Ja
Programa de
SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 28 • 28 Janeiro 2011
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Coisas do Mundo
Cavaco cilindrou
os “amigos” de Neves
Sem apelo nem agravo: em Portugal, Cavaco
Silva foi reeleito à primeira volta. Os amigos
portugueses de JM Neves levaram “banho” e
agora curam as feridas. Sócrates, o das
promessas de computadores que nunca che-
garam a Cabo Verde, está agora em maus len-
çóis. Os próximos tempos dirão como param
as modas para o governo de Lisboa. Pág. 14
combate
ao desemprego
Primeira medida de governo de Carlos Veiga
Confiante na vitória nas próximas eleições – os banhos
de multidão apontam nesse sentido -, o líder do
Movimento para a Democracia anuncia já as primeira
medidas do seu Governo: prioridade das prioridades,
o combate ao desemprego. Deste modo, Veiga faz prova
de que as suas propostas eleitorais são mesmo para
cumprir: “onda verde” assume compromissos, o que é
uma maneira nova, e séria, de estar na política. Pág. 5
Assim se viu quem à verdade fugiu
A entrevista
a que José Maria Neves
não respondeu
Já insistiu, insistiu para que o líder do PAICV respondesse
a perguntas que este jornal lhe queria fazer. Pediu a entre-
vista, não teve resposta. Mandou um questionário, Neves
calou-se e encolheu-se: o candidato tambarina mostrou
assim o seu desprezo pela liberdade de imprensa.
Enquanto isso, o PAICV queixava-se na CNE de que Já era
parcial e a CNE multava à medida. Os factos falam por si.
Que os cabo-verdianos ajuízem por si mesmos. Pág. 4
A inventona faz luz Grande reportagem
Com o PAICV
o apagão continua
Fica no anedotário da golpaça: para “explicar” o
curto-circuito de Neves no debate televisivo com
Tira Chapéu
Veiga, a “estrela negra” deu ordens para que um
apagão, que a Electra justificara como “avaria”,
morada da pobreza e do desespero
fosse transformado em “sabotagem”. Ar- Um bairro da cidade da Praia mostra aonde levam as políticas que não têm por obje-
ranjaram um “bode expiatório” e não estiveram to as pessoas. Tira Chapéu concentra desemprego, pobreza, droga, e desespero e dá
com meias medidas. O problema é que, depois razões para quantos defendem que, para pôr fim a isto, “mesti muda”. Pág. 9
da inventona, os apagões continuaram. Pág. 13
2 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011

marco do correio
Cartas ao Director • E-mail: cartasdirector@ja.cv
editorial
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto. Vlademiro
O Já reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados, Osvaldo Marçal
nem se prestará informação postal sobre eles. semanarioja@gmail.com

Dezembro, cujo valor global ascende Maria Neves, mas o Estado, apesar
“Oficiais de Justiça a milhares de contos.
Foi esta, em síntese, a informação
das promessas de pagamento dos
retroativos, nunca chegou a vias de
injustiçados” prestada a um senhor que se
apresentou como jornalista do
facto”.
Ora, se há um ato unilateral de quem
Tendo lido no semanário Já, de 7 de Liberal, perante o Presidente do de direito a conceder a progressão e
Janeiro de 2011, um artigo intitulado Sindicato Nacional dos Oficiais de sendo o pagamento seu pressuposto, é
“Oficiais de Justiça injustiçados”, Justiça. descabido falar-se de negociação, pois
vem o Presidente do Sindicato
Nacional dos Oficiais de Justiça
solicitar seja publicado o presente
texto, visando dar alguma coerência
Sendo esta a informação, resulta
insossa a seguinte passagem
acrescentada pelo articulista: “E se a
situação se mantiver, os oficiais de
se o direito já foi declarado, o lugar
para a sua efetivação coerciva é o
tribunal e não a negociação. O que é
isso de o estado nunca ter chegado a
O rabo do gato
B
às afirmações que lhe são imputadas. justiça admitem partir para uma “vias de facto”? em dizem os portugueses: o rabo é o mais difícil de
No segundo trimestre de 2009 e no greve geral com consequências Nunca foi dito ao senhor jornalista esfolar. Quem, como nós, acompanha o evoluir das
primeiro trimestre de 2010 foram imprevisíveis, para os cidadãos e/ou que o litígio tem a ver com a não
campanhas eleitorais, constata que a chamada
publicados no Boletim Oficial vários empresas, sobretudo numa altura em progressão e/ou não promoção dos
actos administrativos respeitantes às que o sistema judicial é muito oficiais de justiça, mas sim que tem a “onda verde” (campanha do MpD-Carlos Veiga) está a
progressões dos oficiais de justiça, criticado, pela sua lentidão e ver com o não pagamento da parte ganhar vantagem, suplantando a “onda amarela”: a marcha
com efeitos retroativos, alguns ineficácia”. retroativa dos vencimentos resultantes da democracia e liberdade vai em crescendo, sobretudo a
reportando-se à data de 1 de Abril de Aliás, o senhor articulista, ao atribuir das progressões. partir do frente a frente na TCV, no qual Veiga encostou
2003. conscienciosamente ao Presidente do Em nenhum momento se aludiu ao
Não se tendo pago a parte retroativa Sindicato algo que nunca foi dito, sistema judicial, tema aliás Neves à parede e fez soltar os ventos da mudança, os quais,
de vencimentos resultante das acabou por descontextualizar a transcendente, cuja densidade não a partir daí, ganharam novo alento. Isso está visível no
progressões, o Sindicato Nacional dos informação prestada. podia caber no assunto tratado com o terreno e é confirmado por indicadores vários que chegam
Oficiais de Justiça, munido das É que quem intenta uma ação judicial senhor jornalista. ao nosso conhecimento. E é confirmado também pelos atos
respetivas procurações, intentou, em tem a pretensão de ver a solução do Cada coisa no seu lugar!
representação dos oficiais de justiça, litígio ditada coercivamente pelo É a precisão que se impunha fazer na de desespero em que, em contrapartida, mergulham os da
contra o Estado de Cabo Verde, ações Tribunal, pelo que seria incoerente parte da peça jornalística relacionada “onda amarela” – os mais caricatos de todos, a “inventona
judiciais que neste momento correm falar-se em greve geral para resolver com o Presidente do Sindicato. Em dos sabotadores” (da Electra) e (antologia do disparate!) a
termos nos Tribunais de Comarca da o mesmo problema. nome da verdade, se ainda tem algum manifestação do PAICV contra a Electra que ganhou
Praia e de S. Vicente, para cobrança Atente-se outrossim na seguinte valor.
coerciva daquilo que lhes é devido. passagem acrescentada pelo O Presidente do Sindicato Nacional
esdrúxulos foros de PAICV a manifestar-se contra o seu
São cerca de cento e tal processos articulista: “… o sindicato tentou dos Oficiais de Justiça governo. A “inventona da sabotagem”, por tão rasteira e
instaurados durante o mês de negociações com o governo de José Boaventura Semedo forçada, fica no anedotário desta campanha, a medir forças
com o disparate das autárquicas, quando, em Santa Catarina,
Festas Natalícias • Em momento nenhum foi espírito de amor à instituição qualidade de presidente da Neves apostrofou os “buro na ladera”.
adjudicado a qualquer empresa que representam e ACS, referida na peça, dei de
Considerando as informações pertencente ao que muito lhes honra forma séria e honesta a minha
É o desespero que mata a lucidez e abre caminho às
avançadas num artigo Administrador Dr. Fernando dignificar, facto que é e será simples opinião. urticárias do não-senso. É sobretudo nos momentos de
intitulado “Resultante", do Moeda ou a sua esposa e / ou sempre reconhecido pela Sou uma pessoa que se pauta aperto que se dá espaço aos “mestres das golpadas” e as
Semanário Já, n.º 23, de 24 de seus familiares a Administração do BCA. pela boa conduta e respeitando
Dezembro de 2010, no sentido organização das festas • Pelo que, não corresponde de a todos. Quero aqui repor a Fialhos, os Ruis e os Filus intentam fazer mostras da sua
da realização das natalícias do BCA; todo à verdade, as informações verdade pela forma incorreta capacidade de intrujice – puxam dos galões e lá vai disto!
festas natalícias do BCA terem • Todas as festas e avançadas no como o vosso repórter utilizou
sido adjudicadas a uma comemorações por ocasião da artigo acima referenciado. a minha pessoa para escrever
Tem-se visto. Só que, desta forma, apenas se confessa vazio
empresa pertencente à época festiva, à semelhança A Comissão Executiva do BCA o que, em momento algum, fiz de ideias, falta de programas e ausência de políticas.
esposa do Administrador Dr. dos anos anteriores, seja na Paulo Lopes menção. No último parágrafo, Dói ver este descalabro. Ver José Maria Neves a entregar-se
Fernando Moeda, com Praia ou nas outras ilhas, foram frase que eu não disse, a
comentários inusitados e organizadas e seguinte: “entretanto às mãos desajeitadas de Vieira, dói. Porque, apesar de tudo,
lesivos às funções que o coordenadas pelo departamento Palavras: o seu a ignorado pelo anterior edil, o supúnhamos um político inteligente, ao contrário do “meia
mesmo desempenha enquanto dos recursos humanos e/ou Felisberto Vieira".
Administrador do BCA e à agências e
seu dono Repudio veemente esta
bola e força” de Felisberto. Apenas o desespero de quem vê
imagem do Banco, no uso do Direcções; No vosso semanário Já nº 27, utilização de forma desonesta o chão a fugir-lhe debaixo dos pés explica o recurso ao mau
direito de resposta, previsto na • Ademais, ao contrário do de 21 Janeiro ultimo, na pagª 7, de colocar na minha pessoa conselheiro “vale tudo”.
lei de Imprensa referido no semanário, este ano título “Rua 5 de Julho ganha aquilo que eu não disse.
vigente em Cabo Verde, a a envolvência dos nova imagem”, o vosso Espero que seja corrigido e O enveredar por este caminho, por parte de Neves e sua
Comissão Executiva do BCA colaboradores foi ainda maior, repórter solicitou-me a minha esclarecer a opinião pública, entourage, obriga a redobradas atenções daqui para a frente:
vem solicitar que sejam com realização directa das opinião pelo trabalho realizado. pela calúnia.
publicados os seguintes festividades Como munícipe e morador Atenciosamente
quem é capaz destas inventonas e golpaças, é capaz doutras,
esclarecimentos: natalícias, imbuídos de um nesta cidade da Praia e na Alfredo Barbosa Fernandes é capaz de tudo.
Em defesa da democracia, da sua verdade, o bem mais
precioso dos cabo-verdianos, justificam-se os alertas. Mau

Anuncie Já será que, entusiasmados pelo crescendo da “onda verde”, os

democratas se convençam de que, até dia 6, tudo serão
rosas, entrem em triunfalismos e descurem vigilâncias. Não!
no jornal de maior Faltam os dias finais, os mais difíceis: aqueles em que vai
ser necessário esfolar o rabo do gato.

tiragem do País Telefone: (00238) 2623817
semanarioja@gmail.com 20 000 exemplares! Já SEMANÁRIO GRATUITO E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Administração e Redação: Director: Vlademiro Marçal
Largo Eusébio da Silva Ferreira, Design e Paginação: Medi@capital, SA
Achada de Santo António, Cidade da Praia, Impressão: Grafedisport SA
Aproveite os preços promocionais. Ligue 262 38 17 e reserve o seu espaço Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669 Tiragem: 20.000 exemplares

sem perdão
Supremo decide casos do roubo de droga na PJ
Um processo kafkiano
O
Supremo Tribunal de
Justiça (STJ) acaba de jul-
gar os recursos dos três ele-
mentos da PJ e do taxista envolvidos
no caso de roubo de 189,500 kg de
cocaína na casa-forte da Polícia
Judiciária, em Abril de 2008. A
instância máxima da Justiça cabo-
verdiana absolveu, de todos os
crimes de que vinha acusado, o
agente Emanuel Marques, con-
siderando improcedente o recurso do
Ministério Público à decisão da
primeira instância, que o tinha
absolvido e inocentado da prática
daquele crime. Entretanto, o ex-
inspector Alino Pina Vieira, ausente
em parte incerta, depois de fuga do
País, viu confirmada a pena de prisão
de 20 anos, já que o STJ considerou
improcedente o seu recurso. Quem
viu a pena reduzida, de 18 para 12
anos, foi o taxista António Lopes
Teixeira.
Anulada ficou também a sentença
relativa ao agente Nelson Landim
Tavares: o Supremo ordenou “a pro-
lação da nova decisão, suprindo a
omissão de pronúncia quanto ao
depoimento da testemunha Zany
Filomeno”, lê-se no Acórdão nº 2 do
STJ, de 18 de Janeiro. O que signifi-
ca que Nelson Tavares vai regressar a
tribunal para um novo julgamento, a
fim de corrigir a “omissão de pronún-
cia” da testemunha Filomeno, cuja
prisão e julgamento ditaram tremen-
da baixa ao narcotráfico em Cabo
Verde.
“Sempre acreditei na
minha inocência”
Quem não ficou surpreendido com a
decisão do STJ foi Emanuel Marques.
“Apesar de todas as tentativas mórbidas
orquestradas ao mais alto nível, para
deitar abaixo a imagem da minha pes-
soa e a da minha família, sempre acre-
ditei na minha inocência. Não tive nada
que ver com aquele caso. Fui acusado
de crime que nunca cometi e o pior é
que na primeira fase do processo, logo
após a minha detenção, sequer fui infor-
mado das razões que a motivaram”,
afiança Marques, considerando esse
facto uma flagrante violação constitu-
cional, relativo ao direito do cidadão em
ser informado sobre a (s) causa (s) da
sua detenção.
Recorde-se que Emanuel Marques
esteve preso, preventivamente, durante
oito meses e 10 dias na Cadeia Central
de São Martinho, na sequência do ale-
gado envolvimento no caso de roubo de
quase 200 quilos de cocaína na casa-
forte das antigas instalações da PJ, em
Achada Santo António, em 2008. A
impressão digital do dedo anelar da sua
mão esquerda, no lado interno da porta
que dá acesso à casa-forte, serviu,
segundo o ex-agente da PJ, de argu-
mento ao juiz para legalizar a sua prisão
preventiva. “Na verdade fui, conforme
consta dos autos, durante seis anos, um
dos responsáveis da casa-forte. Era um
local que frequentava, regularmente,
enquanto espaço de trabalho e, como
tal, seria compreensível a existência
dessa impressa digital”, diz Marques
sublinhando que a sua última estada
nesse local foi em Novembro de 2007,
para “inventariar armas e munições ali
depositadas” - tinha deixado o cargo
por estar no 2º ano do Curso de Direito,
no Instituto de Ciências Jurídicas e
Sociais.
“PJ portuguesa truncou
vestígios digitais”
Marques afirma que os investigadores
da PJ portuguesa estiveram impregna-
dos de erro científico e má fé e, por isso
mesmo, o tribunal da primeira instân-
cia o absolveu na sentença do julga-
mento. Os investigadores portugueses,
sublinha Emanuel Marques, nunca
conseguiram precisar a data do vestígio
encontrado, o que decerto terá motiva-
do o juiz na sua sentença. Aliás, é dessa
sentença que o Ministério Público
(MP) recorreu e agora o Supremo
Tribunal de Justiça veio confirmar. O
ex-agente da PJ está inocente do crime
de que foi acusado.
Em relação ao arguido Marques, o tri-
bunal alegou existirem dúvidas quanto
à data da produção do vestígio digital
do dedo anelar esquerdo, encontrado
perto das dobradiças, no lado interno
da porta da casa-forte da Polícia Judi-
ciária, onde as drogas eram guardadas,
identificado pelo perito lofoscópico
como sendo deste arguido, uma vez
que o mesmo teve acesso à casa-forte
até ao inicio do mês de Novembro de
2007. Inicialmente como responsável
Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 3
Chegou ao fim o processo
que, alegadamente,
envolvia Manuel do
Carmo Barreto Marques,
mais conhecido por
Marques da PJ, e três
outros indivíduos no
crime de roubo agravado
e tráfico nas instalações
da PJ, em Abril de 2008,
quando Marques,
juntamente com Alino
Monteiro Pina Vieira,
Nelson Jeremias de Jesus
Landim Tavares e o
taxista António Gomes
Lopes Teixeira, foram
presos e conduzidos à
Cadeira Central de São
Martinho
pela casa-forte e, por último, como Instado a dizer se vai regressar ou não
inventariante das armas e munições ali à PJ, Marques responde que está preo-
depositadas e, por isso, cupado com o trabalho
é importante saber Emanuel Marques na rede de Hiper-mer-
quando é que esse ves- esteve preso, cados Calu&Ângela,
tígio foi ali deixado’, lê- em Santa Catarina,
se no Acórdão do STJ, preventivamente, onde foi, recentemente,
que cita as alegações do durante oito meses e colocado graças à con-
MP. 10 dias na Cadeia fiança que granjeou
Apesar do processo ter junto do seu patrão, a
chegado ao fim, Mar-
Central de São quem agradece a soli-
ques acredita que os Martinho, na dariedade e apoio, nu-
seus “algozes persegui- sequência do alegado ma altura difícil da sua
dores” responderão um envolvimento no caso vida. Ainda assim,
dia, perante a Justiça, avança que, neste mo-
pela barbárie cometida de roubo de quase mento, está no STJ,
contra a sua pessoa e 200 quilos de cocaína com data de 27 de Abril
família. “Agora, hão-de na casa-forte das de 2009, um conten-
me deixar em paz, já cioso administrativo
que o STJ, instância
antigas instalações da que pede a anulação do
máxima da Justiça ca- PJ, em Achada Santo despacho de demissão
bo-verdiana, deu-me a António, em 2008 da ministra da Justiça,
razão, pondo termo a Marisa Morais. “Estou
um pesadelo que durou três anos, mas convencido que, depois deste Acórdão,
pareceram uma eternidade. Esses mal- o STJ vai pronunciar-se favoravel-
feitores devem ser responsabilizados mente no contencioso administrativo.
pelos danos morais e físicos que A partir daí, tomarei posição que pode
perpetraram contra a minha pessoa e ou não passar pelo meu regresso à PJ”,
família”, afirma Marques para quem a garante Emanuel Marques, que diz-se
verdade nunca é destruída, nem mesmo desapontado com o semanário A
com artifício científico, como foi o Semana que, antecipadamente, o jul-
caso dos investigadores portugueses gou no tribunal da praça pública acu-
que, durante o julgamento, mostraram- sando-o de traficante e de roubo de
se inseguros e contraditórios nos argu- droga nos armazéns da PJ.
mentos, o que denota falta de rigor Marques já fez saber que pondera
científico e indicia fabrico de vestígios intentar ação contra a A Semana pela
como forma de o incriminar. “Terão campanha persecutória, de difamação e
recebido muita massa para isso”. con- danos morais veiculada nas suas suces-
clui o ex-agente da PJ cabo-verdiana. sivas edições.
4 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
pela boca
entrevista
A entrevista que não houve
José Maria Neves
não respondeu
O semanário Já insistentemente solicitou ao líder do PAICV, José Maria Neves, uma entrevista para ser publicada. Nem resposta houve – aquele partido reme-
teu-se ao silêncio, acusando entretanto este jornal de ser parcial. Cansado de inutilmente solicitar a entrevista a José Maria Neves, no passado dia 21 Já envi-
ou-lhe proposta de questionário. Resposta: nem sim, nem não, nem nim, apenas silêncio, revelador da falta de respeito pela Comunicação Social. Perante tal
obstrução à liberdade de informação, Já torna público o questionário que não teve respostas
No programa do Governo de 2006, definiu como objetivo, e
prometeu aos cabo-verdianos, reduzir o desemprego para
um dígito e fazer crescer o País a dois dígitos. Não foi
alcançado. O que correu mal?
Não houve resposta
A crise internacional? Mas a crise continua…
Não houve resposta
Infra-estruturas? Também não deu certo antes… porque é
que pode dar agora?
Não houve resposta
Fala em mais aeroportos. Para quando um aeroporto
condigno para a ilha de Santiago? O mundo está a evoluir, a
população cresce e, daqui a poucos anos, o Aeroporto da
Praia não dá vazão à demanda do tráfego aéreo, local,
regional e internacional? Quando é que a planificação
começa a olhar para o curto, médio e longo prazos?
Não houve resposta
Carlos Veiga diz que é preciso governar para as pessoas (e
não para o cimento). Quer comentar?
Não houve resposta
Afinal, escreveu ou não escreveu, assinou ou não assinou
que o MpD governou bem na década de 90?
Não houve resposta
O slogan de campanha do PAICV é “Mais Cabo Verde”. Mais
o quê? Mais desemprego, pobreza, insegurança, falta de
habitação condigna, nepotismo, censura à imprensa,
perseguição das pessoas, isolamento das ilhas? Significa
este slogan do PAICV que os seus Governos de 2001 a 2011
foram “Menos Cabo Verde?”
Não houve resposta
“Mais Cabo Verde” significa mais ataques ao Poder Local?
Porque é que as relações do governo PAICV com o Poder
Local foram sempre negativas, ao ponto de até Câmaras
conotadas com o PAICV disso se queixarem?
Não houve resposta
Por que não pagou o IUR e o IUP? Reconhece ou não que
atropelou a lei?
Não houve resposta
Por falar em lei: já foi ouvido na Procuradoria pelas declarações
feitas por si nas legislativas de 2006, as quais, como sabe, con-
substanciam crime eleitoral?
Não houve resposta
Quer explicar aos cabo-verdianos o que está por detrás da ideia
de acabar com o Gimnodesportivo da Praia? Criar uma praça fi-
nanceira na zona de Chã d’Areia? Foi por isso que venderam as
oficinas da polícia do Estado a um conhecido empresário ligado
ao PAICV?
Não houve resposta
Como é que conseguiu comprar o terreno onde construiu a sua
casa na Praínha (comprar um terreno daqueles, na Prainha, por
944 contos, e pagar em 4 prestações… é obra!)? Sabe que nesse
terreno, onde funcionava a oficina do INRGH, havia projeto para
moradias destinadas aos trabalhadores desse Instituto? Foi por
isto que decidiu atribuir o cargo de Conselheiro a Filú?
Não houve resposta
Por que abandonou a Câmara de Santa Catarina quando foi elei-
to em 2000? E depois de ter feito “juras de amor”…
Não houve resposta
No dia 12 de Janeiro, o Tesouro transferiu para o BCA mais de
250 mil contos para as FAIMO. O senhor, que se diz defensor da
ética política, quer explicar aos cabo-verdianos que tipo de ética
defende, realmente? Por que não transferiu esse montante to-
dos os meses, durante a sua governação?
Não houve resposta
Sabe que o presidente da TACV, seu irmão, prometeu aos traba-
lhadores um subsídio de Natal e até hoje, 21 de Janeiro… nada?
Não houve resposta
Acha ético escolher o seu irmão para presidir à TACV?
Não houve resposta
O Kriola está aí. Não vai dar aquela volta às ilhas em 24 horas,
como prometeu, mas vai desencravar a ilha Brava. Fala-se que o
seu governo vai atribuir subsídio de 20 mil contos anuais à Fast
Ferry. Por que não fizeram o mesmo com a Moura Company?
Não houve resposta
Em Santa Cruz, falou no salário mínimo. Mais uma promessa sua
por cumprir. O 13.º foi ou não foi mais uma promessa sua na an-
terior campanha eleitoral? Porque tantas promessas se não as
cumpre?
Não houve resposta
O seu governo fez com que 16 000 jovens se encontrem neste
momento fora do sistema de ensino. Comente…
Não houve resposta
No debate com Carlos Veiga, ousou dizer que o seu governo é
responsável pelo transporte dos alunos. Quando é que vão pas-
sar a fazer isso? Só a Câmara de S. Domingos transporta diaria-
mente mais de 2 mil alunos. A Câmara da Ribeira Grande outros
tantos. O Governo olha e não ajuda. É verdade ou mentira?
Não houve resposta
Com o seu governo, os pobres ficaram mais pobres. Sem empre-
go, as famílias viram-se obrigadas a tirar os filhos da escola, não
têm acesso à saúde, diminuiu a qualidade de vida da maioria.
Verdade ou mentira?
Não houve resposta
António Rebelo de Sousa, reputado economista socialista, fez
um diagnóstico preocupante da economia cabo-verdiana, desta-
cando a deterioração das contas públicas (6,8 por cento do PIB
em Setembro de 2010), aumento do "stock" total da dívida do
Governo Central para cerca de 71 % do PIB, com crescimento do
nível de actividade económica, em termos reais, um pouco supe-
rior a 4 %, em 2011, e taxa de inflação entre 1,5% e 3%, deven-
do as contas externas continuar a deteriorar-se, em larga medi-
da, graças à redução das receitas líquidas com o turismo e à que-
bra das remessas dos emigrantes. Isso, não o preocupa?
Não houve resposta
Já é quadro da UniCV?
Não houve resposta
Pensa candidatar-se à Presidência da República?
Não houve resposta
O seu partido é acusado de tentar comprar votos com cimento,
verguinhas, etc, etc. É verdade? Se governou bem, porquê estes
expedientes?
Não houve resposta
O que quer dizer aos cabo-verdianos, a terminar esta entrevista?
Não houve resposta
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 5

pela boca
entrevista

Alerta de Carlos Veiga

“Temos de saber combater

a fraude eleitoral”
Numa pausa da campanha, o presidente do MpD trocou impressões com Já sobre os primeiros dias no terreno, onde a
“onda” democrata tem sido avassaladora. Todavia, deixou alerta: há que estar atento a manobras de última hora…

Qual o balanço que faz destes primeiros dias de campa-
nha?
Estou muito satisfeito com a recetividade das pessoas. Respondem
de uma forma espontânea e com grande entusiasmo às nossas pro-
postas de que é preciso mudar - o “Mesti Muda”.
Há momentos marcantes?
Fiquei emocionado em Santa Cruz. Nós somos oposição no con-
celho há dez anos e não esperava encontrar tanta gente a receber-
nos. Por momentos, regressei aos anos noventa, em que Santa Cruz
era baluarte nosso…Há uma onda de crescimento e Santa Cruz já
faz parte dela!
Nas suas intervenções, tem tocado alguns temas chave:
o desemprego, a educação, as condições degradadas em
que vive a maioria da população cabo-verdiana...
Com efeito, esses são os três principais problemas, atingindo, so-
bretudo, gente pobre, afetada pelo desemprego, pela incapacidade
financeira de pagar os estudos aos filhos, pois o governo demitiu-
se dessa responsabilidade. As Câmaras procuram suprir essa omis-
são, mas têm dificuldades – se há 500 pessoas a pedir bolsas nu-
ma Câmara esta só consegue 25, logo, surgem 475 descontentes…
Mas o PAICV faz pior, pois acicata as pessoas contra as Câmaras,
Quando chegámos ao poder, o concelho de Santa Cruz, por exem-
plo, tinha um único telefone público, a energia eléctrica só chega-
va às sedes dos concelhos e eram duas horas por dia, não havia
escolas primárias nem postos sanitários disseminados, liceus só na
Praia e São Vicente. No que respeita às necessidades fundamentais
do povo, o País estava bastante atrasado. É claro que, em termos de
desenvolvimento social, a herança colonial não foi positiva e o
PAICV nada fez para alterar esse estado de coisas. Era um partido
único, com organizações de massas que arregimentavam as pessoas
e as mantinham dentro de certas baias, não havia liberdade, nem
democracia, o povo não podia falar, não havia o direito à diferen-
ça. Embora conotado à direita do PAICV, o MpD pugnou pelo
desenvolvimento social, valorizámos a democracia, as pessoas, e
estas passaram a acreditar que era possível ter condições dignas de
vida. Quando propusemos isso, acusaram-nos de demagogia.
Qual a primeira medida que vai tomar quando for
Primeiro Ministro?
Vamos fazer o Programa de Emergência de Emprego e contemplar
medidas de combate à habitação degradada. Nos dez concelhos, já
definimos as dez prioridades de emergência. Mas, primeiro do que
tudo, é preciso elaborar o Orçamento… não há neste momento
Orçamento.

como se a responsabilidade de não haver bolsas fosse destas e não
do Governo. É uma forma muito cínica de fazer política.
Uma questão lançada pelo governo nesta campanha: os
apagões são sabotagem. Quer comentar?
Estão a tentar enganar as pessoas. No fundo, a situação é da única
responsabilidade de José Maria Neves. Havia uma parceria com
uma das empresas mais credenciadas na Europa e no Mundo (a
portuguesa EDP) que ele destruiu, exacerbando um nacionalismo
serôdio, prometendo às pessoas que não precisava de estrangeiros
para a gerir. O que se vê são cortes cada vez maiores, a empresa
incapaz de solver os seus compromissos financeiros, de pagar o
combustível. E é isso que tem dado origem aos apagões.
Não deixa de ser curioso que, na linha programática e
acção desenvolvidas pelo MpD, bem claras nas pro-
postas apresentadas ao eleitorado, o partido democra-
ta tenha ocupado o espaço dos princípios do PAICV. É
verdade?
O PAICV sempre se preocupou com o poder, nunca com o povo.
“
Para nós, tem sido claro
que o PAICV e o governo
não se interessaram em
fazer um bom
recenseamento, há muitas
queixas, particularmente, na
Diáspora
Receia que, nestas eleições, também surjam “chapela-
das” eleitorais, como aconteceu nas Presidenciais?
Estamos melhor. Mas temos de saber combater a fraude antes e
durante o processo de votação. Se não o soubermos fazer, não vale
a pena reclamar depois. Mas, para nós, tem sido claro que o PAICV
e o governo não se interessaram em fazer um bom recenseamento,
há muitas queixas, particularmente, na Diáspora. O PAICV não
está interessado em que as coisas corram de uma forma democráti-
ca. Quando conseguirmos provas da compra de votos, temos de
denunciar esses casos à CNE, de forma a que os tribunais possam
agir em conformidade. No fundo, é consciencializarmos as pessoas
de que estão a vender a sua dignidade ao aceitar a compra do seu
voto.
Como tem visto a campanha do PAICV?
Estou surpreendido com a sua incapacidade de apresentar coisas
novas. O PAICV está a copiar-nos, nas palavras de ordem, nos car-
tazes, nas iniciativas de campanha. Não lhe vemos energia, nem
inovação, nem criatividade. Dez anos de desgaste podem conduzir
a este resultado.
6 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
cá se fazem
Artistas debatem caminhos
Cultura cabo-verdiana
no centro da mudança
Carlos Veiga, em encontro promovido com artistas e inteletuais, defendeu a relevância da Cultura para o desenvolvimento de Cabo Verde
À
entrada, “alguém” conjeturava sobre o
número de presenças e quem estaria
no Almoço/Encontro, que teve lugar
dia 19, na Praia. “Alguém”, diga-se de pas-
sagem, que estaria ali “plantado”, à porta do
Quintal da Música, no Plateau, para posterior
“relatório”… Os artistas iam chegando, sorriso
aberto nos lábios, num ar de quem a ninguém
Mais de cem artistas foram ouvir as propostas de Veiga
deve obediência, quando se trata de mulheres e
homens livres, obviamente!
Albertino, Lura, Tito Paris, Jorge Neto, Grace
Évora, Abraão Vicente, tantos e tantos… mais
de cem, tantos os que não se renderam à afronta
de serem incomodados com veladas “pressões”
para que ali não estivessem… Porque - pesem
embora as triunfais declarações precipitadas de
... e de Lura
vitória - há quem se incomode com a simpatia,
consideração e afetos que sempre têm rodeado
Carlos Veiga, o líder democrata que convidou
os artistas e inteletuais para conversarem sobre
cultura e arte.
As ideias brotaram claras da boca do presidente
do MpD: aproveitar a força viva da Cultura
cabo-verdiana, particularmente da música, para
Ceuzany esteve atenta
Jorge Neto, Jay e Iduíno
O depoimento de Heavy H...
Artistas não se renderam à afronta
de serem incomodados com veladas
“pressões” para que ali não
estivessem…
a transformar em área de negócio, com van-
tagem para a imagem internacional de Cabo
Verde e como garantia de sustento para quem
vive das artes, dando aos seus agentes auto-
nomia e independência que lhes permita criar
com liberdade e sem constrangimentos, sem
marginalizações, nem condição expressa de
fidelidade a um partido ou a um chefe…
Veiga fala com os artistas
Carlos Veiga e Tito Paris
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 7

Apetrechado para multi-usos

Cinema A expetativa era muita Ulisses cumpre: cinema também tem solução

está de volta
à Praia
Com financiamento já aprovado (está no orçamento
municipal para o ano em curso) e projeto arquitetónico
oferecido pela Câmara Municipal da Covilhã, autarquia
Recuperação da velha sala, motivo de festa
geminada, Ulisses Correia e Silva fez, na passada semana, a
apresentação de como vai ser o cine-teatro da Praia: uma
sala multi-usos, com capacidade para ser palco de mostras
de artes plásticas e outras exposições, representações céni-
cas e de dança, exibições de cinema. É o renascer do velho
cinema do Plateau, que a muito curto prazo vai receber
obras de renovação que lhe dão espaços próprios para estas
múltiplas atividades.
Na apresentação deste projeto, onde Ulisses Correia e Silva
e Carlos Pinto, Presidente da Câmara portuguesa, estiveram
lado a lado, viam-se na sala de jantar do renovado Avis
muitas caras da Cultura praiense – foi dia grande para a Sala do Plateau, pretexto para encontros Zona: cultura de parabéns

capital que volta a ter uma sala de cinema.

O “novo” cinema da Praia “sobe” em altura, no que toca a
plateia, agora reconstruída em declive – é o ultrapassar do
incómodo das cabeças que, na velha sala, tapavam a visão
e consumiam a paciência de quem estivesse atrás de
alguém mais alto.
Carlos Pinto aproveitou para elogiar a cooperação com a
atual Câmara praiense e enaltecer o trabalho autárquico em
curso. Citou uma visita, na companhia de Ulisses, a Achada
Grande onde, como disse, assistiu ao carinho da população
para com o seu autarca.

Sala multi-usos, com

capacidade para ser palco
de mostras de artes Gente da cultura e das artes Carlos Pinto entrega projeto a Ulisses
plásticas e outras
exposições, representações
cénicas e de dança,
exibições de cinema

Momento justificou música…

8 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
isto vimos
Combate a quatro
São Vicente
a caminho
das urnas
Em S. Vicente o combate político está a ser a quatro, dado o ressuscitar de Onésmo, vindo de
um casamento de conveniência com o PAICV. Apesar da subida de voz da UCID, são ainda o
MpD e partido de Neves a dar as cartas
M
pD, PAICV, PTS e UCID
entraram na reta final da
campanha eleitoral. Há
pouco mais a dizer e a fazer. O eleitora-
do já fixou o seu voto, mas os partidos
acreditam que ainda podem mudar
alguma coisa.
O PAICV centrou a sua campanha a
tentar mostrar o que o governo fez por
São Vicente durante dez anos.
Filomena Martins diz que o balanço é
positivo e que, mais, era humanamente
impossível.
Os outros três partidos discordam. O
MpD assegura que o governo PAICV
abandonou São Vicente e vai mostran-
do provas desse abandono. A UCID
também acha que todos os males de
São Vicente passam pelo falhanço das
políticas de José Maria Neves.
Onésimo Silveira está entretido a ma-
lhar em toda a gente: Ora em José Ma-
ria Neves, ora em Carlos Veiga. O povo
vai decidir, já no dia 6 de Fevereiro.
Jorge Santos:
“São Vicente vai castigar
o PAICV nas urnas”
Jorge Santos tem dispendido muito do
seu tempo a tentar explicar por que o
seu partido diz que São Vicente está
abandonado. E cita exemplos. Começa
por dizer que o Primeiro Ministro afir-
mou que, em dez anos, o seu governo
construiu 600 quilómetros de estradas
– “desse número, em São Vicente,
foram construídos apenas 6 km de
estrada. O que significa 1%”, e pergun-
tou se São Vicente não merece mais. Se
a ilha não foi abandonada.
Falou das rodovias e afirmou que
Angola concedeu um empréstimo de
cerca de 40 milhões de dólares para ser
aplicado no asfaltamento de estradas.
“Mas desse dinheiro não veio um
tostão para São Vicente”.
O vice-presidente do MpD prosseguiu,
batendo na tecla do abandono, agora
falando do programa MCA: “foram
milhões de dólares vindos dos EUA e
não foi investido um dólar em São
Vicente”. E concluiu: “o PAICV tem
que assumir as suas responsabilidades
no estado a que São Vicente chegou”.
Santos diz que José Maria Neves não
assume “o abandono” porque é delibe-
rado: “o Primeiro Ministro bloqueou
21 projetos turísticos destinados à ilha
de São Vicente, apenas para perseguir e
asfixiar a Câmara Municipal de São
Vicente”. E desafiou o líder do PAICV
para “acabar de vender ilusões e
assumir o falhanço das suas políticas
em São Vicente”.
Jorge Santos defendeu a união do pró-
ximo governo com a CMSV para fazer
a requalificação urbana do bairro da
Belavista. Anunciou que, sendo gover-
no, o MpD vai criar um programa de
emergência para resolver o problema
da habitação. Jorge pediu aos sanvi-
centinos para penalizarem o PAICV
nas urnas pelo abandono da ilha de São
Vicente.
A Belavista, que hoje integra a zona da
Pedra Rolada, é zona que balança entre
o PAICV e o MpD. Nos anos 90, no
tempo das maiorias qualificadas do
MpD, o PAICV teve aí os seus mel-
hores resultados. Em 2001 passou para
o PAICV com votações expressivas.
Em 2004, Isaura reconquistou a zona
para o MpD e repetiu a vitória em
2008.
Filomena Martins:
“Vamos resolver o
problema do desemprego
em São Vicente”
Filomena Martins, cabeça de lista do
PAICV por São Vicente, tem procurado
levar a oposição para o banco da esco-
la para fazer sabatina sobre o balanço
da governação. Vai desafiando o MpD
e a UCID a negarem os dados, por ela
anunciados, do balanço de dez anos do
governo PAICV.
Com exemplos centrados em São
Vicente começou pelas infra-estruturas
e pelo aeroporto da ilha: “Só eles não
vêem o aeroporto de São Pedro. Só eles
se esquecem do que era esse aeroporto
há dez anos”. Com números, fala do
aumento do tráfego aéreo, do aumento
de números de turistas e da alegria dos
emigrantes que chegam diretamente
aos seus destinos. E conclui: “claro que
não vêem; eles são os piores dos cegos
porque não querem ver”.
E quanto ao balanço, dispara, de punho
no ar e entre palmas: “Este é o nosso
balanço nas infra-estruturas aeropor-
tuárias! Qual é vosso aqui em São
Vicente? O que fizeram em São
Vicente? A cabeça de lista do PAICV
concluí: “è por isso que queremos o seu
voto. Para fazer mais. Para termos mais
Cabo Verde.”
Filomena, depois fala da estrada
Calhau/Baia para dizer que não
entende como a oposição fala do
desenvolvimento do turismo na ilha e
não vê aquela estrada que descobriu
para o turismo zonas de “beleza rara e
com um grande potencial turístico”. E
Filomena remata: “Também para o tu-
rismo temos uma visão de futuro, uma
visão ganhadora”.
E desafia os outros partidos a fazer o
balanço em outros aspetos, como a
politica social, a habitação, a econo-
mia. Filomena conclui dizendo: “temos
moral para pedir o vosso voto, porque
cumprimos e, por isso, queremos fazer
mais.”
Monteiro:
“Veiga e Zé Maria são
responsáveis pelos
problemas de Cabo Verde”
Monteiro entra no palco ao som de
Vangelis. Bandeiras da UCID ao alto.
Gritos e palmas em Fonte Francês. A
UCID inicia a campanha eleitoral para
as legislativas de 2011.
Monteiro escolheu o bairro onde
nasceu e cresceu. E agradece o apoio
que tem recebido ao longo dos anos.
Depois diz ao que veio. “Contamos
com o voto de Fonte Francês para
acabar com as maiorias absolutas, quer
do MpD, quer do PAICV”. Levanta-se
uma voz do público: “ta na hora dês ba
pa oposição”. E Monteiro prossegue
“O objetivo da UCID é acabar com o
entra e sai do MpD e PAICV”.
Santos: MpD tem programa para resolver problema
da habitação em S. Vicente
Filomena: contente com “obra do PAICV”
Monteiro contra maiorias absolutas
Onésimo: PAICV tem política colonial
E o líder da UCID explica o motivo do
pedido: “desde 1975 que o PAICV e o
MpD estão no poder e a governar Cabo
Verde. Chega!” Monteiro começa a
definir a sua estratégia de conquistar o
voto dos descontentes com os gover-
nos do MpD e PAICV e centra as bate-
rias em Carlos Veiga e José Maria
Neves. “Há dias, assistimos a um
debate entre os dois. Foi uma ver-
gonha.”
Do público vem uma sentença: “ês é
dois basofos”. E Monteiro prossegue:
“Uma vergonha porque só falaram dos
seus problemas, da sua ganância e do
ódio que têm um pelo outro”. E depois
de traçar este perfil dos seus adver-
sários, diz: “são esses dois que querem
voltar a ser primeiros-ministros. Não
podemos deixar que voltem a ser
Primeiro Ministro com maior absoluta.
Será o ódio e a vingança”. Por isso
apela: é preciso evitar as maiorias
absolutas “para que nem Veiga, nem
José Maria tenham tanto poder”.
Com este discurso Monteiro antecipa o
discurso do “voto útil” que MpD e o
PAICV já têm engatilhado. Monteiro
inova no arranque desta campanha. É
um Monteiro confiante e sem medo de
comparações e que pergunta: “O que
Veiga e Zé Maria fizeram para acabar
com o desemprego em São Vicente?”
Responde: “Nada. Eles são respon-
sáveis pelo desemprego. Os dois são
responsáveis pelo estado a que Cabo
Verde chegou.”
Onésimo ataca:
“O governo da Praia
destruiu parte da
memória deste País”
Onésimo Silveira tem “disparado”
para todos os lados. Como a dizer que
é preciso contar com ele e… com o
PTS. Como era de esperar, Silveira tem
centrado a sua mensagem na defesa de
“valores” que, para ele, são caros a São
Vicente e no ataque às políticas do
PAICV e do MpD.
Em relação ao primeiro disse: “O
PAICV tem uma política colonial: no
seu poder, mandou retirar estátuas da
nossa cidade, a de Camões, por exem-
plo, e não sabemos onde foram parar.
Cabo Verde continua a ser vítima de
uma politica cultural. Só se preocupam
com a cultura de Santiago. O governo
da Praia destruiu parte da memória
deste País”.
Silveira gritou “abaixo a República de
Santiago!”, para mostrar indignação
pelo que considera “asfixia de São
Vicente” e citou exemplos: “É um
abuso demitir a Direcção da UNICV
pela internet. São Vicente não é produ-
to da prostituição em Cabo Verde. Há
um Fundo Americano a que só o
governo da Praia tem acesso. O gover-
no central desviou a cooperação do
Luxemburgo de Santo Antão para a
Ilha de Santiago, porque só Santiago
tem direito a cooperações. Para os
outros partidos, São Vicente é para
asfixiar.”
Depois atacou a tentativa do governo
de impor o crioulo de Santiago ao resto
do País: “Querem impor-nos o crioulo
de Santiago. Não têm competência
nem autoridade para impor essa tal lín-
gua. Temos de reagir à política de
desvirtuamento de línguas. A
Regionalização é a resposta para todo
este mal que aterroriza o nosso País.
Nem só do pão vive o homem, pois
temos de valorizar a nossa cultura.” E
está dado mote para a campanha do
PTS. Onésimo está de volta, com São
Vicente, mais uma vez, no centro do
seu discurso. O eleitorado tem a
palavra.
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 9

grande reportagem
“Mais Cabo Verde” é isto?

Tira Chapéu
abandonado
à própria sorte
Subúrbio da cidade da Praia, o bairro é considerado “problemático” – uma palavra que quer
dizer tudo, embora as mais das vezes só sirva para alimentar o preconceito e o estigma.
A droga, o alcoolismo, a falta de iluminação pública, o desemprego,
a insegurança e o vandalismo são alguns dos males sociais que afetam aquela comunidade

C a rl a Fe r n a n d e s ( t e x t o ) | J o s é R a m o s ( foto s )
10 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
grande reportagem
onsiderado um dos bairros
C mais carenciados do País, os
moradores de Tira Chapéu
almejam que as autoridades
trabalhem na requalificação da urbe e
acabem com a criminalidade que tem
assombrado o sossego dos moradores e
afastado os que realmente querem
investir no desenvolvimento da comu-
nidade.
Jovens desesperados
A falta de formação empurra muitos
jovens deste bairro para o desemprego
e criminalidade. Sem qualquer apoio -
e com filhos para sustentar -, alguns
são obrigados a aceitar trabalho onde
são explorados por patrões sem
escrúpulos que, fazendo-se passar por
“empresários” (quando, de facto, são
esclavagistas deste nosso tempo),
aproveitam-se da situação e os
obrigam a fazer uma carga horária
desumana, como nos relata Ana Paula,
24 anos, mãe de dois filhos, que há
cinco ganha a vida como empregada
doméstica e, à noite, estuda no 9º ano:
”trabalho, de segunda a sábado, e sem-
pre faço horas extras, mas não recebo
nada por isso porque não tenho contra-
to de trabalho e, sem nenhuma qualifi-
cação, tenho de me sujeitar a qualquer
coisa para sustentar os meus filhos e
pagar os meus estudos. Apesar das
dificuldades que enfrento no dia-a-dia,
resolvi retomar os estudos porque, no
nosso bairro, se reparares, os jovens
estão todos à toa nas ruas. Muitos
perderam o direito de frequentar a
escola, os pais sem condições de lhes
pagarem uma escola particular, e o
governo, por sua vez, não apresenta
soluções. Muitos acabam na vida dos
‘thug’. E, como não aceito este desti-
no, optei pelos estudos”.
A jovem mãe continua o desabafo, nu-
ma espécie de grito pungente contra a
indiferença dos poderosos: “o desenvol-
vimento ainda não chegou a Tira Cha-
péu, temos problemas graves de sanea-
mento, quase toda a juventude do bairro
não tem formação e está desempregada,
a desigualdade social é bem evidente.
Estas são as principais causas da violên-
cia existente, já ninguém tem paz e
sossego, nem dentro da própria casa”.
O rosto de Ana Paula, que antes
mostrava sinais de revolta e desânimo,
logo ganhou um sorriso rasgado quan-
do nos confessou o seu sonho maior:
“meu desejo é terminar os estudos e
proporcionar, a mim e aos meus fami-
liares, melhores condições de vida. E,
por que não, mudar o lado negativo do
lugar onde nasci?” – interroga-se em
tom de despedida.
À espera de uma
oportunidade
António Carlos Oliveira, 31 anos, é o
retrato de grande parte dos jovens
daquele bairro: abandonou precoce-
mente os estudos e, hoje, sem qualquer
formação, ainda procura o primeiro
emprego. “Nunca tive trabalho decente
e digno, sempre arranjei ‘biscate’.
Olívia da Costa
Kaká
Agora, nem isso consigo, a situação
está cada vez mais complicada, já
recorri ao governo inúmeras vezes e
nunca me deram uma oportunidade.
Tenho 31 anos e ainda vivo na casa dos
meus pais. Hoje, o meu dever era traba-
lhar e sustentá-los, mas não tenho
como. Os jovens de Tira Chapéu só
precisam de uma oportunidade, mas os
políticos não querem saber dos coita-
dos. Eles e os familiares já têm os seus
empregos e nós - os pobres - ficamos
por conta própria”.
António não se conforma que muitos
jovens do bairro estejam desemprega-
dos e sem ambição na vida e diz-nos,
com incontida indignação: “não temos
nenhum sítio para ocuparmos os tem-
pos livres e o que não nos falta é tempo
livre (ironiza). Que futuro tem uma
comunidade onde não existe nenhuma
placa desportiva, área de lazer ou for-
mação? – interroga-se. Tira Chapéu e
os seus moradores foram deixados à
própria sorte”.
Conformados com a
miséria
Olívia da Costa, 49 anos, vive numa
pequena casa de pedra degradada, de
uma única divisão, que partilha com
um filho de 23 anos, um sobrinho de 19
e uma filha menor, sem nenhuma pri-
vacidade. “Vivo aqui porque não tenho
condições para estar numa casa melhor.
Dos meus nove filhos, apenas 2 vivem
comigo porque a minha casa não tem
espaço suficiente. É neste pequeno

Joana Mendes
António Oliveira
“Os jovens de Tira Chapéu só precisam de uma oportunidade, mas os
políticos não querem saber dos coitados. Eles e os familiares já têm
os seus empregos e nós - os pobres - ficamos por conta própria”
‘cómodo’ que fazemos quase tudo, não
temos quarto nem cozinha, fazemos
tudo neste espaço” – diz-nos, baixando
os olhos de impotência.
Segundo os outdoors que o governo es-
palhou pelas ruas, o País já tem 95,5
por cento de energia eléctrica - uma pu-
ra ilusão! Em Tira Chapéu a realidade é
bem diferente: Olívia é obrigada a
comprar velas quase todos os dias para
iluminar a humilde casa. “Não tenho
luz em casa, nunca tive; para comprar
velas tenho que pedir aos vizinhos e, a
maioria das vezes, fico às escuras. Já
estou acostumada a viver na escuridão.
Vieram aqui pessoas do governo e dis-
seram que me iam fazer uma casa de
banho e, de facto, fizeram, mas esque-
ceram-se de ligar a rede de esgotos. Te-
mos casa de banho mas não podemos
usá-la - tomamos banho na rua.”
A vida não tem sido fácil para esta mãe
que, para alimentar a família, lava rou-
pas dos vizinhos em troca de alguns
tostões. “Cá em casa estamos todos de-
sempregados, só temos comida quando
alguém me chama para lavar as roupas,
mas o pouco que me pagam mal dá pa-
ra comer. E, quando a situação aperta,
tenho que sair à rua para mendigar, já
fui várias vezes pedir ajuda do Estado e
não me ajudam porque, segundo eles,
ainda não tenho idade para receber
pensão”, afirma.
Pensões de fome
“Recebo uma pensão de 4800 escudos,
uma miséria, e quando pago a conta de
luz, a água e compro gás, fico sem
nenhum cêntimo para comprar comi-
da”, é o que nos confessa Joana Men-
des, 76 anos, que ainda cuida de uma
neta de 9. Adianta ainda que, para
sobreviver, às vezes deixa de pagar luz
ou água para comprar comida. E, pen-
sando na educação da neta, resolveu
fazer tabaco para vender. “Não tinha
alternativa, ou arranjava um meio de
conseguir algum dinheiro para comprar
comida ou ficávamos com fome, por
isso optei por vender tabaco. Não ganho
muito porque a geração nova não usa
esse tipo de tabaco. Os meus fregueses
são pessoas da minha idade, mas dá
para enganar a vida. A minha neta
depende de mim, com dificuldades,
mas aos poucos, consigo comprar-lhe
materiais de escola” – remata a idosa.
Ter acesso à saúde é um direito de
todos os cidadãos, ou deveria ser, mas
Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 11
na prática não é o que acontece. Joana
continua o seu rosário de vida: “O
Estado sempre me ajudava com as
despesas de saúde, mas depois que
comecei a receber a pensão cortaram,
disseram que, sendo pensionista, já não
tinha esse direito, que o dinheiro da
pensão é suficiente para comprar os
medicamentos. Sou diabética e tenho
alguns problemas de saúde, sem esse
apoio deixei de tomar os medicamen-
tos que o médico me receitou. Desde
quando 4800 escudos são suficientes
para pagar as contas, comer e comprar
remédios?”.
“Tira Chapéu era zona muito tranquila.
Antigamente, qualquer pessoa podia
dormir na rua, com as portas abertas, eu
podia sair e deixar a porta aberta, que
ninguém entrava para roubar. Mas,
hoje, às 18 horas sou obrigada a entrar
em casa e nem dentro dela estou segu-
ra, mal consigo dormir. Esses jovens
sem trabalho só pensam em roubar e
lutam com pistolas toda a noite”. Na
despedia, Joana deixa um apelo às
autoridades: “O nosso governo precisa
de olhar mais para os idosos. Trabalhei
toda a juventude para depois receber
quatro mil e oitocentos escudos!”.
12 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
grande reportagem
Ausência de poderes
públicos
“As condições de vida da maioria das
famílias são muito complicadas. No
nosso bairro existem carências de
quase tudo: saneamento, segurança,
iluminação pública, emprego, saúde…,
as pessoas ganham a vida com o
comércio informal, porque não têm
outra alternativa”, diz-nos Kaká, 40
anos, que trabalha por conta própria
como carpinteiro.
Uma das maiores preocupações dos
moradores de Tira Chapéu é a segu-
rança, e Kaká não é indiferente à atual
onda de violência que prejudica a
imagem do bairro. Por isso alerta: “é
preciso reforçar o policiamento nas
ruas para garantir mais segurança aos
moradores. Percebo que os jovens pre-
cisem de se divertir, mas quando o
fazem acaba sempre em confusão, por
isso necessitamos de mais segurança,
principalmente à noite”. E, continua,
apelando ao governo para que faça
mais investimento num dos bairros
mais pobres da capital: “É necessário
investirem aqui, em Tira Chapéu,
temos carências em todos os setores”.
Aquilino Varela, 44 anos, vivia da
pesca, mas um grave acidente de traba-
lho impediu-o de ir ao mar. “Sempre
fui pescador, o mar foi o meu ganha-
“Andaram a distribuir dinheiro aqui no bairro para
ajudar quem precisasse, mas infelizmente
os beneficiários dessa esmola foram escolhidos pela cor
partidária, ou seja, gente do governo”
-pão desde muito jovem, mas infeliz-
mente tive um acidente no barco onde
trabalhava e o médico me proibiu de ir
ao mar. Como os pescadores não têm
seguro, vim para casa sem nada. Hoje
dependo da minha irmã e da minha
mãe para comer, mas de vez em quan-
do tenho que arriscar e voltar à pesca
porque tenho de pagar a renda.
Praticamente todos os bairros da cidade
da Praia estão organizados - Tira
Chapéu é o único onde ainda encontras
ruas por calcetar, sem iluminação e a
maioria das casas não têm água canali-
zada ou casas de banho. Para mim, os
políticos são todos iguais, prometem e
quando sobem ao poder esquecem-se
das promessas. Andaram a distribuir
dinheiro aqui no bairro para ajudar
quem precisasse, mas infelizmente os
beneficiários dessa esmola foram
escolhidos pela cor partidária, ou seja,
gente do governo”.
Andar pelas ruas sem temer ser assalta-
do era noutros tempos, atualmente é
aconselhável não sair de casa à noite,
caso o faça o cuidado tem de ser redo-
brado porque a mínima distração pode
ser crucial para os criminosos. ”Preci-
samos de uma esquadra de polícia den-
tro do bairro, acho que é a única forma
de acabar com os ‘ thugs’ e devolver o
sossego aos moradores; também pre-
cisamos de apoio com a iluminação das
ruas, calcetamento e ligação de todo o
bairro à rede de esgotos", diz ainda
Aquilino.
Durante dez anos de mandato, o ex-
-presidente da Câmara da Praia (Filú)
nada ou pouco fez para melhorar a vida
daquela comunidade. Mas no dia 30 de
Junho do ano transato, a atual vereação
contemplou os moradores daquela
comunidade com um Centro Multiusos.
O projeto foi entregue à população do
bairro pelo edil praiense, Ulisses
Correia e Silva. O complexo está dota-
do de um jardim infantil e de uma área
de acolhimento aos idosos. Um projeto
que, segundo os moradores, “melhorou
consideravelmente a vida de alguns
jovens e idosos do bairro”.
A juventude está desorientada, sem ne-
nhum projeto para o futuro, a grande
maioria sem qualificação para entrar no
mercado do trabalho - e são pais muito
cedo. O progresso ainda não chegou a
este local, quem anda pelas ruas do
bairro depara-se com situações da mais
extrema pobreza. A população reclama
por uma aposta séria e urgente no de-
senvolvimento, que nunca entrou na
agenda política do governo - e são unâ-
nimes em dizer que a situação ficaria re-
solvida com a abertura de uma esquadra
policial na zona ou com a presença mais
frequente das forças de segurança,
sobretudo, no período da noite.
Ana Paula
Aquilino Varela
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 13

sem tirar nem pôr

“A situação da Electra é um cancro” Opinião

PAICV Casimiro
de Pina

fabrica A “sabotagem” na Electra, ou

quando os fins justificam os meios!

inventona A notícia, ou melhor, pseudonotícia!, publicada no jornal A Semana

(http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article60574&ak=1#ancre_co
mm), referente à pretensa “sabotagem” (uff!) na Electra, é mais uma prova
eloquente de que o PAICV não mudou um milímetro sequer.
Claro está que, nos dias de hoje, é preciso manter algum verniz, para não

como bode expiatório
José Maria Neves quer ludibriar a opinião pública com mentiras e retóricas a propósito dos
sucessivos apagões da Electra, inventando uma alegada sabotagem, que (em cúmulo de
descaramento) pretende imputar ao Movimento para a Democracia – assim reagiu o MpD,
pela voz de José Luís Livramento, à farsa orquestrada pelo governo
espantar o FMI e os doadores internacionais, mas a essência continua lá,
intacta! A mesma sanha persecutória. A mesma trapaça totalitária,
mesquinha e sem escrúpulos.
Por instantes, pensei que estava a ler uma peça de propaganda montada
pelo regime da Coreia do Norte, mas depois vi a fotografia da dra. Fátima
Fialho, e percebi que se tratava, efectivamente, de Cabo Verde, deste Cabo
Verde que eles dizem “moderno e sem limites”.
Fiquei estarrecido. Aquela pose cínica, aquele ranço de arbitrariedade.
Aquela manipulação sem fim. Um frio intenso percorreu-me o corpo, ao
sentir que o Mal estava ali, inteiro e encarnado.

E
m comunicado de imprensa, água no Palmarejo, seguida de outra e marítima) por onde podiam aban- Lembrei-me então de Soljenitsyne. Lembrei-me daquelas pobres vítimas
o governo quis justificar os avaria num transformador na donar o País. encarceradas nos “campos de reeducação” organizados pelo Partido, sem
apagões da Electra com acu- Prainha’. “Portanto, uma conjugação Depois desta tomada de decisão (que provas substanciais, sem garantias processuais, sem vestígios de
sações ao MpD de envolvimento em de falhas na produção e distribuição, o governo pretende agora ignorar e civilização. Lembrei-me de Katyn e dos julgamentos de Moscovo.
alegada sabotagem, tentando desse decorrentes da precariedade e incom- omitir), a situação na Electra continu- “Tudo indica que há uma mãozinha no meio disto tudo”, sentenciou, em
modo desresponsabilizar-se da sua in- petência desses setores na rede elétri- ou a agravar-se para o desespero dos tom grave, a douta Ministra.
competência e da ausência de políti- ca da Praia”, sublinhou o dirigente do cabo-verdianos, sobretudo para os A própria empresa estatal (povoada por gente do PAICV, que, mesmo
cas energéticas e também do total fa- MpD. E apontou as contradições que, homens de negócios destas ilhas. Que assim, por incompetência, não evitou as centenas de horas de blackout, e
lhanço na proclamada reorganização a este respeito, existem entre as o digam os políticos que, nas campan- em várias ilhas!) já admitiu, em várias ocasiões, que a rede de distribuição
da empresa de energia e água. Em res- declarações do governo e de respon- has para estas legislativas, têm sido é deficitária, que há falta de investimentos, etc., mas não adianta. O que
posta, José Luís Livramento, membro sáveis pela Electra, as quais evidenci- fustigados com cortes frequentes de vale é a suspeição! A eterna truculência. A exploração dos sentimentos
da Comissão Política do MpD, lem- am uma ardilosa tentativa do energia elétrica. Foi o caso do comício mais baixos.
brou que a Comissão Executiva da Executivo para “sacudir água do seu do MpD, no domingo último, em São
Electra, em comunicado de 19 de Ja- capote”. Domingos que, por “infeliz coin- É preciso, pois, arranjar um culpado e montar um bom cenário de
neiro, esclareceu o triste apagão que, cidência”, foi realizado com a locali- “agitprop”. Inventar Conspiradores. É fácil. Basta recuperar as técnicas
mais uma vez, afetou os concelhos da Estatísticas dos apagões dade às escuras. Como se isto não bas- mais torpes que se usavam em 1974, para estigmatizar os que não
Praia, São Domingos e Ribeira Gran- José Luís Livramento recorreu a tasse, nesse mesmo dia, quando o País alinhavam pela cartilha dos “homens do mato”: foram os Inimigos da
de de Santiago, na noite do debate na dados estatísticos para fundamentar o se preparava para assistir a uma pátria! Aqueles marmanjos que contestam a sapiência e a infalibilidade do
TCV entre Carlos Veiga e José Maria argumento do seu partido a respeito da grande entrevista de Carlos Veiga à nosso Partido. São eles! É a Oposição. São esses Fantoches, aliados
Neves, afirmando que: “a interrupção situação “cancerígena” da Electra. “A TCV, largas zonas da capital (Achada internos do Imperialismo. Merecem ser reeducados, punidos, isolados, o
de fornecimento de energia eléctrica realidade é que, desde que o governo de S. Filipe, Ponta D’Água, Safende, quanto antes, da convivência social. Quem disse que o nosso Governo não
foi uma infeliz coincidência” resultan- do PAICV reassumiu a Electra em Fazenda, Lém Cachorro, Paiol e Lém cumpriu as metas?! Não o deixaram, isso sim!
te de “problemas técnicos, não previ- 2006, houve em média 534 apagões Ferreira) ficaram mergulhadas na pro-
síveis antes da ocorrência”. Para Li- por ano, totalizando 2 667 apagões funda escuridão. Também foram sa- A declaração de Fátima Fialho não é apenas uma comédia, ou sinal de
vramento, a atitude do PAICV e do entre 2006 e 2010. A frequência e a botagens? E a serviço de quem? paranóia política. É uma tragédia. Cuidado, ó navegantes. São criaturas
seu governo é uma “manobra de di- duração destes cortes atingiram as 120 Face ao exposto, que evidencia a assim, prepotentes e sem respeito pela dignidade alheia, que, muito de
versão” e revela “falta de respeito” pe- horas por mês. O que significa dizer política de mentira praticada por este fininho, foram escrevendo as páginas da tirania ao longo da história.
los cabo-verdianos. que Cabo Verde esteve em escuridão, governo, José Luís Livramento exor- Alerta.
José Luís Livramento recordou que, à luz do podogô ou da vela, o equiva- tou os cabo-verdianos a dela demar- A narcotização das consciências é que fez o Gulag. Primeiro, tenta-se
em declaração à RCV, o presidente do lente a um dia em cada semana”, disse carem-se, pondo fim a 10 anos de destruir a consciência individual, o baluarte da liberdade. Depois, o Mal, já
Conselho de Administração da Electra Livramento, recordando que, aquando penúria, de arrogância, de nepotismo, soberano e omnipotente, toma conta da Polis. A ditadura, na sua forma
considerou, ‘perante possíveis espe- da nacionalização da Electra, o ainda de sofrimento, e de falta de ética na moderna e mais destrutiva, não é bem um regime político. É o triunfo do
culações’, a ocorrência como ‘situa- Primeiro Ministro acusou os por- governação em que o PAICV e José Mal, desse Mal que destrói, de alto a baixo, todos os vestígios de
ção normal de um problema técnico, tugueses de terem sabotado a empre- Maria Neves foram mais que reinci- humanidade e toda a grandeza da alma humana, que é “imago Dei” e a
resultante de avaria numa bomba de sa, apontando-lhes as fronteiras (aérea dentes. força dinâmica do universo. O Estado torna-se uma maquinaria ao serviço
do pior e da depravação moral.
Como o Papa Paulo VI uma vez explicou, com palavras tocantes, “O mal
Mais apagões já não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo,
espiritual, pervertido e perversor”. Esclarecido.
Com PAICV, a sabotagem continua A luta, portanto, não é apenas política. Só é política na sua superfície
visível. É, fundamentalmente, uma questão teológica e metafísica.
Terça-feira, dia 25: mais apagões – na ilha de S. Nicolau, dificultando a campanha de Carlos Veiga, que se encontrava na Teosófica, no seu mistério indizível e originário.
ilha de Chiquinho. Desde dia 19, por obra e graça do ainda governo de José Maria Neves, os apagões da Electra ganharam Por isso é que Karl Marx e todos os outros falsos profetas, ao perceberem
o nome de sabotagens. a densidade do problema, gizaram a abolição de Deus, que nos criou
No mesmo dia, na Calheta de S. Miguel, ilha de Santiago – apagão (perdão: sabotagem). iguais e nos dotou de direitos/deveres imprescritíveis. É que, sem a
Na véspera, dia 24, despacho nº 86/CE/2011 da Administração da Electra, dava “por finda a comissão de serviço do Eng.
coragem, a bondade e a bênção do Altíssimo, o Mal não teria qualquer
Vicente Oliveira Dias, como chefe de turno da Unidade de Produção da Praia, a partir de 24 de Janeiro de 2011”, o alegado
oposição à altura! Ficaríamos entregues à nossa sorte, e às feras. Que Deus
sabotador. Assim sendo, sabotador afastado, quem sabotou na Calheta e quem sabotou em S. Nicolau?
nos guarde do Mal. “Senhor, tende piedade de nós”.
A multiplicação e dispersão dos apagões parecem provar que, com o PAICV no governo, as sabotagens continuam. E que
há remédio único (e santo) para resolver esta situação: apagar o PAICV no governo. A graça complementa a liberdade. A lumen fidei fortalece e salva a
dignidade humana.
14 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011
coisas do mundo
PORTUGAL
Abstenção foi mais que muita
Cavaco à primeira volta,
como rezavam a lógica e as sondagens
A 15 dias das eleições de Cabo Verde os portugueses foram às urnas para escolher Presidente da
República. Os aliados de José Maria Neves/PAICV (PS e Manuel Alegre) “levaram banho”
N
ão houve surpresas em Por-
tugal: indo ao encontro das
previsões dos analistas e do
que quase todas as sondagens vatici-
navam, Cavaco Silva arrasou e foi
reeleito à primeira volta; Manuel
Alegre “volatilizou-se”, quase suplan-
tado pelo out-sider Fernando Nobre; o
Partido Socialista, que neste escrutínio
buscava algum fôlego e sobrevivência,
afundou-se, ficando por completo às
mãos de um Presidente da República
reeleito e que por ele não morre de
amores. Resta agora esperar que
Cavaco se farte de Sócrates e dos seus
malabarismos e que o principal líder
da oposição, o social-democrata
Passos Coelho, considere qual o
momento oportuno para desferir o
golpe final - alguma votação crucial no
Parlamento onde os socialistas e o seu
governo sejam colocados em derrotada
minoria.
Com a maior abstenção de sempre em
eleições presidenciais, 53.37 por cento
(mais de 5 milhões de portugueses não
votaram) – mais de 15 pontos per-
centuais em relação ao ato eleitoral de
há cinco anos – e grande subida de
votos brancos (4.26 por cento, mais de
130 000) e nulos (1.39 por cento, mais
de 27 mil), três boicotes circunscritos,
os portugueses viraram costas às alter-
nativas ditas de esquerda (Alegre,
Defensor de Moura e o comunista
Francisco Lopes), deixando claro que
não encontraram aí alternativa viável.
Os resultados de 23 de Janeiro falam
por si mesmos: Cavaco Silva –
52,94%; Alegre – 19,57%; Fernando
Nobre – 14,1%. Alguma comunicação
social, alinhada com o socratismo,
enfatiza a abstenção para minimizar a
vitória de Cavaco. Esquece um por-
menor: a abstenção bateu com força à
porta de todos os candidatos.
Sem alternativas
A incapacidade demonstrada pelos
candidatos que a si mesmo se
declararam “alternativos” (os comu-
nistas quase desapareceram de cena,
reduzidos ao mais simples; o apoio do
Bloco de Esquerda a Manuel Alegre
praticamente atirou borda fora este
partido e condena-o a entrar em curva
descendente; o suporte socialista ao
seu candidato, para onde deviam ter
convergido os votos do BE, veio
mostrar que Alegre nem aos seus con-
venceu e se fez indigesto produto fora
de prazo) foi a razão maior para a larga
vantagem de Cavaco, que pouco ou
nada teve de se esforçar para empal-
mar a vitória. Depois, as armas do
ataque pessoal utilizadas pelos
apoiantes dos adversários de Cavaco,
tão imitadas em Cabo Verde por José
Maria Neves, foram boomerang contra
Alegre, Lopes e os mais, que se sumi-
ram pelo alçapão da História. Para
Manuel Alegre, sem honra nem glória,
uma esfumada sombra de si mesmo há
cinco anos, este escrutínio teve o sabor
a fim de corrida: provou que já não
tem perguntas a fazer “ao vento que
passa” – é definitivo passado, já que
nunca foi “futuro” e que no “presente”
vale nada. Diz-se que, à distância de 5
anos, teve a vingança de Mário Soares
que terá incentivado Nobre a candi-
datar-se…
No discurso da vitória, Cavaco Silva,
reeleito (como quis) à primeira volta,
fez a proclamação da praxe: afirmou-
se “Presidente de todos os portugue-
ses”. E deixou críticas à máquina
eleitoral montada pelo governo de José
Sócrates, lamentando os portugueses
que não puderam votar por “razões
burocráticas”: “a qualidade da nossa
democracia também se constrói, crian-
do condições para o exercício de direi-
to do voto”, assim se referindo aos por-
tugueses com Cartão de Cidadão que
não puderam votar por causa de um
erro no sistema informático que os
impossibilitou de saber o seu número e
local de voto – o maior desastre opera-
do pelo “Magalhães” com que
Sócrates e José Maria Neves prometer-
am (só prometeram) encharcar Cabo
Verde.
E agora, Sócrates
E agora Sócrates? Conhecidos os
resultados eleitorais de 23 de Janeiro,
coube-lhe cumprir a regra do responso
por Manuel Alegre: elogiou o derrota-
do (o que outra coisa podia fazer?) – “é
digno do nosso apreço e do nosso reco-
nhecimento”, disse, garantindo que os
socialistas estiveram a seu lado, muito
embora se saiba que muito, mas muito
voto do PS “fugiu” para Fernando
Nobre; afirmou-se disposto a “leal
cooperação com o Presidente da
República” (pudera!); e ensaiou de
imediato a tábua de salvação – “expli-
cou” que os portugueses optaram pela
“estabilidade”, o que, segundo o seu
argumento, deverá levar a que, se os
portugueses votaram (em nome da
estabilidade) contra o candidato apoia-
do por Sócrates, devem agora (em
nome da mesma estabilidade) querer a
manutenção do governo Sócrates (nem
José Maria Neves diria melhor…)
Saber esperar
Quanto ao líder do PSD, Passos
Coelho, a prudência total: estas
eleições não envolveram os partidos,
uma forma de retirar o PSD do com-
boio de Cavaco, mantendo assim a
autonomia e liberdade de manobra de
um e de outro; declarou-se não interes-
sado em abrir crises políticas (o que
deixa Sócrates sem argumentos); e
saudou, naturalmente, o Presidente
reeleito.
Sondagens da Marktest (atenção: não
se compare com a farsa de sondagens
com que o PAICV se entretém), reve-
ladas na segunda-feira, davam conta
de que se houvesse agora eleições le-
gislativas, o PSD ganhava com 46,1
por cento, sobre 26,3 por cento do PS,
7,8 por cento da CDU (comunistas), 7
por cento do CDS-PP e 6 por cento do
Bloco de Esquerda.
Começa a falar-se em eventual aliança
PSD-CDS, num ressuscitar da Aliança
Democrática, que garantiria a maioria
absoluta.
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 15

polichinelo Aviso à navegação:

polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!

Quem sai aos seus i

Andam intrigados os trabalhadores
dos TACV: Neves-administrador
Agarra,
prometeu subsídio de Natal para
2010, escreveu carta e tudo com a
promessa. Mas até 25 de Janeiro, de
que é sabotador! º
subsídio – nada. Comentários nos
corredores da empresa: “o que
Está na moda: é fashion
queriam? Este Neves é irmão do
outro e a cartilha é a mesma – só de Fátima F., design de F. Vieira,
promessas! Afinal, quem sai aos seus não criação de Zé Maria. A farsa tem
degenera!” cabimento no melhor reportório
Alguns trabalhadores, mais imaginativos, já de Fla Fladu. A cena: palco em
desenham um Neves de barrete vermelho e longa barba branca e dizem: escuro breu, bem iluminada por
“assim CV, que o PAI deles, em tempo de eleições, é uma espécie de uma estrela negra… não se vê
PAI Natal – as prendas só chegam, se chegarem, em cima das eleições. um palmo à frente do nariz.
E percebe-se porquê”. Voz rouca, muito rouca, grita:
Mas os acólitos da administração justificam: subsídio de Natal é como o Sabotaaaaagem!
apagão. Levou sabotagem. Esta passou a ser a verdade oficial. (música de fundo: “Viva Zé Maria, Cem mil
vezes! Viva Zé Maria, Dez mil vezes, Zé Maria!).

Adivinha v De novo, a voz: Sabotaaaagem!!

Quem foi o empresário cabo-verdiano, ex-deputado e com farpela
amarela, que foi à Guiné Equatorial (como se sabe, “modelo” de
democracia tão ao gosto da estrela negra) para trazer dinheiro
destinado à campanha PAICV e acabou preso? O assunto tem sido
cuidadosamente abafado, percebe-se porquê. Consta que só a pronta e
eficaz intervenção do Palácio do Plateau valeu ao empresário e permitiu
o seu regresso, a salvo, à cidade da Praia. Polichinelo, imitando Zé
Maria, dá uma arca frigorífica ou um computador a quem acertar na
resposta. Entretanto: uma ajudinha. Se houver apagão quando o leitor
quiser responder, acenda um candeeiro a petróleo… ou a gasolina.
Pressente-se, no palco, passos de corrida. Voz: Avé Maria. Kau sta mau!
Outra vez, voz rouca: Sabotaaaagem!!!!
Segunda voz, outra vez: Kau sta mau!!
Coro, vindo do bastidor: Apagão, apagão, apagão. Praia – apagão! Sal –
apagão! S. Vicente – apagão! Tarrafal – apagão! Boavista – apagão! Ano
2000 – apagão! 2001 – apagão! 2002 – apagão! 2003 – apagão! 2004
– apagão! 2005 – apagão! 2006 – apagão! 2007 – apagão! 2008 –
apagão! 2009 – apagão! 2010 – apagão! 2011 – apagão!
Acende-se uma vela: palco vazio, ninguém. Entra um jovem que canta:
- Dez ano no poder, dez ano di mentira! Mesti muda!
Cai o pano.

boka bedjo Já agora, expliquem g

Durante dez anos, houve apagões por tudo quanto é sítio
Zé di promessa em Cabo Verde. Durante dez anos, os apagões da Electra foram
apagados com promessas governamentais que apenas entusiasmaram e
incentivaram os apagões da Electra. Em cima de eleições, à falta de
políticas que apagassem o grave problema energético do País, o governo
(em fins de viagem) acendeu a vela da inventona e iluminou um
sabotador: a tempo, a jeito e à medida. E mestre Zé Maria, vindo à
boleia de Fátima F e F Vieira, logo explicou que o alegado sabotador era
reincidente: já fora caçado em duas ou três situações anteriores. Assim
sendo e admitindo que Zé Maria é incapaz de mentiras (acreditam, não
acreditam?) fica uma inquietante questão: o que levou, antes, Zé Maria
e os Fs (de falsários, falcatruas, fantasias, fiteiros, foragidos,
fala-baratos) a perdoarem e permitirem a tal sabotagem contumaz,
apesar dos cabo-verdianos lhe sofrerem as consequências, e só agora,
em cima das eleições, optarem por o punir? Então andaram tanto
tempo os cabo-verdianos à luz da vela, porquê? E se o tal sabotador já
antes tinha sido descoberto, sem qualquer punição, essa situação faz, ou
não faz, de Zé Maria e dos Fs seus cúmplices? Expliquem lá, para ver se
a coisa dá para perceber. Vá lá, façam o favor: expliquem!
16 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011

em jogo
Futebol: 7.ª jornada em Santiago-sul

Académica
destrona leões
e assume liderança
Santiago Sul
aposta no Torneio
Inter-Ilhas
C
omo já havia prometido, a
direção da Associação de
Futebol de Santiago Sul pre-
tende apresentar, na assembleia-geral
ordinária da Federação Cabo-verdiana
de Futebol, a realizar amanhã, 29, a
sua candidatura para a realização da 9ª
Edição do Torneio Inter Ilhas - Taça
Independência.
De acordo com a Inforpress, a garantia
foi dada pelo presidente da Asso-
ciação, Mário “Donnay” Avelino, que
apresenta como grande novidade a
inclusão da uma seleção dos cabo-ver-
Depois da derrota comprometedora frente ao Vitória, na 6.ª jornada, a Académica dianos residentes nos Estados Unidos
da Praia goleou o Sporting da Praia por 3 a 0, no passado fim-de-semana, assumindo
a liderança do Campeonato Regional de Futebol de Santiago Sul
da América.
Para Donnay Avelino, com a entrada
da seleção crioula dos EUA, as
equipas ficarão divididas em dois gru-
pos e, para isso, já conta com promes-
sas de apoios de instituições nacionais.
A prova está prevista para acontecer
após a realização do Campeonato
Nacional e da Taça de Cabo Verde, que
serão disputados em paralelo, a partir
de 13 de Maio.
A última edição do Torneio foi dis-
putada em 2009, na cidade do Porto
Novo, Santo Antão, e foi ganha pela
seleção de Santiago.

O
jogo entre os dois primeiros os dias 3, 4 e 5 de Fevereiro, por Desportivo x Académica; Ribeira
classificados foi bem dis- causa das eleições legislativas, com Grande x Varanda; Bairro x
putado, teve algumas picar- os seguintes jogos: Vitória x Celtic; Travadores e Sporting x Boavista.
dias e alguns erros na arbitragem de
Arlindo, a mostrar cartões, muitas
vezes a pedido dos jogadores.
Os golos da Micá foram apontados Classificação Santiago Sul (7.ª jornada)
na segunda parte (Leça marcou dois e
Ruginho, um), mas o jogo ficou mar-
Posição Clube J V E D BR-BS P
cado pela expulsão de Loloti, quando
decorriam 30 minutos do primeiro 1.º Académica 7 5 1 1 16-3 16
tempo. A partida acabaria por termi-
nar com dez jogadores de cada lado,
2.º Sporting 7 4 2 1 14-5 14
depois da expulsão de Ridney, a dez 3.º Boavista 7 4 1 2 15-5 13
minutos do fim.
No outro jogo de domingo, a equipa 4.º Desportivo 7 3 2 2 7-9 11
da Ribeira Grande venceu o Celtic 5.º Desportivo 7 3 2 2 7-9 11 A Câmara Municipal da Praia, juntamente com a Associação de
por 2-1.
A 7.ª jornada do regional de 6.º Varanda 7 2 4 1 3-4 10 Futebol de Santiago-Sul, organiza este domingo um jogo amigá-
Santiago-sul começou na sexta-feira vel (possivelmente entre as seleções de Santiago-Sul contra
7.º Vitória 7 3 0 4 4-9 9 Santiago-Norte, devido à indisponibilidade das associações regio-
com o empate a zero entre Varanda e
Bairro. No sábado, Boavista goleou o 8.º Travadores 7 2 2 3 5-8 8 nais de S. Vicente e Fogo), com objetivo de fazer os últimos testes
Vitória por 5-0 e o Desportivo da de iluminação do Estádio da Várzea. Esta será, para já, uma parti-
Praia venceu a formação dos 9.º Celtic 7 1 1 5 8-15 4
da inédita, tendo em conta que é a primeira vez que duas seleções
Travadores por uma bola a zero. 10.º Bairro 7 0 2 5 3-14 2 realizam um jogo no “velho” estádio, com iluminação artificial.
A oitava jornada está marcada para

olhem para elas
Boca seca
A boca seca, conhecida, na área da Saúde, como xerostomia, é
causada pela diminuição na produção de saliva – GRANDE
COISA! Resolvido o problema de molhar o travesseiro a noite?
Zarina Santos
Graduada em Odontologia
E
mbora a saliva pareça algo
sem muita importância, por
vezes até embaraçosa, vá por
mim ou, pelo menos, pelo velho dita-
do: “Dá-se valor quando não se tem”.
O que é exatamente a
saliva?
Uma coisa gosmenta e nojentinha que
fica na boca? Talvez … Deixando a
brincadeira um pouco de lado – a sali-
va é uma mistura homogénea de
secreções produzidas principalmente
pelas glândulas salivares e pelas glân-
dulas bucais menores.
Participa na digestão; proporciona
uma lavagem físico-mecânica, facili-
tando uma melhor movimentação da
língua e demais músculos; atua na pro-
teção da mucosa da boca; controla a
microbiota bucal; estabelece e mantém
o pH do meio, atuando no processo da
cárie dental – que coisa gosmenta e
nojentinha importante, neh!
O que causa esta
xerostomia (boca seca)?
Com o avançar da idade avançada - a
idade não perdoa -, as glândulas sali-
vares vão-se atrofiando; efeito colate-
ral de certos medicamentos, tais como
anti-hipertensivos, antidepressivos,
tranquilizantes, anti-histamínicos e
anti-colinérgicos (60% dos medica-
mentos tomados pelos idosos); hábitos
e vícios, como o alcoolismo e a
Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 17
ingestão de alimentos ricos em cafeí-
na; síndrome de Sjõgren, na qual o
organismo da própria pessoa reage
contra as glândulas salivares; diabete
mellitus, na qual a boca seca é um
achado frequente; cancros na região da
cabeça e do pescoço - as pessoas que
são tratadas com radioterapia podem
ter suas glândulas afetadas permanen-
temente pela radiação - e problemas
psiquiátricos (certas psicoses e estados
de ansiedade podem causar falta de
saliva).
E daí?
Com a boca seca, o paciente perde a
Poderosa, sim…
perceção do gosto dos alimentos e
passa a colocar mais açúcar e mais sal
no que come, influenciando no contro-
lo da diabetes e da pressão arterial,
mas tenha cuidado!
O Já sabe que uma mulher com salto alto emana poder a cada passo, mas há que saber
respetivamente. Fica desprotegido
contra cáries, candidíase (doença fún- andar: “tu não andas, tu deslizas” diz o Boss Ac. Nada que não se ganhe com a prática
gica), doenças gengivais e infeções nas
glândulas salivares…. Já me ia esque-
cendo: além disso, pode ter mau hálito,
O s porquês de usar saltos altos, elas sabem… e
como sabem! Ganham POWER, têm uma visão
diferente do mundo, charme, formalidade, de uma
no dedão e no vizinho. Esta sobrecarga causa lesões.
Com o calcanhar lá em cima, é comum observar
lordoses e o encurtamento da musculatura posterior das
dificuldades para falar e engolir, into-
simples rastejante a uma deusa … é esse o efeito do pernas. O teste para ver se esse mal já pegou: primeiro,
lerância a próteses, dor na língua e
salto. desça lá de cima, descalce-se e observe se sente
alteração de voz.
Porém, como tudo na vida em demasia faz mal, o salto estiramento nas coxas, panturrilhas ou costas. Se sentir
Tem tratamento? também! Principalmente quando se passa horas e horas é porque pode estar sofrendo de atrofia. Logicamente,
Procura-se encontrar a causa da baixa em cima de um salto agulha, principalmente aqueles virar o pé também se torna mais frequente, o que pode
do fluxo salivar (depende da natureza
saltos bem exagerados, compromete-se seriamente a acabar causando rompimento de ligamentos – imagine
da doença) e para a maioria dos coluna; pode deformar-se o pé, atrofiar a musculatura andar ku kelá na Kalceta. Nhôs kudado.
pacientes só pode ser oferecido alívio
das panturrilhas e causar uma enorme descompensação Os médicos aconselham a usar esses saltos somente
sintomático.
que prejudique diretamente a saúde do esqueleto. quando tiver certeza de que permanece a maior parte do
Na tentativa de conseguir a reativação
da função secretora das glândulas sali- Segundo especialistas, saltos de apenas 3 centímetros tempo sentada.
vares, é recomendado o uso de gomas causam praticamente os mesmos danos que uma torre Os saltos mais grossos, como por exemplo, os saltos
de mascar e tabletes de fosfato de cál- de 10. O resultado é sofrimento, o pé dói e ganha plataforma, são mais informais, mas proporcionam
cio e, em condições mais drásticas, o calosidades, os dedos tomam a forma de garras. Esse mais firmeza ao corpo. Por isso, opte por eles no seu
tratamento químico com aconse- calçado faz com que a pressão de sustentação do corpo, dia-a-dia, deixando os saltos agulhas para situações
lhamento e acompanhamento do cirur- que geralmente se distribui por toda a sola, se concentre mais formais.
gião dentista. Caso não seja possível, a
única saída é a reabilitação por saliva
artificial.
Importante:
Sem a proteção da saliva é importante
ReceitaCaseira
(repito – indispensável, again: indis-
pensable) que estes pacientes tenham
maior capricho na higiene bucal e um
controla na dieta.
Filetes de peixe com cerveja
A saliva é uma mistura Ingredientes: margarina. Coloque a cebola no fundo de um tabuleiro e os
• 8 filetes de peixe filetes por cima. Regue com a cerveja e leve ao forno até
homogénea de secreções • 2 cebolas os filetes estarem cozidos.
produzidas principalmente • 1 gema de ovo Retire do forno e ponha-os na travessa em que se vai
pelas glândulas salivares e • 3 colheres de sopa com margarina
• 1 colher de sopa com farinha servir. Ponha o tabuleiro no fogão em lume forte. Ligue a
pelas glândulas bucais menores. • 1 lata de cerveja farinha com a margarina e coloque no tabuleiro com a
Participa na digestão; proporciona • 2 colheres de sopa com natas gema e as natas para ligar o molho, mexendo bem. Ponha a
uma lavagem físico-mecânica, • salsa salsa bem picada e cubra os filetes com este molho.
• sal e pimenta
facilitando uma melhor
movimentação da língua e demais Modo de preparo: Para acompanhar...
músculos; atua na proteção da Tempere os filetes com sal e pimenta. Refogue a cebola em Legumes cozidos no vapor; couve, cenoura, alho francês, etc
mucosa da boca; controla a
microbiota bucal; estabelece e
mantém o pH do meio, atuando
no processo da cárie dental
18 • Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011

cachupada
Curiosidades
Horóscopo 24 a 30 de Janeiro
Maior Menor
• País do mundo (área) • País do mundo (área)
Rússia (17075400 Km2) Sealand (0,055 Km2)

• País do mundo (população) • País do mundo (população)

Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: Rei de Ouros, que
significa Inteligente, Prático
Amor: Não esconda os sentimentos.
Liberte aquilo que sente e mostre a pessoa
maravilhosa que é.
Saúde: Faça mais exercício físico. Está a
ganhar peso a mais.
Dinheiro: Não se precipite e pense bem
antes de tomar qualquer decisão que
envolva mudanças no plano profissional.
Pensamento positivo: Oiço o meu coração
com inteligência, sei que ele é o meu
melhor conselheiro!
Números da Sorte: 1, 18, 22, 40, 44, 49
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: 2 de Espadas, que
significa Afeição, Falsidade.
Amor: Não vá atrás das aparências, pois
elas muitas vezes enganam. Seja mais
consciente e ponderado nas suas atitudes.
Saúde: Coma salmão para baixar o
colesterol.
Dinheiro: Encontra-se numa boa fase, dê
asas às suas ideias! Os seus superiores irão
apreciá-las.
Pensamento positivo: Afasto a falsidade
através do afecto sincero.
Números da Sorte: 03, 11, 19, 25, 29, 30
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 10 de Copas, que
significa Felicidade.
Amor: Cuidado com os falsos amigos. Não
seja tão ingénuo com quem não conhece
bem.
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: A Lua, que significa
Falsas Ilusões.
Amor: Não deixe que o seu orgulho fira a
pessoa que tem a seu lado, seja mais
compreensivo e aprenda a ouvir.
Saúde: Faça uma caminhada.
Dinheiro: Tente fazer um pé-de-meia, pois
mais tarde poderá vir a precisar de um
dinheiro extra.
Pensamento positivo: Sou mais prudente
para não me iludir.
Números da Sorte: 08, 10, 22, 31, 44, 49
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: A Imperatriz, que
significa Realização.
Amor: Não deixe que a rotina tome conta
da sua relação e use e abuse da criatividade.
Saúde: Cuide mais da sua saúde espiritual
cultivando pensamentos positivos.
Dinheiro: Não gaste mais do que aquilo
que realmente pode, não se esqueça das
contas que tem por pagar.
Pensamento positivo: Sei que posso
realizar os meus projectos, eu acredito em
mim!
Números da Sorte: 02, 08, 11, 28, 40, 42
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: Rei de Paus, que
significa Força, Coragem e Justiça.
Amor: Aposte tudo na sua relação, pois ela
proporcionar-lhe-á momentos
inesquecíveis.
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: A Papisa, que significa
Estabilidade, Estudo e Mistério.
Amor: Altura de harmonia e muita paz a
nível amoroso, aproveite-a em pleno.
Saúde: Pratique exercício físico e faça uma
alimentação mais equilibrada.
Dinheiro: Seja mais prudente na forma
como gere as suas economias.
Pensamento positivo: A minha intuição
ensina-me sempre o caminho a seguir!
Números da Sorte: 03, 24, 29, 33, 38, 40
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 19-1
Carta Dominante: 2 de Paus, que significa
Perda de Oportunidades.
Amor: Partilhe a boa disposição que o
invade com quem o rodeia.
Saúde: tenha mais cuidados com os rins,
beba muita água.
Dinheiro: É possível que venha a obter
aquela promoção que tanto esperava.
Pensamento positivo: Acredito em mim,
sei que sou capaz!
Números da Sorte: 04, 11, 17, 19, 25, 29
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
20-1 a 18-2
Carta Dominante: 5 de Paus, que significa
Fracasso.
Amor: Poderá vir a ter uma zanga com um
familiar, mas não se preocupe que tudo se
resolverá.
China (1321852000 habitantes) Vaticano (770 habitantes)
• Cidade do mundo (população) • Homem do mundo
Bombaím – Índia He PingPing – China (73 cm)
(13922125 habitantes)
• Osso do corpo humano
• Cidade do mundo (área) Estribo (0,25 cm)
Kinshasa – Congo (9965 Km2)
• Mamífero do mundo
• Arranha-Céus do mundo Morcego nariz-de-porco (3 cm)
Taipei 101 – Taiwan (509 m)
• Avião a jacto do mundo
• Homem do mundo Bede BD-5
Sultan Kosen – Turquia (2,46 m) (4,34 m de comprimento)
• Praça do mundo • Automóvel do mundo
Tiananmen – China (440000 m2) Peel P50 (1,34 m de comprimento)
• Lago de água doce do mundo • Vulcão do mundo
Lago Superior – E.U.A., Canadá Taal – Filipinas
(82414 Km2)
• Praia do mundo
• Cascata do mundo Prainha (Barra da Lagoa) – Brasil
Salto del Ángel – Venezuela
(979 m)
SUDOKU
As regras do sudoku são simples:
introduzir um dígito numérico de
1 a 9 em cada célula de uma
matriz 9x9 feita por regiões de
3x3, começando com vários
dígitos dados nalgumas células.
Cada linha, coluna e região só
pode conter apenas uma vez cada
número.
Solução:

Saúde: Aconselha-se uma dieta.
Dinheiro: Está a passar por um momento
positivo neste campo da sua vida,
aproveite-o para progredir
profissionalmente.
Pensamento positivo: A felicidade alegra o
meu coração!
Números da Sorte: 19, 26, 30, 32, 36, 39
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Saúde: Não se desleixe e cuide de si,
invista na sua imagem.
Dinheiro: Pense bem antes de pôr em
causa o seu dinheiro, não desperdice sem
ter noção daquilo que gasta e em que gasta.
Pensamento positivo: A Força do
pensamento positivo ajuda-me a superar
todas as provas.
Números da Sorte: 07, 19, 23, 42, 43, 48
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Saúde: Cuidado, o seu sistema imunitário
anda frágil.
Dinheiro: Seja prudente na forma como
administra a sua conta bancária.
Pensamento positivo: Sei que só erra
quem está a aprender a fazer as coisas da
maneira certa.
Números da Sorte: 05, 17, 22, 33, 45, 49
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21

Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: Rei de Copas, que
significa Poder de Concretização, Respeito
Amor: Se der ouvidos a terceiros poderá
sair prejudicado na sua relação amorosa.
Saúde: Procure descansar as horas
necessárias para o seu bem-estar.
Dinheiro: Não gaste mais do que aquilo
que a sua conta bancária permite.
Pensamento positivo: Tenho o poder de
concretizar os meus sonhos.
Números da Sorte: 05, 09, 17, 33, 42, 47
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: Rainha de Copas, que
significa Amiga Sincera.
Amor: Este é um bom período para
conquistas amorosas, use e abuse do seu
charme pois ele arrebatará muitos corações.
Saúde: Anda com o sistema respiratório
fragilizado, seja prudente e proteja a sua
garganta.
Dinheiro: Poderá sofrer uma mudança
repentina no seu local de trabalho, esteja
atento e seja receptivo à mudança.
Pensamento positivo: A sinceridade
domina as minhas relações com os outros,
sei que tenho amigos verdadeiros!
Números da Sorte: 02, 04, 22, 36, 47, 48
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: Rainha de Espadas,
Farmáciasde serviço
que significa Melancolia, Separação.
Amor: Ponha de parte essa sua mania de
ser o mais importante, deixe que o amor
invada o seu coração, aproveite o
Praia S. Vicente
romantismo. 28/01 – Farmácia Universal 28/01 – Farmácia Jovem
Saúde: Cuide da sua alimentação. 29/01 – Farmácia 2000
Dinheiro: Boa altura para comprar aquela 29/01 – Farmácia Mindelo
peça de vestuário de que tanto gosta, 30/01 – Farmácia Moderna 30/01 – Farmácia Avenida
invista mais em si pois bem merece.
Pensamento positivo: Quando a tristeza
31/01 – Farmácia Central 31/01 – Farmácia Leão
bate à minha porta, peço ao meu Anjo da 01/02 – Farmácia Stº António 01/02 – Farmácia Nena
Guarda que a mande embora.
Números da Sorte: 02, 08, 11, 25, 29, 33 02/02 – Farmácia Africana 02/02 – Farmácia Higiene
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22 03/02 – Farmácia Avenida
03/02 – Farmácia Jovem
04/02 – Farmácia Santa Isabel
 Já • Sexta-feira 28 Janeiro 2011 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Mamífero carnívero, da família dos Felídeos;
Perseguir com apupos.
2 –. Aparador; Ligado
3 – O prémio maior da lotaria; Terra maninha reduzida a
cultura.
4– Gordura animal; Oráculo.
5 – Acusada; Guarnecida de arame.
6 – Patrão.
7 – Encarrega de uma tarefa; Interjeição que exprime
espanto.
8 – Actuara; Uacari.
9 –Grande apetite; Estado do enfermo em luta com a
morte.
Joca fica admirado com beijo de Arminda 10 – Amarrara; Detestar.

B runo diz a Teixeira que Arminda e Joca têm um caso. Joca diz a Arminda que ela
não irá sair do Brasil e ela o beija de surpresa. Ele fica perplexo com a situação
e continua dizendo os seus motivos para que ela não vá. Arminda cala Joca com outro
11 – Rareara; Estrado onde se coloca o caixão do cadáver
durante as cerimónias fúnebre que precedem o enterro.

beijo. Querêncio arruma as suas coisas para se mudar. Romeu pergunta ao pintor a
respeito da sua despedida de solteiro e ele diz que pensará no caso. Romeu pergunta Verticais:
a Querêncio se ele está feliz com a mudança. Ele diz que sim e que só faltava 1 – Reprovara em exame; Escrava egípcia de Abraão.
Filomena estar com ele. Iara pergunta a Filó se ela já contou a Tito sobre seu voo de 2–Pároco; Varieda-de de calcedónia.
paraquedas. Ela diz que não encontrou o momento certo para o fazer. Iara diz que ela
3 – Talim; Acertar pelo tino.
não deveria contar e sim mostrar. Tito diz que não vai jantar porque vai falar com um
4 – Preenche; Mentira.
agente de viagens de São Paulo. Karina e Zuleide preparam-se para pôr o plano em ESSA.
prática e quando estão a sair da loja, Nicolau chega e convida Karina para sair. 5 – Cheirara; Clima. 9 – GANA; AGONIA. 10 – ATARA; ODIAR. 11 –RARARA;
Karina diz que ia fazer outra coisa com Zuleide e quando questionada sobre o quê, ela 6 – Estime. 6 – A; A; AMO; A; C. 7 – ATAREFA; AH.8–AGIRA; ACA-RI.
fica sem saber o que responder. Tito aguarda Karina. As duas conseguem convencer 7 – Utensílio de madeira para meter ou tirar o pão do 5 – RE; ARAMADA.
Nicolau de que irão fazer uma visita à Dona Cesinha. O senador não gosta de ser tro- forno; Que se alimenta de carne crua. 3 – TALUDA; ARAL. 4 – ADIPO; ORAGO.
cado, mas é convencido por Karina. Zuleide e Karina vão ao encontro de Tito. Karina 8 – Joeirara; Socorre. Horizontais: 1 – GATO; APUPAR. 2 –ABACO; ATADO.
pára o carro e pede a Zuleide que desça para que Tito não desconfie do plano. Karina 9 – Pausa; Erva-doce.
chega e Tito vai para o carro dela. Ao entrar, eles se beijam. Zuleide fotografa tudo do
Soluções:
10 – Arma branca, de lâmina curta e larga, com dois
seu esconderijo. O dois vão para um local mais tranqüilo para conversar. Mateus e
gumes.
Filomena estão a conversar quando ela recebe um telefonema anónimo dizendo para
não confiar em Tito. Ela fica intrigada com a ligação. Karina mente a Tito dizendo que
ainda o ama. Ele acredita e também diz-lhe que nunca deixou de amá-la. Karina con-
vida-o para ir ao motel e ele hesita, mas decide ir. Mateus conta a Newton o vacilo
que deu com Filomena. Filó fica perturbada com a ligação e lembra o que Tito disse
antes de sair de casa. Tito diz a Karina que está nervoso.
Boa Mesa
SIC • Passione
Artica, à espera de condições
para investir mais

Tótó e Clara se beijam

T otó irrita-se com Diogo. Das Dores encontra Clara na rua e insinua que ela de-
veria chegar cedo à cantina. Bete e Mauro reprovam as regras impostas pelo
representante de Fred. Melina revolta-se por não saber quem é o novo sócio da met-
alúrgica e culpa Bete pelo ocorrido. Clara fica indignada ao ver Diogo a falar com
Totó na cantina.
Sinval avisa a Candê sobre o jantar que Stela pretende fazer para comemorar o seu
casamento com Fátima. Chulepa prepara uma surpresa para Lorena. Stela comenta
com Gerson sobre o jantar que vai fazer na sua casa para Sinval e Fátima. Danilo
afirma ao tio que matou Saulo e ele fica muito preocupado. Stela garante a Gerson
que sabe que não foi Danilo quem matou Saulo. Gemma reclama com Candê sobre
a presença de Clara na vida de Totó. A assistente social vai à casa de Totó e acre-
F undada em 1991, Ártica pretende vir a ser cadeia de
restaurantes e geladarias espalhada por todo o País.
No entanto, a crise em que vivemos não permite grandes
refeições durante todo o dia e noite.
Dos pratos tradicionais como a cachupa à mão de vaca e
aos pastéis de toda a espécie, destacamos a sopa de
dita na felicidade do italiano ao lado de Clara. legumes como algo com muita procura.
voos. Por isso, por agora apenas existem duas unidades,
Laura fica comovida ao ver o sofrimento de Mauro por causa de Diana. Cris pensa
ambas na cidade da Praia: uma na Achada S. António e Bom serviço, graças à formação dada aos funcionários
numa forma de livrar Diana da chantagem de Melina. Alfredo conta a Kelly sobre
outra na Fazenda, mesmo em frente à rotunda. pelo próprio casal proprietário, Artica tem a refeição mais
a visita da assistente social a Totó e Clara. Agostina comenta que encontraram
Danilo e Agnello resolve ir ao velódromo falar com Sinval. Clô e Fortunato recla- Propriedade do casal Gomes da Veiga, estas duas barata a 750 escudos (prato do dia).
mam com Olavo por não ter conseguido comprar as ações da metalúrgica. Berilo unidades são referenciados como um dos locais da capi- Dificuldades não faltam. A maior decorre da falta de luz
sequestra Jéssica. Melina implora para ficar com Mauro. Agnello encontra Stela na tal onde se pode comer um bom gelado. que provoca sérios prejuízos e se mostra pouco favorável
clínica onde Danilo está internado. Totó pede à Clara que não vá embora e os dois Mas a Ártica não é só gelados. Aberto todos os dias, das aos negócios. Por isso, este casal de empresários tem
se beijam. 8 horas ás 24, oferece também pequenos-almoços e adiado projetos de investimento em carteira.
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bai-bai
Sexta-feira 28 Janeiro 2011
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com

Paulinha
a rebelde
Chamam-lhe a rebelde da música crioula, revolta-se ao ver crianças em con-
tentores à procura de comida, diz que recorre à sua arte para divulgar uma men-
sagem de paz e de um mundo melhor, assumindo os ideais de Cabral sem peias

P aula Barbosa Teixeira, 26 anos, a Paulinha do Carlos Veiga como um Cabral. Aconteceu durante um
mundo da música crioula, a Praia a viu nas- encontro de artistas que decorreu no Quintal da Música e
cer. A dança foi sempre bichinho seu desde no qual o líder do MpD esteve presente. A artista explica
criança, mas a presença no palco do Quintal a comparação feita que deixou muita gente surpreendida:
da Música, nas chamadas “Noites Jovens”, ao lado de “Há muito tempo que Carlos Veiga luta para sermos um
Vadu, fez com que desse nas vistas o seu talento e ener- País livre, para termos o poder de escolha, o dom da
gia, quando tinha apenas quinze anos. O estilo Zouk, bem palavra. Amílcar Cabral foi assassinado por ter lutado
expressivo no clip “Até Lá”, como refere, não é o seu pelos mesmos ideais. Ele foi fisicamente morto, mas o
melhor. Alimenta-o talvez por questões comerciais, e fá- seu pensamento e espírito andam por aí à solta. Por que é
lo com êxito, chegando a ser designada para representar que ele criou Casas de Estudantes? Porque aspirava a um
Cabo Verde no Festival “Dança de Artistas”, em melhor conhecimento para os mais jovens, o acesso à
Moçambique, onde obteve o sexto lugar. Mas onde se leitura, de serem inteletuais. Carlos Veiga foi um desses
sente melhor é a dedilhar a guitarra, sentindo a música, os jovens inteletuais, um homem do Saber, que recusou na
estilos, desde a morna, coladera, afro-jazz até o fado. “Eu sua juventude a vida fácil das drogas e álcool. Eu desejo
sou uma boa intérprete”, explica, com orgulho e con- que os jovens do meu País façam o mesmo, lutando por
vicção. um Cabo Verde melhor. Veiga está a dar continuidade ao
Nos Estados Unidos, chegou a estudar Jazz e Blues, nu- legado de Cabral”.
ma universidade. Não quis casar para ter a nacionalidade “Não teme ser criticada por aquilo que acaba dizer?”,
americana. A grande oportunidade da vida agarrou-a, questionamos.
confessa, ao encontrar o produtor Filipe Monteiro em ple- Paulinha responde de imediato: ”Mas o José Maria Neves
no aeroporto, na viagem de regresso a Cabo Verde. “Bús- também lutou pela vida, veio do interior do País, da As-
sola sem Norte” foi o primeiro trabalho que nasceu nos somada, estudou. Para ser o Primeiro-Ministro de Cabo
estúdios em Dakar. Depois… foi a carreira sempre em Verde teve que ser um Cabral. Eu também sou uma filha
ascensão, sendo mesmo apontada como um dos novos de Cabral, pois através da música, lanço mensagens ao
grandes valores da música cabo-verdiana. povo de paz e amor”.
Há quem a chame de rebelde? Porquê? É Paulinha quem Sobre a proposta avançada pelo líder do MpD de tornar
explica ao Já este epíteto: os artistas cabo-verdianos embaixadores culturais, pro-
“Chamam-me isso talvez porque eu sou sensível às coi- movendo o nome do País no estrangeiro, Paulinha con-
sas que vejo. Revolta-me ver aqui na Praia crianças den- sidera-a muito positiva.”Quando cantei na Suiça fiz com
tro de um contentor à procura de comida. Ainda não as que muitas pessoas ali residentes viessem visitar Cabo
viu?”, interroga, talvez verberando a Verde. Deixei-as com curiosidade, ao
desatenção do repórter face à realidade mostrar a minha beleza cabo-verdiana
pungente que o cerca na grande urbe. "Carlos Veiga é um Cabral. (risos)”…
Prossegue: “Revolta-me vê-las bater na Há muito tempo que luta “Eu sou uma das poucas pessoas que
minha porta pedindo uma banana, um no estrangeiro não tem vergonha em
pão, dizendo que têm fome. Sou sen- para sermos um País livre, dizer que sou africana. Há por aí muita
sível a isso... Como me revolta ver pes- para termos o poder de gente célebre que o renega, afirmando
soas a morar em casas de madeira, sem lá fora que Cabo Verde é mais eu-
teto, com cinco, seis filhos a ocupar o
escolha, o dom da palavra. ropeu», acrescenta a cantora.
mesmo quarto. Revolta-me ver os polí- Amílcar Cabral foi E Paulinha não deixa de nos surpreen-
ticos a preocuparem-se com o Plateau, der. A menina da voz sensual é mes-
esquecendo zonas degradadas da Praia,
assassinado ao lutar pelos mo… rebelde na sua forma frontal de
como é o caso da Achada Grande, que mesmos ideais" estar na vida: “Confesso que, no passa-
está a aumentar em termos de popula- do, já fui ao Inferno da vida, já tomei
ção”. drogas, já bebi, mas afastei-me disso, porque me aperce-
O pensamento solidário está sempre presente nos seus bi que me fazia mal. Revolta-me ver miúdos com dez
objetivos de vida. Por isso, não desistiu de ajudar a insti- anos a comprar tabaco, de uma forma livre. Por isso, sou
tuição Jardim de Infância, de Casa Lata. “Disse que o rebelde porque tento revolucionar este sistema, por que
prémio de 20 mil dólares, caso ganhasse o Festival em luto por um Mundo melhor, principalmente para os mais
Moçambique, iria reverter para Casa Lata. Não o ganhei, jovens. Eles são futuro. Sabe que lancei uma música que
mas não desisto dessa causa. Cheguei mesmo a organizar se chama, precisamente, “Ajuda Nossas Crianças”, quan-
um espetáculo no Plateau, com a presença dos Ferro do estive em Moçambique, precisamente por as ver nas
Gaita, entre outros artistas, cujos fundos reverteram para ruas, sem futuro? Não é esse o Mundo que eu quero que
essa instituição, mas, infelizmente, não teve grande ade- a minha filha, que tem três anos de idade”.
são das pessoas”, sublinha. Referências de vida? Claro: Amilcar Cabral, Samora Ma-
Nesta terra de preconceitos e perseguições a quem ouse chel, Nelson Mandela, ”três heróis africanos”, inspirado-
trilhar formas de independência de pensamento face ao res dos seus ideais de vida. Compreendem-se os mo-
poder dominante, Paulinha teve a coragem de designar tivos…