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Educação e
Comunicação em Saúde
Sumário
CAPÍTULO 2 – Como ocorre a comunicação no ambiente de trabalho?................................05
Síntese...........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas.................................................................................................22
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Capítulo 2
Como ocorre a comunicação
no ambiente de trabalho?
Quantas vezes você já presenciou desentendimentos e intrigas entre colegas no ambiente de
trabalho? Provavelmente várias vezes, tendo em vista a crescente falta de uma boa comunicação
dentro de muitos setores profissionais. Infelizmente, uma das maiores causas de demissão nas
empresas se dá pela falta de habilidades comunicativas dos colaboradores – porque não querem
interagir, ou porque interagem demais, fora do limite, causando um ambiente desagradável, sem
diálogo e carregado de negatividade. Veja o que diz o especialista em Gestão de Comunicação
Marcos Gross nesse trecho extraído do artigo publicado no portal Carreira & Sucesso, da Catho:
O estômago “não vai com a cara” do baço. O intestino brigou com o rim. O esôfago não quer
conversa com a vesícula biliar. O pulmão teve uma desavença com o coração. Se os órgãos
do corpo humano brigassem entre si, qual seria a chance de sobrevivência? (GROSS, 2014).
E é isso o que ocorre no ambiente de trabalho, resultando em uma chance quase que nula de so-
brevivência de qualquer organização, seja nas áreas da saúde, da educação, ou de outras áreas
distintas. No ambiente profissional, é preciso entender que a equipe funciona como os órgãos de
um corpo, que movem, dão vida à qualidade dos serviços prestados à sociedade. Por isso, cone-
xão é a palavra-chave para o sucesso dos relacionamentos envolvidos nesse cenário: entre funcio-
nário e funcionário; funcionário e direção; direção e coordenação; coordenação e funcionário etc
Você se depara com pessoas de diversas personalidades, preferências e estilos todos os dias, não
é verdade? Assim, é fundamental que entenda o seguinte: por mais que as ideias entre a equipe
não sejam compatíveis, a harmonia do grupo deve-se sobrepor à incompatibilidade, o que traz
melhores resultados ao trabalho conjunto. Mas como isso é possível? Somente com uma boa
comunicação e a consciência do quanto é importante para a conexão da equipe.
Neste capítulo, você entenderá como ocorre a comunicação no ambiente de trabalho, reconhe-
cendo as diferenças entre comunicação e informação, a fim de entender que a informação de
má qualidade compromete o processo. Você verá também que existem várias formas de comuni-
cação no ambiente de trabalho, ou seja, interpessoal, intrapessoal e interprofissional, e que para
terem sucesso, existem estratégias bastante eficazes.
Bom estudo!
É fato que hoje circulam informações de diversas categorias e para todo tipo de gosto nas
revistas impressas, televisão, e, principalmente, no meio virtual. Sites de fofoca, que falam de
celebridades, por exemplo, são veículos bastante atrativos para aqueles que buscam “informação”
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da área. Mas perceba que na maioria dos casos, estas informações são apenas falácias tenden-
ciosas que não agregam em nada, a não ser, para causar mais fofoca e alvoroço neste meio.
Outro exemplo comum são as informações que circulam em vários canais de comunicação sobre
política. Aí, você fica se perguntando: “Será que entendi direito?”, “Será que isso é verdade”,
“Qual a utilidade destes dados?”, “O que aquela imagem da capa da revista tem a ver com o
assunto discutido?”. Bom, mas por que estamos falando destas coisas, se o assunto é qualidade
da informação na área da saúde? Porque este é um exemplo básico de informação sem qualida-
de que não leva a lugar algum. Assim, para que a comunicação tenha sucesso, a informação de
qualidade se faz indispensável dentro e fora do ambiente de trabalho.
Você entenderá melhor este assunto, conhecendo primeiro o que é uma informação. Quando
informo, noticio algum evento, fazendo com que as pessoas tomem conhecimento sobre estes
elementos e recebam a mensagem, estou informando alguma coisa. Informar, portanto, é trazer
às pessoas determinados tipos de conhecimento. Veja um exemplo:
Chegando à capital, senhor F. pergunta à primeira pessoa que senta ao seu lado no terminal de
ônibus: “Por favor, preciso de uma informação! Onde fica o hospital?” Note que, ao questionar a
localização do hospital, senhor F. está solicitando algum tipo de conhecimento que ainda não tem.
Wolton (2010) salienta que a informação pode se dar em três modalidades: imagem, verbal
escrita e/ou falada. Além disso, o autor reconhece a existência de 3 tipos de informação, veja:
[...] não basta apenas ter a informação inicial para o planejamento e a criação das ações. A
atualização permanente dessas informações, a monitoração das mudanças de comportamento
e a apuração de indicadores concretos de resultados são partes integrantes desse sistema. É
preciso um sistema preciso e contínuo de informações qualificadas para manter o resultado
da comunicação ao longo do tempo, evoluindo junto com os consumidores e os mercados de
interesse. (QUEIROZ, 2007, n.p.)
Entendendo o perfil do público atendido, os gestores da área terão mais facilidade de identificar
as estratégias de atuação na emissão de esclarecimentos, tais como apresentado no quadro 1.
Note que, com as informações atualizadas, torna-se mais fácil elaborar e selecionar o melhor
veículo de comunicação para a transmissão da mensagem, tendo como base o fortalecimento
do controle social.
Mas quais são os canais de comunicação utilizados na área da saúde? Veja alguns exemplos:
• jornais de bairro;
• rádios comunitárias;
• panfletos;
• internet;
• jornais diários;
• revistas.
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Preocupar-se com a qualidade da informação é tarefa indispensável a qualquer setor que trabalhe
com perspectivas dos dois públicos: o externo, ou seja, a comunidade atendida; e o interno
(equipe de colaboradores).
Em primeiro lugar, é importante reconhecer que uma comunicação fica registrada quando está
escrita. Não adianta informar algo verbalmente (palavra falada) sem ter nada por escrito, pois o
receptor, na maioria das vezes, acaba esquecendo sobre aquilo que lhe foi informado. Mas não
é somente isso! O registro da comunicação só é possível ser comprovado se estiver escrito. Em
uma ata, por exemplo, não há como negar que você “não sabia do assunto”, se está registrada
a sua participação na reunião, afinal, em uma ata é imprescindível a assinatura dos participantes
do encontro. Dessa forma:
Dar informações por escrito também é muito importante. Por este motivo, não adianta apenas
saber falar bem o português ou idiomas se não consegue se comunicar bem. Nunca aceite uma
informação verbal quando você necessita dela por escrito. Frequentemente, a comunicação
verbal é aceita quando na forma de um documento. (HASSELMANN, [s.d.], p. 1).
• envie por escrito em documento impresso (convite, convocação, aviso etc.) e peça para
assinar o protocolo de recebimento;
Ser breve e claro em todas Hoje em dia, as pessoas não têm muito tempo para ler infor-
as formas de comunicação mações rebuscadas e confusas e textos informativos longos.
Comunicar-se por escrito Isso evita as conversas bastante conhecidas como “Eu não
sempre que possível sabia de nada, porque o fulano não avisou”.
Elimine o excesso de pala- Isso irrita os seus interlocutores e oferece o risco de que
vras técnicas você não seja compreendido.
Lembre-se que para que a comunicação seja eficaz e a informação seja compreendida, a caute-
la, clareza e responsabilidade do emissor são fundamentais! Afinal, o comunicador é o respon-
sável pelo sucesso do ato comunicativo, lembra?
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VOCÊ SABIA?
Já ouviu falar em Netiqueta? Este termo é resultado da junção de duas palavras: etique-
ta e internet, ou seja, a etiqueta na internet. Existem formas de se comportar na comuni-
cação neste ambiente virtual, bastante diferentes de uma conversa face a face. Assim, se
você costuma não dar respostas imediatas ou escreve mensagens em CAIXA ALTA, está
na hora de ler com muita atenção este material. Conheça algumas dicas de Netiqueta
no endereço: <http://www.safernet.org.br/site/sites/default/files/netiqueta.pdf>.
Veja que um dos grandes desafios dos gestores do ramo empresarial, educacional e da saúde,
por exemplo, é fazer com que seus funcionários se comuniquem bem e saibam trocar informa-
ções de maneira harmônica sem desvios de compreensão das mensagens. Em todas as etapas,
em qualquer tipo de atividade, a atenção aos processos comunicacionais no âmbito interno gera
mais que pessoas bem informadas (ABRACOM, 2008, p. 65). Além disso, quando se investe na
comunicação entre os colaboradores, geram-se, segundo a mesma fonte, parceria, cumplicida-
de, pertencimento, compromisso, fatores diretamente relacionados ao sucesso dos projetos.
Você, enquanto profissional da área da saúde, deve entender que a comunicação com o pacien-
te deve ser feita de forma consciente, considerando a cultura do receptor. Portanto, de acordo
com Silva (2002), investir em um atendimento que atenda às necessidades humanas básicas do
indivíduo contribuirá ao alcance dos objetivos da prática assistencial.
Frente a essa ótica, Ramos e Bortagarai (2011) destacam essa prática aliada às habilidades de
comunicação no ambiente assistencial, ou seja, sem um bom relacionamento interpessoal não
existe sucesso na interação entre paciente e enfermeiro/enfermeiro, por exemplo. Compreender
as necessidades do outro se faz fundamental quando se pretende contribuir à uma mudança de
comportamento e estilo de vida que, até então, não é saudável. Desse modo, é importante que
você reconheça que:
Veja que a habilidade de relacionamento interpessoal não consiste em uma característica acessó-
ria do profissional na saúde, mas como um instrumento básico para a efetividade de suas ações
e projetos.
VOCÊ SABIA?
Já ouviu falar em inteligência emocional? Charles Darwin foi o primeiro teórico a utilizar
este conceito em suas pesquisas. Essa expressão é utilizada para se referir à capaci-
dade que as pessoas têm de identificar emoções nas outras, no intuito de selecionar o
comportamento mais adequado para a situação. Para saber mais sobre esse assunto
fascinante, leia o livro Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que
é ser inteligente (GOLEMAN, 1996), disponível em: <http://alma-da.org/RHL/4.pdf>.
Para entender melhor este cenário discutido, considere o caso do período gestacional da pacien-
te. Nesta fase, a futura mamãe apresentará dúvidas, medos, inseguranças, perspectivas e uma
série de outros sentimentos quando vai à procura do médico da área ou de um enfermeiro, por
exemplo. Mas como estes sentimentos são percebidos? Eles são identificados pelo profissional da
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saúde principalmente pela linguagem não verbal, ou seja, pelos gestos, expressões faciais, tom de
voz, respiração, olhar, dentre outros elementos da linguagem. Vale lembrar que neste momento,
A gestante precisa ter alguém a seu lado, não só com conhecimentos técnico e científicos
relativos ao aspecto orgânico, mas também com conhecimentos adequados de comunicação
e com capacidade de ouvi-la, apoiá-la e de oferecer elementos para ajuda-la na tomada de
decisões e incentivá-la para que as assuma. (SILVA, 2002, p. 26-27)
Este exemplo demonstra um, de tantos outros casos de relacionamento terapêutico, em que o
profissional da saúde precisa ter habilidades comunicativas para saber conversar, explicar e acal-
mar o paciente em estado de aflição. O relacionamento interpessoal se estabelece neste exemplo
apresentado, e, por isso, a comunicação interpessoal eficiente é, como pontua Silva (2002, p.
27), “[...] o aparato de que todo o profissional deve dispor, independentemente do contexto ou
politicas vivenciadas.”
A comunicação interpessoal pode ser definida como o processo pelo qual a informação é
trocada e entendida por duas ou mais pessoas, normalmente com o intuito de motivar ou
influenciar o comportamento (PESTANA, 2006, n.p.).
Na comunicação interpessoal a linguagem não verbal está em destaque. A esse respeito, Ramos
e Bortagarai (2011, p. 1) alertam o seguinte:
Os tipos de sinais não-verbais que podem ser “lidos” durante uma interação de pessoas
envolvidas no processo de comunicação são: as ações ou movimentos do corpo, a postura
corporal (cinésica), os sinais vocais ou paralinguísticos, o uso do espaço pelos comunicadores
(proxêmica), os objetos e adornos utilizados, o tipo de corpo (características físicas) e o
momento em que as palavras são ditas.
Você pode perceber com estes exemplos de linguagem não verbal que toda e qualquer forma de
expressão deve ser percebida pelo profissional da saúde que é, acima de tudo, um mediador de
informações que serão capazes de influenciar as mudanças de comportamento e estilo de vida
dos pacientes. Se as pessoas estabelecerem barreiras de relacionamento durante o ato comuni-
cativo, provavelmente a interação não ocorrerá e, por essa razão, o relacionamento interpessoal
positivo será praticamente nulo. Por isso, é fundamental que você tenha em mente que:
[...] um processo de interação social recíproca entre duas ou mais pessoas, cuja relação poderá
influenciar no comportamento, na motivação e no estado emocional do emissor ou do receptor
(PESTANA, 2006, n.p.).
Um de seus objetivos é humanizar o ambiente, uma vez que trabalha com a percepção de emo-
ções e o direcionamento de mensagens voltadas a estas emoções. Dessa forma, ela também está
presente no contexto diário dos colaboradores e, caso eles não tenham a consciência da impor-
tância das habilidades envolvidas neste processo, as atividades planejadas não irão adiante por
conta de conflitos internos que comprometem todo o trabalho da equipe. Portanto, o papel do
colaborador é:
[...] justamente participar do “time” e se relacionar com os outros na empresa. E ele precisa
saber como, afinal, mantém uma relação de convivência diária com seus colegas de trabalho.
Um bom relacionamento interno é um fator estratégico para seu sucesso profissional e para o
sucesso da empresa como um todo. (PASSADORI, s.d./n.p.)
Para que a comunicação interpessoal ocorra de forma harmônica, é importante evitar os seguin-
tes “pecados” mencionados por Passadori (s.d./n.p.), acompanhe!
Apatia: uma pessoa apática é alguém que só se preocupa consigo mesma, desconhecendo
as características do público-alvo. Ao contrário da apatia, existe a empatia, que ocorre quando
coloca-se no lugar do outro, ou seja, você não fala aquilo que não gostaria de ouvir. Passadori
(s.d./n.p.) acredita que: “Com a voz serena, mas firme, pode-se articular palavras com calma,
confiança, polidez e respeitabilidade, tornando a comunicação atraente.”
Insegurança: quando você é inseguro, acaba sendo agressivo e autoritário com o outro, não
é mesmo? Isso é uma forma de proteção para não revelar fraquezas e medos. É possível evitar
este pecado, sendo assertivo, ou seja, tendo a consciência de suas habilidades e fragilidades,
expondo sua opinião e aceitando a dos outros.
Prolixidade: a pessoa prolixa é aquela que fala, fala, fala e fala até cansar o outro. Muitas
vezes, isso ocorre pela necessidade de as pessoas quererem mostrar um conhecimento mais ele-
vado, ou, por outro lado, fugir do assunto que não domina muito bem. Hoje, a tendência da boa
comunicação, é a objetividade, ou seja, falar com clareza e com poucas palavras aquilo que se
quer transmitir, evitando deixar o receptor cansado e com dúvidas.
Incoerência: defender uma ideia e agir de forma totalmente contrária é ser incoerente, um
dos grandes pecados da comunicação! No momento em que uma pessoa muda o seu discurso,
ela acaba perdendo o crédito de seus interlocutores. O importante é não se contradizer, pois, se
defendo um ponto de vista e acredito nele sempre, as pessoas terão mais confiança em mim e
minha imagem será mais positiva para os que me cercam.
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Arrogância: este tipo de comportamento afasta as pessoas com as quais se quer estabelecer
um contato mais próximo. A arrogância é a demonstração da falta de humildade, ou seja, de-
mostrar ser superior ao outro porque sabe mais ou porque possui uma posição de status elevado
no trabalho. A humildade não significa fraqueza, mas sim, o conhecimento daquilo que se é para
se relacionar de maneira harmônica com os outros.
Impaciência: Passadori (s.d./n.p.) alerta que “Ninguém é melhor do que ninguém a priori: só
é possível avaliar uma proposta ou uma opinião como “a melhor”, mais adequada, mais opor-
tuna, com base no diálogo, na argumentação sólida e na consideração e respeito pelos outros.”
Por isso, a impaciência se caracteriza pela dificuldade de parar a ouvir e entender o que o outro
tem a dizer, reconhecendo que a opinião dos interlocutores são tão importantes quanto às suas.
Manter harmonia nos relacionamentos no trabalho não é uma observação acessória da comu-
nicação interpessoal, mas sim, um requisito indispensável para a manutenção das relações e do
sucesso da comunicação.
É preciso compreender que o “público interno” demanda informação cada vez mais profunda,
inédita, transparente e rápida, e de maneira complexa se inter-relaciona com outros públicos
alvo das atividades empresariais, igualmente demandadores de informação consistente para
formar opinião. (ABRACOM, 2008, p. 65)
Quando uma organização define a divulgação de determinada informação, o público interno
é aquele a receber as notícias de primeira mão, mas por quê? Porque “[...] os colaboradores
costumam ser o primeiro público afetado pelas decisões das organizações. Nada mais justo e
inteligente, portanto, informá-los em primeira mão.” (ABRACOM, 2008, p. 29).
[...] transmitir de forma clara e direta informações referentes a cargos, salários, benefícios,
participação nos resultados princípios, valores, e outras que a empresa julgar relevantes
(ABRACOM, 2008, p. 31).
Isso tudo contribui à integração da equipe com a empresa, tornando-a consciente do importante
papel que exerce dentro do grupo. Lembre-se que a comunicação, se feita de forma correta,
tem a tarefa de unir os colaboradores para trazer melhores resultados aos serviços prestados à
sociedade.
Existem veículos de comunicação interna bastante úteis e fáceis de serem adotados, segundo a
Associação Brasileira de Comunicação (ABRACOM, 2008, p. 36-37), são eles:
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E por que não se adaptar às novas tecnologias para fornecer um melhor circuito de informações
para o grupo? Acompanhe o que a ABRACOM (2008) preparou para fomentar a comunicação
interna nas empresas.
Veja que a comunicação interna não é um fenômeno a ser deixado de lado em qualquer plane-
jamento organizacional, pois é a partir do investimento nesta forma de interação que os projetos
podem andar alinhados e harmonizados, beneficiando a todo o público envolvido no ambiente
prestador de serviços. A comunicação interna é, talvez, o eixo central do resultado da produtividade
do atendimento aos pacientes, pois é somente com uma equipe de funcionários motivada, valoriza-
da e integrada que o reflexo positivo das ações em saúde terão retorno. Lembre-se: a comunicação
interna pode ser vista como o sustentáculo de qualquer setor de atendimento ao público.
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Mas por que é tão importante refletir? Veja o que diz Carabetta Jr. (2010, p. 518) a esse respeito:
A reflexão, como a capacidade de se voltar sobre si mesmo, sobre as construções sociais, sobre
as intenções, representações e estratégias de intervenção, supõe a inevitabilidade de utilizar o
conhecimento à medida que vai sendo produzido, para enriquecer e modificar a realidade e
suas representações, as próprias intenções e o próprio processo de conhecer.
Veja que quando você reflete, está modificando uma realidade já concretizada por você, conhe-
cendo-se melhor para ser capaz de autojulgar e reconhecer o que está fazendo errado. Na área
da saúde isso deve ser uma prática constante, uma vez que, segundo Carabetta Jr. (2010), a
Resolução CNE/CES no 4, de 07/11/2001, institui as habilidades e competências do futuro mé-
dico como “[...] atenção à saúde; tomada de decisões; comunicação; liderança; administração
e gerenciamento; educação permanente.” (CARABETTA Jr., 2010, p. 583).
Essa condição de líder e tomador de decisões do profissional da saúde é possível se este seguir
o caminho na reflexão para poder julgar as melhores e mais sensatas atitudes a serem tomadas
em sua rotina laboral, afinal isso refletirá na saúde de um ser muito especial que é o paciente.
Partindo disso, é fundamental reconhecer que a eficácia da comunicação só pode ser concreti-
zada quando as pessoas conhecem a si mesmas, entendendo os seus pontos fortes e limitações.
Dessa forma, a comunicação intrapessoal tem por finalidade:
Ballestero-Alvarez (2005, p. 97) alerta que a comunicação intrapessoal pode ser feita de forma
inteligente, mas para isso, é preciso desenvolver características como:
[...] ter consciência da força das emoções, desenvolver formas e meios para expressar os
sentimentos e opiniões, desenvolver um modelo exato do eu, ser capaz de trabalhar de forma
independente; sentir-se motivado para alcançar objetivos [...].
Lembre-se que a comunicação intrapessoal funciona como um diálogo interno pelo qual se bus-
cam soluções para um melhor desempenho do indivíduo. Sem este tipo de comunicação, é difícil
você se conhecer melhor, afinal, se você não souber quem é e o que fazer para melhorar, como
irá se relacionar com outras pessoas?
Nos ambientes da saúde, existem várias formas de comunicação entre os funcionários, seja de
médico para enfermeiro, enfermeiro e auxiliar de enfermagem, médico e gestor do hospital etc.
A comunicação interprofissional, também conhecida como interdisciplinar, é justamente aquela
em que se estabelece o contato e a circulação de informações entre profissionais de formações
diferentes. Veja um exemplo deste tipo de comunicação, veiculado no Hospital Infantil Waldemar
Monastier: “Durante a passagem de plantão, os profissionais devem repassar aos colegas que
estão assumindo o trabalho, todas as informações sobre os pacientes.” (PARANÁ, 2014).
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Neste contexto, é importante reconhecer que a comunicação estabelecida dentro de uma equipe:
Para tanto, o mesmo autor considera fundamental a adaptação aos novos mecanismos de comu-
nicação que acompanham o avanço tecnológico, e alerta:
Numa sociedade em constante evolução, quer científica, quer tecnológica, torna-se fundamental
que a área da saúde se adapte a esta evolução e acompanhe o progresso, nomeadamente
ao nível da informação e do conhecimento, para poder melhorar a qualidade da prestação
de cuidados de saúde. A informação é essencial nesta área, dado que é a base de todo o
processo de cuidados de qualquer profissional de saúde, no entanto, esta só tem valor se a
sua circulação for eficaz, e assim transformar-se em conhecimento, o que confere aos meios
tecnológicos da vanguarda uma extrema importância. (LUCAS, 2010, n.p.)
Portanto, lembre-se que a comunicação interprofissional é aquela estabelecida pelo contato en-
tre perfis profissionais diferentes, devendo ser harmônica para não comprometer a qualidade da
informação que, por fim, será transmitida ao paciente.
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Referências Bibliográficas
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