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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2019.0000348842

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2067858-53.2019.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante CCB -
CHINA CONSTRUCTION BANK, são agravados JURACI CALABREZI, PEDRO
PEDROSO DA CRUZ e JOSE LUIS GONÇALVES.

ACORDAM, em 37ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


PEDRO KODAMA (Presidente sem voto), JOSÉ TARCISO BERALDO E ISRAEL
GÓES DOS ANJOS.

São Paulo, 7 de maio de 2019.

SERGIO GOMES
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Agravo de Instrumento nº 2067858-53.2019.8.26.0000


Agravante: Ccb - China Construction Bank
Agravados: Juraci Calabrezi, Pedro Pedroso da Cruz e Jose Luis Gonçalves
Interessado: Associação Beneficente de Itaberá
Comarca: São Paulo
Voto nº 37.176

Agravo de instrumento Execução de título extrajudicial


Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
Rejeição Insurgência manifestada pelo credor
Descabimento - Apesar da ausência de bens penhoráveis,
não foi efetivamente comprovada a ocorrência de abuso da
personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial - Requisitos legais
do art. 50 do Código Civil não caracterizados - Decisão
mantida Recurso desprovido.

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra


r.decisão (fls.52/56) que, em execução de título extrajudicial, rejeitou
incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Sustenta o agravante, em síntese, que ajuizou, em


02/06/2015, execução de título extrajudicial em face da ASSOCIAÇÃO
BENEFICENTE DE ITABERÁ objetivando o recebimento do valor
histórico de 232.847,37. Após constatado que a executada encontrava-
se sem representante legal desde 31/01/15, foi deferida a citação na
pessoa de seus últimos representantes legais, resultando positiva na
pessoa de Pedro Pedroso da Cruz e José Luis Gonçalves. Diante da
necessidade de se responsabilizar quem de direito pelo pagamento da
dívida perseguida nos autos de origem, distribuiu o incidente em
comento e, novamente, comprovou a necessidade de extensão da
responsabilização aos agravados. Enfatiza que o contrato de mútuo foi
assinado por pessoas maiores, capazes e responsáveis pela
administração e gestão dos serviços junto ao hospital municipal, sendo,
portanto, válido e livre de vícios, razão pela qual perfeitamente possível
a extensão da responsabilização aos agravados. Ocorre que,
diversamente do quanto exposto na decisão agravada, restou
devidamente comprovada a atuação fraudulenta dos sócios da empresa,
bem como blindagem patrimonial. Argumenta que, apesar de se tratar
de associação beneficente, é absolutamente inarredável que haja

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alguém que se responsabilize pelo pagamento de seus débitos e


cumprimento de suas obrigações; o contrato por ela firmado deve ser
honrado por seus signatários, sendo o assinante autorizado por lei,
decreto, estatuto ou mera vontade. Tem aplicabilidade ao caso em tela o
entendimento do Superior Tribunal Federal externado no RE 820.823,
em sede de repercussão geral. Assim, o abuso da personalidade jurídica
perpetrado pelos requeridos, associado à absoluta insolvência da
devedora principal, são elementos mais do que suficientes para a
procedência do pedido de desconsideração da personalidade jurídica.
Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma integral da r.decisão
agravada.

O efeito suspensivo foi denegado (fls. 922/923).

Resposta a fls. 926/954 e fls. 1199/1228, com


preliminar.

Houve oposição ao julgamento virtual a fls. 1451.

É O RELATÓRIO.

A matéria arguida a título de preliminar na resposta


não merece acolhimento, uma vez que o recurso apontou as razões de
fato e de direito pelas quais o agravante objetiva a reforma da r.decisão
vergastada.

Quanto ao mérito, o recurso não comporta provimento.

Cuida-se, na origem, execução de título extrajudicial


ajuizada pelo banco ora agravante, CCB CHINA CONSTRUCTION
BANK, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICIENTE DE ITABERABA,
objetivando a cobrança de Cédula de Crédito Bancário no valor nominal
de R$ 790.000,00.

Em apenso foi instaurado incidente de


desconsideração da personalidade jurídica por meio do qual objetivava o
credor a responsabilização dos ex-representantes legais da devedora:
JURACI CALABREZI, PEDRO PEDROSO DA CRUZ e JOSE LUIS
GONÇALVES.

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Após regular trâmite, o magistrado de piso indeferiu a


pretensão, determinando a exclusão dos ex-presidentes da executada
Associação Beneficente de Itaberá, Srs. Juraci Calabrezi e Pedro
Pedroso da Cruz, do polo passivo da ação, nos termos do art. 485, inc.
VI, do Código de Processo Civil.

Insurge-se o banco agravante através do presente


recurso firme na tese de que, apesar de se tratar de associação
beneficente, é imperioso que alguém que se responsabilize pelo
pagamento de seus débitos e cumprimento de suas obrigações. Enfatiza
que o contrato assinado pela devedora deve ser honrado por seus
signatários, no caso, aqueles que pretende incluir no polo passivo da
lide.

Não obstante os fatos e fundamentos de direito


expostos no presente recurso, a r.decisão vergastada merece ser
prestigiada.

De acordo com a doutrina, a teoria da


desconsideração como um todo possui, “entre outros objetivos,
responsabilizar todos os que, agindo de forma ilícita ou abusiva,
utilizaram-se indevidamente do véu protetor da pessoa jurídica.”
(FREITAS, Elizabeth Cristina Campos Martins de. Desconsideração da
Personalidade Jurídica. Análise à luz do Código de Defesa do
Consumidor e do Novo Código Civil. 2ª ed., São Paulo: Atlas S/A, 2007,
p. 268).

Conforme preleciona Fábio Ulhôa Coelho, “por vezes,


a autonomia patrimonial da sociedade empresária dá margem à
realização de fraudes. Para coibi-las, a doutrina criou, a partir de
decisões jurisprudenciais, nos EUA, Inglaterra e Alemanha,
principalmente, a 'teoria da desconsideração da pessoa jurídica',
pela qual se autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia
patrimonial da pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada
como expediente para a realização de fraude. Ignorando a
autonomia patrimonial, será possível responsabilizar-se, direta,
pessoal e ilimitadamente, o sócio por obrigação que,
originariamente, cabia à sociedade”. (in Manual de direito comercial,
15ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004, pp. 126).

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Todavia, para tal providência devem estar presentes


os requisitos legais do artigo 50 do Código Civil:

“Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da
pessoa jurídica”.

O magistrado de piso rejeitou a pretensão deduzida


pelo recorrente por não vislumbrar a presença dos requisitos legais,
assim decidindo:

“ ... a desconsideração da personalidade jurídica,


em sendo medida excepcional, restringe-se às hipóteses em que
haja prova inequívoca da atuação fraudulenta dos sócios da
empresa, caracterizada pelo desvio de finalidade ou confusão
patrimonial entre a pessoa jurídica e seus sócios, nos termos do
artigo 50, do atual Código Civil.

Desta feita, a mera ausência de bens capazes de


satisfazer o débito é insuficiente para, isoladamente, legitimar a
constrição judicial sobre bens particulares dos sócios, sob pena de
relegar à insignificância o tradicional instituto da separação
patrimonial da pessoa jurídica.

(...)

No presente caso, o exequente não indica,


concretamente, quais foram os atos de desvio de finalidade ou de
confusão patrimonial que os ex-gestores da Associação realizaram,
não havendo, portanto, como acolher-se a pretensão de ampliação
da responsabilidade patrimonial para a pessoa desses.

Assim, entendo que os elementos constantes dos


autos não são capazes de autorizar a providência excepcional.
Poderá o exequente, se o caso, buscar a satisfação do crédito em
face da Municipalidade de Itaberá, na qualidade de sucessora da
Associação Beneficente de Itaberá em relação às obrigações ora
discutidas.”

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Não obstante os fatos e fundamentos de direito


expostos no presente recurso, a r.decisão vergastada merece ser
prestigiada.

Com efeito, aponta o banco para o disposto no artigo


41 do Estatuto Social da Associação, no qual consta que compete à
Diretoria a administração do patrimônio, bem como a obrigação de
prover fundos e recursos econômico-financeiros suficientes para seu
funcionamento. Assim, a ausência de numerário para fazer frente ao
pagamento do débito é indício comprovador da má-fé dos agravados
que, juntamente com a Associação, agiram com o objetivo de blindagem
patrimonial.

Todavia, embora o não pagamento do débito reflita, de


forma indene de dúvida, a inadimplência, esse fato, por si só, não enseja
o reconhecimento automático da existência de abuso da personalidade
jurídica, a prática de ato ilícito ou ato irregular durante a administração
dos diretores da entidade.

O que se tem dos autos é que, através do Decreto


Municipal nº 4.012/2013, com entrada em vigor na data de 31/10/2013
(fls. 244/247 autos principais), a Prefeitura de Itaberá/SP assumiu a
gestão da Associação Beneficiente de Itaberaba, nele constando que a
intervenção visava a recuperação da regularidade da gestão
empreendida no Hospital Municipal de Itaberá, bem como cumprir as
obrigações não adimplidas pela referida associação.

Posteriormente, o Decreto nº 4.185/2014, datado de


03/10/14 (fls. 249/250 autos principais), dispôs sobre o encerramento da
intervenção, constando, em seu art.2º, que o município assumia, através
da administração direta, o Hospital de Itaberá, encampando todos os
bens, equipamentos, utensílios e estoques.

Em razão dessa ocorrência, embora tenha a


Municipalidade assumido a gestão da entidade em data posterior à
assinatura da Cédula de Crédito Bancário (de dezembro/10), não há
como imputar à diretoria da Associação Beneficente de Itaberá,
representada, na época, pelos ora agravados, a responsabilidade pelo
inadimplemento do pagamento do título executivo.

Os recorridos, por seu turno, enfatizam que as


parcelas do mútuo continuaram sendo pagas mensalmente até a data de
16/03/2015, elemento, segundo apontam, que permite concluir que a

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própria Prefeitura Municipal de Itaberá/SP assumiu a responsabilidade


pela dívida.

Registre-se que em caso análogo envolvendo as


mesmas partes - Associação Beneficente de Itaberá e Prefeitura
Municipal de Itaberá/SP- assim constou na r.sentença prolatada:

“A pretensão é procedente em relação à prefeitura


Municipal de Itaberá / SP.
Com efeito, restou incontroverso que a requerida
Associação Beneficente de Itaberá recebeu os produtos fornecidos pela
autora e, posteriormente, passou por intervenção em sua gestão,
realizada pelo município de Itaberá/SP.
Em momento algum houve negativa por parte das
requeridas no fornecimento de impressos gráficos pela autora, bem
com que, apesar de o produto ter sido entregue nos moldes em que
fora contratado, e tenha a primeira requerida recebido os produtos, a
associação não efetuou os pagamentos dos impressos gráficos por ela
adquiridos e que efetivamente lhe foram entregues.
Assim sendo, não há motivos para a exclusão da
responsabilidade da requerida Prefeitura Municipal de Itaberá / SP,
impondo-a ao pagamento do valor devido pela associação, entidade
sobre a qual interviu, assumindo sua administração, inclusive,
dívidas.” (Processo nº 0000586-08.2015.8.26.0262, Vara Única, Foro
de Ibaterá, j. 11/05/16).

Referida decisão foi mantida em grau de recurso


quando do julgamento da apelação cível nº 0000586-08.2015.8.26.0262,
de relatoria do eminente Desembargador Marrey Uint, encontrando-se a
ementa assim redigida:

“Contrato Administrativo - Cobrança - Valores


referentes ao fornecimento de impressos gráficos à Associação
Beneficente de Itaberá (Santa Casa) - Prefeitura que assumiu as
obrigações da Associação pelo Decreto nº 4.012/2013 e posteriormente
assumiu a administração direta do Hospital pelo Decreto nº
4.185/2014 - Responsabilidade da Prefeitura no pagamento do débito -
Sentença mantida Recurso não provido.” (j.14/03/17).

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Tanto assim que bem pontou o magistrado de piso na


r.decisão vergastada: “Poderá o exequente, se o caso, buscar a
satisfação do crédito em face da Municipalidade de Itaberá, na
qualidade de sucessora da Associação Beneficente de Itaberá em
relação às obrigações ora discutidas.”

O cenário dos autos, portanto, não ostenta as


condições legais a autorizar a adoção da medida extrema de
desconsideração da personalidade jurídica, notadamente a
demonstração de abuso da personalidade jurídica configurado pela
ocorrência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.

Em caso similar, o egrégio Superior Tribunal de Justiça


já se manifestou no sentido de que, para a apreciação de pedido de
desconsideração, deve ser analisada não só a função de cada sócio no
contexto societário, mas, também, a potencialidade de proveito, em seu
próprio favor, dos atos que acabaram caracterizando a ilicitude da
gestão.

Vide, a propósito, em caso similar:

“(...) 4. Salvo em situações excepcionais previstas


em leis especiais, somente é possível a desconsideração da
personalidade jurídica quando verificado o desvio de finalidade
(Teoria Maior Subjetiva da Desconsideração), caracterizado pelo
ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo
da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a confusão
patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração),
demonstrada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação
entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios. 5. Os
efeitos da desconsideração da personalidade jurídica somente
alcançam os sócios participantes da conduta ilícita ou que dela se
beneficiaram, ainda que se trate de sócio majoritário ou
controlador (REsp 1.325.663-SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j.
11.6.13).”

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E ainda:

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ARTIGO 50, DO


CC. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
REQUISITOS. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES OU DISSOLUÇÃO
IRREGULARES DA SOCIEDADE. INSUFICIÊNCIA. DESVIO DE
FINALIDADE OU CONFUSÃO PATRIMONIAL. DOLO. NECESSIDADE.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. ACOLHIMENTO. 1. A criação teórica
da pessoa jurídica foi avanço que permitiu o desenvolvimento da
atividade econômica, ensejando a limitação dos riscos do
empreendedor ao patrimônio destacado para tal fim. Abusos no
uso da personalidade jurídica justificaram, em lenta evolução
jurisprudencial, posteriormente incorporada ao direito positivo
brasileiro, a tipificação de hipóteses em que se autoriza o
levantamento do véu da personalidade jurídica para atingir o
patrimônio de sócios que dela dolosamente se prevaleceram para
finalidades ilícitas. Tratando-se de regra de exceção, de restrição
ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a
interpretação que melhor se coaduna com o art. 50 do Código Civil
é a que relega sua aplicação a casos extremos, em que a pessoa
jurídica tenha sido instrumento para fins fraudulentos, configurado
mediante o desvio da finalidade institucional ou a confusão
patrimonial. 2. O encerramento das atividades ou dissolução,
ainda que irregulares, da sociedade não são causas, por si só, para
a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do Código
Civil. 3. Embargos de divergência acolhidos.” (EResp. nº
1.306.553/SC, Segunda Seção, Rel Min. MARIA ISABEL GALLOTTI,
j. 10.12.14, DJe. 12.12.14).

“AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL.
INADIMPLEMENTO. INSOLVÊNCIA. EMPRESA DEVEDORA. NÃO
PREENCHIMENTO DE REQUISITOS. 1. É possível a
desconsideração da personalidade jurídica nos termos do art. 50
do CC - teoria maior - quando há constatação do desvio de
finalidade pela intenção dos sócios de fraudar terceiros ou quando
houver confusão patrimonial. 2. A mera demonstração de
insolvência ou a dissolução irregular da empresa, por si sós, não
ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. (...)” (STJ,
3ª Turma, AgRg no AgRg no AREsp 334.883-RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, unânime, j. 04.02.16).

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Vide entendimento sufragado em casos análogos por


este egrégio Tribunal de Justiça:

“Desconsideração da personalidade jurídica


Indeferimento - Ausência de bens penhoráveis - Encerramento
irregular - Execução frustrada - Inexistência, contudo, de
elementos a indicar a ocorrência de abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial Art. 50 do CC Pressupostos não preenchidos Recurso
improvido.” (Agravo de Instrumento nº
2051994-09.2018.8.26.0000, rel. Miguel Petroni Neto, j.
24/07/18).

“Execução por título extrajudicial -


Desconsideração da personalidade jurídica Doutrina que é
aplicável quando a personificação societária é usada com abuso de
direito, para fraudar a lei ou para prejudicar terceiros - Teoria que
só deve ser invocada quando os sócios ou gestores utilizarem a
sociedade com má-fé Art. 50 do CC. Execução por título
extrajudicial Desconsideração da personalidade jurídica Hipótese
em que a embargada, baseada na falta de bens penhoráveis,
obteve a desconsideração da personalidade jurídica da empresa
executada Inadmissibilidade Mera insolvência da pessoa jurídica
que não legitima a desconsideração de sua personalidade jurídica
Hipótese em que a falência da empresa executada foi julgada
extinta sem nenhuma notícia do reconhecimento de atos
fraudulentos praticados por seus sócios - Procedência dos
embargos à execução decretada Exclusão do embargante do polo
passivo da execução Exclusão dos bens do embargante da penhora
- Apelo do embargante provido.” (Ag. Instr. nº
1005887-75.2014.8.26.0577 Rel. Des. JOSÉ MARCOS MARRONE j.
09.12.15).

Por fim, a pretensão deduzida nas respostas (fls. 954 e


1227), no sentido de arbitramento de verba honorária no presente
recurso, não merece acolhimento, nos termos do previsto no art. 85, §11,
CPC, o qual conta com a seguinte redação:

“O tribunal, ao julgar recurso, majorará os


honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho
adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o
caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do

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vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos


§§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”.

A interpretação dessa disposição legal só autoriza uma


conclusão: a necessidade de condenação prévia pela instância inferior
em honorários sucumbenciais, limitando, então, o alcance da norma à
apelação e ao agravo de instrumento interpostos em face de decisões
que fixam honorários sucumbenciais ou no caso de efetiva sucumbência.

Destarte, não merece reparo a decisão guerreada, a


qual fica mantida tal como lançada.

Por tais fundamentos, negam provimento ao recurso.

SERGIO GOMES
RELATOR

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