Neste número da revista Climatização procurámos fazer um ponto de situação
sobre o que se passa com a Lei do Tabaco. Para além de apresentar o que é “obrigatório” no âmbito da Lei, cumpre-nos cruzar informação, investigar, recolher opiniões e mostrar as evidências. Os Italianos e mais recentemente os Franceses resolveram o problema de uma forma simples – é proibido fumar em todo o lado! A excepção são os espaços para fumadores, aqueles que têm que estar separados fisicamente dos espaços para os não fumadores. Nós tivemos que complicar. A Lei 37/2007 tem preceitos que não se podem cumprir - como todos dizem reconhecer. É que não existem sistemas de ventilação capazes de cumprir as excepções que constam na Lei, o que pura e simplesmente as anula (as excepções). A única excepção que fica válida é a permissão de fumar apenas nos espaços separados fisicamente, os quais devem estar em depressão em relação aos espaços adjacentes. A falta de coragem política, em denunciar tal evidência, empurrou a DGS para uma actuação que se irá traduzir na permissão de fumar em locais que conjugam espaços diferentes, para fumadores e não fumadores, mas sem separação física. Isto constitui um atropelo à Lei e implica uma responsabilização, que não deve ser ignorada, no aumento do risco para a saúde dos ocupantes não fumadores e trabalhadores de tais locais. A focalização nos parâmetros de QAI definidos no RSECE não é o caminho para resolver um problema de saúde pública, em que o que está em jogo é o fumo ambiental do tabaco, FAT, mistura de 4000 substâncias, sendo mais de 40 cancerígenas e que consta do grupo 1 do Instituto de Investigação do Cancro da OMS. Não é a mesma coisa ter uma determinada concentração de partículas de origens diversas, ou a mesma concentração de partículas maioritariamente FAT. A utilização da medição da concentração de partículas só serve como marcador para denunciar o risco para a saúde das pessoas sujeitas a essa exposição. Quanto ao teste de fumo será totalmente ineficaz, uma vez que os padrões de escoamento do ar num local são facilmente alteráveis por movimentação de pessoas no espaço, e poderão dar uma indicação, num determinado momento, e outra no momento seguinte. Seria ainda necessário definir precisamente o que são condições normais de funcionamento - se completamente cheio ou se com 20%, 30% dos ocupantes (como saber). Os resultados encontrados devem ser inequívocos e reprodutíveis, pois só assim poderão fazer fé em juízo. Entretanto, os dísticos vermelhos colocados no início do ano vão dando lugar aos azuis sem que nada se tenha feito para justificar a mudança. No interior de tais locais misturam-se os ocupantes fumadores e não fumadores. Tudo fica igual.