Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Resumo: Este artigo procura discutir, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, os
efeitos da Reforma do Ensino Médio no Brasil nos itinerários formativos da juventude brasi-
leira e as avaliações em larga escala, assim como as implicações normativas e conceituais
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a área das Ciências Humanas. Contextuali-
za-se aqui, ainda que brevemente, os avanços de movimentos ultraconservadores em nosso
país, como é o caso do Escola sem Partido, que tem promovido toda sorte de criminalização
do trabalho docente, com a justificativa insidiosa de que professores e professoras estariam
doutrinando os estudantes da Educação Básica com ideias esquerdizantes.
Palavras-chave: Reforma do Ensino Médio. Base Nacional Comum Curricular. Ciências Humanas.
Considerações iniciais
Como bem assinala Luiz Carlos de Freitas (2013), cala valorizam, assim como o apostilamento dos ma-
a agenda educacional brasileira nos tempos atuais teriais pedagógicos na Educação Básica e a crescente
está sendo disputada entre os educadores profissio- desvalorização dos profissionais da educação, são
nais e os reformadores empresariais da educação. elementos conjunturais que não podem ser analisa-
Sob a ótica da racionalidade empresarial, a educação dos de forma apartada.
seria, então, um setor estratégico muito importante Nesta direção, temos acompanhado em nosso país
para ficar só nas mãos dos educadores. Além disso, uma série de retrocessos históricos, que atingem,
Freitas (2013) considera que as adequações de uma sobremaneira, os processos de escolarização e os
base curricular comum ao que os testes em larga es- itinerários formativos na Educação Básica, especial-
Todavia, se, por um lado, temos concordância de Este tipo de avaliação, baseado no mero treina-
que a avaliação do trabalho pedagógico é fundamen- mento, ocasiona, por seu turno, uma simplificação da
tal para que possamos compreender os resultados dos dimensão curricular. A cultura neoliberal, como nos
itinerários formativos dos estudantes, por outro, te- aponta Apple (2002), possui esta capacidade de se
mos que compreender que as avaliações externas em imiscuir no senso comum, por meio de valores ques-
larga escala submetem os professores a uma imensa tionáveis e terminologias (qualidade, por exemplo)
pressão, retirando-lhes a autonomia profissional e que mais ocultam do que esclarecem: “Os resultados
impedindo-lhes de desenvolver um trabalho peda- demonstram que o conceito de qualidade, polissêmi-
nota
lho docente adequada e suficiente para atender a tais
demandas, porque a precarização das condições de
trabalho e infraestruturais são evidentes, como pude-
mos identificar em um de nossos estudos (DANTAS,
2017).
Por fim, torna-se preocupante o ataque reacio-
nário de um movimento como o Escola sem Parti- 1. Trata-se de Lei 13.415/17.
do, que vem angariando simpatizantes em diversas
partes do país com a justificativa absurda de que os