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Direito Tributário para o TCE/PR Com vídeo Aulas

Teoria e exercícios comentados


Prof. Aluisio Neto Aula 03

AULA 03

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação Inicial 01
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 03
Imunidades Tributárias 04
Definição 05
Classificação das imunidades tributárias 18
Espécies de Imunidades 25
Imunidade Recíproca 28
Extensão da Imunidade Recíproca 39
Imunidade Religiosa ou dos Templos religiosos 53
Imunidade dos partidos políticos, entidades sindicais de
trabalhadores, instituições de educação e de assistência 58
social
Imunidade cultural 76
Imunidades Específicas 82
Imunidade Musical 86
Questões Propostas 89
Gabaritos 127

Olá, caro amigo e futuro servidor!

Chegamos à terceira aula do nosso curso de direito tributário para o


concurso de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná
(TCE/PR). Nessa aula iremos tratar do seguinte tema:

 Imunidades Tributárias.

As imunidades tributárias são um dos temas preferidos pelas bancas


organizadoras de concursos, que costumam sempre abordar o tema em
suas provas de direito tributário.

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Qualquer dúvida que surgir, peço que a envie o mais breve possível ao
nosso fórum de dúvidas para que ela seja sanada e não ocorram atrasos em
seus estudos. Seguem os meus dois e-mails:

aluisioalneto@gmail.com

www.facebook.com/aluisioalneto

www.facebook.com/prosatributaria

Boa sorte! E bons estudos!

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Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

Na aula de hoje iremos estudar uma das duas espécies de limitação ao


poder de tributar dos entes políticos: as imunidades tributárias, presentes,
junto com os princípios tributários, principalmente, na seção II do Capítulo I
do Título IV da CF/88: “Das limitações do poder de tributar”,
compreendendo os artigos 150 a 152.

Entretanto, assim como acontece para os princípios constitucionais


tributários, o corpo da CF/88 traz outras hipóteses de imunidades tributárias
além daquelas previstas na seção da Carta destinada ao Sistema Tributário
Nacional. Uma delas, por exemplo, é a relativa ao direito de petição e à
obtenção de certidões em repartições públicas, em que é vedada a cobrança
de taxas pela prestação desse tipo de serviço público, conforme prescreve o
artigo 5º, XXXIV, da CF/88, que assim dispõe em seu texto:

“Art. 5º (...)

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de


direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal;”

Outro tipo de imunidade presente fora da secção da CF/88 destinada ao


Sistema Tributário Nacional é a prevista no artigo 195, relativa às
contribuições para a seguridade social. Veremos essas e outras ao longo da
nossa aula. Bons estudos!

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Imunidades Tributárias

Nessa aula, como falei, iremos tratar de uma das duas espécie de limitação
constitucional ao poder de tributar, as chamadas imunidades tributárias.
Veremos os seguintes temas:

 Definição;

 Classificação das imunidades tributárias;

 Espécies de Imunidades;

 Imunidade Recíproca e sua extensão;

 Imunidade Religiosa ou dos Templos religiosos;

 Imunidade dos Partidos políticos, Entidades sindicais de trabalhadores,


Instituições de educação e de Assistência social;

 Imunidade Cultural;

 Imunidades Específicas;

 Imunidade Musical.

Espero que, ao final da nossa aula, você esteja preparado para enfrentar
qualquer questão que verse sobre o tema imunidades tributárias. Assim, nada
melhor do que começar a aula pelo básico: a definição do que vem a ser uma
imunidade.

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Definição

A imunidade tributária pode ser definida como uma hipótese de não incidência
constitucionalmente prevista no texto da Carta de 1988, configurando-se
como uma proibição à incidência tributária conferida expressamente
pelo legislador constitucional, seja originário ou derivado. Guarde bem
isso!

O instituto da imunidade pode ser definido ainda como uma delimitação


negativa da competência tributária, sendo uma forma qualificada
constitucionalmente de não incidência de tributos em razão de uma vedação
constitucional ao poder de tributar. Enquanto esta (competência tributária) é
o elemento que define em quais situações poderá haver a incidência de
tributos a serem criados pelos entes políticos por meio de lei, aquela
(imunidade) define as situações em que será impossível a tributação pelos
entes federados. Ou seja, o que a competência tributária permite, a
imunidade tributária proíbe. Uma deixa, outra não. A CF/88 dá aqui, mas tira
ali, falando no popular.  Imunidade e competência tributária estão
intimamente relacionadas, embora diametralmente opostas.

A CF/88 define de modo preciso (ao menos na teoria) a delimitação do campo


de incidência de cada tributo previsto em seu texto, definindo, por exemplo,
que os Estados poderão tributar a propriedade de veículos automotores (por
meio do IPVA) e os municípios, a propriedade sobre um imóvel urbano (por
meio do IPTU). Mas essa possibilidade de tributação é ampla e irrestrita,
desde que observada apenas a competência tributária? Certamente não. Além
dos princípios, aquela encontra limites no texto constitucional também nas
chamadas imunidades tributárias, outro importante instrumento a favor do
contribuinte, protegendo ainda mais as garantias tributárias presentes no
corpo da CF/88.

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Logo, podemos também, resumidamente, definir a imunidade como uma
incompetência tributária, uma vez que “mata na raiz” qualquer tentativa
de incidência tributária. Podemos dizer também que a imunidade é uma
hipótese de não-incidência constitucionalmente qualificada. A
imunidade, assim, é uma situação anterior ao nascimento do tributo em si,
uma vez que proíbe a incidência desse sobre as situações protegidas no corpo
da CF/88.

Se a hipótese de incidência fosse uma árvore, a imunidade já impediria o


próprio ato de lançar a se mente ao chão.

Atente ao Virgulino: TODA E QUALQUER


IMUNIDADE É SEMPRE CONFERIDA PELA CF/88.
É SEMPRE DECORRENTE DESTA, JAMAIS POR
OUTRO TIPO DE NORMA. NEM MESMO POR LEI
COMPLEMENTAR, TRATADO INTERNACIONAL,
OU LEI ORDINÁRIA. NADA NEM NINGUÉM
CONFERE IMUNIDADE, EXCETO A CF/88.

Nem mesmo uma lei complementar poderá definir imunidades, já que essas,
repito, estão todas consagradas no corpo da CF/88, sem exceção. Nada
impede, contudo, que a lei complementar venha a regular alguma imunidade,
ou até mesmo uma lei ordinária. Mas essa lei, porém, não estará criando
nova imunidade ou mesmo um princípio, apenas regulando o que já existe na
CF/88. Somente essa, repito, poderá conter imunidades em seu texto. É o
que acontece, por exemplo, quanto à previsão do artigo 146, II, da CF/88,
que assim dispõe em seu texto:

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“Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria


tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de


tributar; (...)”

Qualquer outra proibição à incidência tributária que não esteja presente no


corpo da CF/88 poderá ser classificada como uma isenção, uma não
incidência, uma alíquota zero ou qualquer outro instituto. Menos como
imunidade. Ok? Estou parecendo insistente, mas isso costuma pegar muito
candidato, e muitas questões de prova já versaram sobre esse tema.

Agora outro ponto importantíssimo sobre as imunidades: SE ESTÁ NO


CORPO DA CF/88 COMO UMA PROIBIÇÃO À INCIDÊNCIA
TRIBUTÁRIA, UMA HIPÓTESE DE VEDAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO, SEMPRE
SERÁ UMA IMUNIDADE, AINDA QUE EXPRESSAMENTE EXISTA OUTRA
NOMENCLATURA NO TEXTO DA NORMA CONSTITUCIONAL. OU NÃO
CONTENHA NADA EXPRESSAMENTE.

Por que estou dizendo isso? Por que é importante para a sua prova. O
elaborador das questões costuma fisgar candidatos menos preparados apenas
com essa mudança de nomenclatura. Mesmo que o constituinte utilize outro
termo no texto da CF/88 para proibir a incidência tributária sobre
determinada prestação, operação, bem ou mercadoria, ainda assim teremos
uma imunidade, já que prevista expressamente no corpo da Carta de 1988.
Veja o que diz, por exemplo, o texto do artigo 195, §7º, da CF/88, que
estudaremos mais adiante em nossa aula de hoje e que trata da IMUNIDADE
conferida às entidades beneficentes de assistência social que atendam aos
requisitos estabelecidos em lei quanto ao pagamento de contribuições sociais
para a seguridade social:

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“Art. 195. (...)

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social


as entidades beneficentes de assistência social que atendam
às exigências estabelecidas em lei.” (Grifos nosso)

Embora o texto expressamente possua o termo isenção (veremos logo a


frente o que significa isso), estamos na verdade diante de uma imunidade, já
que essas entidades foram dispensadas da incidência tributária por expressa
disposição constitucional. Viu como as coisas funcionam? Vamos ver agora,
na prática, com uma questão de prova.

(Questão 01) As imunidades devem estar expressas:

a) em Convênios Interestaduais.

b) em Lei Complementar Federal.

c) em Lei Complementar Estadual.

d) na Constituição Federal.

e) em Resoluções do Senado Federal.

Depois de ler e reler o que Virgulino falou exaustivamente, não tem como
errar questão desse tipo, não é? Como acabamos de afirmar, as imunidades
sempre estarão previstas na CF/88, ainda que a nomenclatura utilizada no
texto da Carta Federal seja, por exemplo, “isenção” ou “dispensa do
pagamento”. Está no corpo da CF/88, é uma imunidade, sem exceção. Se não
estiver, é qualquer outra coisa, menos imunidade.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão.

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A imunidade fulmina qualquer elemento da relação jurídico-tributária:
hipóteses de incidência, fato gerador, obrigação tributária, lançamento e
crédito tributário. Lembre-se que a árvore nem chega a ser plantada.
Nenhum desses institutos chega a ser observado caso exista uma norma
constitucional prevendo uma imunidade.

Como já comentei, as imunidades tributárias, juntamente com os princípios


constitucionais tributários, fazem parte das chamadas limitações
constitucionais ao poder de tributar, previstas nos artigos 150 a 152 da
CF/88, sendo clausulas pétreas desta. Assim como os princípios e garantias
previstas no texto da CF/88, as imunidades são garantias constitucionais
asseguradas ao contribuinte e que impedem o Estado de fazer incidir tributos
sobre determinadas operações, prestações, bens, mercadorias ou pessoas,
conforme o caso.

A imunidade pode ser estudada ainda por meio dos seus dois aspectos
básicos:

 Aspecto Formal, relacionado à característica da imunidade de


inviabilizar a tributação, pelos entes políticos, sobre determinadas
situações presentes no mundo dos fatos, tendo em vista a falta de
competência tributária, resultando na impossibilidade jurídica de ocorrer
a tributação. Se não há previsão nem autorização constitucional para a
tributação, não há como esta ocorrer, uma vez que nossa ordem jurídica
se funda no Estado de direito;
 Aspecto Material, relacionada ao direito atribuído, expressa ou
implicitamente, pela CF/88, às pessoas e aos bens de não sofrerem a
incidência tributária, relacionando-se ao direito dos sujeitos passivos de
ficarem imunes à subtração de parcela do seu patrimônio pelo Estado
tributante.

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(Questão 02) Diversos fatos podem resultar na desoneração tributária.


Assinale, entre as que se seguem, a forma de desoneração tributária pela
qual não nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito por
força do não exercício da competência a que tem direito o poder tributante.

a) Imunidade.

b) Não-incidência.

c) Isenção.

d) Alíquota zero.

e) Remissão.

Essa questão foi colocada aqui de propósito para você errar, caro aluno. 
Você, no embalo do tema da aula, provavelmente não hesitou em marcar a
alternativa “a” como resposta. E isso foi também a intenção do elaborador.
Veja o porquê.

A imunidade é conceituada como o instituto tributário que “corta pela raiz”


qualquer forma de tributação possível sobre determinado sujeito passivo,
bem, mercadoria, operação ou prestação. Nesses casos, o ente tributante
“deseja” tributar, mas é impedido em razão da imunidade. Nessa, o ente

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político quer tributar, mas não pode em razão de uma proibição constitucional
expressa!

Entretanto, existem os casos em que não há a incidência tributária em razão


do não exercício da competência tributária simplesmente por que não há
previsão legal (não incidência propriamente dita) ou quando o ente político,
mesmo havendo previsão legal, simplesmente decidiu por não fazer incidir
determinado tributo sob uma situação específica (com a concessão de uma
isenção, por exemplo).

Diante disso, a não incidência impede que qualquer incidência tributária


venha a ocorrer. Uma vez que nem a hipótese de incidência existe, não
chegam a ser observados o fato gerador, a obrigação tributária, o lançamento
e nem o crédito tributário.

Na não incidência em sentido estrito, o ente político pode, mas não tributa
determinado fato ou situação por não haver previsão em sua norma legal,
embora, repito, seja permitida a tributação. Nessa situação, de não
incidência, não nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito
por força do não exercício da competência tributária a que tem direito o
ente político tributante.

Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão.

“Um minuto, Virgulino! Mas o que é não-incidência, isenção... assim eu vou


me perder nos conceitos e misturar tudo! Explique cada coisa dessa ai, por
favor.”

Calma. Foi proposital. Vamos ver agora o que vem a ser a não incidência, a
isenção e a alíquota zero. Guarde bem esses temas. Eles costumar ser
cobrados em prova. Faça bem a distinção entre eles de maneira correta.

“Espertinho! E a remissão, não vai dizer nada?”

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A remissão é uma hipótese de extinção do crédito tributário. Esse tema é
visto quanto estudamos as modalidades de extinção do crédito tributário,
presentes no artigo 156 do CTN, ok?

“Um minuto, Virgulino! Podemos dizer então que as imunidades dispensam as


pessoas beneficiadas da obrigação de pagar tributo. Posso então dizer que, a
grosso modo, a imunidade é um salvo conduto tributário, liberando a pessoa
de obrigações junto à Fazenda Pública.”

Nem tanto. As obrigações acessórias continuam a ser devidas. Tanto é assim


que, se não forem cumpridas, isso implicará na suspensão, por parte da
autoridade administrativa, da imunidade constitucional. Isso é visto quando
estudamos, entre outros temas, as obrigações tributárias, divididas em
principais e acessórias (artigo 113 do CTN). Veja uma decisão do STF sobre o
tema:

“IMUNIDADE – LIVROS FISCAIS. O fato de a pessoa jurídica


gozar da imunidade tributária não afasta a exigibilidade de
manutenção dos livros fiscais.” (RE 250844/SP, de
29/05/2012)

Vamos em frente!

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Não incidência

Podemos definir a não incidência tributária como a situação observada no


mundo dos fatos que não está prevista na norma de incidência dos tributos,
não estando capitulada como uma ocorrência capaz de fazer surgir a
obrigação tributária e a consequente relação jurídico tributária entre o Estado
e o sujeito passivo. Assim, não haverá lançamento nem crédito tributário.

Dizemos que, na não incidência, não há a subsunção do fato à norma, uma


vez que aquela não está prevista nesta.

Por exemplo, temos a ato de dirigir caminhões que transportam mercadorias.


Essa situação não está prevista como uma hipótese de incidência de nenhuma
norma jurídica tributária, uma vez que dirigir caminhões com mercadorias
não está previsto na norma de incidência de nenhum imposto. Transportar
mercadorias, por sua vez, é uma hipótese de incidência do ICMS, imposto de
competência estadual que incide, entre outras situações, sobre a circulação
de mercadorias.

Por fim, a não-incidência pode se dar tanto por falta de competência


tributária (tendo em vista a presença de uma imunidade tributária, por
exemplo) quanto pelo não exercício da competência existente e atribuída
pela CF/88, em razão da facultatividade atribuída ao Ente Federativo quanto
ao exercício ou não desta. Esse último caso é da não-incidência propriamente
dita, ou a não incidência stricto sensu.

A falta de competência seria o caso do exemplo dado anteriormente. Por sua


vez, o não exercício seria a não criação, por exemplo, pelo Município de
Macaparana/PE, da lei municipal que preveja a incidência do ISS (imposto
sobre serviços de qualquer natureza) sobre os serviços prestados no seu
território. O Município pode instituir e cobrar, mas não o fez por meio de lei,
portanto, não exercendo a sua competência tributária.

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Incidência

Se pudéssemos utilizar um operador lógico chamado “não”, poderíamos dizer


que a incidência é exatamente o contrário da não-incidência. Uau! 

Brincadeira à parte, a incidência pode ser definida como a situação ocorrida


no mundo dos fatos que corresponde a uma hipótese prevista na lei
tributária, fazendo nascer a obrigação tributária e a consequente relação
jurídico-tributária.

Assim, por exemplo, se alei tributária prescreve que auferir renda é uma
hipótese de incidência do imposto sobre a renda, de competência federal,
toda vez que auferirmos renda estaremos dando origem à incidência do
tributo federal.

Não confunda a incidência com as hipóteses de incidência. Esta está presente


na lei, capitulando as situações que dão origem ao fato gerador do tributo e a
consequente tributação. Aquela, a própria situação descrita na norma e
observada no mundo real.

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Isenção

A isenção pode ser definida classicamente como a dispensa legal de


pagamento de tributo devido. Veja bem: LEGAL! Assim, a isenção é sempre
prevista em lei em sentido estrito do ente competente para instituir e
cobrar o tributo.

Mais uma vez, “crianças”, repitam: A ISENÇÃO É A


DISPENSA LEGAL DO PAGAMENTO DE TRIBUTO,
DEVENDO SEMPRE ESTAR PREVISTA EM LEI EM
SENTIDO ESTRITO DO ENTE COMPETENTE PARA
INSTITUIR O TRIBUTO.

A isenção pressupõe o exercício da competência tributária, uma vez que se


configura como uma dispensa de pagamento prevista em lei. Nesses casos,
há a incidência tributária e a consequente ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária, mas não pode ser cobrado tributo algum pela Autoridade
Administrativa.

Por exemplo, temos o IPVA, que incide sobre a propriedade de veículos


automotores. Assim, qualquer veículo automotor, em tese, estaria sujeito ao
IPVA. Acontece que, por exemplo, o benevolente legislador pernambucano
isentou do pagamento do IPVA os veículos com mais de 30 anos de uso,
abrindo mão do tributo que seria devido.

Observe que na isenção ocorre o exercício da competência tributária, há a


ocorrência do fato gerador, surge a obrigação tributária, mas não há valor
algum a pagar, simplesmente, em razão da isenção conferida. Logo, não há
lançamento e o consequente crédito tributário.

Aqui, a árvore é plantada pelo agricultor competente, chega a nascer, mas


não se desenvolve por completo, mal nascendo meio palmo de tronco. 

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Por fim, quanto aos institutos da isenção e da imunidade, temos que


enquanto essa atua no plano da definição da competência tributaria,
aquela atua no campo do exercício da competência. Guarde muito bem
isso!

Alíquota Zero

Por fim, temos a alíquota zero, instituto tecnicamente diferente da isenção,


mas com os mesmos efeitos práticos: o sujeito passivo não irá pagar valor
algum de tributo.

Há o exercício da competência tributária, a hipótese de incidência tipificada


na lei, o fato gerador, a obrigação tributária, a base de cálculo e a alíquota
(alíquota zero também é alíquota ), mas não há o crédito tributário a ser
pago, uma vez que a multiplicação de qualquer valor por zero, dá zero.

O crédito pode até existir, mas será em valor nulo, zero. Poderá se dar o
lançamento apenas por uma simples formalidade ou por exigência prevista
em lei.

Aqui, a árvore é plantada, nasce, crescem as folhas, mas não temos frutos
algum a colher e comer (ou tributar, fiscalmente falando).

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Por exemplo, é comum o legislador federal estipular, para determinados
produtos, alíquotas de 0% para o imposto de importação. Uma vez que a
alteração das alíquotas desse imposto não necessita de lei em sentido estrito,
apenas de ato do poder executivo, a alíquota poderá ser facilmente
aumentada conforme a necessidade da administração pública.

Vamos agora à classificação das imunidades. Em seguida veremos as espécies


de imunidades, de onde vem o grosso das questões de prova sobre o tema da
aula de hoje. Vamos em frente!

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Classificação das Imunidades tributárias

As imunidades tributárias podem ser classificadas de várias maneiras,


conforme se apresentem no texto constitucional e em relação aos tributos
que especificam.

A classificação das imunidades tributárias pode se dar da seguinte maneira:

 Objetivas (reais), subjetivas (pessoais) e mistas (pessoais e reais);


 Gerais (genéricas) e especiais (tópicas);
 Ontológicas e políticas;
 Explícitas e implícitas;
 Condicionadas e Incondicionadas;
 Excludentes e Incisivas.

As imunidades objetivas, subjetivas e mistas tomam por base o critério


estabelecido para a concessão, que levará em consideração os objetos, as
pessoas ou ambos os fatores no momento de ser conceder o benefício.

A imunidade objetiva é aquela direcionada às coisas, aos bens e às


mercadorias, tendo como exemplo as mercadorias destinadas ao exterior, que
são imunes à tributação com o ICMS. É irrelevante a qualidade da pessoa que
promove a exportação de mercadorias, podendo ser tanto uma multinacional
aqui instalada como uma empresa de fundo de quintal.

Por sua vez, as imunidades subjetivas são aquelas que levam em


consideração as pessoas a serem imunizadas, independentemente da
natureza do objeto. Como exemplo, temos a imunidade sobre o patrimônio,
as rendas e os serviços das entidades políticas, sendo imune qualquer bem
abrangido pelo trinômio, desde que pertencente ao ente político. Em outro
exemplo, temos um imóvel pertencente à União que é imune ao IPTU, sendo
devido esse imposto caso o bem seja alienado a pessoa não imune, como um
particular, por exemplo.

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Por fim, temos as imunidades mistas, que, para serem usufruídas pelos
seus beneficiários, tanto qualidades relativas às pessoas quanto aos bens
devem estar presentes. É o caso, por exemplo, da imunidade quanto ao ITR
sobre as pequenas glebas rurais definidas em lei, e desde que explorada pelo
proprietário que não possua outro imóvel. Observe que a imunidade somente
será usufruída se atendidas às três condições: pequena gleba rural definida
em lei (relativa ao objeto) e explorada pelo proprietário (relativa à pessoa)
que não possua outro imóvel (relativa à pessoa).

As imunidades gerais ou especificas são aquelas que são definidas em


função da abrangência da imunidade a ser concedida, podendo ser em
relação a diversos tributos de diversos entes tributantes (imunidades gerais
ou genéricas), ou em relação à apenas um determinado tributo de um ente
estatal específico.

Para as imunidades genéricas ou gerais, temos como exemplo a


imunidade quanto à instituição de impostos sobre o patrimônio, as rendas e
os serviços dos entes políticos, vedando qualquer tributação com impostos
sobre esses bens e serviços. Essa imunidade está prevista no artigo 150, VI,
“a” a “c”da CF/88. Outro exemplo seria a instituição de impostos sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, a chamada
imunidade cultural, constante no artigo 150, Vi, “d”. Assim, a tributação com
impostos de qualquer ente político está impedida por meio da imunidade.

Já as imunidades específicas ou tópicas têm como exemplo a relativa ao


ICMS nas operações de exportação de mercadoria para o exterior, na qual há
apenas um objeto e um tributo presente nos elementos definidores da
imunidade.

As imunidades ontológicas e políticas estão relacionadas aos


princípios contidos na CF/88 e à existência ou não de capacidade
contributiva das pessoas a que se destinam.

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As imunidades ontológicas são aquelas que existiriam ainda que a CF/88
expressamente não as previsse em seu texto, uma vez que são fundamentais
para a observância dos princípios contidos na nossa Carta Magna de 1988,
quais sejam, da isonomia e do pacto federativo. Estão, sobremaneira,
relacionadas às clausulas pétreas da nossa CF/88, afirmando-as ainda mais.

Como exemplo de imunidade ontológica, temos a imunidade recíproca, que


veda a instituição, pelos entes políticos, de impostos sobre o patrimônio, os
serviços e as rendas de uns sobre os outros, reafirmando o pacto federativo e
protegendo-o contra possíveis arranhões em decorrência da tributação.

Outra imunidade ontológica seria a concedida às instituições de educação e


assistência social, tendo em vista as suas missões sociais e a falta de
capacidade contributiva desses entes diante dos recursos diminutos que
dispõe para o alcance de seus objetivos primários (pelo menos em teoria ).

Por sua vez, as imunidades políticas são aquelas que se destinam a


proteger princípios presentes expressamente na CF/88, mas são decorrentes
da vontade política do legislador constitucional, e não em virtude da falta de
capacidade contributiva dos beneficiários. Como exemplo, temos a imunidade
conferida aos templos de qualquer culto (imunidade religiosa), conferida em
razão de uma vontade política do legislador frente aos interesses religiosos
que vigoram no nosso país e na nossa sociedade, expressamente cristã.

As imunidades explícitas e implícitas estão relacionadas ao fato das


mesmas estarem ou não descritas expressamente no texto da Carta
Magna federal. Como regra, temos as imunidades explícitas, não sendo
encontrada no nosso ordenamento constitucional atual nenhuma imunidade
implícita. Logo, todas as imunidades hoje existentes são explícitas.

As imunidades condicionadas ou incondicionadas estão relacionadas à


necessidade de cumprimento ou não de certos requisitos a serem
estabelecidos em legislação infraconstitucional, por expressa disposição
constitucional.

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As imunidades incondicionadas são aquelas que não dependem de
nenhuma regulamentação, produzindo efeitos imediatos para os seus
beneficiários, podendo ser usufruídas a qualquer momento. Como exemplo de
imunidade incondicionada, temos novamente a imunidade recíproca prevista
para os entes políticos. Para exercê-la, basta ser um ente político, não
dependendo de nenhuma norma infraconstitucional para ser usufruída.

Por sua vez, as imunidades condicionadas são aquelas que dependem de


regulamentação infraconstitucional para poderem ser usufruídas pelos seus
beneficiários, tendo, assim, eficácia limitada. Como exemplo, temos a
imunidade relativa ao ITR quanto às pequenas glebas rurais, que necessitam
da regulamentação em lei quanto ao que vem a ser uma gleba rural e as
características desta.

Por fim, temos as imunidades excludentes e incisivas, que estão


relacionadas ao fato de determinados tributos estarem ou não expressamente
previstos como incluídos nas exceções à possibilidade de tributação, enquanto
outros estão expressamente proibidos.

As imunidades excludentes são as que determinam que nenhum imposto


poderá incidir sobre determinado bem, pessoa ou situação, a exceção de um
tributo, expressamente previsto. É o caso, por exemplo, do IOF nas
operações com o ouro quando definido como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sendo vedada a incidência de qualquer outro tributo.

Por sua vez, as imunidades incisivas são aquelas que excluem a incidência
de determinados tributos sobre um bem, pessoa ou operação, permitindo a
tributação por alguns tributos. Como exemplo, temos a tributação sobre
operações relativas a energia elétrica, derivados de petróleo, minerais,
combustíveis e serviços de telecomunicações do país, sobre as quais somente
pode incidir o Imposto de Importação (II), de Exportação (IE) e o ICMS.

Por sua vez, são autoaplicáveis as imunidades que não dependem de


regulamentação infraconstitucional para já surtirem os efeitos previstos pelo
constituinte, como, por exemplo, a imunidade recíproca.

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Por fim, são não auto-aplicáveis as imunidades que dependem de regulação
infraconstitucional para poderem ser usufruídas por seus beneficiários, tendo
como exemplo a imunidade conferida aos partidos políticos, entidades
sindicais de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social.

(Questão 03) Quanto às imunidades:

(A) são sempre referidas no texto constitucional pela expressão “imunidade”.

(B) são sempre referidas no texto constitucional pela expressão “isenção”.

(C) são referidas no texto constitucional através de várias expressões, ora


como isenção, ora como não incidência, ora como gratuidade, dentre outras.

(D) são normas que podem ser afastadas pelo legislador ordinário, desde que
de modo expresso e inequívoco, pois os entes políticos não são obrigados a
exercer seu direito de não tributar.

(E) são todas auto-aplicáveis.

Alternativas a e b) Incorretas. Seja qual for a denominação dada pelo


texto constitucional, toda e qualquer proteção à incidência de tributos
prevista no texto da Carta Magna Federal será uma imunidade, ainda que o
legislador constituinte utilize, por exemplo, a expressão isenção ou
desoneração, ou não use nenhum, apenas determinando que sobre uma
situação específica não incidirá tributo algum. Estando no corpo da CF/88,
será uma imunidade.

Alternativa c) Correta. Como comentei, é irrelevante a denominação dada


no texto. Desonerando a tributação, e presentes no texto constitucional, será
uma imunidade.

Alternativa d) Incorreta. As imunidades são garantias constitucionais dos


contribuintes, não podendo ser suprimidas ou reduzidas sobre pena de
afronta ao texto da CF/88. Desse modo, nenhuma espécie de lei poderá
estabelecer a sua redução, nem mesmo uma emenda constitucional.

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Alternativa e) Incorreta. As imunidades podem ser autoaplicáveis quando
não dependem de regulamentação infraconstitucional para já surtirem os
efeitos previstos pelo constituinte, ou não autoaplicáveis, quando dependem
de regulação infraconstitucional para poderem ser usufruídas por seus
beneficiários.

(Questão 04) As imunidades tributárias são classificadas em:

a) ontológicas e políticas.

b) proporcionais e progressivas.

c) diretas e indiretas.

d) cumulativas e não cumulativas.

e) vinculadas e não vinculadas.

A classificação das imunidades tributárias pode se dar da seguinte maneira:

 Objetivas (reais), subjetivas (pessoais) e mistas (pessoais e reais);

 Gerais (genéricas) e especiais (tópicas);

 Ontológicas e políticas;

 Explícitas e implícitas;

 Condicionadas e Incondicionadas;

 Excludentes e Incisivas.

Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão.

As imunidades ontológicas são aquelas que existiriam ainda que a CF/88


expressamente não as previsse em seu texto, uma vez que são fundamentais
para a observância dos princípios contidos na nossa Carta Magna de 1988,
quais sejam, da isonomia e do pacto federativo. Estão, sobremaneira,
relacionadas às clausulas pétreas da nossa CF/88, afirmando-as ainda mais.

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Por sua vez, as imunidades políticas são aquelas que se destinam a proteger
princípios presentes expressamente na CF/88, mas são decorrentes da
vontade política do legislador constitucional, e não em virtude da falta de
capacidade contributiva dos beneficiários. Como exemplo, temos a imunidade
conferida aos templos de qualquer culto (imunidade religiosa), conferida em
razão de uma vontade política do legislador frente aos interesses religiosos
que vigoram no nosso país e na nossa sociedade, expressamente cristã.

As demais características presentes nas alternativas “b” a “e” se referem,


todas, aos tributos.

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Espécies de Imunidades

Nossa Constituição Federal de 1988 contém em seu texto diversas


imunidades direcionadas aos mais diversos bens, pessoas ou operações,
estando espalhadas ao longo do corpo constitucional.

Entretanto, algumas são de maior relevância em concursos, sendo cobradas


com frequência pelas bancas organizadoras do Brasil afora. Veremos todas
elas nessa parte da nossa aula.

As imunidades presentes na CF/88 podem ser divididas da seguinte maneira:

 Imunidade Recíproca (Artigo 150, VI, “a”, da CF/88)

 Imunidade Religiosa ou dos Templos religiosos ou dos Templos


de qualquer culto (Artigo 150, VI, “b”, da CF/88)

 Imunidade dos partidos políticos, entidades sindicais de


trabalhadores, instituições de educação e de assistência social
(Artigo 150, VI, “c”, da CF/88)

 Imunidade cultural (Artigo 150, VI, “d”, da CF/88)

 Imunidades Específicas (diversos artigos presentes no texto


constitucional)

 Imunidade Musical (artigo 150, VI, “e”, da CF/88)

Antes de começar a estudar cada uma das imunidades tributárias, deve ser
atentado, e conforme você verá mais à frente, que as imunidades tributárias
podem abranger qualquer espécie de tributo, sejam impostos, taxas ou
contribuições. Veja como isso é cobrado em prova:

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(Questão 05) Sobre as imunidades tributárias, podemos afirmar que:

a) não se aplicam às taxas e aos impostos sobre o comércio exterior.

b) podem ser instituídas por intermédio de lei complementar.

c) são extensivas às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo


Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados ou não a suas finalidades essenciais.

d) impossibilitam sejam previstos fatos geradores da obrigação tributária para


os casos por ela abrangidos.

e) são hipóteses de não-incidência legalmente qualificada.

Alternativa a) Incorreta. As imunidades se aplicam tanto às taxas quanto


aos impostos sobre o comércio exterior. Em relação às taxas, temos a
imunidade relativa à obtenção de certidões em repartições públicas e quanto
à celebração do casamento civil (artigo 5º, XXXIV, e 226, §1º, da CF/88,
respectivamente).

Quanto ao comércio exterior, temos a imunidade quanto ao imposto de


importação sobre bens adquiridos por ente políticos, tendo em vista a
imunidade conferida no texto constitucional. Caso não fiquemos limitados à
divisão constante no CTN, podemos dizer que, nos impostos sobre o comércio
exterior, também não incidem o ICMS e o ISS nas operações e prestações que
destinam bens e serviços ao exterior. Este último (ISS), contudo, depende de
regulamentação por meio de lei complementar federal.

Alternativa b) Incorreta. Nem complementar, nem ordinária, nem por


nenhum normativo infraconstitucional. As imunidades sempre devem estar
previstas no corpo da CF/88 para serem consideradas como tais.

Alternativa c) Incorreta. Para que possam vir a usufruir da imunidade


quanto ao seu patrimônio, rendas ou serviços, essas entidades devem
vincular esses três elementos às suas atividades essenciais. A desobrigação
dessa vinculação se observa apenas em relação aos Entes Políticos,
exclusivamente.

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Alternativa d) Correta. Caso a proibição de cobrança de tributos esteja
prevista no texto constitucional, estaremos diante de uma imunidade
tributária. Nessa, não teremos fato gerador, hipótese de incidência, obrigação
tributária, lançamento nem crédito tributário, uma vez que a norma
constitucional impede tudo isto. A imunidade “corta o mal pela raiz”. Na
isenção, ainda chegam a existir o fato gerador e a obrigação tributária, sendo
fulminados o lançamento e o crédito tributário, bem como qualquer
pagamento que pudesse haver.

Alternativa e) Incorreta. O texto estaria perfeito se não houvesse o termo


legalmente. O correto seria apenas a troca dele por “constitucionalmente”.
Como comentei na alternativa “b”, somente a constituição traz normas
imunizantes, nenhum outro normativo mais. Pode até ter os mesmos efeitos
práticos, como é a isenção, mas não será uma imunidade.

Vamos a cada uma das espécies de imunidades!

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Imunidade Recíproca

A primeira imunidade a ser estudada será a recíproca, também chamada de


imunidade governamental, intergovernamental ou mútua. Essa
imunidade proíbe a instituição de IMPOSTOS sobre o patrimônio, a rendas e
os serviços de uma pessoa política sobre os de outra, estando prevista no
artigo 155, VI, “a”, da CF/88:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;”


(Grifos nosso)

(Questão 06) Prédio de propriedade da União não pode ser submetido à


incidência do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, por
força da:

a) imunidade tributária objetiva.

b) isenção tributária.

c) imunidade tributária recíproca.

d) isonomia tributária.

De acordo com o que prescreve a alínea “a” do inciso VI do artigo 150 da


CF/88, é vedada a instituição de impostos sobre o patrimônio da União e dos
demais entes políticos. O IPTU é um imposto sobre o patrimônio, de
competência dos municípios e do Distrito Federal, logo, não poderá incidir
sobre os imóveis da União. Essa proibição, como podemos ver acima, refere-
se à imunidade recíproca, o que torna correta a alternativa “c”.

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A imunidade recíproca pode ser classificada como sendo:

 Subjetiva, uma vez que é direcionada às pessoas políticas (entes


federativos das três esferas);

 Incondicionada, já que não é necessário nenhum normativo


infraconstitucional para que seja gozada pelo seu beneficiário;

 Ontológicas (ou implícitas), uma vez que configuram afirmações de


princípios constantes no texto constitucional, sendo consequência direta
dos princípios constitucionais da capacidade contributiva (os entes
políticos não possuem capacidade contributiva, já que seus recursos são
destinados à realização das atividades do Estado), do princípio
federativo do Estado (clausula pétrea da CF/88), da autonomia dos
Municípios e da supremacia do interesse público sobre o privado.

Atente bem para o primeiro ponto importante sobre a imunidade recíproca:


ela alcança apenas os IMPOSTOS, e nenhuma outra espécie tributária, de
acordo com o que prescreve a CF/88. Muita atenção aos textos das questões,
uma vez que é comum o elaborador trocar “impostos” por “tributos” e pegar o
candidato menos atento. Ou tentar confundir estendendo a imunidade às
taxas, contribuições e outras espécies tributárias. Atenção!

Diante disso, é perfeitamente viável a instituição e cobrança, por um


município brasileiro, de uma taxa de fiscalização de imóveis cobrada junto aos
imóveis pertencentes à União e situados no território do respectivo município,
por exemplo. O mesmo ocorre para uma contribuição de melhoria.

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Uma vez que o texto constitucional expressamente se refere aos impostos, a
imunidade recíproca, como falamos, não pode ser estendida às taxas, às
contribuições de melhoria e às contribuições previdenciárias, por exemplo,
conforme entendimento adotado no STF:

“1. A imunidade tributária recíproca não engloba o


conceito de taxa, porquanto o preceito constitucional
(artigo 150, inciso VI, alínea “a”, da Constituição
Federal) só faz alusão expressa a imposto. (...). 2. As
taxas cobradas em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos
provenientes de imóveis, desde que dissociadas da cobrança
de outros serviços públicos de limpeza são constitucionais
(...). 3. As taxas que, na apuração do montante devido,
adotem um ou mais elementos que compõem a base de
cálculo própria de determinado imposto, desde que não se
verifique identidade integral entre uma base e outra são
constitucionais. (RE 613287 AgR/RS, de 02/08/2011)”

“Impossibilidade de tributação pela Municipalidade,


independentemente de encontrarem-se tais bens ocupados
pela empresa delegatária dos serviços portuários, em face da
imunidade prevista no art. 150, VI, a, da Constituição
Federal. Dispositivo, todavia, restrito aos impostos, não
se estendendo às taxas. Recurso parcialmente provido.
(RE 253394/SP, de 26/11/2002).”

“É da jurisprudência do Supremo Tribunal que o princípio da


imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) -
ainda que se discuta a sua aplicabilidade a outros tributos,
que não os impostos - não pode ser invocado na hipótese
de contribuições previdenciárias. (ADI 2024/DF, de
03/05/2007)”

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“1. PASEP. Exigibilidade da contribuição pelas unidades da
federação, pois a Constituição de 1988 retirou o caráter
facultativo, bem assim a necessidade de legislação específica,
para a adesão dos entes estatais ao Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público. Precedente do Plenário. 2.
Imunidade recíproca. Matéria não discutida nas instâncias
ordinárias. Inovação da lide. Impossibilidade. Inexigibilidade
do tributo em decorrência de imunidade conferida aos entes
da federação. Improcedência da pretensão. A imunidade
tributária diz respeito aos impostos, não alcançando as
contribuições. (RE 378144 AgR/PR, de 30/11/2004).

Entretanto, deve-se atentar bem para quais impostos a CF/88


LITERALMENTE imuniza. Pela interpretação constante no texto da Carta
Federal, apenas os impostos que incidem sobre o patrimônio, a renda e os
serviços dos Entes políticos estariam acobertados pela imunidade, dentre os
quais se incluem os seguintes: IPTU, ITR, IR, ITBI, ISS, IPVA e ITCMD. Por
sua vez, impostos que incidem sobre a circulação e a produção (ICMS, IPI e
IOF) e sobre o comércio exterior (II e IE) poderão ser livremente cobrados
pelos entes políticos quando verificado os fatos geradores. GUARDE BEM
ISSO! Caso seja cobrada a literalidade da CF/88, deve ser seguido o que
consta nesse parágrafo. Caso não, deve ser seguido o que diz o parágrafo
seguinte.

Chamada a decidir sobre a abrangência da imunidade, o STF entendeu que


a imunidade tributária alcança os impostos de maneira geral, sendo
que a imunidade não está à divisão apresentada no CTN. Nessa linha,
temos as seguintes decisões:

“IMPOSTO - IMUNIDADE RECIPROCA - Imposto sobre


Operações Financeiras. A norma da alínea "a" do inciso VI do
artigo 150 da Constituição Federal obstaculiza a incidência
recíproca de impostos, considerada a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios. Descabe introduzir no

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preceito, a mercê de interpretação, exceção não
contemplada, distinguindo os ganhos resultantes de
operações financeiras. (RE 196415 AgR/PR, de 05/03/1996).”

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPVA.


IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SEM
FINS LUCRATIVOS. CF, art. 150, VI, c. SÚMULA 279-STF. I. -
O acórdão entendeu que a parte agravada faz jus à
imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição a partir
do exame do conjunto fático-probatório trazido aos autos.
Incidência, no caso, da Súmula 279-STF. II. - Não há
invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da
imunidade, critérios de classificação dos impostos
adotados por normas infraconstitucionais, mesmo
porque não é adequado distinguir entre bens e
patrimônio, dado que este se constitui do conjunto
daqueles. O que cumpre perquirir, portanto, é se o bem
adquirido, no mercado interno ou externo, integra o
patrimônio da entidade abrangida pela imunidade. (AI
481586 AgR/MG, de 13/12/2005).”

“A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da


Constituição aplica-se às operações de importação de
bens realizadas por municípios, quando o ente público
for o importador do bem (identidade entre o
"contribuinte de direito" e o "contribuinte de fato").
Compete ao ente tributante provar que as operações de
importação desoneradas estão influindo negativamente no
mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição.
Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à
concorrência. (AI 518405 AgR/RS, de 06/04/2010).”

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O CTN adota a seguinte divisão quanto aos tributos nele presentes: impostos
sobre o patrimônio, impostos sobre a renda, impostos sobre a produção e a
circulação e impostos sobre o comércio exterior. O que determina a
imunidade é simplesmente o fato dessa proibir a incidência de impostos sobre
o patrimônio, as rendas e os serviços dos Entes políticos, independentemente
de ser o imposto sobre a propriedade predial urbana ou o imposto de
importação. Mesmo sendo um tributo sobre o comércio exterior, caso a
incidência do imposto de importação venha a influir negativamente no
patrimônio do ente político (no caso da decisão acima, um Município), é
devida a imunidade recíproca, vez que a abrangência é mais ampla do que a
divisão constante no CTN, a qual não vincula o legislador constitucional
originário, e nem o derivado.

Ainda quanto ao tema, temos as decisões do STF relativas ao fornecimento de


iluminação pública e à aplicação da imunidade recíproca quando ao ICMS
devido na operação, dado o que dispõe a Súmula 591 dessa mesma Corte
federal.

Para o STF, a imunidade tributária, quanto ao ICMS, abrange os entes


políticos apenas quando estes configurarem como contribuintes de direito
(aquele que é eleito pela norma tributária como contribuinte e com a
consequente obrigação de recolhimento do tributo devido), e não como
contribuinte de fato (aquele que, sem constar na norma tributária,
realmente suporta o ônus da tributação, o encargo econômico, repassado
pelo contribuinte de direito). Vejamos:

“(...).1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,


que me parece juridicamente correta, entende que o
Município não é contribuinte de direito do ICMS sobre
serviços de energia elétrica, por isso não se aplica a
imunidade tributária recíproca Constante na alínea “a”
do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. (AI
844401 AgR/Mg, de 22/11/2011).”

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“(...). I - A imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição
somente se aplica ao imposto incidente diretamente sobre
serviço, patrimônio ou renda do próprio ente beneficiado, ou
seja, na qualidade de contribuinte de direito. II - O Município
é contribuinte de fato do ICMS relativo aos bens e serviços,
portanto, não faz jus a imunidade em questão. (AI 805295
AgR/Mg, de 02/10/2010).”

“(...). A imunidade tributária recíproca não se aplica ao ente


público quando este é simples adquirente de produto, serviço
ou operação onerosa realizada com intuito lucrativo
("contribuinte de fato"). Pretensão do município de exonerar
as operações de compra de mercadorias e prestação de
serviços do pagamento de ICMS realizadas em território
nacional, por equipará-las à "importação doméstica". Os
precedentes firmados em relação à Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos - ECT não se aplicam ao contribuinte de
fato. (AI 518325 AgR/RS, de 06/04/2010).”

“Súmula 591: A imunidade ou a isenção tributária do


comprador não se estende ao produtor, contribuinte do
imposto sobre produtos industrializados.”

Outra importante decisão do STF diz respeito ao INCRA (Instituto Nacional de


Colonização e Reforma Agrária) no que se refere ao ICMS incidente sobre a
exploração de unidade agroindustrial. Na decisão, o Supremo entendeu que,
para essas operações, a entidade seria a contribuinte de direito do imposto
estadual de circulação, hipótese em que deveria ser aplicada a imunidade
recíproca. Lembre-se que a corte suprema entendeu que a imunidade pode
ser estendida a todos os impostos, sem se restringir ao que determina a
divisão conceitual do CTN. Veja a decisão:

“EMENTA Incra. Imunidade tributária. Exploração de unidade


agroindustrial. Ausência de configuração de atividade
econômica capaz de impor o regime tributário próprio das

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empresas privadas. 1. A atividade exercida pelo Incra,
autarquia federal, não se enquadra entre aquelas
sujeitas ao regime tributário próprio das empresas
privadas, considerando que a eventual exploração de
unidade agroindustrial, desapropriada, em área de conflito
social, está no âmbito de sua destinação social em setor
relevante para a vida nacional. 2. A imunidade tributária
só deixa de operar quando a natureza jurídica da
entidade estatal é de exploração de atividade
econômica. (RE 242827 AgR/PE, de 02/09/2008).”

(Questão 07) A imunidade recíproca impede que:

a) a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações financeiras


dos Estados e dos Municípios.

b) o Município cobre a taxa de licenciamento de obra da União.

c) o Estado cobre contribuição de melhoria em relação a bem do Município


valorizado em decorrência de obra pública.

d) o Estado cobre tarifa de água consumida em imóvel da União.

Conforme vimos acima, a imunidade recíproca abrange exclusivamente os


impostos, impedindo que um ente político cobre impostos sobre o patrimônio,
a renda e os serviços dos demais entes políticos. Somente com esse
conhecimento já era possível excluir as alternativas “b”, “c” e “d”, uma vez
que se referem, respectivamente, a taxas, contribuições de melhoria e tarifas
de água. Somente a alternativa “a” nos fala sobre impostos, espécie tributaria
que não pode incidir sobre a renda obtida pelos Estados e Municípios.

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(Questão 08) Sobre a imunidade constitucional recíproca, que veda a
instituição e a cobrança de impostos pelos entes tributantes sobre o
patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros, é incorreto afirmar que:

a) a imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais


da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às
operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção
do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de
finalidade, a autoridade fiscal tem o poder dever de constituir o crédito
tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis.

b) a imunidade tributária recíproca é extensiva às autarquias, no que se


refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.

c) a imunidade constitucional recíproca alcança as empresas públicas


prestadoras de serviço público, bem como as empresas públicas que exercem
atividade econômica em sentido estrito.

d) a imunidade tributária recíproca diz respeito aos impostos, não alcançando


as contribuições.

e) a imunidade tributária recíproca aplica-se às operações de importação de


bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do
bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’).

Alternativa a) Correto. Essa alternativa poderia ter sido considerada


incorreta, uma vez que a imunidade recíproca, quanto aos entes políticos, não
está restrita apenas às finalidades essenciais destes, sendo indevida apenas
nos casos em que o patrimônio, a renda ou o serviço estejam relacionados
com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento
de preços ou tarifas pelo usuário.

A limitação relativa às finalidades essenciais ou delas decorrentes se observa


apenas em relação às autarquias e às fundações públicas, bem como às
empresas públicas e às sociedades de economia mista para as quais a

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imunidade foi estendida, no caso de executarem serviços de prestação
exclusiva e obrigatória pelo Estado.

O restante do texto se mostra correto, uma vez que as entidades, ainda que
imunes, devem se submeter a quaisquer procedimentos de fiscalização por
parte da Administração tributária, que adotará as medidas necessárias no
caso de atos que visem a deturpar a benesse concedida pela CF/88.

Alternativa b) Correta. Foi o que comentamos anteriormente no início da


alternativa “a”, dispondo que a imunidade recíproca e sua extensão às
autarquias abrange apenas o patrimônio, as rendas e os serviços vinculados
às finalidades essências ou delas decorrentes. Caso não sejam observadas
essas características, a imunidade tributária recíproca não será observada.

Alternativa c) Incorreta. A imunidade tributaria recíproca, em relação às


empresas públicas, abrange apenas aquelas que prestam serviço exclusivo do
Estado e de prestação obrigatória por este, sem os quais não será devida a
imunidade. Como exemplo, temos o caso dos Correios, que executa serviço
exclusivo do Estado (serviço postal) e de prestação obrigatória pela União. O
mesmo se observa em relação à INFRAERO. Para essas duas empresas
públicas é devida a imunidade recíproca em relação ao seu patrimônio, suas
rendas e os seus serviços.

O SERPRO, empresa pública federal, por exemplo, executa serviços com


finalidade econômica, regido por normas aplicáveis a empreendimentos
privados, não sendo devida a imunidade recíproca.

Alternativa d) Correta. É exatamente isso que nos diz o artigo 150, VI, “a”,
da CF/88, dispondo que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos
outros”. Essa imunidade não se aplica a outras espécies tributárias.

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Alternativa e) Correta. O STF entende que no caso de importação de bens
pelos Municípios não incide o imposto de importação, uma vez que esse
também gravaria o patrimônio dessas entidades, indo de encontro ao que
determina a imunidade recíproca. Um dos argumentos é o de que a
imunidade não pode ficar restrita à divisão estabelecida pelo CTN (impostos
sobre o patrimônio e a renda, produção e circulação, comércio exterior e
especiais).

O texto constante na alternativa é réplica do que consta, por exemplo, na


ementa do AI 518405/RS, de 06/04/2010, que assim nos diz:

“A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da


Constituição aplica-se às operações de importação de
bens realizadas por municípios, quando o ente público
for o importador do bem (identidade entre o
"contribuinte de direito" e o "contribuinte de fato").
Compete ao ente tributante provar que as operações de
importação desoneradas estão influindo negativamente no
mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição.
Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à
concorrência”

Vamos agora ao que nos diz a CF/88 e o STF sobre a extensão da imunidade
às autarquias, às fundações e às demais entidade da administração indireta.

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EXTENSÃO DA IMUNIDADE RECÍPROCA

A imunidade recíproca é extensiva ainda às autarquias e às fundações


instituídas e mantidas pelos entes políticos no que se refere ao
patrimônio, rendas e serviços daquelas. Entretanto, para essas pessoas,
DIFERENTEMENTE DO QUE CONSTA NA CF/88 PARA AS PESSOAS POLÍTICAS,
o patrimônio, a renda e os serviços DEVEM ESTAR VINCULADOS ÀS SUAS
FINALIDADES ESSENCIAIS OU ÀS DELAS DECORRENTES PARA SEREM
USUFRUÍDAS.

A previsão acima consta no § 2º do artigo 150 da CF/88, que assim nos diz:

“§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às


autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes.

(Questão 09) O princípio constitucional da imunidade recíproca:

a) não se aplica aos municípios, abrangendo apenas a União, os estados e o


DF.

b) aplica-se aos entes políticos que exerçam atividade econômica em


concorrência com o particular.

c) não se aplica aos impostos diretos, abrangendo apenas os indiretos.

d) é extensivo às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo poder


público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a
suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Questão super literal, que cobrou apenas o conhecimento constante no texto


do artigo 150, §2º, da CF/88, visto anteriormente.

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Alternativa a) Falsa. A imunidade se aplica a todos os entes políticos.

Alternativa b) Falsa. São exatamente as hipóteses em que não é aplicada a


imunidade.

Alternativa c) Falsa. A imunidade pode abranger todos os impostos, sejam


eles diretos ou indiretos.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão.

Esse tema é bastante solicitado em provas de concursos, motivo pelo qual


deve ser bem assimilado por você.

Diante do que consta no texto do §2º do artigo 150 da CF/88, temos que a
imunidade conferida a esses dois entes públicos é CONDICIONADA, uma
vez que está restrita ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados as suas
finalidades essenciais ou deles decorrentes. Para os entes políticos, não há
qualquer restrição quanto a isso, devendo ser observado apenas o
que consta no §3º do mesmo artigo constitucional.

Assim, por exemplo, quanto ao patrimônio de autarquias e fundações não


utilizados na execução de suas finalidades essenciais, serão normalmente
cobrados impostos sobre o patrimônio, como o IPTU ou o ITR. O mesmo se
aplica em relação às suas rendas e aos seus serviços.

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“Terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da
entidade afastam a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da
Constituição Federal. (RE 375715 ED/DF, de 31/08/2010).”

Veja ainda o que diz o STF sobre a imunidade recíproca em relação à OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil):

“1. A imunidade tributária gozada pela Ordem dos


Advogados do Brasil é da espécie recíproca (art. 150, VI,
a da Constituição), na medida em que a OAB desempenha
atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da
ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos
humanos, da justiça social, bem como a seleção e controle
disciplinar dos advogados). 2. A imunidade tributária
recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da
entidade protegida. O reconhecimento da imunidade
tributária às operações financeiras não impede a autoridade
fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela
entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a
autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito
tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis.
Natureza plenamente vinculada do lançamento tributário, que
não admite excesso de carga. Agravo regimental ao qual se
nega provimento. (RE 259976 AgR/RS, de 23/03/201)”

Como já havíamos comentado anteriormente, a extensão da imunidade dos


entes políticos às autarquias e às fundações por eles mantidas não é
extensiva ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis
a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

Essa previsão consta no §3º do artigo 150 da CF/88, que assim nos diz:

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“§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior
não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel.” (Grifos nosso)

Essa norma constitucional é de grande importância para concursos, uma vez


que, a partir dela, a imunidade recíproca foi estendida a algumas
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado.
Vejamos!

Em regra, todas as empresas públicas e as sociedades de economia mista


estão excluídas da imunidade recíproca, uma vez que exploram atividade
econômica no mesmo pé de igualdade com as demais empresas.

Exonerá-las da tributação quanto aos impostos, assim como acontece para os


entes políticos, autarquias e fundações, seria estabelecer uma forma de
concorrência desleal com as demais empresas. Logo, regra geral, todas as
empresas públicas e sociedades de economia mista estão sujeitas ao
pagamento de impostos.

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Veja o que nos diz o artigo 173 da CF/88 quanto a essas entidades e à sua
sujeição ao regime jurídico e às obrigações das demais empresas:

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,


a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só
será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa


pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e


pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas


privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (...)

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de


economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.” (Grifos
nosso)

Ainda quanto ao tema, veja a seguinte decisão do STF:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BAIANA DE
DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA. EMPRESA PÚBLICA QUE NÃO
EXPLORA ATIVIDADE ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO. O
Supremo fixou entendimento no sentido de que as
empresas prestadoras de serviço públicos que não
exercem atividade econômica em sentido estrito,
sujeitam-se ao regime jurídico das empresas publicas,

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inclusive quanto às obrigações trabalhistas e
tributárias. Precedentes. (RE 433666 AgR/BA, de
03/11/2009).”

Acontece que algumas empresas públicas e sociedades de economia mista,


diante de suas peculiaridades, prestam serviços de prestação obrigatória pelo
Estado, além de fazê-los de forma também exclusiva.

Exemplo disso é o serviço postal, prestado pela Empresa Brasileira de


Correios e Telégrafos (ECT), conforme o artigo 21, X, da CF/88. Assim,
nenhuma outra empresa poderá prestar o mesmo serviço, apenas o Estado.
Ademais, esse serviço é de prestação obrigatória pela União, não sendo
facultada a esta a escolha pela prestação ou não do serviço.

A ECT foi a primeira entidade de direito privado pertencente à administração


pública indireta a que o STF reconheceu a imunidade recíproca em razão da
prestação de serviço público obrigatório e exclusivo do Estado.

Na ocasião, o STF separou as empresas públicas prestadoras de serviços


públicos das empresas públicas que se configuram como instrumento de
participação do Estado na economia (não acobertadas pelo manto da
imunidade). As decisões sobre o tema nos dizem o seguinte:

“EMENTA Tributário. Imunidade recíproca. Art. 150, VI, "a",


da Constituição Federal. Extensão. Empresa pública
prestadora de serviço público. Precedentes da Suprema
Corte. 1. Já assentou a Suprema Corte que a norma do art.
150, VI, "a", da Constituição Federal alcança as empresas
públicas prestadoras de serviço público, como é o caso da
autora (ECT), que não se confunde com as empresas públicas
que exercem atividade econômica em sentido estrito. Com
isso, impõe-se o reconhecimento da imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, a da Constituição Federal. (ACO 959
RN, de 17/03/2008).”

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“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA
PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA
PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I.
- As empresas públicas prestadoras de serviço público
distinguem-se das que exercem atividade econômica. A
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é
prestadora de serviço público de prestação obrigatória
e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida
pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a.
II. (RE 354897 AgR/RS, de 17/08/2004).”

Quanto à ECT, temos ainda decisão sobre a extensão da imunidade recíproca


também em relação aos veículos automotores da entidade, que ficam imunes
ao IPVA estadual ou distrital:

“EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO QUE RECONHEU A


INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO DO IPVA.
IMUNIDADE RECÍPROCA. EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT) (...) 3. A concessão de
imunidade tributária à Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos é matéria que resta amplamente difundida nesta
Corte, entendimento esse que foi reafirmado na ACO nº
789/PI, ocasião em que restou assentada a presença da
regra de imunidade recíproca a afastar a incidência do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
(IPVA) sobre os veículos de propriedade da agravada,
independentemente da natureza da atividade
desempenhada, se serviço público ou atividade de
cunho privado. (ACO 819 AgR / SE, de 17/11/2011).”

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(Questão 10) A chamada "imunidade recíproca" que veda à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, também é extensiva às:

a) autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no


que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

b) sociedades de economia mista e às empresas públicas em qualquer


hipótese de serviço praticado.

c) fundações mantidas pela iniciativa privada, sem fins lucrativos, abrangendo


não só o seu patrimônio, renda ou serviços, mas também todos os fatos que
não estejam vinculados a sua atividade fim.

d) pessoas que compõem a Administração Pública Indireta no que se refere


exclusivamente ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com a
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados.

e) concessionárias de serviço público no que se refere ao patrimônio, à renda


e aos serviços relacionados com a exploração de sua atividade econômica.

A extensão da imunidade recíproca conferida aos Entes Políticos foi concedida


aos seguintes entes:

 Autarquias e fundações públicas, quanto ao patrimônio, às rendas e aos


serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes,
conforme previsão expressa na CF/88 (artigo 150, §2º);

 Partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos


trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei, quanto ao patrimônio, às
rendas e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas
decorrentes (artigo 150, VI, “c”, e §4º);

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 Empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviços públicos de caráter obrigatório e exclusivo do Estado, como o
são os Correios e a INFRAERO, por exemplo, conforme decisão do STF,
quanto ao patrimônio, às rendas e aos serviços vinculados às suas
finalidades essenciais ou delas decorrentes.

Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão.

A imunidade recíproca também foi estendida à INFRAERO (Empresa de


Infraestrutura Aeroportuária), uma vez que esta presta serviço de
infraestrutura aeroportuária em regime de monopólio, conferido pela União
em razão do artigo 21, XII, “c”, da CF/88.

“RECURSO. Extraordinário. Imunidade tributária recíproca.


Extensão. Empresas públicas prestadoras de serviços
públicos. Repercussão geral reconhecida. Precedentes.
Reafirmação da jurisprudência. Recurso improvido. É
compatível com a Constituição a extensão de
imunidade tributária recíproca à Empresa Brasileira de
Infraestrututa Aeroportuária – INFRAERO, na
qualidade de empresa pública prestadora de serviço
público. (ARE 638315 RG/BA, de 09/06/2011).”

“(...). 1. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura


Aeroportuária - INFRAERO, empresa pública prestadora de
serviço público, está abrangida pela imunidade tributária
prevista no artigo 150, VI, "a", da Constituição. 2. Não incide
ISS sobre a atividade desempenhada pela INFRAERO na
execução de serviços de infra-estrutura aeroportuária,
atividade que lhe foi atribuída pela União [artigo 21, XII, "c",
da CB/88]. (RE 524615 AgR/Ba, de 09/09/2008).”

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Nos mesmos moldes, no julgamento da Ação Cautelar nº 1550-2, em
06/02/2007, o STF estendeu a imunidade recíproca à sociedade de economia
mista CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia), uma vez que a
referida entidade é prestadora de serviço público de saneamento básico
(abastecimento de água e esgotamento sanitário) no Estado Rondônia, de
prestação exclusiva e obrigatória por este ente federativo.

Na mesma linha, o STF concedeu a extensão da imunidade recíproca a


Hospitais estruturados sob a forma de sociedade de economia mista em que
haja a participação majoritária e controle do poder público e que atendam
pacientes exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Veja decisões
da Corte Superior:

“(...). 1. A saúde é direito fundamental de todos e dever do


Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é
cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua
prestação pelo Estado mesmo, se definem como de natureza
pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações
e serviços de saúde por sociedades de economia mista
corresponde à própria atuação do Estado, desde que a
empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção
de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras
de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja
majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária
prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal. (RE 580264/RS, de 16/12/2010).”

Veja outra decisão do STF quanto ao tema:

“O Plenário desta Corte, no recente julgamento do RE


253.472/SP, Red. para o acórdão o Min. Joaquim Barbosa,
reconheceu o direito à imunidade de imóvel pertencente à
União, mas afetado à CODESP, quanto ao recolhimento do
IPTU (Informativo 597 do STF). II - O acórdão recorrido está
em consonância com a jurisprudência desta Corte, no sentido

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de que os imóveis componentes do acervo Patrimonial do
Porto de Santos são abrangidos pela imunidade prevista no
art. 150, VI, a, da Constituição por comporem domínio da
União. (AI 738332 AgR/SP, de 09/11/2010).“

Para esse caso, a imunidade foi reconhecida em razão dos imóveis


pertencentes ao acervo do Porto de Santos comporem o domínio da União,
embora afetados à CODESP, sendo INDEVIDO o IPTU.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE


QUALQUER NATUREZA. ATIVIDADE NOTARIAL. INCIDÊNCIA.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. Os serviços
notariais e de registro exercidos em caráter privado e
mediante delegação sofrem a incidência do ISS. A
imunidade tributária recíproca não se aplica aos
notários e aos registradores. Como o único fundamento
para afastar a lei local sobre a tributação utilizado pelo
Tribunal de origem versa sobre as questões de fundo próprias
à tributação (e.g., imunidade), aplica-se ao caso
integralmente a orientação firmada na ADI 3.089. (RE
599527 AgR/PR, de 15/03/2011).”

“Ação Direta de Inconstitucionalidade (...). Ademais, a


tributação da prestação dos serviços notariais também
ofenderia o art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º da Constituição,
na medida em que tais serviços públicos são imunes à
tributação recíproca pelos entes federados. As pessoas
que exercem atividade notarial não são imunes à tributação,
porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos
serviços com intuito lucrativo invoca a exceção prevista no
art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de
remuneração pela prestação dos serviços confirma, ainda,
capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma
garantia ou prerrogativa imediata de entidades

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políticas federativas, e não de particulares que
executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços
públicos mediante concessão ou delegação,
devidamente remunerados. Não há diferenciação que
justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a
não-tributação das atividades delegadas. (ADI 3089, de
13/02/2008).”

Os dois julgados acima são de grande importância, uma vez que afastam a
imunidade recíproca em relação aos cartórios e tabelionatos, prestadores de
serviço público mediante concessão ou delegação, mas que os executam
mediante remuneração e com fins lucrativos. Assim, resta devido o ISS
sobre os serviços por eles prestados. O STF entende que essas pessoas
possuem capacidade contributiva e não estão acobertados pelos normativos
contidos no corpo da CF/88 no que se refere à imunidade recíproca.

Por fim, quanto ao tema, temos o que dispõe a parte final do §3º do artigo
150, que estabelece que a imunidade conferida aos entes públicos não se
estende ao promitente comprador de imóvel, seja particular ou terceiro não
coberto pelo manto da imunidade.

Para entendimento do parágrafo, considere um imóvel pertencente à União e


que esteja imune ao IPTU. Caso esse imóvel seja alienado ao Estado de
Pernambuco, a transmissão não sofrerá a incidência do ITBI. Diferentemente
é o caso de alienação a uma pessoa física não acobertada pela imunidade,
que ficará obrigada ao pagamento do imposto de transmissão municipal.

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(Questão 11) Assinale a opção correta.

a) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas


subsidiárias gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei
complementar.

b) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas


subsidiárias gozarão dos privilégios fiscais estabelecidos em lei
complementar.

c) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias


gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei, desde que extensivos
às do setor privado.

d) As autarquias federais, municipais e estaduais gozam de imunidade quanto


aos tributos dos outros entes políticos em decorrência da imunidade
recíproca.

e) O regime jurídico tributário das empresas públicas e das sociedades de


economia mista que explorem atividade econômica de produção ou de
comercialização de bens é estabelecido em norma complementar da
legislação tributária.

Essa questão se refere mais ao princípio da igualdade do que propriamente às


imunidades, uma vez que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista não poderão gozar de incentivos e privilégios fiscais não extensíveis às
do setor privado, conforme nos diz o §2º do artigo 173 da CF/88.

Essa previsão será excepcionada em relação às empresas públicas e às


sociedades de economia mista que prestem serviços públicos de prestação
obrigatória pelo Estado, além de fazê-los de forma também exclusiva,
conforme entendimento do STF. Para essas pessoas jurídicas de direito
privado, é permitida a extensão da imunidade recíproca conferida aos entes
políticos e às autarquias e fundações. Para essas duas últimas, bem como
para as pessoas jurídicas de direito privado, deve-se atentar que a imunidade
abrange apenas o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às suas
finalidades essenciais ou delas decorrentes.

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Alternativa a e b) Incorretas. Seja por meio de lei complementar ou por lei
ordinária, caso não previstas nas hipóteses de extensão da imunidade
recíproca, as empresas públicas e as sociedades de economia mista somente
poderão gozar de incentivos e benefícios fiscais se estes também tiverem sido
expressamente conferidos às demais pessoas jurídicas de direito privado.

Alternativa c) Correta. É o que dispõe o §2º do artigo 173 da CF/88.

Alternativa d) Incorreta. A imunidade conferida a esses entes é relativa


apenas aos impostos, e não a todos os tributos, assim como acontece para os
entes políticos.

Alternativa e) Incorreta. O regime jurídico das empresas públicas e das


sociedades de economia mista é sempre estabelecido por meio de lei, seja ela
ordinária ou complementar, ou outro instrumento que faça as vezes daquela.
Jamais poderá ser instituído por meio de normativo infralegal. É o que
determina o §1º do artigo 173 da CF/88.

Vamos ver agora o que nos diz a imunidade religiosa.

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Imunidade Religiosa ou dos Templos religiosos

A imunidade religiosa, dos templos religiosos ou dos templos de qualquer


culto é mais uma das espécies de delimitação da competência tributária
prevista expressamente no texto constitucional.

Essa imunidade proíbe qualquer tipo de imposto que venha a incidir sobre o
patrimônio, a renda e os serviços relativos aos templos de qualquer culto,
devendo ser observado ainda que aqueles devem estar relacionados às
finalidades essenciais (e apenas à essas) das entidades religiosas.

Um ponto muito importante: para as autarquias e fundações, a extensão da


imunidade recíproca abrange as finalidades essenciais da entidade ou
as delas decorrentes, conforme prescreve o artigo 150, §2º, da CF/88. Para
os templos de qualquer culto, o texto constitucional dispõe que a imunidade
religiosa é relativa apenas ao patrimônio, às rendas e aos serviços
relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas,
não abrangendo as atividades decorrentes (artigo 150, §4º, da CF/88).

A concessão do benefício de sede constitucional está diretamente relacionada


à liberdade de consciência e de crença, presente no artigo 5º, VI, da CF/88,
que assim nos diz:

“VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,


sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias;“

Assim, a imunidade está também diretamente relacionada à liberdade


religiosa, impedindo a tributação sobre o patrimônio, as rendas e os serviços
pertencentes a qualquer espécie de culto ou liturgia de cunho religioso
no desempenho de sua missão institucional. Logo, a imunidade religiosa visa
garantir a eficácia da diretriz constitucional que assegura a liberdade de
crença e o livre exercício dos cultos religiosos.

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Por sua vez, a previsão apenas reafirma o caráter laico do Estado Brasileiro,
sendo assegurada a prática de qualquer espécie de religião (cristianismo,
islamismo, espiritismo, ubanda, candomblé, budismo, entre outros,
indistintamente). Seja qual for a sua religião (caso você tenha), ela também
estará imune a impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda e os
serviços das entidades religiosas.

Por consequência, TODA E QUALQUER RELIGIÃO ESTÁ ACOBERTADA


PELO MANTO DA IMUNIDADE, SEJA ELA CATÓLICA, PROTESTANTE,
ISLÂMICA, BUDISTA OU OUTRAS EXISTENTES.

A previsão constitucional quanto a essa imunidade está contida no artigo 150,


VI, “b”, da CF/88, que assim nos diz:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

b) templos de qualquer culto;” (Grifos nosso)

Mais uma vez: a proibição constitucional abrange APENAS OS


IMPOSTOS. Nenhuma outra espécie tributária está desonerada
expressamente no texto constitucional quanto à sua incidência sobre o
patrimônio, as rendas e os serviços das entidades religiosas, sendo devidas
normalmente.

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O §4º do artigo 150 complementa as disposições constitucionais quanto à
imunidade das entidades religiosas, prevendo o seguinte:

“Art. 150 (...)

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c",


compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.” (Grifos nosso)

Diante da previsão citada, o STF estendeu (ou apenas reconheceu, conforme


o ponto de vista) a imunidade a determinados bens pertencentes aos entes
religiosos que, à primeira vista, não estariam acobertados pelo manto da
imunidade do artigo 150, VI, “b”.

Os casos mais importantes dizem respeito aos cemitérios pertencentes aos


entes religiosos e aos imóveis, também a esses pertencentes, mas alugados a
terceiros, em que ambos geram renda para a entidade religiosa. A questão
relativa aos dois casos é a mesma: incidência ou não do IPTU municipal sobre
esses imóveis.

O STF, analisando os dois casos, concluiu pela não incidência de impostos


sobre esses dois tipos de imóveis, em especial o IPTU. Veja as decisões da
Corte Suprema.

“(...) 1. Os cemitérios que consubstanciam extensões


de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela
garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do
Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em
relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os
templos de qualquer culto é projetada a partir da
interpretação da totalidade que o texto da Constituição é,
sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, "b".
3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são
antípodas. (RE 578562/BA, de 21/05/2008).”

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“EMENTA: 2. Imunidade tributária de templos de qualquer
culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio,
renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais
das entidades. Artigo 150, VI, "b" e § 4º, da Constituição. 3.
Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua
propriedade que se encontram alugados. 4. A
imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve
abranger não somente os prédios destinados ao culto,
mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços
"relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo
constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas "b" e
"c" do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.
Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. (RE
325822/SP, de 18/12/2002).”

“(...) I - A imunidade prevista na Constituição que tem


como destinatário os templos de qualquer culto deve
abranger os imóveis relacionados com a finalidade e
funcionamento da entidade religiosa. (AI 690712
AgR/RJ, de 23/06/2009).”

Assim, tanto os cemitérios que se mostram como extensões da atividade


quanto os imóveis pertencentes às entidades religiosas que estejam alugados
estão imunes ao IPTU, uma vez que são utilizados na execução das atividades
essenciais ou naquelas relacionadas aos Entes religiosos. Porém, apenas se
estiverem sendo utilizados na consecução das finalidades essenciais da
entidade religiosa.

Da mesma maneira estão os demais bens utilizados nas atividades da


entidade, como os automóveis em relação ao IPVA estadual e as rendas
obtidas pela entidade (relativamente ao IR, principalmente) e destinadas à
consecução das suas finalidades essenciais. Se forem destinados às

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finalidades essenciais, estarão imunes a impostos que incidam sobre o
patrimônio, a renda e os serviços.

Por fim, deve-se atentar para o fato que o vocábulo templo refere-se à
própria entidade, e não ao templo físico, relativo apenas às instalações físicas
do ente religioso, o qual o imunizaria apenas em relação aos impostos sobre o
patrimônio.

(Questão 12) A Constituição Federal expressamente contempla a imunidade


aos templos de qualquer culto. Esta imunidade alcança:

a) todos os tributos.

b) todos os impostos.

c) os tributos que incidam sobre patrimônio, renda e serviços relacionados


com as finalidades essenciais da entidade.

d) os impostos que incidam sobre patrimônio, renda e serviços relacionados


com as finalidades essenciais da entidade.

e) os tributos que incidam sobre as atividades discriminadas em lei


complementar.

Conforme vimos nos itens anteriores, a imunidade religiosa abrange apenas


os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às
finalidades essenciais da entidades.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão

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Imunidade dos partidos políticos, entidades sindicais de
trabalhadores, instituições de educação e de assistência social

A terceira espécie de imunidade tributária expressa na nossa CF/88 diz


respeito a diversas entidades, quais sejam:

 Partidos Políticos;

 Entidades sindicais dos TRABALHADORES;

 Instituições de Educação;

 Instituições de Assistência Social.

Essa imunidade está prevista no artigo 150, VI, “c”, da CF/88, que assim nos
diz:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;” (Grifos nosso)

Quanto a essa alínea “c” do inciso VI do artigo 150, temos ainda o que consta
no §4º:

“Art. 150 (...0

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c",


compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas.”

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Inicialmente temos que observar quatro pontos importantes contidos na
alínea “c”, e que devem ser memorizados por você:

Primeiro: a vedação de tributação do patrimônio, das rendas e dos serviços


quanto às entidades sindicais diz respeito apenas AOS SINDICATOS DOS
TRABALHADORES, NÃO INCLUÍDOS OS SINDICATOS PATRONAIS
(EMPREGADORES). Guarde bem essa previsão! É comum o elaborador das
questões trocar esses termos e isso passar imperceptível na hora da prova. E
lá se vão pontos preciosos. Atenção!

Segundo: a RESSALVA PRESENTE NA PARTE FINAL da alínea


(atendimento de requisitos estabelecidos em lei e não haver a finalidade de
lucro) DIZ RESPEITO APENAS ÀS ENTIDADES DE EDUCAÇÃO E DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL, e não às outras duas entidades (Partidos Políticos e
Sindicatos dos Trabalhadores).

Terceiro: assim como as outras duas espécies, essa imunidade também diz
respeito apenas a IMPOSTOS, SENDO DEVIDAS QUAISQUER OUTRAS
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS quanto às entidades enumeradas na alínea.
Logo, podem ser cobradas normalmente taxas e contribuições de melhoria
dessas entidades.

Quarto: novamente, o patrimônio, as rendas e os serviços, para estarem


cobertos pelo manto da imunidade, devem estar relacionados às finalidades
essenciais das entidades. Não abrange as atividades decorrentes das
finalidades essenciais, como ocorre para as autarquias e fundações
públicas, conforme o texto constitucional.

Quanto aos partidos políticos, a imunidade veio proibir a tributação sobre


essas entidades, tendo em vista o princípio da liberdade política e do
pluralismo político. Essa previsão evita que o Governo, por meio da tributação
com impostos, subjugue os partidos opositores que apresentem ideias
contrárias às adotadas. Essa é uma imunidade autoaplicável, vez que não
depende de regulamentação para ser usufruída. Diferentemente é a lei que

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estabelece os requisitos para que determinada organização venha a ser
considerado um partido político e, assim, usufruir a imunidade.

Por sua vez, são ainda imunes as fundações criadas e mantidas pelos Partidos
Políticos, sendo alcançada pela mesma benesse conferida a esses, valendo o
mesmo quanto ao patrimônio, às rendas e aos serviços e desde que
vinculadas às finalidades essenciais.

A previsão quanto à subordinação do patrimônio, das rendas e dos serviços


as finalidades essenciais das Entidades encontra o mesmo contorno dado aos
templos religiosos. Também para os partidos políticos, e desde que os
recursos obtidos sejam destinados à consecução das atividades da entidade, a
imunidade continua a ser observada no caso de, por exemplo, um imóvel
pertencente ao ente e alugado a terceiros. Veja o que nos diz a Súmula STF
nº 724:

“Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao


IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, vi, "c", da constituição, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de
tais entidades.” (Grifos nosso)

Quanto aos Sindicatos dos Trabalhadores, a imunidade veio proteger a


liberdade de associação sindical prevista no artigo 8º da CF/88. Novamente, a
imunidade abrange apenas os sindicatos dos trabalhadores. Logo, todo e
qualquer sindicato patronal (EMPREGADORES) está excluído do alcance da
imunidade conferida pelo artigo 150, VI, “c”, da CF/88. Não há exceções a
essa regra.

Por sua vez, a imunidade alcança os sindicatos de qualquer grau, podendo ser
de nível nacional, regional, estadual ou municipal. É indiferente a abrangência
do Sindicato.

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Quanto às entidades de educação e de assistência social, estas
somente estarão acobertadas pela imunidade caso atendam aos requisitos
estabelecidos em lei e não tenham finalidade lucrativa. Assim, estamos
diante de uma norma de eficácia limitada, uma vez que necessita de norma
infraconstitucional para poder ser usufruídas pelos seus beneficiários.

A fixação dos requisitos depende de lei em sentido estrito, a qual irá fixar as
normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades a fim de
poderem usufruir da benesse constitucional. Esta lei, contudo, não se mostra
como uma delimitadora das limitações constitucionais ao poder de tributar,
tendo apenas a finalidade de estabelecer os requisitos a serem observados
pelas entidades para que possam ser enquadradas como entidades de
educação ou de assistência social passíveis de usufruírem a benesse
constitucional. Caso a lei fosse regular uma limitação constitucional ao pode
de tributar, esta deveria necessariamente ser uma lei complementar,
conforme prescreve o artigo 146, II, da CF/88. GUARDE BEM ISSO: LEI
COMPLEMENTAR.

Sobre o tema, veja o que dispõe o STF:

“(...). 1. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no


sentido de que, por se tratar de limitação constitucional ao
poder de tributar, a demarcação do objeto material da
imunidade das instituições de educação é matéria afeita à
lei complementar. (RE 354988 AgR/DF, de 21/03/2006).”

“EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade:


Confederação Nacional de Saúde: qualificação reconhecida,
uma vez adaptados os seus estatutos ao molde legal das
confederações sindicais; pertinência temática concorrente no
caso, uma vez que a categoria econômica representada pela
autora abrange entidades de fins não lucrativos, pois sua
característica não é a ausência de atividade econômica,
mas o fato de não destinarem os seus resultados
positivos à distribuição de lucros. II. Imunidade tributária

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(CF, art. 150, VI, c, e 146, II): "instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei": delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no
ponto, à intermediação da lei complementar e da lei
ordinária: análise, a partir daí, dos preceitos impugnados (L.
9.532/97, arts. 12 a 14): cautelar parcialmente deferida. 1.
Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ
102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a
Constituição remete à lei ordinária, no tocante à
imunidade tributária considerada, é a fixação de
normas sobre a constituição e o funcionamento da
entidade educacional ou assistencial imune; não, o que
diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando
susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou
reservado à lei complementar. (ADI 1802 MC/DF, de
27/08/1998).”

Assim, cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder


de tributar, conforme o artigo 146, II, da CF/88. Entretanto, a fixação dos
requisitos para constituição e funcionamento das entidades pode
perfeitamente se dar por meio de lei ordinária. Guarde bem isso! Essa
distinção é importante.

Por sua vez, a normatização básica dos requisitos relativos à concessão da


imunidade às entidades imunizadas pelo artigo 150, VI, “c”, da CF/88, está
contida no artigo 14 do CTN (o artigo 9º, IV, “c”, do CTN, citado no texto do
caput artigo 14 do mesmo CODEX, tem redação idêntica ao que consta no
artigo 150, VI, “c”, da CF/88), que assim nos diz em seu texto:

“Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é


subordinado à observância dos seguintes requisitos
pelas entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu


patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

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II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos
na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e


despesas em livros revestidos de formalidades capazes
de assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou


no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode
suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do


artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados
com os objetivos institucionais das entidades de que trata
este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos
constitutivos.” (Grifos nosso)

Como se pode observar pela leitura atenta dos incisos e do §1º, o


descumprimento de qualquer dos requisitos implica na suspensão do beneficio
pela autoridade administrativa competente. Veja bem: SUSPENSÃO.
Voltando a atender os requisitos, a imunidade voltará a ser normalmente
usufruída pelos entes.

Quanto à extensão da imunidade prevista no artigo 150, VI, “c”, da CF/88,


coletamos algumas decisões importantes do STF sobre o tema. A primeira
delas é a que consta na Súmula STF nº 730, cujo teor é o seguinte:

“A imunidade tributária conferida a instituições de assistência


social sem fins lucrativos pelo art. 150, vi, "c", da
constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.”

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Assim, caso os beneficiários participem do financiamento da entidade fechada
de previdência social, por meio de contribuição periódica, a imunidade não
será observada, ficando a entidade fechada de previdência social sujeita a
impostos dos entes federativos. Esse tema já foi bem solicitado em provas,
caro aluno.

(Questão 13) Em relação às limitações constitucionais ao poder de tributar,


considere:

I. A renda auferida pelas igrejas com dízimo (doação em dinheiro feita pelos
fiéis) é imune de imposto de renda.

II. Em razão da imunidade recíproca, os Municípios são imunes ao imposto


sobre a propriedade de veículo automotor, mesmo que os veículos não
estejam afetados a uma finalidade pública.

III. As autarquias e fundações públicas não são alcançadas pela imunidade


recíproca de tributos quando prestadoras de serviço público remunerado por
taxa ou tarifa.

IV. A norma constitucional que prevê concessão de imunidade para as


instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos é de
eficácia contida ou restringível, pois pode ser regulamentada por lei
complementar que irá definir os requisitos para a concessão da imunidade.

Está correto o que consta APENAS em

(A) III e IV.

(B) I, II e IV.

(C) I e IV.

(D) II e III.

(E) I e II.

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Item I) Correto. De acordo com o artigo 150, VI, “b”, da CF/88, e sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, entre outras limitações ao
poder de tributar, instituir impostos sobre templos de qualquer culto. Uma
vez que o dízimo se constitui como renda da igreja, os valores com eles
arrecadados serão imunes ao imposto sobre a renda.

Item II) Correto. Essa é justamente a redação do artigo 150, VI, “a”, da
CF/88, que estabelece que, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, entre outras limitações ao poder de tributar, instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, a chamada imunidade
recíproca ou governamental.

Uma vez que o veículo pertence ao patrimônio do Município, aquele ficará


imune à incidência do IPVA em razão da imunidade recíproca, e desde que o
mesmo seja utilizado em conformidade com o que dispõe o artigo 150, §3º,
da CF/88.

De acordo com o artigo 150, §3º, da CF/88, a imunidade recíproca, bem


como sua extensão às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, não se
aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração
de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas
pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel.

Item III) Incorreto. A vedação é relativa aos preços e às tarifas, e não à


cobrança de taxas, que é perfeitamente válida. De acordo com o artigo 150,
§3º, da CF/88, a imunidade recíproca e a sua extensão às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais
ou às delas decorrentes, não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos

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serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.

Item IV) Incorreto. O artigo 150, VI, “c”, da CF/88 estabelece que, sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre,
patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

Logo, uma vez que necessita da fixação dos requisitos em lei, a norma
constitucional que prevê concessão de imunidade para as instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos é de eficácia limitada,
devendo ser regulamentada por lei complementar que irá definir os requisitos
para a concessão da imunidade.

Assim, resta como correta a alternativa "e", gabarito da questão.

Por sua vez, as receitas decorrentes da cobrança de estacionamento de


veículos em áreas internas das entidades, e destinadas ao custeio da
atividade, estão acobertadas pela imunidade. O mesmo vale para as receitas
decorrentes da venda ao público em geral de ingressos de cinema. Em ambos
os casos, a receita deve ser utilizada nas finalidades essenciais. Veja as
decisões do STF sobre o tema:

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“(...) Eventual renda obtida pela instituição de
assistência social mediante cobrança de
estacionamento de veículos em área interna da
entidade, destinada ao custeio das atividades desta,
está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob
destaque. (RE 144900/SP, de 22/04/1997).”

“EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTARIA. CF, ART. 150, VI, C.


SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO - SESC. IMPOSTO SOBRE
SERVIÇOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE DIVERSÃO
PÚBLICA. A renda obtida pelo SESC na prestação de
serviços de diversão pública, mediante a venda de
ingressos de cinema ao público em geral, e aproveitada
em suas finalidades assistenciais, estando abrangida
na imunidade tributaria prevista no art. 150, VI, c, da
Carta Republica. (AI 155822 AgR/Sp, de 20/04/1994).”

O STF decidiu ainda que o IOF não incidirá sobre operações bancárias
realizadas pelas entidades de educação e assistência social. Veja a decisão da
Corte:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE.


INSTITUIÇ ÃO DE ENSINO SEM FINS LUCRATIVOS. IOF
SOBRE OPERAÇÕES BANCÁRIAS. CF, ART. 150, VI, C.
Hipótese em que o tributo incide sobre o patrimônio das
entidades da espécie, representado por ativos financeiros,
com ofensa à imunidade prevista no dispositivo em
referência. (RE 249980 Agr/RJ, de 23/04/2002).”

Em outro julgado, a Suprema Corte conferiu ao SENAC (instituição de


educação sem fins lucrativos) a imunidade quanto ao ITBI referente à
aquisição de imóvel locado a terceiros, e sendo os valores relativos ao aluguel
empregados nas finalidades essenciais da entidade. Outra decisão, por sua
vez, refere-se ao IPTU sobre imóveis locados a terceiros e pertencente a

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instituição de ensino que atenda os requisitos estabelecidos em lei para
fruição da imunidade. Veja as decisões:

“EMENTA: - Recurso extraordinário. SENAC. Instituição de


educação sem finalidade lucrativa. ITBI. Imunidade. - Falta
de pré-questionamento da questão relativa ao princípio
constitucional da isonomia. - Esta Corte, por seu Plenário, ao
julgar o RE 237.718, firmou o entendimento de que a
imunidade tributária do patrimônio das instituições de
assistência social (artigo 150, VI, "c", da Constituição) se
aplica para afastar a incidência do IPTU sobre imóveis de
propriedade dessas instituições, ainda quando alugados a
terceiros, desde que os aluguéis sejam aplicados em suas
finalidades institucionais. - Por identidade de razão, a mesma
fundamentação em que se baseou esse precedente se aplica
a instituições de educação, como a presente, sem fins
lucrativos, para ver reconhecida, em seu favor, a imunidade
relativamente ao ITBI referente à aquisição por ela de
imóvel locado a terceiro, destinando-se os aluguéis a
ser aplicados em suas finalidades institucionais. (RE
235737/SP, de 13/11/2001).”

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPTU.


IMUNIDADE. INSTITUIÇÃO DE ENSINO. CF, art. 150, VI, c.
IMÓVEL LOCADO. I. - Aplicabilidade da imunidade
tributária CF, art. 150, VI, c , mesmo tratando-se de
imóvel locado a terceiros, de modo a excluir a
incidência do IPTU sobre o imóvel de propriedade da
entidade imune. (RE 503069 AgR/MG, de 08/11/2005).”

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“(...). 1. As entidades privadas de serviço social e de
formação profissional vinculadas ao sistema sindical, como o
Serviço Social do Comércio - SESC, são imunes à tributação
por impostos (art. 150, VI, c da Constituição) (AI 409806
AgR/ DF, de 06/04/2010).”

Outra decisão do STF diz respeito à imunidade a ser conferida em relação aos
imóveis pertencentes às entidades de assistência social utilizados para
atividades de lazer e recreação, não se configurando como um desvio de
finalidade a fulminar o direito protegido pela benesse constitucional. A
atividade, conforme a Corte, estaria dentro dos objetivos institucionais da
entidade. Veja a decisão:

“EMENTA Imunidade tributária. IPTU. Finalidade do bem.


1. A utilização do imóvel para atividade de lazer e
recreação não configura desvio de finalidade com
relação aos objetivos da Fundação caracterizada como
entidade de assistência social. 2. A decisão que afasta o
desvio de finalidade para o fim de assegurar a imunidade
tributária com base no reconhecimento de que a atividade de
recreação e lazer está no alcance dos objetivos da Fundação
não agride o art. 150, § 4º, inciso VI, da Constituição
Federal. (RE 236174/SP, de 02/09/2008).”

Da mesma maneira, temos o reconhecimento da imunidade conferida aos


imóveis utilizados pelas entidades de educação como escritório e residência
dos seus membros. Essa previsão será válida desde que atendidos os
requisitos relacionados às finalidades da entidade.

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“IMUNIDADE - INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA
SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS - IMÓVEIS - ESCRITÓRIO E
RESIDÊNCIA DE MEMBROS. O fato de os imóveis estarem
sendo utilizados como escritório e residência de
membros da entidade não afasta a imunidade prevista
no artigo 150, inciso VI, alínea "c", § 4º da Constituição
Federal. (RE 221395/SP, de 08/02/2000).”

Por fim, temos as decisões do STF quanto aos seguintes impostos: II, IPI e
ICMS, relativamente à imunidade das entidades aqui estudadas.

Conforme o STF, não incide o II, o ICMS e o IPI sobre a importação de bens a
serem utilizados na prestação de serviços específicos da entidade, uma vez
que estes estão protegidos pelo manto da imunidade relativa aos impostos.

Ainda quanto ao ICMS, esse imposto não incidirá sobre os produtos


adquiridos no mercado interno, desde que esses sejam destinados a compor o
patrimônio da entidade a qual a imunidade é dirigida.

Veja as decisões que fundamentam o exposto acima:

“ICMS. IMUNIDADE. (ART. 150, VI, C, DA CF). AQUISIÇÃO


DE MERCADORIAS E SERVIÇOS NO MERCADO INTERNO.
ENTIDADE BENEFICENTE. 1. A imunidade tributária prevista
no art. 150, VI, c, da Constituição, compreende as aquisições
de produtos no mercado interno, desde que os bens
adquiridos integrem o patrimônio dessas entidades
beneficentes. (AI 535922 AgR/RS, de 30/09/2008).”

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. ICMS. IMUNIDADE. OPERAÇÕES DE


IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA REALIZADA POR ENTIDADE
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. AGRAVO IMPROVIDO. I - A
jurisprudência da Corte é no sentido de que a imunidade
prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal abrange o
ICMS incidente sobre a importação de mercadorias utilizadas

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na prestação de seus serviços específicos. (AI 669257
AgR/RS, de 17/03/2009).”

“EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IMPOSTO SOBRE


PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS E IMPOSTO DE
IMPORTAÇÃO. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
IMPORTAÇÃO DE "BOLSAS PARA COLETA DE SANGUE". A
imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição
Federal, em favor das instituições de assistência social,
abrange o Imposto de Importação e o Imposto sobre
Produtos Industrializados, que incidem sobre bens a serem
utilizados na prestação de seus serviços específicos. (RE
243807/SP, de 15/02/2000).”

Para finalizar, as entidades beneficentes de assistência social que atendam


aos requisitos estabelecidos em lei também são imunes a contribuições
sociais para a seguridade social (artigo 195, §7º). Veja o que nos diz o texto
do §7º do artigo 195 da CF/88:

“Art. 195 (...)

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade


social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei.”

Mais uma vez, embora o texto da CF/88 faça menção ao termo isenção,
estamos diante de uma imunidade, já que presente no corpo da Carta Magna
Federal de 1988.

Essa previsão tem um sentido lógico: já que essas entidades têm como
função primária o desenvolvimento de atividades relacionadas à assistência
social, e as contribuições para a seguridade social são exatamente para o
financiamento, também, da assistência social, não seria coerente tributar
essas entidades, tendo em vista ainda, regra geral, a escassa soma de
valores que dispõem para a consecução do seu mister social.

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(Questão 14) As entidades beneficentes de assistência social que atendam
às exigências estabelecidas em lei, conforme a Constituição federal:

a) possuem isenção de contribuição para a seguridade social e de imposto


incidente sobre a renda.

b) são imunes de imposto sobre a circulação de mercadorias e demais


impostos incidentes sobre serviços relacionados às finalidades essenciais.

c) devem cumprir obrigação tributária principal relativamente a impostos


incidentes sobre patrimônio relacionados com as finalidades essenciais.

d) são imunes de contribuição para seguridade social e imposto incidente


sobre patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais.

e) são isentos de imposto sobre a renda, patrimônio e serviços relacionados


com as finalidades essenciais.

Alternativa a) Incorreta. As entidades podem até gozar de algum tipo de


isenção, mas estas não estarão previstas no corpo da CF/88, e sim em lei
competente da União. Quanto ao imposto sobre a renda, as entidades
beneficentes de assistência social estão abrangidas pela imunidade quanto às
suas rendas, e relativamente aos impostos.

Alternativa b) Incorreta. Os serviços prestados pelas entidades não serão


tributados com impostos sobre esses serviços, o mesmo não se podendo dizer
em relação à circulação de mercadorias, sobras as quais incide normalmente
o ICMS, imposto de competência estadual. Observe que a imunidade alcança
apenas os impostos incidentes sobre o patrimônio, as rendas e os serviços
relacionados às suas finalidades essenciais.

Alternativa c) Incorreta. A imunidade não desonera nenhuma pessoa, seja


pública ou privada, do cumprimento de obrigações acessórias relativas aos
tributos imunizados.

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Alternativa d) Correta. É o que prevê a CF/88 em seu texto. Conforme
vimos, as entidades beneficentes de assistência social estão imunes aos
impostos sobre o patrimônio, as rendas e os serviços vinculados às suas
finalidades essenciais, bem como às contribuições sociais para a seguridade
social.

Alternativa e) Incorreta. Tecnicamente existe uma imunidade, e não uma


isenção, já que constam expressamente no texto da CF/88.

(Questão 15) Entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos


pode gozar, desde que atenda aos requisitos legais, de imunidade de:

a) contribuições para a seguridade social, a despeito de ter de pagar impostos


sobre patrimônio, renda e serviços.

b) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços, mas não de contribuições


para a seguridade social.

c) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços e de contribuições para a


seguridade social.

d) quaisquer impostos, mas não de contribuições para a seguridade social.

Conforme vimos, as entidades beneficente de assistência social estão imunes


aos impostos sobre o patrimônio, as rendas e os serviços vinculados às suas
finalidades essenciais, bem como às contribuições sociais para a seguridade
social, tendo em vista, para os dois casos, expressa previsão constitucional.

Logo, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questão.

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(Questão 16) Entre as afirmativas abaixo, relativas à imunidade e isenções
tributárias, assinale a correta.

a) Os partidos políticos são entidades imunes, benefício que não se estende


às suas fundações.

b) A imunidade de entidade educacional sem fins lucrativos não é extensiva


aos aluguéis de apartamento de sua propriedade revertidos às suas
finalidades institucionais.

c) A imunidade tributária incidente sobre livros só é extensível ao papel nele


utilizado se a obra tiver fins didático-educacionais.

d) A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade


econômica, não é abrangida pela imunidade tributária recíproca, se sujeitando
ao pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores
incidentes sobre seus carros.

Alternativa a) Incorreta. A imunidade é extensível às suas fundações,


desde que relacionadas às suas finalidades essenciais, assim como em
relação aos partidos políticos.

Alternativa b) Incorreta. É exatamente o contrário. A imunidade somente


pode ser usufruída por essas entidades se disser respeito às suas finalidades
institucionais essenciais.

Alternativa c) Incorreta. Conforme veremos no item seguinte, e diante


desse tema, o STF entendeu que, ao tempo da promulgação da CF/88, o
legislador constituinte originário não fez qualquer distinção quanto à
relevância, ao valor artístico ou didático ou ainda quanto à qualidade da
produção cultural veiculada nos meios impressos imunizados. Dessa maneira,
bíblias, livros de poesias, revistas pornôs, livros infantis, revistas de fofoca,
entre outras publicações, estão acobertadas pelo manto da imunidade
cultural.

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Alternativa d) Correto. A CEF não presta serviço de prestação obrigatória e
exclusiva do Estado, motivo pelo qual não está abrangida pela imunidade
recíproca estendida às empresas públicas e sociedades de economia mista
que possuem essas características.

Vamos agora à imunidade cultural!

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Imunidade Cultural

Estudaremos agora a imunidade prevista no artigo 150, VI, “d”, da CF/88: a


imunidade cultural, que exonera de IMPOSTOS os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à impressão destes. A redação desse
artigo, relativamente ao seu inciso IV, “d”, é a seguinte:

“Art. 150 (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua


impressão.”

Essa imunidade visa preservar os direitos fundamentais relativos à livre


manifestação do pensamento, ao acesso universal à informação e ao estímulo
à produção artística, intelectual, cultural, cientifica e de comunicação. Todos
os direitos acima estão previstos no artigo 5º, que assim nos diz em seus
incisos IV, IX e XIV:

“Art. 5º (...)

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e


resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;“

O dispositivo imunizante se apresenta como uma norma de eficácia plena e


aplicabilidade imediata, uma vez que não necessita de regulação
infraconstitucional para ser usufruído pelos beneficiários. Trata, por sua vez,
de imunidade de caráter OBJETIVO, uma vez que é destinada aos meios de

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propagação da informação e do conhecimento em forma impressa, bem como
aos insumos que os dão vida (papel).

Diante da sua natureza de imunidade objetiva, esta visa impedir a tributação,


especialmente, com os seguintes impostos: ICMS, IPI, II e IE. Quanto aos
demais impostos, estes poderão, regra geral, incidir normalmente.

Logo, o ICMS devido em relação à circulação de papel destinado à impressão


de jornais não será devido em razão da imunidade. O mesmo não se aplica ao
IR sobre a renda auferida pela empresa que confecciona o jornal e os vende
diariamente, bem como quanto ao IPVA de veículo pertencente à mesma
entidade, sendo devidos normalmente.

Por sua vez, a imunidade não alcança qualquer pessoa envolvida na


impressão de livros, jornais e periódicos, mas apenas ESTES ELEMENTOS,
junto com o papel destinado à impressão destes.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IPMF. EMPRESA DEDICADA À
EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS,
JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS. Imunidade que
contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e
informação escrita, e o papel destinado a sua impressão,
sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela qual não
se estende às editoras, autores, empresas jornalísticas
ou de publicidade -- que permanecem sujeitas à
tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos.
Consequentemente, não há falar em imunidade ao tributo
sob enfoque, que incide sobre atos subjetivados
(movimentação ou transmissão de valores e de créditos e
direitos de natureza financeira). (RE 206774/RS, de
03/08/1999).”

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O mesmo pensamento se observa na seguinte decisão, relativamente à não
extensão da imunidade aos serviços prestados quanto à distribuição, ao
transporte ou à entrega dos livros, jornais e periódicos.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. ISS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART.


150, VI, D, DA CF. SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO,
TRANSPORTE OU ENTREGA DE LIVROS, JORNAIS,
PERIÓDICOS E DO PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO.
ABRANGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO
RESTRITIVA. AGRAVO IMPROVIDO. I - A imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal não
abrange os serviços prestados por empresas que fazem a
distribuição, o transporte ou a entrega de livros, jornais,
periódicos e do papel destinado a sua impressão. (RE 530121
AgR/PR, de 09/11/2010).”

Assim, o STF possui entendimento no sentido de que a imunidade tributária


prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal deve ser interpretada
restritivamente e que seu alcance, tratando-se de insumos destinados
à impressão de livros, jornais e periódicos, estende-se,
exclusivamente, a materiais que se mostrem assimiláveis ao papel.
(RE 504615 AgR/03/05/2011).

Dessa maneira, entende o SFT ainda que a imunidade cultural não pode ser
estendida a outros insumos que não aqueles abrangidos pelo conceito de
papel destinado à impressão dos livros, jornais e periódicos. É amplo o debate
e o universo de decisões sobre a abrangência dos conceitos contidos no texto
da alínea “d” do artigo 150 da CF/88.

Esse debate tem por finalidade definir aquilo que pode vir a ser assemelhado
ao papel, ao livro, ao jornal e aos periódicos, devendo assim ser acobertados
pelo manto da imunidade tributária cultural. Veremos agora cada um deles,
uma vez que estão sendo exigidos cada vez mais em provas de concursos.

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Para o STF, a imunidade cultural abrange os seguintes produtos:

 Álbuns de figurinhas e listas telefônicas (RE 114790);

 Apostilas, classificados como veículos de transmissão de cultura


simplificada, inclusive as destinadas à preparação de candidatos a
concursos públicos (RE 183403);

 Filmes e papeis fotográficos necessários à publicação de jornais e


periódicos (Súmula STF nº 657);

 Materiais relacionados com papel (papel fotográfico, papel telefoto,


filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens
monocromáticas, papel fotográfico para fotocomposição por laser) (RE
178863);

 Papel fotográfico - filmes não impressionados (RE 203859);

 Filmes destinados à produção de capas de livros - filme Bopp (RE


597746);

 Papel, papel fotográfico e papel para artes gráficas consumidos no


processo produtivo do jornal (RE 276842).

Contrariamente, não podem os seguintes elementos serem imunizados


pela imunidade cultural presente no texto constitucional:

 Tinta utilizada na impressão de livros, jornais e periódicos (RE 230782);

 Serviços de composição gráfica (RE 435978);

 Calendários, livros contábeis, blocos de papel para anotação, agendas


de anotações, encartes exclusivos de propaganda distribuídos com
jornais e periódicos e cadernos (RE 213094);

 Produtos à base de solução alcalina, utilizados na aceleração do


processo de secagem da tinta utilizada na impressão de jornais (RE
204234);

 Tiras plásticas (fios de polipropileno) utilizados na amarração de jornais


(RE 220154);

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 Tintas (RE 265025);

 Importação de insumos gráficos (RE 203267);

 Filmes de polímeros de polipropileno utilizados para aumentar a


sustentação das capas de livros (RE 215798).

Outro tema bastante importante é quanto à abrangência da imunidade


cultural tomando em consideração o valor artístico da obra e a relevância das
informações contidos nos jornais, livros e periódicos, em especial nesses dois
últimos.

Diante desse tema, o STF entendeu que, ao tempo da promulgação da CF/88,


o legislador constituinte originário não fez qualquer distinção quanto
à relevância, ao valor artístico ou didático da obra, ou ainda quanto à
qualidade da produção cultural veiculada nos meios impressos
imunizados. Dessa maneira, bíblias, livros de poesias, revistas pornôs, livros
infantis, revistas de fofoca, entre outras publicações, estão acobertadas pelo
manto da imunidade cultural.

Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este


benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício da
democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade
cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público
infanto-juvenil (RE 221239, de 25/05/2004). O mesmo se observa quanto ao
material destinado a outras faixas etárias, por óbvio.

Veja a decisão do STF quanto ao tema:

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI,


"D" DA CF/88. "ÁLBUM DE FIGURINHAS". ADMISSIBILIDADE.
1. A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o
papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar
embaraços ao exercício da liberdade de expressão intelectual,
artística, científica e de comunicação, bem como facilitar o
acesso da população à cultura, à informação e à educação. 2.
O Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez

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ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à
relevância das informações divulgadas ou à qualidade
cultural de uma publicação. 3. Não cabe ao aplicador da
norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal
instituído para proteger direito tão importante ao exercício da
democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da
qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação
destinada ao público infanto-juvenil.”

Por fim, temos o debate quanto à abrangência da imunidade e sua extensão


aos livros veiculados em mídias magnéticas ou em meio eletrônico, tendo em
vista os avanços tecnológicos advindos posteriormente à promulgação da
Carta Federal de 1988, que, ao seu tempo, não tinha como prever o
surgimento e disseminação dessas espécies de veiculação do conhecimento.

A questão, no entanto, ainda é muito controversa, com parte da doutrina


labutando pela impossibilidade de extensão da imunidade cultural às novas
formas de disseminação do conhecimento; e outra parte em sentido
contrário, extendendo-a às publicações contidas em meio magnético ou
eletrônico.

A tendência do STF, por sua vez, é pela não extensão da imunidade às essas
espécies, restringindo a imunidade apenas aos meios impressos em papel,
conforme preconizado pelo legislador constituinte originário. Assim, a
imunidade cultural não é extensível ainda às publicações eletrônicas. Ao
menos por enquanto. 

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Imunidades Específicas

Nesse item relativo às imunidades tributárias, apresentarei a relação de


diversas imunidades presentes no corpo da Carta Magna Federal,
disciplinando assuntos dos mais diversos possíveis.

Essas imunidades estão espalhadas por toda a CF/88, não estando


presentes na seção constitucional destinada às limitações constitucionais ao
poder de tributar. Por sua vez, essas imunidades se referem a diversos tipos
de tributos e de mais de um ente político, não só da União.

Procurei organizar, sempre que possível, as imunidades conforme os


tributos a que se referem.

TAXAS, EMOLUMENTOS E CUSTAS JUDICIAIS

Quanto às taxas, temos as seguintes imunidades:

 Obtenção de certidões em repartições públicas (artigo 5º, XXXIV);

 Celebração de Casamento Civil (artigo 226, §1º).

Quanto aos emolumentos, considerados taxas pelo STF, temos o seguinte:

 Registro Civil de nascimento e certidão de óbito, para os


reconhecidamente pobres (artigo 5º, LXXVI).

Quanto às custas judiciais, também considerados taxas pelo STF, temos as


imunidades que seguem:

 Proposta de ação popular, salvo se comprovada a má-fé do


proponente (artigo 5º, LXXIII);

 Proposição de habeas corpus, habeas data e, na forma que dispuser a


lei, dos demais atos necessários ao exercício da cidadania (artigo 5º,
LXXVII).

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IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI

A CF/88 determina em seu artigo 153, §3º, II, que não haverá incidência do
imposto federal nos casos de exportação de produtos industrializados para o
exterior.

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL

Para o imposto federal sobre a propriedade rural, a CF/88 conferiu


imunidade ao pagamento do imposto às pequenas glebas rurais, conforme
definição prevista em lei, desde que sejam exploradas pelo seu proprietário
e que este não possua outro imóvel.

Esta imunidade está prevista no artigo 153, §4º, II. Por sua vez, a lei que
define o que vem a ser uma gleba rural e demais normativos relativos ao
imposto é a lei federal nº 9.393, de 1996.

Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e


sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicações - ICMS

Para o imposto de competência estadual, a CF/88 desonerou as seguintes


situações, previstas no seu artigo 155, §2º, X:

 Operações que destinem mercadorias para o exterior e sobre serviços


prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e
prestações anteriores;

 Operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive


lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e
energia elétrica;

 Sobre o ouro, quando definido como ativo financeiro ou instrumento


cambial;

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 Nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de


radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

Imposto sobre a transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato


oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de
direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
cessão de direitos a sua aquisição - ITBI

Quanto a esse imposto de competência municipal, a CF/88 imunizou as


seguintes operações de transmissão de bens imóveis, conforme previsto no
artigo 156, §2º:

 Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de


pessoa jurídica em realização de capital,

 Transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,


cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a
atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses
bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

Contribuições Sociais e Contribuições de Intervenção no Domínio


Econômico (CIDE)

Por expressa disposições constitucional, todas as receitas decorrentes de


operações de exportação estão imunes às contribuições sociais e às CIDE’s.
Essa previsão consta no artigo 149, §2º, I.

Contribuições Previdenciárias

São imunes a contribuições previdenciárias os rendimentos recebidos em


aposentadoria ou pensão concedidos pelo Regime Geral de Previdência
Social (RGPS), conforme artigo 195, II. A imunidade não abrange os
regimes próprios de previdência social (RPPS)!

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Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social

São imunes a contribuições para o Financiamento da Seguridade Social


(PIS, PASEP, COFINS, entre outras) as entidades beneficentes de
assistência social que atendam aos requisitos e exigências estabelecidos em
lei. Essa imunidade, no texto constitucional, aparece expressamente
descrita como uma isenção. É comum as bancas afirmarem que realmente
se trata de uma isenção, mas, como vimos, é irrelevante a denominação
que consta no texto da CF/88, sendo sempre uma imunidade.

Tributos em Geral, exceto IOF (imposto sobre operações


financeiras) e a antiga CPMF

Sobre o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento


cambial, ficará sujeito à incidência apenas do IOF e da antiga CPMF
(Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), conforme os
artigos 153, §5º, e 74, §2º, da ADCT.

O ouro, quando ativo financeiro ou instrumento cambial está previsto na lei


federal nº 7.766, de 11 de maio de 1989. O ouro, quando definido como
mercadoria, não é imune a impostos, especialmente ao ICMS.

Imposto em Geral, exceto quanto ao II, IE e ICMS

São imunes a IMPOSTOS as operações relativas a energia elétrica,


derivados de petróleo, minerais, combustíveis e serviços de
telecomunicações do nosso país, conforme consta no artigo 155, §3º.

Observe que a previsão exclui a incidência apenas de impostos, nada


impedindo a instituição de contribuições sobre essas mercadorias.

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Imunidade Musical

Em 15 de outubro de 2013 foi publicada a Emenda Constitucional nº 75, que


alterou a redação do artigo 150 da CF/88, acrescentando a alínea “e” ao
inciso VI. A Emenda Constitucional possui a seguinte redação:

“EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 75, DE 15 DE OUTUBRO DE


2013

Acrescenta a alínea e ao inciso VI do art.


150 da Constituição Federal, instituindo
imunidade tributária sobre os fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou
obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais
ou arquivos digitais que os contenham.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,


nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal,
promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal


passa a vigorar acrescido da seguinte alínea e:

"Art. 150 (...)

VI - (...)

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no


Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (...) (NR)

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Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data


de sua publicação.

Brasília, em 15 de outubro de 2013.”

A EC nº 75, de 2013, antes de ser aprovada, ficou conhecida como a PEC da


Música, criando mais uma imunidade no nosso atual sistema tributário
nacional.

Desse modo, fica vedada a cobrança de impostos (e apenas dessa espécie


tributária) sobre os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. A vedação alcança
tanto os imposto já criados quanto os que vierem a ser criados.

Logo, a produção brasileira de CD e DVD que contenham obras musicais ou


literomusicais de autores brasileiros ficarão protegidas da tributação em
razão da nova imunidade constitucional, uma vez que se trata de mais uma
limitação ao poder de tributar.

E o que são fonogramas e videofonogramas? Fonogramas são as próprias


músicas, enquanto os videofonogramas podem ser entendidos como os
vídeos que possuem sons musicais. Os dois conceitos englobam a obra
intelectual em si, sem natureza física. A imunidade abrange também as
mídias físicas que dão vida às músicas, aos filmes ou aos videoclipes, que
são os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham. Ou seja, a
imunidade é destinada a proteger a arte propriamente dita.

Como bem estabelece a ressalva ao final do texto da alínea “e”, haverá a


tributação normalmente sobre a etapa de replicação industrial de mídias
ópticas de leitura a laser. E quais impostos irão incidir? ICMS e IPI. Ou seja,
os CD e DVD, antes de serem submetidos à gravação com os fonogramas e
videogramas, sofrerão tributação na etapa de industrialização e
comercialização dos mesmos quando ainda virgens. A imunidade em

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destaque não alcança essa fase do ciclo de produção musical. Até mesmo
porque ainda não existe nenhuma gravação sobre as mídias.

Por fim, a imunidade instituída pela EC nº 75/2013 é de natureza objetiva,


uma vez que é destinada aos fonogramas e videofonogramas musicais
produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros (natos
ou naturalizados), bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que
os contenham. Observe que a imunidade não é relativa aos artistas ou a
grupos de pessoas específicas, não imunizando essas pessoas de qualquer
tributação em razão exclusivamente dessa imunidade.

Por hoje é só, pessoal! Até a próxima aula e bons estudos!

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Questões Propostas

1. (CESPE/DP-DF/Defensor Público/2013) De acordo com a CF, são


isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária, não
incidindo, portanto, ITBI sobre títulos da dívida agrária por terceiro
adquirente.

De acordo com o artigo 184, §5º, da CF/88, são isentas de impostos


federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária. Ademais, embora o texto da
CF/88 utilize o termo “isenção”, na verdade estamos diante, de uma
imunidade.

Entretanto, quanto aos títulos da dívida agrária adquiridos por terceiros


estranhos à relação de desapropriação, ainda que oriundos do
desapropriado, o STF decidiu que não há a imunidade.

“1. A isenção de tributos de que trata o § 5º do artigo 184


da Constituição Federal, deferida às operações relativas às
transferências de imóveis desapropriados, há de ser
entendida como imunidade e tem por fim não onerar o
procedimento expropriatório ou dificultar a realização da
reforma agrária, de competência exclusiva da União
Federal. 2. Os títulos da dívida agrária constituem moeda
de pagamento da justa indenização devida pela
desapropriação de imóveis por interesse social e, dado o
seu caráter indenizatório, não podem ser tributados. 3.
Terceiro adquirente de títulos da dívida agrária. Imunidade.
Extensão. Impossibilidade. O benefício alcança tão-somente
o expropriado. O terceiro adquirente, que com ele realiza
ato mercantil, em negócio estranho à reforma agrária, não
é destinatário da norma constitucional.

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Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

2. (CESPE/DP-DF/Defensor Público/2013 – com adaptações)


Conforme entendimento do STF, a imunidade tributária recíproca prevista
na CF abrange os impostos incidentes sobre o patrimônio, as rendas e os
serviços relativos à sociedade de economia mista que preste serviços de
saúde, desde que o ente público seja o controlador majoritário do capital
social.

Esse entendimento do STF quanto à extensão da imunidade recíproca está


presente na seguinte decisão da Corte Suprema nacional:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito
fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da
Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de
ações e serviços que, em face de sua prestação pelo Estado
mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da
Lei das leis). 2 . A prestação de ações e serviços de saúde
por sociedades de economia mista corresponde à própria
atuação do Estado, desde que a empresa estatal não tenha
por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades de
economia mista prestadoras de ações e serviços de
saúde, cujo capital social seja majoritariamente
estatal, gozam da imunidade tributária prevista na
alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição
Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento,
com repercussão geral. (RE 580264 / RS, de 16/12/2010)”
(Grifos nosso)

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Atente bem aos requisitos para a concessão da imunidade e a consequente


dispensa do pagamento de tributos por essas entidades:

 Sociedades de econômica mista que presta serviços e ações na área


de saúde;

 Capital Majoritariamente pertencente ao Poder Público (mais de 50%).

Assim, resta correta a assertiva apresentada.

3. (CESPE/TRF 1ª/Juiz Federal/2013) Considerando as disposições


constitucionais relativas ao Sistema Tributário Nacional, assinale a opção
correta.

a) Tributos de caráter extrafiscal, pela sua própria natureza, podem


constituir sanção de atos ilícitos praticados pelo contribuinte.

b) Desequilíbrios na concorrência podem ser prevenidos pela adoção de


critérios especiais de tributação, nos termos constitucionais.

c) Emenda constitucional proibiu os municípios brasileiros de instituir


contribuição destinada ao custeio do serviço de iluminação pública, tendo
admitido, porém, a utilização de taxas com essa finalidade.

d) A imunidade consignada a templos de qualquer culto abrange seu


patrimônio, sua renda e seus serviços, independentemente da finalidade
essencial dessas entidades.

Alternativa a) Incorreta. Nenhum tributo, seja ele de características


fiscais ou extrafiscais, poderá ser cobrado em razão da prática de um ato
ilícito pelo contribuinte, uma vez que a redação do artigo 3º do CTN não faz
qualquer ressalva quanto a esse ponto. A redação do dispositivo é a
seguinte:

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“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,


em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

Alternativa b) Correta. De acordo com o artigo 146-A, da CF/88, a lei


complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o
objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da
competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

Alternativa c) Incorreta. Aconteceu exatamente o contrário. Antes


proibida por meio da cobrança de taxas, a emenda constitucional nº 39, de
2002, instituiu a contribuição sobre o custeio do serviço de iluminação
pública, a serem instituídas pelos municípios e pelo Distrito Federal, tendo
em vista o artigo 149-A da CF/88, acrescentado pela referida emenda.

Logo, resolvendo a controvérsia sobre a cobrança de taxas de iluminação


pública, tributo cuja instituição e motivação para a cobrança feria o disposto
na CF/88, tendo em vista ao caráter uti universi do serviço prestado, a EC
nº 39/2002 criou a COSIP, possibilitando essa “ajuda” financeira aos
municípios para o pagamento dessa conta em conjunto com os sujeitos
passivos.

“Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão


instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o
custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III.

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a


que se refere o caput, na fatura de consumo de energia
elétrica.”

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Alternativa d) Incorreta. De acordo com o artigo 150, VI, “b”, da CF/88,


e sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, entre outras
limitações ao poder de tributar, instituir impostos sobre templos de qualquer
culto.

Entretanto, o §2º do mesmo artigo estabelece que as vedações expressas


no artigo 150, VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.

4. (CESPE/TCDF/Procurador/2013) Reputa-se de natureza política a


imunidade tributária recíproca.

As imunidades ontológicas são aquelas que existiriam ainda que a CF/88


expressamente não as previsse em seu texto, uma vez que são
fundamentais para a observância dos diversos princípios contidos na nossa
Carta Magna de 1988, quais sejam, da isonomia e do pacto federativo, por
exemplo. Estão, sobremaneira, relacionadas às clausulas pétreas da nossa
CF/88, afirmando-as ainda mais.

Como exemplo de imunidade ontológica, temos a imunidade recíproca, que


veda a instituição, pelos entes políticos, de impostos sobre o patrimônio, os
serviços e as rendas de uns sobre os outros, reafirmando o pacto federativo
e protegendo-o contra possíveis arranhões em decorrência da tributação.

Por sua vez, as imunidades políticas são aquelas que se destinam a proteger
princípios presentes expressamente na CF/88, sendo decorrentes da
vontade política do legislador constitucional, e não em virtude da falta de
capacidade contributiva dos beneficiários. Como exemplo, temos a
imunidade conferida aos templos de qualquer culto (imunidade religiosa),

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conferida em razão de uma vontade política do legislador frente aos


interesses religiosos que vigoram no nosso país e na nossa sociedade.

Desse modo, a imunidade recíproca é de natureza ontológica, e não política,


o que torna incorreta a assertiva apresentada.

5. (CESPE/TCE-ES/Analista-Direito/2013) Assinale a opção correta


acerca da situação hipotética em que uma autarquia federal instalada em
um município cobre preço de seus usuários pela prestação de serviços.

a) A autarquia federal é isenta de ISS.

b) A autarquia isenta-se da cobrança de qualquer tributo em razão da


aplicação da imunidade recíproca.

c) A autarquia é contribuinte dos tributos estaduais e isenta dos tributos


municipais.

d) Caso o imóvel da autarquia federal seja vendido, a imunidade transfere-


se para seu adquirente.

e) A autarquia federal é contribuinte do tributo relativo ao IPTU.

O artigo 150 da CF/88 possui as seguintes passagens em seu texto:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito (...)

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

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d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua


impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no


Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (...)

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às


autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às
delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior


não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel. (...)”

De acordo com o artigo 150, §3º, da CF/88, a imunidade recíproca, bem


como sua extensão às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, não se
aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração
de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento
de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

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Quanto à alternativa “a”, a menos que a lei municipal preveja em seu texto
a referida isenção, a autarquia não será, por outro lado, imune ao imposto
sobre a prestação de serviços. A isenção é sempre concedida por meio de
lei. Já a imunidade não será devida em razão do que comentamos no
parágrafo anterior, uma vez que a autarquia federal instalada em um
município cobra preço de seus usuários pela prestação de serviços, o que
desconfigura a imunidade, conforme o artigo 150, §3º, da CF/88.

Já alternativa “b” é incorreta em razão do que foi comentado também no


primeiro parágrafo. A isenção é concedida sempre por meio de lei, sendo
instituto diferenciado da imunidade.

Por sua vez, a alternativa “c” está incorreta em razão de a autarquia ser
contribuinte dos tributos estaduais e dos tributos municipais, exceto se
houver alguma disposição de lei em contrário prevendo alguma imunidade,
tendo em vista que não se aplica à autarquia federal a extensão da
imunidade recíproca dos entes políticos em razão da cobrança, pela
autarquia, de preços de seus usuários pela prestação de serviços.

A alternativa “d” está incorreta em razão do que dispõe o artigo 150, §3º,
da CF/88, uma vez que o imóvel da autarquia federal foi vendido a um
terceiro não beneficiado por imunidade, e essa em razão do que dispõe esse
parágrafo, a imunidade não se transferiu para seu adquirente, já que a
autarquia federal tem seu patrimônio, sua renda ou seus serviços
relacionados com a exploração de atividade econômica em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.

Por fim, resta como correta a alternativa “e”, uma vez que, em razão da sua
atividade, a referida autarquia federal não pode ser beneficiar da extensão
da imunidade recíproca dos entes políticos, sendo devidos todos os impostos
sobre o patrimônio, a renda e os seus serviços.

Assim, resta como correta a alternativa "e", gabarito da questão.

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6. (CESPE/TCE-ES/Analista-Direito/2013) Assinale a opção correta a


respeito da situação hipotética em que determinada faculdade instituída
pela iniciativa privada cobra altas mensalidades e obtém lucros muito
relevantes.

a) A imunidade tributária somente é concedida à instituição educacional que


não aufere lucro, uma vez que a CF/88 expressamente direciona essa
benesse às instituições sem fins lucrativos.

b) A instituição educacional tem direito de gozar da imunidade prevista na


CF e não pagar os tributos incidentes sobre suas atividades, desde que todo
o lucro seja investido nos seus objetivos institucionais, nos termos da lei,
sem que haja distribuição desses valores de forma disfarçada.

c) No caso de instituições educacionais, a imunidade é absoluta não


havendo qualquer regulamentação infraconstitucional para o gozo dessa
imunidade.

d) A distribuição de lucro apenas entre os diretores da instituição de ensino


não impede o gozo da imunidade tributária, pois o lucro é ínsito à atividade
da iniciativa privada.

e) Enquanto não ocorre a descaracterização da imunidade pelo fisco


estadual, a instituição educacional pode gozar da imunidade, sem cobrança
retroativa dos tributos devidos.

O artigo 150, “c” da CF/88 estabelece que, sem rejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios instituir impostos sobre, patrimônio, renda ou
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

Essa lei a que se refere o final do parágrafo anterior, atualmente, é o CTN,


que estabelece o seguinte em seu artigo 14:

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“Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é


subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas
entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou


de suas rendas, a qualquer título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na


manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em


livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou


no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode
suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do


artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados
com os objetivos institucionais das entidades de que trata
este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos
constitutivos.”

Alternativa a) Incorreta. Para que possa se beneficiar da imunidade


constitucional, a entidade pode até auferir lucro, mas esse terá que ser
aplicado integralmente no país e na manutenção dos objetivos institucionais
da entidade, não podendo ainda distribuir qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título.

Alternativa b) Correta. Vale a mesma explicação dada na alternativa


anterior. A instituição educacional tem o direito de gozar da imunidade
prevista na CF/88 e não pagar os tributos incidentes sobre suas atividades,
desde que todo o lucro seja investido nos seus objetivos institucionais, nos
termos da lei, sem que haja distribuição desses valores de forma disfarçada,
conforme prevê a parte final do inciso I do artigo 14 do CTN.

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Alternativa c) Incorreta. Conforme comentamos no início da resolução da


questão, atualmente algumas regras são fixadas no CTN, e o texto da CF/88
exige a regulamentação da fruição da imunidade pelos seus destinatários
por meio de lei infraconstitucional.

Alternativa d) Incorreta. De acordo com o artigo 14, I, do CTN, a


entidade não poderá distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de
suas rendas, a qualquer título, nem mesmo aos seus diretores.

Alternativa e) Incorreta. Uma vez que a possível inobservância do que


dispõe o CTN é relativo ao auferimento de renda e à sua distribuição com os
diretores da entidade, a cobrança será relativa ao imposto sobre a renda e
demais tributos correlatos, não tendo qualquer relação, à princípio, com a
Fazenda Estadual.

Alem disso, na falta de cumprimento de qualquer dos requisitos previstos


nos incisos I a III do artigo 14 do CTN, a autoridade competente pode
suspender a aplicação do benefício, e antes da completa descaracterização
da imunidade.

7 - (CESPE/2009/OAB/Exame de Ordem Unificado/2/Primeira


Fase) A Igreja Céu Azul, que goza de imunidade quanto ao pagamento de
certos tributos, é proprietária de vários imóveis, um deles alugado a
terceiro, e outro, onde são celebrados os cultos, que possui uma casa
pastoral, um cemitério e um amplo estacionamento.

Considerando a situação hipotética apresentada e as normas atinentes à


imunidade tributária, assinale a opção correta.

a) O imóvel alugado a terceiros goza de imunidade quanto ao pagamento do


imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais da Igreja Céu Azul.

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b) A imunidade tributária conferida à referida igreja dispensa-a do


recolhimento de impostos, taxas, contribuições de melhoria, bem como do
cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

c) Apenas a União está autorizada a instituir impostos sobre o patrimônio,


renda e serviços da Igreja Céu Azul.

d) A imunidade não abrange a casa pastoral, o cemitério e o


estacionamento da Igreja Céu Azul, pois a norma constitucional se refere
apenas aos templos de cultos religiosos.

Alternativa a) Correta. Esse entendimento decorre de decisão do STF


contida no seu RE 325822/SP, de 18/12/2002, que assim nos diz:

“Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua


propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade
prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve abranger não
somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o
patrimônio, a renda e os serviços "relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo constitucional
serve de vetor interpretativo das alíneas "b" e "c" do inciso
VI do art. 150 da Constituição Federal.”

Embora alugado a terceiros, os imóveis continuam a ser imunes ao IPTU,


imposto sobre o patrimônio, desde que os valores recebidos sejam
empregados no desenvolvimento das finalidades essenciais da entidade
religiosa. Caso sejam empregados em atividades estranhas a esta, será
devido o imposto sobre patrimônio.

Alternativa b) Incorreta. A imunidade religiosa, como sabemos, abrange


apenas os impostos, não sendo estendida às taxas, à contribuição de
melhoria e às obrigações tributárias acessórias. Quanto a esse ultimo ponto,
ainda que imunes ou isentas, as pessoas, físicas ou jurídicas, submetem-se
ao cumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação tributária,

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tendo em vista a autonomia existente entre as obrigações tributárias


principais e acessórias.

Alternativa c) Incorreta. Em razão da imunidade, nenhum ente político


está autorizado pela CF/88 a instituir tais impostos, nem mesmo a União.

Alternativa d) Incorreta. Conforme decisão do STF apresentada na


questão anterior, a imunidade conferida aos templos de qualquer culto é
estendia também aos cemitérios por ele mantidos, uma vez que se
consubstanciam como extensões da entidade de cunho religioso, aplicando-
se o mesmo pensamento à casa paroquial e ao estacionamento, utilizados
diretamente no desempenho das atividades essenciais da entidade religiosa.

8 - (CESPE/2009/OAB/Exame de Ordem Unificado - 1/Primeira


Fase) O princípio constitucional da imunidade recíproca

a) não se aplica aos municípios, abrangendo apenas a União, os estados e o


DF.

b) aplica-se aos entes políticos que exerçam atividade econômica em


concorrência com o particular.

c) não se aplica aos impostos diretos, abrangendo apenas os indiretos.

d) é extensivo às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo


poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Questão super literal, que cobrou apenas o conhecimento constante no


texto do artigo 150, §2º, da CF/88, visto várias vezes anteriormente.

Alternativa a) Falsa. A imunidade se aplica a todos os entes políticos,


conforme previsto no artigo 150, VI, “a”, da CF/88.

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Alternativa b) Falsa. São exatamente as hipóteses em que não seria


aplicada a imunidade, conforme dispõe o artigo 150, §3º, da CF/88, que
assim nos diz:

“Art. 150 (...)

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior


não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.”

Alternativa c) Falsa. A imunidade abrange todos os impostos, desde que


relacionados ao princípio, sejam eles diretos ou indiretos.

Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão, uma vez
que seu texto é cópia do dispositivo constitucional constante no artigo 150,
§2º, da CF/88:

“§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às


autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às
delas decorrentes.”

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9- (CESPE/2009/OAB/Exame de Ordem Unificado - 1/Primeira


Fase) Entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos pode
gozar, desde que atenda aos requisitos legais, de imunidade de:

a) contribuições para a seguridade social, a despeito de ter de pagar


impostos sobre patrimônio, renda e serviços.

b) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços, mas não de contribuições


para a seguridade social.

c) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços e de contribuições para a


seguridade social.

d) quaisquer impostos, mas não de contribuições para a seguridade social.

As entidades beneficentes de assistência social estão imunes aos impostos


sobre o patrimônio, as rendas e os serviços vinculados às suas finalidades
essenciais, bem como às contribuições sociais para a seguridade social. As
duas previsões constam nos artigos 150, VI, “c”, e 195, §7º, ambos da
CF/88.

“Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
(...)

Art. 195 (...) § 7º - São isentas de contribuição para a


seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei.”

Logo, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questão.

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10 - (CESPE/2009/TCE-TO/Analista de Controle Externo/Direito)


Assinale a opção correta, acerca da disciplina normativa da imunidade
tributária.

a) A imunidade constitucional conferida aos templos abrange apenas os


imóveis de propriedade da igreja católica.

b) Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao imposto sobre a


propriedade predial e territorial urbana o imóvel pertencente a partido
político, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades
essenciais de tal entidade.

c) Reputa-se imunidade recíproca a conferida às entidades sindicais de


trabalhadores.

d) A imunidade das entidades de educação e assistência social sem fins


lucrativos é de natureza objetiva.

e) As imunidades são hipóteses de não-incidência da norma tributária


classificadas em lei complementar.

Alternativa a) Incorreta. A imunidade, conforme o próprio texto do artigo


150, VI, “b”, da CF/88, é aplicada aos tempos de QUALQUER CULTO, e não
apenas aos imóveis pertencentes à igreja católica. Todas as religiões podem
ser beneficiar da imunidade, atendidos os requisitos estabelecidos na CF/88.

Alternativa b) Correta. A imunidade é extensível a esses imóveis, desde


que o valor dos aluguéis seja utilizado nas atividades essenciais do partido
político. Essa é a previsão constante no artigo 150, §§4º, da CF/88, que
determina que a imunidade conferida aos partidos políticos, bem como a
outras entidades, compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades.

Alternativa c) Incorreta. A imunidade recíproca é a que proíbe os entes


políticos de instituírem impostos sobre o patrimônio, as rendas e os serviços
uns dos outros. A imunidade a que se refere o texto da alternativa é a
imunidade corporativa.

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Alternativa d) Incorreta. Essa imunidade é de natureza SUBJETIVA, uma


vez que leva em consideração apenas as características da pessoa a ser
imunizada, qual seja, ser entidade de educação e associação social sem fins
lucrativos.

Alternativa e) Incorreta. As imunidades estão sempre previstas no corpo


da CF/88, sendo hipóteses de não incidência da norma tributária em sentido
amplo.

11. (CESPE - 2006 - OAB-SP - OAB 129º) Das alternativas


apresentadas, assinale aquela que cuida de hipótese de isenção tributária e
não de imunidade.

a) Não tributação, por impostos, do patrimônio, renda ou serviços das


entidades sindicais dos trabalhadores.

b) Não tributação pelo IPI dos produtos industrializados destinados ao


exterior.

c) Não tributação pelo Imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer


título, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre imóveis -
ITBI, na transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de
pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens
ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
jurídica.

d) Não tributação pelo IPI dos automóveis de passageiros de fabricação


nacional adquiridos por pessoas portadoras de deficiência física, visual,
mental, severa ou profunda, ou autistas.

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As imunidades estão sempre presentes no corpo da CF/88, ainda que o


texto legal se refira, em sua redação, por exemplo, ao termo isenção, como
acontece para o caso presente no artigo 195, § 7º, da CF/88, que dispõe o
seguinte:

"Art. 195 (...)

§7º. São isentas de contribuição para a seguridade social as


entidades beneficentes de assistência social que atendam
as exigências estabelecidas em lei"

Assim, não estando previstas no corpo da CF/88, as demais hipóteses de


desonerações tributárias serão classificadas de outra maneira, sendo a mais
comum a isenção tributária. Desse modo, vamos a análise dos itens para
encontrar a alternativa correta.

Alternativa a) Incorreta. Trata-se da imunidade corporativa, presente no


artigo 150, VI, “c”, da CF/88:

“Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;”

Alternativa b) Incorreta. Essa é mais uma das imunidades presentes


expressamente no corpo da CF/88, sendo relativa ao IPI quando da
exportação, para o exterior, de produtos industrializados. A imunidade está
presente no artigo 153, §3º, III, da CF/88:

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...)

IV - produtos industrializados; (...)

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§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido


em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados


destinados ao exterior.

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de


capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.”
(Grifos nosso)

Alternativa c) Incorreta. Essa imunidade é relativa ao ITBI, imposto de


competência municipal, estando expressamente prevista no artigo 156, §2º,
I, da CF/88, que assim nos diz em seu texto:

“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


(...)

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato


oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e
de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição; (...)

§ 2º - O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos


incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital, nem sobre a transmissão de
bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação de
bens imóveis ou arrendamento mercantil;

II - compete ao Município da situação do bem.”

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Alternativa d) Correta. O texto constitucional não traz esse tipo de


desoneração tributária em seu texto relativamente ao IPI, cabendo apenas à
legislação federal, por meio de lei específica a que se refere o texto do
artigo 150, §6º, da CF/88, a concessão da benesse por meio de uma
isenção tributária. Dessa forma, por se tratar de uma desoneração tributária
e não estar prevista no corpo constitucional, não teremos uma imunidade,
mas, para esse caso da questão, uma isenção tributária a ser concedida
pela União federal.

12. (CESPE - 2004 - Procurador) Assinale a assertiva correta.

a) Classifica-se como específica a imunidade que aproveita a pequena gleba


rural, definida em lei, quando a explore, só ou com sua família, o
proprietário que não possua outro imóvel.

b) Tratando-se de isenção concedida por prazo certo, poderão, tanto a


isenção quanto a própria lei isentante, ser revogadas, mediante lei
específica, a qualquer tempo, desde que observado o princípio da
anterioridade.

c) A imunidade recíproca, qual seja, aquela que se aplica às pessoas


políticas entre si, não é extensiva às respectivas autarquias e fundações,
ainda que instituídas e mantidas pelo poder público, porque estas exercem
funções atípicas dentro da Administração.

d) A imunidade atinge as pessoas políticas assegurando, em caráter


genérico e como forma do não exercício da competência tributária de cada
uma delas, que não exijam tributos umas das outras.

e) A isenção e a imunidade são institutos tributários que se confundem,


dada sua mesma natureza jurídica, visto que seu efeito prático é o de
dispensar, mediante lei específica, o contribuinte de contribuir para os
cofres públicos, por meio da tributação.

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Alternativa a) Correta. As imunidades específicas são aquelas que têm


como destinatários pessoas ou bens determinados, ou tributos específicos. A
imunidade destinada à pequena gleba rural está presente no artigo 153,
§4º, II, da CF/88. Seu texto é o seguinte:

“Art. 153 (...)

VI - propriedade territorial rural; (...)

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a


desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais,


definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel;

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim


optarem, na forma da lei, desde que não implique redução
do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.”

Alternativa b) Incorreta. As isenções condicionadas são aquelas que,


para serem concedidas, dependem do atendimento, pelo sujeito passivo
beneficiário, de certos requisitos previstos em lei. Essas isenções estão
previstas no artigo 178, do CTN, que assim nos diz em seu texto:

“Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e


em função de determinadas condições, pode ser revogada
ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o
disposto no inciso III do art. 104.

As isenções condicionadas a que se referem o artigo acima podem ser


revogadas, mas apenas quanto à concessão de novas isenções. Aqueles que
já foram beneficiados, tendo cumprido os requisitos previstos em lei, e
enquanto durar o prazo previsto para a fruição do benefício, não poderão ter
a isenção revogada. Assim, a isenção condicionada, quanto aos que já se
beneficiaram, não poderá ser revogada.

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Alternativa c) Incorreta. De acordo com o artigo 150, §2º, da CF/88, a


imunidade recíproca foi estendida às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelos entes políticos. Conforme esse normativo constitucional, a
imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Entretanto, conforme o artigo 150, §3º, da CF/88, a extensão da imunidade


recíproca somente não se aplica quanto ao patrimônio, à renda e aos
serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.

Alternativa d) Incorreta. Essa alternativa foi um tanto complicada, já que


não citou a qual imunidade se refere seu texto. Entretanto, pela redação da
mesma, pode-se inferir que o elaborador desejava tratar da imunidade
recíproca, presente no artigo 150, VI, “a’, da CF/88. De acordo esse artigo,
a imunidade recíproca atinge apenas os impostos, e não todos os tributos
indistintamente. Essa imunidade, por exemplo, não se aplica às taxas.

Alternativa e) Incorreta. A isenção e a imunidade são institutos


tributários distintos, não possuindo a mesma natureza jurídica, embora os
efeitos práticos sejam idênticos, qual seja, dispensar o pagamento de
determinado tributo. A isenção é sempre concedida por lei do ente
competente para criar o tributo, enquanto a imunidade é sempre prevista
no texto constitucional.

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13. (CESPE/TEM/Contador/2014) Isenção e imunidade são benefícios


tributários previstos em lei ordinária, considerados como formas de não
incidência tributária.

Nessa questão foi solicitada a diferença básica entre os institutos da


imunidade e da isenção. Enquanto as imunidades estão sempre previstas no
corpo da CF/88, as isenções são sempre concedidas por lei do ente
competente para instituir e cobrar o tributo respectivo. A imunidade é de
natureza constitucional, enquanto a isenção é de natureza legal. Ambas, por
sua vez, são benefícios tributários.

Em outro ponto, as imunidades são formas de não incidência propriamente


dita, ou de não incidência stricto sensu, uma vez que não há a ocorrência do
fato gerador e nem o nascimento da relação jurídico-tributária, não
havendo, assim, nem lançamento nem crédito tributário a ser constituído.
De outro modo, na isenção, há a ocorrência do fato gerador e há o
nascimento da obrigação tributária, mas o lançamento é impedido de ser
realizado pela autoridade administrativa em razão da isenção concedida,
não havendo, assim, crédito tributário a ser cobrado do sujeito passivo.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

14. (CESPE/PGE-BA/Procurador/2014) Consideram-se benefícios


fiscais as imunidades previstas na CF.

As imunidades, tecnicamente, não são benefícios fiscais, uma vez que


esses, para serem concedidos, dependem de lei do ente competente para
instituir o respectivo tributo, enquanto que as imunidades são limitações
constitucionais ao poder de tributar, impedindo o nascimento da relação
jurídico-tributária. Na presente de uma imunidade, não há a ocorrência do
fato gerador e o consequente nascimento da obrigação tributária principal.

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A concessão de benefícios fiscais pressupõe a anterior instituição de um


tributo que, em razão de determinada situação ou característica do sujeito
passivo a ser beneficiado, tem sua tributação dispensada por um ato legal
do ente político competente; ou de deliberação no âmbito do CONFAZ
(Conselho Nacional de Político Fazendária), no caso de concessão de
benefícios fiscais relativos ao ICMS.

Por sua vez, o termo benefício fiscal é de caráter genérico, abrangendo as


seguintes espécies:

 Isenções;

 Redução da base de cálculo;

 Devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não,


do tributo ao contribuinte, ao responsável ou a terceiro;

 Concessão de crédito presumido;

 Quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais,


dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do
respectivo ônus.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

15. (CESPE/PGE-BA/Procurador/2014) A imunidade tributária recíproca


não é extensiva às empresas públicas.

De acordo com o texto da CF/88, a imunidade reciproca não foi realmente


estendida às empresas públicas e às sociedades de economia mista, mas
apenas às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados
a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme prescreve o
artigo 150, §2º, da CF/88.

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Contudo, o texto da assertiva apresentada não limitou a abrangência do seu


texto ao que prescreve expressamente a CF/88, indo além, alcançando as
decisões do STF sobre o tema da extensão da imunidade recíproca às
empresas públicas e às sociedades de economia mista.

A ECT foi a primeira entidade de direito privado pertencente à administração


pública indireta (empresa pública) a que o STF reconheceu a imunidade
recíproca em razão da prestação de serviço público obrigatório e exclusivo
do Estado. Esse entendimento, contudo, é extensivo também às sociedades
de economia mista com as mesmas características.

Na ocasião, o STF separou as empresas públicas prestadoras de serviços


públicos das empresas públicas que se configuram como instrumento de
participação do Estado na economia (não acobertadas pelo manto da
imunidade). A decisão sobre o tema nos diz o seguinte:

“EMENTA Tributário. Imunidade recíproca. Art. 150, VI, "a",


da Constituição Federal. Extensão. Empresa pública
prestadora de serviço público. Precedentes da Suprema
Corte. 1. Já assentou a Suprema Corte que a norma do art.
150, VI, "a", da Constituição Federal alcança as empresas
públicas prestadoras de serviço público, como é o caso da
autora (ECT), que não se confunde com as empresas
públicas que exercem atividade econômica em sentido
estrito. Com isso, impõe-se o reconhecimento da imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição
Federal. (ACO 959 RN, de 17/03/2008).”

Assim, a imunidade tributária recíproca a que alude o artigo 150, §2º, da


CF/88, é extensiva às empresas públicas, tendo sido estendida pelo STF,
além da ECT, à Infraero, à CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de
Rondônia) e à CODESP. Essas duas últimas, sociedades de economia mista.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

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16. (CESPE/PGE-BA/Procurador/2014) As taxas são alcançadas pelas


imunidades constitucionais previstas para as entidades de educação.

De acordo com o artigo 150, VI, “c”, da CF/88, e sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, entre outras proibições, instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei. Como se vê, a referida imunidade somente se aplica aos impostos,
não sendo extensível às taxas ou a outras espécies tributárias.

Do mesmo modo, não há, no texto constitucional, qualquer referencia à


imunidade quanto às taxas relativas às entidades e educação.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

17. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo/2014)


Segundo o STF, a imunidade tributária recíproca não abrange as empresas
públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos
de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, por se tratar de pessoa
jurídica de direito privado.

De acordo com o texto da CF/88, a imunidade reciproca não alcança as


empresas públicas e as sociedades de economia mista, mas apenas às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme prescreve o artigo
150, §2º, da CF/88.

Contudo, o texto da assertiva apresentada não se limitou apenas à


abrangência do seu texto ao que prescreve expressamente a CF/88, indo
além, alcançando as decisões do STF sobre o tema da extensão da

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imunidade recíproca às empresas públicas e às sociedades de economia


mista.

A ECT foi a primeira entidade de direito privado pertencente à administração


pública indireta (empresa pública) a que o STF reconheceu a imunidade
recíproca em razão da prestação de serviço público obrigatório e exclusivo
do Estado. Esse entendimento, contudo, é extensivo também às sociedades
de economia mista com as mesmas características.

Na ocasião, o STF separou as empresas públicas prestadoras de serviços


públicos das empresas públicas que se configuram como instrumento de
participação do Estado na economia (não acobertadas pelo manto da
imunidade). A decisão sobre o tema nos diz o seguinte:

“EMENTA Tributário. Imunidade recíproca. Art. 150, VI, "a",


da Constituição Federal. Extensão. Empresa pública
prestadora de serviço público. Precedentes da Suprema
Corte. 1. Já assentou a Suprema Corte que a norma do art.
150, VI, "a", da Constituição Federal alcança as empresas
públicas prestadoras de serviço público, como é o caso da
autora (ECT), que não se confunde com as empresas
públicas que exercem atividade econômica em sentido
estrito. Com isso, impõe-se o reconhecimento da imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição
Federal. (ACO 959 RN, de 17/03/2008).”

Assim, a imunidade tributária recíproca a que alude o artigo 150, §2º, da


CF/88, é extensiva às empresas públicas, tendo sido estendida pelo STF,
além da ECT, à Infraero, à CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de
Rondônia) e à CODESP. Essas duas últimas, sociedades de economia mista.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

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18. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo/2014) A


não incidência tributária consiste na dispensa legal do pagamento de tributo
em determinadas situações, autorizada pelo ente público competente para
instituí-lo.

A não incidência tratada no enunciado é a não incidência stricto sensu, em


que o ente político competente detém a competência tributária para instituir
o tributo, mas, por opção do legislador ordinário, determinada situação não
é incluída no campo de incidência do tributo. Desse modo, a não incidência
tributária consiste na dispensa legal do pagamento de tributo em
determinadas situações, autorizada pelo ente público competente para
instituí-lo, o que faz com que tenhamos como correta a assertiva
apresentada.

19. (CESPE/Polícia Federal/Contador/2014 – adaptada) Em virtude


da imunidade tributária recíproca dos entes da Federação, os pagamentos
efetuados por prefeitura municipal a empresa, em decorrência da prestação
de serviço de coleta de lixo, não estão sujeitos à incidência do imposto de
renda.

De acordo com a legislação tributária que trata do imposto de renda, estão


sujeitos à incidência do imposto de renda os rendimentos pagos ou
creditados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas civis ou
mercantis pela prestação de serviços em geral. A imunidade recíproca não
se aplica, porque o sujeito passivo nesse caso não é o Município, mas a
pessoa jurídica contratada para o serviço de coleta de lixo.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

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20. (CESPE - 2012 - TJ - CE - Juiz Substituto) No que se refere ao


instituto da imunidade tributária, assinale a opção correta em consonância
com a jurisprudência do STF.

a) A imunidade tributária conferida pela CF ao patrimônio, renda ou serviços


dos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos
trabalhadores, às instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, não se aplica aos imóveis alugados a terceiros, ainda que o valor
deles decorrente seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

b) Está abrangida pela imunidade estabelecida na CF eventual renda que,


obtida por instituição de assistência social mediante cobrança de
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destine-se ao
custeio das atividades desta.

c) Como a imunidade recíproca está inserida entre as denominadas


imunidades genéricas, pode o legislador constituinte derivado afastar a
aplicação desse instituto em determinada hipótese.

d) Ao interpretar o dispositivo constitucional que veda a instituição de


imposto sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade
limita-se aos prédios destinados ao culto.

e) A imunidade tributária conferida aos livros, jornais, periódicos e papel


destinado à sua impressão estende-se aos serviços de composição gráfica
necessários à composição do produto final.

Alternativa a) Incorreta. Essa alternativa é decorrente do que dispõe a


Súmula STF nº 724, que assim nos diz em seu texto:

“Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao


IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, "c", da constituição, desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais
de tais entidades.” (Grifos nosso)

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Alternativa b) Correta. As receitas decorrentes da cobrança de


estacionamento de veículos em áreas internas das entidades, e destinadas
ao custeio da atividade, estão acobertadas pela imunidade conferida
àquelas. O mesmo vale para as receitas decorrentes da venda ao público
em geral de ingressos de cinema. Em ambos os casos, a receita deve ser
utilizada nas finalidades essenciais das entidades, sem o qual não é devida a
benesse constitucional tributária. Veja as decisões do STF sobre o tema:

“EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA


CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO
SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE
VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE.
Ilegitimidade. Eventual renda obtida pela instituição de
assistência social mediante cobrança de estacionamento de
veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio
das atividades desta, está abrangida pela imunidade
prevista no dispositivo sob destaque. (RE 144900/SP, de
22/04/1997).”

Alternativa c) Incorreta. As imunidades são garantias constitucionais


asseguradas ao contribuinte, não podendo, sob qualquer fundamento,
serem afastadas quanto à sua aplicação em determinada situação ocorrida
no mundo real.

Alternativa d) Incorreta. Veja a seguinte decisão do STF sobre o tema:

“(...) A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve


abranger não somente os prédios destinados ao culto,
mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços
"relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas.” (RE 325822 / SP, de 18/12/2002)

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Alternativa e) Incorreta. Veja a seguinte decisão do STF sobre o tema:

“(...) A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d da


Constituição não alcança os serviços de composição gráfica
ou de impressão onerosos, oferecidos a terceiros
interessados. Segundo o quadro fático-jurídico definido nos
autos, o material produzido pela agravante é inassimilável
aos conceitos constitucionais-tributários de jornal, livro e
periódico, porquanto mais se aproximam de material
promocional ou de propaganda.” (AI 723018 AgR / MG, de
06/03/2012)

21. (CESPE - 2012 - TJ - PA - Juiz Substituto) Acerca das limitações ao


poder de tributar, assinale a opção correta.

a) O imóvel pertencente a partido político permanece imune ao IPTU, ainda


quando alugado a terceiros, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado
nas atividades essenciais dessa entidade.

c) A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência


social sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se houver contribuição dos beneficiários.

d) A imunidade conferida ao livro, prevista na CF, não abrange todo o


material necessário à sua confecção.

Alternativa a) Correta. Essa alternativa é decorrente do que dispõe a


Súmula STF nº 724, que assim nos diz em seu texto:

“Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao


IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, "c", da constituição, desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais
de tais entidades.” (Grifos nosso)

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Alternativa b) Incorreta. Essa alternativa decorre do que determina a


Súmula STF nº 730, que assim nos diz em seu texto:

“A imunidade tributária conferida a instituições de


assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c",
da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.”

Alternativa c) Incorreta. Veja o que nos diz o STF sobre o tema:

“(...) A razão de ser da imunidade prevista no texto


constitucional, e nada surge sem uma causa, uma razão
suficiente, uma necessidade, está no interesse da
sociedade em ver afastados procedimentos, ainda que
normatizados, capazes de inibir a produção material e
intelectual de livros, jornais e periódicos. O benefício
constitucional alcança não só o papel utilizado diretamente
na confecção dos bens referidos, como também insumos
nela consumidos com são os filmes e papéis fotográficos.”
(RE 174476 / SP, de 26/09/1996)

22. (CESPE - 2011 - TJ - ES - Juiz Substituto) Com base na disciplina


aplicável à imunidade tributária, assinale a opção correta.

a) A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou


seja, sobre eles é conferida, pela ordem constitucional, exoneração de
obrigação de pagar tributos.

c) A obtenção do registro no TSE é condição para a fruição da imunidade


pelos partidos políticos.

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c) Manuais técnicos no formato de apostilas virtuais não gozam da


imunidade tributária conferida aos livros, visto que só é considerado livro,
para efeitos fiscais, o que pode ser impresso e identificado como tal.

Alternativa a) Incorreta. O que a CF/88 aos tempos religiosos é um


imunidade, e não uma isenção, que somente é concedida por meio de lei,
enquanto que a imunidade, somente por disposição expressa na CF/88.

Alternativa b) Correta. Esse é um dos requisitos para que o partido


político venha a ser reconhecido como tal e possa usufruir da imunidade
constitucional presente no artigo 150, VI, “b”, da CF/88.

Alternativa c) Incorreta. O STF entende que, ao tempo da promulgação


da CF/88, o legislador constituinte originário não fez qualquer
distinção quanto à relevância ou ao valor artístico ou didático da
obra, ou ainda quanto à qualidade da produção cultural veiculada nos
meios impressos imunizados. Dessa maneira, bíblias, livros de poesias,
revistas pornôs, livros infantis, revistas de fofoca, entre outras publicações,
estão acobertadas pelo manto da imunidade cultural.

Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este


benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício
da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade
cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao
público infanto-juvenil (RE 221239, de 25/05/2004). O mesmo se observa
quanto ao material destinado a outras faixas etárias, por óbvio.

Veja a decisão do STF quanto ao tema:

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150,


VI, "D" DA CF/88. "ÁLBUM DE FIGURINHAS".
ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade tributária sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão tem
por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de
expressão intelectual, artística, científica e de comunicação,
bem como facilitar o acesso da população à cultura, à

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informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir


esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor
artístico ou didático, à relevância das informações
divulgadas ou à qualidade cultural de uma
publicação. 3. Não cabe ao aplicador da norma
constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído
para proteger direito tão importante ao exercício da
democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da
qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma
publicação destinada ao público infanto-juvenil.”

23. (CESPE - 2010 - BB CERT - Aspectos Jurídicos de Negócios


Bancários) Imunidade tributária

a) é um obstáculo decorrente de regra da CF à incidência da regra jurídica


de tributação.

b) constitui hipótese de exclusão do crédito tributário.

c) suspende a exigibilidade do crédito tributário.

d) é a dispensa legal de um tributo devido.

e) é sinônimo de alíquota zero.

A imunidade pode ser definida como uma hipótese de não incidência


constitucionalmente prevista no texto da Carta de 1988, configurando-se
como uma proibição à incidência tributária conferida expressamente pelo
legislador constitucional, seja originário ou derivado.

O instituto da imunidade pode ser definido ainda como uma delimitação


negativa da competência tributária, sendo uma forma qualificada de não
incidência de tributos em razão de uma vedação constitucional ao poder de
tributar.

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A imunidade fulmina qualquer elemento da relação jurídico-tributária:


hipóteses de incidência, fato gerador, obrigação tributária, lançamento e
crédito tributário.

Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão.

24. (CESPE - 2010 - BRB – Advogado) Quanto ao Sistema Tributário


Nacional, julgue o item a seguir:

A imunidade tributária recíproca é extensiva ao patrimônio, à renda e aos


serviços de autarquias, fundações e empresas públicas vinculadas à
entidade estatal respectiva.

De acordo com o texto da CF/88, a imunidade reciproca não alcança as


empresas públicas e as sociedades de economia mista, mas apenas às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme prescreve o artigo
150, §2º, da CF/88.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

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25. (CESPE - 2009 - TCE - ES - Procurador Especial de Contas) As


entidades fechadas de previdência social privada são alcançadas pela
imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins
lucrativos. Essa imunidade estende-se também para as entidades que
recebem contribuição de seus beneficiários.

Essa assertiva decorre do que determina a Súmula STF nº 730, que assim
nos diz em seu texto:

“A imunidade tributária conferida a instituições de


assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c",
da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.”

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

26. (CESPE/ANATEL/Especialista em Direito/2014) Segundo o STF, a


imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a
sua impressão alcança álbum de figurinhas e os respectivos cromos
adesivos, já que o constituinte não fez distinção de conteúdo, valor artístico
ou didático das informações.

Quanto a esse tema, o STF entendeu que, ao tempo da promulgação da


CF/88, o legislador constituinte originário não fez qualquer distinção quanto
à relevância, ao valor artístico ou didático da obra, ou ainda quanto à
qualidade da produção cultural veiculada nos meios impressos imunizados.
Dessa maneira, bíblias, livros de poesias, revistas pornôs, livros infantis,
revistas de fofoca, entre outras publicações, estão acobertadas pelo manto
da imunidade cultural.

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Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este


benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício
da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural
ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-
juvenil (RE 221239, de 25/05/2004). O mesmo se observa quanto ao
material destinado a outras faixas etárias, por óbvio.

Veja a decisão do STF quanto ao tema:

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150,


VI, "D" DA CF/88. "ÁLBUM DE FIGURINHAS".
ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade tributária sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão tem
por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de
expressão intelectual, artística, científica e de comunicação,
bem como facilitar o acesso da população à cultura, à
informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir
esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor
artístico ou didático, à relevância das informações
divulgadas ou à qualidade cultural de uma
publicação. 3. Não cabe ao aplicador da norma
constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído
para proteger direito tão importante ao exercício da
democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da
qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma
publicação destinada ao público infanto-juvenil.”

Assim, resta correta a assertiva apresentada.

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27. (CESPE/CGE-PI/Analista/2015) A imunidade recíproca entre os


entes tributantes estabelece a vedação da cobrança de impostos e taxas
entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios.

Conforme o artigo 150, VI, da CF/88, a vedação alcança apenas os


impostos, não se estendendo aos demais tributos previstos no nosso
sistema tributário. Logo, é perfeitamente possível, por exemplo, a cobrança
de taxas por um ente político junto a outro ente.

Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

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Gabarito

1 E 16 E
2 C 17 E
3 B 18 C
4 E 19 E
5 E 20 B
6 B 21 CEE
7 A 22 ECE
8 EEE 23 A
9 C 24 E
10 B 25 E
11 D 26 C
12 A 27 E
13 E 28
14 E 29
15 E 30

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ia

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