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IDENTIFICAÇÃO, SELECÇÃO E PROMOÇÃO DE TALENTOS NOS JOGOS

DESPORTIVOS: FACTOS, MITOS E EQUÍVOCOS *

Júlio Garganta
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP)
Centro de Investigação, Inovação e Intervenção em Desporto, FADEUP
Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, FADEUP

* In J. Fernandez, G. Torres & A. Montero (Eds.), Actas do II Congreso Internacional de Deportes de Equipo. Editorial y
Centro de Formación de Alto Rendimiento. Universidad de A Coruña [em CD-ROM], 2009.

Resumo

A identificação e a selecção de talentos no desporto têm suscitado argumentos controversos e


desordenados, que acarretam consequências marcantes para o presente e para o futuro, pessoal
e desportivo, de um número expressivo de crianças e jovens.
Ao longo do presente documento são apresentadas diferentes ópticas a propósito do conceito,
da expressão e da gestão do talento, com referência especial aos Jogos Desportivos. Da
informação proveniente de distintos estudos e reflexões, resulta claro que quanto mais se
investiga as carreiras dos seres humanos proficientes, considerando várias actividades, menor
parece ser o papel atribuído ao “talento inato” e mais significativo se afigura o contributo da
aprendizagem e do treino. Contudo, verifica-se que a acessibilidade aos programas de treino e às
competições, no âmbito da prática dos Jogos Desportivos, se encontra fortemente condicionada
pela precocidade física e pela vantagem etária dos praticantes. Com efeito, vários estudos
atestam que os jogadores identificados como talentos passam a ter acesso a processos de treino
estruturados e a participar em competições formais de melhor nível, dispondo assim de mais e
melhores oportunidades para apurarem as suas qualidades e capacidades no domínio da
performance desportiva, em relação aos considerados não dotados.
Neste escrito, advoga-se a imprescindibilidade de, nos Jogos Desportivos praticados com crianças
e jovens, se tornar mais justa e segura a tomada de decisão no que respeita à identificação e à
selecção dos jogadores considerados proficientes. Tal justifica que se faça coincidir o período
dedicado à identificação de talentos com o tempo de desenvolvimento e actualização do
desempenho dos praticantes, em resposta ao treino e à competição. Por outro lado, sugere-se
que os treinos e as competições sejam organizados de modo a esbater, o mais possível, o efeito
das diferenças relativas às idades cronológica e biológica dos praticantes, o que legitima uma
reformulação do escalonamento dos jogadores por categorias diferentes das actuais.
1. INTRODUÇÃO

Uma verdadeira viagem de descoberta não


consiste em buscar novas terras, mas em
conseguir um novo olhar.

Marcel Proust

Dada a sua feição agonística, o desporto constitui um campo privilegiado para a procura
incessante da auto e da hetero-superação dos atletas, pelo que é de esperar que a
persecução incessante de evolução das respectivas performances constitua um propósito
vital. Todavia, apesar dos muitos candidatos a campeões, são poucos os que logram
alcançar a glória dos pódios ou dos recordes desportivos.
Quando algumas explicações ou teorias não se mostram congruentes com evidências
com que deparamos, é plausível que demandemos entendimentos mais ajustados, de
modo a reordenarmos o pensamento e a aprimorarmos a acção. É o que tem sucedido
com a problemática da identificação e do desenvolvimento de talentos em contextos de
treino e competição que envolvem os Jogos Desportivos. Neste âmbito, constata-se que
por vezes se esgrimem argumentos controversos e nebulosos que acarretam implicações
importantes para o presente e para o futuro, pessoal e desportivo, de um número
expressivo de crianças e jovens.
As inquietações relacionadas com este tópico suscitam algumas interrogações: Porquê
alguns atletas atingem a excelência desportiva e outros não? Em que medida os
resultados desportivos alcançados e a alcançar, decorrem do potencial genético de cada
indivíduo e/ou das aquisições operadas nos processos de aprendizagem/treino? Como
pode ser identificado e desenvolvido o potencial específico de um praticante, de modo a
visar a excelência num dado domínio?
A partir destas e de outras questões, no presente artigo pretende-se confrontar e discutir
diferentes ópticas a propósito do conceito, da expressão e da gestão pedagógica do
talento em contextos de prática desportiva, com referência especial ao Jogos
Desportivos.

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2. PARA UM CONCEITO ACTUAL E ACTUALIZÁVEL DE “TALENTO”

O sucesso não é um fenómeno fortuito. Emerge de


um conjunto previsível e poderoso de circunstâncias
e oportunidades.

Malcolm Gladwell

O vocábulo talento era utilizado na Grécia Antiga, para designar uma unidade de moeda.
Posteriormente adoptado pelo sistema monetário romano, o talento, de ouro ou prata,
representava a unidade que correspondia a grandes quantidades de dinheiro e, portanto,
era considerado muito valioso (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Talento).
Ao longo do tempo, o sentido deste termo ampliou-se, passando também a qualificar os
seres humanos que desempenhavam determinadas habilidades ou tarefas com uma
proficiência acima da norma, conforme a ideia imperante de que se tratava de faculdades
inatas.
No contexto desportivo tem sido notório este entendimento inatista do talento, o que
pode ser atestado pela usual preocupação com a denominada “detecção de talentos”,
onde se visa “descobrir” os indivíduos que exibem atributos biomotores acima da média.
Howe, Davidson & Sloboda, redigiram um artigo seminal publicado em 1998, no
periódico Behavioral and Brain Sciences (21: 399-441), sob o título “Talento inato:
realidade ou mito?”. Trata-se de um trabalho em que estes cientistas ingleses procuram
sistematizar argumentos diversos, de cujo cotejo são levados a concluir que em áreas tão
distintas como a música, a dança, a literatura ou o desporto, as condições que conduzem
à excelência podem ser encontradas não num factor, mas numa multiplicidade de
constrangimentos, tais como a experiência precoce, as preferências, as oportunidades, os
hábitos e o treino dos praticantes.
Se é plausível entender o talento como um atributo relacionado com a performance
consistente e acima da norma, num dado domínio, não é menos razoável admitir que,
para além de pessoal e intransmissível, o talento é actualizável, ou seja, não é invariável,
como aliás o comprovam as carreiras de vários desportistas, músicos, cientistas e outros.
Hahn (1988) reporta que o talento desportivo decorre de competências marcadas numa
direcção e que, embora superando a norma, não estão de todo desenvolvidas.

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Como alerta Salmela (1997), o conceito de talento alterou-se. A clássica noção de talento
que o associava a um conjunto de capacidades inerentes ao sujeito, que determinavam o
seu rendimento, está a ser substituída por outra, relacionada com as aquisições operadas
através da prática sustentada e estruturada com o intuito de promover a melhoria do
desempenho desportivo.
Ou seja, da ideia de talento genético, está a transitar-se para a concepção de talento
epigenético e desempenho emergente (Araújo, 2004).

3. DO DETERMINISMO GENÉTICO À CONSTRUÇÃO CULTURAL DO TALENTO

Quando caímos ao chão, devemos


levantar-nos com auxílio do chão.

Kularnava Tantra

Sabendo-se que, no âmbito da prática dos Jogos Desportivos, os clubes investem cada
vez mais recursos materiais e humanos, na tentativa de identificarem e recrutarem “os
melhores” jogadores, constata-se que a atenção pode ser dirigida para: (1) aqueles que
manifestem um rendimento actual acima da média; (2) os que, embora não
apresentando no momento um rendimento superior, pareçam reunir condições para o
fazerem em resposta a um processo de treino sistemático; (3) os que, para além de
apresentarem um rendimento actual superior aos da sua idade, simultaneamente
denotem condições para evoluírem significativamente em resposta a um processo
estruturado de treino/formação.
A multiplicidade de entendimentos a propósito da temática da origem e/ou actualização
do talento é um assunto que parece decorrer mais do enfoque de cada autor, do que da
essência do fenómeno que se procura compreender. Como tal, grande parte da polémica
gerada em torno das perspectivas acerca dos constrangimentos intrínsecos e extrínsecos
que condicionam a performance desportiva, tem ajudado a eternizar a dicotomia “inato
versus adquirido”.
Não é o caso do número temático do International Journal of Sport Psychology, editado
por Joseph Baker & Keith Davids (2007), subordinado ao mote “Nature, nurture and sport
performance”.

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Neste relevante documento, é disponibilizada uma revisão actual acerca dos factores
genéticos e ambientais que se afiguram concorrer para a performance desportiva. São
vários os peritos que se pronunciam sobre a matéria, dando azo a um debate intenso e
cientificamente sustentado, do qual decorre a ideia de que não se trata de uma questão
de escolher entre a influência determinante do “inato ou adquirido”, mas de um
processo de interacção que convoca “inato e adquirido” e, portanto, onde ambas as
facetas convergem, de modos diversos, para a expressão da performance desportiva.
No ano 2000, o biólogo e geneticista americano Richard Lewontin, fez publicar um livro -
The triple helix: Gene, organism, and environment - em que usa a metáfora do “balde
vazio” para dar uma ideia do contributo dos genes e do ambiente quanto à respectiva
influência relativa no desenvolvimento dos indivíduos. O autor clarifica o sentido daquela
imagem, alegando que enquanto os genes determinam o tamanho do continente (balde),
o ambiente determina a qualidade dos conteúdos que o preenchem.
Parece óbvio que, sendo cada indivíduo diferente dos demais, sobretudo na forma como
responde ao processo de formação, ao acreditar-se no inatismo do talento põe-se em
causa o papel da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora que, por
definição, os qualifica (Garganta, 2006b). Ora, como alude Ehrenberg (1991), o desporto
testemunha como muitos podem ser bem sucedidos, independentemente da sua
proveniência ou das aparentes limitações.
Também segundo Sternberg (1998), seria simplista atribuir toda a variedade dos níveis de
expertise ao talento inato. Acresce que, como sustentam Brophy & Good (1986), a crença
de que “dons inatos” são uma pré-condição para desempenhos de excelência, leva a que
crianças e jovens não identificados como talentos sejam rejeitados ou não se invista
neles.
Helsen et al. (2000a) referem que as expectativas que as crianças possuem de se
tornarem peritos e, consequentemente, obterem mais sucesso a partir da prática, pode
constituir um factor-chave para se confirmarem como jogadores de classe superior.
E Graça (2007) reforça estas ideias ao prevenir que as concepções perfilhadas em relação
ao entendimento da noção de “talento” têm obviamente fortes repercussões nas
práticas de selecção, nas expectativas e exigências, nas oportunidades de prática, assim
como na motivação, na confiança e no empenhamento dos jogadores. Segundo o mesmo
autor, muitos jogadores ou candidatos a jogadores verão as suas possibilidades

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comprometidas ou reduzidas quando os treinadores não lhes reconhecem talento
suficiente e não apostam confiadamente neles.
Daqui se depreende que o percurso até à excelência desportiva decorre de uma fusão
complexa de habilidades, capacidades e competências, cuja feição emerge das
características do praticante e do modo como é realizada a aprendizagem e o treino para
a atingir (Starkes & Ericsson, 2003). Por isso, o ensino e o treino dos Jogos Desportivos
encerram uma longa história que põe em presença jogadores com os seus próprios
recursos actualizáveis e uma intervenção externa materializada pela intervenção do
treinador e pela influência do envolvimento.

4. TORNAR-SE TALENTO: A INTELIGÊNCIA DO CORPO PARA DAR CORPO À INTELIGÊNCIA

Talentos são aqueles a quem foram concedidas


oportunidades e tiveram a energia e a inteligência
para as saberem aproveitar.

Malcolm Gladwell

Nos Jogos Desportivos é essencial desenvolver nos praticantes, competências


relacionadas com a assimilação de regras de acção e com a gestão da novidade, da
imprevisibilidade, tendo em vista a comunicação entre os jogadores da mesma equipa e a
contra-comunicação entre jogadores de equipas contrárias (Garganta & Gréhaigne,
1999). A concepção e a materialização dessas competências são veiculadas pela
estratégia e pela táctica o que implica que a qualidade da performance decorra do modo
como são governados, seja-nos permitida a metáfora informática, o hardware e o
software dos jogadores, nos ambientes que configuram os distintos cenários de jogo.
Como tal, o treino e a competição nos Jogos Desportivos são afluentes da inteligência
humana ao mesmo tempo que dela necessitam para se consumarem. Por isso vimos
assumindo a posição de que o ideal olímpico - Citius, Altius, Fortius (i.e., mais longe, mais
alto, mais forte) - está incompleto (Garganta, 2006a, 2007). Não pretendendo alienar o
agenciamento das valências biológicas, é pertinente perguntar: porquê muitos animais
podem superar os humanos em acções que implicam resistência, força ou velocidade,
mas não são capazes de o fazer em relação a um jogo desportivo colectivo, qualquer que
ele seja?

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A inteligência, entendida como capacidade de adaptação a um contexto em permanente
mudança e disposição para criar nexos entre diferentes informações, é o atributo
humano que melhor pode ajudar a resolver os desafios de evolução dos Jogos
Desportivos, visto que a qualidade do jogo e do treino para jogar podem ser melhoradas,
substancialmente, por essa via (Garganta, 2004a,b, 2005, 2006a,b, 2007). Mais do que
ensinada, a inteligência, porque emerge e se desenvolve no contacto recíproco com o
meio envolvente, pode ser despertada e desenvolvida por uma estimulação adequada.
Esta ideia afigura-se tanto mais ajustada quanto se considera que a inteligência, para
além de um processo relacionado com as funções mentais internas, tem um alcance mais
prático e contextualizado associado ao sucesso e ao desempenho superior (Sternberg,
2005), traduzível em qualidade do comportamento (Anastasi & Urbina, 2000). Nesse
sentido, quanto mais o ambiente for rico, mais numerosas e significativas são as
informações que estimulam o jogador e mais ele será induzido a “tornar-se inteligente”.
Como referem Williams & Hodges (2005), por vezes subsiste a ideia de que algumas
disposições para jogar, nomeadamente a “inteligência de jogo”, não podem ser
modificadas pela instrução ou treino porque são inatas, evoluindo apenas como
resultado da experiência. Mas a “inteligência de jogo” decorre de um complexo de
habilidades perceptivas e cognitivas, tais como a antecipação e a tomada de decisão.
Trata-se de algo que pode ser transformado através de intervenções apropriadas e,
portanto, transferido para o contexto da performance.

5. PRÁTICA ESPONTÂNEA E PRÁTICA DELIBERADA: 10, O NÚMERO MÁGICO?

A prática não é o que se faz quando se é bom.


É o que se faz para nos tornarmos bons.

Malcolm Gladwell

Chegados a este ponto é compreensível que não se afigure adequado perspectivar o


talento como uma aptidão especial que o atleta “possui” e cuja revelação se aguarda em
algum momento. Pelo contrário, o talento deve ser considerado um conjunto de
disposições que se edificam e actualizam na dependência da oportunidade e da
aprendizagem que é levada a cabo. É neste quadro que se vê reforçada a importância da
denominada prática deliberada.

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Para vários autores, a quantidade e a qualidade de prática têm vindo a destacar-se como
o mais poderoso factor de distinção dos praticantes que atingem a excelência em
disciplinas que requerem um dilatado processo de treino sistemático e de instrução, tais
como a música, a matemática, o xadrez ou o desporto (Ericsson et al., 1993; Howe et al.,
1998; Helsen et al., 2000a).
Ericsson, Krampe & Tesch-Römer (1993) descreveram a prática deliberada como uma
experiência altamente estruturada, direccionada para objectivos relevantes, com o
intuito de melhorar o desempenho numa dada actividade. Por definição, tal prática
consiste em actividades que requerem um grande esforço e não são, necessariamente,
agradáveis. Neste contexto, tem sido proposta a “regra dos 10 anos”, ou das
equivalentes 10.000 horas, como o tempo mínimo necessário para se conseguir obter
efeitos significativos.
Entretanto, vários estudos têm permitido reforçar o argumento de que existe uma
relação directamente proporcional entre o tempo de prática acumulado numa actividade
e o nível de desempenho conseguido pelos praticantes nessa actividade (Abernethy,
1994; Hodges & Starkes; 1996; Krampe & Ericsson, 1996; Helsen et al., 1998; Helsen &
Starkes, 1999).
Contudo, outros trabalhos (e.g., Scanlan et al., 1993; Burland & Davidson, 2002) têm
disponibilizado evidências que refutam a convicção de que a prática altamente
estruturada é, por si só, suficiente para induzir desempenhos superiores.
Scanlan et al. (1993) com base no Modelo de Compromisso Desportivo, apesar de
lembrarem que o investimento pessoal de tempo e o esforço constituem importantes
pressagiadores da vinculação ao Desporto, advogam a ideia de que o prazer na actividade
é decisivo para assegurar tal compromisso. Côté et al. (2003) ampliam esta ideia,
acrescentando que um ambiente de diversão durante os primeiros anos de envolvimento
de uma criança no desporto podem induzir a aprendizagem precoce e a motivação
excepcional dos atletas peritos, porque levam a um maior envolvimento na prática
deliberada.
Por seu turno, Burland & Davidson (2002), referem que as experiências positivas e o
desenvolvimento de estratégias de coping (i.e., de confronto com as adversidades) são
decisivos para que os indivíduos alcancem o êxito na actividade que elegeram.
Autores como Smith (2003) e Johnson et al. (2006) sustentam que elevados níveis de
prática deliberada são condição necessária, mas porventura não suficiente, para se

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aceder a superiores níveis de performance, referindo que, na diferenciação do potencial
para atingir a excelência desportiva devem ser tomados em consideração factores como
a propensão genética, bem como os atributos físicos e psicológicos dos praticantes.
Portanto, se bem que a quantidade e a qualidade do treino constituam preditores
cruciais do sucesso na actividade praticada, outros factores como o apoio parental e a
adequada condução do processo de treino, bem com as influências culturais e o efeito da
idade relativa, têm sido considerados determinantes para induzir o acesso a níveis de
excelência desportiva (Baker et al., 2003a,b).
Desportistas de nível internacional apresentam volumes médios de prática deliberada
iguais ou superiores a 25 horas semanais, chegando em muitos casos às 4 horas de
prática deliberada diária. Dado que a contrapartida do investimento neste trabalho não é
imediata, o factor motivacional e a atitude face ao treino desempenham um papel
crucial. Assumir tais níveis de prática exige empenhamento, compromisso, motivação e
perseverança, tanto mais quanto a prática deliberada não tem que ser, e em muitos
casos não é, inerentemente divertida (Ericsson et al., 1993; Graça, 2007).
Numa revisão de estudos a propósito da aprendizagem de diferentes tipos de
habilidades, Ericsson (1996) conclui que o nível de desempenho é determinado pela
quantidade de tempo despendido a praticar tarefas bem definidas, com grau de
dificuldade apropriado a cada indivíduo, adequado feedback e oportunidades para
repetir e corrigir os erros.
Esta concepção deixa perceber, desde logo, a importância atribuída à harmonização da
quantidade da prática (macroestrutura) com a respectiva qualidade (microestrutura), o
que aliás tem vindo a ser destacado em estudos como os de Baker et al. (2003a,b).
Nestes estudos, os autores concluem que, no âmbito da prática de Jogos Desportivos de
equipa, os jogadores de elite se diferenciam dos demais por acumularem mais horas de
treino de observação (vídeo), de competição, bem como de treino colectivo e individual.
Segundo Helsen et al. (1998), no contexto dos desportos colectivos devem ser
consideradas duas formas possíveis de prática deliberada: a prática individual e a prática
de equipa. Estas duas formas de prática têm sido consideradas separadamente porque é
provável que o contributo relativo de cada uma se altere ao longo do percurso que
configura a carreira de um jogador, ou mesmo no decorrer de uma época desportiva.
Num outro estudo, Helsen et al. (2000a) constataram que à medida que os jogadores de
Futebol progridem, dedicam, semanalmente, mais horas à prática, o que é considerado

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necessário e desejável. Starkes & Ericsson (2003) fazem referência à complexidade do
desempenho de elite nos desportos colectivos. A questão colocada pelos autores prende-
se com o facto de todos os membros de uma equipa terem o mesmo objectivo, apesar
dos diferentes papéis de cada um. A título de exemplo, explicam que os jogadores de
Futebol têm um objectivo comum (ganhar o jogo), mas que cada um desempenha
funções com finalidades distintas (guarda-redes, defesas, centro-campistas, avançados) e
possui expectativas diferentes. Os mesmos autores acrescentam que a
representatividade das situações jogo difere em função do papel de cada jogador dentro
da equipa, fazendo, provavelmente, com que os mecanismos que influenciam o
desempenho superior de um avançado de elite se diferenciem dos de um defesa de elite.
Tal recomenda que, embora seja imprescindível uma certa quantidade de prática
(macroestrutura), é fundamental que, para cada Jogo Desportivo, se pondere os
constrangimentos específicos relacionados com as singularidades e exigências
particulares, isto é com a qualidade da prática (microestrutura).

6. PRATICAR, E ERRAR, É PRÓPRIO DO … TALENTO

Um erro, considerado em relação a um sistema


de referências, pode tornar-se uma verdade
noutro tipo de sistema.

Edgar Morin

Jogos Desportivos como o Futebol, o Basquetebol ou o Andebol, são férteis em


sequências intrincadas, que por serem habitualmente cumpridas com elevadas
velocidades de execução, aparentam decorrer de decisões e acções espontâneas e
instantâneas. Todavia, essa ilusória espontaneidade resulta, em grande parte, de um
trabalho abnegado e continuado de aprendizagem e treino.
De facto, apesar de muito se especular a propósito dos múltiplos constrangimentos que
concorrem para o êxito nos Jogos Desportivos, continua a ser verdade que o treino
constitui a forma mais importante e mais influente de preparação dos atletas para a
competição (Garganta, 2004b).
Se, como reporta Magill (2001), a aprendizagem consiste numa mudança na capacidade
do indivíduo para executar uma tarefa, alteração esta que decorre da exercitação e se

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reporta a uma melhoria relativamente duradoura no desempenho, a prática constitui
obviamente condição necessária para que ocorra a aprendizagem e se atinjam níveis de
desempenho qualitativamente crescentes.
Todavia, no intuito de apurar o desempenho desportivo, não raramente desmerece-se o
papel do “erro” enquanto elemento estruturante da aprendizagem humana. Neste
sentido, o “erro” é entendido como indicador negativo do resultado da acção, porque
traduz um desvio negativo em relação ao que é considerado acertado. Daqui decorre a
ideia falaciosa de que onde há lugar para o erro, não há lugar para a aprendizagem.
Para que ocorra aprendizagem efectiva é necessário que os executantes vivenciem
situações diferentes e imprevistas, o que inevitavelmente acarreta a ocorrência de
“erros” e obriga a desenvolver formas para os ultrapassar. Portanto, o erro pode e deve
ser aproveitado para que seja potenciada a proficiência de cada praticante, de modo a
permitir que cada um evolua à medida dos acertos e desacertos do seu desempenho e
não em direcção a um modelo abstracto que serve a todos e a nenhum (Garganta, 2006a,
2007).
No treino dos Jogos Desportivos, o erro tem sido igualmente entendido como um desvio
a ignorar ou a suprimir, quando as novas perspectivas sustentam que o mesmo seja
considerado parte integrante e estruturante daquele processo, até porque converter-se
num precioso aliado na detecção e correcção de factores perturbadores da execução
individual e colectiva (Garganta, 2006a). Aliás, Williams & Hodges (2005) destacam a
importância do erro no processo de ensino-aprendizagem/treino, ao defenderem a
necessidade dos jogadores serem estimulados a obter a solução para os problemas, por
tentativa e erro.
A depreciação do erro desencoraja a tentativa, reduzindo a disposição dos jogadores
para arriscarem e para procurarem caminhos inovadores. Dado que se aprende fazendo,
quem não tentar não erra, mas também não aprende (Garganta, 2004a). Será, decerto,
um modo de dificultar a evolução ou de interditar os caminhos que levam à emergência
de um desempenho de excelência.

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7. ADVENTO PRECOCE E ECLOSÃO TARDIA DO “TALENTO”: O PODER DA IDADE
RELATIVA

O sentido da possibilidade, tão necessário para o


êxito, não vem apenas de dentro de nós, ou dos
nossos pais. Vem do nosso tempo: das
oportunidades particulares que o nosso lugar
particular na história nos oferece.

Malcolm Gladwell

Os primeiros contactos que são proporcionados às crianças e aos jovens que pretendem
aprender e treinar podem revelar-se decisivos para o sucesso e a continuidade na
disciplina desportiva que escolherem (Garganta, 2004a, 2006a).
Sabendo-se que, actualmente, não há suficiente sustentação científica para prognosticar
os factores do talento nos Jogos Desportivos, percebe-se que não é factível dispor de
indicadores e de critérios que permitam predizer que se está, ou não, em presença de
potenciais jogadores de classe superior. Acresce que a denominada “detecção de
talentos” tem causado a ostracização de um número copioso de praticantes, pelo facto
destes não revelarem, à data das denominadas “sessões de captação”, as aptidões
consideradas fundamentais para virem a ser jogadores proficientes.
De facto, numerosos programas de detecção de talentos, escorados na ideia de que as
competências para jogar se subordinam à presença ou à ausência de determinados
atributos inatos ou aptidões naturais, esgotam-se no esforço de identificação precoce
dos mais capazes, na esperança de que os melhores de hoje sejam também os mais aptos
no futuro. Tais concepções e práticas têm levado a que, não raras vezes, se negligencie o
processo essencial de desenvolvimento dos praticantes ao longo da sua vida desportiva.
Muitas das justificações para o talento e para as habilidades excepcionais dos jogadores
têm-se baseado em evidências da experiência, constatando-se uma tendência para se
”classificar” os jovens praticantes, a partir da apreciação dos seus “defeitos” e “virtudes”
como se de algo imutável se tratasse. Deste modo, desacredita-se as respectivas
possibilidades de evolução e menoriza-se a importância da imprescindível actualização
das habilidades e competências através do processo de formação. Por outras palavras,
acredita-se mais no destino do que na aprendizagem e no treino.

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Quando perguntaram ao treinador francês Alain Périn (in Périn & Lemaré, 2006), como
escolhia os talentos, ele respondeu: “Faço-os jogar e vejo o que fazem e como fazem no
jogo. Detenho-me, essencialmente, na alegria de jogar, na maior ou menor facilidade
com que se relacionam com a bola e na propensão para o jogo colectivo.”.
Estes argumentos parecem lógicos e aceitáveis. Contudo, a apreciação dos treinadores,
grande parte das vezes, está contaminada por efeitos perversos relacionados com a
idade biológica e a precocidade física dos jogadores.
Coincidimos com Graça (2007) quanto ao facto da identificação do “talento” se revelar
mais intrincada do que o senso comum e a convicção dos treinadores deixam perceber.
Como este autor refere, os procedimentos de reconhecimento e detecção de talentos
emaranham-se num círculo vicioso, acabando por confundir a função explicativa que
valida o prognóstico – tem mais talento, vai ser melhor jogador – com a função descritiva
que justifica o diagnóstico – joga melhor, portanto tem mais talento.
Gladwell (2008) dá conta de que foi em meados dos anos oitenta que Roger Barnsley, um
psicólogo canadiano, chamou pela primeira vez à atenção para o fenómeno da idade
relativa. Ele estava a assistir a um jogo da primeira divisão de Hóquei sobre o gelo entre
equipas de atletas considerados especialmente dotados e por isso seleccionados entre
muitos outros para actuarem ao mais alto nível. Ao ler a lista que tinha sido distribuída
com vários dados acerca do plantel, reparou que, com uma margem expressiva, havia
mais jogadores nascidos em Janeiro do que em qualquer outro mês. O segundo mês com
maior frequência de nascimentos era Fevereiro e o terceiro era Março.
Posteriormente, verificou que na liga de Hóquei canadiana havia cerca de cinco vezes
mais jogadores nascidos em Janeiro do que em Novembro. Posto que no Canadá a data
de referência para a inscrição dos jogadores nas respectivas categorias etárias (escalões)
da modalidade de Hóquei sobre o gelo é o dia 1 de Janeiro, à medida que alargava a
pesquisa ia constatando que não estava em presença de uma ocorrência aleatória, mas
que se tratava de uma tendência para os treinadores/seleccionadores verem como mais
talentosos os jogadores de mais forte compleição física e maior coordenação que
beneficiaram de meses de maturação adicionais.
Perante esta discriminação negativa, no plano do senso comum não é invulgar ouvir
aduzir o argumento de que qualquer que seja a desvantagem que penda sobre uma
criança ou um jovem não seleccionados para uma actividade, se tiverem talento
acabarão por destacar-se em resultado da exposição à prática. Todavia, o problema

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prende-se com o facto das crianças e jovens não seleccionados, ou não identificados
como talentosos, a longo dos anos ficarem cativos de padrões de subdesempenho,
devido a défices de solicitação, de exercitação e de experiência ao nível do treino e da
competição.
Portanto, como referem Abernethy et al. (2005), quanto mais velha for a criança ou o
jovem, relativamente aos colegas da mesma equipa, maior probabilidade tem de ser
considerada especialmente dotada, ainda que o não seja de facto.
O modo como a selecção é realizada em vários Jogos Desportivos constituiu um claro
exemplo daquilo a que o sociólogo Robert Merton (1968) chamou uma “profecia que se
auto-concretiza”, ou seja uma situação em que uma explicação que pode ser falsa à
partida, suscita expectativas e comportamentos que fazem com que a concepção que
inicialmente era falsa venha a tornar-se verdadeira.
Os jogadores identificados como especialmente dotados, i.e., como talentos, são sujeitos
a um processo de treino sistemático e passam a participar em competições formais de
nível superior. Portanto, vão dispondo de mais e melhores oportunidades para apurarem
as suas qualidades e capacidades no âmbito da performance desportiva. Paralelamente,
prejudica-se as condições de prática dos jogadores com idade biológica mais baixa e
estatuto maturacional mais atrasado, porque estes são obrigados a competir com
jogadores mais velhos, mais altos e mais fortes (Helsen et al., 2000b), o que os coloca em
clara desvantagem. Para além de se debaterem com um número mais restrito de
probabilidades de serem reconhecidos como talentos, por via disso dificilmente lhes
serão facultadas oportunidades bastantes, em quantidade e em qualidade, para
evoluírem.
Para denominar este tipo de fenómenos, Merton (1968) cunhou a expressão “Efeito de
Mateus” inspirado no versículo do Evangelho de S. Mateus, no Novo Testamento:
“Porque àquele que tem, mais lhe será dado, e terá em abundância; mas àquele que não
tem, até o que tem lhe será tirado.”.
Como expõem Barnsley et al. (1992), em todas as actividades em que ocorre selecção,
encaminhamento e experiência diferenciada, o fenómeno das distribuições etárias
assimétricas faz-se notar, pelo que o sucesso acaba por resultar de uma vantagem
cumulativa. Por outras, palavras, se em idades prematuras forem tomadas decisões
acerca de quem é considerado, ou não, “talento”; se os “talentosos” forem separados
dos “não talentosos”, e se aos primeiros for proporcionada uma experiência superior,

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então estão criadas as condições para se conferir uma excepcional vantagem a esse
conjunto de praticantes que nasceu mais próximo da data de referência.
É o que acontece em relação a vários Jogos Desportivos, onde, no acto de selecção de
jogadores, os treinadores são fortemente influenciados pela precocidade física e pela
vantagem etária dos praticantes. Como reporta Graça (2007), vários estudos comprovam
que nos escalões jovens a selecção dos jogadores é afectada pela data de nascimento,
com uma tendência significativa para escolher jogadores do primeiro quarto do intervalo
etário do respectivo escalão em detrimento de jogadores do último quarto.
E nem mesmo o Futebol, apesar da sua acessibilidade e ubiquidade, escapa a esta
tendência, como confirmam os estudos de Brewer et al. (1992), Verhulst (1992), Dudink
(1994), Helsen et al. (1998, 2000a,b; 2005), Vaeyens et al. (2005) e Cobley et al. (2008).

8. EM SÍNTESE

Podes degenerar até ao nível inferior, com os brutos; e


poderás elevar-te a par das coisas divinas por tua
própria decisão.

Pico Della Mirandola

As sociedades actuais enredam-nos de tal forma no mito do “melhor” e do “mais apto”


que somos conduzidos a pensar nos “talentos” como em algo que brota
espontaneamente da terra (Gladwell, 2008). Todavia, através da leitura e análise de
distintos estudos e reflexões, resulta claro que quanto mais os cientistas examinam as
carreiras dos seres humanos mais proficientes, em várias actividades, menor parece ser o
papel atribuído ao “talento inato” e mais significativo se afigura o contributo da
aprendizagem e do treino.
Das diferentes perspectivas e argumentos exibidos no presente documento, pode
depreender-se que a possibilidade de alguns praticantes serem reconhecidos como
talentos e atingirem a excelência nos Jogos Desportivos não pode nem deve estar cativa
da ideia de “aptidões naturais” ou “dons” cuja eclosão se aguarda, em consequência da
conspiração do acaso. Aliás, mesmo os prosélitos das concepções geneticistas

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reconhecem a influência decisiva do treino enquanto pré-requisito para actualização do
potencial genético dos desportistas (ver, p. ex. Klissouras et al., 2007).
Não obstante a polarização em torno das perspectivas sobre a influência prevalecente da
natureza ou do ambiente (nature versus nurture) no condicionamento das performances
de excelência, é preponderante a tendência para se considerar que o nível de
desempenho desportivo de um ser humano resulta do modo como interagem diversos
constrangimentos de natureza biológica, psicológica e social. Portanto, para além das
características genéticas dos indivíduos, as condições ambientais como por exemplo a
harmonização entre a quantidade e a qualidade do treino e da competição, são
apontadas como decisivas no caminho que conduz à excelência no desporto. Fica ainda
patente que, para alcançar os mais altos patamares da performance desportiva, é
essencial que os jogadores, ao longo das suas carreiras desportivas, adoptem um forte
compromisso com a respectiva modalidade desportiva e se revelem resilientes para
poderem superar as adversidades de vária ordem às quais, inevitavelmente, serão
expostos.
Resulta claro que a informação disponível coloca em evidência a ideia de que o talento
resulta da interacção de características dos atletas com as oportunidades que lhes são
proporcionadas pelo meio envolvente, para que actualizem as respectivas aptidões. Isto
é, o talento carece de validação, o que significa que se pode “ter” potencial talento antes
do processo de treino se efectivar, mas só se “é” jogador depois disso.
Sendo que, para além do “talento”, a paixão e o trabalho intensivo se revelam
ingredientes indispensáveis do sucesso, a questão que se justifica colocar, não é “Como
detectar talentos?”, mas “Que circunstâncias importa criar para que os talentos possam
despontar e evoluir?”.
Neste contexto, afigura-se recomendável aguardar que, tanto quanto possível, as
diferenças etárias e de maturidade dos aspirantes a jogadores se esbatam, de modo a
que se torne mais viável e segura a tomada de decisão quanto à identificação e à
selecção dos mais proficientes. Tal justifica que em vez das parcas e avulsas sessões de
“detecção de talentos”, os clubes tendam a proporcionar, a um vasto número de
praticantes, condições adequadas de treino sistemático e de competição formal e
informal ao longo do tempo. Deste modo, o período dedicado à identificação de talentos
deverá coincidir com o tempo de desenvolvimento e actualização do desempenho dos

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praticantes em resposta ao treino e à competição, o que permite ecologizar o processo,
tornando-o válido, consistente e eficaz.
Pelos argumentos apresentados, para que seja factível fundar um sistema de selecção
mais justo e útil, faz sentido que nos Jogos Desportivos praticados com crianças e jovens,
os treinos e as competições sejam organizados de modo a que o efeito das diferenças
relativas às idades cronológica e biológica dos praticantes, se esbata o mais o mais
possível, o que implica, entre outras coisas, uma reformulação e um refinamento no que
toca ao escalonamento dos jogadores por categorias relacionadas com a idade
cronológica.

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