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5/10/2020 Moro errou ao se juntar a Bolsonaro, diz referência intelectual do ex-ministro - 09/05/2020 - Ilustríssima - Folha

Moro errou ao se juntar a Bolsonaro, diz


referência intelectual do ex-ministro
Cientista político Alberto Vanucci avalia que Moro escolheu momento certo
para sair do governo, mas sua reputação de herói-juiz ficou manchada

9.mai.2020 às 9h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/05/10/)

Plinio Fraga

[resumo] Referência intelectual do ex-ministro, o cientista político


italiano Alberto (https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750424-inspiracao-da-lava-jato-gerou-
corrupcao-20-diz-pesquisador.shtml) Vanucci (https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750424-inspiracao-

da-lava-jato-gerou-corrupcao-20-diz-pesquisador.shtml) diz que Moro faz bem em deixar

governo; porém, atingido pela Vaza Jato e derrotas públicas, vai precisar
fazer com que forças políticas convirjam em torno de si.

O cientista político italiano Alberto Vannucci foi o primeiro a dizer ao


então juiz Sergio Moro que assumir o Ministério da Justiça do governo
Jair Bolsonaro seria uma empreitada “muito perigosa”
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/11/sergio-moro-aceita-convite-para-ministerio-da-justica-do-governo-

por lançar dúvida sobre a imparcialidade do Judiciário e


bolsonaro.shtml)

acentuar as “lacerações políticas” no país.

“Liderar uma operação judicial contra corrupção, com as habilidades de

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um juiz, não é garantia de que você saiba como políticas efetivas


anticorrupção devam ser formuladas e aplicadas como ministro. São
duas habilidades e dois trabalhos completamente diferentes.”

Em 16 meses como ministro, Moro acumulou ao menos 15 derrotas


políticas (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/12/moro-perde-status-e-sofre-derrotas-mas-segue-
popular-em-1o-ano-com-bolsonaro.shtml), como a descaracterização do pacote

anticrime e a perda do controle sobre o órgão que fiscaliza as atividades


financeiras e, por fim, sobre a direção da Polícia Federal. Viu ainda o
questionamento de suas ações como juiz crescer com a Vaza Jato, o
vazamento de mensagens hackeadas que apontam eventuais abusos e
desvios éticos e legais por parte de Moro e de coordenadores da Lava
Jato.

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O cientista político italiano e especialista em corrupção e na Operação Mãos Limpas


Alberto Vannucci, professor da Universidade de Pisa, na Itália - Divulgação

A troca da magistratura pela política, na visão do pesquisador italiano,


originou-se de um “curto-circuito” provocado pela “competição de
consenso” entre juízes e políticos.

“Moro, após sua questionável aceitação de um ministério no governo


Bolsonaro, dificilmente pode recuperar, com sua demissão, a pátina de
figura acima das correntes políticas. A reputação de juiz-herói da luta
contra a corrupção que teve no passado agora está manchada. Resta
saber se ainda pode simbolizar um amplo consenso e fazer as forças
políticas convergirem em torno de si em um país como o Brasil,

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extremamente dividido e com medo.”

Vannucci avalia que o momento parece perfeito para o ex-juiz


distanciar-se de um líder com popularidade em queda, fustigado pela
crise do (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/coronavirus/)coronavírus
e pela recessão econômica. “Sem
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/coronavirus/)

dúvida, há uma oportunidade importante para Moro. O sistema político


brasileiro está enormemente fragmentado e polarizado, sofrendo uma
deslegitimização popular profunda e um vazio de liderança consolidada
e reconhecida”, analisa.

Vannucci, 57, é professor da Universidade de Pisa, no norte da Itália, e


especialista na operação anticorrupção italiana Mani Pulite, a Mãos
Limpas, que inspirou Moro e a Lava Jato brasileira
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/09/inspiracao-da-lava-jato-maos-limpas-sofreu-mais-com-reacao-de-

politicos.shtml). Os principais objetos de sua pesquisa são a corrupção


política e administrativa, os mercados ilegais e o crime organizado.

Autor de uma dezena de livros, é uma das referências intelectuais de


Moro (https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750424-inspiracao-da-lava-jato-gerou-corrupcao-20-diz-
pesquisador.shtml), tendo sido Sualongamente
assinaturacitado por ele em um artigo que
vale muito.
escreveu em 2004, no qual antecipava a estratégia que colocaria em
ENTENDA
prática na Lava Jato dez anos depois.

Por que o sr. interpretou a decisão de Moro de trocar a magistratura


pela política como errada assim que ele aceitou o convite de
Bolsonaro? Primeiro, esse ministério parecia para muitos um prêmio
ao juiz-chefe da Lava Jato que eliminou judicialmente um oponente
político como Lula (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/04/moro-decreta-prisao-de-lula-ex-
presidente-tem-ate-17h-de-6a-para-se-entregar.shtml). A entrada de Moro na política

reforçou a opinião de uma parte significativa da população brasileira de


que essas investigações eram politicamente condicionadas. Isso
certamente alimentou uma profunda desconfiança do Judiciário como

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um todo e de sua imparcialidade no combate à corrupção política.

Segundo, as profundas lacerações políticas do Brasil, sua polarização


ideológica, foram acentuadas pela escolha de Moro. Em terceiro lugar,
um magistrado que tira suas vestes para entrar na política como
ministro da Justiça enfraquece objetivamente o princípio da separação
de Poderes, que é a pedra angular do Estado de Direito e da democracia.

Por exemplo, um político que tenha sido magistrado pode obter


informações sobre outros políticos e usá-las para mantê-los sob
controle. Ou usar seu conhecimento do Judiciário para recompensar ou
favorecer magistrados “amigáveis” e punir magistrados “inimigos”. Em
outras palavras, pode poluir e distorcer os processos políticos-
democráticos e o funcionamento do Judiciário.

Finalmente, as habilidades necessárias para ser um bom juiz são muito


diferentes das de um bom político. Ser um “herói” ou um “campeão” da
luta contra a corrupção no nível da repressão judicial não implica, de
maneira alguma, a capacidade de formular e implementar políticas
anticorrupção eficazes como ministro.

A operação brasileira Lava Jato segue o caminho da Mãos Limpas, no


sentido de que seus protagonistas procuram canais eleitorais? Por
que Antonio Di Pietro, a face mais popular da Operação Mãos
Limpas na Itália, não obteve sucesso na carreira política? As
investigações da Operação Mãos Limpas certamente têm um elemento
em comum com as da Lava Jato: em certo momento, seus protagonistas
se viram desfrutando de um consenso enorme e transbordante na
opinião pública.

Esses magistrados —independentemente de seus desejos, mas


certamente com grande satisfação pessoal— tornaram-se heróis
populares, capazes de incorporar as esperanças de redenção da
sociedade civil contra uma classe política corrupta, com grande massa

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de pessoas disposta a mobilizar-se em seu apoio quando políticos


tentaram contrariar ou limitar sua ação. Isso criou, no entanto, um
curto-circuito perigoso.

O consentimento popular não é de todo necessário para os magistrados


—que não são eleitos e estão sujeitos apenas à lei, certamente não ao
julgamento popular—, embora seja um recurso útil, de fato
indispensável, para os políticos. Essa “competição de consenso” entre a
classe política e o Judiciário criou um atrito latente, exasperado pelo
fato de muitos desses políticos estarem sendo investigados.

Ocorreu então que alguns procuradores e juízes —Antonio Di


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/09/acusacoes-contra-lava-jato-sao-para-tirar-atencao-das-pessoas-diz-

italiano.shtml)Pietro (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/09/acusacoes-contra-lava-jato-sao-para-tirar-

atencao-das-pessoas-diz-italiano.shtml), na Itália, Sergio Moro no Brasil— tentaram


capitalizar esse grande consenso em termos políticos. Mas esse apoio
popular foi para o papel de magistrado que lutava contra a política
corrupta, e não necessariamente se transformava em consenso eleitoral
quando os juízes tiravam suas vestes, mudando de papel para se
tornarem políticos também.

De fato, ao aceitar entrar na política, esses magistrados desvalorizaram


suas ações anteriores aos olhos de muitos, fornecendo uma aparente
confirmação das críticas daqueles que alegavam terem sido motivados
por ambições pessoais ou propósitos políticos.

Muitos imaginam que Moro pode ser candidato à Presidência em


2022. Como interpreta a possibilidade?
Parece-me uma hipótese realista. O momento é perfeito. Deve-se
imaginar que exista a vontade de se separar de um presidente muito
polêmico (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/bolsonaro-manda-reporteres-calarem-a-boca-ataca-
a-folha-e-nega-interferencia-na-pf.shtml),
interna e internacionalmente, que demonstra
impulsos autoritários e está perdendo apoio popular —além de insistir
em orientação perigosa na gestão da emergência pandêmica do

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coronavírus.

É provável que a crise da saúde e a consequente recessão ou estagnação


da economia levem a uma queda ainda mais acentuada no apoio a
Bolsonaro, cujas responsabilidades e inadequações parecem evidentes.

Sem dúvida, há oportunidade importante para Moro. O sistema político


brasileiro, nesta fase, está enormemente fragmentado e polarizado,
sofrendo uma deslegitimização popular profunda e um vazio de
liderança consolidada e reconhecida.

Moro, após sua questionável aceitação de um ministério no governo


Bolsonaro, dificilmente pode recuperar, com sua demissão, a pátina de
figura acima das correntes políticas (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/sergio-
moro-o-juiz-da-lava-jato-anuncia-sua-demissao-do-governo-bolsonaro.shtml).
A reputação de juiz-
herói da luta contra a corrupção que teve no passado agora está
manchada. Resta saber se ainda pode simbolizar um amplo consenso e
fazer as forças políticas convergirem em torno de si em um país como o
Brasil, extremamente dividido e com medo.

Aqui, porém, materializa-se o verdadeiro desafio profissional de Moro


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/moro-enterra-governo-da-senha-para-impeachment-de-bolsonaro-

e-vira-candidato.shtml).
Ou seja, o de “aprender um novo emprego”
rapidamente, a profissão de político, especialmente em uma fase em
que a capacidade —inata ou aprendida— no nível da comunicação e no
gerenciamento de novas mídias pode fazer a diferença.

O espectro do fracasso político de Antonio Di Pietro talvez possa lhe


ensinar alguma coisa. O precursor italiano das investigações da Mãos
Limpas reconhece que entrar na política foi o maior equívoco de sua
carreira. Após 20 anos, afastou-se dos partidos e dedica-se hoje apenas
a advocacia privada.

Plínio Fraga, jornalista, é autor da biografia "Tancredo Neves, o Príncipe Civil

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(Objetiva, 2017)

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