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1 INTRODUÇÃO

Notícias sobre violência são vistas diariamente nos telejornais e a maneira


sistemática como os brasileiros estão expostos a diferentes formas de crimes faz
com que muitos destes passem a duvidar que o Estado seja capaz de cumprir com o
seu papel de garantidor da segurança do povo. Essa desconfiança na União,
Estados e Municípios reflete-se numa descrença na Constituição Federal, que sendo
a carta magna do país, deveria resguardar os pilares democráticos e o respeito as
garantias fundamentais e aos direitos humanos (BRASIL, 1988).
Concomitantemente ao descrédito que a sociedade atribui ao Estado quanto
ao controle da violência, a polícia enquanto instituição que visa a proteção do
cidadão e da propriedade, pública ou privada, adapta-se as demandas sociais, fato
este que incide diretamente sobre a cultura policial. Deste modo, a polícia sofre por
uma cobrança que tem como alicerce as demandas atuais, enquanto sua arquitetura
institucional ainda remonta, em algum grau, períodos não democráticos
(WEICHERT, 2017).
O discurso propagado pela mídia e por grupos que defendem a população
carcerária muitas vezes tornam vítimas os indivíduos que cometem o crime,
culpando a polícia ou projetam no Estado a falta de políticas que reduziriam a
criminalidade. Por outro lado, quando o Estado garante através das leis penais mais
direitos as pessoas que cometem crimes, a população projeta na polícia a sua
insatisfação. E é nesse paradoxo que a cultura policial se molda e se transforma
(LIMA; SINHORETTO; BUENO, 2015).
Deste modo, este texto tem como objetivo central revisar sobre a
transformação cultural da polícia em face da violência sistemática no Estado
democrático de direito. Os objetivos específicos são: descrever a violência no Brasil,
relacionar a violência e o Estado de direito e refletir sobre como violência e Estado
influenciam a cultura policial; correlacionar o tema estudado com a experiência
policial do grupo.

2 A VIOLÊNCIA E A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL


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O Brasil caracteriza-se por uma das maiores taxas de violência do mundo,


sendo, por isso, uma das temáticas mais discutidas e comentadas entre a população
em seu dia-a-dia. Associado a isto, a temática da violência é, na maioria das vezes,
relacionada à segurança pública, a eficiência ou falta desta na ação policial (LIMA;
SINHORETTO; BUENO, 2015).
Numa análise entre os brasileiros nos anos de 2007 a 2014, a violência foi
apontada como o principal problema social que o país possui. Para efeito de
comparação, dentro do período estudado, a violência foi considerada uma questão
mais grave do que os problemas econômicos que o país atravessou no intervalo dos
anos investigados (GOMES; AQUINO, 2019, p. 209).
É importante destacar que a eficiência policial normalmente é relacionada a
efetividade judiciária. Nesse sentido, Gomes e Aquino (2018, p. 209) afirmam que
“[...] o Brasil também possui sistemas policial e judiciário pouco eficientes, com baixa
taxa de conclusão de processos, o que gera uma sensação de impunidade por parte
da população”. No entanto, é preciso esclarecer que a ação da polícia e do próprio
judiciário se vincula a legislação e a constituição, que por sua vez podem ampliar ou
restringir os direitos e garantias dos indivíduos (LIMA; SENHORENTE; BUENO,
2015).

3 O BRASIL E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

A democracia é caracterizada pela condição de que estados, municípios e o


Distrito Federal seguem os mesmos princípios, democráticos e de direito, de modo
que se irradia para todos os entes da federação o respeito à demanda popular via
seus representantes (BRASIL, 1988).
No Estado democrático de direito o povo é a principal representação do
poder, já que no art. 1º da Constituição Federal de 1988 destaca-se que todo poder
emana do povo (BRASIL, 1988). Sob a égide da constituição, a democracia garante
ao povo princípios fundamentais, fato este que consolida o Estado de direito.
No que se refere a violência, destaca-se que a democracia se consolida
quando seus atributos apresentam “[...] um padrão mínimo de direitos sociais,
econômicos e culturais, que permitam ao cidadão exercer sua autonomia”
(WEICHERT, 2017, p. 107).
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Para que a sociedade tenha liberdade em exercer os seus direitos, é


imprescindível que o Estado garanta a sua segurança. Deste modo, por exemplo,
para que um indivíduo tenha o direito de ir e vir para o local e horário que o convier,
é preciso, para isto, que se sinta seguro. Assim, para que as pessoas tenham um
mínimo de garantia de seus direitos, é necessário que o Estado democrático de
direito proporcione níveis básicos de segurança pública (SOARES, 2003).
Concordante com a afirmação supracitada, Weichert, (2017, p. 108) afirma
que:

A presença de elevadíssimos índices de criminalidade é, destarte, um dos


fatores que impede a consolidação de uma democracia plena, na medida
em que obstrui de modo significativo o gozo de direitos civis. Esse déficit
democrático mostra-se ainda mais grave em sociedades cujos órgãos do
sistema de segurança pública e de justiça são responsáveis pela prática
rotineira de violações aos direitos.

Vê-se deste modo que, sem uma estrutura de segurança, os direitos


democráticos ficam ameaçados.

4 A VIOLÊNCIA E O ESTADO E SUAS INFLUENCIAS SOBRE A CULTURA


POLICIAL

Em nosso trabalho, constantemente nos deparamos com ações que, aos


olhos da comunidade, deveriam ser administradas de uma forma diferente daquela
que se exige em nossa profissão. Um exemplo clássico é no caso onde a população
se revolta e tenta linchar um criminoso devido a suas ilicitudes e nós, enquanto
policiais, temos o dever de proteger a integridade física do criminoso. Ainda sobre
esse exemplo, vê-se, nesse caso, que as pessoas tentam lidar com a questão da
violência tentando tomar para si uma função do Estado e uma atribuição da polícia.
No entanto, a questão da violência é muito mais complexa. Suas bases se
alicerçam no tráfico de armas e drogas, sendo que os entorpecentes são os
responsáveis por financiar a compra de armas, que por sua vez possibilitam a
expansão da violência e das práticas criminais.
Outra questão que deve ser levada em conta é a ausência do Estado na
promoção de políticas públicas. Enquanto a violência seduz os jovens, Estados e
Municípios não proporcionam, na mesma intensidade “[...] benefícios materiais,
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como emprego e renda, e simbólico-afetivos, como valorização, acolhimento e


pertencimento, restituindo visibilidade e auto-estima” (SOARES, 2003, p.78).
A segurança pública se encontra entre a expansão sistemática da violência e
a ausência do Estado na educação e economia, fato este que influencia diretamente
a cultura policial. Nossas atividades têm como base a prevenção, isto é, inibir a
expansão da atividade criminosa por meio do policiamento ostensivo, ou a repressão
do crime, destacando-se, neste último caso, a importância da comunidade através
do 190.
Atualmente, a polícia militar está mais próxima da comunidade, atuando
muitas vezes como mediadora de conflitos, orientando a população sobre quais
instituições devem procurar em suas demandas, além das atividades de prevenção
e repressão, onde encaminham para a polícia civil as consequências das
abordagens que configuram ilicitudes, como naquelas em que se encontram drogas,
em sua maioria, maconha e crack. Por outro lado, se estas ações trazem segurança
para a comunidade, a cultura policial muitas vezes é impedida de aproximar-se mais
das demandas sociais pela falta de “[...] um projeto de governança das polícias
brasileiras e de alinhamento das políticas de segurança pública aos requisitos da
democracia e à garantia de direitos humanos (LIMA; BUENO; MINGARDI, 2016, p.
49).

5 CONCLUSÃO

Diante do exposto, vê-se que a cultura policial está levando os policiais a se


aproximarem cada vez mais da comunidade e que, por sua condição de autoridade
e poder, são cobrados por papéis que não lhe cabem, mas sim ao Estado.
Por sua vez, o Estado democrático e sua reconhecida inabilidade em
promover as garantias sociais as quais a população brasileira tem direito, prefere
atuar sob a forma de leis, fazendo com que a violência cresça sistematicamente, já
que a atividade policial não acompanha essa expansão justamente por causa das
condições que o Estado impõe.
Assim, vê-se que a cultura policial, influenciada diretamente pelo Estado e
pela violência praticada no país, se adapta as demandas da sociedade,
transformando-se à medida que novas demandas surgem.
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6 REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 11
de fev. 2020.

GOMES, M. L.; AQUINO, J. A. Violência e satisfação com a democracia no Brasil.


OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, vol. 24, nº 1, jan.-abr., 2018. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/op/v24n1/1807-0191-op-24-1-0209.pdf>. Acesso em:
11 de fev. 2020.

LIMA, R. S.; BUENO, A.; MINGARDI, G. Estado, polícias e segurança pública no


Brasil. Revista Direito GV. São Paulo, v. 12, n. 1, p. 49-85, Jan-Abr. 2016.
Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v12n1/1808-2432-rdgv-12-1-0049.pdf>.
Acesso em: 11 de fev. 2020.

LIMA; R. S.; SINHORETTO, J.; BUENO, S. A gestão da vida e da segurança pública


no Brasil. Revista Sociedade e Estado, v. 30, n. 1, jan-abr. 2015. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/se/v30n1/0102-6992-se-30-01-00123.pdf>. Acesso em:
11 de fev. 2020.

SOARES, L. E. Novas políticas de segurança pública. Estudos Avançados, v. 17,


n. 47, 2003. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000100005>. Acesso em: 11 de fev. 2020.

WEICHERT, M. A. Violência sistemática e perseguição social no Brasil. Revista


brasileira de segurança pública. São Paulo v. 11, n. 2, 106-128, ago-set., 2017.

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