AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GRAVATAÍ/RS

ROSA IARA PAIVA PEREIRA, pessoa física, viúva,

pensionista, inscrita no CPF sob nº 509400072, portadora
do RG nº 003934303, residente e domiciliada na Rua
Adrovando Leão, nº 143, bairro Morada d Vale I,
Gravataí/RS, representada por sua advogada JULIANE
ROSA ESPINDOLA, inscrita na OAB/RS 106459, com sede
profissional na Rua Alexandrino de Alencar, 933, bairro
morada do vale I, Gravataí/RS, CEP: 94085-120, vem a
presença de vossa excelência para propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, E NÃO FAZER COM

PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO LIMINAR DA TUTELA C/C
DANOS MORAIS

Em face de BANCO ITAÚ S.A, pessoa jurídica,

inscrita no CNPJ n° 6070190/0001-04, com sede
administrativa na Rua Alfredo Egydio de Souza Aranha,
nº100, parque Jabaquara, São Paulo/SP, pelos motivos de
fato e direito que passa a expor:

DOS FATOS

A autora é viúva, idosa, pensionista do INSS, e por motivos pessoais tem sua
renda comprometida em virtude de alguns empréstimos realizados junto ao
instituto nacional do seguro social, porém como muitos pensionistas teve de
buscar um empréstimo junto a outras instituições financeiras, a mesma
perscrutou informações com um banco renomado visando assim zelar por sua
integridade financeira.
Após a autora estar convencida de ter obtido as informações necessárias para
realizar a movimentação financeira de maneira segura e dentro de suas
condições, a mesma deu entrada no pedido de empréstimo. No mês
subsequente ao recebimento do empréstimo a requerente observou valores
incomuns em sua conta, menores do que o previsto, procurando o agente
financeiro ao qual havia realizado o empréstimo para esclarecimentos pode
vislumbrar que estavam ocorrendo descontos não autorizados em sua conta.
A peticionaria tem uma renda mensal de pouco menos de R$4.000,00 destes
há uma parte comprometida com empréstimos realizados junto ao INSS,
conforme supramencionado, com tudo no momento da contratação do
empréstimo lhe foi omitido que sua renda seria comprometida em mais de 30%,
percentual máximo estipulado em norma legal, e que a mesma teria descontos
ocorrendo de forma automática em sua conta, descontos elevados e variados
que arrematariam parte essencial de sua renda, informações que deveriam ter
sido relatadas e analisadas pelos requeridos uma vez que mantendo estas
condições estariam praticando ato controverso.
A autora está atualmente com um percentual elevado comprometido da sua
renda, conforme evidencias no anexo I, comprovam descontos sendo
realizados pelos requeridos, diretamente na conta corrente da autora, estes
descontos não foram autorizados, e estão em desconformidade com os
ditames legais, prejudicando a renda da requerente, a mesma está com
dificuldades para sua sobrevivência, sua renda está defasada e assim as
demais contas mensais básicas da autora estão acumulando-se e prejudicando
até mesmo sua saúde em vista do estres diário buscando não se tornar uma
pessoa inadimplente.
Como referido a demandante é pessoa idosa, preza por seu credito em dia,
honrar com seus compromissos financeiros, além do ocorrido ser
explicitamente um abuso, uma ação ilegal por parte dos demandados, ainda é
agravado pelo fato de estar prejudicando uma idosa para com sua
sobrevivência substancial.
Excelência consta evidente na presente ação a falta de integridade dos
requeridos mediante as informações prestadas e modo operacional dos
mesmos, os ditames legais estão todos preservando os direitos da autora, os
demandados tem a obrigação de reparar os danos causados a autora,
sessando as cobranças indevidas e retroagindo as já cometidas, os danos se
estendem de material à moral, quando a integridade de uma pessoa é posta
em risco, como no presente caso.

DO DIREITO

Lei 1.046/50:

Art. 21.A soma das consignações não excederá de 30%

(trinta por cento) do vencimento, remuneração, salário,
 provento, subsídio, pensão, montepio, meio-soldo, e
gratificação adicional por tempo de serviço.

CÓDIGO DE PROCESSO CÍVIL

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade
ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a

facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,

independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos. Grifamos.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as

cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos e serviços que:(...)

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
Lei 8078/90, verbis:

Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em

quantia indevida tem direito à repetição de indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

A Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça elucida o

tema:
"O DANO MORAL ALCANÇA PREVALENTEMENTE
VALORES IDEAIS, NÃO GOZA APENAS A DOR FÍSICA
QUE GERALMENTE O ACOMPANHA, NEM SE
DESCARACTERIZA QUANDO SIMULTANEAMENTE
OCORREM DANOS PATRIMONIAIS, QUE PODEM ATÉ
CONSISTIR NUMA DECORRÊNCIA DE SORTE QUE AS
DUAS MODALIDADES SE ACUMULAM E TEM
INCIDÊNCIAS AUTÔNOMAS."

SUMULA TJ/RJ Nº 200 A RETENÇÃO DE VALORES EM

CONTA-CORRENTE ORIUNDA DE EMPRÉSTIMO
BANCÁRIO OU DE UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE
CRÉDITO NÃO PODE ULTRAPASSAR O PERCENTUAL
DE 30% DO SALÁRIO DO CORRENTISTA.
REFERÊNCIA: PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº.
0013659-91.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM
22/11//2010 - RELATOR: DESEMBARGADORA LEILA
MARIANO. VOTAÇÃO UNÂNIME.
SUMULA TJ/RJ Nº 205 A LIMITAÇÃO JUDICIAL DE
DESCONTOS DECORRENTES DE MÚTUO BANCÁRIO
REALIZADOS POR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EM
CONTA-CORRENTE, NO ÍNDICE DE 30%, NÃO
ENSEJA AO CORRENTISTA O DIREITO À DEVOLUÇÃO
DO QUE LHE FOI ANTES COBRADO ACIMA DO
PERCENTUAL, NEM A CONDUTA CONFIGURA DANO
MORAL. REFERÊNCIA: PROCESSO ADMINISTRATIVO
Nº. 0013659-91.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM
22/11//2010 - RELATOR: DESEMBARGADORA LEILA
MARIANO. VOTAÇÃO UNÂNIME.
SUMULA TJ/RJ Nº. 295 "NA HIPÓTESE DE
SUPERENDIVIDAMENTO DECORRENTE DE
EMPRÉSTIMOS OBTIDOS DE INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS DIVERSAS, A TOTALIDADE DOS
DESCONTOS INCIDENTES EM CONTA-CORRENTE
 NÃO PODERÁ SER SUPERIOR A 30% DO SALÁRIO DO
DEVEDOR."
REFERÊNCIA: PROCESSO ADMINISTRATIVO
Nº  0063256-29.2011.8.19.0000. JULGAMENTO EM
21/01/2013. RELATOR DESEMBARGADOR NILDSON
ARAÚJO DA CRUZ. VOTAÇÃO UNÂNIME.

JURISPRUDÊNCIA
ACÓRDÃO
0004394-89.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Ementa
JDS. DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO - VIGÉSIMA
SÉTIMA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR
AGRAVO INTERNO DE DECISÃO MONOCRÁTICA QUE
NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO
PELO AGRAVANTE. AÇÃO OBJETIVANDO LIMITAR
DESCONTOS DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS AO
PATAMAR DE 30% DOS VENCIMENTOS. O AUTOR
OCUPA CARGO DE ASSESSOR III NO MUNÍCIPIO DO
RIO DE JANEIRO, REGIDO PELA CLT. APLICAÇÃO DA
LEI Nº 10.820/2003 QUE VEDA OS DESCONTOS A
TÍTULO DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS ACIMA DE
30% DA REMUNERAÇÃO DISPONÍVEL.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DESTE TRIBUNAL DE
JUSTIÇA NO SENTIDO DEDETERMINAR QUE OS
DESCONTOS A TÍTULO DE EMPRÉSTIMOS SEJAM
LIMITADOS AO PATAMAR DE 30%, SOB PENA DE
OFENSA À DIGNIDADE HUMANA. INAPLICABILIDADE,
DO DISPOSTO NA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.215-
10/01. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS Nº 200 E 295 DESTE
E. TRIBUNAL. ALEGAÇÃO TRAZIDA A NOVO
JULGAMENTO QUE NÃO MERECE
RECONSIDERAÇÃO, NÃO POSSUINDO CONTEÚDO
SUFICIENTE PARA ALTERAR A DECISÃO PROFERIDA
NO CASO EM EXAME. RECURSO DESPROVIDO.
Data de julgamento: 11/05/2016
Data de publicação: 13/05/2016
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto requer a Vossa Excelência:

I- A citação dos requeridos nos endereços mencionados por todos os

meios admitidos querendo, contestar a presente, devendo
comparecer nas audiências de conciliação e instrução/julgamento,
sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
 II- Seja deferido pedido liminar de antecipação de tutela urgente, uma
vez que a requerida necessita que sessem os débitos automáticos
em sua conta, pois encontra-se com suas necessidades básicas de
sobrevivência ameaçadas em vista dos descontos excessivos
praticados pelos demandados, e para que não ocorram possíveis
descontos na conta corrente onde atualmente a requerente recebe
seu axuílio.

III- Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas;

IV- Expressamente, que lhe seja concedido a inversão do ônus da prova,

para todos os atos realizados no presente feito;

V- A concessão dos benefícios de prioridade de tramitação conforme

artigo 1048, inciso I do Código de Processo Civil;

VI- Requer que seja ao final julgado procedente os pedidos da autora,

condenando os demandados nas formas previstas em lei e arbitradas
por este juízo, no valor de danos materias, sendo os descontos
sofridos de forma irregular de forma automatica na conta da autora
no valor de R$18.432,69;

VII- A condenação dos requeridos ao pagamento de danos morais, em

vista de toda lesão causada a requerente, danos a sua saúde
emocional e colocando em risco o minímo para sua digna
sobrevivência, no valor de R$5.000,00 justo perante os descontos
mensais que a demandante sofreu.
Valor da causa R$23.432,69
Gravataí, 26 de Março de 2019

JULIANE ROSA ESPINDOLA

OAB/RS 106459