Sunteți pe pagina 1din 4

Nossa Senhora de Lourdes

Texto para janela: “Eu não te prometo a felicidade neste mundo, mas no outro!” (N.
Sra. de Lourdes, a Santa Bernadette Soubirous)

11 de fevereiro de 1858. O casal François e Louise Soubirous e suas filhas


recolhem-se ao úmido, frígido e sombrio cubículo de 16 m 2 chamado “calabouço”
(cachot), antiga prisão pública de Lourdes, que lhes vinha servindo de morada desde
que a miséria se abatera sobre a família. François, moleiro de ofício, possuíra outrora
um moinho próprio, mas uma sucessão de desgraças haviam-lhe arruinado as
finanças: a perda da visão de um dos olhos (deteriorando a farinha que produzia), a
competitividade dos moinhos movidos a máquina, que se proliferavam, e dois anos
seguidos de grave estiagem. Os Soubirous mudaram-se ao cachot (a alternativa era
ficar ao relento...), e François ganhava então uns poucos trocados girando rodas de
moinhos alheios – no que, sendo menos vigoroso que um jumento ou cavalo que se
alugasse por um dia, recebia também proporcionalmente menos. Não raro faltava o
que vestir ou comer.

Uma severa noite de inverno se aproximava, e toda a lenha de que


dispunham fora vendida para comprar comida. Bernadette Soubirous, filha do casal,
dispõe-se a ir recolher mais lenha nos arredores do vilarejo. A mãe autoriza-a à
empreitada, acompanhada doutra sua irmã e duma amiga – à condição de que,
asmática e de frágil constituição, em hipótese alguma se expusesse à friagem.

Chegadas todas a Massabielle (“pedra velha”, no dialeto local), antiga gruta


nos arredores do vilarejo, as companheiras de Bernadette tiram os tamancos e
atravessam vivazes o córrego contíguo. A frágil menina, porém, tendo-as
inutilmente tentado persuadir a facilitar-lhe a travessia colocando algumas pedras
sobre que caminhasse, põe-se a tirar a primeira meia, ignorando o preceito materno.
Sente, então, uma forte rajada de vento – que, no entanto, mantém imóvel a
folhagem da vegetação circundante. Nada enxergando de extraordinário em seu
redor, começa a tirar a segunda meia. Uma nova lufada de ar se faz sentir.
Bernadette novamente vê parados os arbustos à sua volta. Quando, porém, torna-se
em direção a Massabielle, perceba algo num nicho que se formara naturalmente na
rocha: uma refulgente e belíssima moça (a quem, por respeito, sempre haverá de
chamar la Dame, “a Senhora”), com um véu caindo por detrás da cabeça, túnica
branca e faixa azul à cintura, e uma rosa dourada sobre cada pé.

Assustada com a visão, tenta fazer o sinal da Cruz – mas sente seus membros
rijos. Consegue apenas e instintivamente alcançar o terço que carregava no bolso,
qual arma para se defender. Quando, enfim, a própria Senhora faz o sinal da cruz, a
jovem menina consegue acompanhá-la, e começa a recitar o terço, vendo a Senhora
passar as contas à medida que se sucediam as Ave-Marias e os Pai-Nossos (Nossa
Senhora, afinal, não pode rezar “Perdoai-nos as nossas ofensas”, pois não tem
nenhuma, e nem saudar-se a si mesma dizendo “Ave Maria”). Ao terminar o terço e
desaparecer a visão, Bernadette está inflamada de amor: a asmática atravessa
saltitante o gélido córrego sem esboçar qualquer incômodo, e supera suas amigas em
velocidade e vigor, carregando até em casa o fardo mais pesado de lenha. Era a
primeira aparição de N. Sra. de Lourdes.

Passados poucos meses e mais dezessete aparições da Virgem Santíssima, o


esquecido vilarejo de Lourdes tornara-se renomado na França inteira: a ele acorriam
de toda a parte fieis e incrédulos, rogando por alguma graça (e os milagres não
foram poucos, nem pequenos...) ou em pura piedosa devoção.

Lourdes é, de fato, uma das mais famosas aparições marianas dos últimos
séculos – junto com a Rue du Bac (Paris), la Salette e Fátima. E, no entanto, há algo
que separa a visão de S. Bernadette destas outras aparições: é que, nestas, a Virgem
revelou a seus videntes alguma grande mensagem sobre o futuro – a deposição de
reis, as ameaças do nascente comunismo, a primeira e a segunda guerra, etc. Em
Lourdes, porém, nenhum segredo foi-nos propriamente revelado: a aparição limitou-
se a pedir orações e penitências pelos pecadores. E é justamente aqui que se encontra
a chave de leitura de Lourdes – o “segredo” de Lourdes é Bernadette.

Bernadette era pobre, e não só economicamente, mas também intelectual e


fisicamente. A miséria da família era tanta que certa feita seu pai chegou a ser
injustamente acusado e preso por roubar alguma farinha a um vizinho – porque
afinal, os Soubirous eram tão pobres, que só podiam ser eles os ladrões! Os
preconceitos resultantes deste evento só vieram dificultar a contratação de François.

Sua pobreza intelectual era também conhecida. A menina não conseguia


compreender quase nada das aulas de Catecismo, tanto que sequer autorizada a
fazer a primeira comunhão junto com as demais meninas de sua idade. Quando, na
16ª aparição, a Senhora lhe disse seu nome (“Eu sou a Imaculada Conceição”), a menina
dirigiu-se imediatamente à casa paroquial, repetindo sem cessar as difíceis palavras,
com medo de não conseguir reproduzi-las ao Padre que pedira que a imagem se
identificasse. Este dogma – sobre o qual publicamos uma matéria na última edição
do Informativo, que pode ser consultada online – fora proclamado apenas quatro
anos antes por S. Pio IX. Ora, quando uma analfabeta, que não sabia sequer o que era
a Santíssima Trindade, veio dizendo que a Senhora se identificara como a Imaculada
Conceição, o Padre de Lourdes enfim deu-lhe crédito.
Bernadette, enfim, era também pobre fisicamente. Se ao morrer com 35 anos
(1879) a vidente tinha 1,40m, logo se imagina que, à época das aparições, a menina
era ainda menor que isso. Aos 10 anos de idade, contraiu cólera – e no tratamento
desta moléstia, tal como se fazia com a medicina da época, acabou adquirindo a
asma que a acompanhou pelo resto da vida. Após as aparições, para evitar atrair
para si uma fama indevida, a jovem se recolheu ao mosteiro das Irmãs da Caridade
de Nevers, no norte da França. Lá se desenvolveu um câncer no joelho – que causou
a Bernadette dores lancinantes e constantes, por ela aceitas e oferecidas a Deus como
penitência.

Quando a Madre Superiora perguntou-lhe certa vez se Bernadette se sentia


especial, por ter sido escolhida, ela logo respondeu: “Madre, como a Senhora pensa
isso de mim? N. Sra. me escolheu porque eu era a mais ignorante das meninas de
Lourdes, e se houvesse outra mais ignorante, teria sido ela a escolhida”. A humildade,
junto com a pobreza, é assim a marca de Bernadette.

Hoje, após quase 150 anos de sua morte, seu corpo permanece incorrupto,
sem o mínimo sinal de putrefação, e exposto à veneração dos fieis, em Nevers. Na
primeira exumação de seu corpo, feita 30 anos após o velório, os médicos que
examinaram-no declararam: “O caixão foi aberto na presença do Bispo e do Prefeito
de Nevers, seus principais representantes e diversos religiosos. Não notamos
nenhum odor. O corpo estava vestido com o Hábito da Ordem a que pertencia
Bernadette. O Hábito estava úmido. Apenas a face, mãos e antebraços estavam
descobertos. A cabeça estava inclinada para a esquerda. A face estava lânguida e
branca. A pele estava apegada aos músculos e estes apegados aos ossos. As
cavidades oculares estavam cobertas pelas pálpebras (...) Nariz dilatado e enrugado.
Boca levemente aberta e se podia ver os dentes no lugar. As mãos, cruzadas sobre o
peito, estavam perfeitamente preservadas, bem como suas unhas. As mãos
seguravam um terço. Podia se observar as veias no antebraço. Os pés estavam
enrugados e as unhas intactas Quando o Hábito foi removido, e o véu levantado de
sua cabeça, pode se observar um corpo rígido, pele esticada. (...) Seu cabelo estava
com um corte curto e bem preso à cabeça. As orelhas estavam em perfeito estado de
conservação (...) O abdome estava esticado, assim como o resto do corpo. Ao ser
tocado, tinha um som como de papelão. O joelho direito estava mais largo que o
esquerdo. As costelas e músculos se observavam sob a pele (...) O corpo estava tão
rígido que podia ser virado para um lado e para o outro.”

Assim como Bernadette, cada um de nós é pobre e pequeno em algum sentido


– no mínimo, pelo nosso pecado e miséria espiritual – mas são justamente os
pequenos os preferidos pela Virgem Imaculada. Confiemo-nos, então, aos braços
desta mãe amorosa, que a seus filhos fieis dirá, como a Bernadette: « Je ne vous
promets pas de vous rendre heureuse en ce monde, mais dans l'autre », “Eu não te prometo a
felicidade neste mundo, mas no outro”!
Gil Pierre de Toledo Herck

Referências

 “A impressionante história de Nossa Senhora de Lourdes”, programa


“Ao vivo com Pe. Paulo” n. 77, de 17 de fevereiro de 2014, publicado
no site do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior;
 “O segredo de Lourdes”, programa “Ao vivo com Pe. Paulo” n. 208,
de 16 de abril de 2018, publicado no site do Pe. Paulo Ricardo de
Azevedo Júnior;
 A Canção de Bernadette, romance de Franz Werfel, editora Itatiaia,
Belo Horizonte, 2007.

S-ar putea să vă placă și