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11 Fevereiro 2011

CONTINUAMOS A DIZER QUE É NECESSÁRIO UM


VERDADEIRO PLANO INTEGRADO DE SANEAMENTO
FINANCEIRO PARA A CÂMARA E PARA AS ENTIDADES
JURÍDICAS SOB SUA RESPONSABILIDADE
Versão Integral da GRANDE ENTREVISTA DO PRESIDENTE DO PSD/LAGOS AO JORNAL
"CORREIO DE LAGOS" de 11.02.2011

Rui Machado de Araújo


Presidente do PSD Lagos

Em entrevista ao jornal local, Rui Araújo afirmou que «o PSD/Lagos


continua a considerar que a necessidade de um verdadeiro Plano
Integrado de Saneamento Financeiro existe». Considera que «a
gravidade e a complexidade da situação actual são grandes e quase
insuportáveis», têm causas «obviamente estruturais» e explicou que o
PSD/Lagos votou contra o Orçamento 2011 porque «discordámos da
ligeireza conjuntural da leitura que o PS faz da realidade».
O líder local do PSD constatou que «a opção do executivo municipal
socialista por não se assumirem de imediato as necessárias decisões de
alterações estruturais no perímetro de actuação autárquico» apenas vai
prolongar a «exposição à incerteza» e alertou para as «meras intenções
genéricas de redução de despesas correntes, em navegação à vista
perante uma realidade que se degrada diariamente e que pode vir a
assumir contornos de imprevisível gravidade» precisando que são «da
responsabilidade exclusiva directa do PS/Lagos sob o comando político
do seu líder local Paulo Morgado».
*

Como avalia a actuação do executivo municipal neste mandato?


Neste seu último mandato, em pouco mais de um ano, o executivo
municipal socialista liderado pelo Dr. Júlio Barroso apenas tem
confirmado a sua habitual insensibilidade e comportamento autocrático.
Insensibilidade política e a derivada insensibilidade social por parte dos
socialistas que, face aos alertas de quase todas as oposições, não só têm
decidido não alterar o rumo desastroso da sua estratégia política
objectivamente errada como ainda optam claramente por uma táctica de
“controlo de danos” a curto prazo.
Estranhamente, tudo se passa como se perante a gravíssima situação
estrutural que nos assola em termos económicos e financeiros, alguém
ainda acreditasse ser possível uma recuperação económica rápida ou, pior
ainda, que essa impossível rapidez seja compatível com o prosseguimento
do descalabro financeiro induzido pelo endividamento excessivo a níveis
alarmantes.
Claro que, com os dados a confirmarem o carácter estrutural da situação e
o adiamento no arranque da fase de recuperação que ainda não está à vista
e que terá uma duração e um ritmo ainda imprevisíveis, é crescentemente
evidente o desespero dos responsáveis directos pelas opções de
investimento e de gestão autárquica que culminaram na situação presente.
De facto, a teimosa aposta na expansão de um modelo de desenvolvimento
monolítico, apenas apoiado num Turismo sazonal de duração anual cada
vez menor, teve em 2010 e continuará a ter este ano consequências
verdadeiramente dramáticas para a maioria das Famílias e Empresas do
nosso concelho, o que é público e notório pelo agravamento do
desemprego, insolvências e encerramentos de actividades.
Para responder directamente à sua pergunta, direi que três palavras
caracterizam a actuação do executivo municipal socialista: Negação,
Insensibilidade e Desespero. O que não augura nada de bom para os
restantes quase três anos que faltam para terminar o presente mandato.
*
Considera que é necessária a implementação de um Plano de
Saneamento Financeiro?
Estamos hoje no início de Fevereiro de 2011, num momento em não estão
publicadas as contas reais do fecho do exercício de 2010 relativamente ao
perímetro total das estruturas do nosso Município sob responsabilidade
directa e indirecta da Câmara. Portanto, e apesar de não conhecermos o
detalhe das contas reais consolidadas da Autarquia, das Empresas
Municipais existentes e das participações detidas, o PSD/Lagos continua a
considerar - e até já o sugerimos em sedes várias desde há largos meses -
embora apenas pelos factos parciais avulsos que vão sido pontualmente
divulgados, que a necessidade de um verdadeiro Plano Integrado de
Saneamento Financeiro existe. Necessidade essa que será mais premente
quando e se for conhecida a dimensão total, em extensão e em detalhe, da
situação económico-financeira real final do exercício de 2010, apesar das
medidas avulsas mais fáceis já implementadas no ano passado pelo lado
da receita como, aliás, é do conhecimento geral: o aumento de impostos
como a derrama municipal, de várias taxas (e destacámos as das
esplanadas no momento próprio) assim como os preços de bens de
consumo básicos como a água e os transportes.
Claro que, sendo para nós um dado que qualquer autarquia tem, ou deveria
ter, independentemente da sua cor política, a optimização de recursos
financeiros e humanos como sua preocupação permanente, é óbvio tanto
para o PSD/Lagos como para quase todos os Munícipes do Concelho que,
se este mesmíssimo executivo PS que vem governando o nosso concelho
vai já para uma década viesse agora admitir publicamente que é necessário
um plano de emergência de imediato para o saneamento económico-
financeiro da autarquia tal seria a confissão mais explícita possível de que
o Partido Socialista que, repetimos, governou e governa Lagos sem
quaisquer pelouros atribuídos à Oposição, não assumiu como essencial
nestes últimos 9 anos essa preocupação fundamental nas decisões que
tomou. São decisões que se encontram documentadas e que espelham, no
mínimo, uma sistemática gestão eleitoralista das expectativas da
generalidade dos Munícipes - e dos funcionários autárquicos - mas que são
da sua exclusiva responsabilidade. Nessa exacta medida, contribuíram de
modo tão infeliz quanto decisivo para o agravamento do descalabro
económico-financeiro estrutural não apenas das diversas entidades
jurídicas que integram o perímetro de consolidação das contas da
Autarquia de Lagos mas, sobretudo, para os Cidadãos, as Famílias e as
Empresas do nosso concelho que estão votadas à míngua e até à penúria.
Essas decisões são, obviamente, da responsabilidade exclusiva directa do
PS/Lagos sob o comando político do seu líder local Paulo Morgado.
*
O Orçamento para 2011 vai no sentido positivo ou julga que irá
agravar os problemas financeiros?
A capacidade da Câmara Municipal para financiar a sua actividade e,
fundamentalmente, para suportar, no médio prazo, o seu programa de
investimentos, estará fortemente condicionada em 2011. Não sou eu que o
digo, isto é precisamente o que está escrito nas GOP/2011 (Grandes
Opções do Plano) disponíveis ao público no balcão virtual da CML e
aprovadas pelo PS.
Segundo este mesmo documento, é possível antecipar uma quebra muito
significativa nas verbas disponíveis para financiamento de projectos
municipais obtidas no exterior e a possibilidade de contrair empréstimos
com vista ao financiamento de grandes projectos municipais está também
largamente afectada ou praticamente comprometida.
O executivo PS diz até que essa quebra prevista nas receitas municipais
poderá implicar um agravamento dos níveis de auto-financiamento ao
ponto de este se poder tornar negativo.
Nós votámos contra porque, em primeiro lugar, discordámos da leitura que
o PS faz da realidade. Ou seja, discordámos da ligeireza conjuntural dessa
leitura em que, para o executivo municipal socialista, as dificuldades são
assumidas como conjunturais, e não de origem gravemente estrutural,
como é de facto a realidade que se nos apresenta. A nós e à generalidade
da nossa desiludida população que desperta da pior maneira do
ilusionismo eleitoral socialista.
Ou seja, para o executivo municipal socialista a crise é conjuntural, é
exterior e vai passar mais tarde ou mais cedo, como se de um fenómeno
meteorológico se tratasse. Entretanto, para o PS será suficiente
suavizarem-se os seus efeitos com um pacote de medidas de contenção das
despesas correntes, eventualmente e quando muito será assumida uma
recalendarização dos investimentos ditos normais e tudo voltará a ser
como dantes, continuando-se entretanto a ensaiarem-se as estratégias
eleitorais socialistas em várias sedes para daqui a 3 anos. Espantoso!
No PSD/Lagos, a leitura é outra. Para nós, a gravidade e a complexidade
da situação actual são grandes e quase insuportáveis. São obviamente
estruturais, têm causas internas ao nosso concelho que não só não foram
resolvidas como até foram agravadas por decisões erradas da actual
Câmara Municipal. Para nós, as crises externas, a nacional e a
internacional, apenas vieram tornar infelizmente mais evidente e mais
nítido o carácter estrutural da nossa crise local.
É justamente por considerarmos que os problemas estruturais se resolvem
com medidas estruturais, integradas entre si e consensualizadas com as
oposições e com a participação das populações que era, é e será exigível
ao executivo municipal socialista mais coragem política e mais humildade
democrática para 2011. O que ainda não aconteceu.
Lemos muito atentamente tanto as GOP’s como o Orçamento 2011 e
constatámos o facto de, muito inesperadamente, o presidente socialista
actual vir dar razão ao seu antecessor social-democrata, o que a mim
pessoalmente, tanto quanto ao meu partido, enquanto organização que
queremos e fazemos diariamente por ser cada vez mais aberta, participada
pelos Cidadãos a quem servimos e queremos servir, solidária e
respeitadora da sua história ao serviço das populações locais, muito me
apraz aqui registar.
Temos pois que, ao décimo ano da gestão à frente dos destinos do
Município de Lagos, o Dr. Júlio Barroso vem adoptar precisamente a
mesma postura que o seu antecessor social-democrata, o nosso
companheiro José Valentim Rosado, ao escrever nas suas GOP’s/2011 que
na situação actual é mesmo previsível que o lançamento de novos
projectos tenha que ser adiado, garantindo-se quando muito apenas a
elaboração dos respectivos Projectos Técnicos de Execução inscritos no
PPI (Plano Plurianual de Investimentos) e que, assim, permanecerão em
carteira.
Os Eleitores de Lagos têm memória e lembram-se muito bem que
praticamente todos os grandes projectos que este executivo socialista
executou, com recurso ao endividamento excessivo que primeiro negou,
depois tentou vir ridicularizar os alertas que nós fizémos e que agora se
reconhece altamente penalizador para o futuro dos munícipes e da
autarquia, eram precisamente os mesmos que a anterior gestão social-
democrata deixou em carteira em 2001, com saldo positivo na tesouraria
da Câmara e sem dívidas de curto prazo aos fornecedores.
Esta é, sem dúvida, uma grande ironia do destino. Com duas diferenças:
- uma primeira diferença, a que compara a situação actual, que tem na
impossibilidade material de aumentar ainda mais o endividamento a sua
causa, com a situação de 2001 em que, como todos se lembram, as
decisões de concretização foram adiadas por respeito aos Munícipes e aos
chamados dinheiros públicos, os quais, como alguém disse um dia, são
coisa que não existe. Pela simples razão que todos os meios financeiros
postos à disposição do Estado são originalmente privados e não públicos.
E são privados, não por serem de direita ou de esquerda, mas porque são
das pessoas, das famílias, das empresas e... dos bancos. Obviamente que
alguém se esqueceu desta realidade tão elementar durante a última década
no concelho de Lagos.
- a outra diferença, não menos irónica, é a de que os projectos que o
executivo municipal socialista que agora está no seu último mandato - e
que urge ajudá-lo a acabar com a devida dignidade - não serão possíveis
de concretizar. Mas as responsabilidades da situação financeira que o
próximo executivo social-democrata receberá dos socialistas terão que ser
resolvidas ou fortemente atenuadas perante a teia de credores instituídos
contratualmente. O problema está em que no executivo municipal
socialista quase todos acreditaram e, pelos vistos ainda acreditam, que é
possível gastar aquilo que não se tem. Aliás, como já afirmei noutra
ocasião, é esse o erro socialista português liderado por José Sócrates a que
o PS/Lagos de Paulo Morgado optou por aderir. E é esse mesmo erro que
acabou ironicamente por casar para a História os líderes do mesmo
modelo errado de desenvolvimento que se revela a cada dia ser a crescente
perdição social e financeira tanto de Lagos como de Portugal.
Por tudo o que tentei aqui expor, concluo a resposta à sua pergunta
dizendo-lhe que, no que me diz respeito e ao PSD/Lagos, considero que o
Orçamento 2011 da Câmara Municipal não vai claramente no sentido
positivo e pode até vir a contribuir para agravar a situação financeira
municipal, na exacta medida do aumento do tempo de exposição à
incerteza que representa a opção do executivo municipal socialista por não
se assumirem de imediato as necessárias decisões de alterações estruturais
no perímetro de actuação autárquico, tendo-se optado apenas por medidas
e meras intenções genéricas de redução de despesas correntes, em
navegação à vista perante uma realidade que se degrada diariamente e que
pode vir a assumir contornos de imprevisível gravidade para a grande
maioria dos Munícipes do Concelho de Lagos.
*
Em qualquer Câmara, uma parte importante destina-se a pagar
salários. No caso de Lagos, considera que a autarquia tem
funcionários a mais e que esta era uma área em que se deveria cortar?
Nos 25 anos do poder local democrático, de 1976 a 2001, a Câmara
Municipal de Lagos funcionou com 500 colaboradores. Nove anos depois,
o quadro da Câmara engordou 60% para os actuais cerca de 800, sem
contar com as empresas municipais Lagos em Forma e Futurlagos mais as
empresas participadas e associadas como os Estacionamentos de Lagos, os
Transportes A Onda e a Neofutur. E tudo isto sem contar ainda com os
empregados que trabalham a precário recibo verde.
A defesa do emprego é fundamental para nós. Acreditamos que o princípio
mais adequado à realidade actual é o de, respeitando a Lei, se procederem
a eventuais admissões apenas se não existirem pessoas com as
competências pretendidas em todo o perímetro da gestão municipal dos
recursos humanos. E se porventura não existirem, eventuais admissões
devem ser feitas apenas à medida que os funcionários actuais se vão
aposentando, mas sempre com respeito pelas situações concretas das
pessoas que já trabalham na autarquia ou nas empresas municipais e que
ainda não têm vínculo contratual.
*
Uma parte dos problemas financeiros que existem decorre da crise,
enquanto que outra tem a ver com a necessidade de financiar obras
levadas a cabo nos últimos anos, como o novo edifício da Câmara, o
Pavilhão Municipal, piscinas, parques de estacionamento e
remodelação das escolas. São obras importantes ou, na sua opinião,
algumas delas não deveriam ter sido feitas?
Como já antes expliquei, e repito, a nossa perspectiva é a de que as crises
externas, a nacional e a internacional, apenas vieram tornar infelizmente
mais evidente e mais nítido o carácter estrutural da nossa crise local. Na
nossa opinião, e recordo que em várias ocasiões o PSD/Lagos alertou para
o perigo da excessiva concentração destes investimentos no tempo, os
efeitos da crise financeira estão a ter um impacto ainda maior por essa
clara falta de respeito pelos interesses financeiros dos munícipes,
concretamente pela via do endividamento excessivo que a eles está
associado e cujos planos de pagamentos ultrapassam largamente os
tempos dos mandatos autárquicos.
Se a situação financeira que o PSD/Lagos deixou em 2001 tivesse sido
convenientemente respeitada, o impacto da crise financeira actual
certamente estaria a ter inquestionavelmente menor impacto negativo do
que a gravíssima situação com que todos nos debatemos e que iremos
herdar para resolver.
Estamos obviamente de acordo com os investimentos, mas não com o seu
faseamento. E digo-lhe mais. O faseamento que foi decidido pelo
executivo municipal socialista foi excessivamente concentrado no tempo
apenas e só com fins eleitoralistas.
*
Se fosse o PSD a ter a responsabilidade de fazer o Orçamento, que
diferenças essenciais teria o documento em comparação com o que foi
aprovado?
É claro que seríamos mais transparentes. Faríamos um orçamento mais
realista, com respeito pelo mais elementar bom-senso. O que não é o caso
do orçamento 2011 apresentado por este executivo socialista.
O que quer isto dizer? É simples. Quer dizer que qualquer orçamento
minimamente credível tem que ter as suas previsões de receitas e despesas
baseadas numa revisão orçamental do ano anterior, a qual deve ser feita
com base na execução real do último mês conhecido à data da construção
do orçamento a que se junta uma previsão credível para o que falta de ano.
Já nem falo das promessas iniciais de implementação do orçamento
participativo que foram feitas inicialmente pelo PS/Lagos, mas que foram
totalmente esquecidas durante os seus mandatos.
Aproveito para ilustrar, ainda que resumidamente alguns números do
Orçamento 2011 que são públicos e estão disponíveis no site da Câmara e
que também contribuíram para o voto contra do PSD/Lagos: as receitas
totais previstas para 2011 são de 65,6M€ (milhões de euros), valor que
compara com 37,4M€ arrecadadas em 2010, sem o saldo transitado de
2009.
Estes números ilustram de modo mais do evidente o gritante irrealismo
ilusionista deste orçamento socialista. Como é possível na situação actual
que vivemos fazer uma previsão de receitas correntes e de capital para
2011 com um aumento de 75% sobre o real do ano anterior?
De resto, o nosso tempo é demasiado precioso para ser perdido com a
elaboração de cenários irrealistas e por demais inúteis.
Connosco a transparência e o respeito pelos munícipes não nos
permitiriam produzir um orçamento destes. Por isso votámos contra.
*
Apesar da crise, nos últimos anos, construíram-se dois hotéis em
Lagos e vários outras deverão erguer-se nos próximos tempos. É
suficiente para se ficar optimista em relação ao futuro do concelho, a
nível económico?
Evidentemente que não. Grande parte dos problemas estruturais do nosso
concelho derivam precisamente da nossa dependência exclusiva do
turismo de sol e praia, ainda para mais com o cavar da sazonalidade a que
temos assistido nos últimos anos.
Se bem que as decisões de investimento que criem postos de trabalho no
nosso concelho devam ser em princípio ser bem acolhidas, o que nem
sempre tem acontecido, preocupa-me a falta de atenção que o executivo
municipal socialista tem tido para com projectos de recuperação de
estabelecimentos hoteleiros emblemáticos da cidade como nos casos do
Hotel Golfinho e do Hotel São Cristóvão.
*
De que forma julga que a colocação de portagens na Via do Infante
irá afectar o concelho?
Penso que vai afectar de modo extremamente negativo, ao nível da
mobilidade dos residentes, mas também por ser um factor negativo para a
procura turística do nosso concelho. As portagens contribuirão
decisivamente para nos tornamos um concelho cada vez mais periférico e
mais afastado dos centros de decisão regionais e nacionais.
O PSD/Lagos apresentou em 2010 uma moção na Assembleia Municipal
contra as portagens na A22, moção essa que foi rejeitada pela maioria
socialista. Da nossa parte, compreendemos mais essa posição como apenas
mais um episódio da subserviência do PS local de Paulo Morgado ao PS
nacional de José Sócrates, com evidente prejuízo das populações do
concelho de Lagos.
Quero terminar este ponto dizendo desde já que no caso de nos serem
impostas portagens em Lagos, nunca aceitaremos que quaisquer troços da
Via do Infante noutros concelhos fiquem isentos de portagens, seja qual
for a justificação.
*
A comissão política concelhia a que preside foi eleita há cerca de um
ano. Que trabalho tem sido desenvolvido?
Concretizámos neste primeiro ano de mandato muito trabalho de
estruturação e dinamização visando colocar o nosso partido ao serviço dos
cidadãos, que é para isso que existem os partidos políticos. Senão
vejamos: tivémos duas listas concorrentes às eleições internas de
Fevereiro de 2010, o que não acontecia há 15 anos, numa dinâmica interna
indiscutível, que se demonstra pela mais reduzida taxa de abstenção de
sempre, que não chegou aos 20%; estamos a conduzir a nossa própria
agenda política no cumprimento estrito do programa eleitoral sufragado
pelos nossos militantes, cujo número continua a aumentar; fazemos as
necessárias reuniões periódicas de coordenação política com os diversos
autarcas eleitos na Assembleia Municipal, Câmara Municipal e
Assembleias de Freguesia, cujas sessões são regularmente presenciadas
por membros e colaboradores da Comissão Política que lidero; publicamos
comunicados e notas de imprensa quando entendemos oportuno e
necessário; temos dois meios de comunicação oficial activos, com
conteúdos próprios e partilhados, ao dispor de qualquer cidadão ou órgão
de comunicação social tradicional que os queira ler, citar ou republicar:
um blogue com posts regulares em psdlagosalgarve.blogspot.com que,
neste primeiro ano, atingiu mais de 6000 visitas e uma presença em
facebook.com/psdlagos que conta já com mais de 1200 aderentes; sairá
oportunamente um terceiro meio de comunicação próprio, também em
formato electrónico e simultaneamente em papel; recuperámos em dois
meses o espaço da nossa sede, que hoje está aberta aos militantes e público
em geral durante diversos períodos semanais e que conta com auditório,
biblioteca, núcleo museológico, cafetaria e escritório de apoio
administrativo; realizamos debates informais entre os militantes presentes
aos sábados à tarde na sede; realizámos a sessão comemorativa do 30º
aniversário da morte de Francisco Cá Carneiro, com a presença do
companheiro Mendes Bota para uma palestra evocativa; retomámos a
iniciativa do tradicional Almoço de Natal; inaugurámos um canal de
comunicação directo à Assembleia da República para os Eleitores do
Concelho de Lagos, através do atendimento presencial levado a cabo ao 2ª
sábado de cada mês pela nossa companheira e Deputada Antonieta
Guerreiro. Estamos a apoiar a reactivação da JSD e dos TSD em Lagos. E
temos mais iniciativas agendadas para o decurso do corrente ano.
*
Não tem havido pouca intervenção política?
Da nossa parte? Não. Da parte do PSD/Lagos o que tem existido é muito
pouca exposição da nossa intervenção política na quase inexistente
comunicação social local. É a fruta da época que vivemos em Lagos.
Todos sabemos que, regra geral, o acesso aos media é predominantemente
agenciado ou ligado a interesses muito concretos. Obviamente que há
excepções e esperanças a este nível, designadamente o actual Correio de
Lagos.
Não sabemos o que está a fazer o PS enquanto partido ao serviço da
comunidade local para além de exercer o poder autárquico, mas da parte
do PSD/Lagos temos até estado bastante activos. Como pude detalhar na
resposta anterior, não me parece de todo que aquele breve resumo de
actividades seja merecedor de ser caracterizado por quem quer que seja
como sendo de pouca intervenção política.
*
Revê-se na intervenção desenvolvida pelos elementos eleitos pelo PSD
para os diversos órgãos autárquicos?
Em termos gerais, obviamente que sim. Todos sabemos que o bom é
inimigo do óptimo mas, como todos sabem, o trabalho político perante
maiorias absolutas não é simples nem fácil. Em Lagos também não é. No
conjunto dos membros eleitos para os órgãos autárquicos e na Comissão
Política que lidero estão presentes militantes e independentes bastante
motivados que pautam o seu trabalho pela frontalidade política com
lealdade pessoal. O nosso vínculo político é com as realidades locais do
Concelho de Lagos, as das freguesias urbanas mas também as das rurais.
Apesar de sermos o maior partido da oposição, nós não ignoramos as
restantes oposições, nem o preocupante grande grupo dos chamados
desiludidos da política, que quase cronicamente se abstêm, como
aconteceu maioritariamente nas últimas eleições autárquicas.
Estamos todos permanentemente atentos e obviamente preocupados com
uma situação complexa e difícil que se agrava diariamente a vários níveis
e que quase todos os Munícipes sentimos. Estamos alertas para a evolução
dos factos e interagimos nos órgãos próprios sempre que tal nos é
permitido fazer.
*
Com a impossibilidade legal de Júlio Barroso ser novamente
candidato pelo PS, abre-se uma forte possibilidade do PSD regressar
ao poder?
Não será a impossibilidade legal do actual presidente ser reeleito que dará
força e maior probabilidade ao PSD de regressar ao poder local em Lagos.
Será pelo lado das competências e pelas qualidades pessoais, assim como
pela adequação das propostas concretas para resolver os problemas
estruturais do concelho, que o meu partido apresentará ao eleitorado, que
vamos merecer a confiança dos eleitores de Lagos.
*
Do ponto de vista do PSD, não é um sinal preocupante que, em Lagos,
o candidato presidencial que apoiou tenha tido uma percentagem
menor do que no resto do Algarve e do país?
Admito que possa ser preocupante. Mas só para quem não conhece a nossa
população. Ou então para os que não conhecem ou já esqueceram a
história do nosso concelho, para todos os que dos nossos concidadãos que
ainda não emigraram e têm uma ideia distorcida da sua (nossa) vontade
própria, seja por interagirem com a nossa realidade local em círculos
demasiado restritos, seja por o fazerem de longe ou apenas pela
comunicação social. Aliás, na minha opinião e já que me fala em
percentagens, o que eu penso que deve ser tido como sinal muitíssimo
preocupante em Lagos, mas para o PS - e não para o PSD - é a brutal
diferença entre o resultado obtido pelo candidato presidencial apoiado
pelo PS e pelo BE quando comparado com os resultados eleitorais nas
últimas autárquicas. É fácil fazer estas contas, de 66% baixaram para 21%,
são – 45%. Afinal, o que está a acontecer ao eleitorado socialista que tão
massivamente elegeu a actual Câmara há pouco mais de um ano?
*
O PSD deve ir às próximas eleições autárquicas sozinho ou em
coligação?
O nosso partido apresentar-se-à às eleições autárquicas de 2013 em Lagos,
se não forem antecipadas, sob a forma que for decidida no momento
próprio. Temos ideias muito claras e sei que este é um assunto que
preocupa o PS/Lagos de Paulo Morgado mas, da nossa parte e a quase 3
anos de distância, pensamos que há assuntos muito mais importantes e
mais graves na realidade vivida pelas nossas populações e empresas
locais. É esse o foco da nossa melhor atenção.
*
Tendo em conta o protagonismo político que Nuno Marques tem tido,
o partido deve voltar a apostar nele como candidato ou avançar com
uma outra pessoa?
Repito o que já antes lhe disse, ou seja, que da nossa parte e a quase 3
anos de distância, pensamos que há outros assuntos de maior relevância
que merecem a nossa máxima atenção.
E, como também venho dizendo, sei que no momento certo os
Lacobrigenses julgarão as consequências do logro em que caíram até
porque, com grande probabilidade, o PS/Lagos de Paulo Morgado não só
rasgará mais alguns dos seus compromissos eleitorais até ao fim deste seu
último mandato - como no caso do refeitório social, que assinalámos em
tempo oportuno - como ainda tentará recompor-se, perdendo tempo com
substituições e arranjos de última hora de modo a ensaiar pretensas
mudanças, em vez de se dedicar em absoluto à resolução dos gravíssimos
problemas estruturais do nosso concelho. É para isso que os Eleitores de
Lagos que votaram no actual executivo municipal socialista o elegeram e
não para andar a preparar eleições que se realizarão dentro de três anos. A
menos que exista alguma informação que nós desconhecemos e que venha
a implicar eleições antecipadas.
Somos claros e directos Da parte do PSD/Lagos, prosseguiremos na defesa
objectiva dos interesses gerais das nossas populações e organizações
locais. Estamos certos que a mudança efectiva da nossa realidade colectiva
só acontecerá com a nossa vitória clara e inequívoca nas próximas eleições
autárquicas. A equipa credível, dinâmica e altamente motivada com que
nos apresentaremos à escolha dos eleitores de Lagos obterá a sua tão
necessária confiança para contribuirmos decisivamente para resolver de
uma vez por todas os problemas estruturais agravados do nosso concelho a
partir das próximas eleições autárquicas.

Para terminar, quero agradecer ao Correio de Lagos a atenção desta ronda


de entrevistas que me coube por sorteio iniciar - curiosamente na data em
que passa um ano da tomada de posse da Comissão Política que lidero - e
apresento a todos os nossos concidadãos, em meu nome pessoal e em
nome do PSD/Lagos, os mais sinceros votos de que este ano de 2011
decorra o menos penosamente que seja possível a todos, com Saúde e em
Paz.

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