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NULIDADE DO MATRIMÔNIO
São cada vez mais freqüentes os casos de matrimônio fracassado. Se tal foi
validamente contraído na Igreja, não há como o dissolver, pois, segundo a lei de Cristo,
não há divórcio; cf. Mc 10, 11s; Lc 16,18; Mt 19,1-9; 1Cor 7,10. Pode acontecer, porém,
que o vínculo matrimonial nunca tenha existido, pois terá havido um vício que terá
tornado nulo o consentimento dos noivos. Em tais casos, a Igreja pode instaurar um
processo para averiguar a nulidade do matrimônio; se esta é comprovada, a Igreja
declara nulo o casamento. Nem todas as pessoas interessadas estão esclarecidas
Notemos a diferença entre declarar nulo e anular. Anular significa desfazer, destruir
o vínculo matrimonial, ao passo que declarar nulo implica averiguar e tornar público o
fato de que nunca houve vínculo matrimonial a respeito. Por isso sofrem o fracasso de
um "matrimônio" que talvez nunca tenha existido.
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2) quando o casamento é contraído apesar de impedimentos dirimentes, anulantes
(mantidos ocultos);
3) quando falta a forma canônica na celebração do sacramento.
Examinemos cada qual desses títulos de nulidade.
2. NULIDADE: QUANDO?
Eis, numa visão de conjunto, os motivos pelos quais um casamento pode ser nulo:
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3.1. Falta de capacidade para consentir (cânon 1095)
Escolher um(a) consorte, comprometer-se a levar todo o resto da vida com ele(a) na
mais estrita intimidade é, sem dúvida, uma das decisões mais importantes que um
homem ou uma mulher possam tomar. Por isto tal ato, para que seja válido, exige que a
pessoa contraente tenha consciência das obrigações que assume e se decida com plena
liberdade. Eis por que reza o cânon 1095:
Este parágrafo não se refere apenas às crianças e aos doentes mentais, mas a todos
aqueles que, por um motivo ou outro, não gozem do pleno uso de suas faculdades no
momento em que exprimem seu consentimento, por estarem perturbados por um
trauma psíquico ou por se acharem sob a ação de drogas ou em estado de embriaguez.
Na verdade, tais observações não são novas, mas hoje encontram mais vasta área de
aplicação do que outrora, porque a psiquiatria melhor conhece as anomalias mentais,
sua evolução e seus efeitos. Outrora julgava-se suficiente que a pessoa tivesse parecido
estar lúcida no momento das núpcias, mesmo se antes tivesse dado sinais de alienação
mental. Atualmente, porém, sabe-se que certas moléstias psíquicas, como a
esquizofrenia, podem estar incubadas por muito tempo antes de se declarar; os
familiares mesmos podem não o perceber, mas a doença já existe e está atuante. Em
outros casos, as moléstias se manifestam em ritmo intermitente, podendo o paciente
parecer normal quando a doença está latente; os acompanhantes o têm por curado ou
sadio, apesar de estar sob o influxo da moléstia. Conta-se o caso, por exemplo, de um
rapaz que julgava ser o Messias, mas, por efeito de prudência ditada pelo seu
subconsciente, jamais o disse à sua noiva. Ora dois dias após as núpcias, certo de que a
esposa não o abandonaria, teve grave crise de "delírio místico"!
Além do uso da razão, requer-se que os nubentes tenham maturidade intelectual e
afetiva proporcional à decisão que vão tomar. Daí prosseguir o cânon 1095:
O discernimento implica:
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• o suficiente conhecimento das obrigações que o(a) nubente contrai,...
conhecimento que não seja abstrato, mas aplicado à vida e às circunstâncias
concretas do sujeito;
• "saber que o matrimônio é um 'consórcio permanente entre homem e mulher,
ordenado à procriação da prole por meio de alguma cooperação sexual" (cânon
1096); "cooperação sexual" é expressão assaz genérica, que não inclui necessaria-
mente o conhecimento de todos os pormenores do processo fisiológico da
reprodução;
• ter consciência de que, entre os deveres conjugais, está a obrigação de comunhão
de vida entre os cônjuges, com as exigências que isto implica; "amar não é querer
o outro construído, mas é querer construir o outro", diz-se popularmente.
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exclui certa margem de subjetivismo ao julgar. Por isto a Santa Sé tem recomendado
prudência na aplicação do cânon 1095.
Suponhamos que alguém tenha plena capacidade para dar consentimento matri-
monial válido. Poderá acontecer, porém, que ignore os pontos essenciais do com-
promisso conjugal. Reza o cânon 1096:
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dure a vida inteira. Ora em tal caso o consentimento dado é válido. Eis o que diz o
cânon 1099:
Reza o cânon 1097, § 19: "O erro de pessoa torna inválido o matrimônio".
Distingamos entre identidade física e identidade moral.
A identidade física refere-se à pessoa como tal. Tal foi o caso, narrado pela Bíblia,
de Jacó, que queria esposar Raquel e que, na noite de núpcias, viu que estava com Lia
(Gn 29,15-25). Este caso hoje em dia praticamente não ocorre.
A identidade moral diz respeito à personalidade. Há certos predicados que
caracterizam uma personalidade bem formada. Se após o casamento um dos cônjuges
verifica que o(a) consorte não é absolutamente aquela pessoa ideal ou idealizada, terá
cometido erro de pessoa? Terá contraído um matrimônio inválido?
A resposta a tais questões é muito difícil, pois muito depende da noção subjetiva
que alguém tenha de consorte ideal.
Na verdade, todo ser humano está sujeito a falhas e a causar decepções; a nenhum
nubente é lícito imaginar que encontrará a pessoa perfeita que ele deseja. Por
conseguinte, uma certa margem de decepções é quase normal no casamento e não
invalida a este. Todavia pode haver atitudes de cônjuge posteriores ao casamento que
revelem uma personalidade fundamentalmente diferente daquela que o outro cônjuge
quis abraçar; caso essa diferença seja realmente básica ou fundamental, pode-se dizer
que houve erro de pessoa, erro que tornou nulo o casamento. Deve-se reconhecer que é
difícil definir os limites entre predicados básicos e predicados não básicos, no caso.
Deve-se também notar que as pequenas decepções inerentes à vida conjugal não são
algo de extraordinário ou desconcertante na vida de um cristão, visto que este, em
qualquer vocação, é sempre chamado a seguir o Cristo portador de sua Cruz em
demanda da vida plena ou da ressurreição. Exemplo de erro de personalidade ocorreu
na França logo após a segunda guerra mundial (1939-1945). Uma jovem, de excelente
família, conheceu um rapaz que passava por Oficial do Exército, herói da resistência aos
nazistas e Cavaleiro da Legião de Honra. Casaram-se entre si. Todavia pouco depois das
núpcias a esposa descobriu que o "herói" da Legião de Honra não era senão um foragido
dos cárceres. O processo terminou com a declaração de nulidade de tal casamento, pois
realmente um réu procurado pela Polícia não é a mesma pessoa moral que um honesto
e brilhante Oficial do Exército.
Tal é a opinião que o Pe. Jesus Hortal, S.J. emite em caráter estritamente pessoal (o
que quer dizer que o assunto não é claro e permite sentença contraditória):
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“Quando a personalidade de um cônjuge se revela completamente diferente de
como era conhecida antes do casamento, pode-se dizer que o consentimento matri-
monial do cônjuge que errou, é verdadeiro? Não acabou por casar com uma pessoa
inexistente, que formou em sua imaginação? Ao nosso modo de ver, nesse caso, poderia
ser invocado, como causa de nulidade, o erro sobre a pessoa de que trata o cânon 1097
§ 19. O problema está em determinar o limite entre o que é apenas uma qualidade, mas
que não muda fundamentalmente a personalidade, e a própria personalidade. A
dificuldade, porém, não deve impedir de reconhecer que pode haver matrimônios nulos
por erro sobre a personalidade do cônjuge” (Casamentos que nunca deveriam ter
existido. Uma solução pastoral, São Paulo 1987, p. 19).
Mais difícil é o julgamento quando se trata não de erro de pessoa (ou personali-
dade), mas de erro sobre as qualidades da pessoa. Daí o cânon 1097 § 2º.
Eis um exemplo:
Uma jovem esposa exclamou: "Esposei Tibúrcio, que eu julgava portador de todas
as prendas. Infelizmente estou frustrada. Ele não me dá atenção; deixa-me sozinha aos
domingos para ir à pesca ou jogar futebol".
Tibúrcio, por sua vez, alega: "Mariana não sabe pôr ordem em casa. Gasta dinheiro
à toa, não tem interesse pelas crianças".
Pode-se dizer que houve então erro sobre qualidades das pessoas tomadas em
casamento? - Somente o contato direto com os dois esposos pode ajudar a responder.
Afinal de contas, qual das qualidades visadas, mas não encontradas na vida conjugal,
tornou nulo o matrimônio? Onde está o limite entre falhas humanas previsíveis e
aceitáveis, e falhas inaceitáveis, que permitem dizer que houve erro sobre as qualidades
da pessoa? O Código de Direito Canônico, no cânon citado, ensina que o erro sobre
qualidades não invalida o casamento a não ser que se trate de qualidade direta e
principalmente visada, ou seja, qualidade que o(a) consorte fazia muita questão de
encontrar no(a) parceiro(a).
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deliberadamente induzir o(a) consorte ao erro para poder casar-se, tal matrimônio é
nulo. É o que se dá quando o rapaz aparenta ser sadio, mas na verdade sofre de AIOS e
não o diz, ou quando a noiva esconde ao futuro esposo o fato de que lhe amputaram os
ovários de modo que não pode ter filhos.
1. O mal que a pessoa receia, se não aceitar o casamento, deve ser grave. A
gravidade pode ser avaliada subjetivamente: o mesmo mal pode ser tido como
grave por certas pessoas, e como leve por outras. Basta, porém, que haja
gravidade subjetiva ou relativa.
2. O medo há de ser incutido por causa extrínseca (ameaça de morte, de denúncia,
de vingança...). Não seja fruto da imaginação de quem se casa. Não é necessário
que o medo ou a violência visem diretamente ao consentimento matrimonial, mas
basta que o(a) nubente, pressionado(a) por uma situação embaraçosa qualquer,
julgue não ter outra saída senão o casamento.
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Chama-nos a atenção ainda o medo reverencial ou o receio de desagradar a pai ou
mãe, caso o(a) filho(a) recuse determinado casamento. Tal medo é geralmente leve,
mas pode tornar-se grave, especialmente quando a moça ouve seu pai repetir-lhe
constantemente: "Esqueces tudo o que fiz por ti! Tu me farás morrer de tristeza!".
Eis outra fonte de falhas de consentimento. Imaginemos que alguém faça o seu
consentimento depender de uma determinada condição, que acaba por não se cumprir:
da parte do rapaz, por exemplo, seria a exigência de que a consorte seja virgem; da
parte da moça, a condição de que o noivo não tenha tido outra mulher na sua vida. Se,
após o casamento, a comparte interessada verifica que a condição não se realizou,
esteja certa de que o casamento foi nulo.
Não é desejável que se coloquem tais condições antes do casamento. Por isto o
Código prescreve que, para colocá-las, os nubentes precisam da licença prévia da
autoridade eclesiástica. - E diverso o caso aqui mencionado do caso da simulação: neste
existe má fé ou o desejo de enganar, ao passo que, no caso de condição, pode a
comparte silenciar um ou outro traço de seu passado simplesmente de boa fé ou porque
não lhe ocorre abordar tal assunto.
Eis o teor do cânon 1102:
A Igreja, como também o Direito Civil, estipula certas normas que restringem o
direito ao casamento em doze casos, todos eles graves, tendo em vista o próprio bem
dos interessados e da sociedade em geral.
1 - Idade mínima
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fruta que não me é l/cito comer, mas que nem por isto deixa de alimentar a quem a
come.
2 - Impotência
3 - Vínculo
4 - Disparidade de Culto
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A propósito convém dizer algo sobre o impedimento de mista religião, ou seja, sobre
o casamento de um católico com uma pessoa batizada fora do Catolicismo (protestante
ou ortodoxa). Tal impedimento não é dirimente, isto é, não invalida o casamento, mas
torna-o ilícito; cânon 1124. A parte católica pode contrair tal matrimônio válida e
licitamente desde que obtenha a dispensa do respectivo Bispo mediante as três
condições atrás mencionadas para o caso da disparidade de culto.
5 - Ordem Sagrada
6 – Votos
7 - Rapto
Uma mulher conduzida ou retida à força não pode casar validamente com quem está
exercitando essa violência contra ela enquanto não for posta em liberdade em lugar
seguro. cf. cânon 1089.
8 – Crime
9 – Consangüinidade
Não há dispensa na linha vertical (pai com filha, avó com neto...); na linha hori-
zontal, o impedimento (dispensável) vai até o quarto grau, isto é, atinge tio e sobrinha e
primos irmãos, cânon 1091.
11 - Honestidade pública
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Quem vive uma união ilegítima, está impedido de se casar com os filhos ou os pais
de seu (sua) companheiro (a), cf. cânon 1093.
12 - Parentesco legal
Cânon 1116 - § 1. “Se não é possível, sem grave incômodo, ter o assistente compe-
tente de acordo com o direito, ou não sendo possível ir a ele, os que pretendem contrair
verdadeiro matrimônio podem contraí-o válida e licitamente só perante as testemunhas:
• 1º em perigo de morte;
• 2º fora do perigo de morte, contanto que prudentemente se preveja que esse
estado de coisas vai durar por um mês. .
§ 2. Em ambos os casos, se houver outro sacerdote ou diácono que possa estar
presente, deve ser chamado, e ele deve estar presente à celebração do matrimônio,
juntamente com as testemunhas, salva a 'validade do matrimônio só perante as tes-
temunhas".
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Há, porém, casos em que o matrimônio validamente contraído no plano natural é
dissolvido pela Igreja em favor de um matrimônio sacramental. Examinemo-los. Com
outras palavras: a Igreja não tem o poder de dissolver um casamento sacramental
validamente contraído e consumado. Quando, porém, o matrimônio não é sacramental
(é sustentado pelo vínculo natural apenas), a Igreja, em casos raros, pode dissolvê-lo
em vista da fé ou de uma vivência matrimonial sacramental.
Em 1 Cor 7,15 São Paulo considera o caso de dois pagãos unidos pelo vínculo
natural; se um deles se converte à fé católica e o(a) consorte pagã(o) lhe torna difícil a
vida conjugal, o Apóstolo autoriza a parte católica a separar-se para contrair novas
núpcias, contanto que o faça com um irmão ou uma irmã na fé. Antes, porém, da
separação, é necessário interpelar a parte não batizada, perguntando-lhe se quer re-
ceber o Batismo ou se, pelo menos, aceita coabitar pacificamente com a parte batizada,
sem ofensa ao Criador. Isto se explica pelo fato de que, para o fiel católico, o
matrimônio sacramental é obrigatório: ou ele o contrai com o cônjuge pagão ou, se este
não o propicia, contrai-o com uma pessoa católica. Cf. cânones 1143-47.
O privilégio da fé é como que uma extensão do anterior. Como dito, a Igreja não
pode dissolver um casamento sacramental validamente contraído e consumado. Há,
porém, uniões matrimoniais não sacramentais entre pessoas não batizadas.
Suponhamos que alguma dessas uniões fracasse: em conseqüência, uma das duas
partes (convertida ao Catolicismo ou não) quer contrair novas núpcias com uma pessoa
católica, habilitada a receber o sacramento do matrimônio. Esta pessoa católica pode
então recorrer à Santa Sé e pedir a dissolução do vínculo natural do(a) seu (sua)
pretendente, assim como a eventual dispensa do impedimento de disparidade de culto
(caso se trate de um judeu, um muçulmano, um budista...); realiza-se então a
cerimônia do casamento católico. Está claro, porém, que os cônjuges que se separam,
deverão prover à subsistência e à educação (católica, se possível) dos respectivos filhos.
O privilégio petrino ou da fé tem especial aplicação nos países em que vigora a
poligamia. Se o homem não batizado que tenha simultaneamente várias esposas não
batizadas, receber o Batismo na Igreja Católica, poderá escolher a mulher que preferir,
e deverá casar-se com ela na Igreja (observadas as prescrições relativas a matrimônios
de disparidade de culto, se for o caso). O mesmo vale para a mulher não batizada que
tenha simultaneamente vários maridos não batizados. Evidente, porém, que o homem
que se converte, tem que prover às necessidades das esposas afastadas, segundo as
normas da justiça e da caridade; cf. cânon 1148.
Diz-se que a dissolução do vínculo natural em favor de um casamento sacramental
se faz para o bem da fé (in bonum fidei), isto é, para permitir que ao menos um dos
cônjuges (a parte católica) se possa casar de acordo com a sua fé ou na Igreja.
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"O matrimônio não consumado entre batizados ou entre uma parte batizada e outra
não batizada pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de
ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha".
Este caso pode ocorrer; todavia não é fácil comprovar que não houve consumação
carnal do matrimônio. O cânon nº 1061 observa que a consumação do matrimônio deve
ser praticada humano modo, isto é, de modo livre e normal; na hipótese contrária, não
se pode falar de consumação. A exigência de modo humano é muito oportuna, pois
exclui os casos de inseminação artificial (mesmo que desta nasça uma criança); exclui
também os casos em que a esposa é constrangida ou colhida num momento de
transtorno mental provisório. Outrora julgava-se que o matrimônio estaria consumado e
feito indissolúvel mesmo que a esposa, recusando por medo iniciar a vida sexual, fosse
violentada.
Como se vê, a temática matrimônio é muito complexa. O que há de novo na le-
gislação da Igreja datada de 1983, é a compreensão mais apurada do psiquismo
humano e das suas potencial idades, como também dos seus limites. Este fator é im-
portantíssimo, pois não se pode julgar o comportamento de alguém unicamente pelo seu
foro externo. É decisivo o foro interno, que nem sempre transparece. Em conseqüência,
verifica-se que muitos matrimônios outrora tidos como válidos hoje podem ser
considerados nulos, porque faltaram ao(s) nubente(s) as condições psicológicas para
contrair as obrigações matrimoniais.
IDENTIFICAÇÃO DO CASAL:
I. Parte Demandante:
EXPOSIÇÃO DO CASO
I. Preparação do matrimônio
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tempo? Quem procurava a reconciliação e por que? Se havia brigas na época do
noivado, por que chegaram então ao casamento?
II. Matrimônio
1) Houve lua de mel, onde e por quanto tempo? O matrimônio foi consumado?
Houve dificuldades?
2) Quando surgiram os primeiros problemas do casal? Eles já existiam anteriormente
ao casamento?
3) Relate pormenorizadamente os principais fatos (concretos) que prejudicaram o
relacionamento do casal e levaram o casamento a um final indesejável.
4) Algum problema psíquico ou mental prejudicou o relacionamento? Esse problema
era anterior ao casamento? (relate de forma clara e objetiva os fatos e atos
praticados pela parte envolvida).
5) Houve infidelidade conjugal: de quem? Antes, durante ou depois do casamento?
(relate fatos concretos)
6) Tiveram filhos? Quantos? Se não, por que? As partes assumiram as suas
obrigações de casados com referência ao lar, ao outro cônjuge e aos filhos?
7) Amavam-se de verdade? Com que tipo de amor? Amavam-se com amor marital
capaz de fundamentar o matrimônio? Quando descobriram que não havia mais
amor entre ambos?
8) Quanto tempo durou a vida conjugal?
IV. Separação
DOCUMENTOS ANEXOS
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O libelo deve ser feito com simplicidade, pois é uma carta em que o demandante
solicita ao Presidente do Tribunal Eclesiástico Regional a declaração de nulidade
matrimonial, apresentando a ele os motivos que o levam a fazer o pedido. Para se
guiarem, tentaremos deixar um exemplo de como se faz.
Libelo (modelo - 1)
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João da Silva - Demandante.
Libelo (modelo - 2)
Inês da Paz, nascida em Vacaria, no dia 20 de maio de 1970, com o segundo grau
completo, enfermeira, residente à Rua Parnaíba, 55 - 95.020-00 - Caxias do Sul-RS.
Fone 222-3423.
Eu conheci Inês num baile quando eia tinha 15 anos de idade. Namoramos quase
cinco anos. Eu desejava constituir uma família. O meu sonho era ter uma família
numerosa. No entanto, depois de casados, tive a notícia de que Inês era estéril. Ela
sabia do seu problema antes de casarmos. Mas escondeu o fato para poder casar
comigo. Ela sabia que eu desejava casar e ter filhos. Notava que, quando falava em ter
filhos, ela sempre mudava de assunto. Tenho comprovações de testemunhas e também
um documento de exames realizado a pedido dela antes de casar, onde aparece o seu
problema de esterilidade. Quando lhe perguntei por que não falou antes de casar, ela
respondeu que silenciou porque não queria perder-me. Queria casar comigo. Como eu
desejava constituir família e ela era estéril, o nosso relacionamento se tornou, no início,
bastante formal. Depois, frio. Diante do fato, eu decidi me separar e arranjar outra
companheira, com a qual hoje vivo e tenho dois filhos.
Minha ex-esposa voltou para a casa dos pais e continua trabalhando como
enfermeira.
Diante do fato, e, desejando regularizar minha união com a atual esposa, venho
solicitar a declaração de nulidade matrimonial devido ao engano a que fui submetido,
uma vez que Inês me escondeu que era estéril para conseguir que eu casasse com ela.
Caso ela tivesse dito antes de casar que era estéril, eu não teria casado com ela.
Esperando seja aceito o meu pedido, me submeto ao julgamento do Tribunal da Igreja.
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1. Luiz Gomes: Rua Princesa, 18 - 89.056-000 Jaquari-RS. Fone 222-3456.
2. Rosa Gomes: Mesmo endereço da testemunha precedente.
3. Gabriela Gomes: Rua dos Andrades, 11 - 90.000000 - Panambi-RS. Fone...
4. Enio da Silva: Rua caçador, 88 - 70.000-000 Curitiba-PR. Fone...
Os nomes das pessoas e das cidades foram trazidos sem corresponder aos lugares
indicados. Mas foram trazidos aqui para se ter uma idéia de como se faz um libelo. E
uma simples carta em que se pede a declaração de nulidade do matrimônio, explicando
o motivo que o leva a pedir. E simples. Qualquer um poderá fazer, sem pedir auxílio de
advogado.
É importante que se faça o pedido escrito a máquina. Não a mão. Sem enfeites e
sem muitos pormenores com explicações inúteis.
Trata-se da morte do cônjuge que não pode ser demonstrada por documento
autêntico eclesiástico ou civil. Neste caso, a pedido do cônjuge interessado, o Bispo
Diocesano realizará o inquérito junto às testemunhas, ouvirá a opinião pública a respeito
do caso e tentará descobrir indícios que possam ajudá-lo a chegar à certeza moral para
declarar a presunta morte do cônjuge. Não basta a probabilidade. A ausência do
cônjuge, ainda que prolongada, não é suficiente. O bispo deve chegar à certeza moral
de sua morte.
Depois da declaração do Bispo Diocesano, o cônjuge interessado poderá celebrar
novas núpcias.
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O inquérito é de caráter administrativo e pode ser feito pelo bispo Diocesano ou
pode ser confiado a um Tribunal ou a um sacerdote.
O Decreto do Bispo ou a sentença do juiz se fundamentam na presunção de que o
cônjuge desaparecido tenha morrido. Seria, por exemplo, do cônjuge que se supõe
viajava num avião desaparecido. Ou, então de um caminhoneiro que, quando saía de
casa, se comunicava com a família diariamente e de repente silencia desaparecendo ele
e também o caminhão. Se o cônjuge considerado morto fosse ainda vivo, o novo
casamento seria nulo de acordo com o Cân. 1.085 § 1. E caso os dois cônjuges das
novas núpcias chegassem à certeza de que o presunto morto estivesse vivo, teriam a
obrigação de se separarem.
Os depoimentos
Os depoimentos das partes e das testemunhas são sempre individuais. Feitos diante
do Juiz Auditor e do notário. Às vezes, com a presença do Defensor do Vínculo, do
Procurador ou do Advogado da parte. Todos os depoentes, ao serem chamados para
depor, devem trazer consigo um documento de identidade que tenha fotografia.
No início do depoimento, cada depoente é convidado a fazer um juramento, com a
mão sobre a Bíblia, de dizer a verdade.
No fim pode repetir o juramento de ter dito a verdade e também prometendo
guardar sigilo sobre o que falou em juízo.
O processo é sigiloso e é feito para verificar a verdade dos fatos, por isso, não aceita
influências de quem quer que seja.
Aqui depende de cada caso. Em geral, vai mais dc um ano e meio. Depende da
disponibilidade de juízcs que se dedicam nesta espinhosa mas nobre missão que é a de
restabelecer a justiça de quem foi injustiçado. Para o rápido andamento depende dos
endereços exatos, principalmente da parte demandada. Toda a correspondência é
mandada pelo correio em A.R. Se não encontra o destinatário, a correspondência
retorna ao Tribunal e atrasa muitíssimo o andamento do processo.
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fatos a favor de suas teses.
ENDEREÇOS:
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