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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS


POLÍTICA E PLANEJAMENTO ECONÔMICO – ECO 194
DOCENTE: IHERING GUEDES ALCOFORADO DE CARVALHO
DISCENTE: ISLAINE CARDOSO SANTANA

ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: UMA


DISCUSSÃO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE EMPRESA, CONSUMIDOR E
GOVERNO

INTRODUÇÃO

A contemporânea sociedade industrializada experimenta uma relação bem diferente


com o alimento, quando comparada aos seus ancestrais. Agora, a forma como a
alimentação é tratada pela maioria da população, revela um estilo de vida frenético,
moderno, caracterizada pela escassez de tempo para preparar refeições e fazer o
consumo das mesmas de maneira tranquila e relaxada. Frente a isso, está a
indústria alimentícia. Com o avanço das tecnologias, os sistemas alimentares
ficaram cada vez mais modernos, sofisticados e dinâmicos. Para poder acompanhar
o ritmo desenfreado do estilo de vida vigente, foi necessário pensar em técnicas
hábeis de preparação e formas que fossem capazes de conservar a comida por
mais tempo, agregando assim, a condição ávida do dia a dia ao trabalho.

Os impactos provocados pela comida industrializada, principalmente os fast-food,


são, sem dúvidas, devastadoras. Os hábitos alimentares foram redefinidos a partir
deste tipo de alimentação. Frente à utilização de produtos com tradição cultural, está
uma inversão de padrão alimentar marcado pelo consumo excessivo de produtos
processados, disseminando e predominando as grandes redes alimentícias,
especialmente as de fast-food. Assim, a comida tornou-se um grande e rentável
negócio, em torno do qual objetiva-se a ampliação do lucro e intensificação do
consumo.

O complexo processo e a grande quantidade de ingredientes utilizados na


fabricação dos alimentos industrializados podem acabar não sendo repassados ao
consumidos de maneira fidedigna. Ainda hoje, há certa confusão nos rótulos
presentes nas embalagens dos produtos. Por exemplo, em alguns alimentos não
vem explícito ao consumidor a quantidade de açúcar que o mesmo contem. O rótulo,
sendo composto de informações completas e transparentes, é capaz de orientar o
consumidor de forma verdadeira sobre a constituição daquele produto, caso
contrário, as escolhas conscientes sobre os alimentos tornam-se lesadas.

DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

“Coma menos e se exercite” é a resposta automática para o emagrecimento há mais


de meio século. Era a resposta da ciência. No início, o exercício físico era
condenado por médicos, os mesmos diziam que o ato de exercitar-se poderia
sobrecarregar o coração e, então, causar um ataque cardíaco. Mais tarde, em 1953,
o pesquisador francês Jean Mayer conclui que ratos de laboratório que se
exercitavam menos engordavam mais. Deu-se início à revolução das academias e a
afirmativa de que exercitar-se seria o principal caminho para combater o
sedentarismo e, consequentemente, a obesidade e os problemas de saúde
decorrentes da mesma. O número de academias cresceu consideravelmente,
porém, a quantidade de pessoas acima do peso, estranhamente também
acompanhava esse crescimento.

É necessário entender que a indústria alimentícia está no centro do problema. Nas


últimas décadas, esta tem ofertado uma porção de alimentos onde o foco principal
foi a redução de calorias. Alimentos lights, diets, zero gordura passaram a encher as
prateleiras dos supermercados, no entanto, o que continuou sendo constatado foi o
aumento do peso e das doenças relacionadas a este fator. Estes tipos de alimentos,
na verdade, tornaram-se um meio que as grandes empresas de alimentação
encontraram na tentativa de demonstrar (falsa) preocupação com o seu consumidor.

Em 2002, a Organização Mundial de Saúde, divisão da Organização das Nações


Unidas responsável por estabelecer padrões globais de saúde, divulgou um
documento chamado Relatório 916 – Relatório Técnico Série 916. Nele havia
documentado que o açúcar é uma das maiores, senão a maior causa de doença
metabólica crônica e obesidade. A intenção da OMS era restringir o consumo do
açúcar até o nível recomendado pelos cientistas. As grandes indústrias que
produzem alimentos compostos por um elevado teor de açúcar viram que poderiam
ser prejudicadas e detiveram o relatório. Fica claro que o governo estava resistindo a
um plano da OMS para combater a obesidade em nível global, considerando-o
rigoroso demais com a indústria alimentícia.

Enquanto as embalagens dos produtos listam a recomendação diária do governo


para vários nutrientes, hoje, ao olhar uma tabela nutricional, não é possível
encontrar o percentual de recomendação diária de açúcar. Este fato parece revelar
que o governo tem sido complacente ou até mesmo cúmplice de tal fracasso
alimentar. E se nas latas de refrigerantes viessem com uma advertência do
Ministério da Saúde? E se as cadeias de fast-food fossem obrigadas a reduzir a
quantidade de gordura em seus alimentos? E se toda vez que uma tabela nutricional
fosse consultada viesse o percentual de açúcar? E se a mídia fosse pressionada a
divulgar mais comerciais sobre o consumo de alimentos saudáveis? Sem dúvida, se
algumas dessas medidas fossem tomadas, a população não estaria tão doente por
conta de problemas relacionados à saúde. A comida, especialmente a abundância
de produtos baratos, processados e doces, é resultado direto da política do governo.
Porém, a indústria é poderosíssima e, sem dúvidas, há muito dinheiro envolvido.

Quando a obesidade tornou-se um problema de proporções imagináveis, órgãos


governamentais veem-se em conflito de interesses, pois, por um lado, há a
mensagem de que as pessoas devem comer menos, e, por outro, dizem à
população que devem comer mais para promover o consumo interno do país. Um
exemplo claro deste conflito é o caso do queijo que ocorreu nos Estados Unidos
quando a indústria alimentícia passou a retirar a gordura dos produtos. As pessoas
ficaram mais conscientes em relação à saúde e começaram a tomar leite desnatado
(sem gordura). Uma das formas de utilizar a gordura retirada do leite é transformá-la
em queijo. Conforme a demanda por leite desnatado aumentava, o governo se viu
com uma enorme quantidade de queijo. E em vez de pressionar a redução na
produção, ajudaram as indústrias de laticínio incentivando toda população a
consumirem mais queijo.

No entanto, o problema não é só o queijo. Esse problema entre saúde pública e a


fomentação da indústria alimentícia acontece com todo o tipo de alimento. O
governo diz à população para limitar o consumo de açúcar, mas oferece milhões de
reais em subsídios para adoçantes à base de milho. Logo, pode ser constatado que
o governo está contribuindo com a epidemia da obesidade ao prover a cultivação de
milho, por exemplo, pois o mesmo vira xarope de milho de alta frutose e todos os
ingredientes estranhos presentes na comida processada. Tem-se aí, o governo em
sua situação esquizofrênica. Por um lado, subsidia alimentos que estão adoecendo
toda população e, ao mesmo tempo, tem a grande responsabilidade de estabelecer
os padrões alimentares em diferentes ambientes, por exemplo, a merenda escolar.

O número de pessoas que passaram por processos cirúrgicos bariátricos 1 cresceu


consideravelmente. Isso pode ser constatado, inclusive, no público infantil. Então, o
que dizer de uma sociedade que prefere submeter crianças a procedimentos
mutiladores a lutar politicamente para financiar uma melhor nutrição? Isso reflete um
fracasso político sistemático, no qual o lucro privado e interesses pessoais estão à
frente da saúde pública. Há tantas indústrias que lucram com a condição em que a
saúde da população se encontra que o interesse dessas mesmas é justamente que
as pessoas continuem sem saúde. Talvez, por isso, não seja possível ver um grande
esforço nacional para tentar melhorar a qualidade da dieta ou das opções
alimentares da sociedade.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. A INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA BRASILEIRA

Sendo um importante produtor de alimentos em âmbito mundial, o Brasil é notório no


ramo alimentício e faz desse segmento, um destaque para a atividade econômica do
país. Possuindo uma dinâmica produtiva bastante intensa, as indústrias alimentícias
têm crescido, cada vez mais, ao quebrarem as barreiras na saída e exportam para
diversas partes do mundo. Somado a isso, está o fato de que a produção gerada no
setor de alimentos é absorvida por um conjunto de indústrias que fazem uso desses
produtos como forma de insumos, além do consumo gerado pela população de
maneira geral.

Apesar dos problemas decorrentes da crise político-econômica implantada no Brasil,


especialmente no tocante ao processo de impeachment da então presidente Dilma
Roussef, no ano de 2016, a indústria alimentícia também foi prejudicada pela
fragilidade na qual a economia estava submetida. Porém, comparando-a com outros

1
Espécie de cirurgia altamente invasiva e complexa, onde é retirado parte do estômago do paciente.
Tem como objetivo reduzir o peso de pessoas com o índice corporal acima do considerado saudável.
setores industriais, o impacto não foi tão severo. Segundo dados da Associação
Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA, 2016), o faturamento foi de R$ 614,3
bilhões, crescimento nominal de 9,3% e o nível de empregos gerados representa
uma escala de 1,6 milhão. A tabela abaixo traz alguns números da balança
comercial do Brasil e da indústria de alimentos processados.

Tabela 1 – Balança Comercial (US$ Bilhões)


Saldo Brasil Saldo Alimentos Processados
Exportaçã Exportaçã
ANO o Importação Saldo o Importação Saldo
2008 197,9 173,0 25,0 33,3 3,3 29,9
2009 153,0 127,7 25,3 30,8 3,1 27,7
2010 201,9 181,8 20,1 37,8 4,1 33,7
2011 256,0 226,2 29,8 44,8 5,5 39,3
2012 242,6 223,2 19,4 43,4 5,6 37,8
2013 242,0 239,7 2,3 43,0 5,7 37,3
2014 225,1 229,1 -4,0 41,1 5,7 35,4
2015 191,1 171,5 19,7 35,3 5,0 30,2
2016 185,2 137,6 47,7 36,4 5,0 31,5
Fonte: SECEX/ Elaboração ABIA.
(*) 50,9% do agronegócio de alimentos e 42,9% do agronegócio pleno.

Aqui, há de observar-se que os alimentos ditos processados são aqueles


industrializados de valor agregado e os semielaborados commodities agroindustriais,
como carnes, sucos de laranja, açúcar, farelo se soja, etc. Conforme demonstrado
na tabela, é possível perceber a importância da indústria alimentícia na economia.
No ano de 2016, o saldo da balança comercial brasileira era de US$ 47,7 bilhões,
enquanto que os alimentos processados geraram um saldo positivo de US$ 31,5
bilhões, revelando-se aí, a significância desse ramo industrial à economia do país.

Ainda sobre o balanço econômico do ano de 2016, realizado pela ABIA (Associação
Brasileira das Indústrias de Alimentação), dentre as indústrias de transformação, a
de alimentos e bebidas é a maior no quesito produção, gerou um valor bruto de R$
550,8 bilhões. Além disso, o setor possui 32,5 mil empresas, sendo o que mais
emprega, e verificou-se aumento constante nas exportações, que fecharam o ano
em US$ 36,4 bilhões. Tratando-se da produção, apesar de ter havido queda de -
0,96%, o resultado foi melhor do que o obtido no ano anterior à análise (2015),
quando o percentual de produção foi de -2,9%. As vendas reais também
melhoraram, indo de -2,73% em 2015, para -0,63% no ano de 2016.

A principal demanda da população à produção da indústria alimentícia refere-se,


principalmente, ao grupo de alimentos consumidos no café-da-manhã, almoço e
jantar. Em 2014, a venda de produtos utilizados para preparar refeições no lar,
restaurantes, lanchonetes e outros setores de alimentação, foi responsável por mais
de 83% do faturamento das indústrias alimentícias. Sobre o consumo de alimentos
no Brasil, a tabela abaixo indica os grupos alimentares mais consumidos pelos
brasileiros.

Tabela 2 – Produtos mais utilizados para o preparo de refeições


GRUPO ALIMENTAR PERCENTUAL CONSUMIDO
Carnes, pescados e derivados 23,9%
Cereais, chá e café 16,2%
Laticínios 16,1%
Derivados do trigo 8,6%
Óleos e gorduras 7,8%
Frutas, vegetais e derivados 6,3%
Açúcares 4,6%
Desidratados e supergelados 3,8%
Fonte: ABIA, 2015.

Conforme mostrado na tabela, o grande grupo das proteínas é o mais consumido no


Brasil, com um total de 23,9%. Logo em seguida, seguem quase que empatados os
grupos alimentares “Cereais, chá e café” e “Laticínios” expressando o total
consumido de 16,2% e 16,1% respectivamente. Os alimentos derivados de trigo
tiveram um percentual de consumo no valor de 8,6%, seguido de “Óleos e gorduras”,
com o montante de 7,8%. Os grupos alimentares que apresentaram o consumo mais
moderado foram “Frutas, vegetais e derivados”, “Açúcares” e “Desidratados e
supergelados”, com 6,3%, 4,6% e 3,8% respectivamente.

2. O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO RAMO ALIMENTÍCIO

O processo de industrialização verificado em diversos setores da economia pode ser


observado, também, na indústria alimentícia. Resultado do processo de
industrialização, a consequente introdução de novas tecnologias foi um fator
utilizado para agregar valor à produção e consolidar a posição das empresas frente
às práticas adotadas por seus concorrentes. Sobre essa questão, Abreu (2012) diz
que:
Assim, o desenvolvimento de novos produtos e processos é considerado um
instrumento essencial para a competitividade das empresas, cujos
benefícios decorrentes possam se traduzir em maiores taxas de retorno
financeiro e ampliação da participação no mercado. Portanto, a utilização de
recursos tecnológicos é fundamental para enfrentar os desafios da
competição nacional e internacional, particularmente em relação aos novos
padrões de consumo. (ABREU, 2012).

A industrialização, um dos maiores fatores responsáveis por transformar a forma


como a comida é produzida, processada e distribuída, causou ainda, uma ruptura na
forma como o ser humano relaciona-se com o seu espaço e, principalmente com o
seu alimento. As radicais transformações nos processos de produção, conservação
e preparo dos alimentos foram resultados da transferência da esfera doméstica para
as fábricas. Se antes tais processos eram realizados quase que de forma artesanal,
hoje, as indústrias são altamente mecanizadas e robotizadas, podendo fazer
inúmeras coisas ao mesmo tempo. Estas modificações, tanto a tendência a um estilo
de vida desenfreado, quanto o grande domínio de a produção estar sob o poder da
indústria, foram incorporadas ao alimento, que se tornou, progressivamente,
industrializado e artificial. Por sua vez, essas consequências foram repassadas à
saúde da população.

O processo de globalização foi um dos percussores do significativo aumento do


desenvolvimento de novos produtos na indústria alimentícia. Por sua vez, a dinâmica
de novas tecnologias relacionadas ao constante fluxo de informação e de transporte
permite que o processo de distribuição desses alimentos seja realizado, cada vez
mais, de maneira rápida em diversos mercados ao redor do mundo. Esta
problemática pode ser atrelada às modificações que ocorreram nos hábitos
alimentares da sociedade como um todo. Sobre essa mudança, Abreu (2012)
argumenta que:
Observam-se atualmente, mudanças nos produtos, nos processos de
fabricação e na forma de organização das empresas. Tais mudanças
assumem grande importância em razão da capacidade de discernimento
dos consumidores quanto à qualidade, valor, aparência e funcionalidade
dos produtos que adquirem. (ABREU, 2012).

Com a dinâmica da globalização e, consequentemente, das relações entre os


mercados, é possível verificar certa heterogeneidade na indústria alimentícia. São
diversos os empreendimentos que caracterizam o setor, e a coexistência de
diferentes tipos de tecnologias tem como resultado empresas com tamanhos
diversificados, operando em distintos padrões tecnológicos e desenvolvendo
relações no mercado com formas de concorrência oligopolista. De acordo com
Cunha (2006), esse padrão concorrencial é determinado por alguns fatores como:
características dos produtos (e seu potencial de diferenciação/inovação), economias
de custos, escala e escopo e por ativos inacessíveis das empresas (marcas, por
exemplo). Verifica-se, portanto, que a tecnologia pode ser percebida como uma
condição à existência de competitividade.
Pode-se afirmar que o desenvolvimento da moderna indústria alimentícia
deve-se ao conjunto de progressos tecnológicos ocorridos no setor
farmacêutico, químico, de bens de capital, de embalagens, produtos
microeletrônicos, entre outros. Em função da proximidade com outros
setores, predomina na indústria de alimentos as inovações de processo,
desenvolvidas externamente. Essas inovações também são, em sua
maioria, de caráter incremental, ou seja, com características inovadoras em
relação a produtos ou processos já existentes. (CUNHA et al, 2006).

3. AS CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DA INDUSTRIALIZAÇÃO NO RAMO


ALIMENTÍCIO

É possível afirmar que inovações tecnológicas são fatores primordiais capazes de


promover o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. O resultado do
processo de industrialização no setor alimentício pode ser verificado na inovação,
que por sua vez passou a ser um componente intrínseco a este ramo. Políticas de
diferenciação e inovação de produtos passaram a ser utilizadas como forma da
empresa manter-se competitiva neste mercado. A adoção de práticas inovadoras
tem se tornado condição se sobrevivência para as empresas do ramo alimentício.

Junto ao processo de industrialização e inovação está o desenvolvimento de


tecnologias que ampliaram as possibilidades alimentares. Um significativo exemplo
disso são os alimentos congelados, pré-cozidos e preparados, dentre outras linhas
de produtos criadas com o progresso tecnológico. Acompanhando essa dinâmica,
encontra-se a grande predominância da população urbana e o estilo de vida
moderno, ambos os elementos contribuíram em grandes mudanças ocorridas nos
hábitos alimentares.

Essa tendência de mudanças nos parâmetros alimentares pode ser observada no


crescimento do setor de food servisse. Nos últimos dez anos, as taxas de
crescimento desse seguimento cresceram de maneira mais veloz do que as taxas de
crescimento do varejo alimentício. Segundo dados da ABIA (2017), no período 2006-
2016, o serviço de fast food obteve crescimento médio anual de 14%, enquanto que
o varejo somou 11% de crescimento anual. Em 2016, o setor de food servisse teve
faturamento de 154 bilhões, com crescimento de 7,1% quando comparado ao ano
de 2015.

Os resultados decorrentes dessas mudanças foram profundas transformações na


forma de produção da alimentação humana, que foi deslocada do ambiente
doméstico para as fábricas. Atualmente, o sistema alimentício refere-se muito mais a
cumprir as exigências dos ciclos econômicos, produzir em grande escala, ampliar e
especializar as redes comerciais, do que simplesmente atender a questão de
somente suprir as necessidades alimentares da população. A comida tornou-se um
grande negócio, em torno do qual há um gigantesco e intenso movimento de capital
e intensificação do lucro. Sobre esse processo, Arnaiz (2005) comenta:
A cozinha industrial abarca não apenas a dos países industrializados, mas a
do resto do mundo, afetando os processos produtivos, que têm agora como
objetivo a distribuição em grande escala e, mais recentemente, afetam o
próprio consumo, uma vez que os produtos dela e a agricultura
industrializada desempenham papéis determinantes no abastecimento
alimentar do Terceiro Mundo. (ARNAIZ, 2005).

4. A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO NA RELAÇÃO INDÚSTRIA E


CONSUMIDOR

Um dos aspectos básicos em qualquer relação humana é a informação. No meio


econômico, a falta dela pode ser um problema para os agentes, pois os mesmos
podem agir de maneira ineficiente dada sua capacidade limitada de informação. Tal
fator pode contribuir na condução incorreta do mercado e, que por sua vez, ocasiona
o mau funcionamento dos negócios. Quando uma das partes envolvidas em
qualquer transação que seja detém informação relevante e a outra não, diz-se que
ocorre assimetria de informação. É a situação na qual o comprador e o vendedor
possuem informações diferentes sobre uma transação (PINDYCK, 2002).

No setor alimentício, a industrialização e a resultante complexidade das cadeias de


produção e distribuição, torna a questão sobre assimetria de informação ainda mais
profunda. Dada a complexidade no processo produtivo, é de esperar-se que os
agentes envolvidos às empresas de alimento detenham maior informação do que o
consumidor. Além disso, há a problemática relacionada á falta de total informação no
rótulo de um determinado produto, existindo aí, assimetria entre vendedor e
comprador no que diz respeito à omissão de informações alimentares nas
embalagens de itens industrializados. Discutindo sobre essa questão, Carvalho
(2010) observa que:

Em um mercado onde há informação assimétrica, o fornecedor tem


conhecimento maior da qualidade e das características de seus produtos do
que o consumidor. Em alguns setores, como por exemplo, o de alimentos,
uma série de fatores como a industrialização, preocupação dos
consumidores com a saúde, a complexidade das cadeias de produção e
distribuição, faz com que o problema de assimetria fique ainda mais
complexo. (CARVALHO et al, 2010).

Fundamentados em práticas de produção que integram diversos processos


tecnológicos, os alimentos industrializados passaram a conter inúmeros tipos de
ingredientes, que por vezes não estão descritos nas suas embalagens. Os
componentes intrínsecos a esses alimentos não podem ser diretamente observados
pelo consumidor, havendo, então, o problema de assimetria de informação entre
consumidor e produtor na indústria alimentícia.

A rotulagem dos alimentos é de fundamental importância no sentido de orientar o


consumidor sobre a qualidade e a quantidade dos elementos nutricionais dos
produtos, podendo auxiliar na escolha alimentar mais adequada e saudável. Sendo
assim, as informações presentes nos rótulos deveriam ser as mais fidedignas
possíveis, uma vez que impactam diretamente na saúde da população. Os rótulos
devem fazer parte do processo. Sobre essa problemática, Gonçalves (2012) diz que:

A rotulagem nutricional, como qualquer outra fonte de informação, faz parte


de um processo informativo, não sendo um fim em si mesmo, devendo ser
trabalhada de modo a servir como instrumento para o acesso à informação
em saúde. Por sua vez, a informação é uma necessidade, ou mesmo uma
condição humana para que se adquira o conhecimento. (GONÇALVES,
2012).

A rotulagem se configura como uma base de sustentação de informações que


devem ser repassadas de maneira clara e verdadeira ao consumidor. Uma
investigação sobre as informações presentes nos rótulos dos alimentos, realizada
por Câmara et al (2008), revelou que há uma grande inadequação à legislação
específica, especialmente quando se trata dos valores nutricionais declarados. Outro
problema encontrado refere-se aos rótulos dos produtos que contém glúten na sua
composição. Foram analisados cinco produtos que continham aveia, três deles
apresentavam glúten, ingrediente que não deveria estar presente, contrariando a
informação registrada no rótulo.

Conforme evidenciado, é possível perceber o problema de assimetria de informação


na indústria alimentícia. Uma vez que os consumidores não dispõem de uma
descrição precisa e verdadeira sobre o alimento que ele adquire. Percebe-se aí, a
omissão de conhecimento, por vezes proposita, por parte dos vendedores. Frente ao
contínuo consumo de alimentos é necessário assegurar à sociedade informações
confiáveis e fidedignas acerca dos produtos adquiridos. Cabe ao governo e às
indústrias o desenvolvimento de meios que possibilitem a implantação de uma
rotulagem mais clara, precisa e correta dos alimentos.

REFERÊNCIAS

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alimentos: um estudo de caso numa empresa de grande porte. In: Encontro
Nacional de Engenharia de Produção, 32., 2012, Rio Grande do Sul. Anais... Rio
Grande do Sul, 2012.
ARNAIZ, M. G. Em direção a uma Nova Ordem Alimentar? In: CANESQUI, A.M.;
GARCIA, R.W.D. Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. cap 8, p 147-160.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DA ALIMENTAÇÃO. Relatório


Anual 2016. Disponível em
http://www.abia.org.br/vsn/temp/z2017417RELATORIOANUAL2016.pdf . Acesso em
02 jul. 2017.

CÂMARA, M.C.C et al. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos


no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008; 23 (1) :52–58.

CARVALHO, N. et al. Efeitos da assimetria de informação sobre os custos de


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GONÇALVES, Izidório da Silva. Análise de rótulo de pães e biscoitos produzidos


por pequenas e médias indústrias das regiões do Recôncavo e Sudoeste da
Bahia e comercializados em Cruz das Almas – Ba. 2012. 60 f. Dissertação
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da Bahia, Salvador. 2012

GOUVEIA, Flávia. Indústria de alimentos: no caminho da inovação e de novos


produtos com um faturamento anual superior a R$ 184 bilhões, e destaque
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se diversifica e aposta em novas tecnologias. Inovação
uniemp, Campinas, v.2, n. n.5, p. 6, nov./dez. 2006.
PINDYCK, Robert S; Rubinfeld, Daniel L. Microeconomia. 5. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.

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