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º 12 — 18 de Janeiro de 2011
2 — Estabelecer que as medidas do Plano, durante a Requisito de Boa Governação, composta por 19 medi-
sua aplicação, deverão ser coordenadas com as demais das;
políticas sectoriais pertinentes. Área estratégica n.º 2 — Independência Económica,
3 — Designar a Comissão para a Cidadania e a Igual- Mercado de Trabalho e Organização da Vida Profissional,
dade de Género (CIG) como entidade coordenadora do Familiar e Pessoal, constituída por 10 medidas;
Plano, a quem compete designadamente: Área estratégica n.º 3 — Educação e Ensino Superior e
Formação ao Longo da Vida, integra cinco medidas;
a) Definir um planeamento anual das actividades a de- Área estratégica n.º 4 — Saúde, composta por seis me-
senvolver no âmbito do Plano; didas;
b) Acompanhar as medidas constantes do Plano e soli- Área estratégica n.º 5 — Ambiente e Organização do
citar às entidades responsáveis informações sobre o grau Território, integra quatro medidas;
de execução das mesmas; Área estratégica n.º 6 — Investigação e Sociedade do
c) Garantir a estreita colaboração com os demais ser- Conhecimento, constituída por três medidas;
viços e organismos directamente envolvidos na sua exe- Área estratégica n.º 7 — Desporto e Cultura, composta
cução; por cinco medidas;
d) Pronunciar-se, quando solicitada, sobre medidas le- Área estratégica n.º 8 — Media, Publicidade e Marke-
gislativas relativas à igualdade de género, cidadania e não ting, integra três medidas;
discriminação; Área estratégica n.º 9 — Violência de Género, composta
e) Pronunciar-se, quando solicitada, sobre matérias por cinco medidas;
relativas à igualdade de género, cidadania e não discri- Área estratégica n.º 10 — Inclusão Social, integra
minação; quatro medidas;
f) Elaborar relatórios intercalares anuais sobre o grau Área estratégica n.º 11 — Orientação Sexual e Identi-
de execução das medidas, deles dando conhecimento ao dade de Género, constituída por quatro medidas;
membro do Governo de que depende; Área estratégica n.º 12 — Juventude, composta por
g) Elaborar um relatório final de execução do Plano, sete medidas;
dele dando conhecimento ao membro do Governo de que Área estratégica n.º 13 — Organizações da Sociedade
depende. Civil, constituída por cinco medidas;
Área estratégica n.º 14 — Relações Internacionais,
4 — Determinar que a CIG, na sua acção enquanto Cooperação e Comunidades Portuguesas, integra 17 me-
entidade coordenadora, é apoiada pelas conselheiras e didas.
conselheiros para a igualdade que integram a secção in-
terministerial do conselho consultivo da CIG. CAPÍTULO I
5 — Determinar que os encargos orçamentais decorren-
tes da aplicação da presente resolução são suportados por Enquadramento geral
dotações provenientes do orçamento da CIG, sem prejuízo A igualdade entre mulheres e homens e a não discrimi-
de as medidas a cargo das outras entidades identificadas nação constituem princípios fundamentais da Constituição
no Plano serem suportadas pelos respectivos orçamentos. da República Portuguesa e do Tratado que institui a União
Presidência do Conselho de Ministros, 15 de Dezembro Europeia — Tratado de Lisboa.
de 2010. — O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho O IV Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cida-
Pinto de Sousa. dania e não Discriminação, 2011-2013, é o instrumento de
políticas públicas de promoção da igualdade e enquadra-
ANEXO -se nos compromissos assumidos por Portugal nas várias
instâncias internacionais e europeias, com destaque para
a Organização das Nações Unidas (ONU), o Conselho da
IV PLANO NACIONAL PARA A IGUALDADE — GÉNERO,
Europa (CoE) e a União Europeia (UE). Em qualquer des-
CIDADANIA E NÃO DISCRIMINAÇÃO
tas organizações a estratégia de integração da dimensão de
género em todas as políticas e programas, mainstreaming
Sumário executivo
de género, é um princípio fundamental de boa governação.
O presente Plano estrutura-se em três capítulos. O capí- A Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948,
tulo I («Enquadramento geral») contextualiza a temática no enuncia que «todas as pessoas nascem livres e iguais em
plano internacional e nacional. O capítulo II («Metodologia dignidade e direitos», e que devem ter a «capacidade para
de operacionalização») apresenta a metodologia de ope- gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De-
racionalização e de monitorização do Plano. O capítulo III claração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,
(«Áreas estratégicas») explicita as 14 áreas estratégicas cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
que compõem o Plano, bem como os objectivos que se natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento,
visam com cada uma das áreas, incluindo as grelhas que ou qualquer outra condição».
sistematizam as medidas propostas, as entidades envolvi- No quadro das Nações Unidas, a Convenção sobre a
das na execução das medidas, o público alvo, bem como Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
os indicadores de resultado. Mulheres (CEDAW) foi adoptada em 1979 e ratificada sem
Por sua vez, cada área estratégica integra um deter- reservas por Portugal em 1980. Os Estados Parte assumem
minado número de medidas conducentes à obtenção dos o compromisso de incluir nas suas respectivas legislações
objectivos a alcançar: o princípio da igualdade entre mulheres e homens; de eli-
minar todas as formas de discriminação, legais ou outras,
Área estratégica n.º 1 — Integração da Dimensão de contra as mulheres; de garantir o seu total desenvolvimento
Género na Administração Pública, Central e Local, como em todas as áreas, principalmente política, civil, econó-
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mica, social e cultural, de modo a assegurar o exercício princípio que decorre dos direitos da pessoa humana e que
dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, tendo as discriminações com base no sexo constituem entraves
acordado ainda promover por todos os meios e de forma ao reconhecimento, ao gozo e ao exercício dos direitos
célere uma política para a concretização da igualdade de humanos e das liberdades fundamentais. Em 2009, adoptou
facto entre mulheres e homens. O Protocolo Opcional desta a Declaração «Tornar a igualdade uma realidade», assu-
Convenção, de 1999, aumenta a eficácia deste instrumento, mindo o compromisso com a realização de uma igualdade
permitindo a apresentação de queixas por alegadas viola- de facto entre mulheres e homens.
ções dos direitos estabelecidos na Convenção. Ao nível da União Europeia, a Carta dos Direitos Fun-
Este Plano observa também os compromissos decorren- damentais consagra a igualdade entre todas as pessoas
tes da Plataforma de Acção de Pequim (PAP) relativamente perante a lei e a proibição da discriminação em razão,
às 12 áreas críticas, designadamente, o empoderamento designadamente, do sexo, raça, cor ou origem étnica ou
das mulheres, a centralidade da política para a igualdade social, características genéticas, língua, religião ou crença,
entre mulheres e homens na estrutura da governação e a opiniões políticas ou outras, pertença a uma minoria nacio-
sua transversalidade em todas as outras políticas. nal, riqueza, nascimento, deficiência, idade ou orientação
Observa ainda os compromissos decorrentes das De- sexual, bem como a obrigação de garantir a igualdade entre
clarações Políticas de Pequim + 5, Pequim + 10 e Pe- homens e mulheres em todos os domínios.
quim + 15, nos quais as questões relativas às mulheres e à O Plano enquadra-se ainda em orientações estratégicas
igualdade de género são encaradas no âmbito das grandes como a Estratégia para a Igualdade entre Mulheres e Ho-
questões mundiais. Entre elas figuram, nomeadamente, a mens, 2010-2015, o Pacto Europeu para a Igualdade de
globalização económica e comunicacional, as alterações Género, 2006, e a Carta das Mulheres, 2010. A Estratégia
demográficas e os fluxos migratórios ligados a conflitos para a Igualdade fixa seis grandes domínios prioritários
armados, o flagelo da VIH/sida, violações específicas de para a acção comunitária, nomeadamente a igualdade na
direitos fundamentais, como o tráfico de pessoas e dife- independência económica, a igualdade de remuneração por
rentes formas de violência em função do sexo. trabalho igual ou de valor igual, a igualdade na tomada de
Tem ainda em consideração os compromissos decorren- decisão, promover a dignidade e a integridade e pôr fim à
tes dos documentos adoptados noutras grandes conferên- violência de género, a igualdade entre mulheres e homens
cias e cimeiras mundiais das Nações Unidas, nas quais o na acção externa e as questões horizontais. Estes domínios
enfoque da igualdade de género esteve presente. A Confe- integram os papéis desempenhados por homens e mulheres,
rência do Rio de Janeiro sobre as Questões de Ambiente e a legislação, a governação e os instrumentos no domínio
Desenvolvimento (1992); a Conferência de Viena sobre os da igualdade de género.
Direitos Humanos (1993); a Conferência do Cairo sobre A Estratégia da União Europeia para o Emprego e o
População e Desenvolvimento (1994); a Conferência de Crescimento — Europa 2020, de 2010, consagra a nova
Copenhaga sobre o Desenvolvimento Social (1995), e a estratégia da União Europeia para o emprego e um cres-
Conferência de Istambul sobre a Situação das Mulheres e cimento inteligente, duradoiro e inclusivo, considerando
do Habitat (1996). que um dos objectivos gerais das políticas de emprego
Enquadra-se nos Objectivos de Desenvolvimento do deverá ser o de elevar para 75 % a taxa de emprego das
Milénio (ONU, 2000), em especial o objectivo n.º 3 «Pro- mulheres e homens com idades compreendidas entre os
mover a igualdade de género e o empoderamento das mu- 20 e os 64 anos até ao ano 2020.
lheres», quer enquanto objectivo específico, quer enquanto Estas orientações consagram ainda a imprescindibilidade
objectivo transversal e requisito para o cumprimento de da adopção do mainstreaming de género na implementa-
todos os outros ODM. ção da Estratégia 2020, as quais deverão encontrar a sua
Portugal juntou-se também ao grupo de países que tradução nos programas nacionais de reforma elaborados
adoptaram um plano de acção para a implementação da por cada Estado membro.
Resolução n.º 1325 do Conselho de Segurança das Nações O IV PNI enquadra-se nos compromissos assumidos
Unidas, sobre mulheres, paz e segurança, que tem em nas directivas da União Europeia pertinentes para esta
linha de conta as Resoluções n.os 1820, 1888 e 1889, as temática e observa as conclusões do Conselho Emprego,
quais representam um passo fundamental sobre o papel Saúde, Política Social e Consumo (EPSCO), em particu-
das mulheres em situação de conflitos, nos processos de lar no que se refere aos indicadores definidos ao nível da
paz e na luta contra a violência das quais são as principais UE com vista ao acompanhamento das áreas críticas da
vítimas. Plataforma de Acção de Pequim.
Segue também as orientações contidas na Declaração Ainda no quadro da UE destaca-se a implementação
sobre Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade do Instituto Europeu para a Igualdade de Género, onde
de Género, de 2008, assinada pelo Estado Português e apre- Portugal participa quer ao nível do conselho de adminis-
sentada em paralelo com a realização da Assembleia Geral tração, quer do grupo de peritos e peritas, permitindo uma
da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. harmonização das políticas e indicadores europeus com
O IV PNI desenvolver-se-á ainda no quadro da recente a estratégia nacional. De igual modo, a representação de
criação da Entidade para a Igualdade de Género e Empo- Portugal na Agência Europeia dos Direitos Fundamentais
deramento das Mulheres, UN Women, onde se reafirma o concorre também para o intercâmbio ao nível das políticas
compromisso e a vontade das Nações Unidas em acelerar e de não discriminação.
o seu trabalho no empoderamento das mulheres e o reforço No âmbito destes compromissos, o Estado Português
desta agenda no seio da própria ONU, ao conferir o cargo está vinculado a apresentar relatórios periódicos ao Comité
de subsecretária-geral à liderança desta nova entidade. CEDAW, ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações
Ao nível do Conselho da Europa, a Declaração sobre a Unidas (UPR) e ao Conselho Económico e Social das
Igualdade das Mulheres e dos Homens, adoptada em 1988 Nações Unidas (ECOSOC). Em 2008, discutiu os VI e
pelo Comité de Ministros, afirma claramente que este é um VII relatórios no Comité CEDAW sobre as áreas críticas da
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PAP; em 2009 apresentou no UPR o relatório da revisão racional, dos quais se destacam, pela sua transversalidade,
periódica universal sobre o cumprimento dos Tratados de a execução do Plano Nacional de Emprego, o Programa
Direitos Humanos; e em 2010 apresentou o relatório volun- de Reorganização da Administração Central do Estado,
tário ao ECOSOC sobre políticas nacionais de igualdade o Plano Tecnológico, o Programa Simplex, o Programa
e cooperação para o desenvolvimento. Nacional da Política de Ordenamento do Território e o
As recomendações dirigidas a Portugal decorrentes des- Plano Nacional para a Igualdade.
tes mecanismos estão integradas neste Plano. Neste contexto o Programa Operacional do Potencial
Os recentes avanços alcançados relativamente à promo- Humano (POPH) integrou um eixo temático que promove
ção da igualdade de género foram bastante significativos, a igualdade de género implicando um reforço financeiro
traduzidos no reconhecimento internacional através do com o objectivo de potenciar o desenvolvimento de polí-
Global Gender Gap Report — 2010, do Fórum Económico ticas públicas integradas de igualdade e cidadania como
Mundial, com a subida de Portugal do 46.º para o 32.º lugar, requisito de justiça social e condição essencial para um
entre 134 países. desenvolvimento sustentável.
A criação da Secretaria de Estado da Igualdade, no O envolvimento dos municípios, de associações empre-
quadro do XVIII Governo Constitucional, representa o sariais, parceiros sociais, organizações da sociedade civil e
reconhecimento e o compromisso político para com uma de vários sectores da Administração Pública proporcionou
área que, além de garantir sustentabilidade ao desenvol- uma dinâmica de promoção da igualdade e combate a todo
vimento do país, promove uma maior justiça social para o tipo de discriminações baseadas no género, com vista à
todas as pessoas. construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
As conquistas no domínio legislativo dos últimos anos, A promoção de Planos para a Igualdade na Administra-
onde se destaca a Lei da Paridade, traduzem não só a ção Pública, Central e Local, sustentada pela aprovação
importância que as políticas de igualdade assumiram no dos respectivos estatutos das conselheiras e conselheiros
nosso país, bem como a consolidação do sistema demo- para a igualdade, bem como nas empresas, públicas e
crático português. privadas, e noutras organizações em geral, visa moderni-
Em 2009, com a aplicação desta lei pela primeira vez aos zar a cultura das organizações, colocando as pessoas no
três actos eleitorais, registou-se um aumento significativo centro da sua acção. Estes Planos contribuem ainda para
de uma representação equilibrada de mulheres e homens uma efectiva igualdade de tratamento e de oportunidades
no Parlamento Europeu, na Assembleia da República e nos entre mulheres e homens, para a eliminação da segregação
municípios, o que, para além de qualificar a democracia, horizontal e vertical e promoção da conciliação entre a
constituiu ainda a concretização de um dos mais elemen- vida pessoal, familiar e profissional. Constituem-se, assim,
tares princípios de justiça social. como instrumentos alicerçados em práticas inovadoras de
O III Plano Nacional para a Igualdade, Cidadania e responsabilidade social.
Género (2007-2010), que agora finda, promoveu o desen- Fortes inovações foram ainda introduzidas pela revisão
volvimento de um quadro de consolidação das políticas do Código do Trabalho em matéria de conciliação entre a
públicas no domínio da igualdade de género e da cidadania, vida pessoal, familiar e profissional, ao promover a licença
contribuindo para a redução do fosso existente entre o de parentalidade enquanto incentivo à partilha das respon-
papel atribuído às mulheres no desenvolvimento do país sabilidades familiares entre mulheres e homens. A licença
e a possibilidade efectiva que lhes é dada para tomarem de parentalidade inicial passou a poder ser de cinco meses
parte nas decisões que as afectam e que afectam toda a remunerados a 100 % ou seis meses a 83 % quando pelo
sociedade. menos um dos meses for gozado de forma exclusiva por
A Comissão para a Igualdade e para os Direitos das cada um dos progenitores.
Mulheres (CIDM) deu lugar à CIG, cuja Lei Orgânica Ao nível do combate à violência doméstica e de género,
procurou responder às profundas alterações sociais e po- a Lei n.º 112/2009,de 16 de Setembro, representa um marco
líticas da sociedade em matéria de igualdade de género. importante ao consolidar o sistema de protecção das ví-
Correspondeu a um novo paradigma no olhar sobre a igual- timas e o combate à violência doméstica, promovendo a
dade entre mulheres e homens, evoluindo da esfera dos adopção de medidas estratégicas em relação à prevenção,
direitos das mulheres para a da cidadania plena assente às situações de risco, à qualificação de profissionais e à
na igualdade de género, convocando mulheres e homens intervenção em rede. A lei promove, deste modo, a articula-
para a sua efectivação. ção entre as medidas de apoio judicial, de encaminhamento
Neste novo quadro, a CIG integrou a Estrutura de Mis- social e laboral e de acesso aos cuidados de saúde, numa
são contra a Violência Doméstica, reforçando o combate à lógica de proximidade, envolvendo municípios, parceiros
violência de género, bem como as atribuições da Comis- sociais e organizações da sociedade civil.
são para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) A revisão do Código Penal, de Setembro de 2007, re-
no domínio da promoção da igualdade entre mulheres e presenta também um novo progresso no combate à vio-
homens no trabalho e no emprego. lência doméstica, definindo um novo tipo legal de crime
Em Portugal, a coincidência do Ano Europeu da Igual- (artigo 152.º). De igual modo foi alargado o conceito de
dade de Oportunidades para Todos — 2007 com a Presi- tráfico de seres humanos à exploração sexual, laboral e
dência Portuguesa do Conselho da União Europeia poten- extracção de órgãos, bem como criminalizada a retenção,
ciou a integração, nas políticas da igualdade de género, dos ocultação e dano de documentos.
valores da não discriminação e valorização da diversidade Ao nível do regime jurídico que regula a entrada, per-
enquanto princípios estruturantes de coesão nacional. manência, saída e afastamento de cidadãs e cidadãos es-
O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) trangeiros de território nacional, Lei n.º 23/2007, de 4 de
e respectivos programas operacionais temáticos são hoje Julho, as vítimas do crime de tráfico passaram a merecer
instrumentos essenciais para concretização dos principais protecção especial, criando-se, para o efeito, um regime
programas governamentais de natureza estratégica e ope- especial de concessão de autorização de residência.
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Na linha do combate à discriminação em função da reforçando a articulação com os planos e programas nacio-
orientação sexual e identidade de género foi ainda apro- nais sectoriais, nomeadamente o Plano para a Integração
vada a Lei n.º 9/2010, de 31 de Maio, que permite o ca- de Imigrantes (PII), o Plano Nacional de Acção para a
samento civil entre pessoas do mesmo sexo, constituindo Inclusão (PNAI), o Plano Tecnológico, o Plano Nacional
um passo significativo na proclamação dos princípios da de Saúde (PNS), o Plano de Acção para a Integração das
igualdade e da não discriminação e da dignificação da Pessoas com Deficiências ou Incapacidade (PAIPDI), o
pessoa humana. Plano Nacional de Leitura (PNL), o Programa de Alar-
Ao nível da saúde sexual e reprodutiva, destacam-se a
Lei n.º 16/2007, de 17 de Abril, que despenaliza a inter- gamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), o
rupção voluntária da gravidez nas primeiras 10 semanas Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Economia
assegurada por serviços públicos, e a Lei n.º 32/2006, de Social (PADES), o Programa Nacional de Reformas (PNR),
26 de Julho, que regula a utilização de técnicas de pro- o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Ter-
criação medicamente assistida, bem como a integração no ritório (PNOPT), além do QREN, 2007-2013, e todos os
Serviço Nacional de Saúde da vacina contra o cancro do seus programas operacionais temáticos.
colo do útero e do preservativo feminino. O IV PNI assenta numa tripla abordagem. Por um lado,
Ainda durante o III PNI foi forte a aposta feita no apro- o reforço da transversalização da dimensão de género,
fundamento do conhecimento para apoiar a tomada de mainstreaming de género, de modo a garantir a sua inte-
decisão por parte do poder central, regional e local na gração em todos os domínios de actividade política e da
definição de políticas e intervenção na área da igualdade. realidade social, para se construir uma cidadania plena
A criação do Observatório de Género, dinamizado pela nas esferas pública e privada, integradora da dimensão
CIG, constitui um sistema integrado de informação e co- da igualdade de género e da não discriminação como re-
nhecimento nos vários domínios de acção política.
quisitos para a boa governação. Por outro, a conjugação
Promoveu-se um estudo sobre «Género e pobreza»,
focado na análise da pobreza no feminino em Portugal e desta estratégia com acções específicas, incluindo acções
na definição de indicadores capazes de apreender a multi- positivas, destinadas a ultrapassar as desigualdades que
dimensionalidade e a complexidade do fenómeno. afectam as mulheres em particular. E ainda, a introdução da
O estudo sobre «Mulheres imigrantes empreendedoras» perspectiva de género em todas as áreas de discriminação,
veio colmatar uma lacuna na produção de conhecimento prestando um olhar particular aos diferentes impactos desta
sobre o empreendedorismo e a imigração, incidindo sobre junto dos homens e das mulheres.
as estratégias empresariais e de autonomia económica O alargamento e a consolidação da rede de municípios,
protagonizadas pelas mulheres que escolheram Portugal que promovem a igualdade de género, a cidadania e a não
como país de acolhimento. discriminação, contribuirão para a revitalização do tecido
O estudo sobre o «Tráfico de mulheres para fins de ex- social, o reforço da competitividade e a promoção do de-
ploração sexual» contribuiu para a compreensão das dinâ- senvolvimento. A sociedade civil organizada constituir-se-á
micas e tendências actuais de fenómeno, a identificação de também como uma parceira estratégica na implementação
áreas, instrumentos e agentes, de modo a possibilitar uma
das políticas públicas de igualdade e não discriminação.
melhor intervenção preventiva, a protecção das vítimas e
a repressão do crime. Esta estratégia de territorialização e integração da pers-
O estudo sobre «Violência de género» permitiu perceber, pectiva de género em todos os domínios da acção política
pela primeira vez, as especificidades da violência contra as nacional, regional e local permitir-nos-á, no âmbito deste
mulheres e da violência contra os homens e compreender IV PNI, fazer a passagem da igualdade de jure para a
as condicionantes estruturais da violência de género. igualdade de facto.
O estudo «Género, ambiente e território» traçou o es- O IV PNI prevê a adopção de um conjunto de 97 medi-
tado da arte sobre as relações de género nos domínios do das estruturadas em torno de 14 áreas estratégicas:
ambiente e território, tendo criado um conjunto de indica-
dores e um guia para a implementação de uma estratégia 1) Integração da Dimensão de Género na Administração
de territorialização do mainstreaming de género. Pública, Central e Local, como Requisito de Boa Gover-
O estudo na área «Orientação sexual e identidade de nação;
género» resultou de uma investigação inovadora que, pela 2) Independência Económica, Mercado de Trabalho, e
primeira vez, analisou a evolução institucional e cientí- Organização da Vida Profissional, Familiar e Pessoal;
fica do fenómeno, assim como os percursos e padrões de 3) Educação e Ensino Superior e Formação ao Longo
discriminação. da Vida;
Os avanços ao nível legislativo, o aumento do conheci- 4) Saúde;
mento, a articulação estruturada das intervenções, a territo- 5) Ambiente e Organização do Território;
rialização das acções e a cooperação entre os três sectores 6) Investigação e Sociedade do Conhecimento;
da sociedade proporcionam-nos um quadro de afirmação 7) Desporto e Cultura;
das políticas de igualdade e não discriminação em Portugal 8) Media, Publicidade e Marketing;
que o IV PNI procurará reforçar e consolidar.
O IV Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cida- 9) Violência de Género;
dania e não Discriminação surge num momento de grande 10) Inclusão Social;
crise económica e financeira ao nível nacional e inter- 11) Orientação Sexual e Identidade de Género;
nacional e pretende afirmar a igualdade como factor de 12) Juventude;
competitividade e desenvolvimento. 13) Organizações da Sociedade Civil;
Este Plano visa garantir sustentabilidade às políticas 14) Relações Internacionais, Cooperação e Comunida-
definidas e intensificar o carácter inovador das acções, des Portuguesas.
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Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
1 Implementar em cada ministério um PCM Decisores(as) políticos(as) e Ministérios com planos para a igual-
plano para a igualdade tendo em vista GSEI dirigentes da Administração dade.
integrar a dimensão da igualdade de CIG Pública. Ministérios que apresentaram à tutela da
género no organismo. Todos os ministérios e Conselheiras e conselheiros para igualdade um relatório intercalar e um
organismos públicos a igualdade. relatório final de execução do Plano.
Equipas interdepartamentais de Relatório de avaliação dos planos para a
cada ministério. igualdade por ministério.
2 Garantir a integração da perspectiva de MFAP Decisores(as) políticos(as) e Programas que integram a perspectiva de
género nos programas e acções, sempre PCM dirigentes da Administração género.
que se justifique, na área da moderniza- GSEMA Pública.
ção da administração pública central. GSEI
CIG
3 Integrar a dimensão da igualdade de gé- PCM Conselheiras e conselheiros para Diploma legislativo.
nero, cidadania e não discriminação GSEI a igualdade. Ministérios que integram a dimensão da
nos objectivos de cada ministério e na CIG Equipas interdepartamentais de igualdade de género, cidadania e não
carta de missão dos(as) dirigentes da cada ministério. discriminação nos seus objectivos.
Administração Pública, bem como nos Lista de dirigentes em cuja carta de missão
planos de actividades e relatórios de são integrados como objectivos os com-
cada organismo no âmbito dos planos promissos assumidos pelo ministério no
para a igualdade. âmbito dos planos para a igualdade.
Lista de organismos que integram a di-
mensão da igualdade de género, cidada-
nia e não discriminação nos seus planos
de actividades e relatórios.
4 Reforçar a figura e as funções dos(as) PCM Decisores(as) políticos(as) e Relatório de avaliação de desempenho do
conselheiros(as) para a igualdade e das GSEI dirigentes de todos os minis- exercício da função de conselheiro(a)
equipas interdepartamentais. CIG térios. para a igualdade e das equipas interde-
partamentais de cada ministério.
5 Promover a formação em igualdade de PCM Dirigentes da Administração Número de acções de formação para diri-
género, cidadania e não discriminação GSEI Pública. gentes em que o módulo foi integrado
no âmbito dos cursos para dirigentes GSEAP relativamente ao número total de acções
da Administração Pública, através da CIG de formação inicial e contínua.
inclusão de um módulo sobre esta INA Número de dirigentes que concluíram a
matéria na sua formação inicial e con- formação e dados desagregados por
tínua. sexo.
7 Promover a formação em igualdade de PCM Conselheiras e conselheiros para Número total de acções de formação re-
género, cidadania e não discrimina- GSEI a igualdade e ou membros alizadas.
ção das conselheiras e dos conselheiros GSEAP das equipas interdepartamen- Número de conselheiras(os) para a igual-
para a igualdade e ou membros das INA tais da administração pública dade e ou membros das equipas inter-
equipas interdepartamentais da Admi- CIG central. departamentais da administração central
nistração Pública. que concluíram a formação.
8 Assegurar a realização de acções de for- PCM Funcionários(as) e agentes da Número de acções de formação inicial e
mação inicial e contínua em matéria GSEI Administração Pública. contínua em matéria de igualdade de
de igualdade de género, cidadania e CIG género, cidadania e não discriminação
não discriminação solicitadas por cada Todos os ministérios realizadas.
ministério. Número de pessoas que concluíram as
acções de formação por ministério, de-
sagregado por sexo.
9 Elaborar e acompanhar a implementação PCM Conselheiras e conselheiros para Número de instrumentos de gestão sen-
de instrumentos de gestão sensíveis ao GSEI a igualdade e ou membros síveis ao género elaborados e imple-
género para utilização das conselheiras GSEAP das equipas interdepartamen- mentados.
e dos conselheiros para a igualdade e CIG tais da administração pública
ou membros das equipas interdeparta- INA central.
mentais da administração central.
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Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
10 Processo legislativo: PCM Juristas responsáveis pelo pro- Número de acções de formação.
GSEI cesso legislativo. Número de participantes por ministério
a) Promover acções de formação em
CIG desagregado por sexo.
igualdade de género a juristas res-
CEJUR Número de diplomas que integram a aná-
ponsáveis pelo processo legislativo,
Todos os ministérios lise do impacto de género em função do
incluindo a avaliação do impacto.
número total de diplomas.
b) Avaliar o impacto de género nas
iniciativas legislativas.
11 Construir e implementar um instrumento PCM Decisores(as) e dirigentes do Número de iniciativas de orçamento sen-
para determinar o impacto das despesas GSEI Ministério das Finanças e da síveis ao género realizadas com base no
realizadas pelos ministérios e serviços MFAP Administração Pública. instrumento criado.
da Administração Pública na promoção CIG Relatório de avaliação do impacto de gé-
da igualdade de género, tendo em vista GPEARI nero das iniciativas realizadas.
o desenvolvimento de iniciativas de or- INA
çamento sensíveis ao género — gender
budgeting.
12 Criar instrumento legal que garanta a PCM Todos os ministérios . . . . . . . . Instrumento legal aprovado e regulamen-
integração da variável «sexo» nas es- GSEI tado.
tatísticas da Administração Pública que GSEAP Número de serviços da Administração
reportem a pessoas. CIG Pública que apresentam estatísticas
INE que reportem a pessoas desagregadas
por sexo.
13 Promover a recolha de dados desagrega- PCM Todos os ministérios . . . . . . . . Dados disponibilizados pela DGAEP.
dos por sexo das diferentes categorias GSEI
de dirigentes e chefias na Administra- GSEAP
ção Pública e no sector empresarial do CIG
Estado pela DGAEP. INE
14 Promover a integração no dossier de gé- PCM Todos os serviços com respon- Áreas críticas da Plataforma de Acção de
nero do INE dos indicadores adoptados GSEI sabilidade de produção esta- Pequim incluídas no dossier de género
pelo Conselho EPSCO para monitori- GSEAP tística da AP. do INE.
zar a implementação das medidas con- CIG Lista de novos indicadores, adoptados
tidas nas áreas críticas da Plataforma INE pelo Conselho EPSCO para o acom-
de Acção de Pequim. panhamento da Plataforma de Acção
de Pequim integrados no dossier de
género do INE.
Relatórios do INE que incluem os indica-
dores das áreas críticas da Plataforma
de Acção de Pequim.
15 Actualizar os conteúdos do Portal para PCM Decisores(as) políticos(as), di- Número dos(as) utilizadores(as) do Portal
a Igualdade e monitorizar a sua uti- GSEI rigentes e funcionários(as) da para a Igualdade.
lização. CIG Administração Pública. Número e caracterização das áreas presen-
Todos os ministérios Público em geral . . . . . . . . . . . tes no Portal para a Igualdade.
16 Fomentar a implementação de práticas PCM Organismos da administração Organismos da Administração Pública que
não discriminatórias da linguagem na GSEAP central. utilizam linguagem não discriminatória
Administração Pública e na comuni- GSEPCM nos documentos produzidos e sítios de
cação institucional, de acordo com a CIG Internet.
Resolução do Conselho do Ministros DGAEP
n.º 161/2008, de 22 de Outubro.
Objectivo:
Integração da dimensão da igualdade de género e das práticas de cidadania na administração pública local como
requisito de boa governação.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
17 Promover a elaboração e a aprovação de PCM Decisores(as) políticos(as) Municípios com planos municipais para
planos municipais para a igualdade, GSEI autárquicos(as). a igualdade.
nomeadamente através de financia- GSEAL Funcionários(as) da administra-
mentos da tipologia 7.2 do eixo n.º 7 CIG ção local.
do POPH. Municípios Conselheiras e conselheiros lo-
cais para a igualdade.
304 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
18 Promover a nomeação de conselheiras ou GSEI Decisores(as) políticos(as) Municípios com conselheiras ou conse-
conselheiros locais para a igualdade, de GSEAL autárquicos(as). lheiros locais para a igualdade.
acordo com o estatuto aprovado pela CIG Número de municípios que apresentam
Resolução do Conselho de Ministros Municípios relatório das iniciativas no âmbito da
n.º 39/2010, de 25 de Maio. RCM n.º 39/2010, de 25 de Maio.
19 Promover a formação em igualdade de PCM Conselheiras e conselheiros lo- Número total de acções de formação reali-
género, cidadania e não discriminação GSEI cais para a igualdade. zadas para a administração local.
para as conselheiras e conselheiros lo- GSEAL Número de conselheiras e conselheiros
cais para a igualdade. CIG locais para a igualdade que concluíram
CEFA a formação.
Área estratégica n.º 2 — Independência Económica, assimetrias salariais. Reforçar a igualdade no plano em-
Mercado de Trabalho presarial traduzir-se-á em ganhos significativos ao nível
e Organização da Vida Profissional, Familiar e Pessoal
da satisfação dos trabalhadores e das trabalhadoras e da
A área da independência económica é assumida como própria competitividade da empresa.
um pré-requisito essencial para que mulheres e homens A promoção do empreendedorismo feminino tem cons-
possam fazer escolhas genuínas e livres, exercendo o con- tituído outro dos objectivos da política em curso, com o
trolo sobre as suas próprias vidas, como consta na Estraté- intuito de incentivar o auto-emprego e as iniciativas empre-
gia Europeia para a Igualdade entre Mulheres e Homens, sariais por parte das mulheres. Promover a sua formação
2010-2015. Neste contexto, o IV PNI procura promover as profissional na área da gestão, através de financiamento
condições objectivas e subjectivas favoráveis à igualdade específico e recurso ao microcrédito, tal como previsto
de oportunidades e de tratamento no mercado de trabalho, no programa PADES, assim como promover o associa-
na conciliação entre a esfera profissional, a vida familiar e tivismo empresarial de mulheres, nomeadamente através
pessoal, bem como no domínio dos usos do tempo. da criação de redes de produtos e serviços, utilizando as
O sector empresarial representa uma parte importante novas tecnologias como forma de divulgação de práticas
da vida económica nacional, tendo o bom governo das promissoras na área do empreendedorismo, são estratégias
empresas um valor económico e social fundamental, quer que este IV PNI deve reforçar.
para as próprias empresas, quer para a economia em que Na Agenda da Competitividade do QREN, o empreen-
se inserem. A adopção de planos para a igualdade, con- dedorismo feminino surge pelo reconhecimento do con-
forme definido nas Resoluções do Conselho de Ministros tributo positivo que aporta a um conceito mais moderno e
n.os 49/2007, de 28 de Março, e 70/2008, de 22 de Abril, abrangente de produtividade e de competitividade, sendo
tende a promover a igualdade de tratamento e de oportu- encarado como factor de inovação do tecido empresarial
nidades entre homens e mulheres e a eliminar as discri- nacional.
minações e a permitir a conciliação entre a vida familiar, Na Agenda Operacional do Potencial Humano do
profissional e pessoal. As empresas detidas pelo Estado QREN, o apoio ao empreendedorismo, associativismo e
devem cumprir a missão e os objectivos que lhes tenham criação de redes empresariais de actividades económicas
sido determinados, de forma económica, financeira, social geridas por mulheres reforçou a agenda da igualdade, ao
e ambientalmente eficiente, atendendo aos parâmetros exi- promover a cidadania, incentivar a responsabilidade social,
gentes de qualidade, procurando salvaguardar e expandir a promover o conhecimento científico e estimular a criação
sua competitividade com respeito pelos princípios de ser- e qualidade do emprego, bem como a promoção activa
viço público, satisfação das necessidades da colectividade, e sustentada da igualdade de oportunidades. Trata-se de
responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. uma aposta decisiva na sustentabilidade dos projectos de
Diversos são os estudos e relatórios internacionais, negócio. As mulheres e o empreendedorismo feminino
McKinsey entre outros, que revelam uma boa relação entre devem estar no centro da procura de soluções para a crise
a diversidade de género e o bom desempenho financeiro económica que atravessamos.
das empresas contempladas, demonstrando ainda que as De igual modo, o programa Novas Oportunidades
empresas com três ou mais mulheres nos conselhos de constitui-se como instrumento privilegiado de capacitação
administração foram aquelas que obtiveram melhores re- e reconhecimento de competências de homens e mulheres.
sultados e estão em melhores condições para introduzir Mais qualificação torna acessíveis a todos e a todas as
novos estilos de liderança, ao nível do desenvolvimento do mesmas oportunidades de conhecimento.
pessoal, da gestão de expectativas e da partilha de papéis Apesar dos progressos a que temos vindo a assistir,
e práticas exemplares. em que se constata uma tendência geral de redução das
A implementação e disseminação de planos para a desigualdades entre homens e mulheres no emprego,
igualdade nas empresas e a promoção de boas práticas de mesmo que de forma tímida, as dificuldades com que as
igualdade, como se tem vindo a fazer através do Prémio mulheres tradicionalmente se deparam na conciliação das
«Igualdade é qualidade» constituiu um objectivo central suas responsabilidades familiares e laborais e os entraves
desta área estratégica no sentido de se promover uma re- estereotipados à participação masculina na esfera domés-
presentação equilibrada de homens e mulheres nos diversos tica continuam a representar um dos maiores obstáculos
níveis hierárquicos da decisão, bem como a promoção de à igualdade de género.
políticas de conciliação entre a vida familiar, profissional O combate às desigualdades de género no mercado de
e pessoal para mulheres e homens, e ainda a redução das trabalho e na conciliação da vida pessoal, profissional e
Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011 305
familiar é uma responsabilidade que tem de ser assumida de novos papéis de género afigura-se como um vector central
forma tripartida — Estado, sindicatos e entidades patronais, da cidadania activa e plena, passando pela valorização e
quer de forma individual, quer através da concertação social vivência dos afectos e do cuidar no espaço privado, no caso
ao nível da Comissão Permanente de Concertação Social. dos homens, e pela concretização da autonomia económica
É através de compromissos negociados e firmados pelos e participação efectiva na vida profissional e pública, em
parceiros sociais, mas também através de políticas públicas geral, no que diz respeito às mulheres.
de apoio às famílias, que o caminho da igualdade neste A promoção da igualdade, enquanto factor de desen-
contexto se constrói de forma consolidada e eficaz. volvimento e competitividade, passa pela continuidade e
As políticas sociais continuam a assumir-se como um reforço da qualificação profissional de homens e mulheres,
dos eixos de intervenção mais directo das políticas públi- empreendedorismo feminino e políticas de conciliação
cas, enquanto factor de coesão social e de igualdade entre entre a vida familiar, profissional e pessoal.
os portugueses e as portuguesas. A aposta no PARES, um Esta área estratégica integra 10 medidas.
dos principais pilares na promoção da igualdade entre Objectivos:
homens e mulheres no trabalho e no emprego, permitiu
promover a conciliação entre a vida pessoal, familiar e Promover o empreededorismo feminino;
profissional. Promover a conciliação entre a vida profissional, fami-
Destaca-se ainda a importância da paternidade próxima liar e pessoal para mulheres e homens;
e da co-parentalidade, consentâneas com a promoção das Reduzir as assimetrias salariais;
novas masculinidades e feminilidades. A consolidação de Promover planos para a igualdade nas empresas.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
21 Promover o empreendedorismo feminino PCM Mulheres que queiram criar o seu Número de mulheres beneficiárias da ti-
através de formação, consultoria e do GSEI próprio negócio. pologia.
apoio à constituição de redes de asso- CIG Entidades promotoras de empre- Número de empresas criadas por mulheres
ciativismo empresarial, nomeadamente endedorismo. no âmbito da tipologia.
através de financiamentos no âmbito da Número de entidades promotoras abran-
tipologia 7.6 do eixo n.º 7 do POPH. gidas.
22 Promover o empreendedorismo feminino PCM Mulheres qualificadas que Número de mulheres beneficiárias dos
qualificado, nomeadamente através de GSEI queiram criar o seu próprio financiamentos do POFC.
financiamentos no âmbito do POFC. MEID negócio. Número de empresas criadas por mulheres
CIG no âmbito do POFC.
23 Apoiar o empreendedorismo feminino PCM Mulheres que queiram criar o seu Número de mulheres beneficiárias
através do estabelecimento de proto- GSEI próprio negócio. de microcrédito no âmbito do(s)
colos que facilitem o acesso ao crédito, MTSS protocolo(s).
designadamente ao microcrédito. MEID Número de empresas criadas por mulheres
CIG no âmbito do(s) protocolo(s).
CASES
IAPMEI
24 Promover o emprego feminino no sector MOPTC Trabalhadores(as) do sector . . . Percentagem de mulheres empregadas em
dos transportes em postos de trabalho cada domínio do sector dos transpor-
tradicionalmente ocupados exclusiva- tes — marítimo, terrestre e aéreo.
mente por homens.
25 Promover a implementação de planos PCM Decisores(as) e dirigentes das Número de planos para a igualdade imple-
para a igualdade nas organizações em GSEI organizações em geral. mentados nas organizações em geral no
geral, nomeadamente através de finan- CIG âmbito da tipologia 7.2.
ciamentos no âmbito da tipologia 7.2 Número de pessoas abrangidas pelos pla-
do eixo n.º 7 do POPH. nos para a igualdade nas organizações
em geral no âmbito da tipologia 7.2
(desagregado por sexo).
26 Promover boas práticas em igualdade de PCM Decisores(as) e dirigentes das Número de empresas (sector público e pri-
género, nomeadamente as que promo- GSEI empresas do sector público vado) e outras organizações selecciona-
vem a redução das assimetrias sala- MTSS e privado e das organizações das para a atribuição do prémio.
riais, nas empresas do sector público CIG em geral. Relatório de avaliação do impacto das
e privado, bem como nas organizações CITE campanhas de sensibilização junto do
em geral, através da utilização dos re- sector empresarial (sector público e
ferenciais existentes, da atribuição de privado) e outras organizações.
distinções, designadamente o Prémio
«Igualdade é qualidade», e de campa-
nhas de sensibilização.
306 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
27 Promover a utilização da licença parental PCM Público em geral . . . . . . . . . . . Avaliação da evolução do número de ho-
por parte dos homens. GSEI mens que utiliza a licença parental (nas
MTSS suas várias vertentes).
CIG
CITE
28 Conferir visibilidade ao valor do traba- PCM Decisores(as) políticos(as) e eco- Avaliação comparativa da evolução dos re-
lho não remunerado de apoio à vida GSEI nómicos. sultados do inquérito face ao anterior.
familiar, através da realização de um GSEAP Dirigentes da administração pú-
inquérito nacional aos usos do tempo CIG blica central e local.
por homens e mulheres. INE Público em geral . . . . . . . . . . .
CITE
Área estratégica n.º 3 — Educação, Ensino Superior tivas escolares consubstanciadas nos cursos de educação
e Formação ao Longo da Vida e formação (CEF) e nos cursos profissionais.
O investimento na qualificação dos recursos humanos é Conferiu-se, assim, uma atenção especial à educação
um factor crucial de modernização e de desenvolvimento, para a cidadania no desenvolvimento da estratégia do
exigindo a utilização das potencialidades, capacidades e mainstreaming de género, visando as práticas educativas
saberes de todos os membros da sociedade. A educação e as dinâmicas escolares, a incorporação da temática da
constitui o sustentáculo das políticas para a igualdade e igualdade entre mulheres e homens nos currículos e nos
a garantia de continuidade das alterações que ainda são conteúdos programáticos, bem como nos projectos edu-
necessárias à vida que mulheres e homens compartilham. cativos.
A incorporação da diversidade nas escolas deve ser A concepção e a produção de publicações e de outro
entendida como evidência da realidade humana, onde a tipo de materiais visaram a divulgação científica dos es-
igualdade de género deve definir o eixo estruturante da tudos de género e dos estudos sobre as mulheres e o apoio
construção das relações entre crianças e jovens de ambos à prática docente, em áreas como o desporto escolar, a
os sexos. Tais relações exigem uma educação que valo- saúde, as tecnologias de informação e comunicação (TIC),
rize, de forma inequívoca, as dimensões pública e privada a educação para os media e a orientação vocacional. Si-
da vida humana e o desenvolvimento de competências multaneamente, na sequência da Lei n.º 47/2006, de 28 de
e de saberes individuais necessários a cada uma dessas Agosto, produziram-se recomendações para a avaliação e
dimensões. Para isso, a educação deverá alicerçar-se no a concepção, na perspectiva de género, de produtos educa-
combate aos estereótipos de género que continuam a en- tivos e, em especial, de manuais escolares. Neste âmbito,
formar os currículos, as práticas educativas e pedagógicas, salienta-se a produção, publicação, divulgação online e dis-
a formação dos diversos agentes educativos, os diversos tribuição de dois guiões de educação «Género e cidadania»,
tipos de materiais didácticos e pedagógicos, bem como destinados à educação pré-escolar e ao 3.º ciclo, projecto
a cultura organizacional e os circuitos comunicacionais desenvolvido em colaboração com a Direcção-Geral de
das escolas. Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), do
A eliminação de estereótipos de género deve constituir, Ministério da Educação. O POPH permitiu consolidar e
portanto, uma prioridade da educação e da formação, para reforçar esta estratégia de intervenção na educação.
que raparigas e rapazes possam ter iguais possibilidades No quadro das parcerias com a DGIDC foi possível a
e direitos de escolha ao longo do seu percurso escolar e concretização da primeira publicação do Ministério da
profissional, na construção dos seus projectos de vida ou Educação sobre a dimensão de género em educação, na
nas respectivas participações, a todos os níveis, na vida área específica do software educativo, bem como o acom-
económica, social e política. panhamento de escolas piloto traduzido no estabelecimento
O trabalho realizado na área da educação enquadra-se de diversos protocolos.
nas alterações do sistema educativo, nomeadamente no que A importância estratégica de uma educação que vise a
se refere à importância conferida, quer à educação para a igualdade entre raparigas e rapazes está igualmente patente
cidadania nos ensinos básico e secundária, quer às alterna- nos Objectivos Estratégicos e Recomendações para um
Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011 307
Plano de Acção de Educação para a Cidadania Global, parceria com a Universidade de Coimbra, destinado a mães
que resultou do Fórum Educação para a Cidadania, pro- e pais, cursos do ensino superior em Ciências da Educação
movido pela Ministra da Educação e pelo Secretário de e Estudos de Género e Estudos sobre as Mulheres.
Estado da Presidência do Conselho de Ministros, entre Esta área estratégica integra cinco medidas.
2006 e 2008. Objectivos:
No contexto da educação não formal, salienta-se a ampla Promover medidas específicas para a integração da
divulgação de um guia destinado às famílias sobre as estra- igualdade de género no sector da educação, em todos os
tégias de promoção da igualdade de género, produzido em níveis de ensino e formação ao longo da vida.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
30 Promover acções de formação sobre PCM Profissionais de educação dos Número de acções de formação acredita-
igualdade de género, incluindo as GSEI vários níveis educativos e co- das realizadas.
questões da violência de género e do CIG munidades educativas. Percentagem de formandas(os) que fina-
tráfico de seres humanos, nomeada- OSC Outros públicos estratégicos, tais lizam as acções de formação por área
mente através de financiamentos no como forças de segurança, profissional (desagregado por sexo).
âmbito da tipologia 7.4 do eixo n.º 7 magistrados/as, juristas, ad-
do POPH. vogados/as, profissionais de
saúde, técnicos(as) de serviço
social, entre outros.
31 Realizar o aperfeiçoamento, certificação PCM Entidades formadoras acredi- Número de formadores(as) que possuem
e aplicação de referenciais de forma- GSEI tadas. o certificado de aptidão profissional em
ção de formadores(as) e de formação MTSS igualdade de género (desagregado por
inicial e contínua em igualdade de CIG sexo).
género, bem como a certificação de IEFP
aptidão profissional de formadores(as) ANQ
em igualdade de género.
32 Criar uma bolsa de formadoras(es) e PCM Organismos da administração Existência de uma bolsa de formadores(as)
peritos(as) em igualdade de género e GSEI pública, central e local, par- e de peritos(as).
não discriminação que possam apoiar CIG ceiros sociais e organizações Entidades que beneficiaram de formação e
na formação de públicos estratégicos da sociedade civil. apoio dado por membros da bolsa.
bem como no desenvolvimento, imple-
mentação e avaliação de programas e
projectos neste âmbito.
33 Produzir, divulgar e acompanhar a apli- PCM Instituições educativas, editoras, Tipo e número de instrumentos produzi-
cação de instrumentos que promovam GSEI autoras(es), associações de dos.
a igualdade de género e a cidadania ME editoras, associações de do- Tipo e número de iniciativas de divulgação
junto dos(as) alunos(as): MCTES centes e instituições de ensino e de acompanhamento realizadas.
a) Implementar os guiões para igual- CIG superior. Número de materiais pedagógicos produ-
dade no pré-escolar e 3.º ciclo; zidos e adoptados por instituições de
b) Elaborar e implementar os guiões ensino que integram a perspectiva da
para os 1.º e 2.º ciclo. igualdade de género.
34 Fomentar a incorporação do conhecimento PCM Decisores(as) e dirigentes de en- Número de cursos de graduação e de pós-
científico produzido nos domínios dos GSEI tidades educativas do ensino -graduação do ensino superior que in-
estudos de género e dos estudos sobre ME superior. tegram conhecimento científico neste
as mulheres nos currículos dos cursos MCTES domínio.
de graduação e de pós-graduação do CIG Número de estudantes abrangidos (dados
ensino superior, no actual quadro do desagregados por sexo).
Acordo de Bolonha.
Área estratégica n.º 4 — Saúde determinante em saúde e o impacto de género não é apenas
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as consequência das condições sócio-económicas, mas das
desigualdades entre grupos sociais em todas as áreas e desigualdades de género.
especialmente em matéria de saúde são «política, social e Ao nível da saúde sexual e reprodutiva, destaca-se a
economicamente inaceitáveis». entrada em vigor da lei da interrupção voluntária da gravi-
As desigualdades em saúde não são uma inevitabilidade dez (Lei n.º 16/2007, de 17 de Abril), que despenalizou «a
se integrarmos a perspectiva de género na definição das interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua
políticas de saúde ao nível do acesso e da prestação de direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficial-
cuidados. mente reconhecido e com o consentimento da mulher grá-
As desigualdades sócio-económicas, a maior vulnera- vida». A ordem jurídica reconheceu, assim, a plena autono-
bilidade das mulheres a situações de pobreza, o acesso mia da vontade da mulher no que diz respeito à procriação.
ao emprego, os horários prolongados, as dificuldades de Também na área da procriação medicamente assistida se
conciliação e a ausência de tempos de lazer têm de ser têm prosseguido esforços. Através da Lei n.º 32/2006, de
tidos em consideração na definição de uma política de 26 de Julho, é regulada a utilização de técnicas de procria-
saúde que integre a perspectiva de género. O género é ção medicamente assistida, criando-se o Conselho Nacio-
308 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
nal de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), que A formação de profissionais de saúde em igualdade de
funciona no âmbito da Assembleia da República. género e não discriminação afigura-se como uma condição
Salienta-se, igualmente, a integração no Serviço Na- fundamental para que se diminuam as desigualdades em
cional de Saúde (SNS) da vacinação contra infecções por saúde.
vírus do papiloma humano. Este programa garante que Destacam-se ainda, nos programas da cooperação para
o acesso de todas as jovens à vacina contra o cancro do o desenvolvimento o combate ao VIH/sida, através do
colo do útero não depende das condições económicas das lançamento de uma campanha nacional para o incentivo
respectivas famílias. Esta é uma importante medida que do uso do preservativo feminino, bem como a Campanha
responde aos problemas e às assimetrias sociais que, in- «Nenhuma mulher deve morrer por dar vida», que visa
felizmente, ainda persistem no nosso país, garantindo, ao contribuir para o objectivo n.º 5 — Melhorar a saúde ma-
mesmo tempo, a igualdade de oportunidades para todas terna dos objectivos de desenvolvimento do milénio, que
as jovens portuguesas. Os benefícios de introduzir esta é aquele que apresenta menores progressos.
vacina no sistema de vacinação nacional irão incidir sobre Será ainda de realçar os protocolos que têm sido esta-
as mulheres e as suas famílias durante várias gerações. belecidos entre a CIG, a Comissão de Coordenação para
Para prevenir a violência doméstica salienta-se o lança- a Saúde Mental e a Comissão Nacional de Protecção a
mento de uma experiência piloto na área da saúde e que diz Crianças e Jovens e com a saúde (ARS e DGS), que vi-
respeito à implementação no âmbito de cada administração sam a integração da perspectiva de género nas diversas
regional de saúde de uma rede de serviços multidisciplina- intervenções que se pretendem efectuar.
res de detecção, encaminhamento e intervenção adequada Por último o reforço da articulação deste Plano com
que promove uma abordagem integrada das diversas pro- o Plano Nacional de Saúde implica que neste último se
blemáticas associadas à violência doméstica. O SNS já reforce a integração da perspectiva de género no acesso
assegura, ainda, a prestação de assistência directa à vítima e prestação de cuidados, bem como na educação sexual
de violência doméstica com isenção do pagamento de e saúde sexual e reprodutiva, para que se aumentem os
taxas moderadoras, mas prevê-se, agora, a existência de ganhos em saúde.
gabinetes de atendimento e tratamento clínico com vista à Esta área estratégica integra seis medidas.
prevenção do fenómeno da violência doméstica. Objectivos:
Ainda no quadro da violência de género foi dado es-
pecial enfoque à mutilação genital feminina (MGF) atra- Promover as igualdades em saúde;
vés do Programa para a Eliminação da Mutilação Genital Promover a saúde sexual e reprodutiva;
Feminina. Um dos resultados deste programa traduziu-se Combater a feminização do VIH/sida;
na publicação de um manual de boas práticas para profis- Acompanhar a implementação da lei da interrupção
sionais de saúde. voluntária da gravidez.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
35 Promover acções de sensibilização so- PCM Profissionais de saúde . . . . . . . Número de acções de sensibilização rea-
bre saúde e género no âmbito da saúde GSEI Profissionais de educação dos lizadas.
sexual e reprodutiva centrada nos se- GSEJD vários níveis educativos. Número de pessoas abrangidas (desagre-
guintes temas: MS Dirigentes e funcionários(as) da gado por sexo).
ME administração pública central Número e tipo de entidades abrangidas
a) Eliminação dos estereótipos de gé-
CIG e local da área da saúde. pelas acções de sensibilização e for-
nero;
IPJ Organizações da sociedade civil mação.
b) Planeamento familiar, contracepção
Agrupamentos de Público em geral . . . . . . . . . . .
e interrupção voluntária da gravi-
centros de saúde
dez;
OSC
c) Atendimento não discriminatório
(igualdade de género, orientação
sexual e identidade de género).
36 Promover acções de sensibilização so- PCM Profissionais de saúde . . . . . . . Número de acções de sensibilização rea-
bre saúde e género tendo em conta as GSEI Dirigentes e funcionários(as) da lizadas.
especificidades de género no acesso e MS administração pública central Número de pessoas abrangidas (desagre-
tipos de cuidados de saúde. CIG e local da área da saúde. gado por sexo).
Agrupamentos de Organizações da sociedade civil Número e tipo de entidades abrangidas
centros de saúde pelas acções de sensibilização e for-
OSC mação.
37 Promover acções de sensibilização sobre PCM Profissionais de saúde . . . . . . . Número de acções de sensibilização rea-
saúde e género no âmbito dos cuidados GSEI Dirigentes e funcionários(as) da lizadas.
a prestar em situações de: MS administração pública central Número de pessoas abrangidas (desagre-
CIG e local da área da saúde. gado por sexo).
a) Violência de género, nomeadamente
Agrupamentos de Organizações da sociedade civil Número e tipo de entidades abrangidas
mutilação genital feminina;
centros de saúde pelas acções de sensibilização e for-
b) Violência doméstica.
OSC mação.
38 Acompanhar a aplicação da lei da inter- PCM Dirigentes e funcionários(as) da Contabilizar o número dos registos hos-
rupção voluntária da gravidez. GSEI administração pública central pitalares sobre IVG efectuados anual-
MS da área da saúde. mente.
CIG
Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011 309
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
39 Promover o desenvolvimento de abor- PCM Profissionais de saúde . . . . . . . Lista de entidades envolvidas neste âmbito.
dagens preventivas, multissectoriais e GSEI Profissionais de educação dos
integradas de combate à feminização GSEJD vários níveis educativos.
do VIH/sida, designadamente, através MS Dirigentes e funcionários(as) da
da disseminação da utilização do pre- ME administração pública central
servativo feminino. CIG e local da área da saúde.
IPJ Organizações da sociedade civil
Agrupamentos de Público em geral . . . . . . . . . . .
centros de saúde
OSC
40 Promover a desagregação por sexo dos PCM Dirigentes e funcionários(as) da Produção de estatísticas relacionadas
dados epidemiológicos relacionados GSEI administração pública central com o perfil de saúde desagregadas
com o perfil de saúde. MS e local da área da saúde. por sexo.
INE
CIG
Área estratégica n.º 5 — Ambiente e Organização que mulheres e homens apresentam diferentes padrões de
do Território consumo, que reflectem, não só, as diferenças de acesso aos
Pela sua dimensão identitária e estruturante do espaço recursos financeiros, mas também as suas diferentes atitudes
onde ocorrem as vivências quotidianas, o ambiente e a e papéis. As diferenças de género nos padrões de consumo
organização do território são aspectos particularmente justificariam, assim, medidas específicas orientadas no sentido
importantes na qualidade de vida das populações. Até do consumo sustentável.
hoje, a organização do território e o urbanismo têm sido Tendo presentes estas preocupações, também a Comis-
entendidos como neutros na perspectiva de género. Só são para a Cidadania e a Igualdade de Género promoveu
uma concepção de espaço e de ambiente que integre a a realização de um «Estudo de diagnóstico e criação de
perspectiva e género pode servir de igual modo homens e indicadores de género e construção de um guia para o
mulheres que o habitam. mainstreaming de género na área de ambiente e territó-
Com esta preocupação, várias organizações internacio- rio», no sentido de melhor compreender as implicações
nais têm vindo a prestar uma atenção crescente à área de da integração da dimensão da igualdade de género nos
intervenção sobre género e ambiente, sendo particularmente domínios do ambiente e território. O estudo traçou o estado
relevante o estudo desenvolvido e publicado pela OCDE, em da arte sobre as relações de género nos domínios que se
2008, sobre «Género e desenvolvimento sustentável — Para articulam mais estreitamente com o ambiente e o território,
uma maximização do papel económico, social e ambiental recomenda a utilização de um conjunto de indicadores que
das mulheres». De acordo com este estudo, e no que se refere, permitirão conhecer a situação específica da igualdade
por exemplo, às alterações climáticas, cujos impactos não são de género em Portugal nos referidos domínios e produzir
apenas físicos e económicos, mas também sociais e culturais, os elementos necessários à construção de um guia para o
mulheres e homens não são afectados da mesma forma e com mainstreaming de género nestes domínios.
a mesma dimensão. E isto porque as mulheres se encontram O desenvolvimento sustentável do território deve, assim,
entre os grupos mais vulneráveis, porque têm menos acesso a assentar na mudança de paradigma ao nível do seu orde-
recursos financeiros, tecnológicos e informativos, necessários namento, tendo também em linha de conta a conservação
a uma melhor adaptação àqueles impactos. O aumento dos da natureza e a protecção da biodiversidade, às quais não
custos da energia, dos transportes, dos cuidados de saúde e dos devem ser alheias a interacção entre mulheres e homens
bens alimentares causado, em parte, por efeito das alterações no contexto das suas relações sociais.
Esta área estratégica integra quatro medidas.
climáticas, afecta mais as mulheres, nomeadamente as mais
Objectivos:
pobres, quer nos países menos desenvolvidos, quer nos mais
desenvolvidos. O mesmo estudo presta igualmente uma espe- Integrar a perspectiva de género no sector do ambiente
cial atenção às questões do consumo sustentável, realçando e organização do território.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
41 Promover acções de sensibilização diri- PCM Decisores(as) políticos(as) e Número de acções realizadas.
gidas a públicos estratégicos a nível GSEI dirigentes da administração Lista de entidades abrangidas.
local para a integração da perspectiva GSEAL pública local.
de igualdade de género na estratégia CIG Redes sociais locais e contratos
organizacional e nas políticas locais. Municípios locais de desenvolvimento
CCDR social.
42 Criar um prémio anual para municípios PCM Decisores(as) políticos(as) e Lista dos municípios seleccionados.
«Viver em igualdade» destinado a GSEI dirigentes da administração
premiar acções dirigidas à promoção GSEAL pública local.
da igualdade, cidadania e não discri- CIG
minação. Municípios
CCDR
310 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
43 Instituir e divulgar o «Dia municipal para PCM Decisores(as) políticos(as) e Lista de municípios que instituíram o «Dia
a igualdade». GSEI dirigentes da administração municipal para a igualdade».
GSEAL pública local. Lista de municípios que desenvolveram
CIG iniciativas no «Dia municipal para a
Municípios igualdade».
CCDR
44 Reforçar as acessibilidades, a qualidade e PCM Utentes dos transportes públicos Monitorização dos inquéritos à mobilidade
adaptação dos transportes públicos às GSEI integrando a perspectiva de género.
necessidades de homens e mulheres, CIG
assegurando serviços que facilitem a MOPTC
conciliação entre vida profissional,
familiar e pessoal.
Área estratégica n.º 6 — Investigação em algumas áreas científicas e pouco divulgada, sobretudo
e Sociedade do Conhecimento em sectores da sociedade portuguesa que constituem pólos
A investigação científica na área das representações de de intervenção decisivos para a concretização das políticas
género e das relações sociais entre mulheres e homens é para a igualdade.
indispensável para o conhecimento da sociedade portu- O protocolo de cooperação entre a CIG e a FCT muito
guesa e para a elaboração de diagnósticos rigorosos que tem contribuído para o alagamento de domínios de inves-
permitam a definição das políticas para igualdade e que tigação no quadro das relações sociais de género e da vio-
apoiem a tomada de decisão ao nível político. Deste modo, lência de género, contribuindo para uma maior divulgação
permanece como prioritária a elaboração e difusão de e visibilidade destes estudos.
estudos tendo em vista aprofundar o conhecimento sobre A integração da dimensão de género na formação
as relações de género, a situação comparada de homens e científica e profissionalizante assegurada pelo ensino
mulheres e a operacionalização das políticas para a igual- superior, visando a qualificação de recursos humanos
dade, a nível nacional e a nível sectorial, numa lógica de que garantam um desenvolvimento humano sustentável,
entrosamento dos três Planos Nacionais para a Igualdade, é indispensável para a eliminação dos estereótipos de
contra a Violência Doméstica e contra o Tráfico de Seres género que continuam a perpetuar desigualdades e a
Humanos. legitimar formas de discriminação entre mulheres e
O recurso ao financiamento do Programa Opera- homens.
cional do Potencial Humano tornou possível efectuar As mulheres estão presentes em quase todas as áreas
diversos estudos em áreas como o empreendedorismo científicas e Portugal ocupa um lugar cimeiro no que diz
feminino, a imigração feminina, a dimensão de género respeito à percentagem de mulheres com formação acadé-
no fenómeno da pobreza, a discriminação em função da mica nas áreas da Ciências Experimentais e na Matemática.
orientação sexual, aplicação da lei da maternidade e da Permanece, todavia, preocupante a situação das mulheres
paternidade. A definição de referenciais e a produção nos cursos de Tecnologias da Informação e da Comunica-
de guiões para a elaboração de planos para a igualdade ção, cuja diminuta percentagem tem vido a diminuir nos
constituíram outra vertente da produção de materiais últimos anos. Esta área de formação constitui, por exce-
de apoio à concepção, à implementação e à avaliação lência, uma área estratégica de desenvolvimento. Importa,
de políticas de igualdade destinados à administração pois, compreender este fenómeno e definir estratégias
pública central e local e ao sector privado empresarial. de intervenção que conduzam a uma participação mais
De referir ainda a criação do Sistema Integrado de In- equilibrada de mulheres e de homens no desenvolvimento
formação e Conhecimento (SIIC) na área da igualdade tecnológico, que é hoje um dos alicerces do desenvolvi-
de género e não discriminação. mento humano.
Esta área estratégica integra três medidas.
O desenvolvimento dos estudos de género e dos es-
Objectivo:
tudos sobre as mulheres, sobretudo a partir dos anos 90,
tem combatido a invisibilidade das questões de género Promover medidas específicas para a integração da
na investigação e na produção científica. A investigação perspectiva de género na área da investigação e sociedade
neste domínio continua a revelar-se insuficiente, lacunar do conhecimento.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
46 Consolidar a implementação do protocolo PCM Instituições do ensino superior e Lista de instituições do ensino superior e
entre a CIG e a FCT para a promoção GSEI centros de investigação. centros de investigação que promovem
de estudos de investigação na área de MCTES Investigadoras(es) . . . . . . . . estudos nesta área.
igualdade de género e não discrimi- CIG Lista de projectos de investigação desen-
nação. FCT volvidos por tema.
47 Monitorizar a evolução do quadro de PCM Instituições do ensino superior e Avaliação da evolução do quadro de
investigadoras(es) por áreas científi- GSEI centros de investigação. investigadoras(es) por áreas científicas,
cas, desagregado por sexo. MCTES desagregado por sexo.
CIG
FCT
Área estratégica n.º 7 — Desporto e Cultura simetrias, quer ao nível das políticas, quer ao nível das
A actividade desportiva pode constituir-se como uma práticas desportivas.
aposta de elevado valor estratégico para a construção de No que se refere à produção cultural importa garantir
uma sociedade pluralista, participativa e igualitária, capaz uma visibilidade equilibrada entre mulheres e homens,
de usar as diferenças como alavancas de desenvolvimento. isenta de estereótipos ou fomentadora de preconceitos. Per-
Se é verdade que as práticas desportivas continuam a ser mitir que pessoas de ambos os sexos tenham igualdade de
um terreno onde os estereótipos de género se reprodu- oportunidades face à produção e fruição culturais constitui
zem, não é menos verdade que é, também, um campo um contributo de elevada relevância para o exercício da
de oportunidade onde se podem ultrapassar os modelos cidadania plena, para a redução das assimetrias de todo o
dominantes, desenvolvendo uma sociedade globalmente tipo, para o desenvolvimento social ou para o reforço de um
mais equilibrada e não discriminatória. paradigma igualitário da identidade nacional no contexto
A discriminação das mulheres na actividade desportiva, de um mundo cada vez mais globalizado.
a qual, em muitas ocasiões, se traduz na diferenciação Esta área estratégica integra cinco medidas.
existente em matéria de prémios monetários ou outro tipo Objectivo:
de apoios, ou, ainda, na reduzida participação feminina
nos lugares de decisão do universo desportivo, justifica Promover medidas específicas para a integração da
o lançamento de medidas tendentes à redução destas as- perspectiva de género nos sectores do desporto e da cultura.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
48 Promover a participação equilibrada PCM Agentes desportivos . . . . . . . . Relatório anual de avaliação das assime-
e não discriminatória de mulheres GSEI trias de género no desporto.
e homens no desporto através dos GSEJD
contratos-programa desportivos, par- CIG
ticularmente os estabelecidos com as IDP
federações desportivas. OSC
49 Criar e implementar instrumentos para a PCM Decisores(as) políticos(as) . . . Iniciativas desportivas com prémios iguais
efectiva igualdade nos prémios despor- GSEJD Agentes desportivos . . . . . . . . para mulheres e homens.
tivos, pecuniários e outros, atribuídos GSEI
em provas realizadas a nível nacional, CIG
regional e municipal. IDP
Municípios
50 Promover a realização, em articulação PCM Público em geral . . . . . . . . . . . Número de actividades culturais realizadas.
com os municípios, de actividades cul- GSEI
turais descentralizadas que integrem a GSEAL
perspectiva da igualdade de género. MC
CIG
DGARTES
Municípios
51 Atribuir a distinção «Mulheres criado- PCM Mulheres artistas . . . . . . . . . . . Lista de mulheres criadoras seleccionadas
ras de cultura» com o objectivo de dar GSEI e distinções atribuídas.
visibilidade às mulheres que se nota- MC
bilizam na produção cultural. CIG
DGARTES
52 Promover a visibilidade da criação artís- PCM Decisores(as) políticos(as) . . . Lista das programações anuais.
tica por parte das mulheres. GSEI Programadores(as) dos circuitos
MC de cultura do Estado.
CIG
DGARTES
312 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
Área estratégica n.º 8 — Media, Publicidade e Marketing Assim, é indispensável sensibilizar a comunicação so-
A questão da representação de homens e mulheres nos cial para o papel que deverá ter na desconstrução de este-
media esteve sempre presente nas preocupações de quem reótipos de género, na valorização da participação cívica
se interessa pela construção de um mundo mais paritário. como factor de crescimento individual e colectivo e, conse-
Os meios de comunicação são, sem dúvida, um dos lugares quentemente, na responsabilidade de promoção de uma ci-
sociais e políticos de construção das identidades. Por eles dadania plena e global, das quais se destaca a promoção da
perpassam as definições e ideologias de diferentes grupos formação em igualdade de género para profissionais da co-
etários, étnicos, de classe, de cultura e de sexo. A esses municação social e publicidade, a divulgação de trabalhos
processos e aos seus produtos, de uma forma geral, desig- de publicidade e de reportagem que defendam o respeito
namos representações, que não existem apenas nos textos pelos direitos humanos de mulheres e homens, bem como a
mediáticos, mas numa confluência de produtos culturais, integração da temática dos direitos humanos e da igualdade
audiências, instituições mediáticas e da própria sociedade. de género na formação em jornalismo e comunicação.
É preciso, ainda, ter em consideração que a masculinidade O Prémio «Paridade: Mulheres e homens na comuni-
e a feminilidade não são categorias fixas. Mudam com o cação social», atribuído pela CIG desde 2005, têm como
tempo, e com elas mudam as representações mediáticas. objectivo estratégico criar um ambiente propício à igual-
As mensagens mediáticas veiculadas pelos meios de dade de género, fomentando uma imagem equilibrada e
comunicação social no âmbito dos conteúdos informativos, não estereotipada das mulheres e dos homens nos meios
através do entretenimento ou através da publicidade, devem de comunicação social, dando visibilidade e expressão às
obedecer a princípios de legitimidade cívica, deontológica questões políticas, sociais, económicas e culturais, com
e ética, aliás, em conformidade com as orientações políticas que homens e mulheres se deparam.
e jurídicas reguladoras deste sector, salientando-se o papel Assim sendo esta área deverá ser facilitadora para a pro-
da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) moção de imagens equilibradas e diversificadas de homens
que se encontra estatutariamente obrigada a fazer garantir e mulheres; para o estímulo a uma maior participação de
o respeito pelos direitos, liberdades e garantias de cidadãos mulheres na produção e tomada de decisão; para a produ-
e cidadãs [alínea d) do artigo 8.º dos Estatutos da ERC, pu- ção e divulgação de materiais sobre mulheres em posições
blicados em anexo à Lei n.º 53/2005, de 8 de Novembro]. de liderança; bem como para a divulgação de informações
Não obstante os media serem ou viverem como reflexo no sentido de aumentar a consciência do público em geral
da realidade social, preponderantemente com objectivos sobre os direitos humanos das mulheres, e para o fomento
comerciais, importa que obedeçam a princípios éticos e da emergência de especialistas na área de género, com
estéticos favoráveis à promoção de uma sociedade inclu- aptidão para fazer análises sociais, económicas, culturais
siva. Com efeito, reconhece-se-lhes, não raras vezes, algum e políticas que incluam a perspectiva de género.
alheamento face a questões de relevante importância social, Esta área estratégica integra três medidas.
económica, política ou cultural, nomeadamente as que se Objectivo:
podem relacionar com a (des)igualdade entre mulheres e
homens, quer por via estereotipada das mensagens, quer, Promover medidas específicas para a integração da
inclusivamente, pela simples omissão das realidades. perspectiva de género na área dos media.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
53 Realizar acções de sensibilização/forma- PCM Profissionais dos media . . . . . . Número de acções de formação/sensibi-
ção dirigidas a profissionais dos media GSEI lização.
sobre a eliminação dos estereótipos de GMAP Número de pessoas abrangidas (desagre-
género nas mensagens jornalísticas e CIG gado por sexo).
publicitárias, nomeadamente através ERC
de financiamentos da tipologia 7.4 do GMCS
eixo n.º 7 do POPH. CENJOR
OSC
54 Sensibilizar os profissionais dos media PCM Profissionais dos media . . . . . . Lista de produções jornalísticas sobre o
para a importância da produção jor- GMAP tema seleccionadas e premiadas.
nalística sobre o tema da igualdade de GSEI
género e não discriminação, nomeada- CIG
mente através da atribuição do Prémio ERC
«Paridade — Mulheres e homens na GMCS
comunicação social». CENJOR
55 Criar e atribuir anualmente uma distin- PCM Empresas e profissionais de ma- Criação da distinção e respectivo regu-
ção específica dirigida às empresas de GMAP rketing e publicidade. lamento.
marketing e publicidade promotoras de GSEI Número de edições realizadas.
conteúdos não discriminatórios. CIG Número de distinções atribuídas.
GMCS
ERC
Área estratégica n.º 9 — Violência de Género viola, dificulta ou anula o gozo dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais.
A violência de género é um obstáculo à concretização A violência de género está associada a estereótipos, assi-
dos objectivos da igualdade, desenvolvimento e paz e metrias de poder e representações sociais que condicionam
Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011 313
atitudes e identidades de masculinidade e feminilidade e integrante deste Plano, onde se destaca que, do ponto de
conduzem à reprodução das desigualdades. Está relacio- vista dos direitos humanos, esta prática reflecte uma desi-
nada com as desigualdades de género e intimamente ligada gualdade entre sexos profundamente enraizada e constitui
aos processos de socialização. uma forma extrema de discriminação contra as mulheres,
Importa apostar no desenvolvimento de políticas e me- violando o direito à saúde, à segurança e integridade física
didas que combatam a violência de género em todas as suas da pessoa, bem como o direito de estar livre de tortura,
dimensões, promovendo a eliminação dos estereótipos de tratamento cruel, desumano ou degradante, e o direito à
género e uma cultura de não violência. vida, quando daí resulta a morte.
Este domínio exige uma particular articulação entre este Esta área estratégica integra cinco medidas.
Plano, o IV Plano Nacional contra a Violência Doméstica Objectivos:
e o II Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos.
Igual destaque merece o Programa de Acção para a Promover medidas específicas para o combate à vio-
Eliminação da Mutilação Genital Feminina, como parte lência de género.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
56 Assegurar a articulação entre o IV PNI e PCM Equipas interministeriais dos Relatório de avaliação da implementação
o IV Plano Nacional contra a Violência GSEI organismos responsáveis pela das medidas.
Doméstica. MTSS implementação dos planos.
MAI
MJ
MS
CIG
57 Assegurar a articulação entre o IV PNI e PCM Equipas interministeriais dos Relatório de avaliação da implementação
o II PNCTSH. GSEI organismos responsáveis pela das medidas.
MAI implementação dos planos.
MJ
MTSS
MS
CIG
58 Adoptar no âmbito do IV PNI o Programa PCM Equipas interministeriais dos Relatório de avaliação da implementação
de Acção para a Eliminação da Mutila- GSEI organismos responsáveis pela das medidas.
ção Genital Feminina e promover todas MNE implementação dos planos.
as suas acções. ME
MTSS
MAI
MJ
MS
CIG
ACIDI
59 Promover iniciativas que combatam a PCM Empresas do sector público e Número e tipo de iniciativas promovi-
violência de género e a violência do- GSEI privado e organizações em das.
méstica no quadro da responsabilidade MTSS geral.
social das empresas. MEID
60 Prevenir e combater o assédio sexual e PCM Empresas do sector público e Avaliação da evolução do número de de-
moral no local de trabalho através da GSEI privado e organizações em núncias de assédio sexual e moral no
promoção de acções de sensibilização MTSS geral. local de trabalho.
e informação. CIG Organismos da administração Número de acções realizadas.
CITE pública central e local. Número de entidades abrangidas.
ACT
Área estratégica n.º 10 — Inclusão Social fluxos migratórios e as alterações na composição e papel
das famílias tornam mais complexa a problemática da
A inclusão social constitui parte integrante dos objecti-
inclusão social.
vos em matéria de crescimento e emprego, quer no plano Como se sabe, o fenómeno da exclusão social continua a
nacional quer no contexto da União Europeia ou outros atingir de forma mais agravada as mulheres, em particular
fora internacionais em que Portugal participa. as mulheres idosas, imigrantes ou pertencentes a uma mi-
A promoção de um desenvolvimento sustentável, que noria étnica, com deficiência, e aquelas que se encontram
vincula de forma interdependente a política económica, a em situação de pobreza.
política de emprego e a política social, exige uma adequada A agenda para o potencial humano concretiza-se no
e permanente intervenção de todos os mecanismos de coor- POPH que, ao colocar as pessoas no centro das suas pre-
denação, não só à escala da própria União Europeia, mas, ocupações, aposta tanto no estímulo à criação de empre-
especialmente, no âmbito de cada Estado membro. sas como no fomento do auto-emprego, numa lógica que
A globalização da economia, as mutações registadas no potencia, simultaneamente, a capacidade empresarial das
mercado de trabalho, o envelhecimento da população, os mulheres e os complexos processos de inclusão social.
314 Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011
61 Conceber e divulgar informação em PCM Mães sós, mulheres rurais, ci- Número de materiais elaborados e dis-
suportes de comunicação de acesso GSEI ganas, refugiadas ou que tribuídos, tendo em conta cada grupo
universal sobre oportunidades de MTSS requerem asilo, imigrantes, específico.
educação, formação profissional, em- CIG com deficiência, prostitutas e Grupos específicos abrangidos.
prego e auto-emprego para grupos com IEFP transexuais.
especial vulnerabilidade. ACIDI
INR
CCDR
Municípios
63 Avaliar o rendimento social de inserção PCM Beneficiários(as) de RSI . . . . . Relatório de avaliação do RSI com pers-
(RSI) na perspectiva de género. GSEI pectiva de género incluída.
MTSS
GSESS
64 Avaliar o complemento solidário para ido- PCM Beneficiários(as) de CSI . . . . . Relatório de avaliação do CSI com pers-
sos (CSI) na perspectiva de género. GSEI pectiva de género incluída.
MTSS
GSESS
Área estratégica n.º 11 — Orientação Sexual Nomeadamente a CIG passou a integrar a área da orien-
e Identidade de Género tação sexual e identidade de género nas suas atribuições.
O Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para A secção de ONG do conselho consultivo desta Comissão
Todos — 2007 foi um marco no avanço das políticas pú- integrou, pela primeira vez, duas organizações represen-
blicas de igualdade e não discriminação, incluindo a área tativas de pessoas LGBT. Também pela primeira vez foi
da orientação sexual e igualdade de género. atribuído financiamento público a projectos de intervenção
Na conferência de encerramento deste AEIOT, realizada nesta área, implementados por ONG LGBT.
em Lisboa em 2007, mais de 700 participantes de toda a Com o objectivo de aprofundar o conhecimento sobre
Europa, representantes de instituições europeias, governos, as condições de vida e a discriminação das pessoas LGBT
parceiros sociais, associações empresariais e organizações em Portugal, foi promovido o primeiro estudo de iniciativa
da sociedade civil, representativas de todas as áreas de dis- pública, cujas recomendações este Plano procura integrar.
criminação do artigo 19.º do Tratado de Lisboa, afirmaram Já no quadro do XVIII Governo Constitucional, foi
o legado deste ano europeu. aprovada e publicada a lei que permite o casamento civil
Em Portugal, este legado traduziu-se em inúmeros entre pessoas do mesmo sexo, Lei n.º 9/2010, de 31 de
avanços no combate à discriminação das pessoas LGBT. Maio, e foram discutidas e aprovadas em sede da As-
Diário da República, 1.ª série — N.º 12 — 18 de Janeiro de 2011 315
sembleia da República duas iniciativas legislativas que geral para a não discriminação e capacitar a organizações
procuram regular o procedimento de mudança de sexo no da sociedade civil representativas de pessoas LGBT.
registo civil por parte das pessoas transgénero, transexuais Esta área estratégica integra quatro medidas.
e intersexuais. Objectivo:
Esta área procura, deste modo, consolidar as políticas Promover medidas específicas para a integração da
públicas de promoção da igualdade e combate à discri- perspectiva de género e não discriminação em função da
minação das pessoas LGBT, sensibilizar a população em orientação sexual e identidade de género.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
65 Promover uma campanha para a não dis- PCM População em geral . . . . . . . . . Número e tipo de acções realizadas.
criminação em função da orientação GSEI Relatório de avaliação de impacto da
sexual e da identidade de género. CIG campanha.
Municípios
66 Sensibilizar profissionais de áreas estra- PCM Decisores(as) políticos(as) . . . Acções de sensibilização desenvolvidas.
tégicas para as questões da orientação GSEI Dirigentes e técnicos(as) da Ad- Módulos sobre orientação sexual e identi-
sexual e identidade de género, desig- ME ministração Pública. dade de género incluídos nas formações
nadamente através das tipologias 7.3 MS Profissionais de saúde, área so- na área da igualdade, educação para a
e 7.4 do POPH. MTSS cial, educação, segurança e cidadania e educação sexual.
MAI defesa, justiça, comunicação
CIG social e organizações da so-
CFAE ciedade civil.
67 Promover a sensibilização de públicos PCM Associações juvenis e escolas Número e tipo de acções de sensibilização
juvenis para as questões de orientação GSEI realizadas.
sexual e identidade de género, desig- GSEJD Relatório de avaliação do impacto das
nadamente através das tipologias 7.3 ME acções.
e 7.4 do POPH. CIG
IPJ
68 Promover a dotação das redes bibliote- PCM Mecenas . . . . . . . . . . . . . . . . . Número de bibliotecas que disponibilizam
cárias municipais e escolares de uma GSEI Autarcas . . . . . . . . . . . . . . . . . esta oferta.
oferta diversificada e inclusiva na área MC Técnicos(as) bibliotecários(as) Mecenas (entidades públicas, empresas e
da orientação sexual e identidade de CIG municipais. indivíduos privados) que patrocinam a
género. Municípios dotação das bibliotecas.
Área estratégica n.º 12 — Juventude representativas de jovens. Ainda neste sentido, concedeu-se
A aposta na juventude é determinante para o desenvolvi- apoio financeiro a projectos que, por um lado, transversali-
mento do País, sendo também por isso uma área estratégica zam as questões de género e não discriminação na cultura
nova neste IV PNI. organizacional das associações juvenis e organizações de
A Resolução do Conselho Europeu de Novembro de 2009 juventude e, por outro, promovem o derrube de estereótipos
criou o Quadro Renovado de Cooperação Europeia em Ma- de género junto de jovens raparigas e rapazes.
téria de Juventude, o qual integra a dimensão da igualdade Recentemente a CIG estabeleceu um Protocolo de Coo-
de género e combate a todas as formas de discriminação, peração com o Conselho Nacional da Juventude de Portu-
assim como a conciliação entre a vida familiar, profis- gal, apontando para um reforço da integração das matérias
da igualdade e não discriminação no associativismo juvenil
sional e pessoal de jovens como pilares de intervenção.
de base nacional, no quadro do diálogo estruturado com
A melhoria das condições de vida, a participação cívica
as organizações representativas de jovens.
e política, a igualdade de oportunidades e a emancipação
Esta área preconiza a promoção de uma mudança cul-
de jovens raparigas e rapazes integram-se no programa do
tural junto de jovens, alicerçada no mainstreaming de
XVIII Governo Constitucional. Estes objectivos exigem género e da não discriminação nas associações juvenis
uma estratégia de intervenção pluridimensional assente e organizações de juventude, bem como junto de jovens
na articulação das várias políticas sectoriais, muito em raparigas e rapazes, em geral.
particular na articulação entre as políticas de igualdade e Esta área integra sete medidas.
não discriminação com as políticas de juventude. Objectivo:
Na afirmação do legado do Ano Europeu da Igualdade
de Oportunidades para Todos — 2007, a secção de ONG do Promover medidas específicas para a integração da
conselho consultivo da CIG passou a integrar organizações perspectiva de género nas políticas de juventude.
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
70 Disseminação de referenciais de formação PCM Educadores(as) e animadores(as) Número de materiais publicados e disse-
na área da igualdade de género e não GSEI juvenis. minados.
discriminação e elaboração e dissemi- GSEJD Dirigentes associativos e estu-
nação de materiais e jogos didácticos CIG dantis.
digitais sobre igualdade de género. IPJ
DGIDC
71 Promover a emancipação das jovens mu- PCM Educadores(as) e animadores(as) Número de iniciativas promovidas.
lheres em todos os domínios da socie- GSEI juvenis. Número de jovens mulheres abrangidas.
dade através do empoderamento para a GSEJD Dirigentes associativos e estu-
participação e a cidadania activa. IPJ dantis.
CIG Jovens mulheres . . . . . . . . . . .
72 Fomentar nos programas de voluntariado PCM Educadores(as) e animadores(as) Número de jovens abrangidos(as) por esta
jovem o desempenho de actividades GSEI juvenis. iniciativa.
ocupacionais/profissionais que contra- GSEJD Dirigentes associativos e estu-
riem os papéis tradicionalmente atribu- MTSS dantis.
ídos a raparigas e rapazes (actividade a IPJ Jovens em geral . . . . . . . . . . . .
incluir no âmbito do Ano Europeu do CIG
Voluntariado).
73 Atribuir anualmente uma distinção às as- PCM Associações juvenis e estudantis Lista de associações/organizações a con-
sociações juvenis e ou organizações GSEI curso.
de juventude com boas práticas na GSEJD
integração das dimensões da igual- CIG
dade de género, da cidadania e da não IPJ
discriminação quer no funcionamento
da organização, quer nas actividades
desenvolvidas, e disseminação das
boas práticas.
74 Dinamizar os conteúdos de igualdade de PCM Jovens em geral . . . . . . . . . . . . Número de visitantes dos portais e das
género no Portal da Juventude e para a GSEI redes sociais.
juventude no Portal da Igualdade, bem GSEJD
como integrar a área da igualdade de CIG
género nos conteúdos a introduzir na IPJ
comunicação institucional nas redes
sociais virtuais.
Área estratégica n.º 13 — Organizações da Sociedade Civil Europeu, delegou na CIG a gestão do projecto «Direitos
É clara e muito positiva a relação de interdependência humanos — Igualdade de direitos. As organizações não
entre o Estado e as organizações da sociedade civil, as governamentais pela promoção da cidadania e de novas
quais, pela sua proximidade com as populações, são parcei- oportunidades na comunidade», que visa promover a ci-
ras estratégicas na territorialização das políticas públicas, dadania activa e aumentar o impacto das organizações da
através do desenvolvimento de projectos de intervenção e sociedade civil na comunidade, através do financiamento
outras acções concertadas. A capacitação das organizações de pequenos projectos desenvolvidos por estas organiza-
da sociedade civil portuguesa é, por isso, central. ções, em todas as áreas de discriminação.
O eixo n.º 7 — Igualdade de Género, do Programa Ope- Esta área dirige-se, assim, para a capacitação das or-
racional Potencial Humano — QREN —, consagrou uma ganizações da sociedade civil cuja acção se enquadra na
tipologia específica de apoio às organizações da sociedade promoção da igualdade de género, cidadania e não discri-
civil para todo o quadro 2007-2013, que na actualidade já minação, prestando um olhar particular às organizações
congrega cerca de 130 projectos em todo o território con- de mulheres.
tinental, com áreas de actuação diversas, desde a tomada Esta área estratégica integra cinco medidas.
de decisão, à conciliação, passando pela intervenção sobre Objectivo:
a violência de género.
Em paralelo, o Fundo ONG, componente de intervenção Promover medidas específicas para a capacitação da
social, do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico intervenção das organizações da sociedade civil.
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Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
76 Promover a transversalização da perspec- PCM Dirigentes, técnicos(as) e Número de organizações que integra de
tiva de género e não discriminação nas CIG associados(as) das OSC. forma transversal a perspectiva de gé-
organizações da sociedade civil. OSC nero.
77 Capacitar as organizações da sociedade PCM Dirigentes de OSC . . . . . . . . . Entidades e projectos apoiados financei-
civil, bem como apoiar a implementa- GSEI Técnicos(as) de OSC . . . . . . . . ramente.
ção de projectos de intervenção na área CIG População em geral . . . . . . . . . Produtos resultantes dos projectos.
da igualdade de género, dinamizados Municípios Relatórios de avaliação de impacto dos
por estas, nomeadamente através da OSC projectos.
tipologia 7.3 do POPH.
78 Fomentar o papel das organizações da so- PCM Decisores(as) políticos(as) . . . Acções de formação e projectos desen-
ciedade civil no âmbito da realização de GSEI Autarcas . . . . . . . . . . . . . . . . . volvidas pelas OSC e apoiados por
acções de formação específicas que pro- CIG Representantes de OSC . . . . . . entidades públicas.
movam a igualdade de género, a cida- OSC OSC apoiadas pelas entidades públicas em
dania e a não discriminação, nomeada- Entidades públicas cujas actividades há recurso a especia-
mente através da tipologia 7.4 do POPH. de diversas áreas listas no domínio dos estudos de género.
79 Promover o desenvolvimento de parcerias PCM Dirigentes da Administração Planos para a igualdade elaborados.
entre autarquias e organizações da so- GSEI Pública. Acções desenvolvidas em parceria.
ciedade civil para a implementação de GSEAL Dirigentes de OSC . . . . . . . . .
políticas territorializadas que promo- CIG
vam a igualdade de género, designada- OSC
mente através da tipologia 7.2 do POPH. Municípios
Área estratégica n.º 14 — Relações Internacionais, cas nacionais e globais, de legislação e de instrumentos de acção
Cooperação e Comunidades Portuguesas de promoção da igualdade de género e não discriminação.
No Programa do XVIII Governo Constitucional, no capí- O IV PNI aponta, ainda, para a necessidade de garantir
tulo «Defesa Nacional, política externa, integração europeia a transversalização da dimensão da igualdade de género e
e comunidades portuguesas» afirma-se, no que se refere à da não discriminação nas políticas sectoriais de cooperação
política externa, que Portugal deve ter um papel relevante no para o desenvolvimento, bem como de integrar simulta-
processo de reorganização do sistema internacional, através neamente acções específicas dirigidas às mulheres dentro
de uma participação activa nas instituições e organizações dos programas, projectos e acções de cooperação para o
internacionais que integra. Pretende-se assim valorizar, cada desenvolvimento realizados nas áreas sectoriais.
vez mais, as relações históricas fora do espaço europeu, Por outro lado, o estreitamento da cooperação com os
nomeadamente, dando um particular ênfase à reforma do Estados membros da Comunidade de Países de Língua
Sistema das Nações Unidas e do Conselho de Segurança Portuguesa assenta na própria Declaração Constitutiva
que Portugal agora integra como membro não permanente. desta Comunidade, a qual inclui como um dos seus gran-
Neste contexto, Portugal deverá continuar a assumir a sua des objectivos «promover a implementação de projectos
quota nas operações de paz e de segurança internacionais e de cooperação específicos com vista a reforçar a condição
participar na definição de estratégias globais de desenvolvi- social da mulher, com o reconhecimento do seu papel
mento no contexto das várias organizações que integra. imprescindível para o bem-estar e desenvolvimento das
Esta área, pelo seu âmbito de aplicação, transversaliza-se em sociedades». Nesta linha, o Plano sustenta-se na Resolução
todas as áreas anteriores deste Plano, conferindo uma perspec- de Lisboa, adoptada na II Conferência de Ministros(as)
tiva internacional a todos os objectivos estratégicos e medidas Responsáveis pelas Políticas para a Igualdade de Género da
constantes do mesmo. Apresenta-se dividida em duas subáreas: CPLP, em 2010, e orienta-se para a concretização das me-
relações internacionais e cooperação para o desenvolvimento. didas constantes do Plano Estratégico de Cooperação para
No campo das relações internacionais, as medidas a Igualdade de Género e o Empoderamento das Mulheres
constantes apontam para a assumpção e disseminação dos (PECIGEM/CPLP), adoptado na VIII Conferência de Che-
compromissos aos quais Portugal se encontra vinculado e fes de Estado e de Governo dos Estados membros da CPLP.
o reforço da participação activa nas instituições e organi- Este Plano pretende ainda estender a sua esfera de acção
zações internacionais e europeias que integra, de modo a junto das comunidades portuguesas em todo o mundo,
contribuir para consolidar as políticas para a igualdade de através do fortalecimento das relações com os países de
género e não discriminação nestes organismos. Pretende- residência e trabalho de cidadãos e cidadãs nacionais.
-se, ainda, promover uma representação equilibrada de Esta área estratégica integra 17 medidas.
mulheres e homens nesses organismos e capacitar dirigen- Objectivo:
tes e restantes quadros do MNE nesta área.
O IV PNI introduz neste campo o reforço da cooperação Consolidar e aprofundar as políticas para a igualdade
bilateral com países parceiros, com o objectivo de promover de género nos organismos internacionais, incluindo na
trocas de boas práticas ao nível do desenho das políticas públi- União Europeia.
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Entidades envolvidas
Medidas Público alvo Indicadores
na execução da medida
81 Contribuir para a consolidação das políti- PCM Decisores(as) políticos(as) e Processos internacionais onde se incluem
cas de igualdade da União Europeia e GSEI dirigentes da Administração a perspectiva de género na óptica deste
adoptadas nos fora internacionais. MNE Pública, magistrados(as), plano.
Todos os ministérios e juízes(as), advogados(as), ju- Impacto das áreas estratégicas deste plano
entidades envolvidas ristas, organizações de direitos nos documentos e fóruns internacio-
na política internacional humanos e dos direitos das nais.
portuguesa mulheres, entre outras.
84 Introduzir um módulo de igualdade de PCM Funcionários(as) do MNE, Número de acções de formação em que o
género nos cursos de formação inicial, GSEI incluindo da carreira diplo- módulo de IG é integrado.
complementar ou de actualização de- MNE mática e representantes nas Número de participantes nas acções por
senvolvidos pela Administração Pú- Todos os ministérios missões de Portugal junto das sexo e por função.
blica. na respectiva área de organizações internacionais.
intervenção Funcionários da Administração
Pública com funções de repre-
sentação internacional.
87 Estabelecer protocolos bilaterais de coo- PCM Profissionais da Administração Numero de protocolos e programas es-
peração com países parceiros no âmbito GSEI Pública da área da igualdade tabelecidos.
de políticas de igualdade de género. CIG de género e não discriminação.
Desenvolvimento de programas de inter-
câmbio profissional com países parceiros
para reforço das competências mútuas.
Objectivo:
Consolidar e aprofundar as políticas para a igualdade de género na cooperação para o desenvolvimento.
Entidades envolvidas
Medida Público alvo Indicadores
na execução da medida
88 Incluir a dimensão da igualdade de gé- PCM Intervenientes na cooperação Número de programas indicativos da coo-
nero no contexto da cooperação com GSEI portuguesa. peração (PIC) que integram a dimensão
os países parceiros através das orien- MNE da igualdade de género de uma forma
tações constantes no Documento de CIG sistemática.
Estratégia Portuguesa sobre Igualdade Todos os ministérios
de Género na Cooperação para o De- sectoriais envolvidos
senvolvimento. na cooperação para o
desenvolvimento
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Entidades envolvidas
Medida Público alvo Indicadores
na execução da medida
89 Consolidar a cooperação com os Estados MNE Actores e parceiros da coopera- Número de medidas do Plano implemen-
membros da Comunidade de Países PCM ção portuguesa no contexto tadas.
de Língua Portuguesa (cooperação GSEI da CPLP.
bilateral e multilateral), nomeada- CIG
mente através das medidas previstas Todos os ministérios
no Plano Estratégico de Cooperação sectoriais envolvidos
para a Igualdade de Género e o Em- na cooperação para o
poderamento das Mulheres. desenvolvimento
90 Estabelecer protocolos bilaterais de coo- PCM Intervenientes na Cooperação Número de protocolos e programas es-
peração para o desenvolvimento no âm- GSEI Portuguesa. tabelecidos.
bito de políticas de igualdade de género. MNE Profissionais da administração
Desenvolvimento de programas de inter- CIG pública da área da igualdade
câmbio profissional com países parceiros de género e não discrimina-
para reforço das competências mútuas. ção.
91 Integrar informação sobre igualdade de MNE IPAD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Avaliação dos relatórios anuais sobre co-
género, com dados desagregados por PCM erência de políticas de cooperação para
sexo, nos relatórios anuais de Portugal GSEI o desenvolvimento.
sobre a Coerência das Políticas para o CIG
Desenvolvimento, incluindo as políti- Todos os ministérios
cas sectoriais. sectoriais envolvidos
na cooperação para o
desenvolvimento
92 Assegurar a participação da CIG nos fó- MNE Dirigentes e técnicos(as) supe- Número de participações da CIG nestes
runs de coordenação da cooperação PCM riores. fora.
portuguesa. GSEI
CIG
94 Integrar acções específicas dirigidas às MNE IPAD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Número de projectos e acções de coope-
mulheres dentro dos programas, pro- PCM ONGD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ração para o desenvolvimento realiza-
jectos e acções de cooperação para o GSEI ONGM . . . . . . . . . . . . . . . . . . dos em cada área sectorial e número de
desenvolvimento realizados nas áreas CIG Empresas (responsabilidade so- projectos e acções de cooperação para o
sectoriais. cial). desenvolvimento que integram acções
específicas dirigidas às mulheres.
Recolha das acções específicas dirigidas às
mulheres e do seu respectivo impacto.
95 Elaborar e implementar um programa de PCM Dirigentes e decisores, pessoal Número de acções de sensibilização e for-
sensibilização/formação em igualdade GSEI técnico, membros de equipas mação realizadas.
de género em contexto de cooperação MNE que seleccionam, acompanham Número de pessoas abrangidas.
para o desenvolvimento, com módu- CIG e avaliam os programas inte-
los nas áreas da saúde, educação, paz, Todos os ministérios grados de cooperação, entida-
segurança, entre outros. sectoriais envolvidos des executoras de programas e
na cooperação para o projectos de desenvolvimento,
desenvolvimento agentes e pessoas voluntá-
rias, pessoal afecto às ONG.
Objectivo:
Consolidar e aprofundar as políticas para a igualdade de género nas comunidades portuguesas.
Entidades envolvidas
Medida Público alvo Indicadores
na execução da medida
96 Reforçar a promoção da igualdade nas MNE Nacionais residentes no estran- Acções que integram a dimensão da igual-
comunidades portuguesas. GSECP geiro. dade de género.
PCM
GSEI
CIG
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Entidades envolvidas
Medida Público alvo Indicadores
na execução da medida
97 Incluir a dimensão da igualdade de género MNE Nacionais residentes no estran- Inclusão da temática da igualdade de gé-
no contexto das relações com os países GSECP geiro. nero nas agendas de trabalho com esses
de residência e trabalho de nacionais. PCM países.
GSEI
CIG
PNA 1325 — Plano Nacional de Acção para implemen- mesmos ocorreu em embarcações da pesca. A insuficiente
tação da Resolução do Conselho de Segurança das Nações preparação dos trabalhadores do mar na área da prevenção
Unidas 1325 (2000) sobre Mulheres, Paz e Segurança. e segurança e a inadequada utilização de equipamentos de
PNAI — Plano Nacional de Acção para a Inclusão. segurança e de meios de salvação é uma das causas gera-
PNCTSH — Plano Nacional contra o Tráfico de Seres doras de um número significativo dos acidentes mortais
Humanos. verificados nesta actividade.
PNCVD — Plano Nacional contra a Violência Domés- Importa, pois, criar e desenvolver uma cultura de pre-
tica. venção e segurança entre os trabalhadores da pesca, exten-
PNI — Plano Nacional para a Igualdade — Género, sível também a outro tipo de embarcações (de comércio,
Cidadania e não Discriminação. de carga, de passageiros e rebocadores), capaz de fazer
PNL — Plano Nacional de Leitura. diminuir a ocorrência de acidentes no mar.
PNOPT — Programa Nacional de Política de Ordena- Assim, em primeiro lugar, altera-se o regime legal em vi-
mento do Território. gor, no sentido de modificar os requisitos actualmente exis-
PNR — Programa Nacional de Reformas. tentes quanto aos meios de salvação individuais que cada tipo
PNS — Plano Nacional de Saúde. de embarcação deve possuir. Prevêem-se novos requisitos
POFC — Programa Operacional dos Factores de Com- quanto ao número e tipo de bóias de salvação, coletes de salva-
petitividade. ção, e fatos hipotérmicos que devem existir nas embarcações.
POPH — Programa Operacional do Potencial Humano. Em segundo lugar, visando o reforço da segurança das
QREN — Quadro de Referência Estratégico Nacional. pessoas a bordo, estabelecem-se requisitos operacionais
RCM — resolução do Conselho de Ministros. para situações de emergência aplicáveis a todas as embar-
TIC — tecnologias de informação e comunicação. cações de passageiros, e a embarcações equipadas com
UE — União Europeia propulsão e de arqueação bruta igual ou superior a 100,
UPR — revisão periódica universal do Conselho de e impõe-se a necessidade de serem divulgadas instruções
Direitos Humanos das Nações Unidas. de segurança claras e adequadas aos passageiros, antes ou
imediatamente após o início da viagem.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 6/2011 Em terceiro lugar, retira-se do texto do Decreto-Lei
n.º 191/98, de 10 de Julho, a possibilidade de substituição das
Nos termos do n.º 1 do artigo 57.º da Lei da Liberdade embarcações de sobrevivência por balsas rígidas em embar-
Religiosa, aprovada pela Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho, cações de passageiros por razões que se prendem com a se-
e do n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 308/2003, de 10 gurança dos mesmos. Estabelece-se, no entanto, um período
de Dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 204/2007, de de transição, até 31 de Dezembro de 2015, de modo a permitir-
28 de Maio, cabe ao Conselho de Ministros designar o -se uma adaptação gradual e progressiva a esta alteração.
presidente da Comissão da Liberdade Religiosa. Em quarto lugar, actualiza-se o regime jurídico em vigor
Assim: no sentido de prever que a competência para aprovar os
Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, meios de salvação individuais (bóias de salvação, coletes
o Conselho de Ministros resolve: de salvação, fatos hipotérmicos, embarcações salva-vidas,
1 — Renovar a designação do Dr. Mário Alberto Nobre entre outros) e, bem assim, a competência para assegurar
Lopes Soares para o cargo de presidente da Comissão da o cumprimento do diploma é, agora, do Instituto Portuário
Liberdade Religiosa, nos termos do n.º 1 do artigo 5.º e do e dos Transportes Marítimos, I. P.
artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 308/2003, de 10 de Dezembro, Por último, converte-se a unidade monetária para euros e
alterado pelo Decreto-Lei n.º 204/2007, de 28 de Maio. actualizam-se os valores das coimas previstas para o não cum-
2 — A presente resolução produz efeitos a partir da data primento dos requisitos mencionados no presente decreto-lei.
da sua aprovação. Por razões que se prendem com a importância e a ex-
Presidência do Conselho de Ministros, 30 de Dezembro tensão das alterações introduzidas, é republicado em anexo
de 2010. — O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho ao presente decreto-lei o seu texto integral.
Pinto de Sousa. Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons-
tituição, o Governo decreta o seguinte:
Decreto-Lei n.º 9/2011 Os artigos 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, 6.º, 12.º, 15.º, 16.º, 18.º, 19.º
e 20.º do Decreto-Lei n.º 191/98, de 10 de Julho, alterado
de 18 de Janeiro pelos Decretos-Leis n.ºs 271/2001, de 13 de Outubro, e
138/2002, de 16 de Maio, passam a ter a seguinte redacção:
O presente decreto-lei altera o Decreto-Lei n.º 191/98,
de 10 de Julho, que estabelece o regime jurídico aplicável
«Artigo 2.º
aos meios de salvação de embarcações nacionais, e intro-
duz modificações ao Regulamento dos Meios de Salvação. [...]
As alterações introduzidas pelo presente decreto-lei têm 1— .....................................
como objectivo reforçar a segurança a bordo das embarcações,
através da adopção de medidas urgentes que possibilitem a a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
redução, a muito curto prazo, do número de acidentes no mar. b) Convenção — a Convenção Internacional para a
Em especial, analisados os acidentes que têm vindo Salvaguarda da Vida Humana no Mar, de 1974, bem
a registar-se no País, constata-se que grande parte dos como as respectivas alterações, na sua actual redacção;