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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS

SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS FLORESTAS

CONSELHO NACIONAL DE REFLORESTAÇÃO

Orientações estratégicas
para a recuperação das áreas ardidas em 2003 e 2004

Lisboa
30 de Junho de 2005
2

Membros do Conselho Nacional de Reflorestação

DIRECÇÃO-GERAL DOS RECURSOS FLORESTAIS

SERVIÇO NACIONAL DE BOMBEIROS E PROTECÇÃO CIVIL

INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS PORTUGUESES

FEDERAÇÃO DOS PRODUTORES FLORESTAIS DE PORTUGAL

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS DE PRODUTORES


FLORESTAIS

ASSOCIAÇÃO FLORESTAL DE PORTUGAL

PROF. DOUTOR JOSÉ MIGUEL CARDOSO PEREIRA

PROF.ª DOUTORA HELENA FREITAS

ENG. ROGÉRIO FREIRE

ENCARREGADO DE MISSÃO DA EQUIPA DE REFLORESTAÇÃO

COORDENADOR DA COMISSÃO REGIONAL DE REFLORESTAÇÃO DO


PINHAL INTERIOR E BEIRA INTERIOR

COORDENADOR DA COMISSÃO REGIONAL DE REFLORESTAÇÃO DO


ALTO ALENTEJO

COORDENADORA DA COMISSÃO REGIONAL DE REFLORESTAÇÃO DO


RIBATEJO

COORDENADOR DA COMISSÃO REGIONAL DE REFLORESTAÇÃO DO


ALGARVE

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


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Índice Geral
1. Introdução _________________________________________________ 5
2. Os fogos dos Verões de 2003 e 2004 ____________________________ 7
3. A experiência do planeamento regional da recuperação de terrenos
ardidos em Portugal___________________________________________ 13
3.1. Perímetro Florestal do Marão Meia Via e Ordem ____________________ 14
3.2. Planos Especiais de Recuperação Florestal de áreas ardidas _________ 15
3.3. Projecto de Recuperação das Áreas Ardidas dos Incêndios de 1995 e 1999
na Serra do Caldeirão _____________________________________________ 16
4. O enquadramento legal e institucional__________________________ 19
4.1. Legislação geral e sistema de gestão territorial ____________________ 19
4.1.1. Reforma Estrutural do Sector Florestal __________________________________ 19
4.1.2. Sistema de Gestão Territorial _________________________________________ 21
4.2. Legislação especial ___________________________________________ 22
4.3. Agentes_____________________________________________________ 23
4.4. Instrumentos de apoio à recuperação florestal _____________________ 24
5. Orientações estratégicas_____________________________________ 27
5.1. Princípios gerais _____________________________________________ 27
5.2. Modelos de organização territorial _______________________________ 29
5.2.1. Conceitos de função dominante _______________________________________ 29
5.2.2. Normas para a expansão/redução da floresta e alteração da composição dos
povoamentos ___________________________________________________________ 32
5.2.2.1. Expansão/redução da floresta _____________________________________ 32
5.2.2.2. Alteração da composição dos povoamentos __________________________ 34
5.2.3. Medidas de silvicultura preventiva. Gestão de galerias ribeirinhas_____________ 37
5.2.3.1. Medidas de silvicultura preventiva __________________________________ 37
5.2.3.2. Gestão de galerias ribeirinhas _____________________________________ 39
5.2.4. Integração com usos não silvestres ____________________________________ 43
5.2.4.1. Protecção de aglomerados populacionais ____________________________ 44
5.2.4.2. Protecção de habitações e outras edificações_________________________ 44
5.3. Modelos gerais de silvicultura __________________________________ 47
5.3.1. Função geral de produção____________________________________________ 47
5.3.2. Função geral de protecção ___________________________________________ 50
5.3.3. Função geral de conservação de “habitats”, espécies da fauna e da flora e de
geomonumentos ________________________________________________________ 53
5.3.4. Função geral de silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores ___________ 58
5.3.5. Função geral de recreio, enquadramento paisagístico e estética da paisagem___ 59
5.4. Modelo de infraestruturação dos espaços florestais. Rede Regional de
Defesa da Floresta _______________________________________________ 62
5.4.1. Descrição geral ____________________________________________________ 62
5.4.1.1. Objectivo______________________________________________________ 62
5.4.1.2. Concepção e desenvolvimento ____________________________________ 62
5.4.1.3. Componentes __________________________________________________ 63
5.4.1.4. Execução e manutenção _________________________________________ 63
5.4.1.5. Financiamento _________________________________________________ 64
5.4.1.6. Monitorização __________________________________________________ 64
5.4.2. Componentes da Rede de Defesa da Floresta ____________________________ 65
5.4.2.1. Rede de faixas de gestão de combustível ____________________________ 65
5.4.2.2. Mosaico de parcelas de gestão de combustível _______________________ 71
5.4.2.3. Rede viária florestal DFCI ________________________________________ 75
5.4.2.4. Rede de pontos de água DFCI ____________________________________ 77
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5.4.2.4. Rede de pontos de água DFCI ____________________________________ 77
5.4.2.5. Rede de vigilância e detecção de fogos _____________________________ 78
5.4.2.6. Rede de infraestruturas de combate ________________________________ 78

Índice de Quadros
Quadro 1: Reforma do sector florestal. Enquadramento legislativo _____________________ 20
Quadro 2:. Recuperação de áreas ardidas em 2003 e 2004e instrumentos de apoio. _______ 25
Quadro 3: Níveis de análise funcional dos espaços florestais__________________________ 30
Quadro 4: Classificação funcional dos espaços florestais no âmbito das regiões de
reflorestação _______________________________________________________ 31
Quadro 5: Critérios para a intervenção na recuperação de áreas ardidas ________________ 33
Quadro 6: Legislação de referência para a composição dos povoamentos _______________ 36
Quadro 7: Lista indicativa de espécies aconselháveis para a rearborização de terrenos ardidos,
segundo as regiões biogeográficas (zonas ribeirinhas). ______________________ 40
Quadro 8: Modelos gerais de silvicultura – produção ________________________________ 47
Quadro 9: Modelos gerais de silvicultura - protecção ________________________________ 50
Quadro 10: Vegetação natural potencial nas regiões de reflorestação. Formações arbóreas _ 54
Quadro 11: Modelos gerais de silvicultura - silvopastorícia ____________________________ 58
Quadro 12: Modelos gerais de silvicultura - recreio__________________________________ 59
Quadro 13: Espécies, regiões e funções dominantes (síntese)_________________________ 61
Quadro 14: Rede primária de FGC ______________________________________________ 68
Quadro 15: Rede secundária de FGC ____________________________________________ 69
Quadro 16: Rede terciária de FGC ______________________________________________ 70
Quadro 17: Metodologia proposta para o planeamento, implementação, manutenção e
monitorização das redes primárias de faixas de gestão de combustível e dos
mosaicos de parcelas de gestão de combustível. ___________________________ 73

Índice de Figuras
Figura 1: Terrenos arborizados percorridos por incêndios em 2003 e 2004. _______________ 6
Figura 2. Localização de incêndios com área superior a 5000 hectares, ocorridos entre 1962 e
2004. _____________________________________________________________ 11
Figura 3. Regiões biogeográficas (geosséries ribeirinhas). ____________________________ 42
Figura 4. Exemplo de faixa de gestão de combustível na zona envolvente de uma habitação
inserida em espaço florestal ___________________________________________ 46
Figura 5: Tipos de floresta indígena dominante (retirado da CARTA BIOGEOGRÁFICA DE PORTUGAL
CONTINENTAL). ______________________________________________________ 57

Índice de Gráficos
Gráfico 1. Áreas florestais ardidas entre 1970 e 2004. Médias móveis de 5 anos.___________ 7

Índice de Anexos
Anexo I ...................................................................................................................................82
Anexo II ..................................................................................................................................85
Anexo III .................................................................................................................................86
Anexo IV .................................................................................................................................93
Anexo V................................................................................................................................110
Anexo VI ...............................................................................................................................112
Anexo VII ..............................................................................................................................115

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1. Introdução
As presentes Orientações Estratégicas visam dar cumprimento à alínea a) do
n.º 8 da Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 17/2004, que
determina que cabe ao Conselho Nacional de Reflorestação (CNR) “Definir as
orientações estratégicas de carácter geral para a recuperação das áreas
afectadas pelo fogo, com respeito pelos objectivos e funções dominantes dos
espaços florestais”. Estas orientações destinam-se a ser aplicadas no território
de actuação das 4 comissões regionais de reflorestação (regiões de
reflorestação) criadas por essa RCM na sequência dos fogos florestais do
Verão de 2003: Pinhal Interior e Beira Interior, Ribatejo, Alto Alentejo e
Algarve.
As 4 regiões de reflorestação abrangem 27 municípios, correspondentes a
66% da superfície queimada em 2003 (cerca de 280 000 hectares). Os critérios
que presidiram à identificação das regiões a tratar prioritariamente foram os
seguintes:
1. Terem sofrido fogos florestais de grande dimensão, que tivessem
afectado uma percentagem significativa do território em causa (FIGURA
1). Com este critério pretendeu-se seleccionar áreas de intervenção
com escala, que facilitem o planeamento e a realização de acções de
infraestruturação e de organização espacial efectivamente estruturantes
dos espaços rurais, a um nível supra-municipal;
2. Possuírem anteriormente espaços florestais arborizados. Embora a
perspectiva abrangente do planeamento florestal implique uma
abordagem global à totalidade dos espaços florestais (e mesmo dos
rurais), a brutal dimensão territorial da superfície queimada em 2003
impõe uma recuperação prioritária das regiões em que os espaços
florestais estavam anteriormente arborizados, atendendo ao maior valor
económico, paisagístico e na maior parte das vezes ecológico da
floresta, face às formações arbustivas e herbáceas espontâneas.
Esta prioridade é reforçada pelo facto de em 2003 terem sido afectados
sistemas florestais anteriormente considerados menos susceptíveis aos
fogos, como sejam os montados e outros povoamentos de folhosas, de
rápido crescimento ou não, para os quais urge definir novas normas
específicas que assegurem a sua recuperação e que evitem a repetição
deste tipo de eventos catastróficos. Os vastíssimos fogos florestais
ocorridos no sudeste do país em 2004 confirmaram a urgência na
concepção de novas formas de planeamento e gestão dos espaços
rurais.
Por despacho do Secretário de Estado das Florestas de 30 de Novembro de
2004, e pela Resolução do Conselho de Ministros n.º23/2005, de 28 de
Janeiro, na região da serra do Caldeirão/Mu serão aplicadas as directrizes
emanadas pela Comissão Regional de Reflorestação do Algarve. Esta região
de intervenção abarca os concelhos de Almodôvar, Silves, Loulé, São Brás de
Alportel e Tavira.
A elaboração das orientações decorre num contexto de profunda
reorganização do sector florestal, aos níveis estratégico, normativo e
organizacional. Em Outubro de 2003, com a REFORMA ESTRUTURAL DO SECTOR
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FLORESTAL (RESF), foi decidida quer a adopção de novas formas de
intervenção territorial quer a rápida concretização de medidas de política já
previstas na LEI DE BASES DA POLÍTICA FLORESTAL de 1996.
Em Dezembro de 2004 a Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais
(APIF) deu início à elaboração do Plano Nacional de Defesa da Floresta
Contra Incêndios, que engloba um capítulo dedicado à recuperação das áreas
ardidas, e durante o ano de 2005 será elaborado pela DGRF o Plano Nacional
para as Florestas. Neste mesmo ano foram já regulamentadas as zonas de
intervenção florestal (ZIF) e medidas de carácter excepcional para a
regularização da situação jurídica dos prédios rústicos em áreas florestais.
Está ainda prevista a alteração de instrumentos de apoio nacionais e
comunitários determinantes para os espaços rurais e para a sua evolução
futura, pelo que se deverá também entender estas Orientações como “estudos
prévios” para a sua adaptação à realidade das regiões devastadas pelos fogos
de 2003 e 2004.

Figura 1: Terrenos arborizados percorridos por incêndios em 2003 e 2004.

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2. Os fogos dos
dos Verões
Verões de 2003 e 2004

O Verão de 2003 assistiu à pior época de fogos florestais de sempre em


Portugal. A superfície territorial percorrida por incêndios totalizou cerca de
420 000 ha, sendo este valor 4 vezes superior à média do decénio 1993-2002
e 3,4 vezes à do quinquénio 1998-2002, que já fora o pior desde que há
estatísticas oficiais (GRÁFICO 1). Em 2004 ocorreram novos episódios
meteorológicos extremos e, em simultâneo, incêndios florestais que no
sudoeste da Península Ibérica devastaram novamente extensas áreas de
espaços florestais supostamente mais resistentes aos fogos.

200000
ha
180000

160000

140000

120000

100000

80000
matos
60000

40000

20000 povoamentos
0
75

77

79

81

83

85

87

89

91

93

95

97

99

01

03
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

Gráfico 1. Áreas florestais ardidas entre 1970 e 2004. Médias móveis de 5


anos. Fonte: DGRF
Em 2003 quase 8,5% da superfície arborizada do continente ardeu, o não teve
paralelo nos outros países vizinhos. 20 pessoas morreram em consequência
directa dos fogos; 3 848 famílias foram directamente afectadas. Como exemplo
dos danos patrimoniais indique-se um saldo final de 244 habitações destruídas
ou parcialmente danificadas, 2500 edifícios igualmente destruídos ou
danificados ou ainda 62 empresas afectadas.
Dificilmente porém será apurada a real dimensão dos prejuízos em patrimónios
naturais e culturais, como os recursos hídricos e pedológicos, a diversidade
biológica, a qualidade do ar ou a paisagem, e na base económica do país, em
sectores tão diversos como as fileiras florestais, o turismo ou a produção de
energia.
Quais as causas da dimensão catastrófica dos fogos em 2003 e 2004? Que
implicações para o ordenamento e gestão florestais?
Entre os documentos de análise produzidos na sequência dos fogos, que
constam no ANEXO I, salientamos o RELATÓRIO DA COMISSÃO EVENTUAL PARA OS
INCÊNDIOS FLORESTAIS DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA que identifica os diversos
factores, estruturais e conjunturais, explicativos da catástrofe:

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- Desordenamento e abandono dos espaços florestais, a que acresce
uma profunda mutação na organização dos espaços rurais, com o
abandono das actividades agrícolas tradicionais, que frequentemente
compartimentavam e estruturavam os povoamento florestais;
- Uma onda de calor e, nalgumas regiões, um período seco prolongado,
que elevou os índices de risco a valores extremos durante largos
períodos;
- A situação meteorológica e o número e dimensão dos incêndios
verificados acentuaram deficiências antigas no âmbito da logística,
comunicações, coordenação dos meios aéreos e adequação dos meios
de combate;
- A origem criminosa, com negligência ou dolo, da grande maioria dos
fogos com causa apurada;
- O não cumprimento ou concretização de grande parte da legislação
florestal.
Relativamente às causas identificadas pela COMISSÃO EVENTUAL e como
tendências pesadas a ter em conta no planeamento da recuperação das áreas
ardidas em 2003 salientamos ainda:
- Uma acrescida dificuldade em travar o despovoamento das regiões
florestais e o abandono das práticas agrárias tradicionais, até pela
aplicação das novas medidas de política agrícola comum europeias, que
propiciarão o acumular de combustíveis na generalidade dos espaços
rurais;
- O agravamento projectado das condições climáticas que propiciam a
ocorrência dos incêndios (PEREIRA E SANTOS, 2003);
- A grande dificuldade de, no curto-médio prazo, se conseguir uma
substancial mudança comportamental no uso do fogo por segmentos
importantes da população que vive nos meios rurais e nos urbanos, para
além das sempre problemáticas repressão e dissuasão da actividade
criminosa.
Como recomendações para a recuperação das áreas ardidas a COMISSÃO
EVENTUAL referiu, entre outras (itálico nosso):
- “Que o modelo de floresta a desenvolver se baseie nos princípios da
gestão florestal sustentável, tenha em conta a incidência das alterações
climáticas, a diversificação e a utilização de espécies mais resistentes
ao fogo, usos múltiplos e a necessidade de compartimentação dos
espaços.
- A criação das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) destinadas a dar
corpo a intervenções em espaços florestais contíguos e de minifúndio, é
um passo positivo destinado a inverter a situação de abandono hoje
existente nas áreas florestais;
- Dada a dimensão da área ardida nos incêndios do Verão passado, deve
constituir uma prioridade a realização da reflorestação destas áreas,
aproveitando esta oportunidade para introduzir critérios de ordenamento,
diversificação e compartimentação florestal e de organização da gestão
das propriedades florestais.

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- Considera-se fundamental, em especial nas áreas protegidas e da Rede
Natura 2000, avaliar a capacidade de regeneração natural dos locais
atingidos, seguindo-se, em complemento e sempre que entendida
necessária, a reposição das espécies autóctones e o controlo das
exóticas consideradas invasoras.”
Estas indicações recuperam e desenvolvem algumas das constantes na
Resolução da Assembleia da República n.º 71/2003, de 22 de Agosto, das
quais se destaca a recomendação ao governo para adoptar ”espécies
adequadas nas acções de repovoamento e reordenamento florestal, realizadas
em moldes modernos, bem como a adopção dos necessários mecanismos de
prevenção”.
Apesar da dimensão especialmente catastrófica dos fogos em 2003, em
determinadas regiões do continente o fenómeno tornou-se endémico a partir
da década de 60 do século passado. Diversas regiões NUTS III possuem
mesmo taxas anuais médias de incidência de fogos nos espaços florestais de
5%, um valor inconcebível numa sociedade europeia organizada e que
inviabiliza, por si só, qualquer tipo de investimento para a valorização desses
espaços.
Num documento percursor e, infelizmente, premonitório do que viria a suceder
nas décadas seguintes, QUINTANILHA ET AL. (1965) identificam as estratégias
necessárias para a resolução do problema, então emergente, dos grandes
incêndios na floresta privada das regiões em processo de despovoamento.
Gizado na sequência de incêndios de grandes dimensões que afectaram, em
parte, propriedades administradas pelos Serviços Florestais e, também, após a
criação da primeira comissão interministerial sobre incêndios florestais,
constitui nas suas linhas gerais uma proposta actual, que incluía entre outros
princípios:
- A redefinição da gestão florestal privada em “moldes novos” nas regiões
florestais de minifúndio, constituindo zonas de intervenção (“polígonos
florestais”) com dimensão suficiente para “encarar com realismo e
eficiência a resolução de problemas de produção e conservação
florestais”, designadamente através da introdução de medidas de
silvicultura preventiva e de infraestruturação;
- O planeamento da infraestruturação dos espaços florestais e da sua
defesa a um nível sub-regional (em superfícies de 50 a 60 mil hectares);
- A adopção de novos sistemas de prevenção e combate, assentes na
profissionalização dos seus agentes, designadamente dos bombeiros e
dos sapadores florestais;
- A indispensabilidade da revitalização social e demográfica das regiões
florestais.
Apesar de diversas medidas preconizadas no relatório terem sido
implementadas pela organização florestal do Estado, com rapidez e
continuidade variáveis, muitas delas não o foram (em especial as que
implicavam mudanças realmente estruturais) e outras, ainda, foram-no no
sentido inverso do proposto.
Mais recentemente, em 2002 PEREIRA ET AL. propuseram a adopção de um
vasto conjunto de medidas no âmbito da gestão dos espaços florestais, das
quais se destacam:

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- A restrição da florestação nas regiões com previsível maior risco
meteorológico de fogo no futuro;
- A constituição de redes de corredores florestais especificamente geridos
para conter a propagação de grandes incêndios;
- A diversificação da gama de espécies arbóreas, com ênfase nas
espécies folhosas caducifólias;
- O desenvolvimento de programas de fogo controlado;
- A regulamentação da expansão urbana em zonas de interface com os
espaços florestais, bem como a introdução de programas de controlo de
combustíveis nessa interface;
- A aposta decisiva em investimentos na prevenção e na política de
gestão do fogo, pela impossibilidade de manter uma infraestrutura de
combate aos fogos permanentemente dimensionada para lidar, em
períodos relativamente curtos mas cada vez mais frequentes, com
grande número de incêndios de elevada intensidade.
Confirmou-se assim, se tal necessário fosse, a urgência da adopção de uma
nova forma de intervenção no território que inverta a tendência de um
(incontrolável) aumento da incidência anual de fogos florestais, como se
constata no GRÁFICO 1. Importa também contrariar a propensão para a
ocorrência de incêndios de muito grande dimensão, em especial no Centro-sul
e no Sul do País (FIGURA 2).
Como refere MOREIRA DA SILVA (1988) “nos grandes incêndios da actualidade
está a génese de ainda maiores incêndios no futuro”, pelo que assume
especial relevância nas regiões ardidas o tratamento da questão DFCI. Neste
aspecto, sem deixar de reconhecer a importância fundamental de actuar nos
dois restantes pilares da defesa da floresta contra incêndios – prevenção da
sua eclosão e combate1, imprescindíveis para o sucesso da estratégia de
DFCI, a ênfase deverá ser colocada acima de tudo:
- Na organização do espaço rural e na gestão estratégica dos
combustíveis florestais, substituindo os sistemas agrários que
colapsaram a partir da década de 50 e criando espaços florestais mais
resistentes aos fogos e menos dependentes das forças de combate;
- Na integração eficiente da gestão florestal com o combate, garantindo
que os investimentos e opções silvícolas sejam eficazmente utilizadas
em caso de incêndio.

1
Como referem, por exemplo, sucessivos relatórios de peritos nacionais e estrangeiros
relativamente à organização do combate e à adopção de novas técnicas neste âmbito (e.g.
BEIGHLEY & QUINSENBERRY, 2004).
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Figura 2. Localização de incêndios com área superior a 5000 hectares,


ocorridos entre 1962 e 2004.
(Consultar o ANEXO II)

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Bibliografia

BEIGHLEY, M., QUINSENBERRY, M., 2004. USA-Portugal Wildland Fire


Technical Exchange Project. Final Report. USDA Forest Service, 11 p.
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PLANEAMENTO E ESTATÍSTICA, 2001.
Inventário Florestal Nacional. 3.ª Revisão, 1995-1998. Relatório Final.
Direcção-Geral das Florestas, Lisboa, 234 p.
J. C. PEREIRA, J.C., SANTOS, M.T., 2003. Áreas Queimadas e Risco de
Incêndio em Portugal. Direcção-Geral das Florestas, Lisboa, 64 p.
PEREIRA, J.S., CORREIA, A.V., CORREIA, A.P., BRANCO, M., BUGALHO,
M., CALDEIRA, M.C., CRUZ, C.S., FREITAS, H., OLIVEIRA, A.C., PEREIRA,
J.M.C., REIS, R.M:, VASCONCELOS, M.J.P., 2002. Forests and Biodiversity. In
Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and Adaptation Measures
(Eds. F.D. Santos, K. Forbes & R. Moita), Gradiva, Lisboa, pp. 363-413.
QUINTANILHA, V., SILVA, E. J. DA, SILVA, J. M. DA, 1965. Princípios Básicos
de Luta Contra Incêndios na Floresta Particular Portuguesa. Direcção-Geral
dos Serviços Florestais e Aquícolas, Porto, 51 p.
SILVA, J. M. DA, 1988. Corta-fogos e outras práticas silvícolas de prevenção
nos incêndios florestais. Simpósio sobre a Floresta e o Ordenamento do
Espaço de Montanha, UTAD/SPCF, Vila Real, pp. 213-226.

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3. A experiência
experiência do planeamento regional da
recuperação de terrenos ardidos em
Portugal

O planeamento da recuperação de espaços percorridos por grandes incêndios


florestais tem um longo historial em Portugal, dada a dimensão que este
fenómeno vem ganhando nos últimos 50 anos (ANEXO II).
Numa vertente exclusivamente biofísica2, a recuperação de áreas ardidas
envolve, tradicionalmente e para os sistemas florestais de silvicultura não
intensiva, três fases distintas:
− A primeira, muitas vezes designada como de “intervenção” ou
“estabilização de emergência”, decorre logo após (ou ainda mesmo
durante) a fase de combate ao incêndio e visa não só o controlo da
erosão e a protecção da rede hidrográfica, mas também a defesa das
infraestruturas e das estações e habitats mais sensíveis;
− Segue-se uma fase de “reabilitação”, nos dois anos seguintes, em que
se procede, entre outras acções, à avaliação dos danos e da reacção
dos ecossistemas, à recolha de salvados e, eventualmente, ao
controlo fitossanitário, a acções de recuperação biofísica e mesmo já à
reflorestação de zonas mais sensíveis;
− Na terceira fase são planeados e implementados os projectos
definitivos de recuperação/reflorestação, normalmente a partir dos três
anos após a passagem do fogo.
Não existem procedimentos normalizados relativamente às duas primeiras
fases, cuja implementação é responsabilidade do proprietário florestal ou de
entidades públicas em zonas especiais de gestão (perímetros florestais, áreas
protegidas, albufeiras de águas públicas, etc.); são excepção os anos de
épocas severas de fogos florestais, em que são instituídos mecanismos
excepcionais de apoio ao controlo da erosão, à recolha de salvados, à
silvopastorícia, etc.
Após o Verão de 2003 foi criado um regime alargado de auxílio às áreas
sinistradas, em parte suportado pelo Fundo de Solidariedade da União
Europeia, que abrangeu um leque variado de operações de emergência, desde
a reparação de infraestruturas municipais até à protecção de ecossistemas e
espécies classificadas ou ao controlo da erosão e risco de cheias3. Também
em Setembro de 2003 foi aprovado o Programa de Emergência para Avaliação
e Minimização de Riscos de Cheias e de Erosão em Zonas Afectadas por
Incêndios Florestais, coordenado pelo Instituto da Água e envolvendo ainda as
2
A recuperação de ecossistemas reveste-se sempre, e em simultâneo, com uma componente
de salvaguarda do bem-estar humano (SOCIETY FOR ECOLOGICAL RESTORATION INTERNATIONAL,
2004). Esta vertente não é no entanto tratada no âmbito destas Orientações Estratégicas.
3
Consultar, quanto a este aspecto, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 106-B/2003, de
11 de Agosto, a Decisão C(2003)4349, da Comissão, de 17 de Novembro, e o Despacho
conjunto dos Ministros das Finanças e da Administração Interna n.º 94/2004, de 21 de
Fevereiro, bem como legislação complementar.
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direcções regionais do ambiente, a Direcção-Geral das Florestas e o Instituto
da Conservação da Natureza.
No que respeita à fase 3 são numerosas as experiências de recuperação
florestal pós-incêndio que, como já se referiu, teve o primeiro enquadramento
legal com o Dec.-Lei n.º 488/70, de 21 de Outubro, o qual previa um apoio
especial à reflorestação e encarregava a Direcção-Geral dos Serviços
Florestais e Aquícolas de “tomar todas as disposições tendentes à
reconstituição dos povoamentos florestais atingidos por incêndios”. Em 1988
foi incluído no chamado “Pacote Florestal” o Decreto-Lei n.º 139/88, de 22 de
Abril, que estabelece o regime a que ficam sujeitas as áreas de povoamentos
florestais percorridas por incêndios e prevê como regra geral a rearborização
dos terrenos florestais ardidos4.
A década de 1980 assistiu a iniciativas interessantes de recuperação após
grandes incêndios, das quais realçamos a que se desenvolveu no Perímetro
Florestal da Serra do Marão após o incêndio de 1985, em que novas
metodologias de organização do espaço (algumas desenvolvidas com base
nos ensinamentos colhidos com o próprio incêndio) foram concretizadas em
larga escala, com sucesso até ao momento.
Uma nova e fundamental orientação para a recuperação de áreas percorridas
por grandes incêndios foi introduzida pela LEI DE BASES DA POLÍTICA FLORESTAL
que determina que “compete ao Estado promover, em áreas percorridas por
incêndios de grandes dimensões, a constituição de unidades de exploração,
designadamente de gestão mista, de modo a garantir uma rearborização
adequada e a sua futura gestão em condições adequadas do ponto de vista
silvícola” (al. d) do art.º 8.º).
Interessa por isso analisar, ainda que brevemente, os casos mais
representativos e salientar os aspecto que interessem para a recuperação das
áreas ardidas no âmbito das regiões de reflorestação.
3.1. Perímetro Florestal do Marão Meia Via e Ordem
A primeira referência de uma abordagem de planeamento de nível sub-regional
surge em meados da década de 80, com as iniciativas lideradas pela
Circunscrição Florestal do Porto para a recuperação da serra do Marão, que
sofrera um incêndio de cerca de cerca de 3000 hectares em Setembro de
1985. Com recurso a um conjunto de metodologias e orientações inovadoras
para a época, seis meses após o incêndio foi iniciada a elaboração do Projecto
de Aproveitamento dos Recursos Naturais no Perímetro Florestal do Marão,
Meia Via e Ordem, abrangendo uma superfície de 9700 ha, que
progressivamente veio a ser implantado através de projectos florestais
financiados pelo PAF e pelo PDF.
Merecem ser salientadas neste programa de recuperação:
- A adopção de uma perspectiva integrada da intervenção florestal, com
identificação de objectivos que iam desde a arborização ao
desenvolvimento da silvopastorícia ou à salvaguarda do património
cultural e monumental;

4
Para as áreas protegidas o regime é o estabelecido pelo Dec.-Lei n.º 180/89, de 30 de Maio.
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15
- A concretização de uma intervenção interdisciplinar, com a participação
da UTAD, da DRAEDM ou do IPPAR, para além de especialistas em
geologia, botânica ou sociologia rural;
- A incorporação no projecto de orientações técnicas resultantes da
análise do comportamento do fogo.
Deve ainda ser ressalvado o facto, importante, deste processo de recuperação
se desenvolver exclusivamente em terrenos comunitários sob gestão do
Estado, num território em que a intervenção técnica dos Serviços Florestais se
havia iniciado já em 1916. Não foi possível, porém, associar a este esforço de
recuperação florestal os espaços florestais contíguos no maciço do Marão
(vertente leste) e na vizinha serra do Alvão, submetidos também ao regime
florestal mas sob a jurisdição de outra circunscrição florestal, facto que a
acontecer lhe conferiria uma dimensão verdadeiramente regional.

3.2. Planos Especiais de Recuperação Florestal de


áreas ardidas
Outro marco importante na história da recuperação de áreas ardidas constituiu
o esforço de elaboração de planos especiais de recuperação florestal de áreas
ardidas (PERF) entre 1991 e 1992.
No auge de um dos piores anos de fogos florestais, o Secretário de Estado da
Agricultura determina, por despacho de 31 de Julho de 1991, a elaboração
imediata de PERF para as áreas ardidas de um conjunto alargado de 20
municípios afectados pelos incêndios desse Verão: Arouca, Seia, Oliveira do
Hospital, Vila Nova de Poiares, Covilhã, Fundão, Pedrógão Grande, Sertã,
Oleiros, Proença-a-Nova, Mação, Castelo Branco, Ourém, Ferreira do Zêzere,
Rio Maior, Alcobaça, Abrantes, Coruche, Salvaterra de Magos e Monchique e
Portimão.
Os planos deveriam ser elaborados pela DGF num prazo não superior a 6
meses, para o que foi constituída uma equipa de projecto interna com técnicos
dos serviços centrais e regionais. Foi igualmente determinado que os PERF
considerariam a ocupação das áreas segundo o seu aproveitamento integrado
e aderente à realidade sócio-económica da região e que, para tal, a DGF
deveria incentivar o envolvimento dos proprietários e solicitar a colaboração da
ANMP, do SNB, das CCR, das DRA e das universidades.
Foram elaborados 6 planos para as regiões de Vila Nova de Poiares, Oliveira
do Hospital, Pedrógão Grande, Mação, Coruche e Salvaterra de Magos e
Monchique e Portimão, com áreas de intervenção que variavam de 392 ha
(Oliveira do Hospital) a 12 800 ha (Monchique).
A eficácia destes planos pode avaliar-se no facto de vários dos concelhos
abrangidos (Mação, Monchique e Portimão) terem sido afectados por grandes
incêndios na década seguinte e, especialmente, em 2003. O que falhou então
neste notável esforço de planeamento da recuperação das áreas ardidas? A
resposta estará num complexo de factores, que interessa analisar:
- Os PERF incluíam apenas uma proposta de “modelo de ocupação do
espaço florestal”, muito focada nos modelos de silvicultura a utilizar, não
abordando por exemplo questões como a medidas de DFCI futuras nas
áreas a recuperar;

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16
- Os PERF apostaram essencialmente numa lógica de “planeamento da
arborização”, de boa qualidade aliás, deixando para segundo plano a
resolução dos vários bloqueios fundamentais à gestão, por eles aliás
identificados;
- Os PERF incidiam exclusivamente sobre as áreas ardidas, relativamente
pouco extensas, o que não permitia uma intervenção estruturante de
nível sub-regional, pelo que o impacte na reorganização dos espaços
rurais foi mínima;
- O prazo estabelecido para a execução dos PERF foi demasiado curto,
não permitindo a concretização de várias das orientações presentes no
próprio despacho do SEA, incluindo a participação activa dos
proprietários ou das suas organizações;
- Não surgem identificados responsáveis pela execução dos planos, nem
prazos ou mesmo meios financeiros, pelo que a sua concretização ficou
dependente da vontade dos detentores ou gestores dos terrenos
afectados e dos diferentes serviços responsáveis pelo sector florestal.
Nalguns casos as autarquias (p.ex. a Câmara Municipal de Mação, que
fomentou a criação de áreas agrupadas de produtores florestais), noutros
casos as associações de produtores florestais (p. ex. a Assoc. dos Prod. Flor.
do Concelho de Coruche e Limítrofes) e ainda noutros a própria DGF/IF (nas
áreas comunitárias sob sua gestão, como sucedeu no caso da Delegação
Florestal da Beira Litoral, que elaborou o Plano Integrado de Aproveitamento
dos Recursos do Perímetro Florestal da Senhora das Necessidades) lideraram
a aplicação dos planos, quase sempre através de projectos aprovados no
âmbito do PAF ou já do PDF.
O processo de concretização destes projectos, no entanto, foi extremamente
demorado: no caso de Coruche e Salvaterra de Magos, depois de sucessivas
alterações na fórmula de apresentação dos projectos, a sua execução no
terreno apenas viria a ser iniciada em 1999, oito anos após os fogos. Para
além disso, tanto neste como noutros PERF, as interessantes propostas neles
contidas não foram na generalidade adoptadas.

3.3. Projecto de Recuperação das Áreas Ardidas dos


Incêndios de 1995 e 1999 na Serra do Caldeirão
A recuperação das áreas ardidas nos incêndios de 1995 e 1999 na Serra do
Caldeirão teve, desde o início, uma participação muito activa da população e
das suas organizações locais, no sentido de encontrar uma solução que
levasse a minimizar os prejuízos sofridos e que restabelecesse o potencial
produtivo de uma área do País que tem as melhores cortiças.
A solução encontrada na Direcção Regional de Agricultura do Algarve
(DRAAlg) foi a de disponibilizar apoio técnico dos próprios serviços e, ao
mesmo tempo, criar no local uma estrutura técnica permanente.
A partir destas premissas, foi elaborado um projecto para a criação de um
Gabinete Técnico tendo em vista a elaboração de um plano de ordenamento
para a área ardida e envolvente e os planos de recuperação para cada um dos
incêndios. O lançamento desse Gabinete Técnico Florestal foi só possível
através do financiamento de um projecto aprovado ao abrigo do INTERREG II.

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17
A selecção dos técnicos foi feita com objectivo de envolver um conjunto
diversificado de áreas de competência profissional: floresta, agricultura,
pecuária e sociologia. A equipa foi constituída por 3 técnicos, 2 licenciados e 1
bacharel. O técnico licenciado em ciências florestais assumiu a coordenação
da equipa, apoiado na retaguarda pela Direcção de Serviços das Florestas da
DRAAlg.
Além da elaboração dos planos, foi também estabelecida a criação da
Associação dos Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, no sentido de
garantir a continuidade no terreno do trabalho de planeamento após a
conclusão do projecto INTERREG II, com uma estrutura autónoma da Direcção
Regional mas cumprindo os objectivos do programa inicialmente delineado.
Este Gabinete Técnico teve desde o seu início o apoio das Câmaras
Municipais de Loulé e S. Brás de Alportel e posteriormente, após a criação da
Associação dos Produtores Florestais, também contou com uma parceria com
a Câmara de Municipal de Tavira.
O alicerce desta organização de produtores foi o movimento dos produtores
lesados nos incêndios, apoiados pelo MADRP técnica e financeiramente no 1.º
ano, através da criação do Gabinete Técnico. O seu funcionamento e
crescimento estão a ser assegurados por um projecto AGRIS 3.1 e por receitas
próprias, em valor já considerável.
As áreas de trabalho da associação vão desde ao apoio técnico ao produtor,
apoio ao investimento (através elaboração dos projectos e execução ou não
dos trabalhos previstos), projectos de defesa da floresta contra incêndios,
gestão de uma equipa de sapadores, levantamento cadastral dos prédios,
projectos de investigação/experimentação, formação profissional e outras
actividades também relevantes.
Apesar de uma parte da área de influência da Associação ter sido afectada
pelo grande incêndio da serra do Caldeirão de 2004, deve ser assinalada a
plena integração da equipa técnica com os produtores, o seu profissionalismo
e a capacidade (e necessidade) de aumentar a área e profundidade de
intervenção da Associação no território.

Dos três casos acima exemplificados5 podem ser retiradas as seguintes


ilações para os processos de recuperação de espaços florestais atingidos por
incêndios de grandes dimensões:
- A intervenção exclusiva nos terrenos ardidos (ou em zonas de reduzida
dimensão, no caso dos fogos mais pequenos) oferece poucas garantias
de sucesso quanto à possibilidade de alterar decisivamente os factores
estruturais que contribuíram para a extensão dos fogos;
- A interdisciplinaridade na elaboração dos programas de intervenção
garante uma maior aderência à realidade biofísica e sócio-económica
das regiões em recuperação;

5
Para além dos exemplos concretos referidos deve ser assinalado, ainda, um projecto de lei de 2002
(Projecto de Lei n.º 173/IX), da iniciativa do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português relativo à
criação do “Programa de rearborização para áreas percorridas por incêndios florestais”, o qual previa a
elaboração de “planos orientadores de gestão” e de “projectos de rearborização” para áreas queimadas
de forma contínua numa extensão igual ou superior a 100 ha. Entre outras medidas, o projecto de lei
contemplava a realização de um estudo sociológico da área abrangida e do respectivo cadastro
geométrico.

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18
- A adopção de medidas especiais de defesa da floresta contra incêndios
(DFCI) deverá ser considerada prioritária, aproveitando a janela de
oportunidade para a reestruturação do espaço;
- O envolvimento de outras entidades e, em especial, dos proprietários
florestais tem, entre outros, o mérito de fomentar a contribuição positiva
por parte dos diversos actores, garantindo um maior equilíbrio nas
soluções e um maior empenhamento na sua execução;
- É fundamental disponibilizar os prazos e meios financeiros e legais
adequados, bem como identificar uma entidade responsável pela
execução ou promoção da execução do plano.

Bibliografia

LOURO, G., MIRANDA, J., FERNANDES, J., VICENTE, H.P., 1992. Plano
Especial de Recuperação de Áreas Ardidas. Concelho de Mação. Direcção-
Geral das Florestas, Lisboa, 30 p.
LOURO, G., SILVA, J.M. DA, TRIGO, A., BENTO, J., 1988. Projecto de
Aproveitamento dos Recursos Naturais no Perímetro Florestal do Marão e Meia
Via e Ordem. In Simpósio sobre a Floresta e o Ordenamento do Espaço de
Montanha, UTAD/SPCF, Vila Real, pp. 231-242.
SILVA, J.M. DA, 1990. La gestion forestière et la sylviculture de prévention des
espaces forestiers menacés par les incendies au Portugal. Rev. For. Fr. XLII n.º
sp. : 337-345.
SOCIETY FOR ECOLOGICAL RESTORATION INTERNATIONAL SCIENCE &
POLICY WORKING GROUP, 2004. The SER International Primer on Ecological
Restoration. www.ser.org & Tucson: Society for Ecological Restoration
International.
USDA, USDOI, 2001. A Collaborative Approach for Reducing WIldland Fire
Risks to Communities and the Environment. 10-Year Comprehensive Strategy.
USDA & USDOI, 12 p.,

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19

4. O enquadramento legal e institucional

4.1. Legislação geral e sistema de gestão territorial


A recuperação dos terrenos percorridos por incêndios e a intervenção nas
regiões de reflorestação atendem, em primeiro lugar, à legislação vigente e
aos instrumentos de gestão territorial que concretizam as opções nacionais,
regionais e locais de desenvolvimento sócio-económico e de conservação dos
recursos naturais.
Sendo muito vasta a legislação que condiciona o planeamento da recuperação
e o ordenamento das regiões de intervenção6, far-se-á especial referência por
um lado às medidas legislativas resultantes da Reforma Estrutural do Sector
Florestal (RESF) e, por outro, aos instrumentos de planeamento que regulam a
utilização do solo e o desenvolvimento do sector florestal.

4.1.1. Reforma Estrutural do Sector Florestal


A violência, extensão e efeitos dos incêndios de 2003, determinou a
necessidade quer de acelerar a aplicação de diversas medidas e instrumentos
de política florestal já previstos na LEI DE BASES DA POLÍTICA FLORESTAL7, quer
de adoptar novas acções de natureza estrutural. A Resolução do Conselho de
Ministros n.º 178/2003, de 17 de Novembro, aprovou as grandes linhas
orientadoras da RESF, que se organizam em 5 grandes pilares:
1. Criação de um novo modelo orgânico para o sector das florestas;
2. Reordenamento e gestão florestal;
3. Financiamento e fiscalidade;
4. Reestruturação do sistema de defesa florestal contra incêndios;
5. Reflorestação das áreas ardidas.
Uma parte destas medidas e acções foram já traduzidas em legislação e estão
neste momentos em fase de execução (QUADRO 1). A intervenção nas regiões
de reflorestação é especialmente sensível ao sucesso na concepção e
implementação das medidas legislativas relacionadas com o ordenamento e
gestão florestal e o seu financiamento.
Por outro lado, como já se referiu decorrem (ou iniciar-se-ão brevemente)
outros exercícios de planeamento, como a elaboração do Plano Nacional de
Defesa da Floresta Contra Incêndios (Agência para a Prevenção de Incêndios
Florestais) ou a do Plano Nacional para as Florestas (Direcção-Geral dos
Recursos Florestais). Estes instrumentos, de extraordinária relevância para a
coerência e integração das diferentes medidas de gestão e salvaguarda dos

6
Identificaram-se os seguintes campos de legislação mais relevante: floresta, caça e pesca;
ordenamento do território e equipamentos sociais; agricultura e desenvolvimento rural; recursos
hídricos; ambiente e conservação da natureza; indústria, energia, comércio e turismo; higiene e
segurança no trabalho; protecção civil; organização institucional. No âmbito da DIRECÇÃO-
GERAL DOS RECURSOS FLORESTAIS existem compilações relativas à principal legislação aplicável
ao planeamento florestal.
7
Lei n.º 33/96, de 17 de Agosto.
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20
espaços silvestres, enquadrarão também os programas nacionais e europeus
de apoio ao sector para o período 2007-2013.

Quadro 1: Reforma do sector florestal. Enquadramento legislativo


ÁREA DIPLOMA

Lei Orgânica da Direcção Geral dos Recurso Florestais, com as DL n.º 80/2004, de 10 de Abril, e
funções de autoridade florestal nacional legislação complementar
Fundo Florestal Permanente DL n.º 63/2004, de 22 de Março, e
legislação complementar
Agência para a Prevenção dos Fogos Florestais DR n.º 5/2004, de 21 de Abril, e
legislação complementar
Comissões Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios Lei n.º 14/2004, de 8 de Maio
Conselho Nacional de Reflorestação das áreas ardidas RCM n.º 17/2004, de 2 de Março, e
legislação complementar
comissões regionais de reflorestação das áreas ardidas “ “ “
Contas de gestão florestal (em estudo)
Programa de sapadores florestais DL n.º 94/2004, de 22 de Abril
Condicionamento da circulação em áreas de risco DL n.º 156/2004, de 30 de Junho, e
legislação complementar
Contributo das Forças Armadas nas acções de prevenção DL n.º 156/2004, de 30 de Junho, e
legislação complementar
Campanhas da sensibilização da população (início em 1 de Maio de 2004)
Criação do cadastro simplificado das parcelas florestais (em estudo)
Regularização da situação jurídica dos prédios rústicos em áreas (aprovado em Conselho de Ministros)
florestais
Quadro jurídico para a expropriação para infra-estruturas florestais DL n.º 156/2004, de 30 de Junho
Formas de intervenção substitutiva do Estado aos proprietários DL n.º 156/2004, de 30 de Junho
privados
Revisão da legislação sobre queimadas e uso do fogo DL n.º 156/2004, de 30 de Junho
Conclusão dos planos regionais de ordenamento florestal (em curso)
Enquadramento fiscal adequado ao desenvolvimento Florestal (em estudo)
Regulamentação das zonas de intervenção florestal - ZIF (aprovado em Conselho de Ministros)
Mecenato florestal a favor da floresta de conservação (em estudo)
Quadro jurídico penalizando o fraccionamento e o abandono da (em estudo)
propriedade florestal
DL: decreto-lei; DR: decreto regulamentar; RCM: resolução do conselho de ministros

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21

4.1.2. Sistema de Gestão Territorial


Os principais instrumentos e processos de planeamento que balizam estas
orientações estratégicas e as orientações regionais de reflorestação são:
- Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, que
estabelece as linhas estratégicas de desenvolvimento para o território de
Portugal continental;
- Planos regionais de ordenamento territorial, que desenvolvem as
estratégias territoriais regionais;
- Planos regionais de ordenamento florestal, que estabelecem a
organização dos espaços florestais e regulam a sua utilização (versões
de trabalho);
- Planos especiais de ordenamento do território, que incluem os planos de
ordenamento de albufeiras de águas públicas, de áreas protegidas e da
orla costeira;
- Plano Sectorial Relativo à Implementação da Rede Natura 2000 (versão
de trabalho);
- Planos directores municipais, que estabelecem o regime de uso do solo
e os parâmetros de aproveitamento do solo e de garantia da qualidade
ambiental.
Para além destes, são considerados fundamentais outros planos e estratégias
com especial repercussão nos espaços florestais, como por exemplo:
- Programa Nacional de Combate à Desertificação;
- Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
- Programa Nacional para as Alterações Climáticas;
- Política Energética Nacional;
- Plano Nacional da Água e planos de bacia hidrográfica.

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22
4.2. Legislação especial
A recuperação de terrenos arborizados percorridos por incêndios é
regulamentada por legislação específica, datada do final da década de 80 do
século passado, produzida no âmbito do “Pacote Florestal” de 1988, embora a
primeira peça legislativa que trata a questão tenha sido publicada no início da
década de 1970 (Decreto-Lei n.º 488/70, de 21 de Outubro).

Decreto-Lei n.º 139/88, de 22 de Abril

Estabelece medidas de ordenamento das áreas percorridas por incêndios


florestais:
- Obrigação de rearborização, excepto se essa não constituir a forma
mais adequada de uso do solo ou se a situação económica do
proprietário não o permitir;
- DGRF pode notificar os proprietários e estes terão que rearborizar no
prazo de 2 anos após a notificação;
- A DGRF pode substituir-se aos proprietários que não acatem a
notificação.
- Na reposição do mesmo tipo e composição de povoamentos florestais
há lugar a mera comunicação à DGRF;
- A alteração do tipo e da composição dos povoamentos implica
autorização da DGRF;
- No caso de não existir reposição da situação anterior, o proprietário fica
obrigado a respeitar um plano previsional de gestão do povoamento,
aprovado pela DGRF.

Decreto-Lei n.º 180/89, de 30 de Maio


Estabelece regras de ordenamento das zonas percorridas por incêndios
florestais em áreas protegidas:
- Os proprietários dos terrenos florestais percorridos por incêndios são
obrigados a proceder à sua reflorestação;
- Se os proprietários não dispuserem de meios para o fazer, o ICN poderá
tomar a seu cargo a reflorestação, após acordo mútuo;
- Todos os projectos são sujeitos a aprovação do director da área
protegida e devem estar concluídos no prazo de 2 anos;
- A reflorestação deverá ser efectuada de acordo com o POAP, o PROT e
o PDM, ou, na sua ausência, tendo em consideração as espécies
ecologicamente mais adequadas;
- A reflorestação deverá respeitar as regras estabelecidas no Dec. Reg.
n.º 55/81;
- Os projectos deverão ser sujeitos a avaliação de impacte ambiental
quando a área a reflorestar for superior a 100 ha;
Mais tarde, veio a ser publicada outra legislação, com um escopo mais vasto,
pretendendo estabelecer um eficaz regime dissuasório à alteração do uso do

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solo florestal após incêndio (Dec.-Lei n.º 327/90, de 22 de Outubro, Lei n.º
54/91, de 8 de Agosto, e Dec.-Lei n.º 34/99, de 5 de Fevereiro). No seu artigo
1.º proíbe “a substituição de espécies florestais, por outras técnica e
ecologicamente desadequadas”, sem explicitar porém critérios para a
aplicação desta norma.
Através do Dec.-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, o novo regime de protecção
ao sobreiro e à azinheira determina que “ficam vedadas por um período de 25
anos quaisquer alterações do uso do solo em áreas ocupadas por
povoamentos de sobreiro ou azinheira e que tenham sido percorridas por
incêndios”. O Dec.-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho, vem permitir o
descortiçamento em períodos inferiores ao legalmente admitido (9 anos), caso
se verifique a recuperação da árvore.
O conjunto de legislação que regula a recuperação de áreas ardidas ou
estabelece o regime de uso na sequência dos incêndios florestais deverá ser
alvo de uma actualização que, à luz dos ensinamentos colhidos nas últimas
duas décadas, o torne mais eficiente e ajustado às necessidades da gestão e
salvaguarda dos espaços silvestres.
No ANEXO III pode ser consultado um conjunto de legislação geral e especial
para as regiões atingidas pelos fogos de 2003 e 2004.

4.3. Agentes
É vasto o conjunto de entidades públicas e privadas responsáveis pelo
planeamento, financiamento, realização e fiscalização das acções que as
orientações estratégicas e as orientações regionais propõem para as regiões
de reflorestação.
No sentido de facilitar a coordenação do conjunto de entidades públicas e de
esclarecer as atribuições de cada agente na implementação das Orientações
Estratégicas e Regionais, o ANEXO IV elenca o conjunto de entidades
determinante para a essa implementação.

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4.4. Instrumentos de apoio à recuperação florestal
Na actualidade, os diversos instrumentos de apoio e incentivos para a
recuperação florestal foram criados e estão disponibilizados segundo modelos
onde o desenvolvimento rural, numa perspectiva integral e ambientalmente
sustentável, assume uma importância fulcral. São atribuídos no âmbito do QCA
III (Quadro Comunitário de Apoio a Portugal para o período de 2000 a 2006,
aprovado pela Comissão Europeia através da Decisão C (2000) 762, de 30 de
Março). De modo sintético os diferentes sistemas de incentivos deste quadro,
classificam-se em:
- Programas operacionais sectoriais (PO), onde se integra a Agricultura e
Desenvolvimento Rural (Programa Operacional da Agricultura e do
Desenvolvimento Rural – AGRO) e o Ambiente (Programa Operacional
do Ambiente – POA);
- Programas operacionais regionais, de que se destaca as Acções
Integradas de Base Territorial (AIBT) e as Medida da Agricultura e
Desenvolvimento Rural (AGRIS);
- Iniciativas comunitárias – Instrumentos específicos da política estrutural
da União Europeia, destinados a complementar a acção dos fundos
estruturais em determinadas áreas específicas (e.g. Leader+: visa apoiar
acções inovadoras de desenvolvimento rural nas regiões rurais da
União, promovidas por grupos de acção local).
Por sua vez, o Plano de Desenvolvimento Rural, abreviadamente denominado
por RURIS, através das suas quatro intervenções – Medidas Agro-ambientais,
Indemnizações Compensatórias, Florestação de Terras Agrícolas e Reforma
Antecipada, contribui, igualmente, de forma directa para a prossecução do
objectivo estratégico da política agrícola e de desenvolvimento rural de
promoção de uma agricultura competitiva em aliança com o desenvolvimento
rural sustentável.
No QUADRO 2 são enunciados os programas que se considera apresentarem
incentivos com maior importância para a recuperação das áreas ardidas em
2003, discriminados, de acordo com o(s) tipo(s) de apoio(s) dominante(s),
tendo-se adoptado a organização seguida nos capítulos seguintes destas
Orientações Estratégicas: Organização Territorial, Modelos Gerais de
Silvicultura e Infraestruturação do Território. A verde estão representadas as
medidas dos instrumentos de apoio que intersectam com estas três
componentes das Orientações Estratégicas.

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Quadro 2:. Recuperação de áreas ardidas em 2003 e 2004e instrumentos de apoio.
Modelos Infraestrutu-
Organização
Programa Componente Gerais de ração do
territorial
Silvicultura território
Medida 3:
AGRO
Acção 3.1 – Apoio à Silvicultura.
Apoio à arborização de espaços
florestais numa óptica de
desenvolvimento e gestão florestal-
sustentáveis.
Acção 3.2 – Restabelecimento do
Potencial de Produção Silvícola de
áreas florestais percorridas por
incêndios ou danificadas por outras
causas naturais nomeadamente
vento, neve, geada, seca, pragas e
doenças, quando evidenciadas em
diploma legal.
Medida 4 – Gestão e
Infraestruturas Hidro-Agrícolas.
Medida 5 – Prevenção e
Restabelecimento do Potencial de
Produção Agrícola.
Acção 1 – Diversificação na
AGRIS
Pequena Agricultura.
Acção 3 – Gestão Sustentável e
Estabilidade Ecológica das
Florestas. Subacção 3.4.
Prevenção de riscos provocados
por agentes bióticos e abióticos.
Acção 5 – Gestão de Recursos
Hídricos e Emparcelamento.
Acção 8 – Dinamização do
Desenvolvimento Agrícola e Rural.
Acção 5 – Gestão de Recursos
Hídricos e Emparcelamento.
Subacção 5.3. – Emparcelamento
rural.
Florestação de terras agrícolas
RURIS
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
III/Medida 32 – Montados
Medidas Agro-Ambientais/Grupo I/
Medida 10 – Sistemas Arvenses de
Sequeiro.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo I/
Medida 12 – Protecção Integrada.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
I/Medida 13 – Produção Integrada.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
I/Medida 14 – Agricultura Biológica.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
I/Medida 15 – Sementeira Directa
ou Mobilização na Zona ou na
Linha.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
I/Medida 16 – Técnicas de
Mobilização Mínima.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo I/
Medida 17 – Enrelvamento da
Entrelinha de Culturas
Permanentes.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo I/

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26
Medida 18 – Sistemas Forrageiros
Extensivos.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
I/Medida 19 – Cultura
Complementar Forrageira de
Outono/Inverno.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo III/
Medida 34 – Olival Tradicionals.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo III/
Medida 35 – Pomares Tradicionais.
Medidas Agro-Ambientais/Grupo
IV/Medida 41 – Medida 41 –
Preservação de Bosquetes ou
Maciços Arbustivo-arbóreos com
Interesse Ecológico-paisagístico.
Indemnizações Compensatórias
Acção 1 – Apoio à Silvicultura.
AIBT DO
Acção 2 – Apoio ao
PINHAL
restabelecimento do potencial de
INTERIOR
produção silvícola.
Acção 6 – Apoio à prevenção de
riscos provocados por agentes
bióticos e abióticos.
Eixo Prioritário 1 – Gestão
POA
Sustentável dos Recursos Naturais
(PROGRAMA
Medida 1.1 – Conservação e
AMBIENTE)
Valorização do Património Natural
Vector 1 – Estratégias territoriais de
LEADER +
desenvolvimento rural, integradas e
de carácter piloto.
Vector 2 – Apoio à cooperação
entre territórios rurais.
Vector 3 –Colocação em rede de
todas as zonas rurais da União
Europeia.

Face às propostas técnicas enquadradas nas Orientações Estratégicas para a


recuperação de áreas ardidas, nomeadamente os aspectos relativos às novas
formas de organização das explorações florestais, às técnicas de silvicultura
preventiva e à instalação e manutenção de redes regionais de defesa da
floresta, considera-se fundamental que venham a ser introduzidos apoios que
os viabilizem financeiramente, em futuras revisões do actual quadro de
incentivos e nos que venham a ser criados de novo.
Por outro lado, e porque uma parte substancial do esforço de
compartimentação dos espaços florestais e gestão dos combustíveis envolve a
recuperação da actividade agrícola e pecuária em determinadas regiões,
deverão ser considerados mecanismos de apoio prioritário a certas culturas
que desempenhem com eficácia esse papel (sempre que enquadradas nas
redes regionais de defesa da floresta).

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27

5. Orientações estratégicas

5.1. Princípios gerais


Duas questões fundamentais se colocam no planeamento da recuperação de
espaços florestais ardidos:
1. Redefinir (ou definir) os objectivos de médio e longo prazo da gestão
florestal e as funções associadas aos espaços;
2. Definir as acções necessárias para que o risco de destruição pelo fogo
seja fortemente diminuído.
Assim, identificaram-se os seguintes princípios gerais a observar no
planeamento da recuperação das áreas ardidas, que enquadram todas as
actividades de reabilitação das regiões afectadas pelos incêndios florestais:
1. A intervenção deverá identificar as funções dos espaços florestais e os
modelos de silvicultura, de organização territorial e de infraestruturação
mais adaptados a cada caso, os quais deverão ser definidos com base
nas seguintes componentes:
- Avaliação do efeito do fogo nos ecossistemas;
- Avaliação da potencialidade das estações;
- Integração das condicionantes socio-territoriais, incluindo as decorrentes
dos planos municipais, planos florestais e planos especiais, para
além da legislação geral;
- Conhecimento da vontade e das expectativas dos proprietários.

Especial relevância deve ser dada à integração da gestão florestal nas


estratégias locais e regionais de desenvolvimento sócio-económico e de
organização dos espaços rurais, sem a qual não há garantia da
sustentabilidade das opções técnicas.

2. A incorporação das regras de DFCI, definidas regional e localmente e


não só as relativas à estruturação dos povoamentos mas também à
criação e manutenção optimizadas de infra-estruturas, é uma condição
sine qua non para a viabilização e implantação dos povoamentos.

3. As intervenções propostas deverão ajustar-se às reais necessidades,


numa óptica de análise de custo-benefício e de diminuição dos impactes
nos sistemas florestais, tendo sempre em linha de conta os objectivos
previamente estabelecidos para cada unidade de gestão.

4. Deverão ser utilizados e optimizados, sempre que possível, os


processos naturais.

5. Os espaços florestais a reconstituir deverão ser mais produtivos, mais


estáveis, sempre que possível mais próximos dos sistemas naturais,
mais diversificados e mais resilientes à acção do fogo.

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Os modelos de intervenção propostos para cada região devem ter em
consideração, sempre que possível, o efeito do agravamento das condições
climáticas projectado para as próximas décadas [aumento da temperatura
média, prolongamento da época seca], quer no que respeita ao maior risco
meteorológico de incêndio, quer no que respeita às exigências ecológicas
das espécies e dos sistemas florestais.

6. A recuperação florestal deve ocorrer num contexto de progressiva


adopção de novas figuras de gestão florestal profissional,
designadamente de ZIF e de PGF.

A diversidade das questões a tratar na recuperação de áreas ardidas de


grande dimensão e das regiões adjacentes implica a subdivisão em três
capítulos complementares:
- Um relativo aos modelos de organização territorial e de gestão, em
que são tratadas as questões relacionadas com as funções associadas
aos espaços florestais, as alterações de uso e de composição dos
espaços silvestres, as medidas de silvicultura preventiva e de gestão
das galerias ribeirinhas e a integração dos espaços silvestres com os
restantes usos do solo;
- Outro que identifica os modelos gerais de silvicultura propostos para
as regiões de reflorestação, para cada função geral;
- Finalmente, outro que dá um especial destaque à infraestruturação do
território, designadamente através da implantação de redes regionais
de defesa da floresta.
Apesar de incluídos em capítulos distintos, deve salientar-se que a sua leitura
e aplicação deve fazer-se, obrigatoriamente, de forma integrada.

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29
5.2. Modelos de organização territorial
5.2.1. Conceitos de função dominante
Uma questão essencial subjacente ao planeamento dos espaços florestais
radica na complexidade da tarefa de resolução da confluência conflitual
(muitas vezes) e complementar (quase sempre) dos objectivos e funções que
as florestas e sistemas naturais associados concentram.
A concretização territorial das estratégias de recuperação das áreas ardidas e
de outros níveis de planeamento florestal (ver quadro I), implica a prévia
identificação, descrição e hierarquização de importância das diferentes funções
desempenhadas pelos sistemas florestais (ou a redefinição da hierarquização
anteriormente existente).
O tratamento do vasto conjunto de funções desempenhadas pelos espaços
florestais implica, por razões operativas e de organização da informação, o
agrupamento em sub-funções e destas em 5 funções principais (ver quadro II),
que constituirão a base fundamental de análise das comissões regionais de
reflorestação (CRR) e que são, em grande medida, comuns às utilizadas no
âmbito do processo de elaboração dos PROF.
Nos países industrializados e densamente povoados não existem superfícies
florestais suficientemente extensas para a satisfação das necessidades sociais
em bens e serviços de forma exclusiva, em compartimentos discretos, pelo que
as diferentes funções serão forçosamente coincidentes na maior parte do
território.
Como pano de fundo as orientações regionais de reflorestação, em articulação
com os PROF, devem garantir uma estrutura ou rede básica de soluções de
ocupação dos espaços em que os objectivos ligados à conservação dos
recursos vivos (incluindo a manutenção da diversidade biológica), da água e
do solo sejam o primeiro ponto de referência. Simultaneamente, essa estrutura
básica deve aceitar, em gradações obviamente diferentes, mais em
sobreposição ou mais em segregação, a coexistência nesses espaços do
aproveitamento das funções produtivas que os espaços florestais permitem e
que as exigências da economia e da sociedade também não podem dispensar.
Assim, consolidada a informação de base descritora das potencialidades e
restrições do território para as funções principais, pretende-se a explicitação da
sua hierarquia/prioridade com vista a uma proposta de optimização funcional
dos espaços face às procuras sociais.
Sugere-se, no caso das regiões de reflorestação, a adopção da metodologia
utilizada na elaboração dos PROF, com as necessárias adaptações à escala
de trabalho e aos seus objectivos, desenvolvendo territorialmente as propostas
saídas destes planos através de unidades e sub-unidades homogéneas de
planeamento.
A escala de trabalho deverá permitir uma fácil tradução das orientações
regionais para os instrumentos de planeamento e gestão florestal de nível
inferior, como sejam o PGF, o plano ZIF, o PDF e, eventualmente, o PDM.

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30

Quadro 3: Níveis de análise funcional dos espaços florestais


Nível de planeamento Plano Unidade territorial de
análise funcional
Nacional Plano florestal nacional Região homogénea
(PDSFP)

PROF Sub-região homogénea


Regional/sub-regional
orientações regionais Unidades homogéneas
de reflorestação
Sub-unidades homogéneas

(Municipal – planeamento (PDM) (Categoria de uso)


do território)

(Municipal – defesa da (PDF) -


floresta contra incêndios)

Local ZIF, PGF, projecto Secção

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Quadro 4: Classificação funcional dos espaços florestais no âmbito das regiões de reflorestação
Função primordial Funções gerais Sub-funções gerais Funções específicas dominantes
Produção de madeira Produção de toros, rolaria, raízes, etc.

Contribuição dos Produção de cortiça Produção de cortiça


espaços florestais para o Produção de biomassa para energia Produção de lenha, carvão, biomassa para centrais
Produção bem-estar material das energéticas, etc.
sociedades rurais e Produção de frutos e sementes Produção de pinhão, castanha, noz, medronho, alfarroba, etc.
urbanas.
Produção de outros materiais vegetais e orgânicos Produção de resinas, folhagens, vimes, cascas, árvores de Natal,
cogumelos, plantas alimentares, aromáticas e medicinais, etc.
Protecção da rede hidrográfica Protecção das margens, manutenção da qualidade da água, etc.
Protecção contra a erosão eólica Fixação das areias móveis
Contribuição dos Protecção contra a erosão hídrica e cheias Fixação de vertentes, correcção torrencial, amortecimento de cheias, etc.
espaços florestais para a
Protecção manutenção das Recuperação de solos degradados Protecção e produção de solo
Satisfação das geocenoses e das infra- Protecção microclimática Compartimentação de campos agrícolas, intercepção de nevoeiros, etc.
estruturas antrópicas
necessidades das Protecção e segurança ambiental Filtragem de partículas e poluentes atmosf., fixação de CO2
sociedades e dos
Protecção contra incêndios Faixas de gestão de combustível, faixas de alta densidade
indivíduos, actuais
e futuras, em bens Conservação de Contribuição dos Conservação de habitats classificados Manutenção num estado favorável de conservação de habitats
habitats, de espaços florestais para a e espécies, classificados nos diversos diplomas de nível
e serviços Conservação de espécies da flora e da fauna proteg. nacional e europeu
espécies da manutenção da
originados nos fauna e da flora e diversidades biológica e Conservação de geomonumentos Protecção de jazidas paleontológicas, etc.
espaços florestais de genética e de
geomonumentos. Conservação de recursos genéticos Manutenção da riqueza genética
geomonumentos
Suporte à caça e conservação das espécies cinegéticas Enquad. da actividade cinegética, produção de carne, etc.
Silvopastorícia, Contribuição dos
espaços florestais para o Suporte à pastorícia Produção de carne, leite, lã, peles, etc.
caça e pesca nas
desenvolvimento da Suporte à apicultura Produção de mel e outros produtos apícolas
águas interiores caça, pesca e pastorícia. Suporte à pesca em águas interiores Enquadram. da actividade da pesca nas águas interiores
Enquadramento de aglom. urbanos e monumentos Enq. de sítios arqueológicos, monumentos, zonas urbanas, etc.
Contribuição dos Enquadramento de equipamentos turísticos Enquadramento de aldeamentos turísticos, campos de golfe, etc.
Recreio,
espaços florestais para o Recreio Enquadramento de actividades de recreio e contemplação
enquadramento
bem-estar físico,
e estética da Conservação de paisagens notáveis Composição de paisagens classificadas
psíquico, espiritual e
paisagem social dos cidadãos. Enquadramento de usos especiais Enquadramento de campos militares, estab. prisionais, etc.
Enquadramento de infra-estruturas Enquadramento de vias de comunicação, zonas industriais, etc.
Nota: a organização das diferentes funções e sub-funções gerais não pretende traduzir qualquer importância relativa, hierarquização ou prioridade de demarcação.
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32

5.2.2. Normas para a expansão/redução da floresta e alteração da composição


dos povoamentos
À devastação provocada pelos incêndios nos espaços silvestres segue-se de
imediato um processo de regeneração natural espontânea dos ecossistemas que,
na ausência da intervenção humana e de novos acontecimentos catastróficos,
levará em última análise e num prazo mais ou menos dilatado à reconstituição de
novos povoamentos florestais.
Esta regeneração poderá no entanto conduzir à instalação de sistemas florestais
que não respondam às necessidades da sociedade, ou fazê-lo a um ritmo
demasiado lento. Justifica-se assim a existência de orientações vinculativas que
garantam a recuperação de determinados sistemas florestais de especial valor
ecológico, económico ou social, adequados às funcionalidades estabelecidas nos
vários esquemas de organização do espaço.
5.2.2.1. EXPANSÃO/REDUÇÃO DA FLORESTA
As normas relativas à dinâmica dos espaços arborizados visam os seguintes
objectivos fundamentais:
- Manter o efeito dissuasório da legislação face a eventuais pretensões de
alteração do uso do solo para outros usos não silvestres;
- Concentrar o investimento público e privado na arborização das estações de
melhor produtividade ou nos locais estratégicos para a satisfação das
restantes funções da floresta (conservação, protecção, recreio, paisagem);
- Permitir a implantação das redes regionais de defesa da floresta (RDF);
- Evitar a dispersão de maciços florestais sem garantias de posterior
capacidade de protecção face a incêndios florestais.
A aplicação em cada região deverá ter em particular atenção as estratégias
delineadas no âmbito dos planos regionais de ordenamento florestal.
1 - Deverá ser garantida a rearborização dos espaços arborizados ardidos, com
recursos a técnicas de regeneração natural ou artificial, com excepção dos
terrenos destinados a outra ocupação silvestre (com matos, pastagens
espontâneas, afloramentos rochosos ou massas hídricas, prevista em PGF, em
plano ZIF, em instrumentos de gestão territorial específicos de Sítios da Lista
Nacional de Sítios/ZPE ou em POAP), ou agrícola (prevista no âmbito das RDF);
2 - O planeamento da rearborização seguirá os critérios gerais preconizados no
QUADRO 5;

3 - A rearborização artificial de prioridade 1 deverá ser executada com recurso a


material de reprodução melhorado ou de proveniência ajustada à região;
4 - A criação de novos povoamentos com recurso a técnicas de regeneração
artificiais, em terrenos anteriormente não arborizados, depende da aprovação
prévia de PGF ou plano ZIF;
5 - Deverá ser interdita a (re)arborização nos seguintes casos:
- Terrenos afectos à rede de defesa da floresta que constituam faixas de
interrupção de combustível (FIC);

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33

- Terrenos com espécies e habitats classificados não arborizados, cuja recuperação


ou manutenção num estado favorável de conservação aconselhe a não
(re)arborização. A identificação destes terrenos deve constar em PGF, em plano
ZIF, em instrumentos de gestão territorial específicos de Sítios da Lista Nacional de
Sítios/ZPE ou em POAP8;
- Terrenos afectos à protecção do património cultural e arqueológico, definidos nos
termos da Lei de Bases da Política e do Regime de Protecção e Valorização do
Património Cultural;
- Terrenos abrangidos por servidões administrativas e outras restrições de utilidade
pública, como faixas de protecção a marcos geodésicos, a condutas de gás, etc.

Quadro 5: Critérios para a intervenção na recuperação de áreas ardidas


Estações de Estações de Estações de
produtividade produtividade média produtividade boa a
nula a fraca muito boa
▼ ▼ ▼
Regeneração natural
inexistente; neces- ▪ Rearborização artificial ▪ Rearborização artificial
sidade de substi- ► (investimento com (investimento com
tuição de espécies prioridade 2) prioridade 1)
Manter a
regeneração
espontânea da Regeneração natural ▪ Condução/controlo da
vegetação, com de espécies sem regeneração existente ou ▪ Rearborização artificial
excepção das interesse silvícola ► ▪ Rearborização artificial (investimento com
situações em (invasoras lenhosas, (investimento com prioridade 1)
que seja exigida etc.) prioridade 3)
intervenção:
combate a Regeneração natural
invasoras suficiente, de
lenhosas, Adensamento da regeneração com plantação de
espécies sem ► espécie(s) de maior valor económico, adaptada(s) à
controlo de interesse económico
erosão, estação e com adequada proveniência
mas com valor
instalação de ecológico (pioneiras)
formações com
valor para a
conservação ou Acompanhamento da dinâmica da regeneração, com
de parques Regeneração natural eventual controlo da vegetação concorrente
florestais, etc. suficiente, de ► Não adensar Avaliação da regeneração
qualidade aceitável e nos anos seguintes
com interesse Operações culturais para
silvícola a consolidação dos Adensamento eventual,
povoamentos-objectivo com plantas de boa
proveniência

8
Caso não estejam em vigor instrumentos de gestão territorial específicos para determinada área
classificada, a indicação das áreas a não rearborizar ou a sujeitar a tratamento especial será dada
pelo representante do ICN na respectiva CRR.

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5.2.2.2. ALTERAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DOS POVOAMENTOS


Os condicionalismos relativos à alteração do tipo e composição dos povoamentos
visam salvaguardar a diversidade do coberto florestal aos níveis nacional e regional
e proteger as formações florestais de maior raridade ou valor ecológico, económico
ou social. Muitas vezes é adoptada uma perspectiva de muito longo prazo, com o
objectivo de impedir o desaparecimento de ecossistemas de difícil ou demorada
recuperação, face a alternativas conjunturalmente mais interessantes para a
exploração agro-florestal do ponto de vista económico-financeiro.
Por outro lado, os incêndios criam a oportunidade para a substituição de formações
florestais desadequadas do ponto de vista da sua adaptação à estação ou às
funções entretanto exigidas pela sociedade, pelo que se deve adoptar uma postura
a mais fundamentada possível no correcto conhecimento das características da
estação, da regeneração natural eventualmente ocorrente e também da vontade do
proprietário.
Para além das orientações gerais relativas à composição dos povoamentos
florestais, a existência de legislação específica relativamente a determinadas
formações impõe um tratamento diferenciado (QUADRO 6).

Normas gerais

1 - A rearborização das áreas ardidas seguirá, no que respeita à alteração da


composição dos povoamentos, as linhas gerais preconizadas no QUADRO 5 e no
ponto 5.2.3. (medidas de silvicultura preventiva);
2 - Não é permitida a alteração de composição em povoamentos dominados por
espécies indígenas de ocorrência rara ou muito rara ou em galerias ribeirinhas,
designadamente em viduais, carvalhais, freixiais, amiais, salgueirais, olmedos e
choupais e, ainda, em soutos e castinçais;
3 - A substituição de qualquer tipo de povoamento florestal por povoamentos
dominados por espécies de crescimento rápido exploradas em revoluções curtas
tem de, cumulativamente, cumprir os seguintes requisitos:
- Ocorrer nas estações de produtividade boa a muito boa para estas espécies;
- Integrar-se nas orientações e zonamentos estabelecidos em sede de PROF;
- Esteja explicitamente prevista em sede de plano ZIF ou PGF.

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Azinheira e sobreiro

A alteração da composição em povoamentos de azinheira e sobreiro gravemente


afectados pelo fogo deverá cumprir, cumulativamente, as seguintes condições:
1 - Constituam povoamentos comprovadamente irrecuperáveis e inadaptados à
estação, designadamente no que respeita à série de vegetação em causa;
2 - Não possuam elevado valor para a conservação e como tal surjam identificados
em POAP ou plano de gestão de ZEC/ZPE (ou plano sectorial equivalente);
3 - A alteração esteja prevista em sede de PGF ou de plano ZIF que garanta,
simultaneamente:
- A existência de outra(s) espécies(s) e/ou funções florestais melhor
adaptadas às características da estação;
- A não diminuição da superfície total ocupada por povoamentos de sobreiro
ou azinheira no âmbito da exploração agro-florestal em causa ou do
território abrangido pela ZIF.

Espécies não indígenas invasoras

Os incêndios florestais, como outros acontecimentos catastróficos em ecossistemas


semi-naturais ou profundamente artificializados, propiciam frequentemente o
desenvolvimento incontrolado de invasoras lenhosas, frequentemente espécies
pirófitas não indígenas dos géneros Acacia e Hakea.
A grande expansão das infestantes lenhosas em Portugal deu-se a partir da década
de 60, em resultado das significativas alterações verificadas na sociedade
portuguesa: o abandono a que foram sujeitas largas extensões dos espaços
silvestres, o agravamento dos incêndios florestais ou a definição de políticas
florestais viradas prioritariamente para a expansão da superfície florestal, em
detrimento da conservação dos maciços florestais, de gestão pública ou privada, já
existentes.
A utilização de espécies não indígenas deverá cumprir as seguintes condições:
1 - Apenas poderão ser utilizadas nas rearborizações ou novas arborizações as
espécies indígenas ou as espécies não indígenas classificadas como
naturalizadas ou com interesse para a arborização, no âmbito do Dec.-Lei n.º
565/99, constantes da lista “Espécies arbóreas florestais utilizáveis em Portugal”
(DGRF);
2 - Em cada região de reflorestação deverão ser identificados os principais focos de
infestação de invasoras não indígenas e adoptado um programa de controlo e
erradicação de médio-longo prazo.

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Quadro 6: Legislação de referência para a composição dos povoamentos


Decreto-Lei n.º 175/88, de 17 de Condiciona a autorização da Direcção-
Maio Geral das Florestas as acções de
arborização ou rearborização com recurso
a espécies florestais de rápido
crescimento (Eucaliptus sp., Populus sp. e
Acacia sp.) exploradas em revoluções
curtas que envolvam áreas superiores a 50
ha.

Portaria n.º 513/89, de 6 de Enuncia os municípios cuja superfície


Julho ocupada com espécies de rápido
crescimento ultrapassa 25%, estando
nesse caso qualquer projecto sujeito a
aprovação por parte da Direcção-Geral dos
Recursos Florestais.

Portaria n.º 528/89, de 11 de Reúne as normas e condições a obedecer


Julho pelos projectos com espécies de rápido
crescimento e na sua análise.

Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Regula a introdução na natureza de


Dezembro espécies não indígenas da flora e da
fauna.

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5.2.3. Medidas de silvicultura preventiva. Gestão de galerias ribeirinhas


5.2.3.1. MEDIDAS DE SILVICULTURA PREVENTIVA
Sob a designação de silvicultura preventiva agrupa-se um conjunto de medidas
aplicadas aos povoamentos florestais que visam dificultar a progressão do fogo e
diminuir a sua intensidade, limitando os danos causados no arvoredo. Pretende-se,
assim, garantir que os povoamentos possuam a máxima resistência à passagem do
fogo e reduzir a dependência das forças de combate para a sua protecção.
A silvicultura preventiva actua ao nível de duas das características dos
povoamentos:
- A estrutura, que respeita à forma do seu arranjo interno, ligada à distribuição
etária das árvores, à arquitectura das copas, à existência e distribuição de
diferentes estratos do sub-bosque e aos horizontes do solo;
- A composição, que respeita à variedade e natureza das espécies
componentes dos povoamentos.
No primeiro caso procura-se gerar e manter descontinuidades verticais e horizontais
entre os diferentes níveis de combustíveis, por exemplo eliminando o subcoberto
arbustivo ou subindo a altura das copas.
No segundo, procura-se sobretudo criar povoamentos com espécies (ou misturas
de espécies) menos inflamáveis e menos combustíveis ou que resistam melhor à
passagem do fogo. No ANEXO V poderá ser consultada uma classificação de
diversas espécies florestais no que respeita às suas propriedades de
inflamabilidade e combustibilidade, devendo ter-se em consideração que estas duas
características se manifestam de forma diversa quando isoladas ou em
povoamento.
No que diz respeito à propagação do fogo, é importante salientar que a composição
dos povoamentos desempenha um papel muito menos importante que a sua
estrutura, facto que deve ser tido em consideração no processo de selecção das
espécies/modelos gerais de silvicultura.
No desenho dos povoamento florestais, a aplicação de medidas de silvicultura
preventiva poderá recorrer, com vantagem, a metodologias desenvolvidas nas
áreas da arquitectura paisagista e da ecologia da paisagem, integrando por
exemplo conceitos como o dos corredores verdes e as diferentes funções
desempenhadas pelas florestas.
As principais orientações a cumprir no âmbito da silvicultura preventiva são as
seguintes:
1 - Todos os instrumentos de gestão florestal (PGF, plano ZIF, instrumentos de
gestão territorial específicos de Sítios da Lista Nacional de Sítios/ZPE, POAP e
outros planos especiais, projectos florestais) deverão explicitar medidas de
silvicultura preventiva e a sua integração e compatibilização com os esquemas
superiores de organização e protecção dos espaços florestais, designadamente
as orientações regionais de reflorestação das CRR (rede sub-regional de defesa
da floresta), os PROF e os PDF municipais;
2 - Em cada unidade de gestão florestal (exploração agro-florestal ou ZIF) deverá
ser estabelecido, no âmbito quer da instalação, dos tratamentos culturais, da

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gestão do sub-bosque, ou ainda do corte e da regeneração dos povoamentos,


um mosaico de povoamentos e, no seu interior, de parcelas, com diferentes
idades, estruturas e composições, que garanta:
- A descontinuidade horizontal e vertical dos combustíveis no interior dos
maciços e a existência de rupturas no seu desenvolvimento territorial;
- A alternância entre parcelas com diferente inflamabilidade e combustibilidade,
aproveitando as diferentes estações.
3 - A dimensão das parcelas deverá variar entre 20 a 50 ha, nos casos gerais, e
entre 1 a 20 ha nas situações de maior perigo de incêndio (vertentes viradas a
barlavento ou a sul/leste, encostas com declives superiores a 45%, espécies
inflamáveis e/ou pouco resistentes ao fogo, zonas com intensa utilização
humana – parques de recreio, etc.) e o seu desenho e localização deverão ter
em especial atenção o comportamento previsível do fogo;
4 - Os povoamentos florestais monoespecíficos e equiénios não poderão ter um
desenvolvimento territorial contínuo superior a 50 ha, devendo ser
compartimentados:
- Pela rede de faixas de gestão de combustível ou por outros usos do solo;
- Por linhas de água e respectivas faixas de protecção;
- Por faixas de alta densidade.
5 - As faixas de alta densidade são povoamentos conduzidos em alto-fuste regular,
em compassos muito apertados, formando um coberto muito opaco à luz e ao
vento. São desprovidos do estrato arbustivo e quase sempre compostos por
espécies resinosas pouco inflamáveis e produtoras de horizontes orgânicos
superficiais relativamente húmidos e compactos. Deverão cumprir as seguintes
especificações:
- Ser localizadas nos fundos dos vales, junto às infraestruturas viárias, nas orlas
dos povoamentos (a barlavento) ou noutros locais estratégicos definidos no âmbito
do estudo do comportamento do fogo;
- Possuírem uma área mínima de 1 ha e uma profundidade superior a 100 m;
- Serem compostos por espécies de agulha/folha curta, nomeadamente Abies
pinsapo, Cedrus atlantica, Pseudotsuga menziesii, Pinus pinea, Pinus sylvestris,
Chamaecyparis lawsoniana, Cupressus (lusitanica, macrocarpa), Sequoia
sempervirens, Taxodium distichum ou Taxus baccata;
6 - Poderão ser instaladas cortinas pára-fogo, com o objectivo de reduzir localmente
a velocidade do vento e interceptar faúlhas e outros materiais incandescentes.
As cortinas pára-fogo deverão ser estrategicamente localizadas em áreas
desarborizadas (fundos de vales com elevada pendente, cumeadas, portelas,
cristas de escarpa ou faixas de protecção a linhas eléctricas) e ser
perpendiculares à direcção predominante do vento. São compostas por espécies
muito pouco inflamáveis, tais como as referidas para as faixas de alta densidade
ou outras que aproveitem condições edáficas favoráveis, como o choupo, o
amieiro, etc.;
7 - Deverá ser favorecida a constituição de povoamentos de folhosas caducifólias,
de preferência conduzidas em compassos apertados, sempre que as condições

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edafo-climáticas garantam o sucesso das arborizações. A expansão destas


espécies para estações marginais (e.g. com maior secura edáfica) tem efeitos
contraproducentes, pois aumenta significativamente a sua inflamabilidade no
Verão.

5.2.3.2. GESTÃO DE GALERIAS RIBEIRINHAS


A gestão das galerias ribeirinhas deverá ter em atenção, por um lado, a maior
importância e sensibilidade ecológica destes espaços e, por outro, a necessidade
de evitar que estas formações se transformem em corredores preferenciais na
propagação dos fogos, como vem sucedendo com alguma frequência (devido quer
à sua posição topográfica, quer à elevada densidade e continuidade de combustível
quer ainda à alta inflamabilidade em condições climatéricas e edáficas
desfavoráveis).
Deverão, ainda, ser estritamente respeitadas as faixas de protecção às linhas de
água estabelecidas no âmbito do regime do domínio hídrico.

Princípios gerais de intervenção após incêndio

1. Favorecer a regeneração natural dos diferentes estratos de vegetação

Os sistemas ribeirinhos mediterrânicos são caracterizados por uma forte


capacidade regenerativa pós-incêndio, resultado de milhões de anos de evolução
num contexto em que o fogo é um dos mais poderosos factores ecológicos. Numa
situação normal, a regeneração das espécies lenhosas é imediata, a partir do
sistema radicular não afectado (Alnus, Salix, Populus, Quercus, etc.), o mesmo
sucedendo com as espécies vivazes; as espécies anuais características da região
surgirão após as primeiras chuvas do fim de Verão e do Outono.
As intervenções deverão centrar-se na limpeza e desobstrução das margens e
leitos dos cursos de água, nos casos em que tal impeça o normal fluir dos caudais
ou propicie um elevado risco de agravamento das condições fitossanitárias ou de
perigo de incêndio.
A condução destes povoamentos deverá favorecer a rápida recuperação das
formações clímax (e, em especial, do dossel arbóreo), de forma a garantir a
descontinuidade horizontal e vertical dos combustíveis dos níveis arbustivo,
herbáceo e escandente.

2. Rearborizar/revegetalizar através de plantação/sementeira artificiais apenas


em casos excepcionais

A regeneração artificial de bandas ribeirinhas apenas deverá ser realizada quando


se verificar uma destruição total da vegetação pré-existentes (o que acontece
raramente, face ao comportamento do fogo nestas zonas) ou quando a situação
pré-existente se caracterizava já por uma acentuada degradação, por exemplo sem
a presença de estrato arbóreo/arbustivo, com dominância de espécies exóticas
invasoras ou com uma flora banal.
Poderá ser recomendada, ainda, em acções planeadas de combate à erosão ou de
correcção torrencial.

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40

3. Interditar a utilização de material vegetal não originário da vizinhança


imediata do troço ou da lagoa/paul

Atendendo à notável variedade genética e originalidade de muitas formações


florestais ribeirinhas do Centro e Sul do País, o material vegetal a utilizar
(sementes, estacas, plântulas) deverá ser proveniente de bandas ripícolas das
imediações do local a regenerar. A não observância deste preceito poderá acarretar
o empobrecimento ecológico e a poluição genética irreversível de numerosas
espécies características dos ecossistemas afectados, especialmente ao nível dos
géneros mais susceptíveis à hibridação (Salix, etc.).

4. Atender à composição e estrutura das formações florestais características


da região

O acompanhamento da regeneração natural da vegetação ribeirinha deverá ter


como referência as formações características da região intervindo, sempre que for
necessário, ao nível da eliminação de espécies exóticas invasoras, da gestão
hidráulica, etc.
Como lista indicativa, necessariamente provisória, indicam-se no QUADRO 7 e na
FIGURA 3 as principais regiões biogeográficas e as espécies características de cada
região. Refira-se, novamente, que esta lista não cauciona a utilização de qualquer
espécie num determinado sítio; a escolha deverá ser fundamentada na observação
e estudo da vegetação local e é também fortemente condicionada pelas
características da linha de água (ordem, morfologia, etc.).
A utilização de espécies florestais e arbustivas exóticas está regulamentada pelo
Decreto-Lei n.º 565/99. Há um conjunto relativamente vasto de espécies arbóreas
exóticas que poderá ser utilizado em zonas húmidas (Taxodium distichum, Alnus
cordata, etc.); contudo a sua utilização deve restringir-se apenas a situações de
elevada artificialidade do meio, designadamente em espaços com função
predominante de recreio ou enquadramento paisagístico.

Quadro 7: Lista indicativa de espécies aconselháveis para a rearborização de


terrenos ardidos, segundo as regiões biogeográficas (zonas ribeirinhas).
Espécie Nome vulgar ex Região Observ.
Acer monspessulanum L. zelha Sh III, V, VII, IX
Acer pseudoplatanus L. padreiro Sh I, II, IV
Alnus glutinosa (L.) Gaertner amieiro H Todas
Betula pubescens Ehrhart vidoeiro H I, II, IV
Buxus sempervirens L. buxo Sh III Leitos decheiarochosos
Celtis australis L. lódão-bastardo Sh III, VI, VII
Cornus sanguinea L. corniso H III, IV
Corylus avellana L. aveleira H I, II, IV
Crataegus monogyna Jacques pilriteiro Sh Todas
Erica arborea L. urze-branca Sh Todas
Fagus sylvatica L. faia Sh I
Frangula alnus Miller sanguinho H Todas Calcífuga
Fraxinus angustifolia Vahl freixo H Todas

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Espécie Nome vulgar ex Região Observ.


Ilex aquifolium L. azevinho Sh I, II, IV
Laurus nobilis L. loureiro H I, IV, V
Myrica faya Aiton samouco Sh I, IV, IX, X Zonas litorais
Myrica gale L. samouco-do-brabante H I, IV, IX Zonas pant., turf.
Nerium oleander L. cevadilha H VIII
Populus alba L. choupo-branco H III,
Populus nigra L. choupo-negro H Todas
Populus tremula L. choupo-tremedor H II
Prunus avium L. cerejeira-brava H I, II, IV
Prunus lusitanica L. azereiro H I, IV
Prunus mahaleb L. cerejeira-de-santa-luzia H I, II
Prunus padus L. pado H I, II
Prunus spinosa L. abrunheiro H I, II, III, IV, V
Pyrus bourgaeana Decaisne catapereiro Sh VI, VIII, IX
Pyrus cordata Desvaux escalheiro Sh I, II, IV
Quercus canariensis Willdenow carvalho-de-monchique Sh X
Quercus faginea Lambert carvalho-cerquinho Sh V, VII, IX, X
Quercus pyrenaica Willdenow carvalho-negral Sh II, III
Quercus robur L. carvalho-alvarinho Sh I, IV
Quercus rotundifolia Lambert azinheira Sh VIII, IX Em regiões secas
Rhododendron ponticum L. ssp. baeticum rododendro H I, X Acidófila
(Boiss. & Reuter) Hend.-Mazz.
Salix alba L. vimeiro-branco H Todas
Salix arenaria L. salgueiro-das-dunas H I, IV
Salix atrocinerea Brotero borrazeira-preta H Todas
Salix caprea L. salgueiro H II, IV Muito raro
Salix fragilis L. vimeiro-francês H Todas
Salix neotricha Görz9 salgueiro-frágil H Todas
Salix x pseudosalviifolia T.E. Díaz & salgueiro H Todas
Puente
Salix purpurea L. salgueiro-de-casca-roxa H I, IV
Salix salviifolia Brotero borrazeira-branca H Todas
Salix triandra L. s.-com-folhas-de-amendoeira H I, II Raro
Sambucus nigra L. sabugueiro Sh Todas
Sorbus aria (L.) Crantz botoeiro ? I
Sorbus domestica L. sorveira ? I, II V
Tamarix africana Poiret tamargueira H Todas exc. I, II Incl. águas salob.
Tamarix canariensis Willdenow tamargueira-rosada H I Pauis litorais
Tamarix gallica L. tamargueira H Todas
Taxus baccata L. teixo Sh I, II, IV Acima dos 700m
Ulmus minor Miller ulmeiro-de-folhas-lisas H Todas
Ulmus procera Salisbury ulmeiro H II, III, VI, VII
Viburnum tinus L. folhado H Todas

9
Salix alba x Salix fragilis.

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Figura 3. Regiões biogeográficas (geosséries ribeirinhas).

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5.2.4. Integração com usos não silvestres


A integração de outros usos do solo que se encontram dominados no seio dos
espaços florestais, designadamente a edificação e as categorias de uso urbano em
geral, constitui uma das principais prioridades da recuperação pós-incêndio.
A proximidade de usos como o habitacional, o agrícola ou o rodoviário coloca
questões como a sua protecção face a incêndios florestais de grande dimensão ou,
inversamente, o seu papel como gerador de situações de risco de ignição.
Por outro lado, a disseminação na paisagem de aglomerados e infraestruturas, que
não adoptam medidas de protecção contra incêndios, desvia os recursos de
combate para a defesa desses bens, reduzindo drasticamente a eficiência no
controlo perimetral do incêndio e no aproveitamento das infraestruturas instaladas
no terreno.
No caso específico das habitações e aglomerados habitacionais, os objectivos
estratégicos são:
- Reforçar a capacidade das edificações, aglomerados, infraestruturas e outros
bens de elevado valor sobreviverem a um incêndio de grandes dimensões,
mesmo com reduzido apoio dos meios de combate;
- Garantir a segurança dos cidadãos e das forças de combate aos incêndios.
O planeamento das acções subdivide-se em quatro áreas distintas:
1. Regulamentação da edificação em zonas de elevado risco de incêndio, no
âmbito dos instrumentos municipais de ordenamento do território;
2. Normativos para a construção de edifícios resistentes ao fogo, no que
respeita por exemplo aos materiais, protecção de aberturas, etc. Trata
igualmente da contenção de possíveis fontes de ignição originadas no
edifício ou nas infraestruturas (estradas, etc.) e da incorporação, ainda na
fase de projecto, de medidas de apoio à defesa da floresta contra
incêndios;
3. Redução do perigo de incêndio na envolvente dos aglomerados, edifícios
e infraestruturas, através da gestão dos combustíveis existentes;
4. Infraestruturação do território, no que respeita por exemplo ao
dimensionamento da rede viária de acesso e sua sinalização e
identificação ou à rede de pontos de água.
O tratamento do ponto 2 não está no âmbito destas Orientações Estratégicas,
embora o seu sucesso se afigure fundamental para o êxito global das medidas de
defesa da floresta contra incêndios.
Deve destacar-se, no entanto, a importância do tratamento da DFCI no
planeamento e projectos da rede viária estruturante nacional e municipal. Essa
abordagem tem como objectivos diminuir a probabilidade dos fogos se iniciarem
nas bermas das estradas, dificultar a propagação de fogos nascentes e facilitar a
utilização destas vias como pontos de acesso e de apoio ao combate das frentes de
fogo.
Por fim, deve-se ainda salientar o carácter de “protecção civil” que algumas destas
componentes assumem, e a necessidade de todas as entidades (e cada cidadão
em particular) possuírem o conhecimento exacto das acções a desenvolver em

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44

caso de emergência. São por isso fundamentais uma ampla divulgação das
medidas de DFCI e de salvaguarda de aglomerados e de habitações e a realização
de simulacros e de testes aos sistemas locais de defesa das populações.

5.2.4.1. PROTECÇÃO DE AGLOMERADOS POPULACIONAIS


A protecção dos aglomerados populacionais inseridos em espaço florestal10 é
resolvida no âmbito da REDE REGIONAL DE DEFESA DA FLORESTA e envolve cada uma
das suas componentes, explicitadas no subcapítulo 5.3.. Devem ser garantidos, de
forma integrada para cada aglomerado:
1. Uma faixa de gestão de combustível envolvente com a largura mínima de
100m;
2. No mínimo duas vias de acesso/fuga alternativas em caso de incêndio;
3. A existência de pontos de água funcionais em caso de emergência, com
localização claramente sinalizada e funcionamento autónomo.

5.2.4.2. PROTECÇÃO DE HABITAÇÕES E OUTRAS EDIFICAÇÕES


O sucesso na protecção de habitações e outro tipo de infraestruturas começa no
planeamento dos usos do território e no condicionamento à edificação fora dos
perímetros urbanos e termina na adopção, de carácter anual, de medidas
específicas de DFCI e de protecção civil.
As orientações para uma estratégia global de protecção de edificações em caso de
incêndio florestal, nas regiões de reflorestação e no desenvolvimento do disposto
no subcapítulo 5.4., baseiam-se nos seguintes pontos gerais:
1. A edificação nos espaços florestais11 deve ser fortemente condicionada ou
interdita nos casos, respectivamente, de elevado ou muito elevado risco de
incêndio. Para este efeito, o zonamento do risco de incêndio e as medidas
definidas no âmbito dos planos de defesa da floresta (PDF) municipais
devem ser anexados aos instrumentos municipais de ordenamento do
território;
2. A autorização de edificação nos casos de zonas de médio ou elevado risco
de incêndio apenas deve ser permitida nos casos em que seja possível
cumprir as disposições legais (Dec.-Lei n.º 156/2004, art.º 16.º, n.º 2) na
mesma propriedade onde é pretendido edificar;
3. A faixa de 50m de largura mínima prevista no Dec.-Lei n.º 156/2004 terá
como referência as seguintes indicações:
- uma faixa de 1-2 m pavimentada (empedrada, cimentada, etc.) circundando
todo o edifício;

10
Entendem-se como “aglomerados populacionais” aqueles que possuam 10 ou mais edifícios de
habitação contíguos (distanciados entre si menos de 50 m).
11
Entendem-se como “espaços florestais” os terrenos situados fora de perímetros urbanos e
ocupados por arvoredos florestais ou matos e pastagens em regeneração espontânea ou, ainda,
aqueles classificados em instrumento municipal de ordenamento do território como “espaços
florestais”, “espaços naturais” ou classes afins.

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45

- uma faixa de 10 m (até 20 m nas situações de maior declive) desprovida de


combustível, constituindo uma faixa de interrupção de combustível (FIC) – faixa
corta-fogo. Esta faixa poderá ter, excepcionalmente, alguns exemplares
arbóreos ou arbustivos isolados, desde que: sejam regados e de espécies pouco
inflamáveis, não estabeleçam continuidade de combustível (separação de
copas, 3m de altura mínima da base da copa, ausência de continuidade vertical
entre árvores e arbustos) e respeitem distâncias mínimas para o edifício (p.ex.,
mais de 5m do edifício);
- uma faixa de 30 a 40m desprovida de matos – faixa de atenuação. Caso
exista, o coberto arbóreo deve sempre que possível ter copas que se distanciem
entre si o equivalente à média da sua largura e tenham a base à altura mínima
de 3m, constituindo uma FGC;
- a faixa corta-fogo deverá estar livre de quaisquer outras acumulações de
matéria combustível, como lenha, madeira, etc;
- deverá ser evitada a constituição de sebes com espécies inflamáveis e a
sua orientação não deve coincidir com a dos ventos dominantes;
- os combustíveis arbustivos não deverão exceder 2000 m3/ha na presença
de copado arbóreo esparso e 500 m3/ha quando o coberto arbóreo for superior a
50%.
4. Em cada município deverão ser estabelecidas medidas complementares que
tenham em consideração as características das habitações, do povoamento
e dos espaços silvestres.

O sucesso nas medidas de protecção de habitações inseridas em espaços


silvestres, está dependente da adopção de programas locais e sub-regionais de
dinamização da aplicação da legislação, envolvendo:
- Acções de animação e sensibilização, alcançando o maior número possível de
residentes e proprietários florestais;
- A adaptação e desenvolvimento das prescrições técnicas gerais para cada caso
específico;
- O controlo sistemático da aplicação da lei;
- O acompanhamento dos trabalhos de modificação dos combustíveis.

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46

Figura 4. Exemplo de faixa de gestão de combustível na zona envolvente de uma


habitação inserida em espaço florestal

Bibliografia-base para a elaboração das orientações estratégicas para os


modelos de organização territorial e de gestão
DGF, 2003. Macrozonagem functional de Portugal continental. Versão preliminar.
DGF, Lisboa.
JOLICLERQ, F., 2004. Débroussaillement obligatoire et autoprotection des
habitations. Retour d’expérience après incendie. Séminaire «Quelles politiques de
prévention et d’aménagement du territoire régional». http://www.ofme.org
OFFICE NATIONAL DES FORÊTS, 2001. Reconstitution dês forêts après tempêtes.
Guide. ONF, Paris, 148 p.
REVUE FORESTIÈRE FRANÇAISE, numéro spécial Espaces Forestières et
Incendies, 1990.
RIGOLOT, E., CASTELLI, L., COHEN, M., COSTA, M., DUCHÉ., Y., 2002.
Recommendations for fuel-break design and fuel management at the wildland urban
interface: an empirical approach in South Easter France. Proceedings of the IV
International Conference on Forest Fire Research, Luso, pp. 131-142.
SILVA, J.M., 1988. Corta-fogos e outras práticas silvícolas de prevenção de
incêndios florestais. In Simpósio sobre a Floresta e o Ordenamento do Espaço de
Montanha, UTAD/SPCF, Vila Real, pp. 213-226.
SOCIÉTÉ DE PROTECTION DES FORÊTS CONTRE LE FEU, 2004. Le feu
menace… Êtes vous vulnérable ? http://www.sopfeu.qc.ca, 3 p.

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47

5.3. Modelos gerais de silvicultura

A recuperação de regiões percorridas por incêndios de grandes dimensões constitui


uma oportunidade única para o redesenho da paisagem florestal, “reequilibrando-a”
com a sociedade actual, adaptando-a às renovadas funções que lhe são exigidas e
integrando-a nos novos esquemas de ordenamento do território.
Porém, antes de definir os novos modelos de organização do espaço considerados
mais “interessantes” do ponto de vista silvícola, há que ter em conta todas as
condicionantes sociais e técnicas em jogo, muitas vezes contraditórias. Também os
princípios gerais subjacentes à recuperação florestal das regiões afectadas pelos
fogos ou por outras catástrofes referem a necessidade de uma abordagem
cautelosa e apoiada sobretudo nas dinâmicas naturais dos ecossistemas e em
técnicas pouco dispendiosas, face até à dimensão da tarefa a realizar.
Os modelos gerais de silvicultura que se pretendem privilegiar nas regiões de
reflorestação respondem às 5 funções principais identificadas no ponto 5.2.1. e
pretendem contribuir para a diversificação dos espaços arborizados nessas regiões.
No QUADRO 13 são sintetizadas as funções dominantes e regiões de distribuição das
diferentes espécies.

5.3.1. Função geral de produção


Quadro 8: Modelos gerais de silvicultura – produção
Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Acer Produção de Natural Regular Mista Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI, Rib.
pseudoplatanus L. madeira Artificial Irregular
Arbutus unedo L. Produção de Natural Irregular Misto Alto-fuste Todas A utilização do
frutos e Artificial Puro Talhadia medronheiro para
sementes produções
Talhadia ornamentais –
Produção de composta
biomassa para arranjos florais – tem
energia tido utilização
crescente.
Produção de
outros
materiais
vegetais e
orgânicos
Betula pubescens Produção de Natural Regular Misto Alto-fuste 300 árvores/ha PIBI Em povoamento
Ehrhart madeira Artificial Irregular Puro misto pode funcionar
como espécie
acessória que
melhora a forma das
árvores do
povoamento
objectivo.

Cedrus atlantica Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 PIBI, Al. e
(Endl.) Carr. madeira árvores/ha Alg.

Castanea sativa Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 170 a 200 Todas A produção de fruto
Mill. madeira Misto Talhadia árvores/ha requer a enxertia
Produção de com variedades
frutos e fruteiras.
sementes

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Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Casuarina Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas
equisetifolia Forst. biomassa para Misto
& Forst. energia
Produção de
madeira
Ceratonia siliqua Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 100 a 200 Alg. Instalação por
L. frutos e hárvores/ha plantação seguida
sementes de enxertia com uma
planta feminina.

Chamaecyparis Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 400 a 750 PIBI


lawsoniana (A. madeira Misto árvores/ha
Murr.) Parl.
Cupressus Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 600 a 800 PIBI, Al.
arizonica Greene madeira Misto árvores/ha

Cupressus Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas


lusitanica Mill madeira Natural Misto árvores/ha

Cupressus Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 600 a 800 Todas


sempervirens L. madeira Natural Misto árvores/ha
Produção de
outros
materiais
vegetais e
orgânicos

Eucalyptus Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 600 árvores/ha Todas


globulus Labill. madeira Talhadia 1100 a 1400
Produção de árvores/ha
outros
materiais
vegetais e
orgânicos
Fraxinus Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha Todas
angustifolia Vahl. madeira Natural Talhadia
Talhadia
composta

Gleditsia Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas


triacanthos L. biomassa para Misto Talhadia
energia
Talhadia
composta

Juglans regia L.. Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha Todas
e madeira
Juglans nigra L.. Produção de
frutos e
sementes
Pinus nigra Arnold Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 200 a 500 PIBI
ssp. laricio Poiret madeira Natural Misto árvores/ha

Pinus pinaster Ait. Produção de Natural Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas Árvores de natal
madeira Artificial Misto árvores/ha.
Produção de
outros
materiais
vegetais e
orgânicos

Pinus pinea L. Produção de Natural Regular Puro Alto-fuste 200 a 250 Todas
frutos e Artificial Misto árvores/ha.
sementes
Produção de
madeira

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Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Platanus hispanica Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 400 a 700 Todas
Milll. ex. Münchh. madeira Talhadia árvores/ha

Populus sp. Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 200 a 400 Todas Grandes dificuldades
madeira Talhadia árvores/ha no escoamento da
Produção de madeira de choupo
outros após o
materiais encerramento das
vegetais e indústrias fosforeiras
orgânicos em Portugal.

Prunus avium L.. Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI e Al.
madeira Misto

Pseudotsuga Produção de Artificial Regular Puro Alto-fuste 150 a 220 PIBI


menziesii Franco madeira Misto árvores/ha

Quercus robur L. Produção de Natural Irregular Pura Alto-fuste 60 a 100 PIBI Fundamental uma
madeira Artificial Regular Mista árvores/ha gestão dos andares
inferiores que
promova o
ensombramento do
tronco.
Quercus Produção de Natural Regular Misto Alto-fuste Área de coberto Todas A composição mista
rotundifolia Lam. frutos e Artificial Irregular Puro Talhadia das copas entre justifica-se
sementes 30% e 50% essencialmente em
Talhadia situações de solos
Produção de composta
biomassa para degradados.
energia A talhadia deve
limitar-se a estações
com boas
características
edáficas, quando a
produção de frutos e
sementes não é
importante.
Quercus rubra L. Produção de Artificial Regular Mista Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI A forma das árvores
madeira Pura melhora
consideravelmente
quando na presença
de um povoamento
de
acompanhamento,
que poderá ser
composto por
vegetação lenhosa.

Quercus faginea L. Produção de Natural Irregular Mista Alto-fuste 60 a 80 Rib. e Alg.


biomassa para Artificial Regular Pura Talhadia árvores/ha
energia
Produção de
frutos e
sementes
Produção de
madeira
Quercus pyrenaica Produção de Natural Irregular Pura Talhadia 60 a 80 PIBI e Al. A forma das árvores
Willd. madeira Artificial Regular Mista Talhadia árvores/ha melhora
Produção de composta consideravelmente
biomassa para quando na presença
Alto-fuste de um povoamento
energia
de
acompanhamento,
que poderá ser
composto por
vegetação lenhosa.

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50

Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Quercus suber L. Produção de Natural Regular Misto Alto-fuste 100 a 150 Todas A composição mista
cortiça Artificial Puro Talhadia árvores/ha. é particularmente
Produção de interessante no
Talhadia período de
biomassa para composta
energia instalação e
formação do fuste

Salix sp. Produção de Artificial Irregular Misto Alto-fuste Varia em função Todas Ramos muito
biomassa para Regular Puro Talhadia do objectivo de utilizados em
energia produção trabalhos de cestaria
Talhadia (vime)
Produção de composta
outros
materiais
vegetais e
orgânicos

5.3.2. Função geral de protecção


Quadro 9: Modelos gerais de silvicultura - protecção
Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Acer Protecção Artificial Regular Misto Alto-fuste PIBI
pseudoplatanus L. contra Natural Puro
incêndios

Arbutus unedo L. Recuperação Natural Irregular Misto Alto-fuste Todas


de solos Artificial Puro Talhadia
degradados
Talhadia
composta

Cedrus atlantica Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 PIBI, Al. e
(Endl.) Carr. contra árvores/ha Alg.
incêndios
Protecção
micro-climática
Celtis australis L. Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI, Al., Rib.
contra a Natural
erosão hídrica
e cheias

Chamaecyparis Recuperação Artificial Regular Puro Alto-fuste 400 a 750 PIBI Na protecção contra
lawsoniana de solos Misto árvores/ha incêndios, poderá
(A.Murr.) Parl. degradados optar-se por:
Protecção Diminuir as
contra densidades de 60% a
incêndios 70%- reduz-se o
perigo de fogo de
copas e mantém-se
algum
ensombramento:
Aumentar a
densidade- reduz-se
o espaço entre as
copas, tornando mais
eficaz o controlo,
por ensombramento,
dos andares
dominados e estrato
arbustivo.

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Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Cupressus Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas Na protecção contra
lusitanica Mill micro-climática Natural Misto árvores/ha (com incêndios, poderá
Recuperação excepção da optar-se por:
de solos protecção contra Diminuir as
degradados incêndios) densidades de 60% a
Protecção 70%- reduz-se o
contra perigo de fogo de
incêndios copas e mantém-se
algum
ensombramento:
Aumentar a
densidade- reduz-se
o espaço entre as
copas, tornando mais
eficaz o controlo dos
andares dominados e
estrato arbustivo por
ensonbramento.

Cupressus Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 600 a 800 Todas


macrocarpa Hartw. micro-climática árvores/ha

Cupressus Protecção Artificial Regula Puro Alto-fuste 600 a 1000 Todas


sempervirens L. micro-climática Natural Misto árvores/ha
Recuperação
de solos
degradados
Eucalyptus Protecção e Artificial Regular Puro Alto-fuste 600 árvores/ha Todas
globulus Labill. segurança Talhadia 1100 a 1400
ambiental. árvores/ha
Fraxinus Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha Todas
angustifolia Vahl. contra a Natural Talhadia
erosão hídrica
e cheias Talhadia
composta

Gleditsia Recuperação Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas


triacanthos L. de solos Misto Talhadia
degradados
Talhadia
Protecção composta
micro-climática

Juniperus Recuperação Artificial Regular Puro Alto-fuste PIBI, Al.


oxicedrus L. de solos Natural
degradados

Olea europaea L Recuperação Artificial Regular Misto Alto-fuste Todas


de solos Natural
degradados

Pinus halepensis Recuperação Artificial Regular Puro Alto-fuste 150 a 400 Todas
Mill. de solos Misto árvores/ha
degradados
Pinus nigra Arnold Recuperação Artificial Regular Puro Alto-fuste 200 a 500 PIBI
ssp. laricio Poiret de solos Natural Misto árvores/ha
degradados

Pinus pinaster Ait. Recuperação Natural Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas
de solos Artificial Misto árvores/ha.
degradados
Protecção
contra a
erosão eólica

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


52

Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Pinus pinea L. Recuperação Natural Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas Na protecção contra
de solos Artificial Misto árvores/ha. incêndios (FGC)
degradados (Incluindo FAD) também se poderá
Protecção optar por diminuir as
contra densidades – reduz-
incêndios se o perigo de fogo
de copas e mantém-
se algum
ensombramento -,
devendo , nesse
caso, a densidade
ser de 100 a 200
árvores/ha.

Platanus hispanica Protecção e Artificial Regular Puro Alto-fuste 400 a 700 Todas
Milll. ex. Münchh. segurança Talhadia árvores/ha
ambiental

Populus spp. Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 200 a 400 Todas
contra a Talhadia árvores/ha
erosão hídrica
e cheias
Protecção e
segurança
ambiental
Pseudotsuga Protecção Artificial Regular Puro Alto-fuste 150 a 220 PIBI
menziesii Franco contra Misto árvores/ha
incêndios

Quercus faginea L. Recuperação Natural Irregular Mista Alto-fuste 60 a 80 Todas


de solos Artificial Regular Pura árvores/ha
degradados

Quercus pyrenaica Recuperação Natural Irregular Pura Alto-fuste 60 a 80 PIBI e Al. .


Willd. de solos Artificial Regular Mista árvores/ha
degradados

Quercus Recuperação Natural Regular Misto Alto-fuste Área de coberto Todas


rotundifolia Lam. de solos Artificial Irregular Puro das copas entre
degradados 40% e 60%

Quercus suber L. Recuperação Natural Regular Misto Alto-fuste Área de coberto Todas
de solos Artificial Puro das copas entre
degradados 40% e 60%

Salix sp. Protecção Artificial Irregular Misto Alto-fuste Todas


contra a Regular Puro Talhadia
erosão hídrica
e cheias Talhadia
composta

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53

5.3.3. Função geral de conservação de “habitats”, espécies da fauna e da flora


e de geomonumentos
Os modelos gerais de silvicultura para os espaços arborizados cuja função
dominante é a da conservação de habitats classificados devem basear-se na
avaliação da vegetação natural potencial para cada estação e nas correspondentes
séries de vegetação.
Embora a degradação das condições edafo-climáticas possa, por vezes, obrigar à
utilização de espécies pioneiras (porventura pertencentes a séries de vegetação da
região, mas típicas de estações mais xerófilas), a identificação das associações
florísticas cabeças-de-série12 (identificadas no QUADRO 10) permite a adopção de
um conjunto por vezes alargado de opções no que toca à escolha das espécies
para as acções de rearborização.

12
Incluíram-se, igualmente, outras associações arborescentes não classificadas como cabeças-de-
série.

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54

Quadro 10: Vegetação natural potencial nas regiões de reflorestação. Formações arbóreas

Associação Descrição est dom assoc Frequência (nas reg. de reflo.)


PIBI Alt Rib Alg

VIDUAIS

Saxifrago spathularidis-Betuletum celtibericae Viduais submontanos e montanos do Norte e Centro ! Bp Sa, Ia, Ap, Qp R

CARVALHAIS
Viburno tini-Quercetum roboris Carvalhais de carvalho-roble basais e submontanos do ! Qr Qs, Qp, Cs, Au, Pp, Ia, Pa,
Centro Pl, Ln
Holco mollis-Quercetum pyrenaicae Carvalhais submontanos, montanos e altimontanos dos Qp Qr, Cs, Bp, Ia, Pa, Sl F
maciços montanhosos e do interior Norte e Centro.
Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae Carvalhais basais e sub-montanos do Centro. Qp Au F F
Oleo sylvestris-Quercetum broteroi Carvalhais basais e sub-montanos da serra Algarvia. Qf Os
Pistacio terebinthi-Quercetum broteroi (Carvalhais de carvalho-português do centro e sul Qf
interiores?)
Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis Carvalhais basais, submontanos e montanos da serra de ! Qc Cs, Au R
Monchique.

SOBREIRAIS

Asparago aphylli-Quercetum suberis Sobrais basais da região Centro litoral entre os rios Vouga Qs Qf, Au, Os, Jo F F
quercetosum suberis e Mira. Inclui sobrais com zimbros dos alcantis do Tejo e
juniperetosum oxycedri cristas quartzíticas.
Sanguisorbo agrimonioidis-Quercetum Sobrais basais e submontanos do Centro e Sul interiores e Qs Qf
suberis da serra algarvia.
Teucrio baetici-Quercetum suberis Sobrais basais e submontanos dos relevos siliciosos duros Qs F
centaureetosum cracatae do sudoeste do país.

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55

AZINHAIS
Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae Azinhais basais e submontanos, alcalinos, do Centro litoral Qt Qf
e interior.
Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae Azinhais basais e submontanos, siliciosos, das regiões Qt Pb, Qa, Os, Au A A
myrtetosum communis Centro e Sul interiores, ao sul do rio Dão.
AMIAIS
Galio broteroani-Alnetum glutinosae Amiais ripícolas montanos e altimontanos dos cursos de Ag A
água permanentes do interior Norte e Centro.
Scrophulario scorodoniae-Alnetum glutinosae Amiais ripícolas dos cursos de água permanentes Ag Sc A A A F
Campanulo primulifoliae-Alnetum glutinosae Amiais ripícolas dos cursos de água permanentes da região Ag Sc, Rp, Fa A
da serra de Monchique
SALGUEIRAIS
Carici lusitanicae-Salicetum atrocinereae Salgueirais paludosos de S. atrocinerea e Myrica gale. ! Sc R
Rubo corylifolii-Salicetum atrocinereae Salgueirais ripícolas de S. atrocinerea das montanhas do Sc R
Norte e do Centro interiores.
Viti viniferae-Salicetum atrocinereae Salgueirais ripícolas de S. atrocinerea dos cursos de água Sc A A
permanentes das regiões litorais basais do Centro e do Sul.
Salicetum atrocinereo-australis Salgueirais ripícolas arborescentes de cursos de água Sb A A
intermitentes ao sul do rio Tejo.
Salicetum salviifoliae Salgueirais ripícolas arborescentes de S. salviifolia, Ss A
submontanos a altimontanos, de cursos de água
intermitentes ao norte do rio Tejo.
Salici neotrichae-Populetum nigrae Choupais-salgueirais ripícolas dos vales ribatejanos. Pn Sn A
FREIXIAIS
Ficario ranunculoidis-Fraxinetum Freixiais-choupais ripícolas do Centro e do Sul, em cursos Fa Pn F F A F
angustifoliae de água com alguma estiagem.
Fraxino angustifoliae-Quercetum pyrenaicae Freixiais-carvalhais em leitos de cheia das regiões Qp Fa R
montanas e altimontanas do interior Norte e Centro.

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56

COMUNIDADES DE AZEREIROS
Frangulo alni-Prunetum lusitanicae Comunidades de azereiros, submontanas e montanas, Pl Ia, Cs, Au, Pa, Ag, Qr R
ripícolas e do fundo dos vales das serras do Centro do
país.
OLMEDOS
Opopanaco chironii-Ulmetum minoris Olmedos ripícolas dos vales abertos do Norte interior, do Um A
Centro e Sul.
CHOUPAIS
Salici atrocinereae-Populetum albae Choupais dominados pelo choupo-branco da lezíria do Po Sa
Tejo.

Legenda

Ag Alnus glutinosa amieiro Qa Quercus coccifera carrasco


Ap Acer pseudoplatanus plátano-bastardo Qc Quercus canariensis carvalho-de-monchique
Au Arbutus unedo medronheiro Qf Quercus faginea carvalho-português
Bp Betula pubescens vidoeiro Qp Quercus pyrenaica carvalho-negral
Cs Castanea sativa castanheiro Qr Quercus robur carvalho-roble
Fa Fraxinus angustifolia freixo Qt Quercus rotundifolia azinheira
Ia Ilex aquifolium azevinho Qs Quercus suber sobreiro
Jo Juniperus oxycedrus oxicedro Rp Rhododendron ponticum adelfeira
Ln Laurus nobilis loureiro Sa Sorbus aucuparia tramazeira
Os Olea europaea var. sylvestris zambujeiro Sb Salix alba vimeiro-branco
Pa Prunus avium cerejeira-brava Sc Salix atrocinerea borrazeira-preta
Pb Pyrus bourgaeana catapereiro Sl Sorbus latifolia mostajeiro
Pl Prunus lusitanica azereiro Sn Salix neotricha salgueiro-frágil
Pn Populus nigra choupo-negro Ss Salix salviifolia borrazeira-branca
Po Populus alba choupo-branco Um Ulmus minor ulmeiro-liso
Pp Pinus pinaster pinheiro-bravo
est – estatuto de conservação ! – Formação florestal com elevado valor para a conservação
dom – espécie arbórea dominante
assoc – espécies arbóreas associadas R – rara; F – frequente ; A – abundante.

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57

Figura 5: Tipos de floresta indígena dominante (retirado da CARTA BIOGEOGRÁFICA DE


PORTUGAL CONTINENTAL).

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58

5.3.4. Função geral de silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores


Quadro 11: Modelos gerais de silvicultura - silvopastorícia
Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Alnus glutinosa Suporte à Artificial Regular Misto Alto-fuste Todas
(L.) Gaertner pesca nas Natural Irregular Puro Talhadia
águas
interiores Talhadia
composta
Arbutus unedo L. Suporte à Natural Irregular Misto Alto-fuste Todas
caça e Artificial Puro Talhadia
conservação
de espécies Talhadia
cinegéticas composta
Suporte à
apicultura

Betula pubescens Suporte à Natural Regular Misto Alto-fuste PIBI


Ehrhart pastorícia Artificial Irregular Puro
Suporte à
caça e
conservação
de espécies
cinegéticas
Castanea sativa Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste PIBI, Al. e A produção de fruto
Mill. caça e Misto Talhadia Alg. requer a enxertia com
conservação variedades fruteiras.
de espécies
cinegéticas

Celtis australis L. Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI, Al., Rib.
caça e Natural
conservação
de espécies
cinegéticas

Ceratonia siliqua Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste 100 a 200 Alg. Instalação por
L. caça e árvores/ha plantação seguida de
conservação enxertia com uma
de espécies planta feminina.
cinegéticas

Corylus avellana Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas


L. caça e Misto
conservação
de espécies
cinegéticas
Fraxinus Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha Todas
angustifolia Vahl. pastorícia Natural Talhadia
Suporte à Talhadia
pesca nas composta
águas
interiores
Gleditsia Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas
triacanthos L. pastorícia Misto Talhadia
Suporte à Talhadia
apicultura composta
Suporte à
caça e
conservação
de espécies
cinegéticas

Pinus pinaster Ait. Suporte à Natural Regular Puro Alto-fuste 300 a 500 Todas Disponibilização de
caça e Artificial Misto árvores/ha. alimento (penisco)
conservação para certas espécies
de espécies cinegéticas (rolas)
cinegéticas

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59
Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (indicativa) reflorestação
Populus spp. Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste Todas
pesca nas Talhadia
águas
interiores
Prunus avium L.. Suporte à Artificial Regular Puro Alto-fuste 80 árvores/ha PIBI e Al.
caça e misto
conservação
de espécies
cinegéticas-
Quercus faginea L. Suporte à Natural Irregular Mista 60 a 80 60 a 80 Todas
caça e Artificial Regular árvores/ha árvores/ha
conservação PuroAlto-
de espécies fuste
cinegéticas

Quercus pyrenaica Suporte à Natural Irregular Puro Alto-fuste 60 a 80 PIBI, Al. .


Willd. caça e Artificial Regular Misto árvores/ha
conservação
de espécies
cinegéticas
Quercus Suporte à Natural Regular Puro Alto-fuste Espaçamento Todas
rotundifolia Lam. pastorícia Artificial entre copas –
Suporte à 50% do raio
caça e médio da sua
conservação projecção
de espécies horizontal.
cinegéticas
Quercus suber L. Suporte à Natural Regular Misto Alto-fuste Área de coberto Todas
pastorícia Artificial Puro das copas entre
Suporte à 40% e 60%
caça e
conservação
de espécies
cinegéticas

Salix spp. Suporte à Artificial Irregular Misto Alto-fuste Todas


pesca nas Regular Puro Talhadia
águas
interiores Talhadia
composta

5.3.5. Função geral de recreio, enquadramento paisagístico e estética da paisagem


Quadro 12: Modelos gerais de silvicultura - recreio
Espécie Sub – Função Regener. Estrutura Compos. Regime Densidade Final Regiões de Observações
geral (Indicativa) reflorestação
Espécies Enquadramento Natural Regular Mista Alto-fuste Todas
indígenas, de equipamentos Artificial Irregular Pura
naturalizadas ou turísticos
com interesse Enquadramento
para a de Infra-
arborização, não estruturas
invasoras,
constantes da Recreio
“Lista das Enquadramento
espécies arbóreas de usos
utilizáveis em especiais
Portugal” (DGRF). Enquadramento
de aglomerados
urbanos e
monumentos

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


60

Bibliografia-base para a elaboração das orientações estratégicas para os modelos


gerais de silvicultura

ASSOCIAÇÃO LUSITANA DE FITOSSOCIOLOGIA – ALFA, 2003. Checklist dos


sintaxa de Portugal. Continente e Ilhas. 6.ª versão, documento policopiado, ALFA,
Lisboa, 26 p.
CORREIA, A., OLIVEIRA, A. 1999. Principais Espécies Florestais Com Interesse Para
Portugal. Zonas de Influência Mediterrânea. Estudos e Informação n.º 318, Direcção-
Geral das Florestas, Lisboa, 119 p.
CORREIA, A., OLIVEIRA, A. 2003. Principais Espécies Florestais Com Interesse Para
Portugal. Zonas de Influência Atlântica. Estudos e Informação n.º 322, Direcção-Geral
das Florestas, Lisboa, 187 p.
DIRECÇÃO-GERAL DAS FLORESTAS, 2003. Espécies arbóreas florestais utilizáveis
em Portugal. Documento policopiado, DGF, Lisboa, 9 p.
LOURO, G. E OUTROS, 2002. Elementos de Apoio à Elaboração de Projectos
Florestais. 2.ª Edição, Estudos e informação n.º 321, Direcção-Geral das Florestas,
Lisboa, 126 p.

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61
Quadro 13: Espécies, regiões e funções dominantes (síntese)
Espécie Nome vulgar Estatuto PIBI AltoAlentejo Ribatejo Algarve
Alnus glutinosa amieiro Indígena CS CS CS CS
Acer monspessulanum zelha Indígena pC pC pC
Acer pseudoplatanus plátano-bastardo Indígena PpC
Arbutus unedo medronheiro Indígena PCS PCS PCS PCS
Betula pubescens vidoeiro Indígena PCS
Castanea sativa castanheiro Indígena PCS PCS PS PCS
Casuarina equisetifolia casuarina Exótica Pp Pp Pp Pp
Cedrus atlantica cedro-do-atlas Exótica Pp Pp Pp
Celtis australis lódão-bastardo Indígena pCS pCS pCS
Ceratonia siliqua alfarrobeira Indígena P
Chamaecyparis lawsoniana cedro-do-orégão Exótica Pp
Corylus avellana aveleira Indígena CS CS CS CS
Cupressus arizonica cipreste-do-arizona Exótica P P
Cupressus lusitanica cipreste-do-buçaco Exótica Pp Pp Pp Pp
Cupressus macrocarpa cipreste-de-monterrey Exótica p p p p
Cupressus sempervirens cipreste-comum Exótica Pp Pp Pp Pp
Eucalyptus globulus eucalipto Exótica P P P P
Fraxinus angustifolia freixo-comum Indígena PpS PpS PpS PpS
Gleditsia triacanthus espinheiro-da-virgínia Exótica PpS PpS PpS PpS
Ilex aquifolium azevinho Indígena C C C
Junglans nigra nogueira-americana Exótica P P P P
Junglans regia nogueira-nacional Exótica P P P P
Juniperus oxycedrus oxicedro Indígena pC pC
Laurus nobilis loureiro Indígena C C C C
Olea europaea var. sylvestris zambujeiro Indígena pC pC pC pC
Pinus halepensis pinheiro-de-alepo Exótica p p p p
Pinus nigra pinheiro-larício Exótica Pp
Pinus pinaster pinheiro-bravo Indígena PpC Pp Pp Pp
Pinus pinea pinheiro-manso Indígena Pp Pp Pp Pp
Pinus sylvestris pinheiro-silvestre Indígena Pp
Platanus hispanica plátano Exótica Pp Pp Pp Pp
Populus alba choupo-branco Indígena pS pS pCS pS
Populus x canadensis choupo-híbrido Exótica Pp Pp Pp Pp
Populus nigra choupo-negro Indígena PpS PpS PpS PpS
Prunus avium cerejeira-brava Indígena PCS PS
Prunus lusitanica azereiro Indígena CS
Pseudotsuga menziesii pseudotsuga Exótica Pp
Pyrus bourgaeana catapereiro Indígena CS CS
Quercus coccifera carrasco Indígena C C C C
Quercus canariensis carvalho-de-monchique Indígena pC
Quercus faginea carvalho-português Indígena pCS pCS pCS pCS
Quercus pyrenaica carvalho-negral Indígena pCS pCS
Quercus robur carvalho-roble Indígena PC
Quercus rotundifolia azinheira Indígena PpCS PpCS PpCS PpCS
Quercus rubra carvalho-americano Exótica P
Quercus suber sobreiro Indígena PpCS PpCS PpCS PpCS
Rhododendron ponticum adelfeira Indígena C
Salix alba vimeiro-branco Indígena PpCS PpCS PpCS PpCS
Salix atrocinerea borrazeira-preta Indígena PpCS PpCS PpCS PpCS
Salix neotricha salgueiro-frágil Indígena CS CS
Salix salviifolia borrazeira-branca Indígena CS
Sorbus aucuparia tramazeira Indígena CS
Sorbus latifolia mostajeiro Indígena CS
Ulmus minor ulmeiro-liso Indígena CS CS CS CS
P – produção; p – protecção; C – conservação; S – silvopastorícia, caça e pesca. Todas as espécies são
susceptíveis de utilização em povoamentos com função dominante de recreio e enquadramento
paisagístico. As espécies resinosas estão representadas a cinzento.

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62
5.4. Modelo de infraestruturação dos espaços florestais.
Rede Regional de Defesa da Floresta

5.4.1. Descrição geral

5.4.1.1. OBJECTIVO
As RDF, a constituir em cada região de reflorestação segundo as orientações gerais
deste capítulo, têm como função primordial concretizar territorialmente, de forma
coordenada, a estratégia regional de defesa da floresta contra incêndios (DFCI) nas
regiões de reflorestação, a qual tem por finalidade a redução da taxa anual de
incidência de fogos florestais para níveis social e ecologicamente aceitáveis.
Esta estratégia aborda de forma integrada 3 áreas fundamentais:
1. Prevenção da eclosão do fogo, visando diminuir o número de ocorrências;
2. Planeamento do território, visando dotar os espaços florestais das características
e infraestruturas necessárias para a minimização da área ardida e consequentes
danos ecológicos e patrimoniais, bem como gerir as interfaces floresta/agricultura
e floresta/zonas edificadas;
3. Combate aos incêndios, visando a redução da área de cada incêndio e a
salvaguarda de pessoas e bens, incluindo não só a primeira intervenção como
também toda a actividade de combate estendido.
As redes regionais de defesa da floresta visam sobretudo o desenvolvimento do ponto 2
das estratégias de DFCI, embora naturalmente abordem também aspectos
directamente relacionados com os restantes dois pilares.
Convém salientar que o sucesso de uma estratégia regional de DFCI depende do
sucesso de cada uma das suas componentes, necessariamente com ordem
decrescente de importância e prioridade.

5.4.1.2. CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO


A RDF é concebida no âmbito das CRR e desenvolvida pelas entidades que a integram,
designadamente através dos planos de defesa da floresta (CM), dos planos ZIF
(entidades gestoras das ZIF), dos planos de gestão florestal (proprietários) ou de
projectos florestais com dimensão estruturante, para além da actividade normal dos
serviços da DGRF, das DRA, do ICN, das CCDR e do SNBPC, entre outros.
Entre as orientações gerais que balizam a concepção da RDF sobressaem as do Plano
Nacional de DFCI e as normas técnicas emanadas da AGÊNCIA PARA A PREVENÇÃO DE
INCÊNDIOS FLORESTAIS, as orientações dos PROF e de outros instrumentos relevantes
de planeamento sectorial e especial.

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63

5.4.1.3. COMPONENTES
A RDF é constituída por um conjunto de redes e acções sectoriais, designadamente:
- Rede de faixas de gestão de combustível;
- Mosaico de parcelas de gestão de combustível;
- Rede viária;
- Rede de pontos de água e de outros materiais retardantes;
- Rede de vigilância e detecção de fogos;
- Rede de infraestruturas de combate.

A concepção, desenvolvimento e manutenção de cada uma destas componentes deve


ter em consideração todas as outras.

A eficácia da RDF passa também, obrigatoriamente, por:


- Um bom conhecimento das diferentes componentes da RDF por parte de todos
os agentes envolvidos na DFCI, devendo ser garantida a acessibilidade universal
a cartografia precisa e actualizada;
- Normalização, em todas as vertentes, dos equipamentos e infraestruturas
florestais;
- Uma boa sinalização de todos os cruzamentos e entroncamentos da rede viária,
bem como de outros equipamentos, com indicações claras e precisas;
- Testes periódicos à capacidade para a sua utilização, designadamente com
exercícios de simulação de fogos florestais.
Como já se referiu, a RDF é complementada por medidas a incorporar noutros níveis de
planeamento e decisão, designadamente nos modelos de silvicultura e de organização
espacial dos povoamentos florestais (tipo de espécies a utilizadas, desenho dos
povoamentos, etc.), nos PMOT (p.ex. no que respeita à edificação em espaços
florestais ou na localização de determinados tipos de infraestruturas públicas), na
supressão das ignições, na distribuição dos dispositivos policiais, etc.

5.4.1.4. EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO


A execução da RDF é da responsabilidade dos proprietários, das entidades de gestão
das ZIF e das diferentes entidades públicas, em função das suas atribuições e
competências e dos programas de acção acordados no âmbito das CRR, das CMDFCI
e das ZIF. Os planos municipais de defesa da floresta (PDF) incorporam e desenvolvem
os níveis municipal e local da RDF.
O programa de implantação da RDF contém, obrigatoriamente, uma componente de
acções de manutenção subsequentes, designadamente no que respeita às faixas e
mosaicos de parcelas de gestão de combustível.

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64

5.4.1.5. FINANCIAMENTO
A execução e manutenção da RDF são suportadas por verbas oriundas dos detentores
da gestão dos espaços florestais, decorrentes da normal gestão das explorações
florestais, e por financiamentos públicos, através dos programas municipais, estatais e
comunitários de apoio ao desenvolvimento e protecção florestais.
O apoio à implementação das RDF nas regiões das CRR deve ser priorizado no
contexto dos diversos programas públicos.

5.4.1.6. MONITORIZAÇÃO
A monitorização do funcionamento da RDF é assegurada pelas CRR e, após a
cessação da sua actividade, pela DGRF. Neste sentido, deve ser favorecida a criação
de CMDFCI intermunicipais, agregando concelhos limítrofes que partilhem as mesmas
sub-regiões naturais e integrem o mesmo território PROF, eventualmente seguindo
propostas acordadas no âmbito das CRR.
A monitorização deve ter em particular atenção a avaliação da eficácia das medidas
propostas e da relação custo-benefício das opções técnicas escolhidas.
Deverá ser estabelecido um programa nacional de acompanhamento das RDF, nas
suas vertentes científica, técnica e económico-financeira.

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65

5.4.2. Componentes da Rede de Defesa da Floresta

5.4.2.1. REDE DE FAIXAS DE GESTÃO DE COMBUSTÍVEL

O redesenho da paisagem através do estabelecimento de descontinuidades na


estrutura das formações vegetais constitui uma das principais componentes da
reestruturação dos espaços florestais, a par da alteração da composição e estrutura dos
povoamentos ou do uso do solo.
Existem duas estratégias complementares de intervenção na modificação dos
combustíveis quanto ao seu arranjo: faixas de gestão de combustível (FGC), numa
lógica de “contenção activa” do fogo em bandas que definem compartimentos mais ou
menos vastos13, e parcelas de gestão de combustível, que actuam numa lógica de
modificação do comportamento do fogo, em áreas dispersas de grande dimensão,
permitindo a adopção de um mais variado leque de tácticas de supressão.
Cada uma destas duas estratégias apresenta vantagens e inconvenientes e o peso
relativo de cada uma nas RDF deve resultar das restrições associadas ao regime de
fogo que se pretenda manter, aos sistemas e funções florestais prevalecentes na região
e aos diferentes aspectos sócio-económicos a respeitar14.
Numa região predominantemente florestal entende-se por FGC uma parcela de território
mais ou menos linear onde se garante a remoção total ou parcial de biomassa florestal,
através da afectação a usos não florestais (agricultura, infraestruturas, etc.) e do
recurso a determinadas actividades (silvopastorícia, etc.) ou a técnicas silvícolas
(desbastes, limpezas, fogo controlado, etc.), com o objectivo principal de reduzir o
perigo de incêndio. As faixas de gestão de combustível subdividem-se em:
- faixas de redução de combustível (FRC), em que se procede à remoção
(normalmente parcial) do combustível de superfície (herbáceo, subarbustivo e
arbustivo), à supressão da parte inferior das copas e à abertura dos
povoamentos;
- faixas de interrupção de combustível (FIC), em que se procede à remoção
total de combustível vegetal.
As FGC cumprem três funções primordiais:
- FGC cujo principal objectivo é a diminuição da superfície percorrida por
grandes incêndios, permitindo e facilitando uma intervenção directa de combate
na frente de fogo ou nos seus flancos (função 1);
- FGC cujo principal objectivo é reduzir os efeitos da passagem de grandes
incêndios protegendo, de forma passiva, vias de comunicação, infraestruturas,
zonas edificadas e povoamentos florestais de valor especial (função 2);
- FGC cujo principal objectivo é o isolamento de focos potenciais de ignição de
incêndios, como sejam as faixas paralelas às linhas eléctricas ou à rede viária,
as faixas envolventes aos parques de recreio, etc. (função 3).

13
Está-se aqui a referir, apenas, às faixas de gestão de combustível da rede primária, as únicas definidas
à escala da paisagem.
14
De entre os quais se destaca o regime de propriedade e o tipo de gestão florestal associado, o grau de
profissionalização dos sistemas de prevenção da eclosão e de supressão dos fogos, a densidade
demográfica e o tipo de povoamento, entre outros.
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66
A rede regional de FGC deverá ser concebida em três níveis, consoante a(s) sua(s)
funcionalidade(s) e responsabilidade de manutenção:
- rede primária, de nível sub-regional, delimitando compartimentos com
determinada dimensão, desenhada primordialmente para cumprir a função 1, mas
desempenhando igualmente as restantes;
- rede secundária, de nível municipal, estabelecida para as funções 2 e 3;
- rede terciária, de nível local e apoiada nas redes viária, eléctrica e divisional das
explorações agro-florestais, desempenhando essencialmente a função 3.
Os indicadores de referência para o planeamento, instalação e manutenção das FGC
constam nos quadros 14, 15 e 16.
No caso específico da concepção da rede primária de faixas de redução de
combustível em espaços florestais há ainda que cumprir os seguintes princípios básicos
gerais:
1. As FRC em espaços florestais não são desenhadas para parar um fogo, mas
sim para conferir às forças responsáveis pelo combate uma maior
probabilidade de sucesso no ataque e contenção de um grande fogo florestal.
O desenho e a instalação de FRC devem, por isso, ter com preocupação
fundamental a segurança no combate ao fogo e envolver desde o início os
corpos de bombeiros e os serviços distritais do SNBPC;
Pela mesma razão, as FRC devem apoiar-se sempre na rede viária, sem a
qual não possuem qualquer utilidade. Igualmente a rede de pontos de água
deve ser particularmente desenvolvida ao longo da rede primária de FRC.
A eficácia destas redes está também dependente da capacidade de, em caso
de emergência, nelas se concentrarem os recursos de combate; nesse
sentido, é fundamental não só o sucesso das estratégias de diminuição do
número de ignições em situações meteorológicas de elevado perigo de
incêndio mas também de diminuição de infraestruturas em risco potencial
(habitações,etc.), que desviam meios de combate.
2. O desenho das FRC deve ter em consideração as particularidades da
paisagem local e o histórico dos [grandes] fogos na região, designadamente
no que respeita às causas da ignição e às condições meteorológicas e de
combustíveis que propiciam o desenvolvimento de fogos de grande extensão
e intensidade.
Neste sentido deverá ser previamente recolhida toda a informação disponível
sobre anteriores eventos catastróficos e sobre a causalidade e aproveitado o
conhecimento empírico de técnicos, guardas florestais, bombeiros e
trabalhadores rurais com experiência local em acções de combate e
prevenção dos fogos.
No desenho e estruturação das FGC deverão ser utilizados sempre que
possível modelos de simulação de comportamento de fogos florestais.
Simultaneamente, deve ser desenvolvida uma linha de investigação que
defina os padrões regionais de desenvolvimento dos grandes fogos e os
factores meteorológicos e silvícolas que os potenciaram.
3. No que respeita ao tratamento do combustível à escala da paisagem, as FRC
nunca são um fim em si mas devem ser consideradas como “pontos de apoio”
preferenciais onde se devem ancorar tratamentos de combustível que

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


67
progressivamente se estendam para o interior dos compartimentos por si
definidos, fundamental para garantir um impacte realmente estruturante da
RDF.
Por outro lado, a concepção de uma FRC implica a adopção simultânea de
programa de manutenção (em intervalos de 2-5 anos), sem o qual se torna
virtualmente ineficaz ou mesmo perigosa. A manutenção deverá
desejavelmente ser integrada com actividades geradoras de recursos
financeiros como a silvopastorícia, a gestão cinegética, a recolha de biomassa
para energia, a agricultura ou a produção de frutos silvestres. Igualmente
deverá ser optimizada a utilização de sapadores florestais ou de outras
estruturas locais que operem na gestão de combustíveis.
4. Não existem especificações técnicas de aplicação universal para o desenho
de FRC. Contudo nalguma bibliografia são referidas algumas prescrições que
têm recebido aceitação mais generalizada:
- A largura não deve ser inferior a 100-125 m e devem desenvolver-se
em linhas onde o ataque indirecto seja facilitado, tais como cumeadas
ou estradas ao longo de vales;
- Devem possuir uma orientação perpendicular à dos ventos
associados às situações meteorológicas de maior perigo;
- Os compartimentos criados devem situar-se entre os 500 e os 5000
ha, dependendo do tipo de paisagem e sistemas florestais envolvidos;
- O coberto arbóreo não deve ser superior a 50% e idealmente, situar-
se entre 20-30%;
- A base das copas não deve baixar dos 3 m;
- Como exemplo, em FRC com 150 m de largura e coberto arbóreo de
30% o fitovolume da componente arbustiva e subarbustiva não deve
exceder os 2000 m3/ha;
- As características da FRC podem variar nos seus diferentes
segmentos sem pôr em causa a sua eficácia.
À escala local e do povoamento, a descontinuidade vertical e horizontal dos
combustíveis produzida pelas FGC é complementada pelas medidas de silvicultura
preventiva e pelo mosaico de parcelas de gestão de combustível.
A caracterização e cartografia das estruturas de vegetação, do ponto de vista do seu
comportamento em caso de incêndio florestal, devem seguir a classificação criada pelo
NORTHERN FOREST FIRE LABORATORY (USDA FS, adaptada pelo ICONA e pelo PROJECTO
GEOFOGO/CNIG para a Península Ibérica (ver ANEXO VII) ou outras definidas
especificamente para a realidade portuguesa.

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Quadro 14: Rede primária de FGC
Componente Descrição geral Largura Localização Instalação Manutenção Apoios Observações

Massas hídricas Albufeiras, vales de > 125 m Fundos de vales - - - Engloba não só o espelho de água,
grandes rios mas também as margens sem
(FIC) vegetação (praias, albuf….)

Faixas ou superfícies > 125 m Diversa, normalmente em - Limpeza eventual, caso se assista a Agris, Agro, Espaços de reduzido interesse
Afloramentos extensas de afloramentos cumeadas e encostas uma regeneração espontânea de AIBT-PI, económico mas, muitas vezes, com
rochosos rochosos –granitos, abruptas espécies arbóreas pioneiras ou de FFP, Ruris elevado valor geológico, biológico e
quartzitos, etc., ou de invasoras lenhosas paisagístico, que por si só podem
(FIC) terrenos improdutivos, com aconselhar a sua conservação como
reduzido coberto vegetal espaços desarborizados.

Faixas de culturas > 125 m Diversa, normalmente em Arroteamento de Práticas agrícolas normais. Manu- Agris, Agro, A conservação da actividade agrícola
agrícolas de sequeiro fundos de vales, encostas matos e de tenção anual de culturas agrícolas FFP, Ruris no interior de maciços florestais, pela
(vinha, olival, arvenses…) (muitas vezes em encostas arvoredos com as características pretendidas sua dimensão e complexidade sócio-
Agrícola ou de regadio (milho, íngremes terraceadas), pré-existentes na época estival (eventualmente territorial, constitui um dos desafios
arroz, beterraba, planícies e planaltos (eventual, através contratualizada). Controlo da fundamentais da estratégia regional
(FIC/FRC) fruteiras,…) de corte e vegetação com recurso a colheitas, de DFCI.
arranque da fitocidas, cavas, gradagens,
vegetação, queimadas, pastorícia, etc.
queimadas, etc.)

Faixas de culturas de > 125 m Diversa Arroteamento de Práticas associadas ao regime Agris, Agro,
Pastagens espécies forrageiras com matos através de silvopastoril tradicional na região; FFP, Ruris
cultivadas ou objectivos de gestão fogo controlado, protecção e fomento da fauna
espontâneas silvopastoril ou da vida gradagens, etc., cinegética herbívora
selvagem (incluindo fauna corte de arvoredo
(FIC/FRC) cinegética e habitats pré-existente
classificados)

Faixas de terreno em que 125 a 400 Diversa, incluindo percursos Desbastes, cortes As orientações gerais para a definição
Povoamentos formações florestais com m da rede viária fundamental salteados ou por e constituição destas componentes
florestais vegetação densa, manchas, são descritas neste capítulo
abundante ou inflamável desramações, As FRC em povoamentos florestais
modificados e matos são mantidas com recurso Nos termos do Dec-Lei n.º 156/2004.
são tratadas de forma a limpeza de matos e
reduzir permanentemente de povoamentos às mesmas técnicas de instalação e
(FRC) (art.os 15.º e 16.º)
a carga combustível ou a (várias técnicas1) a outras actividades, muitas vezes Agris, Agro,
sua inflamabilidade. As complementares, como a AIBT-PI,
acções são dirigidas em silvopastorícia, a agricultura em FFP, Ruris
125 a 400 Diversa, normalmente em Limpeza de matos subcoberto, o fomento da fauna As orientações gerais para a definição
três sentidos: maneio dos
Matos m encostas e cumeadas, (faixas, etc.) cinegética herbívora, etc. e constituição destas componentes
combustíveis de superfície,
modificados subida da base das copas incluindo percursos da rede são descritas neste capítulo
viária fundamental
e abertura do copado para Nos termos do Dec-Lei n.º 156/2004.
(FRC) valores de coberto <40%

1
Fogo controlado, limpeza mecânica e/ou motomanual, gradagem/lavoura, aplicação de fitocidas.

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Quadro 15: Rede secundária de FGC
Componente Descrição geral Largura Localização Instalação Manutenção Apoios Observações

Faixa associada à Faixa definida a partir > 20m Diversa, a definir em PDF Agris, Estabelecida e mantida nos termos
rede viária da berma da via, em AIBT-PI do Dec-Lei n.º 156/2004 (al. a) do n.º
áreas florestais 1 do art.º 16.º)
(FIC/FRC)
Responsabilidade atribuída à
entidade gestora da rodovia em
causa.

Faixa associada à Faixa definida a partir > 20m Diversa, a definir em PDF Agris, Estabelecida e mantida nos termos
rede ferroviária dos carris externos, AIBT-PI do Dec-Lei n.º 156/2004 (al. b) do n.º
em áreas florestais 1 do art.º 16.º).
(FIC/FRC)
Responsabilidade atribuída à
entidade gestora da ferrovia em
causa.

Faixa associada à Faixa definida a partir > 20m Diversa, a definir em PDF As FRC em povoamentos Agris, Estabelecida e mantida nos termos
rede eléctrica de de uma linha florestais e matos são mantidas AIBT-PI do Dec-Lei n.º 156/2004 (al. c) do n.º
muito alta tensão correspondente ao com recurso às mesmas técnicas 1 do art.º 16.º).
eixo do traçado das Responsabilidade atribuída à
(FIC/FRC) Desbastes, cortes de instalação e a outras
linhas actividades, muitas vezes entidade gestora da rede eléctrica
salteados ou por
manchas, complementares, como a em causa.
desramações, silvopastorícia, a agricultura em
Faixa de protecção Faixa envolvente a > 50 m Diversa. limpeza de subcoberto, o fomento da fauna Agris, Estabelecida e mantida nos termos
aos edifícios habitações, estaleiros, povoamentos e cinegética herbívora, etc. AIBT-PI do Dec-Lei n.º 156/2004 (n.º 2 do
integrados em armazéns, oficinas e de matos (várias art.º 16.º).
espaços rurais outras edificações. Frequentemente pode ser
técnicas – ver necessária a constituição de FIC Responsabilidade atribuída às
Faixa de protecção a quadro anterior) entidades que detenham a
(FIC/FRC) postos de vigia da integralmente limpas em áreas
agrícolas (por exemplo, em administração dos terrenos
RNPV. circundantes.
culturas arvenses com elevado
perigo de incêndio).
Faixa de protecção Faixa definida sempre > 100 m Diversa. Consideram-se Agris, Estabelecida e mantida nos termos
a aglomerados que os aglomerados “aglomerados AIBT-PI, do Dec-Lei n.º 156/2004 (n.º 3 do
populacionais estejam inseridos ou populacionais” aqueles FFP art.º 16.º).
confinantes com áreas que possuam 10 ou mais Responsabilidade atribuída às
(FIC/FRC) florestais edifícios de habitação câmaras municipais (atribuição
contíguos (distanciados delegável por protocolo nas juntas
entre si menos de 50 m). de freguesia).

Faixa de protecção Faixa definida sempre > 100 m Diversa Agris, Estabelecida e mantida nos termos
a parques e que as infraestruturas AIBT-PI do Dec-Lei n.º 156/2004 (n.º 3 do
polígonos industriais estejam inseridas ou art.º 16.º).
e a aterros confinantes com áreas Responsabilidade atribuída às
sanitários florestais entidades gestoras ou, na sua
(FIC/FRC) inexistência, às câmaras municipais.

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Quadro 16: Rede terciária de FGC


Componente Descrição geral Largura Localização Instalação Manutenção Apoios Observações

Rede divisional Faixa definida no âmbito 10 m (SSL) Faixas sobre limites


da compartimentação das artificialmente
[aceiros e arrifes] matas para fins de gestão 6-10 m (SASP) estabelecidos (por
(FIC) (delimitando talhões, vezes perfeitamente
“parcelas” ou “folhas” de geométricos) ou
ordenamento) acompanhando
acidentes
SSL: talhões/”parcelas” de planimétricos
50 ha de área A instalação e a manutenção são da
(estradas, caminhos, Limpeza total da A manutenção utiliza as mesmas responsabilidade das entidades
máxima linhas de água vegetação técnicas da instalação e, por Agro, detentoras da gestão das
SASP: “parcelas”/”folhas” permanentes, linhas (gradagem, vezes, complementarmente Agris, explorações florestais ou
de 20 a 50 ha de área de cumeada) máquinas corta- outras como a silvopastorícia, o AIBT-PI agroflorestais.
matos,…). fogo controlado, etc.

Rede divisional Faixa definida para 10-20 m (SSL) Diversa


delimitação da propriedade
[aceiro 10 m (SASP)
perimetral/de
extremas]
(FIC)

SSL: sistemas silvo-lenhosos; SASP: sistemas agro-silvopastoris.

Nota importante: os programas de apoio indicados na coluna “Apoios” dos quadros 14, 15 e 16 são apenas exemplificativos.

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5.4.2.2. MOSAICO DE PARCELAS DE GESTÃO DE COMBUSTÍVEL


Em conjunto com a RGC, a manutenção de um mosaico de parcelas onde se
procede à gestão dos vários estratos de combustível e à diversificação da
estrutura e composição das formações florestais e de matos, contribui
decisivamente para a eliminação das principais condições que contribuem para
os fogos de dimensão e intensidade catastróficas:
- Fortes acumulações de combustíveis;
- Continuidade de estratos de combustível, quer horizontal quer
verticalmente, e elevada representatividade de combustíveis finos ou que
favorecem os saltos de fogo;
- Elevada proporção de combustíveis mortos;
- Distribuição geográfica desfavorável destas características ao nível da
paisagem.
Tal como no caso das faixas da rede primária, a localização, tipo e forma de
instalação das parcelas é determinada por uma análise inicial dos “caminhos
preferenciais do fogo” e das condicionantes ecológicas, silvícolas, históricas e
sócio-económicas para a região, complementada pela utilização de software de
simulação de comportamento de fogo. O objectivo aqui é garantir uma
implementação territorial de áreas tratadas que bloqueie esses “caminhos
preferenciais” e optimize os benefícios face às diferentes restrições em jogo,
sejam elas o custo da sua criação e manutenção, a facilidade de combate aos
incêndios, o impacte paisagístico, etc.
A redução de combustíveis no interior dos compartimentos definidos pelas
redes primária e secundária de FGC é um complemento obrigatório para
garantir a eficácia geral da RDF e deve ser alvo de uma programação
plurianual (simultânea com a da manutenção das redes de FGC) que optimize
a sua contribuição para essa Rede.
Deverão ser observadas nas áreas da CRR as seguintes orientações gerais
para a sua implantação (no caso de formações florestais ou matos):
- A descontinuidade deve ser mantida em parcelas de 20 a 60 ha, com
variação na composição, idade e estrutura dos povoamentos;
- Em cada região deverão ser anualmente identificadas as localizações
estratégicas para a realização de acções de redução de combustíveis e
alteração da estrutura dos povoamentos, bem como as superfícies que
naturalmente cumprem as funções de FRC ou FIC: áreas agrícolas, águas
interiores, áreas queimadas, áreas de afloramentos rochosos, infraestruturas
turísticas (campos de golfe,…), etc. ;
- Em igualdade de circunstâncias, é prioritário o tratamento de blocos
adjacentes às FGC, em especial no que respeita à gestão do estrato
arbustivo e à eliminação dos factores que propiciam os saltos de fogo longos
(combustíveis florestais específicos);
Nesse sentido, e porque estas acções são essencialmente da responsabilidade
dos detentores da gestão dos prédios rústicos (proprietários, ZIF, etc.), deve

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72

ser considerado prioritário o apoio público às acções de gestão do combustível


que se insiram nos objectivos da RDF.
A integração de informação e de procedimentos dos diferentes serviços
responsáveis pela aprovação de projectos e acções de redução de
combustíveis nos espaços rurais, em especial daqueles que envolvem apoios
públicos, é também prioritária.
A médio prazo essa integração poderá ser assegurada no âmbito dos núcleos
florestais da DGRF (aplicação e monitorização dos PROF e acompanhamento
das ZIF) ou das CMDFCI de cariz intermunicipal.
No quadro 17 é explanada a metodologia proposta para o planeamento,
implementação, manutenção e monitorização das redes primárias de faixas de
gestão de combustível e dos mosaicos de parcelas de gestão de combustível.

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73
Quadro 17: Metodologia proposta para o planeamento, implementação, manutenção e monitorização das redes primárias de
faixas de gestão de combustível e dos mosaicos de parcelas de gestão de combustível.

Fase Entidade Outras entidades Instrumentos de Instrumentos Instrumentos de financiamento


responsável envolvidas planeamento legais (indicativos)
Planeamento e Comissões regionais Bombeiros, SNBPC, Orientações regionais RCM n.º 17/2004 Orçamento do Estado
programação de reflorestação associações de caça- de reflorestação Dec.-Lei n.º 204/99 Fundo de Solidariedade da União Europeia
regional (no futuro: DGRF) dores, ambienta- Fundo Florestal Permanente
listas, etc. [ICN] PROF
Planeamento e Comissões ZIF Planos municipais DFCI Lei n.º 14/2004 Fundo Florestal Permanente (gab. técnicos)
programação municipais de DFCI Outros proprietários Planos ZIF Dec.-Lei n.º 156/2004 Orçamento municipal
local privados Port. N.º 1185/2004
DGRF (áreas públicas) Comissões PGF, POAP Dec.-Lei n.º 205/99 Orçamento do Estado
ICN (áreas públicas) Municipais de DFCI
Comissões Outros proprietários Orçamento municipal
Projecto e municipais de DFCI privados Orçamento privado
instalação no Projecto (Dec.-Lei n.º QCA
terreno ZIF 156/2004) Fundo Florestal Permanente (gab. técn., ZIF)
DGRF (áreas públicas) Comissões Orçamento do Estado
ICN (áreas públicas) Municipais de DFCI QCA
Orçamento municipal
Orçamento privado
Comissões Outros proprietários QCA
municipais de DFCI privados Programa de sapadores florestais
Manutenção Projecto (Dec.-Lei n.º Indemnizações compensatórias (agro-
ZIF 156/2004) ambientais)
Programas de desenvolvimento rural
DGRF (áreas públicas) (anteriores)
Orçamento do Estado
ICN (áreas públicas)
Fundo Florestal Permanente
(Indemnizações) - - (Planos municipais DFCI (Dec.-Lei n.º (Fundo Florestal Permanente)
Planos ZIF) 156/2004)
ICN, EFN, Orçamento do Estado
Monitorização DGRF Universidades - - Fundo Florestal Permanente
QCA

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Notas importantes:
1 – A instalação e manutenção das faixas e parcelas de gestão de combustível (FPGC) deve recorrer sempre que possível a
actividades que assegurem, senão o seu autofinanciamento, pelo menos o financiamento parcial (silvopastorícia, agricultura, zonas
de caça, recolha de biomassa para a energia) ou optimizem programas já em execução (AGRIS, sapadores florestais, projectos de
arborização, etc.).
2 – A instalação e manutenção das FPGC coincidem frequentemente com terrenos com obrigação legal de gestão do combustível
durante a época estival, pelo que os custos de instalação e manutenção terão que ser partilhado nesse pressuposto entre os
diferentes agentes (Estado, municípios, detentores de infraestruturas, privados).
3 – Os campos assinalados a cinzento implicam uma análise mais aprofundada e eventual aperfeiçoamento legislativo/normativo
para as fases em causa.
4 – A concessão de indemnizações, que não está explicitamente prevista na lei, poderá ocorrer em casos restritos de ausência de
usos alternativos que compensem uma perda de rendimento comprovada e que não possa ser resolvida no âmbito de ZIF.

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75

5.4.2.3. REDE VIÁRIA FLORESTAL DFCI


A rede viária florestal (RVF) cumpre um leque de funções variado, que inclui a
circulação para o aproveitamento dos recursos naturais, para a constituição,
condução e exploração dos povoamentos florestais e das pastagens e, ainda,
para o passeio e fruição da paisagem. A RVF assume também, por vezes, uma
importância fundamental para o acesso a habitações, aglomerados urbanos e
equipamentos sociais integrados ou limítrofes aos espaços florestais.
Simultaneamente, a RVF é um dos elementos básicos da estratégia de defesa
da floresta contra incêndios, constituindo com frequência o referencial para a
implantação e eficiência dos restantes componentes da RDF.
A RVF é constituída por:
- caminhos florestais, que dão passagem durante todo o ano a todo o
tipo de veículos;
- estradões, em que a circulação sem restrições durante o ano é limitada
aos veículos todo-o-terreno, desempenhando uma função primordial de
servir às operações e compartimentação florestais;
- trilhos, que são vias de existência efémera, destinadas à passagem
exclusiva de tractores e máquinas florestais.
O planeamento, construção e manutenção da RVF obedece a um vasto
conjunto de especificações e normas, pelo fortíssimo impacte que tem no meio
ambiente, na produtividade e na protecção dos espaços florestais. O rigor na
sua definição impõe-se ainda pelos elevados custos de construção e,
sobretudo, de manutenção que a ela estão normalmente associados.
No contexto exclusivo da RDF e da DFCI uma rede viária desempenha as
seguintes funções:
- Permite um rápido deslocamento dos meios de combate, não só à zona
de fogo mas também aos pontos de reabastecimento em água,
combustível, etc.;
- Integra a rede de FGC, sendo fundamental para a eficácia da rede
primária, onde as equipas de luta encontram condições favoráveis para o
combate ao fogo, em segurança;
- Permite a circulação de patrulhas de vigilância móvel terrestre, em
complemento com a rede de vigilância fixa.
Enquanto não for estabelecida a normalização da RVF no âmbito da DFCI, nas
diversas vertentes, deverão ser observadas nas áreas da CRR as seguintes
orientações gerais na sua concepção, construção e manutenção:

- A gestão da RVF deve ter em consideração todas as funções por ela


desempenhadas; porém, nas regiões das CRR a função de DFCI deverá
prevalecer sobre as restantes nos casos de sobreposição de funções
incompatíveis;
- A estruturação da RVF adaptar-se-á à implantação da rede de FGC, em
especial da rede primária;

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- A RVF não poderá constituir, em caso algum, uma armadilha para as


equipas de combate: cada troço deve ligar obrigatoriamente, nas suas
extremidades, com outras vias de circulação. São excepção alguns
estradões, que poderão terminar numa zona de inversão de marcha,
devendo neste caso ser assegurado:
- Uma correcta sinalização das características da via;
- Um comprimento inferior a 1000 m;
- Uma FIC com 100 m de largura envolvendo a zona de inversão de marcha,
para onde os veículos bloqueados pelo fogo poderão retirar em segurança;
- Os caminhos florestais associados à rede primária de FGC terão como
referência as especificações mínimas (indicativas) referidas no ANEXO VI.
A normalização da sinalização dos espaços, actividades e infraestruturas
florestais nas vias que atravessam as zonas rurais constitui uma prioridade e o
projecto neste âmbito liderado pela Federação dos Produtores Florestais de
Portugal deverá envolver as diferentes entidades competentes e assumir-se
como a norma nesta matéria fundamental.

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5.4.2.4. REDE DE PONTOS DE ÁGUA DFCI


A rede de pontos de água (e de outras substâncias retardantes) é constituída
por um conjunto de estruturas de armazenamento de água, de planos de água
acessíveis e de pontos de tomada de água.
As estruturas de armazenamento de água (cisternas) podem ser fixas (tanques
de alvenaria ou betão e reservatórios metálicos [enterrados ou não], piscinas,
poços, etc.) ou móveis (cisternas em metal ou tecido impermeável).
Os planos de água são naturais (lagos, rios e outros cursos de água, estuários,
oceano) ou artificiais (albufeiras, açudes, canais de rega, charcas escavadas).
As tomadas de água podem estar ligadas a redes públicas de abastecimento
de água potável, a redes privadas de rega ou a pontos de água existentes no
próprio maciço.
Os pontos de água podem ter como funções:
- Garantir o reabastecimento dos equipamentos de luta (meios terrestres:
pronto-socorro florestais, autotanques, etc.; meios aéreos: helicópteros,
aviões);
- Garantir o funcionamento de faixas de humedecimento15;
- O fomento da biodiversidade, a correcção torrencial, o regadio, o
abastecimento público de água potável, etc.
Em cada região deve ser garantida a existência de uma rede bem
dimensionada de pontos de água, sempre que possível com fins múltiplos e
acessíveis aos diferentes meios de combate, designadamente os aéreos (estes
muito dependentes da existência ou não de obstruções físicas no ponto de
água e zonas envolventes). O seu planeamento deve ter em linha de conta,
ainda, as diferentes tácticas de combate a incêndios florestais e as logísticas
utilizada em cada região do país.
Enquanto não for estabelecida a normalização da rede de pontos de água no
âmbito da DFCI, deverão ser observadas nas áreas da CRR as seguintes
orientações gerais na sua concepção, construção e manutenção:
- A capacidade de armazenamento deverá ser superior a 600 m3 por cada
1000 ha de espaços arborizados;
- A rede de pontos de água deve ainda ser particularmente reforçada ao longo
das FGC florestais da rede primária, tendo-se como referência 1 ponto de
água de 30 m3 cada 1000 m de FGC. Nas regiões mais secas deve
fomentar-se a adopção preferencial de estruturas tipo implúvio;
- A sua localização e funcionalidades devem estar correctamente sinalizadas.

15
Nalguns casos poderá ser avaliada a possibilidade de instalação de faixas de humedecimento, sempre
que as condições topográficas, as disponibilidades hídricas, a estrutura e valor dos povoamentos e o tipo
de gestão o permitam.
Estas faixas são criadas por sistemas hidráulicos compostos por uma albufeira (em posição topográfica
elevada), rede distribuidora e canhões/agulhetas fixos direccionáveis. Aproveitam a queda gravítica e são
capazes de encharcar em alguns minutos faixas alargadas de espaços florestais previamente delimitadas,
em função dos povoamentos a proteger, do comportamento histórico do fogo e da rede local de FGC.

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5.4.2.5. REDE DE VIGILÂNCIA E DETECÇÃO DE FOGOS


A Rede Nacional de Postos de Vigia, os sistemas oficiais de vigilância móvel,
as redes particulares de vigilância e todas as infraestruturas necessárias aos
corpos especiais de vigilantes de incêndios deverão ser integradas no âmbito
das redes regionais de defesa da floresta (RDF) e as eventuais deficiências
supridas no seu planeamento.

5.4.2.6. REDE DE INFRAESTRUTURAS DE COMBATE


Os equipamentos e estruturas de combate (no âmbito dos corpos de
bombeiros, dos organismos da administração pública e dos particulares)
deverão articular-se no âmbito da RDF e estarem capacitados para a utilização
das restantes componentes de forma eficiente.
Os equipamentos e infraestruturas a considerar no âmbito da definição da RDF
compreendem:
- Os quartéis de corporações de bombeiros e respectivas secções,
campos de treino, etc.;
- As infraestruturas das demais entidades com responsabilidade no apoio
ao combate (aquartelamentos de sapadores florestais, hangares de
maquinaria agrícola e florestal pesada, etc.) ou possuidoras de meios
utilizados no combate ao combate (bulldozers, tractores, etc.),
designadamente das autarquias, Forças Armadas ou empresas;
- Os terrenos destinados à instalação de postos de comando operacional,
em caso de incêndio, com localização, dimensão e características
apropriadas para acomodar unidades de comando e transmissões,
veículos de reabastecimento, etc., e com boa visibilidade sobre os
espaços envolventes;
- As infraestruturas necessárias ao funcionamento dos meios aéreos
(aeródromos, helipistas).

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79

Bibliografia-Base para a Elaboração das Orientações estratégicas para a


rede regional de defesa da floresta
AGEE, J.K., BAHRO, B., FINNEY, M.A., OMI, P.N., SAPSIS, D.B., SKINNER,
C.N., WAGTENDONK, J.W. van, WEATHERSPOON, C.P., 2000. The use of
shaded fuelbreaks in landscape fire management. Forest Ecology and
Management 127 : 55-66.
AGEE, J.K., SKINNER, C.N., 2005. Basic principles of forest fuel reduction
treatments. Forest Ecology and Management (in press).
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MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


81

SIGLAS
ANMP Associação Nacional dos Municípios Portugueses
CCDR comissões de coordenação e desenvolvimento regional
CCR comissões de coordenação regional
CM câmaras municipais
CMDFC comissões municipais de defesa da floresta contra incêndios
CRR comissões regionais de reflorestação
DFCI defesa da floresta contra incêndios
DGF Direcção-Geral das Florestas
DGRF Direcção-Geral dos Recursos Florestais
DRA direcções regionais de agricultura
DRAAlg Direcção Regional de Agricultura do Algarve
DRAEDM Direcção Regional de Agricultura do Entre Douro e Minho
ER Equipa de Reflorestação
FAD faixa de alta densidade
FIC faixa de interrupção de combustível
FGC faixa de gestão de combustível
FRC faixa de redução de combustível
ICN Instituto da Conservação da Natureza
IF Instituto Florestal
IPPAR Instituto Português de Protecção do Património Arquitectónico e
Arqueológico
PAF Programa de Acção Florestal
PDF planos de defesa da floresta (municipais)
PERF planos especiais de recuperação florestal
PGF planos de gestão florestal
PMOT planos municipais de ordenamento do território
POAP planos de ordenamento das áreas protegidas
PROF planos regionais de ordenamento florestal
PROT planos regionais de ordenamento do território
RDF rede de defesa da floresta
RESF Reforma Estrutural do Sector Florestal
RVF rede viária florestal
SEA Secretário de Estado da Agricultura
SNB Serviço Nacional de Bombeiros
SNBPC Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil
UTAD Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
ZIF zonas de intervenção florestal

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Anexo I
Compilação dos principais relatórios sobre os incêndios de 2003 e 2004

1. Relatórios gerais, causas dos incêndios e estatísticas

Título Autoria Edição Data


Onda de Calor Iniciada em 29 de Julho Instituto de Meteorologia IM Ago 2003
de 2003. Situação até 14 de Agosto
Portugal Wild Fires. USAID Hacken, Latapie, Schulte, USAID Ago 2003
Recommendations DeJournett & Bland
Incêndios Florestais e Onda de Calor. C. Mendes SNBPC Ago 2003
Análise do período entre 27 de Julho e
15 de Agosto de 2003. Relatório
Preliminar.
Relatório dos Danos Resultantes dos Câmara Municipal de Monchique CMM Set 2003
Incêndios Florestais ocorridos de 8 a 16
de Agosto de 2003
Incêndio de Silves, 12-8 a 15-8-2003 Câmara Municipal de Silves CMS Set 2003
Loss of Human Lives During 2003 Fire SNBPC SNBPC Set 2003
Season
Livro Branco dos Incêndios Florestais MAI-Gabinete do Ministro MAI Out 2003
Ocorridos no Verão de 2003
Medidas tomadas no âmbito da minimi- C. Mendes SNBPC Dez 2003
zação dos efeitos dos fogos florestais.
Acções desenvolvidas pela Direcção de
Serviços de Prevenção e Protecção do
SNBPC
Incêndios Florestais – 2003. Relatório DGF-DSVPF DGF Fev 2004
Preliminar
Os Fogos Florestais do Verão de 2003, Instituto de Meteorologia IM Mar 2004
em Portugal Continental. Condições
Meteorológicas e Aplicações dos Dados
da Rede de Detectores de Descargas
Eléctricas na Atmosfera
Relatório Final da Comissão Eventual CEIF/Assembleia da República AR Mar 2004
para os Incêndios Florestais
Cercados pelo Fogo. Os Incêndios D. X. Viegas Minerva Mai 2004
Florestais em Portugal em 2003 e os
acidentes mortais com eles relacionados
Forest Fires in Europe. 2003 fire European Commission EC 2004
campaign
Análise das condições favoráveis à C. Mendes SNBPC Jul 2004
ocorrência de incêndios florestais
durante o Verão de 2004. Memorando
de Actualização.
Memorando sobre a recuperação dos CRR do Algarve CRR- Nov 2004
terrenos percorridos pelo fogo em 2004 Alg
na Serra do Caldeirão

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83

2. Relatórios de ocorrências dos fogos

Título Autoria Edição Data


Incêndio de Mação (Caratão). Relatório M. Galante DGF Jul 2003
de ocorrência. Versão preliminar
Incêndio da Mata Nacional de Leiria. O. Ferreira & M. Galante DGF Set 2003
Relatório de ocorrência
Incêndio da Tapada Nacional de Mafra. P. Alves & M. Galante DGF Out 2003
Relatório de ocorrência
SIPFCI – Relatório da campanha de D. d’Ajuda AFLOPS Jan 2004?
fogos de 2003

3. Controlo de erosão pós-incêndio e extracção de salvados

Título Autoria Edição Data


Programa de emergência para avaliação INAG, CCDR, ICN, DGF INAG Set 2003
e minimização de riscos de cheias e de
erosão em zonas afectadas por
incêndios florestais
Protocolo de Colaboração entre a FLAD, ACHAR FLAD, Set 2003
Fundação Luso-Americana para o ACHAR
Desenvolvimento e a ACHAR –
Associação dos Agricultores da
Charneca
Análise de Probabilidades. Risco de S. Serrano, R. Almeida SNBPC Out 2003
Enxurrada nas Zonas Urbanas e
Aglomerados Rurais. Área dos Fogos
Florestais, Verão 2003.

4. Política Florestal. Planeamento da recuperação de áreas queimadas

Título Autoria Edição Data


Edificação dispersa. Proposta Câmara Municipal de Aljezur CMA Ago 2003
Contributos para uma caracterização do Caninas, Henriques & Gouveia AEAT Ago 2003
impacte dos fogos florestais de 2003 (Associação de Estudos do
sobre o património arqueológico e o Alto Tejo)
património construído no distrito de
Castelo Branco
Sugestões para um plano de V. Louro DGF Ago 2003
intervenção
Uma Proposta de Solução para o Câmara Municipal de Mação CMM Set 2003
Ordenamento e Gestão Florestal do
Concelho de Mação. Versão preliminar
Incêndios 2003. Comentários e opiniões J. Moreira da Silva, F. C. Rego, Forestis Set 2003
A. C. Mendes, F. Mota, F. C.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


84

Guerra, J. Sande Silva, H.


Botelho
Informação ao Governo - Sugestões J. Moreira da Silva - Out 2003
Contributo da LPN para a elaboração do Liga para a Protecção da LPN Out 2003
livro branco sobre incêndios florestais Natureza
Sobreiros queimados. O que fazer? A. Reis DGF Out 2003
Plano de Acção para a Floresta Grupo Portucel Soporcel GPS Out 2003
Nacional. Documento de trabalho –
proposta preliminar
Organizar o Espaço Rural e J. B. C. Dias DRABI Mar 2004
Compatibilizar Interesses. Ideias e
Propostas
Stakeholder Participation in the G. Sillence - Jan 2005
Recuperation of Fire Affected Areas
Across Southern Europe – Reflections
from the Monchique Natura 2000 Zone.

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85

Anexo II
Listagem dos incêndios superiores a 5000 ha
(incêndios registados em documentos oficiais ou por conhecimento directo)

Área Ardida
Ano Data Distrito Concelho de Início Povoamentos Matos Total
2003 30-7 Portalegre Nisa 37.037 4.042 41.079
2003 1-8 Castelo Branco Proença-a-Nova 34.809 1.210 36.019
2003 10-9 Faro Monchique 17.431 10.186 27.617
2003 7-8 Faro Portimão 15.308 10.592 25.900
2004 26-7 Beja Almodôvar 18.266 7.451 25.717
2003 2-8 Santarém Chamusca 13.434 8.463 21.897
2003 27-7 Castelo Branco Fundão 16.842 2.719 19.561
2003 12-8 Faro Silves 5.114 9.736 14.850
2003 2-8 Portalegre Alter do Chão 9.134 2.273 11.407
1991 11-8 Castelo Branco Oleiros ? ? 11.10316
1986 13-7 Castelo Branco Vila de Rei 10.032 0 10.302
2003 30-7 Castelo Branco Sertã 9.920 60 9.980
1992 6-8 Coimbra Arganil 9.260 456 9.717
2003 15-7 Castelo Branco Sertã 8.805 300 9.105
2001 9-9 Guarda Seia 4.264 4.639 8.903
2003 1-8 Portalegre Portalegre 4.533 4.284 8.817
2003 31-7 Portalegre Castelo de Vide 2.555 6.145 8.700
1990 ? Coimbra Pampilhosa da Serra ? ? 8.578
2003 31-7 Portalegre Nisa 2.428 5.851 8.279
2004 25-7 Faro Castro Marim 1.083 3.004 8.19117
1981 26-7 Coimbra Penacova 7.936 0 7.936
2002 13-7 Castelo Branco Castelo Branco 5.380 2.414 7.794
1995 13-8 Santarém Sardoal 6.990 232 7.222
2000 15-8 Castelo Branco Proença-a-Nova 6.322 702 7.024
1987 26-7 Leiria Pombal 7.000 0 7.000
1989 ? Viana do Castelo Ponte de Lima ? ? 7.000
1998 5-8 Castelo Branco Proença-a-Nova 819 6.114 6.933
1993 19-7 Coimbra Mira 6.802 0 6.802
1991 13-8 Santarém Mação ? ? 6.759
1991 26-6 Santarém Mação ? ? 6.596
1981 27-7 Coimbra Pampilhosa da Serra 4.405 1.887 6.292
1985 Porto Baião 3.000 3.000 6.000
1986 13-7 Aveiro Águeda 6.000 0 6.000
1991 ? Coimbra Góis ? ? 5.962
1985 10-9 Coimbra Pampilhosa da Serra 5.310 590 5.900
2003 2-8 Santarém Abrantes 5.900 0 5.900
1991 26-6 Faro Monchique ? ? 5.843
1983 26-9 Faro Silves 3.065 2.770 5.835
2003 14-8 Castelo Branco Idanha-a-Nova 3.456 2.272 5.728
1995 23-7 Leiria Porto de Mós 3.509 2.214 5.724
1995 23-7 Faro Aljezur 2.470 3.192 5.662
1991 ? Castelo Branco Covilhã ? ? 5.644
2004 30-6 Faro Tavira 450 3.240 5.50118
1987 13-9 Coimbra Arganil 4.339 1.086 5.425
1962 30-8 Viana do Castelo Viana do castelo >5.000 0 >5.000
Fontes: DGRF, Eng. Moreira da Silva.

16
Os totais das áreas percorridas pelos incêndios em 1991 correspondem às áreas vectoriais
cartografadas, não havendo distinção no tipo de área ardida podendo incluir, se afectados, terrenos
agrícolas.
17
Inclui 4.104 ha de área agrícola.
18
Inclui 1.811 ha de área agrícola.

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Anexo III
Legislação que directamente regula a recuperação dos terrenos
percorridos pelo fogo em 2003 e 2004

1. Especial – áreas das comissões regionais de reflorestação

Resolução do Conselho de Ministros Aprova as grandes linhas orientadoras da Reforma


n.º 178/2003, de 17 de Novembro Estrutural do Sector Florestal e, nesse âmbito,
determina a criação do Conselho Nacional de
Reflorestação de comissões regionais de
reflorestação.

Resolução do Conselho de Ministros Cria a estrutura de missão Equipa de


n.º 17/2004, de 2 de Março Reflorestação que engloba o Conselho Nacional de
Reflorestação e 4 comissões regionais de
reflorestação, com o objectivo de proceder ao
planeamento integrado das intervenções nos
espaços florestais percorridos pelo fogo em 2003 e
suas áreas envolventes e coordenar as acções de
recuperação desses espaços.

Despacho n.º 5865/2004 (2.ª série), Nomeia o encarregado de missão da Equipa de


de 25 de Março Reflorestação e os respectivos coordenadores das
comissões regionais de reflorestação.

Resolução do Conselho de Ministros Reforça as acções de defesa da floresta contra


n.º 58/2005, de 8 de Março incêndios e a sua coordenação, referindo ao nível
preventivo a concretização de objectivos,
nomeadamente na recuperação das áreas ardidas,
através das orientações estratégicas nacionais e
regionais desenvolvidas pelos Conselho nacional de
Reflorestação e pelas quatro comissões regionais
de reflorestação, que possibilitarão a implementação
da rede primária de compartimentação e o
estabelecimento de uma floresta com maior
capacidade de resistência aos incêndios.

2. GERAL

Decreto-Lei n.º 139/88, de 22 de Abril Regime da rearborização das áreas percorridas


por incêndios florestais. Obriga à rearborização de
áreas florestais ardidas no prazo de 2 anos e à
comunicação (no caso de utilização da mesma
espécie) ou pedido de autorização (no caso de
alteração da composição do povoamento) à
Direcção-Geral dos Recursos Florestais para essas
acções de rearborização.

Decreto-Lei n.º 180/89, de 30 de Maio Regime de rearborização das áreas percorridas por
incêndios florestais em áreas protegidas.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


87

Decreto-Lei n.º 327/90, de 22 de Estabelece restrições à alteração do uso do solo


Outubro nos terrenos percorridos por incêndios
florestais. Designadamente, ficam proibidos o
loteamento urbano, as obras de urbanização, o
lançamento de águas poluentes e o estabelecimento
de novas actividades agrícolas, industriais e
turísticas com impacte ambiental negativo.

Lei n.º 54/91, de 8 de Agosto Altera o Decreto-Lei n.º 327/90. Proíbe a


substituição de espécies florestais por outras,
técnica e ecologicamente desadequadas e atribui à
Direcção-Geral dos Recursos Florestais a
competência da elaboração do cadastro dos
terrenos percorridos por incêndios.

Decreto-Lei n.º 34/99, de 5 de Altera o Decreto-Lei n.º 327/90, introduzindo um


Fevereiro condicionamento temporal à revisão, alteração e à
elaboração de novos planos municipais de
ordenamento do território.

Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Protecção ao sobreiro e à azinheira. Regula as


Maio conversões de uso, o corte e o arranque de árvores,
a poda e outras intervenções nos montados de
sobro e azinho e em arvoredo isolado. Estabelece
restrições à alteração do uso do solo em áreas
ocupadas por povoamentos de sobreiro e
azinheira percorridas por incêndios florestais.

Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Altera o Decreto-Lei n.º 169/2001. Contempla a


Junho possibilidade de tirada de cortiça com menos de 9
anos de criação no caso de sobreiros afectados por
incêndios mas já recuperados.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


88

3. OUTRA LEGISLAÇÃO ESPECIAL APLICÁVEL ÀS REGIÕES AFECTADAS PELO FOGO EM


2003

3.1. Medidas e apoios excepcionais para as áreas dos distritos onde foi
declarada a situação de calamidade pública

3.1.1. Geral

Resolução do Conselho de Ministros Estabelece um conjunto de medidas destinadas a


n.º 106-A/2003, de 9 de Agosto de fazer face às consequências do incêndio ocorrido
2003 nos concelhos de Sertã, Mação e Vila de Rei

Resolução do Conselho de Ministros Declara a situação de calamidade pública para as


n.º 106-B/2003, de 11 de Agosto de áreas dos distritos de Bragança, Guarda, Castelo
2003 Branco, Coimbra, Santarém, Portalegre, Leiria e
Setúbal e aprova medidas e apoios excepcionais
para essas áreas, designadamente: o apoio às
actividades agrícolas e florestais; o apoio à
reflorestação urgente das áreas ardidas, a
disponibilização de meios públicos para a
identificação, a avaliação e a venda de material
lenhoso, em parques especiais; a garantia de uma
linha de crédito extraordinária para a reparação de
infra-estruturas municipais; a preparação urgente de
legislação orientada para o reforço das
competências dos municípios e para a
obrigatoriedade de sujeição dos proprietários
florestais se sujeitarem a uma disciplina e a regras
gerais de gestão florestal colectiva.

Portaria n.º 847/2003, de 14 de Altera a Portaria n.º 442/2003, de 29 de Maio, que


Agosto estabelece o calendário venatório para época
venatória 2003-2004, interditando a caça em
diversas freguesias na sequência da incidência
anormal de fogos florestais ocorrida no presente
ano.

Resolução do Conselho de Ministros Estende a declaração de calamidade pública para o


n.º 123/2003, de 25 de Agosto distrito de Faro.

Despacho n.º 17080/2003 (2ª série), Ajudas à reposição do potencial produtivo do AGRO
de 4 de Setembro Medida 5 100% das despesas elegíveis

Despacho n.º 17282/2003 (2ª série), Determina a criação de equipas para identificação
de 8 de Setembro de áreas de maior risco de erosão e estabelece
medidas de forma a minimizar os riscos de erosão.

Decreto-Lei n.º211/2003, de 17 de Cria de uma linha de crédito especial para apoio à


Setembro reparação dos danos provocados pelos incêndios
ocorridos desde 20 de Julho de 2003 em
equipamentos e infra-estruturas municipais.

Decreto-Lei n.º219/2003, de 19 de Cria um subsídio eventual de emergência para

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Setembro compensação dos rendimentos do trabalho e regula


as condições das suas atribuições aos
trabalhadores por conta das entidades
empregadoras directamente afectadas pelos
incêndios ocorridos nas áreas declaradas
abrangidas pela situação de calamidade pública.

Despacho Normativo n.º 39/2003, de Estabelece os critérios de atribuição dos apoios


25 de Setembro excepcionais previstos pela RCM n.º 106-B/2003 e
da resolução n.º 60/2003 (2.ª série).

Despacho n.º 19220/2003 (2.ª série), Acresce uma majoração de 20% em relação à
7 de Outubro pontuação da tabela de avaliação dos critérios e
prioridades a considerar na análise técnica previstas
nos projectos candidatos aos apoios da medida n.º
5.6 do Programa Operacional do Emprego.
Formação e Desenvolvimento Social que se venham
a desenvolver nas regiões declaradas em situação
de calamidade pública pela Resolução de Conselho
de Ministros n.106-B/2003 de 11 de Agosto.

Resolução do Conselho de Ministros Estende a declaração de calamidade pública para


n.º 161/2003, de 9 de Outubro os distritos de Lisboa e Beja.

Despacho n.º 19539/2003 (2ª série), Estabelece a atribuição de apoio à alimentação da


de 14 de Outubro fauna bravia à Cooperativa de Interesse Público e
Responsabilidade, Lda., da Tapada de Mafra.

Despacho n.º 19698/2003 (2ª série) Estabelece a atribuição de apoios à alimentação de


de 16 de Outubro abelhas.

Decreto-Lei n.º 253/2003, de 18 de Estabelece as regras e condições relativas à


Outubro concessão de empréstimos às pequenas e médias
empresas destinadas à reparação de equipamentos
afectados pelos incêndios nas áreas declaradas em
situação de calamidade pública.

Despacho n.º 23247/2003 (2ª série), Apresentação de candidaturas até ao dia 12 de


de 28 de Novembro Dezembro

Despacho n.º 23355/2003 (2ª série), Designa a Secretaria-Geral responsável pela


de 2 de Dezembro centralização financeira e dos respectivos processos
relativos à aplicação de medidas previstas nas
alíneas b) e c) do n.º 2 e do n.º 4 do anexo da
Resolução do Conselho de Ministros nºs 123/2003 e
161/2003

Decreto – Lei n.º 306/2003, de 9 de Cria uma linha de crédito bonificado tendo por
Dezembro finalidade a aquisição, a armazenagem e a
preservação da madeira de pinho e eucalipto,
afectada pelos incêndios de 2003 nos distritos de
calamidade.

Lei n.º 107/2003, de 10 de Dezembro Exclui os empréstimos a contrair para a reparação

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90

dos danos provocados em equipamentos e infra-


estruturas municipais de relevante interesse público
destruídos pelos incêndios ocorridos desde 20 de
Julho de 2003, a financiar por recurso a linha de
crédito bonificado, dos limites de endividamento
municipal

Despacho nº 24110/2003, de 13 Cria uma linha de crédito para reparação dos


Dezembro prejuízos em equipamentos e infra-estruturas
municipais provocados pelos incêndios ocorridos em
2003.

Despacho Conjunto n.º 16/2004, de Dos Ministérios da Administração Interna, da


13 de Janeiro Segurança Social e do Trabalho e das Cidades,
Ordenamento do Território e Ambiente, uma
Comissão Nacional de Apoio Solidário às Vitimas
dos Incêndios de 2003

Portaria n.º 95/2004, de 23 de Janeiro Estabelece o regime especial de alienação da


madeira depositada em parques de recepção de
madeira ardida.

Resolução do Conselho de Ministros Alarga o âmbito de aplicação da intervenção


n.º 8/2004, de 6 de Fevereiro prevista no n.º 4 do anexo à RCM n.º 106-B/2003 à
cortiça e aos sobreiros afectados pelos incêndios.

Declaração de Rectificação n.º Rectifica a Portaria n.º 95/2004.


23/2004, de 14 de Fevereiro

Decreto-Lei nº 38/2004, de 27 de Altera as datas limite de utilização dos empréstimos


Fevereiro contraídos ao abrigo da linha de crédito criada pelo
Decreto-Lei nº 306/2003, de 9 de Dezembro.

Despacho Normativo n.º 9/2004, de 1 Altera o Despacho Normativo n.º 39/2003.


de Março

Despacho Normativo nº 13/2004, de Cria uma linha de crédito bonificado destinada à


4 de Março aquisição, armazenagem e preservação da madeira
de pinho e de eucalipto afectada pelos incêndios
ocorridos em Julho, Agosto e Setembro de 2003.

Despacho Normativo n.º 27/2004, de Altera o Despacho Normativo n.º 39/2003,


2 de Junho estabelecendo as normas de atribuição de apoios
excepcionais à preservação do montado de sobro.

Despacho n.º 10833/2004 (2ª série), Estabelece valores de alimentação de cervídeos.


de 1 de Junho

Declaração n.º99/2005 (2.ª série) de Publicação da lista de beneficiários da linha de


20 de Abril crédito e respectivos montantes contratados para a
recuperação dos danos provocados pelos incêndios
ocorridos desde 20 de Julho de 2003 em
equipamentos e infra-estruturas municipais de

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


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relevante interesse público, definidos pelo Decreto-


Lei n.º211/2003.

Listagem n.º133/2005 (2.ª série), de Listagem de benefícios concedidos, em euros,


25 de Maio durante o 2.º semestre de 2003 para apoio às zonas
afectadas pelos incêndios 2003

Listagem n.º134/2005 (2.ª série), de Faz-se pública a listagem de benefícios concedidos,


25 de Maio em euros, durante o 2.º semestre de 2004 para
apoio às zonas afectadas pelos incêndios 2003.

3.1.2. Florestas

Resolução do Conselho de Ministros Cria uma estrutura de missão para a concepção,


n.º 60/2003 (2.ª série), de 23 de planeamento e coordenação da instalação de uma
Agosto rede de parques de recepção de madeira ardida, e
nomeia o respectivo encarregado de missão.

3.2. Subvenção concedida pelo Fundo de Solidariedade da União


Europeia

Decisão do Parlamento Europeu e do Mobilização de 48 539 millhões de euros do Fundo


Conselho n.º 2003/786/CE, de 9 de de Solidariedade da União Europeia (FSUE) para a
Outubro, publicada a 8 de Novembro catástrofe resultante dos incêndios de 2003 em
2003 Portugal.

Decisão n.º C(2003)4349, da Concede a Portugal uma subvenção, no âmbito do


Comissão, de 17 de Novembro FSUE, de 48 539 milhões de euros.

Despacho conjunto n.º 94/2004, de Aprova o Regulamento de Aplicação da subvenção


11 de Fevereiro, publicado a 21 de concedida pelo FSUE.
Fevereiro de 2004

Lei n.º 9/2004, de 19 de Março Estabelece um regime especial simplificado para a


reparação dos danos provocados pelos incêndios do
Verão de 2003 (aplicação do FSUE).

3.3. Assembleia da República

Resolução da Assembleia da Entre outros, a Assembleia da República resolve


República n.º 71/2003, de 22 de recomendar ao Governo a adopção de espécies
Agosto adequadas nas acções de repovoamento e
reordenamento florestal, realizadas em moldes
modernos, bem como a adopção dos necessários
mecanismos de prevenção.

Resolução da Assembleia da Constituição de uma Comissão Eventual para os


República n.º 74/2003, de 20 de Incêndios Florestais.
Setembro

Resolução da Assembleia da Medidas prioritárias para a defesa de uma floresta


República n.º 19/2004, de 16 de sustentável. Atribui prioridade às medidas de
Fevereiro prevenção e recuperação das áreas prioritárias para
a conservação da natureza.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


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4. OUTRA LEGISLAÇÃO ESPECIAL APLICÁVEL ÀS REGIÕES AFECTADAS PELO FOGO EM


2004

Resolução do Conselho de Ministros Cria uma estrutura interministerial de


n.º 123/2004, de 30 de Julho acompanhamento para proceder à avaliação da
situação decorrente dos incêndios em vários
municípios do País.

Resolução do Conselho de Ministros Estabelece um conjunto de medidas e apoios


n.º 126/2004, de 19 de Agosto excepcionais, destinados a fazer face às
consequências dos incêndios verificados desde
Junho de 2004.

Despacho Normativo n.º 40-A/2004, Aprova as normas que estabelecem os critérios de


de 18 de Outubro atribuição e a tramitação dos pedidos relativos às
medidas e apoios excepcionais previstos nas
alíneas a) e b) do n.º 2 do anexo à Resolução do
Conselho de Ministros n.º 126/2004, de 28 de
Agosto.

Despacho n.º 21377/2004 (2.ª série), Designação da Secretaria-Geral como responsável


de 19 de Outubro pela centralização da gestão financeira e dos
respectivos registos informáticos relativos aos
apoios previstos nas alíneas a), b) e c) do n.º 2 do
anexo à Resolução do Conselho de Ministros n.º
126/2004, de 28 de Agosto.

Despacho Normativo n.º 41/2004, de Regulamenta as condições de atribuição dos apoios


25 de Outubro em situação de comprovada carência, sem prejuízo
da adopção de outras medidas que venham a
justificar-se em função do levantamento definitivo
das situações efectuado pela estrutura de
acompanhamento, constituía pela Resolução de
Conselho de Ministros n.º123/2004, de 30 de Julho.

Despacho da Secretaria de Estado Estende a actividade da Comissão Regional de


das Florestas, de 30 de Novembro de Reflorestação do Algarve à serra do Caldeirão.
2004

Resolução de Conselho de Ministros É aprovado o Plano Integrado de Desenvolvimento


n.º 23/2005, de 28 de Janeiro Rural de que beneficiarão as zonas mais afectadas
pelos incêndios de 2004, no Alentejo e Algarve, que
prevê a aplicação das directrizes emanadas da
Comissão Regional de Reflorestação do Algarve.

Despacho Normativo n.º20/2005, de Aprova o regulamento de atribuição dos apoios


5 de Abril excepcionais à colocação no mercado de cortiça
afectada pelos incêndios de 2003 e 2004.

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Anexo IV
Principais entidades com competências na recuperação florestal dos
terrenos percorridos pelos incêndios

A. Entidades do sector público

A1. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das


Pescas
É o departamento governamental que apoia a definição e executa as políticas
relativas aos sectores agrícola, pecuário, florestal, alimentar, do
desenvolvimento rural e das pescas.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• O Ministro da Agricultura, Pescas e Floresta tutela, através do Secretário de


Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, a Equipa de
Reflorestação, o Conselho Nacional de Reflorestação (CNR) e as
Comissões Regionais de Reflorestação (CRR), bem como os restantes
serviços integrados no MADRP.

A1.1. Equipa de Reflorestação

Criada com o objectivo de proceder ao planeamento integrado das


intervenções nos espaços florestais percorridos pelo fogo em 2003 e as suas
áreas envolventes, com a participação activa das organizações e agentes
locais com interesses das áreas a intervir, e coordenar as acções de
recuperação desses espaços, em articulação com as entidades públicas com
competências no sector. (RCM n.º 17/2004, de 2 de Março)

A1.2. Direcção-Geral dos Recursos Florestais


Tem por missão promover o desenvolvimento sustentável dos recursos
florestais e dos espaços associados e, ainda, dos recursos cinegéticos e
aquícolas das águas interiores, através do conhecimento da sua evolução e
fruição, garantindo a sua protecção, conservação e gestão promovendo os
equilíbrios intersectoriais, a responsabilização dos diferentes agentes e uma
adequada organização dos espaços florestais. (DL n.º 80/2004 de 10 de Abril
de 2004)

Tem como linhas orientadoras:


- o ordenamento dos espaços florestais e a sua gestão sustentável;

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


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- a coerência e integração intersectorial entre a floresta, o ambiente e


a indústrias;
- a agilização e desconcentração dos serviços aproximando-os das
populações que servem;
- a partilha de responsabilidades com organizações do sector e coma
detecção e primeira intervenção dos fogos florestais.

Desempenha funções de autoridade florestal nacional, reformulando as


atribuições e competências que decorrem de tal estatuto, sendo desta forma
garantida a prossecução de uma dupla função:
Concertação e harmonização quer das políticas quer das actuações das três
novas estruturas públicas do sector florestal (a Direcção-Geral dos
Recursos Florestais, o Fundo Florestal Permanente e a Agência para a
prevenção de Incêndios Florestais.
Debate e reunião de contributos de um leque mais alargado de intervenientes
sobre as grandes linhas de política para o sector florestal.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Pertencente ao Conselho Nacional de Reflorestação, participa na


elaboração e aprovação das orientações estratégicas de carácter geral e na
sua aplicação nos espaços florestais, enquanto autoridade florestal
nacional.

A1.3. Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais

A Agência para a Prevenção dos Incêndios Florestais é um serviço central de


coordenação do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das
Pescas que tem como missão a concertação de estratégias, promovendo a
compatibilização das intervenções a nível central e local no âmbito da
prevenção e protecção da floresta contra incêndios florestais.

A Agência vem preencher uma lacuna no sistema, visando tornar a acção da


Administração mais eficaz na matéria de incêndios florestais, actuando de
forma concertada, procurando soluções conjuntas e assegurando a interligação
entre as diferentes entidades com responsabilidades na prevenção e protecção
da floresta contra incêndios(DR n.º 5/2004).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Através do seu trabalho de coordenação no âmbito dos Gabinetes Técnicos


Florestais criados a nível municipal e intermunicipal, integra os conceitos e
definições da Rede Regional de Defesa da Floresta nos Sistemas de
Defesa da Floresta contra Incêndios (Sistema DFCI), nos Planos de Defesa
da Floresta (PDF) e no Plano Nacional de DFCI.

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A1.4. Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da


Agricultura e Pescas (IFADAP) e Instituto Nacional de Garantia
Agrícola (INGA)

Foi criado um conselho de administração único para o Instituto de


Financiamento e Apoio à Agricultura e Pescas (IFADAP) e Instituto de
Intervenção e Garantia Agrícola (INGA) pelo DL nº 250/2002, de 21 de
Novembro, com o objectivo de atingir, com segurança, a racionalização da
gestão dos recursos dos dois Institutos, dotando-os de maior eficácia na
aplicação da regulamentação comunitária, desenvolvendo acções de controlo
melhor articuladas e mais eficazes, de modo a proporcionar a prestação de
melhores e mais integrados benefícios aos utentes a menor custo para o
Estado.

Criado junto do IFADAP o gabinete do Fundo Florestal Permanente foi


destinado a apoiar a gestão florestal sustentável, nas suas diferentes valências,
prevista na Lei de Bases da Política Florestal, de 17 de Agosto de 1996.
O campo de intervenção dos incentivos com o DL n.º 63/2004, de 22 de Março
amplia as áreas já contempladas na Lei de Bases, que passam a incluir o
apoio, de forma integrada, a estratégia de restruturação fundiária, de
planeamento e de gestão florestal, o reforço da organização de capacidade
técnica dos produtores florestais, actividade que exerce em estreita articulação
com a autoridade florestal nacional.

Entre os objectivos do Fundo os mais relevantes para o nosso âmbito são:


apoiar as acções de prevenção dos fogos florestais; desenvolver outras acções
e criar instrumentos adicionais que contribuam para a defesa e sustentabilidade
da floresta portuguesa.

Os apoios financeiros a atribuir incidem em várias áreas sendo as mais


relevantes: a prevenção de incêndios e respectivas infra-estruturas;
arborização e rearborização com espécies florestais de relevância ambiental e
de longos ciclos de produção. (DL n.º 63/2004, de 22 de Março).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OE e das OR nos instrumentos de apoio ao sector agrário


geridos pelo IFADAP, designadamente com fundos comunitários (AGRO,
etc.) e nacionais (Fundo Florestal Permanente), entre outros.

A1.5. Direcções regionais de agricultura

As direcções regionais de agricultura (DRA) são serviços do Ministério da


Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas dotados de autonomia
administrativa que dependem directamente do Ministro.
As atribuições das DRA são várias, das quais destacamos as que podem
interactuar no âmbito das orientações estratégicas:

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- Participar na formulação da política agro-alimentar e de desenvolvimento


rural, em conjunto com os serviços centrais do MADRP;
- Executar, na respectiva região, a política agro-alimentar e de
desenvolvimento rural, de acordo com as normas funcionais emanadas
pelos serviços centrais do MADRP com as organizações representativas
dos respectivos sectores;
- Realizar o levantamento e o estudo sistemático das características e das
necessidades dos sub-sectores agrícola, pecuário e florestal na
respectiva região;
- Promover a complementaridade e a integração das políticas e das
acções de desenvolvimento em meio rural;
- Promover o apoio técnico aos agricultores e populações rurais nos
domínios das infra-estruturas, da protecção e do fomento da produção e
da transformação e comercialização dos produtos da agricultura, da
pecuária e das florestas;
- Fomentar o associativismo e apoiar a modernização e o
rejuvenescimento do tecido empresarial;
- Executaras acções necessárias ao acompanhamento e validação dos
projectos de investimento apoiados por fundos públicos, bem como o
controlo físico das acções de intervenção e ajudas à produção e ao
rendimento. (DL n.º 75/96, de 18 de Junho)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• A manutenção de áreas agrícolas é um dos elementos importantes nas


descontinuidades de combustíveis, competindo às DRA's dar apoio técnico
e parecer na aprovação dos programas AGRO, AGRIS e RURIS.
• A subacção 3.4. do AGRIS referente à prevenção dos riscos provocados
por agentes bióticos e abióticos permite enquadrar a implementação de
algumas das iniciativas de estruturação da paisagem e sua protecção
contra os incêndios florestais.

A1.6. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (IDRHa)

Ao Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica, resultante da fusão da


Direcção-Geral do Desenvolvimento Rural e o Instituto de Hidráulica,
Engenharia Rural e Ambiente, incumbe apoiar a execução da política de
desenvolvimento rural, de valorização dos produtos tradicionais, de formação
profissional agrária e associativismo e a coordenação de iniciativas
multifuncionais com incidência sobre o meio rural, bem como apoiar a
execução da política da conservação e utilização dos recursos hídricos na
agricultura, de desenvolvimento dos aproveitamentos hidro-agrícolas, de
mecanização e electrificação agrícolas e de infra-estruturas rurais, de utilização
do solo e do ordenamento agrário, bem como de conservação e sustentação
do ambiente em meio rural (DL n.º 246/2002 de 8 de Novembro).

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Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OE e das OR nos instrumentos de apoio ao sector agrário


geridos pelo IDRHa, designadamente com fundos comunitários (RURIS,
LEADER+, etc.) e nacionais.
• Manutenção de superfícies agrícolas no interior de maciços florestais.

A1.7. Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas (INIAP)

É o Laboratório do Estado, sob a tutela do Ministério da Agricultura, do


Desenvolvimento Rural e das Pescas, ao qual "incumbe realizar as acções de
investigação, experimentação e demonstração necessárias ao reforço das
fileiras produtivas agrícola, pecuária e florestal, incluindo, designadamente, as
conducentes ao melhoramento da produção e defesa do património genético,
vegetal e animal" (DL. n.º 74/96 de 18 de Junho).

Inclui várias unidades operativas de C&T da qual faz parte a Estação Florestal
Nacional que tem como atribuições a investigação e desenvolvimento
experimental no domínio do sector florestal, contribuindo para a formulação e
concretização da política nacional de IDE florestal, quer através da elaboração
de estudos tendentes a promover o desenvolvimento do sector quer apoiando,
a nível técnico e científico, as actividades de experimentação e demonstração a
nível regional.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Desenvolvimento e integração de linhas de investigação e


acompanhamento dos trabalhos realizados na instalação da rede regional
de defesa da floresta e de outras vertentes da recuperação de áreas
ardidas.

A1.8. Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar (GPPAA)

O Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar (GPPAA) é um serviço


central de concepção e avaliação, dotado de autonomia administrativa, com
funções de apoio directo ao Ministro nas áreas das políticas agro-alimentar,
florestas, desenvolvimento rural e pescas.

Surgiu da necessidade de promover uma efectiva coordenação entre os vários


organismos do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das
Pescas tanto a nível nacional como a nível comunitário e internacional, das
políticas agro-alimentar, do desenvolvimento rural e das pescas. (DR n.º 20/97,
de 9 de Maio).

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Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OE e das OR nos instrumentos de apoio ao sector agrário


em cuja definição ou gestão intervém o GPPAA.

A1.9. Direcção-Geral de Protecção das Culturas (DGPC)

A Direcção-Geral de Protecção das Culturas (DGPC) é um organismo com


autonomia administrativa que detém a qualidade de autoridade fitossanitária
nacional, exercendo a sua acção em todo o território. (DL n.º 100/97, de 26 de
Abril).

Tem como objectivo fundamental a definição de uma política correcta de


protecção, adaptada às condições nacionais, que defenda as culturas dos
organismos nocivos em geral, através da utilização de meios que minimizem os
inconvenientes em relação à saúde pública e ao ambiente e contemplem os
princípios necessários à preservação do potencial agrícola.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OE e das OR nos instrumentos de protecção das culturas


em cuja definição ou gestão intervém a DGPC.

A1.10. Auditor de Ambiente

O Auditor de Ambiente do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural


e das Pescas é um serviço central que funciona na dependência directa do
Ministro, tendo como objectivo apoiá-lo na coordenação das actividades do
Ministério que o relacionam com o ambiente (DR n.º 52/97, de 28 de
Novembro).

São competências essenciais do Auditor participar na concepção das


diferentes políticas e medidas sectoriais, acompanhar a actividade dos
organismos do Ministério e o desenvolvimento da política comunitária em
matéria ambiental, dar andamento a pedidos de esclarecimento e reclamações
na sua área de actuação, bem como promover a divulgação da informação
relevante em matéria das relações entre o ambiente, a agricultura e as pescas.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais
• Integração das OE e das OR nos processos em cuja definição ou gestão
intervém o Auditor de Ambiente.

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A1.11. Gestor do Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento


Rural - AGRO

O Gestor do programa Agro tem como competência a decisão das


candidaturas no âmbito das seguintes medidas daquele programa:
- Medida 1: modernização, reconversão e diversificação das explorações
agrícolas
- Medida 2: transformação e comercialização de produtos agrícolas
- Medida 3: desenvolvimento sustentável das florestas
- Medida 4: gestão e infra-estruturas hidro-agrícolas
- Medida 5: prevenção e restabelecimento do potencial de produção
agrícola
- Medida 7: formação profissional
- Medida 8: desenvolvimento tecnológico e experimentação
(Despacho n.º 10867/2002, de 17 de Maio)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Articulação da medidas do programa Agro com as propostas contempladas


nas orientações estratégicas, na aprovação de projectos e sua
implementação no território das regiões integradas em cada uma das CRR,
com especial destaque para a medida 3 referente ao desenvolvimento
sustentável das florestas.

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A2. Ministério do Ambiente ,do Ordenamento do Território e do


Desenvolvimento Regional

A Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional, aprovada pelo DL n.º 79/2005


de 15 de Abril, aprova a criação do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do
Território e do Desenvolvimento Regional

A2.1. Instituto de Conservação da Natureza (ICN)

O ICN é o instituto responsável pelas actividades nacionais nos domínios da


conservação da natureza e da gestão das áreas protegidas.

As atribuições do ICN são:


- Promover a estratégia, planos e programas de conservação da natureza;
- Estudar e inventariar os factores e sistemas ecológicos quanto à sua
composição, estrutura, funcionamento e produtividade, em colaboração
com os serviços interessados;
- Elabora estudos e propor medidas visando a preservação do património
genético, a gestão racional da flora e fauna selvagens e a protecção das
espécies;
- Propor a criação de áreas protegidas e assegurar a sua implementação
e gestão, através da rede nacional de áreas protegidas;
- Promover e elaborar estudos relacionados com a dinâmica do litoral e
com a microclimatologia dos ecossistemas e biótopos
- Colaborar com instituições públicas ou privadas, nacionais ou
internacionais, ou autarquias locais no âmbito das suas atribuições;
- Ser autoridade administrativa científica da Convenção sobre o Comércio
Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas
de Extinção (CITES);
- Apoiar técnica e financeiramente entidades públicas e privadas
legalmente constituídas cujas finalidades se incluam no âmbito das
atribuições do ICN. (DL n.º 193/93, de 24 de Maio).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Pertencente ao Conselho Nacional de Reflorestação participa na


elaboração e aprovação das orientações estratégicas de carácter geral e na
aplicação das orientações regionais0 nos espaços em que exerce a sua
acção.

A2.2. Instituto da Água (INAG)

O Instituto da Água, INAG, é o organismo do Ministério das Cidades,


Ordenamento do Território e Ambiente, criado pelo DL n.º 191/93, de 24 de
Maio, responsável pelo desenvolvimento e aplicação das políticas nacionais no
domínio dos recursos hídricos e do saneamento básico.

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As atribuições do INAG são:


- Desenvolver sistemas de informação sobre as disponibilidades e as
necessidades de recursos hídricos a nível nacional;
- Promover, em articulação com as entidades relevantes, o planeamento
integrado por bacia hidrográfica, bem como o planeamento integrado do
litoral;
- Propor os grandes objectivos e estratégias para uma política de gestão
integrada dos recursos hídricos nacionais;
- Estudar e propor as medidas técnicas, económicas e legislativas
necessárias à optimização da gestão dos recursos hídricos nacionais;
- Promover a conservação dos recursos hídricos nacionais do ponto de
vista da quantidade e da qualidade, nos seus aspectos físicos e
ecológicos;
- Promover novas infra-estruturas hidráulicas de âmbito nacional ou
regional com elevado interesse sócio-económico ou ambiental;
- Assegurar, em cooperação com as entidades competentes, o
acompanhamento das questões relacionadas com recursos hídricos a
nível comunitário e internacional.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais
• Integração das OE e das OR nos processos em cuja definição ou gestão
intervém o INAG.

A2.3. Instituto Geográfico Português (IGP)

O Instituto Geográfico Português (IGP) é o organismo responsável pela


execução da política de informação geográfica.
Tem como missão a:
- Produção de informação geográfica oficial (geodesia, cartografia e
cadastro);
- Desenvolvimento e coordenação do Sistema Nacional de Informação
Geográfica;
- Investigação em ciências e tecnologias de informação geográfica (nas
áreas do ambiente, ordenamento do território, sócio-economia, detecção
remota, geodesia, cartografia e cadastro);
- Formação cientifica e técnica no domínio das ciências geográficas;
- Dinamização da sociedade da informação.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Como entidade responsável pela execução de informação geográfica o seu


papel tem particular destaque na aquisição e cedência de informação
geográfica e cadastral necessária para o planeamento e implementação da
rede regional de defesa da floresta.

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A2.4. Comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR)

Surgem da extinção das comissões de coordenação regional (CCR) e das


direcções de regionais do ambiente e do ordenamento do território (DRAOT)
criando-se as comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR),
integradas no Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e
Desenvolvimento Regional pela Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional,
em articulação com o Ministro de Estado e Administração Interna
As novas CCDR constituem, instrumentos de dinamização, acompanhamento e
avaliação do processo de desconcentração ao nível regional da administração
central e de descentralização das suas competências para a administração
local autárquica. (DL nº104/2003 de 23 de Maio de 2003)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais
• Integração das OE e das OR nos processos em cuja definição ou gestão
intervêm as CCDR.

A3. Ministério da Administração Interna

Ao Ministério da Administração Interna, compete, em geral, promover, de


acordo com as directrizes do Governo, a formulação, coordenação e execução
da política de segurança interna e protecção civil, assegurar as medidas
necessárias à organização e execução dos processos eleitorais e garantir,
através do governador civil, a representação do Governo na área do distrito.

A3.1. Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC)


O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), pessoa colectiva
de direito público, dotada de autonomia administrativa e património próprio,
está sujeito à tutela do Ministro da Administração Interna.

São criados ainda Centros Distritais de Operações de Socorro (CDOS) nas


capitais de distrito, com atribuições no domínio da organização e
funcionamento dos corpos de bombeiros, segurança contra incêndios,
equipamentos e fiscalização (Comunicado do Conselho de Ministros de 23 de
Janeiro de 2003).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Pertencente ao Conselho Nacional de Reflorestação participa na


elaboração e aprovação das orientações estratégicas de carácter geral,
participando a nível regional na implementação da rede regional de defesa
da floresta.

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A4. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior


A4.1. Universidades
As universidades são centros de criação, transmissão e difusão da cultura, da
ciência e da tecnologia, que, através da articulação do estudo, da docência e
da investigação, se integram na vida da sociedade.
São fins das universidades:
- A formação humana, cultural, científica e técnica;
- A realização de investigação fundamental e aplicada;
- A prestação de serviços à comunidade, numa perspectiva de valorização
recíproca;
- O intercâmbio cultural, científico e técnico com instituições congéneres
nacionais e estrangeiras;
- A contribuição, no seu âmbito de actividade, para a cooperação
internacional e para a aproximação entre povos, com especial destaque
para os países de expressão oficial portuguesa de países europeus. (Lei
nº 108/88 de 24 de Setembro).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais
• Desenvolvimento e integração de linhas de investigação e
acompanhamento dos trabalhos realizados na instalação da rede regional
de defesa da floresta e de outras vertentes da recuperação de áreas
ardidas.

A5. Autarquias Locais

A5.1. Municípios

A Lei n.º 159/99 estabelece um quadro de transferências de atribuições e


competências para as autarquias locais, nomeadamente a nível dos órgãos
municipais, das quais para o nosso âmbito destacamos:
- Construção e manutenção de infra-estruturas de prevenção e apoio
ao combate dos fogos florestais
- Articulação com as entidades competentes a execução de programas
de limpeza e beneficiação das matas e florestas
- Criar e participar em associações para o desenvolvimento rural
- Apoiar a elaboração de caminhos rurais
- Elaborar e aprovar planos municipais de intervenção florestal
- Participar no Conselho Consultivo Florestal
- Elaborar e aprovar os planos municipais de ordenamento do território
- Propor a integração e a exclusão de áreas na Reserva Ecológica
Nacional e na Reserva Agrícola Nacional. (Lei n.º 159/99 de 14 de
Setembro).

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104

A publicação do DL n.º156/2004 veio trazer novas responsabilidades às


câmaras municipais, em particular na limpeza de uma faixa exterior de
protecção de largura mínima não inferior a 100 metros aos aglomerados
populacionais inseridos ou confinados com áreas florestais, às vias municipais,
assim como a parques, polígonos industriais e aterros sanitários, também elas
confinantes com áreas florestais em caso de ser a entidade gestora desses
espaços ou na ausência da mesma.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• A limpeza das faixas de protecção às vias municipais, aos aglomerados


populacionais e áreas industriais está preconizado nas propostas das
orientações estratégicas pelo que actuam directamente na execução das
mesmas.
• Através dos gabinetes técnicos florestais existentes em cada município ou
conjunto de municípios, participa, trabalha e desenvolve os trabalhos
elaborados por cada CRR nos concelhos que a integram, designadamente
a rede regional de defesa da floresta. São por isso um elemento motor na
aplicação das orientações estratégicas a nível local.
• Devem ainda ser elaborados a nível municipal os planos de defesa da
floresta que contemplam uma série de acções também preconizadas nas
orientações regionais.

A5.2. Freguesias
As competências atribuídas aos orgãos municipais podem por via de
delegação, mediante um protocolo, ser transferidas para as freguesias. Estas
podem ainda realizar investimentos cometidos aos municípios ou gerir
equipamentos e serviços municipais. (Lei nº159/99 de 14 de Setembro).
No âmbito das atribuições e competências das freguesias é de ressaltar para o
nosso âmbito os seguintes itens:
- Colaboração com os sistemas locais de protecção civil e de combate
aos incêndios
- Participação no processo de elaboração dos planos municipais de
ordenamento do território (Lei nº23/97 de 2 de Julho).

As atribuições enumeradas no ponto anterior resultantes do Dec.-Lei n.º


156/2004 podem ser transferidos para as freguesias através de protocolo.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• No caso de delegação de competências nas freguesias, o enunciado no


ponto anterior transporta responsabilidades para as freguesias e a sua
subsequente aplicabilidade.

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105

A5.3. Comissões municipais de defesa da floresta contra incêndios

As comissões municpais de defesa da floresta contra incêndios funcionam


como centros de coordenação do presidente da câmara municipal e foram
criadas pela Lei n.º14/2004.

Coordenam e promovem a execução das acções de defesa da floresta contra


incêndios ano nível local no âmbito das competências que lhe foram atribuídas
e das quais destacamos: a) Articular a actuação dos organismos com
competências em matéria de incêndios florestais, no âmbito da sua área
geográfica;

b) Elaborar um plano de defesa da floresta em consonância com o Plano


Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta contra Incêndios (PNPPFCI) e
com o respectivo plano regional de ordenamento florestal;

c) Propor à Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais (APIF), , de


acordo com o estabelecido nos planos referidos na alínea b), os projectos de
investimento de prevenção e protecção da floresta contra incêndios e levar a
cabo a sua execução;

d) Desenvolver acções de sensibilização da população, de acordo com o


definido no PNPPFCI;

e) Promover a criação de grupos de autodefesa dos aglomerados


populacionais integrados ou adjacentes a áreas florestais, sensibilizando para
tal a sociedade civil e dotá-los de meios de intervenção,

f) Executar, com o apoio da APIF, a elaboração de cartografia de infra-


estruturas florestais, delimitação de zonas de risco de incêndio e de áreas de
abandono;

g) Proceder à sinalização das infra-estruturas florestais de prevenção e


protecção da floresta contra incêndios,

h) Identificar e propor as áreas florestais a sujeitar a sinalização, com vista ao


condicionamento do acesso, circulação e permanência;

i) Colaborar na divulgação de avisos às populações,

j) Aprovar os planos de fogo controlado que lhe forem apresentados pelas


entidades proponentes, no âmbito do previsto no Regulamento do Fogo
Controlado;

l) Em matéria de incêndios florestais assegurar, em situação de acidente grave,


catástrofe ou calamidade, o apoio técnico ao respectivo centro municipal de
operações de emergência e protecção civil (CMOPEC).

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Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Pelas competências que lhe são atribuídas são um motor de


implementação das diversas componentes da rede regional de defesa da
floresta através de várias acções estabelecidas, como por exemplo, a
elaboração dos planos de defesa da floresta e sinalização de infraestruturas
florestais de prevenção e protecção da floresta, entre outros.

A5.4. Áreas metropolitanas


As áreas metropolitanas são pessoas colectivas públicas de natureza
associativa e de âmbito territorial e visam a prossecução de interesses comuns
aos municípios que as integram.
Sem prejuízo das atribuições transferidas pela administração central e pelos
municípios, as áreas metropolitanas são criadas para a prossecução dos
seguintes fins públicos:
- Articulação dos investimentos municipais de interesse supramunicipal
- Coordenação de actuações entre municipios e os serviços da
administração central nas seguintes áreas: infra-estrutiras de
saneamento básico e de abastecimento público; saúde, educação,
ambiente, conservação da natureza e recursos naturais, segurança e
protecção civil, acessibilidades e transportes, equipamentos de
utilização colectiva, apoio ao turismo e à cultura; apoios ao desporto,
à juventude e às actividades de lazer.
- Planeamento e gestão estratégica, económica e social;
- Gestão territorial na área dos municípios integrantes. (Lei n.º 10/2003
de 13 de Maio)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Possuem um papel importante a nível intermunicipal na aplicabilidade das


medidas propostas, na articulação e coordenação de investimentos, com
especial destaque para as redes regionais de defesa da floresta.

B. Entidades do sector Comunitário

B1. Baldios

São baldios os terrenos possuídos e geridos por comunidades locais,


entendido como o universo dos compartes. São compartes os moradores de
uma ou mais freguesias ou parte delas que, segundo os usos e costumes, têm
direito ao uso e fruição do baldio.

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Os baldios constituem, em regra, logradouro comum, designadamente para


efeitos de apascentação de gados, de recolha de lenhas ou de matos, de
culturas e outras fruições, nomeadamente de natureza agrícola, silvícola, silvo-
pastoril ou apícola. O seu uso e fruição efectiva-se de acordo com as
deliberações dos órgãos competentes dos compartes ou, na sua falta, de
acordo com os usos e costumes. Aos compartes é assegurada a igualdade de
gozo e exercício dos direitos de uso e fruição do respectivo baldio.

O uso e fruição dos baldios obedece, salvo costume ou deliberação em


contrário dos compartes, nomeadamente no caso de baldios de pequena
dimensão, a planos de utilização aprovados e actualizados nos termos da
presente lei.

Os baldios são administrados pelos respectivos compartes, ou na falta deles,


através de órgão ou órgãos democraticamente eleitos. As comunidades locais
organizam-se, para o exercício dos actos de representação, disposição, gestão
e fiscalização relativos aos correspondentes baldios, através de uma
assembleia de compartes, um conselho directivo e uma comissão de
fiscalização.

Entre as competências das assembleias de compartes as mais relevantes no


âmbito do nosso projecto são:
- Discutir e aprovar o plano de utilização dos recursos do baldio e
respectivas actualizações, sob proposta do conselho directivo;
- Estabelecer os condicionamentos que tiver por necessários à
comercialização, pelo conselho directivo, dos frutos e produtos do
baldio; (Lei nº 68/93 de 4 de Setembro)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OR nos projectos florestais e nas acções desenvolvidas nas


áreas sob sua gestão.

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108

C. Entidades dos sector privado/cooperativo

C1. Organizações de Produtores Florestais e Agrícolas

As associações de produtores florestais e agrícolas são entidades sem fins


lucrativos, reguladas por estatutos em que são definidos o objectivo da sua
missão e área de intervenção. Têm em comum a defesa dos interesses
proprietários florestais e agrícolas e o desenvolvimento de acções de
preservação e valorização das florestas, dos espaços naturais, da fauna e da
flora, bem como, de um modo geral, a valorização do património fundiário e
cultural dos seus associados.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OR nos projectos florestais e nas acções desenvolvidas nas


áreas sob sua gestão.
• Participação nas reuniões técnicas de cada CRR com a aprovação e
participação no desenho da rede regional de defesa da floresta

C2. OIF - Organizações interprofissionais da fileira florestal (OIF)

As organizações interprofissionais da fileira florestal (OIF) são constituídas por


estruturas representativas da produção, transformação, prestação de serviços
e comercialização dos produtos do sector florestal.

Entre os objectivos que contempla as OIF o mais relevante para o nosso


âmbito é o de promover e incentivar acções que visem contribuir para o
desenvolvimento sustentável da floresta e para a salvaguarda dos sistemas
naturais associados. (Lei n.º 158/99, de 14 de Setembro)

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração e harmonização das medidas contempladas nas orientações


estratégicas nas acções e planos que as OIF promovem e incentivam.

C3. Outras entidades privadas

C3.1. Propriedades particulares

O proprietário de áreas florestais percorridas por incêndios é obrigado a


efectuar a sua rearborização, excepto quando esta não constituir a forma de

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


109

utilização mais adequada dos terrenos em causa ou quando tal não lhe seja
exigível, nomeadamente face à situação económica em que se encontre. No
caso de serem objecto de arrendamento florestal, a obrigação recai sobre o
arrendatário, excepto de o prazo ou outras condições contratuais não o
permitirem fazer de uma forma economicamente vantajosa.

Após a audição dos interessados e a avaliação da situação em causa, a


Direcção-Geral das Florestas, quando for caso disso, notificará os obrigados
para efectuarem a reflorestação. A reflorestação deverá estar concluída no
prazo de dois anos após a notificação prevista no número anterior. A
rearborização de terrenos anteriormente ocupados por povoamentos florestais
destruídos por incêndios, independentemente da área em causa, deverá ser
precedida de autorização a conceder pelas circunstâncias florestais, quando se
trate de alterar o tipo e a composição do povoamento preexistente. (DL nº
139/88 de 22 de Abril).

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração das OR nos projectos florestais e nas acções desenvolvidas nas


áreas sob sua gestão.

C3.2. Indústria

As indústrias do ramo florestal que sejam proprietárias de terrenos florestais,


têm as mesmas obrigações que os proprietários florestais enunciados no ponto
anterior.

As mais relevantes no nosso país, relativamente à gestão fundiária, são as


empresas ligadas às fileiras da cortiça e do papel.

Intervenção nas regiões de reflorestação e na aplicação das orientações


estratégicas e orientações regionais

• Integração e harmonização das medidas contempladas nas orientações


regionais nos terrenos florestais geridos pelas indústrias .

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110

Anexo V
Inflamabilidade e combustibilidade das espécies florestais

Espécies arbóreas

Resinosas
Espécie Inflamabil. Combustibil. Referências

Abies sp. abetos baixa baixa 1, 3


Cedrus sp. cedros baixa baixa 1, 3
Cupressus arizonica cipreste-do-arizona elevada média 3
Cupressus sempervirens cipreste-comum elevada média 3
Juniperus oxycedrus oxicedro baixa a média 2, 3
Pinus halepensis pinheiro-de-alepo média a elev., elev. elevada 1, 2, 3
Pinus nigra pinheiro-larício elevada elevada 3
Pinus pinaster pinheiro-bravo baixa a média, elev. 1, 2
Pinus pinea pinheiro-manso média média 3, 4
Pinus radiata pinheiro-de-monterey elevada elevada 4
Pinus sylvestris pinheiro-silvestre baixa a média 2
Pseudotsuga menziesii pseudotsuga baixa baixa 3

Folhosas
Espécie Inflamabil. Combustibil. Referências

Arbutus unedo medronheiro baixa a média elevada 1, 2, 4


Acacia dealbata mimosa média a elevada 1
Acacia melanoxylon austrália média a elevada 1
Buxus sempervirens buxo baixa a média elevada 1, 2, 3, 4
Castanea sativa castanheiro elevada 1
Ceratonia siliqua alfarrobeira elevada 5
Eucalyptus dalrympleana eucalipto elevada elevada 1
Eucalyptus globulus (ad.) eucalipto-comum elevada 2, 3
Eucalyptus globulus (jv.) eucalipto-comum baixa 3
Hakea saligna háquea média a elevada 1
Laurus nobilis loureiro elevada 5
Nerium oleander cevadilha média 5
Olea europaea zambujeiro baixa a média média 2, 3, 4
Phyllirea angustifolia lentisco elevada elevada 2, 4
Phyllirea latifolia aderno-de-folhas-largas elevada 1
Pistacia terebinthus terebinto elevada 5
Pistachia lentiscus aroeira baixa 3, 4
Platanus orientalis plátano elevada 5
Quercus coccifera carrasco média a elevada média 1, 4
Quercus faginea carvalho-português média 3
Quercus rotundifolia azinheira média a elev./elev. média 1, 2, 4
Quercus suber sobreiro média a elev./elev. média 1, 2, 4
Rhamnus alaternus aderno baixa 3, 4

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Espécies arbustivas e sub-arbustivas

Espécie Inflamabil. Combustibil. Referências

Calluna vulgaris queiró elevada elevada 1, 2, 4


Cistus albidus roselha-maior baixa a média/média 1, 2, 3
Cistus crispus roselha média baixa 4
Cistus ladanifer esteva elevada* elevada 2, 4
Cistus monspelliensis sargaço baixa a média 1
Cistus salvifolius saganho-mouro média média 1, 4
Cytisus multiflorus giesta-branca baixa elevada 4
Daphne gnidium trovisco baixa 3, 4
Erica arborea urze-branca média a elev./elev. elevada 1, 2, 4
Erica australis urze-vermelha elevada elevada 2, 4
Erica scoparia urze-das-vassouras elevada elevada 1, 2, 4
Genista falcata tojo-gadanho elevada* 6
Lavandula stoechas rosmaninho elevada média 2, 4
Pteridium aquilinum feto baixa 4
Rosmarinus officinalis alecrim média elevada 1, 4
Rubus sp. silva elevada*, média média 2, 4
Stipa tenacissima esparto elevada* 6
Thymus vulgaris tomilho média a elev./elev. 1, 2, 3
Ulex europaeus tojo elevada 2
Ulex parviflorus tojo-durázio baixa a média/elev. média 1, 2, 4
Viburnum tinus folhado média 6

* Apenas no Verão.
Ad. – plantas adultas ; Jv. – plantas jovens.

Referências

[1] VALLETE, J.-C., 1990. Inflammabilités des Espèces Forestières Méditerranéennes. Conséquences
sur la combustibilité des formations forestières. Rev. For. Fran., XLII, num. spec., 76-92.

[2] VÉLEZ, R., (Coord.) 2000. La defensa contra incendios forestales. McGraw-Hill/Interamericana de
España, S.A.U., Madrid, .

[3] COLIN, P.-Y., JAPPIOT, M., MARIEL, A., (Coord.) 2001. Protection des forêts contre l’incendie.
Cahier FAO Conservation 36, FAO/CEMAGREF, Rome, 147 p.

[4] SILVA, J.S., PÁSCOA, F., DGF, (Coord.) 2002. Manual de Silvicultura para a Prevenção de
Incêndios. Direcção-Geral das Florestas, Lisboa.

[5] DIMITRAKOPOULOS, A.P., MATEEVA, V., 1998. Effect of moisture content on the ignability of
mediterranean species. Proceedings of the III International Conference on Forest Fire Research,
vol. I, Luso, pp. 455-466.

[6] VÉLEZ, R., 1990. Clave Fotográfica para la Identificación de Modelos de Combustible. 2 vol.,
ICONA, Madrid

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112

Anexo VI
Tipologia e características dos caminhos DFCI integrados na rede viária
florestal das redes regionais de defesa da floresta.

Do ponto de vista da gestão florestal, a rede viária florestal em Portugal pode


ser classificada em caminhos florestais, estradões ou trilhos.
No modelo de rede regional de defesa da floresta (RDF) proposto nas
"Orientações estratégicas para a recuperação das áreas ardidas em 2003",
elaboradas pela Equipa de Reflorestação, estabelecem-se especificações
mínimas para a rede viária florestal que cumpre funções na defesa da floresta
contra incêndios (DFCI) que contemplam por um lado a sua funcionalidade
para a gestão florestal e para acesso a habitações e aglomerados
populacionais e, por outro, funções de DFCI e de segurança dos agentes
responsáveis pelo combate.
Propõe-se agora uma tipologia mais desenvolvida e estabelecem-se as
características mínimas para as vias integradas na rede viária florestal DFCI,
que podem ser classificadas como de 1.ª, 2.ª ou 3.ª ordem.
Para classificar um caminho florestal na perspectiva DFCI é necessário avaliar
uma série de características e de especificações mínimas correspondentes a
cada uma das ordens. O não cumprimento de qualquer uma delas conduz à
sua classificação na ordem inferior. Os caminhos de 1.ª ordem estão ainda
subdivididos em duas classes, a e b, dependendo da largura de faixa de
rodagem útil.

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REDE VIÁRIA DFCI


1.ª Ordem 2.ª Ordem 3.ª Ordem
Caminhos
Caminhos florestais florestais
Caminhos florestais
Estradões
Trilhos
1b
1a < 4 m: necessidade
largura de de existência de
Largura útil da faixa de 3a4m
de 4 a 6 m: zonas de Outras
rodagem (m)
sem especificações cruzamento
adicionais espaçadas em
média de 200 m
Raios mínimos (m) 50 m19 Outros

10%,
Declive longitudinal
sendo aceitável pontualmente 15%, nunca devendo exceder os Outros
máximo (%)
20%
Declive transversal
5% Outros
máximo (jusante)

Becos sem saída Não admissíveis Sinalizados Outros


Zonas de cruzamento
1a 1b
de veículos Espaçadas em
Não é necessária a Espaçadas em Outras
(sobre largura de 2 m média 500 m
sua construção média 200 m
ao longo de 30 m)
Zonas de inversão de
1 zona de inversão
marcha
Inversão sempre possível em média por cada Outras
(250m2 com a 8 a 10
1000 m
metros de largura)
Zona de segurança
Gestão de combustíveis lateral com uma largura mínima de (2x)
(faixas de gestão de Outras
10 metros
combustíveis)
Pontos críticos
(limitação de peso <8
ton, limitação de altura
Inexistentes Sinalizados Outros
<3,5 m, limitação de
largura, dificuldade de
acesso)
Pavimentado ou
Piso Pavimentado Pavimentado
regularizado

As especificações relativas à sinalização são objecto de um projecto específico,


em curso, dirigido pela Federação dos Produtores Florestais de Portugal
(Normalização da Sinalização para os Espaços Florestais em Portugal
Continental).

19
Nas vias DFCI de 1.ª e 2.ª ordem com uma largura inferior a 6 m, quando o raio de curva for
inferior a 50 metros, as larguras recomendadas são:

Raios de curva Largura do caminho


40-49 4
30-39 4,5
20-29 5
15-20 5,5

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114

Bibliografia
AKRE, B., 1998. Forest road construction policies, guidelines and codes of
practice. In "Proceedings of the seminar on environmental sound forest
roads and wood transport”, FAO, Rome, pp. 153-173.
BOLETIN OFICIAL DEL PRINCIPADO DE ASTURIAS N.º 29, Sábado 5 de
Febrero de 2005. Consejería de Medio Rural y Pesca.
LOURO, G., MARQUES, H., SALINAS, F., 2002. Elementos de Apoio à
Elaboração de Projectos Florestais. Estudos e Informação n.º 321,
Direcção-Geral das Florestas, Lisboa, 126 p.
MINISTERE DE L'AGRICULTURE ET DE LA PECHE. MINISTERE DE L'
INTERIEUR, 2001. Les équipements D.F.C.I. et leur représentation
graphique. Guide de normalisation. Classification et sémiologie
graphique des équipements de Défense de la Forêt contre l’Incendie.
Délégation à la protection de la forêt méditerranéenne, Marseille, 14 p.
PLAN COMARCAL DE DEFENSA CONTRA INCENDIOS FORESTALES. Area:
Monegros - Bajo Aragón. Naturaleza Tecnologia aplicada S.L.
RIGOLOT, E., 2002. Du plan départemental à la coupure de combustible.
Guide méthodologique et pratique. Réseau Coupures de Combustible n.º
6, Éditions de Cárdère Morières, 48 p.
SÁ, V.H.L., 1972. Caminhos florestais na bacia do Zêzere: região piloto da
Sertã. Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, 29 p.
SILVA, A.S., 1973. Caminhos florestais. Textos de Formação Profissional,
Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, Lisboa, 60 p.
SPAETH, R., 1998. Environmentally sound forest road construction in
nordrhein-westfalen (NRW), Germany. In "Proceedings of the seminar on
environmental sound forest roads and wood transport",. FAO, Rome, pp.
109-117.

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115

Anexo VII
Excerto do guia técnico interno “Modelos de Combustível para utilização nas regiões de reflorestação” (ER/CNR).

Grupo Modelo Descrição Aplicação


Pasto fino, seco e baixo, com altura abaixo do joelho, que Montado. Pastagens anuais ou perenes.
cobre completamente o solo. Os matos ou as árvores cobrem Restolhos.
1 menos de 1/3 da superfície. Os incêndios propagam-se com
grande velocidade pelo pasto fino. As pastagens com
espécies anuais são exemplos típicos.
Pasto contínuo, fino, seco e baixo, com presença de matos Matrizes mato/herbáceas resultantes de fogo
ou árvores que cobrem entre 1/3 e 2/3 da superfície. frequente (e.g. giestal). Formações lenhosas
Herbáceo Os combustíveis são formados pelo pasto seco, folhada e diversas (e.g. pinhais, zimbrais, montado).
2
ramos caídos da vegetação lenhosa. Os incêndios propagam- Plantações florestais em fase de instalação e
se rapidamente pelo pasto fino. Acumulações dispersas de nascedio.
combustíveis podem incrementar a intensidade do incêndio.
Pasto contínuo, espesso e (>= 1m) 1/3 ou mais do pasto Campos cerealíferos (antes da ceifa). Pastagens
3 deverá estar seco. Os incêndios são mais rápidos e de maior altas. Feteiras. Juncais.
intensidade.
Matos ou árvores jovens muito densos, com cerca de 2 Qualquer formação que inclua um estrato
metros de altura. Continuidade horizontal e vertical do arbustivo e contínuo (horizontal e verticalmente),
combustível. Abundância de combustível lenhoso morto especialmente com % elevadas de combustível
(ramos) sobre as plantas vivas. O fogo propaga-se morto: carrascal, tojal, urzal, esteval, acacial.
Arbustivo 4
rapidamente sobre as copas dos matos com grande Formações arbórea jovens e densas (fase de
intensidade e com chamas grandes. A humidade dos novedio) e não caducifólias.
combustíveis vivos tem grande influência no comportamento
do fogo.
Mato denso mas baixo, com uma altura inferior a 0,6 m. Qualquer formação arbustiva jovem ou com
Apresenta cargas ligeiras de folhada do mesmo mato, que pouco combustível morto.
contribui para a propagação do fogo em situação de ventos Sub-bosque florestal dominado por silvas, fetos
5 fracos. Fogos de intensidade moderada. ou outra vegetação sub-lenhosa verde.
Eucaliptal (> 4 anos de idade) com sub-bosque
arbustivo baixo e disperso, cobrindo entre 1/3 e
1/2 da superfície

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Grupo Modelo Descrição Aplicação


Mato mais velho do que no modelo 5, com alturas Situações de dominância arbustiva não
compreendidas entre os 0,6 e os 2 metros de altura. Os enquadráveis nos modelos 4 e 5.
6 combustíveis vivos são mais escassos e dispersos. No Regeneração de Quercus pyrenaica (antes da
conjunto é mais inflamável do que o modelo 5. O fogo queda da folha).
propaga-se através do mato com ventos moderados a fortes.
Mato de espécies muito inflamáveis, de 0,6 a 2 metros de
altura, que propaga o fogo debaixo das árvores. O incêndio
7 desenvolve-se com teores mais altos de humidade do
combustível morto do que no outros modelos, devido à
natureza mais inflamável dos outros combustíveis vivos.
Folhada em bosque denso de coníferas ou folhosas (sem Formações florestais ou pré-florestais sem sub-
mato). A folhada forma uma capa compacta ao estar formada bosque: Quercus mediterrânicos, carvalhais (Q.
de agulhas pequenas (5 cm ou menos) ou por folhas planas pyrenaica, Q. robur, Q.rubra) e castanheiro no
não muito grandes. Verão, medronhal, vidoal, folhosas ripícolas,
8
Os fogos são de fraca intensidade, com chamas curtas e que choupal, eucaliptal jovem, Pinus sylvestris,
avançam lentamente. Apenas condições meteorológicas cupressal e restantes resinosas de agulha curta.
desfavoráveis (temperaturas altas, humidade relativa baixa e
ventos fortes) podem tornar este modelo perigoso.
Folhada em bosque denso de coníferas ou folhosas, que se Formações florestais sem sub-bosque: pinhais
Manta diferencia do modelo 8, por formar uma camada pouco (Pinus pinaster, P. pinea, P. nigra, P. radiata, P.
morta compacta e arejada. É formada por agulhas largas como no halepensis), carvalhais (Quercus pyrenaica, Q.
9 caso do Pinus pinaster, ou por folhas grandes e frisadas robur, Q. rubra) e castanheiro no Inverno,
como as do Quercus pyrenaica, Castanea sativa, etc. Os eucaliptal (> 4 anos de idade).
fogos são mais rápidos e com chamas mais compridas do
que as do modelo 8.
Restos lenhosos originados naturalmente, incluindo lenha
grossa caída como consequência de vendavais, pragas
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intensas ou excessiva maturação da massa, com presença
de vegetação herbácea que cresce entre os restos lenhosos.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005


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Grupo Modelo Descrição Aplicação


Resíduos ligeiros (Ø<7,5 cm) recentes, de tratamentos Formações florestais sujeitas a operações de
silvícolas ou de aproveitamentos, formando uma capa pouco desramação e desbaste, selecção de toiças
compacta de escassa altura (por volta de 30 cm). A folhada e (eucaliptal), ou a cortes parciais ligeiros.
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o mato existentes ajudarão à propagação do fogo. Os
incêndios têm intensidades elevadas e podem originar
fagulhas incandescentes.
Resíduos Resíduos de exploração mais pesados do que no modelo 11, Formações florestais sujeitas a desbaste ou
lenhosos formando una capa contínua de maior altura (até 60 cm). corte parcial intensos, ou a corte raso.
Mais de metade das folhas estão ainda presas aos ramos
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sem terem secado completamente. Não existem combustíveis
vivos que influenciem no fogo. Os incêndios têm intensidades
elevadas e podem originar fagulhas incandescentes.
Grandes acumulações de resíduos de exploração grossos
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(Ø<7,5 cm) e pesados, cobrindo todo o solo.

Bibliografia:
ANDERSON, H.E. (1982). Aids to determining fuel models for estimating fire behaviour. U.S. Forest Service, Ogden UT.
FERNANDES, P. M. & PEREIRA, J. P. (1993). Caracterização de combustíveis na Serra da Arrábida. Silva Lusitana 1 (2):
pp. 237-260
FERNANDES, P. M. Equivalência genérica entre os modelos de combustível do USDA Forest Service (Anderson, 1982) e
as formações florestais portuguesas. (documento não publicado, cedido pelo autor).
ICONA (1990). Clave fotografica para la identificación de modelos de combustible. Defensa contra incendios forestales.
MAPA. Madrid.
UVA, J., VINAGRE, P. & GONÇALVES, A. (1997). Geofogo, um simulador de fogos florestais. Revista Florestal, vol X, nº1
Jan- Abr 1997.

MADRP/SEDRF/ER OE/30 de Junho de 2005

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