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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL - BA


JUÍZO ELEITORAL DA 49ª ZONA
COMARCA DE RIO REAL - BA

Autos: 238-05.2012.6.05.0049
Representante: Coligação “Juntos somos mais fortes” e outros
Representados: HENIO LUCAS SANTOS CARDOSO e outros

Sentença

EMENTA: REPRESENTAÇÃO ELEITORAL.


PARTICIPAÇÃO EM INAUGURAÇÃO DE
OBRA PÚBLICA. ART. 77 DA LEI 9504/97.
AVALIAÇÃO SISTÊMICA DO
DISPOSITIVO. EXIGÊNCIA PROATIVA DO
PERSONAGEM QUE NÃO COADUNA COM
A FIGURA DO MERO EXPECTADOR.
AUSENTES PROVAS INCONTESTES DA
UTILIZAÇÃO DO EVENTO PELOS
REPRESENTADOS PARA PROMOÇÃO DE
SUAS CANDIDATURAS OU DE ATOS DE
CAMPANHA. REPRESENTAÇÃO
IMPROCEDENTE.

Vistos etc..

A parte representante, devidamente qualificada e representada nos autos, ofereceu a


presente AÇÃO nominando-a REPRESENTAÇÃO ELEITORAL, contra os representados
apontando violação ao art. 77 da Lei 9504/97: “participação dos representados em inauguração de
obra pública (…) no dia 16 de julho de 2012” (Inicial, fl. 03)

Foram acostados diversos documentos, fotos e vídeos.

Os requeridos foram notificados e apresentaram defesa (fls. 76 e 107) com preliminar e


apresentando justificativas para as alegadas breves presenças no local, sustentando que não
praticaram nenhum ato de campanha no local, acostando documentos.

O Ministério Público se manifestou(fl. 119) e as preliminares foram afastadas(fl. 121) com


designação de audiência.

Durante a instrução foi ouvida uma testemunha da parte autora(128),que prestou


depoimento sem compromisso, além de três testemunhas pela parte ré(fls. 126, 127 e 129).
Na audiência foi indeferido o pedido de substituição das testemunhas pela parte autora(fl.
122).

A parte autora apresentou memoriais finais(fl. 146) alegando cerceamento de defesa e


ressaltando que a parte requerida reconheceu que esteve no local, reiterando os termos da
inicial. A parte ré apresentou memoriais finais(fl. 131) mantendo os termos da defesa
inicial e apontando que a acusação só apresentou uma testemunha , ainda sem
compromisso.

O MP apresentou seu memorial final (fl. 166) indicando que há “forte probabilidade de que
os representados estiveram na inauguração”, mas sem lastro para que se “valeram desse
fato para fazer campanha política ou promoção pessoal”, opinando pela improcedência do
feito.

É o relatório.

Entendo por repelir a alegação de cerceamento de defesa(fl. 146), já que da decisão judicial
tomada em audiência não existiu irresignação da parte autora, sendo que observo que
naquele momento e nos memoriais finais sequer foi indicado o rol dos substitutos, ausente
na audiência e incompleto nos memoriais finais(fl. 147): (...)Em tendo sido a matéria objeto de
decisão interlocutória, inviável o seu reexame pelo próprio Juízo quando da prolação da sentença.
(...)Infundada, também, a arguição de nulidade do feito por subversão da ordem processual, porquanto além
de não ter sido alegada no momento oportuno, não demonstrou o recorrente o efetivo prejuízo que teria
advindo em decorrência da colheita de prova testemunhal antes da realização da perícia. Rejeitadas. (...)(TRE-
BA. RECURSO ELEITORAL nº 7196, Acórdão nº 289 de 25/04/2006, Relator(a) ELIEZÉ BISPO DOS
SANTOS, Publicação: DPJBA - Diário do Poder Judiciário da Bahia, Data 05/05/2006, Página 55)

Inobstante uma hermenêutica gramatical sumária do art. 77 da Lei 9504/97 indique


responsabilização pela mera presença em alguma inauguração, uma avaliação sistêmica do
dispositivo revela uma exigência proativa do personagem, que não se coaduna com a figura
do mero expectador, de forma a desequilibrar o nivelamento necessário perante a outros
candidatos ao pleito por conta de sua presença ao local. Neste sentido os posicionamentos
mais recentes, inclusive de nossa corte eleitoral: “[...]. Conduta vedada. Participação em
inauguração de obra pública. Art. 77 da Lei nº 9.504/97. Potencialidade lesiva não demonstrada. Equilíbrio do
pleito preservado. Princípio da proporcionalidade. (...)” NE: “[...] este Tribunal já decidiu que o prefeito pode
exercer as atividades inerentes ao cargo paralelamente às atividades de sua campanha eleitoral e tem afastado
a aplicação do art. 77 da Lei n° 9.504/97, quando não há comprovação de que o prefeito candidato valeu-se da
solenidade para promover sua campanha eleitoral.”(TSE. Ac. de 16.3.2010 no AgR-REspe nº 34.853, rel. Min.
Cármen Lúcia.)

Incontroversa a inauguração de ponte de madeira custeada pela municipalidade e a presença


do representado. Compreensão, contudo, do escopo da norma, que é o de evitar o
desequilibro entre os participantes do pleito. Mera presença discreta e silenciosa em
cerimônia, considerado o pequeno público presente, ausência de pedido de votos ou
promoção pessoal, não é conduta capaz de alterar significativamente o processo eleitoral.
Aferição da relevância jurídica do ato praticado pelo candidato para atribuição da sanção.
Ainda que reconhecida a tipicidade da conduta descrita no artigo 77 da Lei das Eleições,
desproporcional a cassação do registro de candidatura. Aplicação da multa prevista no
artigo 73, § 4º, da mesma norma, destinada a coibir todas as condutas vedadas. Procedência
parcial.(TRE-RS. Representação nº 572797, Acórdão de 05/10/2010, Relator(a) DESA.
FEDERAL MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, Publicação: PSESS -
Publicado em Sessão, Data 05/10/2010 )

O posicionamento consolida inúmeras decisões judiciais que descrevem situações


semelhantes aquelas relatadas nos autos, tais como, circulação no local, presença passiva e
etc: “[...] 1. A permanência do prefeito, candidato à reeleição, em local próximo ao evento de inauguração,
não caracteriza ofensa ao art. 77 da Lei no 9.504/97. [...]”(TSE. Ac. de 4.4.2006 no AgRgREspe no 25.093, rel.
Min. Gilmar Mendes.) “[...] Art. 77 da Lei no 9.504/97.(...) Mas, no tocante à presença de candidato em
inauguração de obra pública [...] o simples fato de o candidato encontrar-se em meio ao povo, sem que lhe
tenha sido dada a posição de destaque ou sido mencionado seu nome ou presença na solenidade, não leva à
caracterização do ilícito previsto no art. 77 da Lei no 9.504/97.”(TSE. Ac. no 25.016, de 22.2.2005, rel. Min.
Peçanha Martins.) (...) 3. O que a lei pretende vedar é a utilização indevida, ou o desvirtuamento da
inauguração em prol de candidato, fato, aliás, que pode ser apurado na forma dos arts. 19 e 22 da Lei
Complementar no 64/90. Precedentes: acórdãos nos 4.511, de 23.3.2004, Ag no 4.511; 21.167, de 21.8.2003,
EDclREspe no 21.167, JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL - 049ª ZONA
ELEITORAL 3/3 da relatoria do Min. Fernando Neves.” (TSE. Ac. no 24.122, de 30.9.2004, rel. Min. Caputo
Bastos.) “Recurso contra expedição de diploma. Provas incontestes. Ausência. Função administrativa.
Exercício regular. Preceitos legais. Violação. Ausência. Provimento negado.

A participação em evento público, no exercício da função administrativa, por si só, não


caracteriza ‘inauguração de obra pública’. Ausentes provas incontestes da utilização da
máquina administrativa com finalidade eleitoreira, nega-se provimento ao recurso contra
expedição do diploma.”(TSE. Ac. no 608, de 25.5.2004, rel. Min. Barros Monteiro.)

A situação provada pelos documentos, fotos e vídeos colacionados pela parte autora – não
negada pela parte ré - é que os representados estiveram nas cercanias do local dos eventos,
ainda que antes, durante ou após os atos solenes. O que as provas não sustentam é a
utilização do ato em benefício de suas candidaturas ou que tenham se comportado de forma
a usufruir do referido ato. A testemunha da parte autora, inclusive, relata que nenhum dos
representados adentrou no espaço interno do Posto de Saúde, local em que ocorria o ato
solene: “que a inauguração aconteceu dentro do posto (…) que não viu nenhum dos
representados entrar no posto”(fl. 128). O que se deflui dos autos é que não se provou que
os representados se beneficiaram durante a realização do ato inauguratório, quer sendo
citados, quer tendo posição de relevo ou mesmo executando atos de campanha.

Do exposto e do que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTE A


REPRESENTAÇÃO.

P.R.I.

Rio Real, 28 de novembro de 2012.

Bel. Josemar Dias Cerqueira


Juiz de Direito

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