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Resumo
O jornalismo reconfigura o que é ser/sentir-se saudável na pós-
modernidade. O dispositivo midiático promove o acesso facilitado
e abundante às informações e intervém nas práticas cotidianas,
disseminando o que denominamos saúde imaginada. O objetivo
de nosso estudo é compreender a atuação do jornalismo como
tecnologia do imaginário, para compreender a reconfiguração da
saúde na pós-modernidade. Abordamos as noções de imaginário
pós-moderno (MAFFESOLI, 2001; 2014; 2016) e tecnologias do
imaginário (SILVA, 2012). Nosso corpus é constituído por doze
matérias que abordam a noção de risco. As ocorrências foram
publicadas no site da revista Veja entre o dia primeiro de janeiro e
quinze de março de 2017, na editoria “Saúde”. Na pós-
modernidade, somos submetidos a prescrições e regramentos de
toda ordem que criam ambiência e configuram o cotidiano como
ameaça. A saúde imaginada ultrapassa uma condição
experenciada de disposição física e mental para se transfigurar na
esfera simbólica. O fenômeno tende a ser um estado ansiado,
modulado pela instância científica e, sobretudo, midiática.
Palavras-chave
Jornalismo. Imaginário. Pós-modernidade. Saúde. Risco.
1 Introdução
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estado de ausência de doença, para constituir-se em um bem intangível, simbó lico, ansiado e
associado à s revelaçõ es tecnocientíficas e, sobretudo, midiá ticas. As ciências se dedicam a
descobrir tendências genéticas que nos predisponham a desenvolver doenças, apontam
fatores de riscos para a saú de e relacionam modos de vida saudá veis. Os meios de
comunicaçã o, por sua vez, promovem o acesso facilitado e abundante à s informaçõ es.
O saber biomédico midiatizado redunda em paradoxo. Ao mesmo tempo em que
podemos investir sobre nosso corpo e emoçõ es, a fim de evitar ou retardar o sofrimento,
temos a sensaçã o de vulnerabilidade constante frente à torrente de informaçõ es. Investimos
em algo sob o qual parece que nunca estamos satisfeitos. O corpo, a mente e as emoçõ es se
tornam objetos de cuidados e regulaçõ es que se modificam a cada instante.
Experimentamos uma ambiência em que a saú de paira como ideal a ser perseguido e,
ao mesmo tempo, fonte de preocupaçõ es constantes. As descobertas e pesquisas científicas
nos dã o algumas orientaçõ es sobre o que fazer para viver mais e melhor. A saú de, cuja
expressã o maior é o corpo em boa forma, depende de prescriçõ es e regramentos de toda
ordem.
Como tecnologias do imaginá rio (SILVA, 2012), os meios de comunicaçã o difundem o
ideal de saú de ligado à vitalidade, longevidade e beleza. Ter um corpo saudá vel implica a
gestã o das emoçõ es e capacidade de adiar a gratificaçã o, submeter-se a uma dietética cada
vez mais constritiva e manter-se atualizado sobre as revelaçõ es midiá ticas na á rea da saú de.
O excesso informativo, porém, nos deixa desorientados. O jornalismo no seduz, atrai a
atençã o e nos oferece dicas. No entanto, nã o há como seguir tantas prescriçõ es que se
sucedem e, à s vezes sã o conflitivas, sobre como ser saudá vel e evitar riscos. Em meio ao
turbilhã o de informaçõ es e apelos, a saú de tende a ser muito mais um estado ansiado do que
uma experiência vivenciada.
O artigo parte das noçõ es de imaginá rio pó s-moderno (MAFFESOLI, 2001; 2014;
2016) e tecnologias do imaginá rio (SILVA, 2012) para compreender a reconfiguraçã o da
saú de na pó s-modernidade. Nosso corpus é constituído por doze matérias que abordam a
noçã o de risco. As ocorrências foram publicadas no site da revista Veja entre o dia primeiro
de janeiro e quinze de março de 2017, na editoria “Saú de”.
O imaginá rio é ambiência, construçã o mental que cria vínculos entre as pessoas,
espécie de aura envolvente. O imaginá rio precede o indivíduo, é modificado por ele, tem algo
de racional e irracional e compreende as dimensõ es lú dica, onírica, afetiva e simbó lica. Tais
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[...] Sabemos que essa medicina considera cada corpo como um todo que é
necessá rio tratar como tal, mas é igualmente necessá rio observar que essa
visã o global é frequentemente reduplicada pelo fato de o corpo individual
total ser tributá rio do todo que é a comunidade. [...] (MAFFESOLI, 2014, p.
60).
3 Cotidiano e risco
O conceito de saú de, elaborado pela Organizaçã o Mundial de Saú de (OMS), expressa a
saturaçã o dos valores modernos e a emergência de uma nova sensibilidade. Pela primeira
vez, um consenso entre vá rios países buscou definir o que é ser/sentir-se saudá vel. Até
entã o, as preocupaçõ es recaíam sobre as doenças, procurando a cura ou alívio do mal-estar.
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A carta de princípios da OMS opera uma reviravolta ao definir a saú de como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e nã o somente ausência de afecçõ es e
enfermidades” (OMS, 1946).
A definiçã o recebeu críticas como sendo um estado inatingível e de difícil objetivaçã o.
O que nos interessa neste estudo, no entanto, é a noçã o de saú de como sintoma de uma
mudança de sensibilidade que já se esboçava em meados do século XX e se acentua com o
advento das novas tecnologias de comunicaçã o e informaçã o nos anos 1980. A essa nova
forma de estar no mundo denominamos pó s-modernidade.
A partir de 1950, o avanço tecnocientífico possibilitou que a medicina, além de se
dedicar à cura das patologias, desenvolvesse açõ es para promover a saú de. O preventivismo
modificou as noçõ es de doença e saú de. O desenvolvimento da genô mica e da epidemiologia
possibilitou a antecipaçã o do diagnó stico nas células. Instala-se a virtualidade como a
tendência de vir a ter algum mal. “O que se descobre, entã o, nã o é a doença já constituída,
mas, sim, o que indica a sua mais ou menos prová vel manifestaçã o futura.” (VAZ, 2012, p.
48).
A noçã o de risco tornou o cotidiano uma ameaça constante. Os perigos que abreviam a
existência e causam sofrimento tendem a se disseminar por toda parte. As prá ticas habituais
se revelam viciosas e nocivas à saú de humana. Se a condiçã o física predispuser a algum mal,
resta a tentativa de reparar as consequências.
Baseados em estudos experimentais, a pesquisa sobre os fatores de risco procura
controlar todas as variá veis e estabelecer uma relaçã o de causa e efeito. A complexidade dos
fenô menos é reduzida, atribuindo-se uma média abstrata que deverá ser relativizada
quando aplicada. “Esses ‘apagamentos’ nã o sã o neutros, as opçõ es metodoló gicas sã o
condicionadas por concepçõ es de mundo, valores, necessidades. Os instrumentos e as
técnicas de pesquisa produzem uma forma pró pria de compreender a realidade [...].”
(CZERESNIA; MACIEL; OVIEDO, 2016, p. 78).
Nos anos 1970, fatores como a biologia humana, meio ambiente e estilos de vida
passaram a ser considerados elementos que interferem nas condiçõ es de saú de e
determinam os fatores de risco. No entanto, tal abordagem possui limitaçõ es.
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consumir informaçõ es para alcançar a boa forma, gerir as emoçõ es, descobrir os possíveis
perigos à saú de e regrar os há bitos cotidianos.
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ritualizado para figurar como notícia. As formas corporais têm proeminência e revelam o
cuidado do indivíduo consigo mesmo. Se a vida é paradoxal e misteriosa, o discurso
jornalístico dá coerência aos fenô menos complexos.
A mídia estabelece relaçõ es de causa e efeito, produz um relato simplificado sobre o
cotidiano a fim de dinamizar a comunicaçã o.
O imaginá rio é uma aura que permeia a sociedade, constituindo suas esferas mais
racionais. Em uma sociedade marcada pelo paradoxo e o conflito, o imaginá rio permite a
convivência dos inconciliá veis. Enquanto a abstraçã o racional requer a univocidade, a
coerência, a explicaçã o de tudo; o imaginá rio está na esfera da compreensã o, comporta a
ambivalência, a contradiçã o e a incerteza. (SILVA, 2012).
Acrescentamos a esses campos, o domínio do jornalismo como processo de apreensã o
da realidade que ultrapassa o racional, o controle e a realidade objetiva. Ainda que fundado
no racional, o dispositivo remete à sensaçã o, evoca experiências e lembranças que
impulsionam as prá ticas sociais. O ato comunicacional, portanto, relaciona-se a uma
anterioridade que permite a partilha de sentidos. “[...] O fato jornalístico nã o é algo que se
estude somente a partir deste ou daquele dado histó rico e desta ou daquela conjunçã o
econô mica, mas levando-se em conta um imaginá rio específico que permitiu sua ocorrência.”
(BARROS, 2010, p. 130).
Compreendemos o jornalismo como tecnologia do imaginá rio (SILVA, 2012). Trata-se
de um dispositivo que, calcado nos fatos, emprega a técnica pró pria da profissã o para
modificar, desvelar e atribuir sentido ao mundo. O jornalismo opera também por meio da
seduçã o, agrega pessoas em torno de sentidos comuns e produz o imaginá rio que tende a se
consolidar na sociedade. “[...] as tecnologias do imaginá rio buscam mais do que a informaçã o
(mitologia do jornalismo): trabalham pela povoaçã o do universo mental como sendo um
territó rio de sensaçõ es fundamentais. [...]”. (SILVA, 2012, p. 22).
A tecnociência aponta os fatores de risco para a saú de, e a mídia promove o acesso
facilitado e abundante à s informaçõ es. O dispositivo jornalístico tangibiliza a virtualidade do
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perigo em notícias que atraiam a atençã o porque parecem operar uma reviravolta no
cotidiano. Há bitos comuns passam a representar ameaças aos indivíduos.
O objetivo de nosso estudo é compreender a atuaçã o do jornalismo como tecnologia
do imaginá rio, reconfigurando a saú de na pó s-modernidade. Abordamos as noçõ es de
imaginá rio pó s-moderno (MAFFESOLI, 2001; 2014; 2016) e tecnologias do imaginá rio
(SILVA, 2012). Observamos as 257 matérias publicadas no site da revista Veja entre o dia
primeiro de janeiro e quinze de março de 2017, na editoria “Saú de”. Selecionamos as
ocorrências que fizessem mençã o a riscos na saú de e obtivemos doze textos.
Entre as doze matérias selecionadas, seis delas se relacionam à alimentaçã o. A revista
alerta para o perigo de risco de morte ao se comer a fruta lichia em grandes quantidades; o
risco de câ ncer que as pessoas correm ao cozinhar arroz, o risco de engordar ao se comer
em restaurantes; e o perigo das dietas. A revista alerta ainda para os riscos das embalagens
de fast food e destaca que o iogurte pode ser um aliado no combate à depressã o.
Os títulos promovem o efeito de generalizaçã o. Situaçõ es pontuais se estendem para a
populaçã o em geral a fim de atrair a atençã o do internauta. A matéria intitulada “Lichia pode
matar, afinal? Entenda a polêmica” enfoca a situaçã o paroxística da morte de crianças na
Índia e discute um estudo científico publicado sobre a ingestã o da fruta.
Mesmo tratando de um país distante, com costumes específicos e uma populaçã o
infantil pobre e desnutrida, a revista brasileira resolveu tratar do assunto. O texto esclarece
que nã o há motivos para preocupaçõ es, em outras palavras, nã o há risco para a saú de se
consumida a fruta de modo equilibrado. “Mas, a lichia seria capaz de fazer mal? De acordo
com a nutricionista Gisele Paiva, sim. Mas em condiçõ es extremas.” (VIDALE, 3 fev 2017). A
matéria produz alarme sobre algo muito específico e fora dos padrõ es de consumo habituais
e por uma populaçã o restrita.
A matéria intitulada “O modo como você faz arroz pode prejudicar sua saú de” nos
alerta para o perigo do arsênico contido no cereal que é liberado na á gua durante o
cozimento. O texto interpela o internauta sobre o modo de preparo do alimento.
Como você costuma cozinhar o arroz? Se você utiliza o dobro de á gua para
a quantidade de arroz, você pode estar colocando sua vida em risco.
Segundo especialistas, o arroz pode conter vestígios de arsênico, uma
substâ ncia altamente tó xica que pode trazer diversos riscos para a saú de.
(VEJA, 8 FEV 2017).
Apesar do tom alarmista, já que o texto se refere ao modo mais comum de se cozinhar
arroz, a matéria alude à possibilidade de o alimento conter a substâ ncia tó xica e, a exemplo
da matéria anterior, o risco ocorre devido ao consumo do produto em grandes quantidades.
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A exposiçã o crô nica ao arsênico foi associada a uma série de risco à saú de,
incluindo problemas de desenvolvimento, doenças cardíacas, diabetes,
danos ao sistema nervoso e até mesmo aos câ nceres de pulmã o e bexiga.”
(VEJA, 8 fev 2017).
Que atire a primeira pedra quem nunca foi em busca de “novidades” para
perder peso. Tã o tentadoras quanto perigosas, dietas e suas variá veis
parecem surgir a cada instante, assim como alimentos tachados de
“milagrosos” no auxílio da luta contra a balança. (VEJA, 9 jan 2017).
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os autores, as crianças sã o as que correm mais risco pela ingestã o destas substâ ncias, pois
seus corpos ainda em desenvolvimento estã o mais vulnerá veis a químicos tó xicos”. (VEJA, 2
fev 2017).
O imaginá rio pó s-moderno revela a premência da forma corporal, relacionando-a a
valores como felicidade e autoestima. Frente à responsabilizaçã o, o indivíduo consome
notícias para se manter informado sobre as descobertas e novidades que anunciam riscos à
saú de. As notícias revelam as ameaças entranhadas em nosso cotidiano e a necessidade
crescente de se manter alerta e mudar os há bitos.
Como afirma Michel Serres (2012), vivemos a felicidade do corpo que se liberta do
tormento físico do sofrimento e da morte precoce. Entretanto, podemos afirmar que a
profusã o de matérias alertando para os riscos à saú de, produz uma ambiência que incita
sensaçõ es como desorientaçã o, ansiedade, medo do futuro, insegurança, entre outras.
A abundâ ncia de informaçõ es e regramentos deixa o indivíduo desorientado. A saú de
tende a ser muito mais um estado ansiado, virtualmente programá vel do que experenciado.
A saú de imaginada concerne aos desejos, crenças, expectativas, valores e prá ticas que visam
instituir um estado equilibrado de bem-estar físico e mental. No entanto, em meio a tantas
prescriçõ es, demandas e ameaças, a saú de paira como atmosfera que nos impele a consumir
notícias e nos regrar continuamente.
A saú de imaginada mobiliza açõ es e repercute nas banalidades cotidianas. A busca
pela saú de se torna quase um dever moral, resultado da gestã o eficaz do corpo. Como
tecnologia do imaginá rio, o jornalismo amplifica o interesse, a curiosidade, a expectativa e o
medo em torno das ameaças potenciais. “Este mal-estar da civilizaçã o que compreende as
ameaças, os medos e os riscos, se apresenta em diferentes temas como a crise e o fim”.
(MARTINS, 2011, p. 19).
A matéria sobre iogurte revela que o produto pode ser um aliado no combate à
depressã o. O estresse é um fator de risco para o desenvolvimento do transtorno. Embora a
pesquisa tenha sido realizada apenas em ratos, o texto realça os aspectos do
comportamento dos camundongos como extensivos aos humanos. A matéria finaliza
advertindo os leitores: “Embora nã o haja mal em pessoas com depressã o comerem iogurte,
em hipó tese alguma elas devem parar o tratamento sem consultar seus médicos”. (VEJA, 10
mar 2017).
A matéria apresenta a esperança de a pesquisa descobrir o controle da depressã o sem
o uso de psicotró picos e apenas através da mudança do bioma. A soluçã o parece ultrapassar
o domínio das ciências: “Seria má gico apenas mudar sua dieta, mudar as bactérias que você
ingere, e consertar sua saú de – e seu humor”, disse Alban Gaultier, coordenador do estudo”.
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(VEJA, 10 mar 2017). Apesar dos esforços da tecnociência, a doença mental permanece
incó gnita, um fenô meno nebuloso.
Duas matérias se referem ao risco relacionados à natureza bioló gica masculina: a
possibilidade de ter filhos com doenças mentais devido à idade avançada, e ao risco de ficar
calvo devido à baixa estatura e descendência. O texto intitulado “A idade do pai tem impacto
na saú de do bebê, afinal?” pretende esclarecer a dú vida.
A matéria parte do caso do ator George Clooney, de 55 anos, para atrair a atençã o. No
entanto, o final do texto aponta que nem sempre os problemas genéticos sã o a ú nica fonte
de preocupaçõ es. As pessoas dã o importâ ncia à s piadas decorrentes da paternidade em
idade avançada. O subtítulo “Pai ou avô ?” alude à s brincadeiras cotidianas e desvirtua o foco
da matéria. A banalidade, entretanto, desperta sensaçõ es e faz repensar sobre as prá ticas e
condiçã o bioló gica.
A ocorrência intitulada “Saiba por que homens baixos correm mais risco de serem
calvos” se propõ e a esclarecer o assunto de maneira didá tica. O texto interpela o internauta
em tom conversacional, atraindo a atençã o.
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As regras e técnicas do campo científico, cada vez mais definidas por uma
necessidade de produçã o (tantos artigos por ano), assim como as regras do
campo jornalístico, marcadas pela necessidade do “furo”, da sensaçã o e do
“extraordiná rio”, estã o formatando o conhecimento. (SILVA, 2009, p,14).
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A atividade jornalística nos oferece um produto para consumo imediato, mas que nã o
possui grande relevâ ncia social. Além de a prá tica estar circunscrita à intimidade, nã o
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parece produzir tantos riscos quanto se alardeou. Como tecnologia do imaginá rio, o
jornalismo opera por seduçã o, impacto, excedendo a funçã o pragmá tica de informar.
Você passa o dia todo navegando nas redes sociais? Talvez seja hora de
parar ou, pelo menos, diminuir. De acordo com um estudo publicado nesta
segunda-feira no perió dico científico American Journal of Preventive
Medicine, acessar redes sociais como Facebook, Twitter, Snapchat e
Instagram por mais de duas horas por dia dobra a probabilidade de alguém
se sentir isolado. (VEJA, 6 mar 2017).
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6 Considerações finais
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Referências
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Matérias citadas
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Embalagens de fast-food prejudicam a saú de, diz estudo. Veja. 2 fev 2017. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/saude/embalagens-de-fast-food-prejudicam-a-saude-diz-
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Exercício intenso pode afetar a libido do homem. Veja. 10 mar 2017. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/saude/exercicio-intenso-diminui-a-libido-no-homem/ >. Acesso:
17 mar 2017.
Gengibre? Goji Berry? Os mitos das dietas de emagrecimento. Veja, 9 jan 2017. Disponível
em: <http://veja.abril.com.br/saude/gengibre-goji-berry-os-mitos-das-dietas-de-
emagrecimento/>. Acesso: 15 jan 2017.
Iogurte pode ter efeito no tratamento da depressã o, diz estudo. Veja, 10 mar 2017.
Disponível em: < http://veja.abril.com.br/saude/iogurte-pode-ter-efeito-no-tratamento-da-
depressao-diz-estudo/>. Acesso: 12 mar 2017.
Mais de 2 horas diá rias de rede social faz mal à saú de. Veja, 6 mar 2017. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/saude/mais-de-2-horas-diarias-de-rede-social-faz-mal-a-saude/>.
Acesso: 18 mar 2017.
O modo como você faz arroz pode prejudicar sua saú de. Veja, 8 fev 2017. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/saude/o-modo-como-voce-faz-arroz-pode-prejudicar-sua-
saude/>. Acesso: 12 fev 2017.
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Título do artigo
Por que o jeans ‘skinny’ pode ser a causa de sua dor nas costas. Veja, 14 mar 2017.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/saude/por-que-o-jeans-skinny-pode-ser-a-causa-
de-sua-dor-nas-costas/>. Acesso: 16 mar 2017.
Quer perder peso? Evite comer em restaurantes, diz estudo. Veja, 12 mar 2017. Disponível
em: < http://veja.abril.com.br/saude/quer-perder-peso-evite-comer-em-restaurantes-diz-
estudo/>. Acesso: 13 mar 2017.
Saiba por que homens baixos correm mais risco de serem calvos. Veja, 10 mar 2017.
Disponível em: < http://veja.abril.com.br/saude/saiba-quem-corre-maior-risco-de-
calvicie/>. Acesso: 12 mar 2017.
VIDALE, Giulia. ‘Chuva dourada’: fetiche de urinar no parceiro traz risco à saú de. Veja. 17 jan
2017. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/saude/chuva-dourada-fetiche-de-urinar-
no-parceiro-traz-risco-a-saude/>. Acesso: 27 jan 2017.
______. Lichia pode matar, afinal? Entenda a polêmica. Veja, 3 fev 2017. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/saude/lichia-pode-matar-afinal-entenda-a-polemica/>. Acesso: 6
fev 2017.
Abstract
Journalism reconfigures what it is to be / feel healthy in
postmodernity. The media device promotes the easy and
abundant access to the information and intervenes in the daily
practices, disseminating what we call imagined health. The
purpose of our study is to understand the work of journalism as
a technology of the imaginary, to understand the
reconfiguration of health in postmodernity. We approach the
notions of postmodern imaginary (MAFFESOLI, 2001; 2014;
2016) and imaginary technologies (SILVA, 2012). Our corpus
consists of twelve stories that address the notion of risk. The
events were published on Veja's website between January 1 and
March 15, 2017, in the "Saúde" magazine. In postmodernity, we
are subjected to prescriptions and regulations of every order
that create ambiance and configure daily life as a threat.
Imagined health surpasses an experienced condition of physical
and mental disposition to transfigure itself into the symbolic
sphere. The phenomenon tends to be a desired state,
modulated by the scientific and, above all, mediatic instance.
Keywords
Journalism. Imaginary. Postmodernity. Health. Risk.
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