á ao reclamo social por maior agilidade, evitando-se eventual prescrição, e ao direito
dos acusados, inscrito na Constituição Federal (artigo 5º, LXXVIII), à razoável duração do
processo, assegurada a celeridade viável na sua tramitação. Ademais, o artigo 80 do
Código de Processo Penal não delimita as fases processuais em que é cabível a
separação facultativa dos processos, não havendo, por isso, que se falar em prejuízo dos
réus, que terão todas as oportunidades legais inerentes ao exercício do princípio do
contraditório e da ampla defesa em seu juízo natural. "... COMPETÊNCIA -
PRERROGATIVA DE FORO - DESMEMBRAMENTO. A racionalidade dos trabalhos do
Judiciário direciona ao desmembramento do processo para remessa à primeira instância,
objetivando a seqüência no tocante aos que não gozem de prerrogativa de foro,
preservando-se com isso o princípio constitucional do juiz natural." (STF - Tribunal Pleno
- AP nº 351/SC - Rel. Min. MARCO AURÉLIO - 12/08/2004 - unânime - In DJ de
17/09/2004, p. 52). Precedentes do Supremo Tribunal Federal e deste Tribunal de
Justiça. Agravo regimental a que se nega provimento.” (20060020070409APN, Relator
MARIO MACHADO, Conselho Especial, DJ 01/02/2007 p. 167)

Rememore-se que o art. 80 do Código de Processo Penal prevê a


possibilidade de separação dos processos, mercê da conexão ou continência. Destina-se
precipuamente a preservar e/ou viabilizar a colheita de provas, a considerar as diversas
circunstâncias - dentre elas, as de tempo e lugar - que os crimes que guardam algum tipo
de conexão possam apresentar. Nessa medida, o preceito legal confere ao magistrado,
sem especificar a fase, se inquisitorial ou se judicial, a faculdade de desmembrar o feito,
permitindo, com tal medida, melhor apuração dos fatos.

Em diversas oportunidades o colendo Supremo Tribunal Federal, nos


processos de competência originária, determinou o desmembramento do feito. Em
fevereiro de 2014, ao analisar agravo regimental interposto no INQ 3515, o Plenário da
Corte Suprema decidiu que o desmembramento do processo será regra geral
quando houver réus sem prerrogativa de foro. Vejamos:

“COMPETÊNCIA – PRERROGATIVA DE FORO – NATUREZA DA


DISCIPLINA. A competência por prerrogativa de foro é de Direito estrito, não se
podendo, considerada conexão ou continência, estendê-la a ponto de alcançar
inquérito ou ação penal relativos a cidadão comum.” (Inq 3515 AgR, Relator: MARCO
AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2014, DJe 13-03-2014)

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 6/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

Em maio de 2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que o foro


por prerrogativa de função se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do
cargo e em razão das funções a ele relacionadas. Eis a ementa do julgado:

“Direito Constitucional e Processual Penal. Questão de Ordem em Ação Penal.


Limitação do foro por prerrogativa de função aos crimes praticados no cargo e em razão
dele. Estabelecimento de marco temporal de fixação de competência. I. Quanto ao
sentido e alcance do foro por prerrogativa 1. O foro por prerrogativa de função, ou foro
privilegiado, na interpretação até aqui adotada pelo Supremo Tribunal Federal, alcança
todos os crimes de que são acusados os agentes públicos previstos no art. 102, I, b e c
da Constituição, inclusive os praticados antes da investidura no cargo e os que não
guardam qualquer relação com o seu exercício. 2. Impõe-se, todavia, a alteração desta
linha de entendimento, para restringir o foro privilegiado aos crimes praticados no
cargo e em razão do cargo. É que a prática atual não realiza adequadamente princípios
constitucionais estruturantes, como igualdade e república, por impedir, em grande
número de casos, a responsabilização de agentes públicos por crimes de naturezas
diversas. Além disso, a falta de efetividade mínima do sistema penal, nesses casos,
frustra valores constitucionais importantes, como a probidade e a moralidade
administrativa. 3. Para assegurar que a prerrogativa de foro sirva ao seu papel
constitucional de garantir o livre exercício das funções – e não ao fim ilegítimo de
assegurar impunidade – é indispensável que haja relação de causalidade entre o crime
imputado e o exercício do cargo. A experiência e as estatísticas revelam a manifesta
disfuncionalidade do sistema, causando indignação à sociedade e trazendo
desprestígio para o Supremo. 4. A orientação aqui preconizada encontra-se em
harmonia com diversos precedentes do STF. De fato, o Tribunal adotou idêntica lógica
ao condicionar a imunidade parlamentar material – i.e., a que os protege por suas
opiniões, palavras e votos – à exigência de que a manifestação tivesse relação com o
exercício do mandato. Ademais, em inúmeros casos, o STF realizou interpretação
restritiva de suas competências constitucionais, para adequá-las às suas finalidades.
Precedentes. II. Quanto ao momento da fixação definitiva da competência do STF 5. A
partir do final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais –
do STF ou de qualquer outro órgão – não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o
motivo. A jurisprudência desta Corte admite a possibilidade de prorrogação de
competências constitucionais quando necessária para preservar a efetividade e a
racionalidade da prestação jurisdicional. Precedentes. III. Conclusão 6. Resolução da
questão de ordem com a fixação das seguintes teses: “(i) O foro por prerrogativa de
função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução
processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será
mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar cargo ou deixar o cargo
que ocupava, qualquer que seja o motivo”. 7. Aplicação da nova linha interpretativa
https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 7/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

aos processos em curso. Ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas


pelo STF e demais juízos com base na jurisprudência anterior. 8. Como resultado,
determinação de baixa da ação penal ao Juízo da 256ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro,
em razão de o réu ter renunciado ao cargo de Deputado Federal e tendo em vista que a
instrução processual já havia sido finalizada perante a 1ª instância.” (AP 937 QO, Relator
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/05/2018, DJe 10-12-2018)

Sobre a matéria, a atual jurisprudência desta egrégia Corte de Justiça e do


colendo Superior Tribunal de Justiça, em consonância com o entendimento da Suprema
Corte, vem decidindo que, em hipóteses semelhantes ao dos autos, em que a grande
maioria dos denunciados não tem foro por prerrogativa de função, bem como por
ser real o risco da verificação da prescrição da pretensão punitiva do Estado em
relação a vários dos crimes narrados na inicial acusatória, o desmembramento do
feito é medida que busca, em verdade, garantir a celeridade e razoável duração do
processo, além de tornar exeqüível a própria instrução criminal de modo a viabilizar
a “persecutio criminis in iudicio”, preservando a observância da ampla defesa e do
princípio do juiz natural.

Na hipótese dos autos, visando à preservação e à viabilização das


investigações em relação aos crimes, em tese, cometidos por aqueles que não
possuem foro por prerrogativa de função, que guardam conexão instrumental com
os crimes, em tese, praticados por Secretário de Estado, o desmembramento é medida
que se impõe, apoiado na permissão legal contida no artigo 80, CPP.

A competência ratione personae deste eg. Conselho Especial, nos termos


do art. 8º, incisos I a VI, do RITJDFT, se verifica, exclusivamente, em razão de 1 (um)
dos denunciados ser Secretario de Estado. A toda evidência, se mostra totalmente
desarrazoada a permanência dos demais denunciados nos autos, podendo
acarretar, como bem destacado nos julgados do c. Supremo Tribunal Federal, prejuízo
para a própria efetividade da persecutio criminis in iudicio. De fato, o risco da
verificação da prescrição da pretensão punitiva do Estado em relação a vários dos
crimes narrados na inicial acusatória é real.

A esperada celeridade ou razoável duração do processo, alçada pela EC nº


45/2004 à categoria de direito fundamental (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição
Federal) se mostra comprometida. Os inúmeros e infindáveis incidentes são
obstáculos à efetiva, célere e adequada prestação jurisdicional. A própria instrução
criminal se mostra problemática. Tal medida do desmembramento torna-se necessária,
a fim de se evitar que a demora no deslinde do feito acabe por gerar impunidade.

Por fim, não há, nem ao menos em tese, como vislumbrar que a
determinação de desmembramento, permanecendo perante essa Corte o feito tão
somente em relação ao denunciado que detém, nesse Tribunal, prerrogativa de foro,
possa de alguma forma gerar prejuízo para a defesa de qualquer dos acusados ou,
ainda, acarretar violação ao princípio do juiz natural.

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 8/9
14/09/2020 · Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

Por todo o exposto, e com apoio em inúmeros precedentes jurisprudenciais,


determino o desmembramento deste processo bem como dos processos conexos,
distribuídos por prevenção a esta Relatoria. Providencie a Secretaria a formação de
novos autos, com cópia integral de tudo que nos originais se contém, para que, neste
egrégio Conselho Especial do TJDFT se prossiga apenas contra o denunciado
FRANCISCO ARAÚJO FILHO (SECRETÁRIO DE SAÚDE – SES/DF), que detém foro
por prerrogativa de função.

Os autos originais serão remetidos à origem – 5ª Vara Criminal de Brasília –


para o prosseguimento da persecução penal em relação aos denunciados que não
detém prerrogativa de foro.

Comunique-se imediatamente ao eminente Ministro Relator dos Habeas


Corpus impetrados pelos denunciados, enviando-lhe cópia da íntegra desta decisão.

Cumpra-se.

P. I. 

            Brasília/DF, 14 de setembro de 2020.


 

Desembargador HUMBERTO ADJUTO ULHÔA

Relator
Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ADJUTO ULHOA
14/09/2020 14:12:36
https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 19619853

2009141412361470000001904894
IMPRIMIR GERAR PDF

https://pje2i.tjdft.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=6d05a142cb795f0ce71ad7db… 9/9

S-ar putea să vă placă și