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INTRODUÇÃO

Atualmente vivemos o período do processo sincrético, em que o


cumprimento da sentença passou a ser mera fase processual e não mais um
feito autônomo, já que a citação passou a ser dispensada e a liquidação de
sentença tornou-se incidente processual, fase do processo.

Se for feita uma digressão histórica veremos que as sociedades


vem evoluindo e de acordo com tal acontecimento também os feitos
processuais. Na Roma antiga, o inadimplemento do devedor o tornava
escravo do seu credor, que podia vendê-lo como se fosse um objeto.

Com o passar do tempo, a exigência do débito deixou de recair


sobre a pessoa física do devedor e passou a atingir o patrimônio do devedor
e desta forma seria necessário um novo feito judicial para permitir que o bem
do devedor fosse atingido, pois o direito de propriedade era um direito
absoluto.

Diante desta situação o credor acabava sendo colocado em


posição de desvantagem, pois passava por um longo período de espera para
ver declarado o seu direito com a condenação do devedor e ainda teria de
esperar por muito tempo a possibilidade de receber o real valor devido, pois
uma nova ação se iniciava com a execução.

Em 1994, na primeira reforma do CPC, a possibilidade de


cumprimento imediato da decisão judicial, quanto as obrigações de fazer e
não fazer foi permitida, tornando a decisão executiva lato sensu, ou seja,
exigível nos próprios autos- art 461 do CPC, sendo possível ao magistrado
utilizar-se de vários meios coercitivos para garantir a efetividade da decisão.

Já em 2002, com a nova onda da reforma, também foi possível a


exigência imediata para as obrigações de entrega de coisa certa e incerta- art
461 A do CPC, nos mesmos moldes do art. 461 do CPC.

Contudo, as regras facilitadoras da exigência do cumprimento da


decisão não chegaram a atingir o principal meio de execução, qual seja, a
obrigação de pagar quantia certa. Logo, o credor de dinheiro continuou a ter
de esperar pelo término de um novo processo e de seus recursos para ver
concretizada a possibilidade de recebimento do valor ao qual faz jus.

Ocorre que outro fato surgiu, ou seja, em 2004 entrou em vigor a


Emenda Constitucional 45 que inseriu o inciso LXXVIII ao artigo 5°, que
tornou direito fundamental a duração razoável do processo.

Em sede de execução por quantia certa, como atingir a meta


constitucional se era necessário esperar término de um novo processo?

Diante desta nova realidade foi preciso adequar a execução por


quantia certa ao princípio da duração razoável do processo e ainda torna
homogênea a forma de execução por título judicial, haja vista os modelos de
cumprimento de sentença das obrigações de fazer, não fazer e entrega de
coisa.

Assim, acertadamente, o legislador, em 2005, trouxe a alteração


para as obrigações de pagar quantia certa, tornando exigível o cumprimento
da sentença nos próprios autos como uma fase processual e não como feito
autônomo, o que garantiu maior celeridade e efetividade para o cumprimento
das decisões judiciais.

Importante frisar que o cumprimento das obrigações de pagar


trouxe uma nova realidade jurídica, mas não foi uma novidade processual,
haja vista as possibilidades de exigência das outras modalidades de
obrigação.

Desta forma o presente trabalho tem por finalidade auxiliar os


estudantes e profissionais do direito a compreender os institutos processuais
acerca da execução, bem como suas novas interpretações.
Unidade I -TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

Capítulo I- Noções Básicas

O CPC traz as normas inerentes à execução forçada, já que o devedor


se tornou inadimplente, ou seja, deixou de satisfazer um direito.

Como ocorre o inadimplemento, surge uma sanção executiva, para


que, através da presença do Estado-Juiz, seja o direito do credor satisfeito.

1- Conceito de Execução:

“É o conjunto de medidas com as quais o juiz produz a satisfação do


direito de uma pessoa à custa do patrimônio de outra, quer com o concurso
da vontade desta, quer independentemente ou mesmo contra ela.”
Cândido Rangel Dinamarco

OBS: Atualmente a execução divide-se em:

 Procedimento por Título Extrajudicial

 Procedimento por Título Judicial: Cumprimento de sentença e


Execução
(Quantia certa contra devedor
solvente).

2- Modos de Executar ou Técnicas Executivas

2.1- Execução Tradicional:

Realizada através da constrição de bens (penhora, busca e


apreensão), mediante decisão judicial em abstração à vontade do obrigado.
2.2- Execução Específica ou Imediata:

Realizada através de coerção, busca e apreensão, remoção de


pessoas ou coisas, multas periódicas. Para a entrega de coisa certa diferente
de dinheiro, obrigação de fazer e não fazer.

Específica: Entrega de coisa certa diferente de dinheiro.

Imediata: Execução é a continuação do processo de conhecimento para


obrigação de fazer e não fazer.

3- Execução, Execução Civil e Execução Forçada

3.1 - Execução:

Ato pelo qual o obrigado, por vontade própria ou por decisão judicial,
cumpre um dever ou obrigação.

3.2- Execução Civil:

Medidas propulsoras da efetividade da execução, porque se destina a


fazer com que um preceito contido na lei, contrato ou sentença, produza
efeitos.

3.2-Execução Forçada:

Ocorre quando o Estado-Juiz atua sobre os bens e sobre o espírito do


obrigado (sobre sua vontade).

4- Natureza Jurisdicional da Execução Forçada

Jurisdição:

Função estatal de, substituindo a atividade das partes, atuar a vontade


concreta da lei.

Assim, não se pode negar que a execução tenha natureza


jurisdicional, pois temos o Estado substituindo a vontade das partes
(executado/obrigado) para satisfazer o direito do exeqüente.
5- Tutela Jurisdicional Executiva

A tutela jurisdicional executiva consiste na satisfação do credor e de


seu direito. Visa solucionar crise de inadimplemento, que nada mais é do que
a pretensão de alguém a receber um bem e a resistência do outro, que
negada ou não a obrigação, não entrega o bem.

Sem o inadimplemento não haveria insatisfação e, desta forma, não


existiria a necessidade (interesse de agir) do processo de execução.

6- Limites à Tutela Jurisdicional Executiva

Como a tutela executiva tem a única finalidade da satisfação do


credor, alguns limites foram criados para reduzir a potencialidade satisfativa
da execução forçada.

a) Limites Políticos:

Surgem do binômio Equilíbrio X Valor, pois o crédito deve ser satisfeito


sem sacrificar de modo demasiado o devedor. Existem limitações políticas e
naturais.

As limitações políticas referem-se:

 A Pessoa do Devedor:

Significa que, ao contrário da Roma antiga, o devedor não pode


responder com o seu próprio corpo pela dívida ( na Roma antiga, o devedor
perdia parte de seus membros e depois passava a ser tratado como
escravo ).

Exceção:

A Constituição Federal prevê, em seu Artigo 5º, inciso LXVII, que é


possível a prisão civil do depositário infiel e do devedor de alimentos.

Com relação ao devedor de alimentos, não há discussão quanto à


possibilidade e a constitucionalidade de sua prisão. Já em relação ao
depositário infiel, persiste discussão com posicionamentos distintos no STJ e
no STF.

Para o STJ:
Em razão do Pacto de São José da Costa Rica, não cabe a prisão civil
do depositário infiel, visto ser contrária às normas de tratado internacional, do
qual o Brasil é signatário.

Para o STF:

Cabe a prisão civil do depositário infiel, pois os Tratados Internacionais


ingressam no ordenamento jurídico com força de lei ordinária. Assim, lei
ordinária deve obedecer aos preceitos constitucionais; logo, permanece a
possibilidade da prisão civil do depositário infiel.

Com a Emenda Constitucional nº 45/04, foi acrescido ao Artigo 5º da


Constituição Federal o parágrafo 3º, que afirma que os Tratados
Internacionais sobre Direitos Humanos dos quis o Brasil é signatário e que
forem aprovados com o quorum especial, exigido para a Emenda
Constitucional, ingressam no ordenamento jurídico como Emenda
Constitucional.

Ocorre que o Pacto São José da Costa Rica ingressou no


ordenamento jurídico nacional por volta dos anos 91/92 e o STF entende que
a Emenda Constitucional 45/04, alternando a visão constitucional sobre o
tema.

Ao patrimônio do Devedor:

Significa que, em nome do Princípio Constitucional da Dignidade da


Pessoa Humana, nenhum devedor ou sua família pode ser levado à condição
de miserabilidade para satisfazer o direito de crédito do exeqüente.

Desta forma, o legislador previu que alguns dos bens do devedor


ficam à salvo da responsabilidade patrimonial, chamados, assim, de bens
impenhoráveis, previstos, por exemplo, nos Artigos 649 e 650 do CPC, além
do bem de família previsto na Lei nº 8009/90.

 Aos Meios Processuais Empregados:

Significa que, dependendo de quem seja o devedor, o legislador fez


previsão de normas especiais para a execução. A exemplo, a Fazenda
Pública.
b) Limites Naturais:

São limites que decorrem das leis físicas, referentes aos bens ou à
vontade das pessoas. A exemplo, o perecimento da coisa.

7- Princípios Aplicáveis à Execução Civil

a) Princípio do Devido Processo Legal: é o princípio base de todo e


qualquer procedimento judicial ou administrativo, em que temos que garantir
a correta aplicação das normas processuais a fim de preservar dois princípios
corolários deste, quais seja, ampla defesa e contraditório – artigo 5°, LIV da
Constituição Federal;

b) Princípio do Contraditório: se dá pela garantia de permitir que as partes


se manifestem sobre todos os atos processuais praticados e que essa
manifestação seja suficiente a influenciar a decisão a ser proferida pelo juiz
no caso concreto – artigo 5°, LV da CF.

c) Princípio da Ampla Defesa: é o princípio que permite que as partes se


utilizem de todas as provas no sentido de demonstrar suas alegações e ainda
se valer dos meios recursais – artigo 5°, LV da CF.

d) Princípio da Efetividade: é o princípio que busca dar as decisões


judiciais os efeitos que são dela esperadas, sendo este um princípio implícito
constitucional.

e) Princípio da Razoável Duração do processo: foi inserido no artigo 5°,


LVXXVIII da CF, pois o tempo de julgamento passou a ser uma preocupação
do mundo moderno. É o princípio que determina que o feito deve tramitar
sem interferências danosas para que a prestação jurisdicional seja dada o
mais rápido possível e desta forma também proteger a efetividade.

f) Princípio da Adequação e das Formas: Tal princípio significa dizer que,


para a execução ser eficaz, para que satisfaça o credor, deve levar em conta
determinadas formas.

 Situação Patrimonial do Devedor:

Os meios executivos atingem os bens do devedor e não a sua pessoa.


Deve-se saber se o devedor é SOLVENTE ou INSOLVENTE, pois variará o
procedimento a ser utilizado: se o da Execução Civil ou da Insolvência Civil.

 Natureza da Obrigação:
A obrigação pode ser de dar coisa certa ou incerta; de fazer ou não
fazer ou de dar quantia certa.

A partir da natureza da obrigação, é definido o tipo de procedimento


adequado previsto na legislação.

g) Princípio da Efetividade da Execução Forçada: baseia-se em dar,


sempre que possível , todo o direito a seu titular.

Na maioria das vezes, esse princípio só é garantido através de tutela


jurisdicional.

Na execução de quantia certa, a efetividade ocorre quando


assegurado ao devedor a soma de dinheiro a que faz jus.

Na execução para entrega de coisa certa ou incerta , a efetividade


ocorre quando a coisa lhe é entregue. Mediante a possibilidade de
cumprimento da obrigação, converte-se em perdas e danos.

Na execução das obrigações de fazer e não fazer, a efetividade ocorre


quando o devedor proporciona ao credor o resultado esperado com o
cumprimento da obrigação, com a abstenção de um comportamento ou com
o desfazimento daquilo que foi feito. Mediante a impossibilidade de
cumprimento, pode terceiro cumprir a obrigação ou pode haver a conversão
em perdas e danos.

h) Princípio da Execução Real: Significa dizer que a execução só atinge o


patrimônio do devedor e nunca a sua pessoa (Artigo 591 do CPC).

A exceção encontra-se no devedor de alimentos (Artigo 5º, inciso


LXVII da CF/88).

Embora a Constituição faça previsão da possibilidade da prisão do


depositário infiel, o STF já firmou entendimento de que tal regra não pode
mais ser aplicada em nosso ordenamento jurídico, uma vez que o Brasil é
signatário, sem ressalvas, do Pacto São José da Costa Rica.

EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO


CIVIL. DEPOSITÁRIO INFIEL OU DESCUMPRIMENTO DE
CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF
(INFORMATIVO/STF 531). CONCESSÃO DA ORDEM. I - O
Plenário desta Corte, na sessão de julgamento de 3 de
dezembro do corrente ano, ao julgar os REs 349.703 e
466.343, firmou orientação no sentido de que a prisão civil
por dívida no Brasil está restrita à hipótese de
inadimplemento voluntário e inescusável de pensão
alimentícia. II - Ordem concedida. (STF, Rel. Min.Ricardo
Lewandowski. HC 92817/SC)

i) Princípio da Satisfação do Direito do Credor: Significa o direito do


credor de ver-se satisfeito, contudo apenas atinge o patrimônio do devedor,
de forma suficiente para o cumprimento da obrigação, incluindo o principal e
seus acessórios. O restante do patrimônio do devedor não deve ser atingido
(Artigo 659 do CPC).

j) Princípio da Utilidade da Execução: A execução deve ser útil ao credor,


ou seja, não pode lhe trazer vantagem desmedida e não pode funcionar
como meio de vingança particular (Artigo 659, & 2º do CPC e Artigo 692 do
CPC).

k) Princípio da Menor Onerosidade: Traz a idéia de equilíbrio entre os


interesses do exeqüente e do executado.

O direito, a fim de garantir o Princípio da Dignidade da Pessoa


Humana, entende que a execução não pode ser utilizada para causar a ruína,
fome, miséria do devedor e de sua família.

Assim, quando a execução puder ser efetuada de mais de uma forma,


deverá ser utilizada aquela que menor prejuízo trouxer ao devedor. (Artigo
620 do CPC).

l) Princípio do Ônus da Execução: A execução ocorre porque o devedor


está em mora ou se tornou inadimplente, fica a cargo deste ressarcir o credor
das despesas gastas com o processo de execução, inclusive honorários
advocatícios, além de garantir o cumprimento da obrigação (Artigo 651 e 659
do CPC).

m) Princípio da Disponibilidade da Execução: Significa dizer que o credor


não está obrigado a executar o título e tampouco está obrigado a levar a
execução forçada até as últimas conseqüências.

No Processo de Execução, a aquiescência do devedor só é


necessária se já houver oferecido defesa, ficando a cargo do credor a
responsabilidade de arcar com as despesas processuais e honorários
advocatícios (Artigo 569 do CPC).

Se oferecidos os embargos de devedor e estes versarem apenas


sobre matéria processual, serão extintos. Se versarem sobre questão de
mérito, a extinção dependerá da anuência do embargante-devedor.
Só se aplica ao título extrajudicial.

n) Princípio do Título: A ação executória sempre depende da existência de


um título executivo, seja judicial ou extrajudicial.

O Professor Arakem de Assis (Manual do Processo de Execução),


afirma que o título executivo “É o bilhete de ingresso” para a execução.

8-REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA QUALQUER EXECUÇÃO

a) Condições da Ação:

São as condições necessárias ao regular exercício do direito de ação.

A doutrina afirma que existem três espécies de condições:


Possibilidade Jurídica, Interesse de Agir e Legitimidade.

OBS: Há quem afirme que, atualmente, apenas duas condições são


necessárias ao regular exercício do direito de ação, quais sejam ,
legitimidade e interesse de agir. A falta de possibilidade jurídica estaria
incluída na ausência de interesse de agir.

 Possibilidade Jurídica:

É determinada por critério de exclusão, ou seja, tudo que não é


vedado na legislação é passível de requerimento.

É a condição executiva em que temos a abstrata possibilidade de


obter, em via judicial, o acesso ao bem desejado.

É impossível a demanda quando:

a) O resultado que o demandante postula, em tese, for impossível de ser


alcançado.

Ex: Prisão do devedor fora das exceções que a permitem.

b) O meio executivo for inadmissível.

Ex: Penhora de bem público.


OBS: A impossibilidade executiva está diretamente ligada às limitações
políticas e naturais.

 Interesse de Agir:

É a condição da ação que está ligada diretamente à necessidade e


adequação.

A necessidade é a utilidade do provimento jurisdicional pretendido


pelo demandante através de via própria. Está ligada ao inadimplemento.

A adequação do provimento pleiteado, que na execução se verifica


mediante a existência do título e a sua espécie.

 Legitimidade Ad Causam:

É a condição que determina se a parte possui ou não qualidade


necessária para ocupar o pólo ativo ou passivo da relação processual
executiva.

Nomenclaturas:

Autor  Credor  Exeqüente

Réu  Devedor  Executado

 Espécies de Legitimidade:

a) Ativa / Passiva:

A ativa refere-se a quem possui as características necessárias para


ocupar o pólo ativo da relação processual.

A passiva, a quem ocupa o pólo passivo da relação processual.

b) Ordinária / Extraordinária:
A ordinária se faz presente sempre que alguém em nome próprio
defende interesse próprio.

A extraordinária, quando alguém defende em nome próprio interesse


alheio.

Os casos de legitimidade extraordinária dependem de expressa


autorização legislativa (Artigo 6º do CPC). É também conhecida como
legitimidade anômala ou indireta.

c) Primária / Superveniente:

Será primária quando o credor / devedor vier descrito no corpo do


título executivo; decorre diretamente da obrigação reconhecida ou constituída
(Alcides Mendonça Lima).

Será superveniente quando o legitimado for estranho à formação do


título, estranho à formação da relação jurídica de direito material (é o caso do
sucessor do crédito) e defender direito próprio por força de transmissão de
direito.

 Hipóteses de Legitimidade Ativa na Execução:

a) Artigo 566, inciso I do CPC : Credor

Possui legitimidade ativa ordinária primária por excelência, pois é o


titular da posição jurídica de vantagem narrada na demanda.

É previsto no título executivo e defende interesse próprio em nome


próprio.

Embora seja legitimado, o credor deve ter capacidade para estar em


juízo e a falta de capacidade é sanada pela assistência ou pela
representação.

b) Artigo 566, inciso II do CPC: Ministério Público

Possui legitimidade ativa extraordinária, ou seja, defende interesse


alheio em nome próprio.
OBS: A legitimidade do MP é traduzida da seguinte forma (Professor Marcus
Destefenni):

 Sempre que o MP for legitimado extraordinário para a ação de


conhecimento, será
legitimado para a fase executiva da decisão judicial (Artigo 81 do CPC);

 Em algumas hipóteses, a lei confere ao MP a legitimidade para promover


a execução, de forma exclusiva, ou seja, não há legitimidade para a ação de
conhecimento.

Ex: Ação Popular; Artigo 16 da Lei nº 4717/65.

ATENÇÃO!

Diferença entre Substituição Processual e Legitimidade Extraordinária:

“A substituição processual é espécie do gênero legitimação extraordinária e


existe quando ocorre uma efetiva substituição do legitimado ordinário pelo
extraordinário, nos casos de legitimação extraordinária autônoma e exclusiva
ou nas hipóteses legitimação autônoma concorrente, em que o legitimado
extraordinário age em razão da omissão do legitimado ordinário, que não
participou do processo como litisconsorte. Não se admite a substituição
processual e litisconsórcio do legitimado extraordinário.”

Fred Didier Jr.

OBS: O Artigo 68 do CPP não foi recepcionado pela CF /88. Logo, o


Ministério Público não tem legitimidade para propor a demanda indenizatória
aos hipossuficientes. A representação cabe a Defensoria Pública ou aos
Advogados (Artigo 129, inciso X e Artigo 133 da Constituição Federal).

c) Artigo 567, inciso I do CPC: Espólio, Herdeiros e Sucessores

É hipótese de legitimação ativa ordinária superveniente, pois as


figuras previstas no texto legal são estranhas à formação do título executivo e
podem ocorrer antes ou depois de iniciada a execução.

O credor deverá comprovar esta qualidade, mediante documento


hábil.

É hipótese de sucessão causa mortis.


 Espólio:

É a universalidade jurídica composta pelo patrimônio do “de cujus”,


enquanto não ocorrida a partilha entre sucessores.

Não é pessoa, mas a lei lhe confere capacidade para ser parte.

O espólio é representado, ativa e passivamente, em juízo por seu


inventariante. (Artigo 12, inciso V do CPC) ou, excepcionalmente, pela
totalidade de seus herdeiros (Artigo 12, & 1º do CPC).

OBS: Por que a qualidade de legitimado é conferida ao espólio?

R: Porque o direito de ação também compõe a herança (Artigo 90 e 91 do


Código
Civil). Contudo, a legitimidade do espólio só se configura até a
homologação da
partilha, visto que, até esse momento, o monte hereditário (patrimônio do
credor) é
indivisível.

 Herdeiros e Sucessores do Morto:

Herdeiro:

É aquele que recebe a massa patrimonial do autor da herança


(sucessor universal).

Sucessor:

É aquele beneficiado no testamento, que recebe bem individualizado


(sucessor singular).

Com a morte, os herdeiros adquirem a propriedade dos bens, inclusive


do título executivo; já os sucessores, só adquirem o direito de exigir a coisa
legada.

Após a partilha o herdeiro tem legitimidade, dentro do limite de seu


quinhão, de promover a execução ou nela prosseguir. O sucessor apenas
passa a ter a legitimidade após a entrega da coisa legada.

OBS: O Formal de Partilha constitui documento hábil para que o sucessor


singular exija a entrega da coisa legada.

d) Artigo 567, inciso II do CPC: Cessionário

Cessionário:

É aquele que adquire direitos e obrigações através do negócio jurídico.


É o beneficiário do ato inter vivos (cessão de crédito), seja oneroso, seja
gratuito.

Possui legitimidade ordinária superveniente para iniciar a execução


ou nela prosseguir, devendo comprovar sua qualidade de cessionário,
exibindo o instrumento de cessão.

OBS: Créditos que não podem ser cedidos:

 Créditos Previdenciários, por vedação legal;

 Crédito Alimentar, por possuir natureza personalíssima;

 Por convenção entre as partes.

O devedor deve ter ciência de quem é o seu novo credor, para


que pague a pessoa correta.

e) Artigo 567, inciso III do CPC: Sub-Rogado

Possui legitimidade ativa ordinária superveniente, devendo


demonstrar a qualidade de credor, comprovando a existência de sub-
rogação.

Sub-Rogação:
Significa colocar-se no lugar de outro. O credor sub-rogado é aquele
que paga a dívida de terceiro assumindo todos os direitos, ações, privilégios,
garantias do credor antigo contra o devedor principal e seus fiadores.
A legitimidade do credor sub-rogado existe tanto para as hipóteses de
sub-rogação legal (Artigo 346 do C.C.) quanto para a sub-rogação
convencional (Artigo 347 do C.C.)

 Hipóteses de Legitimidade Passiva na Execução:

a) Artigo 568, inciso I do CPC: Devedor

Possui legitimidade passiva ordinária primária, por excelência.

É aquela pessoa descrita no título executivo, que assume o


cumprimento de determinada prestação.

É o titular da posição jurídica de desvantagem narrada na demanda.


Por força de lei, deve solver a obrigação (Marcus Destefenni).

b) Artigo 568, inciso II do CPC: Espólio, Herdeiros e Sucessores

Possuem legitimidade passiva ordinária superveniente (aplica-se a


regra da legitimidade ativa).

OBS: Pode haver substituição da demanda executiva por habilitação nos


autos do inventário, desde que haja concordância do inventariante ou
herdeiros.

Sem a anuência, instaura-se a execução, e a penhora é feita no rosto


dos autos do inventário.

c) Artigo 568, inciso III do CPC: Novo Devedor

Possui legitimidade passiva ordinária superveniente, havendo


necessidade de demonstrar sua nova qualidade de devedor.
A cessão de crédito é comum no ordenamento jurídico e no cotidiano
das relações jurídicas, mas a cessão de dívidas não é tão comum, porque
alguém está assumindo o lugar de devedor no lugar de outro (Assunção de
dívidas).

Como não é comum, a lei faz previsão do consentimento do credor,


para que terceiro assuma a condição de devedor, no lugar do devedor
originário. Dessa forma, pretende-se evitar que a execução seja frustrada
(Araken de Assis).

d) Artigo 568, inciso IV do CPC: Fiador Judicial

“É aquele que presta, no curso do processo, garantia pessoal ao


cumprimento da obrigação de uma das partes (...). O fiador judicial responde
pela execução sem ser o obrigado pela dívida e a execução contra ele não
depende de figurar o seu nome na sentença condenatória.”

Humberto Theodoro Júnior

OBS: Qual a natureza da legitimação do Fiador Judicial? Há divergência


doutrinária, a saber:

1ª Corrente:

Para Cândido Rangel Dinamarco, é hipótese de legitimidade passiva


ordinária, uma vez que, ao prestar fiança, o fiador se torna, como qualquer
outro fiador, titular de uma obrigação acessória e subsidiária. Logo, autêntico
devedor e não mero responsável.

2ª Corrente:

Para Araken de Assis, Alexandre Câmara e Humberto Theodoro


Júnior, é hipótese de legitimação extraordinária, uma vez que deve ser feita
a diferença entre dívida e responsabilidade. A dívida é decorrente da
relação jurídica de direito material e a responsabilidade, de direito processual.
Já que o fiador não assumiu a obrigação de cumprir a prestação e mesmo
assim tem seus bens sujeitos à responsabilidade patrimonial, é o caso de
legitimidade extraordinária.

OBS: E o Fiador Convencional?

É considerado, pela doutrina, como devedor e possui legitimidade


passiva para ocupar o pólo passivo da execução, desde que tenha
renunciado ao benefício de ordem e assumido a condição de devedor
solidário.

Se não renunciou o benefício de ordem, continua tendo legitimidade


para ocupar o pólo passivo da execução, porém pode indicar os bens do
devedor originário para a responsabilidade patrimonial.

Para Sérgio Bermudes, contra o fiador convencional não cabe


execução sem prévia condenação por sentença.

e) Artigo 568, inciso V: Responsável Tributário

Possui legitimidade passiva extraordinária, uma vez que o devedor


principal é o sujeito passivo da relação jurídica tributária.

A lei inclui o responsável tributário como legitimado pela execução, a


fim de garantir o interesse público. ( Ver Artigo 121, Parágrafo Único do CTN)

b) Pressupostos Processuais:

“São aqueles elementos, requisitos e fatores de admissibilidade do


processo regular, cuja presença enseja a emanação do procedimento válido
e eficaz sobre o mérito.”

Alexandre Câmara

 Modalidades dos Pressupostos:

a) Existência:

Propositura da demanda executiva; juiz regularmente investido de


jurisdição (Competência determinada pela Constituição Federal).

b) Validade:

Demanda regular; capacidade da parte; inexistência de fatores


externos impeditivos; competência ( há discussão doutrinária sobre a
aceitação da competência como pressuposto processual).

c) Inadimplemento:
“É a qualidade do devedor que não cumpriu, na forma, lugar e tempo
devidos, a obrigação ou o direito.”

Arake
n de Assis

 Artigo 580 do CPC

“É a qualidade do devedor que não satisfaz, espontaneamente, o direito


reconhecido pela sentença ou a obrigação, a que a lei atribuir eficácia de
título executivo.”

Marcus Destefenni

OBS: Para Cândido Rangel Dinamarco, o inadimplemento não está ligado à


condição da ação interesse de agir, mas está ligado ao próprio mérito da
demanda.
Assim, se não configurado o inadimplemento, a demanda não deve ser
extinta com base no Artigo 267, inciso IV do CPC, mas com base no Artigo
269, inciso I do mesmo Código, ou seja, a improcedência do pedido.

Para ele, a condição da ação é observada pela Teoria da Asserção.

Trata-se, pois, de corrente minoritária.

OBS: Diferença entre Inadimplemento e Mora

Mora é o não cumprimento da obrigação pelo modo, lugar ou tempo


em que deveria ter sido cumprida, mas, havendo o interesse do credor, há
sempre a possibilidade de cumprimento posterior ao momento adequado,
seja através da sub-rogação, por ato do devedor ou por ato de terceiro.

A mora do devedor é chamada de Mora Debitoris.

OBS: Obrigação vencida é obrigação exigível.


 Artigo 581 do CPC: Recusa do Credor

Se o devedor cumpre a obrigação, o credor não pode iniciar ou


prosseguir na execução, visto haver uma das condições da ação, qual seja:
interesse de agir.

Contudo, o credor não está obrigado a receber coisa diversa da


acordada, conforme determina o Artigo 313 do Código Civil de 2002. É a
chamada recusa de prestação diversa, não podendo o credor ficar sujeito à
mora.

OBS: O credor pode recusar o recebimento da prestação diversa, porém se


não existir motivo econômico ou jurídico para a recusa da prestação
cumprida pelo devedor, o próprio credor estará sujeito à mora. É
chamada de Mora Accipiendi.

 Artigo 572 do CPC: Obrigação sujeita a termo ou condição

Condição: É o evento futuro e incerto

Termo: É o evento futuro e certo (normalmente ligado a datas).

Só é lícito ao credor cobrar o cumprimento da prestação se


demonstrada a ocorrência do termo ou da condição, pois enquanto não
vencido o termo ou a condição, não existe a obrigação vencida e, logo, não é
exigível (não se fala em inadimplemento).

Assim, estará faltando uma condição da ação: interesse de agir, no


requisito necessidade.

Se não comprovada a ocorrência do termo ou da condição, a


execução é nula, conforme regra o Artigo 618, inciso III do CPC.

 Artigo 582 do CPC: Contraprestação devida pelo exequente

“Ocorre quando há obrigação para ambas as partes no título único. As


partes são, ao mesmo tempo, devedoras e credoras entre si.”

Araken de Assis

No Direito Civil, é a chamada Exceção do Contrato não Cumprido


(Exception non Adimpleti Contractus), ou seja, só é lícita a cobrança por
aquele que já cumpriu a sua parte na obrigação.

Se o exequente assumiu a obrigação no mesmo título em que outra


pessoa é executada de outra obrigação, só será lícita a execução se aquele
que executa já cumpriu sua prestação, sob pena de falta de interesse de
agir: necessidade.

OBS: O Artigo 582, Parágrafo Único do CPC diz que, se o executado não
quiser se opor à execução e cumprir de imediato a obrigação, poderá fazê-lo
através de depósito de bem ou da prestação (coisa e dinheiro), ficando o
processo suspenso e sendo permitido ao exequente receber o bem após a
comprovação do cumprimento da sua parcela da obrigação.

d) Título Executivo

1- Conceito:

1.1- Teoria do Ato : Corrente Minoritária

“É um ato ou fato jurídico indicado em lei como portador do efeito de


tornar adequada a tutela executiva em relação ao direito a que se refere.”

Cândido Rangel Dinamarco

1.2- Teoria do Documento : Corrente Majoritária

“É o documento a que a lei atribui eficácia executiva.”

Araken de Assis

OBS: Ato jurídico é a conduta humana voluntária, capaz de produzir, nas


esferas de direitos das pessoas, os efeitos programados por aquele que o
produziu.

Fato jurídico é o acontecimento da natureza ou da conduta humana


em que a lei agrega os efeitos.

OBS: Eficácia jurídica é a aptidão para produzir o efeito e fazer incidir sobre o
devedor a responsabilidade patrimonial (sujeição de seu patrimônio para a
satisfação do direito de crédito).

2- Função:

Completar a condição da ação (interesse de agir), no tocante à


adequação, possibilitando o exequente propor a demanda executiva (Artigo
580 do CPC).

OBS: Aplica-se o Princípio da Tipicidade, ou seja, o Título Executivo é


sempre previsto em lei.

3- Classificação do Título Executivo:

3.1- Título Executivo Judicial:

É aquele formado através de um processo, mesmo que não seja


judicial. Encontra-se previsto no Artigo 475-N do CPC, que possui rol
taxativo.

3.2- Título Executivo Extrajudicial:

É formado fora do processo e pode ser:

a) Particular:

É aquele que surge de negócio jurídico privado celebrado entre as


partes.

b) Público:
É constituído através de documento oficial, emanado pelo Poder
Público. Encontra-se previsto no Artigo 585 do CPC e apresenta rol
enumerativo.

4- Requisitos do Título Executivo: Obrigações previstas no Título

4.1- Substanciais: Artigo 586 e 618, inciso I do CPC.

a) Certeza:

Significa que o título deve apresentar obrigação perfeitamente


identificada em seus elementos, ou seja, a obrigação deve demonstrar quem
são seus sujeitos (ativo e passivo), a sua natureza e seu objeto.

b) Exigibilidade:

Ocorre quando comprovado o vencimento da obrigação, sem o seu


cumprimento.

c) Liquidez:

É a possibilidade de se determinar o valor devido (Quantum


Debeatur), ou a coisa ou a obrigação (An Debeatur) devida, em sua
quantidade ou generalidade.

OBS: O Título Executivo Extrajudicial sempre deverá apresentar os três


requisitos supracitados, sob pena de nulidade da execução (Artigo 618, inciso
I do CPC).

O Título Executivo Judicial poderá apresentar liquidez postergada,


ou seja, a liquidez do título poderá ser aferida em momento posterior, qual
seja, liquidação de sentença.

4.2- Formais:

a) Forma prevista em lei:


O título Executivo deverá ser confeccionado conforme previsão legal.
Em havendo Lei Especial que regulamente a matéria, esta deverá ser
observada.

Ex: Cheque, Nota Promissória, Escritura Pública...

b) Escrito:

O Título Executivo é sempre previsto na forma de documento.

OBS: Para Teori Zavascki, existe a espécie de Título Misto, que são “aqueles
que a norma jurídica individualizada tem seus elementos integrativos
representados por documentação: em parte de origem extrajudicial e em
parte com certificado judicial.”

Ex: Execução da obrigação sujeita a termo ou condição; que é composta por


sentença
a respeito da relação obrigacional e por prova extrajudicial da ocorrência
do
termo ou da condição; cessão de crédito constituído em sentença.
OBS: O contrato de locação verbal não é título hábil a dar ensejo à demanda
executiva.

Neste caso, será necessária a propositura de demanda de


conhecimento.

c) Original:

Quando se tratar de título executivo extrajudicial, na forma do Artigo


614, inciso I do CPC.

A doutrina e a jurisprudência admitem que a execução seja


instruída com a cópia do título, sempre que não causar prejuízo para a
defesa do executado ou não importe em insegurança jurídica ( Ver Artigo 365,
Caput do CPC).

5- Modalidades de Título Executivo Judicial: Artigo 475-N do CPC


a) Artigo 475-N, inciso I do CPC: Sentença Cível

“Aquela que impõe ao vencido o cumprimento de uma prestação de


dar, fazer ou não fazer.”

OBS: A doutrina e a jurisprudência majoritária entendem que a expressão


sentença, foi utilizada pelo legislador em sentido amplo, ou seja, inclui a
decisão interlocutória e o acórdão condenatório, este último em razão da sua
característica de substantividade da sentença de primeiro grau.

OBS: Em pese alguns entendimentos em sentido contrário, a doutrina vem


afirmando que a sentença meramente declaratória não é considerada título
executivo judicial, pois não impõe o cumprimento de uma obrigação. Neste
sentido a decisão do STJ, no Agravo Regimental nos Embargos de
Declaração do Recurso Especial 796343/PE, cujo acórdão é da lavra do Min.
Celso Lomingi:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO JÁ
RECONHECIDO EM ACÓRDÃO TRANSITADO EM JULGADO.
EFICÁCIA EXECUTIVA DE SENTENÇA DECLARATÓRIA.
PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE
FAZER.
1. É possível executar sentença declaratória com conteúdo
nitidamente condenatório, como é o caso dos autos, em que foi
reconhecido aos servidores o direito à percepção e incorporação da
gratificação de raio-x. Isto por ser desnecessário iniciar-se uma
nova ação de conhecimento para rediscutir um direito que já foi
proclamado em ação anterior. Tal procedimento seria não só inútil,
mas, principalmente, afrontoso aos princípios da economia e
celeridade processual e à própria Jurisdição.
2. Nego provimento ao agravo regimental.

b) Artigo 475-N, inciso II do CPC: Sentença Penal Condenatória

O Artigo 91, inciso I do Código Penal, diz que torna certa a obrigação
de indenizar o dano causado pelo crime.

É efeito secundário da sentença penal condenatória, que deve ter


transitado em julgado (sentença irrecorrível).

Para a doutrina é título executivo ilíquido, isto é, a sentença penal é


levada a conhecimento do juízo cível, a fim de apurar o quantum
indenizatório (mediante liquidação de sentença), para depois ser possível a
prática de atos executivos.
OBS: Revisão Criminal:

É ação autônoma de impugnação, que visa desconstituir a coisa


julgada e que pode ser proposta a qualquer tempo. É ação exclusiva da
defesa.

 Se a revisão criminal for proposta antes ou no curso da execução e


se o pedido for julgado procedente, a execução deve ser extinta por falta
de título executivo.

A sentença meramente declaratória, não admite execução, segundo


Alexandre Câmara e Cândido Dinamarco.

Com posicionamento contrário, Ernani Fidelis e Fred Didier Júnior,


afirmam ser as sentenças mandamentais são executáveis.

Para a primeira corrente, a sentença mandamental é espécie de


sentença condenatória.

 Se a revisão criminal é proposta após a execução, deve-se observar


que:

a) Se for julgada procedente, para reconhecer fato que não exclui a


responsabilidade civil, a exemplo, a prescrição, não há repetição de
indébito em favor do executado.

b) Se for julgada procedente para reconhecer fato que exclui a


responsabilidade civil, a exemplo, a negativa de autoria ou a legítima
defesa, há a repetição de indébito em favor do executado.

 Se a revisão criminal for proposta após o prazo de dois anos, em que


seria cabível a propositura de ação rescisória, os efeitos da sentença
penal condenatória produzirá efeitos da coisa soberanamente julgada para
fins civis, logo não se fala em repetição de indébito em favor do
executado, por questão de segurança jurídica.

c) Artigo 475-N, inciso III do CPC: Sentença Homologatória de


Transação e Conciliação

 Homologação de transação:

É o ato judicial que homologa negócio jurídico celebrado entre as


partes do processo como meio de autocomposição do conflito de interesses
existente entre eles, quando já existente demanda judicial.

 Homologação de Conciliação:

É a forma de autocomposição do conflito alcançada em audiência, em


que o acordo celebrado imponha cumprimento de prestação pelas partes ou
por uma delas.

d) Artigo 475-N, inciso IV do CPC: Sentença Arbitral

É decisão proferida por árbitro, quando a solução do conflito que tenha


sido levado ao juízo arbitral.

O Artigo 31 da Lei nº 9307/96, equiparou a sentença arbitral à eficácia


da sentença judicial, já que não necessita de homologação pelo Judiciário,
garantindo o acesso à justiça, conforme Artigo 18 da Lei de Arbitragem.

e) Artigo 475-N, inciso V do CPC: Acordo Extrajudicial Homologado

É espécie de autocomposição do conflito, em que as partes celebram


acordo antes da propositura de demanda judicial e levam a conhecimento do
Poder Judiciário o teor da sua manifestação de vontade.

f) Artigo 475-N, inciso VI do CPC: Sentença Estrangeira Homologada


pelo STJ

Para que a sentença estrangeira possa produzir efeitos em território


nacional, é necessária a emissão de ato por parte do Poder Judiciário
Brasileiro. Necessário, ainda, que a sentença estrangeira seja condenatória.

O STJ não fará juízo de mérito acerca do conteúdo da sentença


estrangeira, mas apenas Juízo de Delibação, em que verificará se o
processo obedeceu sua regularidade formal e se a sentença estrangeira
respeita nosso ordenamento jurídico, os bons costumes e a ordem pública.

g) Artigo 475-N, inciso VII do CPC: Formal e Certidão de Partilha


O título executivo refere-se ao ato estatal da adjudicação do quinhão
sucessório, já que fato jurídico.

Produz efeitos apenas para inventariante, herdeiros e legatários.

Se o bem estiver de posse de terceiro, necessária a propositura de


ação de conhecimento.

OBS: Não admite a modalidade das obrigações de fazer e não fazer.

6- Modalidades de Título Executivo Extrajudicial : Artigo 585 do CPC

a) Artigo 585, inciso I do CPC: Letra de Câmbio, Nota promissória,


Duplicata, Debênture e Cheque.

São títulos de crédito que dão ensejo à execução cambial, devendo


ser observada a forma de constituição do título executivo de acordo com a
legislação especial.

Outro requisito que deve ser observado é o prazo prescricional para a


propositura da execução, previsto em legislação extravagante.

b) Artigo 585, inciso II do CPC: Instrumento Público, Instrumento


Particular e Transação Extrajudicial Referendada.

É o ato de reconhecimento da existência de obrigação de qualquer


natureza e direito.

OBS: O analfabeto e o impossibilitado de assinar, apenas podem utilizar a


forma de Instrumento Público.

OBS: Dependendo do Instrumento Particular, a jurisprudência vem admitindo


a mitigação da obrigatoriedade de testemunhas na apresentação do título
executivo.

c) Artigo 585, inciso III do CPC: Contratos de Penhor, Hipoteca,


Anticrese, Caução e Seguro de Vida
A exceção do último, são contratos que envolvem direito real de
garantia, que visam a garantir a responsabilidade patrimonial.

Anticrese:

É o direito real sobre coisa alheia, em que o credor recebe a coisa,


ficando autorizado a perceber frutos e imputá-los no pagamento da dívida.

OBS: O Seguro DPVAT, regulado pelo Decreto Lei nº 814/69 e para a


doutrina majoritária, não está incluído no rol do Artigo 585 do CPC, uma vez
que deriva de mandamento legisferante e não de documento hábil à
propositura de ação de execução.

O Professor Araken de Assis, de forma minoritária, afirma que o


Seguro DPVAT pode ser objeto de ação de execução, por tratar-se de seguro
obrigatório de vida e de acidentes pessoais.

OBS: A nova redação dada pela Lei nº 11382/06, que suprimiu o Seguro de
Vida e Acidentes Pessoais, tem sido objeto de crítica da doutrina (J. E.
Carreira Alvim), uma vez que os contratos de seguro são escritos e
apresentam a segurança jurídica necessária e esperada do título executivo.

d) Artigo 585, inciso IV do CPC: Crédito decorrente de Foro e Laudêmio

Foro:

É a contraprestação anual devida ao proprietário do imóvel cedido em


enfiteuse, que deve ser paga pelo enfiteuta (aquele que adquire o domínio útil
do bem).

Laudêmio:

Valor devido em razão da transferência dos direitos de enfiteuta a


outrem.

O Novo Código Civil proibiu a criação de novas enfiteuses e


subordinou as já existentes ao Código Civil de 1916, até sua extinção por
completo.

e) Artigo 585, inciso V do CPC: Crédito decorrente de aluguel de imóvel,


encargos e acessórios.

O título executivo é o documento comprobatório do aluguel, ou seja, o


contrato de locação por escrito.

Se a locação é verbal, não cabe ação de execução, mas de


conhecimento.

OBS: As despesas de condomínio só podem incluir as modalidades


ordinárias, pois as extraordinárias ficam a cargo do proprietário do bem.

OBS: O contrato só é documento hábil à demanda executiva quando o


sujeito ativo for locador e o sujeito passivo, locatário.

O condomínio necessita de ação de conhecimento, pelo rito sumário,


conforme reza o Artigo 275, inciso II, alínea b do CPC, para cobrar o débito
de cotas condominiais.

f) Artigo 585, inciso VI do CPC: Créditos dos Serventuários da Justiça

Os serventuários podem ser permanentes e eventuais. O texto da lei


faz referência, apenas, ao serventuário auxiliar da justiça eventual.

OBS: A doutrina critica a classificação desse crédito como extrajudicial, uma


vez que formalizado mediante decisão judicial, homologa o valor dos
honorários periciais.

Logo, se formado mediante decisão judicial, deveria sujeitar-se às


regras de cumprimento de sentença e não de execução forçada por título
extrajudicial.(J. E. Carreira Alvim)

g) Artigo 585, inciso VII do CPC: Dívida Ativa

A inscrição da dívida ativa, com a emissão da competente certidão, dá


ensejo à execução fiscal, que seguirá os moldes da Lei nº 6830/80 – LEF.
A dívida ativa constitui-se na cobrança feita pela pessoa jurídica de
Direito Público e suas autarquias em face do particular, tendo por objeto
dívida fiscal.

h) Artigo 585, inciso VIII do CPC: Demais Títulos

Todos os documentos a que a lei atribuir eficácia executiva; a


exemplo, decisão do Tribunal de Contas.

9- LITISCONSÓRCIO NA EXECUÇÃO

9.1- Conceito de Litisconsórcio:

É a pluralidade de partes, seja no pólo ativo, seja no pólo passivo da


demanda.

9.2- Espécies de Litisconsórcio:

9.2.1- Litisconsórcio Ativo, Passivo e Misto:

O ativo ocorre quando há pluralidade no pólo ativo; o passivo, quando


há pluralidade de réus (executados e o misto, quando em ambos os pólos da
demanda há pluralidade de partes.

9.2.2- Litisconsórcio Necessário e Facultativo:

O necessário existe quando for obrigatória a pluralidade de partes em


razão de lei ou em decorrência da natureza da obrigação; o facultativo,
ocorre quando a lei permite que as partes escolham formar ou não o
litisconsórcio.

9.2..3- Litisconsórcio comum (simples) e Qualificado (Assistencial):

O comum ocorre quando não há possibilidade do conteúdo da


sentença ser igual a todos os litisconsortes; o qualificado, possui a
possibilidade do conteúdo da decisão ser o mesmo para todos os
litisconsortes.

OBS: Regras do Litisconsórcio na Execução:

 A doutrina admite litisconsórcio em qualquer pólo da demanda executiva,


desde que exista crédito ou débito comum;

 A regra é que o litisconsórcio na execução seja facultativo;


 O litisconsórcio será passivo e necessário quando houver concurso
universal de devedores na insolvência civil. É mais comum o litisconsórcio
necessário passivo, quando a penhora atingir bem de pessoa casada.
10- INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA EXECUÇÃO

10.1- Conceito de Terceiro:

É aquele que é estranho à demanda. Não é demandante, não é


demandado. Não faz parte da relação jurídica discutida.

10.2- Conceito de Intervenção de Terceiro:

Ocorre quando o terceiro, de qualquer forma, passa a ser parte do


processo, ou seja, passa a participar da relação jurídica processual.

10.3- Espécies de Intervenção de Terceiros:

Pode ser Voluntária, ocorrendo quando o terceiro, de livre vontade,


ingressa na relação processual.

Será Forçada, quando o terceiro é chamado a manifestar-se na


relação jurídica processual, independente de sua vontade.

10.4- Modalidades de Intervenção de Terceiros:

10.4.1- Denunciação à Lide:

Visa garantir direito de regresso, conforme Artigo 70 e seguintes do


CPC.

10.4.2- Nomeação à autoria:

Visa corrigir o pólo passivo da demanda. Depende da dupla aceitação


(Autor e Nomeado), para ser possível. Encontra-se sedimentada nos Artigos
62 e 63 do CPC.

10.4.3- Chamamento ao Processo:

É o modo pelo qual se traz o co-devedor a participar da demanda,


conforme Artigo 77 e seguintes do CPC.
10.4.4- Oposição:

Ocorre quando o terceiro se diz titular do direito ou da coisa em litígio.


Encontra-se formalizada no Artigo 56 e segmentos do CPC.

10.4.5- Recurso de Terceiro:

Ocorre quando o terceiro não participou da demanda de


conhecimento, mas foi por ela atingido, conforme reza o Artigo 499 do CPC.

10.4.6- Assistência:

Ocorre quando o terceiro que tem interesse jurídico na relação, auxilia


uma das partes a sair vencedora da demanda e encontra-se fundamentado
no Artigo 50 e segmentos do CPC.

OBS: Qual espécie de Intervenção de Terceiros é aceita na Execução?

Em regra, nas formas de Intervenção de Terceiros, quando o terceiro é


admitido na demanda, passa ele a buscar uma decisão de mérito para si.

Contudo, a Assistência ( que não é classificada pelo CPC como


Intervenção de Terceiros) é a única modalidade em que o terceiro não busca
decisão de mérito para si, já que não fala em nome próprio, buscando apenas
auxiliar uma das partes.

Assim, para a doutrina majoritária (Araken de Assis, Alexandre


Câmara, Cândido Rangel Dinamarco, Marcus Desteffeni), apenas a
assistência é permitida na Execução, visto nesta, também, não haver
decisão de mérito, contendo apenas decisão que reconhece direito de
crédito já existente, promovendo, assim, meio de cumprimento da
obrigação.

Para o Professor Humberto Theodoro Júnior (posição minoritária), a


assistência apenas é permitida na execução se houver defesa do
executado mediante embargos do devedor, pois este tem natureza jurídica
de ação autônoma de impugnação (ação de conhecimento), que permite a
participação de um terceiro juridicamente interessado em auxiliar uma das
partes.

11- COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO


11.1- Conceito:

“È o conjunto de limites dentro dos quais cada órgão judiciário pode exercer a
jurisdição. É a distribuição lógica da competência.”

Ada Pelegrini

11.2- Critérios de Fixação da Competência:

Critérios Relativos (interesse particular): Valor da Causa e


Territorial.

Critérios Absolutos (interesse público): Em razão da matéria, em


razão da pessoa e funcional.

11.3- Competência no Processo de Execução:

 POR TÍTULO JUDICIAL:

1- Artigo 475-P, inciso I do CPC: Tribunais

Os Tribunais apresentam dois tipos de competência, a saber:

a) Competência Originária:

Para as demandas que devem ser propostas diretamente no segundo


grau de jurisdição.

b) Competência Recursal:

Para apreciação de matérias já decididas em primeiro grau de


jurisdição.

A norma do Artigo 475-P, inciso I do CPC, determina a competência ao


JUÍZO DA CAUSA em que foi formada a relação processual.

Assim, leva a critério absoluto, em razão das atribuições do juízo


(Critério Funcional) e a sua não observância leva à incompetência absoluta.

2- Artigo 475-P, inciso II do CPC: Juízo de Primeiro Grau de Jurisdição

A norma determina a competência ao JUÌZO DA CAUSA em que foi


formada
a relação jurídica processual.

Assim, leva a critério absoluto, em razão das atribuições do juízo


(critério funcional) e a sua não observância leva à incompetência absoluta.

OBS: O Artigo 475-P, Parágrafo Único do CPC, trouxe uma forma de


mitigação da regra prevista no Artigo 475-P, inciso II do CPC. Pelo primeiro,
é cabível a fixação da competência levando em consideração o local em que
se encontram os bens ou o local em que se encontra o executado. Assim,
criou uma hipótese de critério relativo (territorial), em relação ao segundo
supracitado.

3- Artigo 475-P, inciso III do CPC: Juízo Cível, quando o título for
Sentença Penal Condenatória, Sentença Arbitral e Sentença Estrangeira.

3.1- Sentença Penal Condenatória transitada em julgado:

O lesado utiliza a sentença penal para fins indenizatórios, em que o


juízo cível será competente apenas para determinar o quantum
indenizatório mediante liquidação de sentença.

A sentença penal condenatória cria a certeza do dever de indenizar.

A competência será do juízo cível que julgaria a ação


indenizatória (ação de conhecimento), caso tivesse sido proposta.

Assim, o critério de competência é o critério geral previsto para a ação


de conhecimento: critério territorial.

Se houver incompetência, esta será relativa, argüida por exceção de


incompetência relativa.

OBS: Atualmente, o legislador efetuou alteração no artigo 387, IV do Código


de Processo Penal, permitindo ao juiz criminal fixar início de indenização no
corpo da sentença penal condenatória. O legislador teve a intenção de
promover a celeridade processual evitando que maiores discussões em torno
da condenação criminal sejam levadas a conhecimento do juízo cível com a
propositura de nova demanda. Entretanto, tal alteração legislativa trouxe
algumas repercussões no juízo cível, que serviram de fonte para uma
palestra promovida pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro em maio
de 2009, em foram palestrantes os professores Alexandre Câmara e Geraldo
Prado, que abordaram os seguintes aspectos da alteração legislativa
defendendo a inconstitucionalidade do novo artigo 387, IV do CPP:

a) Inicialmente o direito brasileiro adotou a divisão jurisdicional, em que a


jurisdição civil não se confunde com a penal e com a administrativa e com a
competência do juízo criminal para fixar indenização tal regra foi quebrada.

b) Em segundo lugar temos que o ofendido não possui legitimidade ativa no


juízo criminal, já que em regra o autor da ação penal é o Ministério Público.
Assim, o Ministério Público deveria ser investido de legitimidade ativa
extraordinária para formular o pedido de condenação do réu ao pagamento
de indenização em benefício do ofendido, sob pena da decisão condenatória
que fixa indenização sem pedido ofender os princípio do contraditório e da
ampla defesa.

c) Por fim, em termos de processo civil o professor Alexandre Câmara afirma


que haverá ofensa aos limites subjetivos da coisa julgada, haja vista que o
ofendido não participa do feito penal e se submeterá a coisa julgada penal.

d) Segundo o professor Geraldo Prado a nova regra do CPP trará ofensa ao


sistema acusatório, pois o mesmo juiz que terá a preocupação de garantir as
regras protetivas e a ampla defesa ao acusado penal deverá buscar e
determinar o processo no sentido de verificar a existência de dano ao
ofendido.

OBS: Em que pese os argumentos acima, o artigo 387, IV do CPP continua


em vigor e assim permanecerá a te que sobrevenha decisão do STF no
sentido de sua inconstitucionalidade. Defendendo a constitucionalidade do
aritgo, temos o texto do Professor Daniel Hertel afirmando que a regra trouxe
celeridade ao processo de um modo geral e que a competência do juízo cível
não está abalada, pois o juízo penal apenas pode fixar o início de
indenização podendo o ofendido (credor) buscar a complementação da
indenização diretamente no juízo cível como sempre foi. Admitida a
possibilidade de busca de complementação da indenização está será objeto
de liquidação por artigos no juízo cível antes de ser possível a prática de atos
de execução, pois será necessário a prova de fato novo, qual seja, a
continuidade do prejuízo ou o prejuízo não apurado no juízo criminal.

3.2- Sentença Arbitral:

A utilização do procedimento arbitral depende de prévia manifestação


de vontade das partes.

Uma vez decidida a demanda pelo árbitro eleito, as partes devem se


submeter ao cumprimento da referida decisão, sem que haja manifestação do
Poder Judiciário.

A sentença arbitral só é levada a conhecimento do Poder Judiciário em


hipótese de não cumprimento voluntário da sentença arbitral, ou seja, para
fins de execução, ou nas hipóteses de nulidade (Artigos 18, 31, 32 e 33 da
Lei nº 9307/96).

Não sendo cumprida voluntariamente a decisão arbitral, esta é levada


a conhecimento do Poder Judiciário para fins de execução e será
competente o juízo cível que teria competência para conhecer da
demanda originariamente, caso ela tivesse sido proposta perante o
Poder Judiciário. O critério estabelecido é o territorial.

3.3- Sentença Estrangeira:

É aquela proferida por órgão do Poder Judiciário, estranho ao território


nacional.

Só produz efeitos no território nacional, após homologação do STJ.

Uma vez homologada pelo STJ, a decisão deve ser cumprida e a


competência da justiça é prevista pela Lei Maior, em seu Artigo 109, inciso
X, segunda parte, ou seja, a competência é da Justiça Federal de primeira
instância e, em regra, leva em consideração o domicílio do réu. Logo, a
competência de foro é determinada pelo critério territorial.

OBS: Para Greco Filho, a execução dos títulos extrajudiciais estrangeiros


não depende de homologação pelo STJ.

Para que tenham eficácia executiva, basta que satisfaçam os


requisitos formais do país de origem e que escolham o Brasil como local de
cumprimento da obrigação.

A execução, neste caso, é da Justiça Comum. Observa, pois, o critério


territorial.

 POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL:

1- Artigo 576 do CPC:

Indica que a competência será determinada pelas regras do processo


de conhecimento.
Em regra, é estabelecida pelo critério territorial e, por este motivo, é
prorrogável, se não argüida a incompetência por via de exceção.

ORDEM:

 Foro de Eleição;

 Local do Cumprimento da Obrigação;

 Domicílio do executado.

2- Artigo 578 do CPC: Competência para a execução Fiscal.

A execução Fiscal é a demanda proposta pelo fisco em face do


particular em razão de débito fiscal.

A execução Fiscal é regulada pela Lei nº 6830/80 (LEF) e,


subsidiariamente, pelo CPC.

Como a LEF não faz previsão de competência, deve ser utilizado o


CPC, que faz previsão de critério territorial, ou seja, o domicílio do
executado.

OBS: A competência de justiça será determinada de acordo com o


exeqüente.

Ex: Para a União, Empresa Pública Federal, Autarquia Federal, a


competência de
justiça é a da Justiça Federal.

12- RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL E FRAUDES

12.1- Conceito:

“É a situação que permite a sujeição do patrimônio do devedor às


medidas executivas.”

Alexandre Câmara

12.2- Diferença entre Dívida e Responsabilidade:


12.2.1- Dívida:

É o dever jurídico de realizar a prestação, objeto da relação


obrigacional.

É o dever principal que pertence ao direito substancial (material).

12.2.2- Responsabilidade:

É a possibilidade de sujeição patrimonial do devedor ou de terceiro


que não adquiriu a dívida, mas adquiriu a coisa litigiosa, ou está na posse do
bem do devedor ou mantém relação com o devedor (sócio, cônjuge, fiador).

É elemento que pertence ao Direito Processual, conforme Artigo 592


do CPC.

A responsabilidade pode ser primária, aquela prevista ao devedor; ou


secundária; prevista ao terceiro responsável (Artigo 592 do CPC).

OBS: Pode haver dívida sem responsabilidade e vice-versa.

12.3- Bens Presentes e Bens Futuros: Artigo 591 do CPC

Há duas correntes doutrinárias, a saber:

1ª Corrente:

Para Humberto Theodoro Júnior, bens presentes são aqueles que


fazem parte do patrimônio do devedor no momento em que adquire a
obrigação e bens futuros são aqueles adquiridos após contrair a obrigação.

É corrente minoritária.

2ª Corrente:

Cândido Rangel Dinamarco, Araken de Assis e Alexandre Cãmara,


afirmam que bens presentes são aqueles que fazem parte do patrimônio do
devedor no momento em que é instaurada a demanda executiva e bens
futuros são aqueles adquiridos no curso do processo.

É corrente majoritária.
12.4- Fraudes:

12.4.1- Fraude contra Credores ou Fraude Pauliana:

“É a diminuição do patrimônio do devedor até torná-lo insolvente, ou


seja, o devedor passa a não ter mais bens suficientes para garantir o
cumprimento da obrigação.”

Alexandr
e Câmara

12.4.1.1- Requisitos:

 Dano  Eventus Damini Diminuição Patrimonial Elemento Objetivo

 Fraude Concilium Fraudis Vontade de causar o dano Elemento


Subjetivo

 Atos fraudulentos, que podem ser:

a) Atos gratuitos:

Presunção absoluta de fraude.

b) Atos onerosos:

É preciso que o devedor tenha, ao menos, potencial conhecimento de


que seu ato o tornará insolvente.

O adquirente deve ter conhecimento (efetivo ou presumido) de que o


devedor tornar-se-á insolvente.

12.4.1.2- Conseqüências:

O ato praticado é válido entre devedor e adquirente e ineficaz contra o


credor (Inoponibilidade).

OBS: Ineficácia Absoluta ou Relativa?

Absoluta:
Ocorre quando o ato válido só produz efeito se presente fator
extrínseco.

Ex: Testamento de pessoa viva.

Relativa:

Ocorre quando o ato válido é apto a produzir efeitos normais, contudo


não produz efeitos contra terceiro estranho ao ato praticado.

É o caso da Inoponibilidade.

OBS: A regra é que apenas os bens presentes e futuros fiquem sujeitos à


responsabilidade patrimonial.

Contudo, se ocorreu a fraude contra credores, o bem que deixar o


patrimônio do devedor antes da propositura da demanda, poderá ficar sujeito
à constrição judicial.

É a possibilidade de Responsabilidade Patrimonial Sob Bens


Passados , desde que tenha sido intentada a Ação Pauliana (demanda
destinada a atacar o ato praticado com a finalidade de desconstituí-lo.

12.4.2- Fraude de Execução:

É a modalidade de fraude na alienação ou oneração de bens, em que


não há necessidade de requisito subjetivo.

Depende de expressa previsão legal.

12.4.2.1- Requisito:

 Dano Eventus Damini Diminuição Patrimonial

12.4.2.2- Conseqüências:

O ato é válido entre devedor e adquirente, porém é ineficaz contra o


devedor.
12.4.2.3- Hipóteses de ocorrência:

12.4.2.3.1- Artigo 593, inciso I do CPC: Demanda fundada em direito real

Tem por finalidade evitar que o demandado original se retire do


processo e ingresse terceiro em seu lugar.

É inerente ao direito real o direito de seqüela, isto é, de perseguir o


bem em poder de quem quer que esteja na posse.

OBS: O bem será perseguido mesmo que o devedor tenha outro em seu
patrimônio; isto significa que pode haver a fraude de execução mesmo que o
devedor seja solvente.

12.4.2.3.2- Artigo 593, inciso II do CPC: Existência de demanda

A mera existência de demanda, capaz de tornar o devedor insolvente.


Poderá a demanda ser de conhecimento ou executiva.

OBS: Diz-se que na fraude de execução a ineficácia é originária, ou seja,


pode ser verificada nos próprios autos da execução, independentemente de
sentença declaratória em próprios autos.

Assim, o bem alienado continua sujeito à responsabilidade patrimonial.

O requisito é a existência de demanda em curso e que haja alienação


do bem do devedor que prejudique o credor, por não serem suficientes para o
adimplemento da obrigação (Marcus Destefenni).

OBS: Ponto marcante de Fraude de Execução:

A existência de demanda (litispendência): propositura da demanda


antes da citação (o credor deve demonstrar que o adquirente tinha ciência.

Citação válida: a fraude se configura de pleno direito (Posicionamento


de Araken de Assis: apenas nesta hipótese se configura a fraude).
12.4.3- Alienação de bem penhorado:

É a modalidade de alienação fraudulenta de bem praticada pelo


devedor, após a constrição judicial do bem.

Penhora:

É o ato de apreensão judicial, que tem por finalidade determinar os


bens sujeitos à execução.

Não tem o condão de retirar o bem da esfera do patrimônio do


devedor, mas apenas constitui um gravame sob o bem, que limita o direito de
disposição.

12.4.3.1- Conseqüências:

O ato é válido entre devedor e adquirente, porém ineficaz em relação


ao credor.

13- EXECUÇÃO PROVISÓRIA

13.1- Conceito:

É a execução fundada em decisão judicial pendente de julgamento de


recurso recebido só no efeito devolutivo (Artigo 475- I, & 1º c/c o Artigo 475-
O, ambos do CPC).

“É a execução que ainda não possui valor de caso julgado.”

Araken de Assis

OBS: Diferença entre Execução Definitiva e Execução Provisória

Execução Definitiva:

É aquela fundada em título executivo judicial transitado em julgado ou


em título extrajudicial (Artigo 587 do CPC).

 A execução pendente de ação rescisória é considerada, pela doutrina


majoritária, como DEFINITIVA, contudo é cabível tutela antecipatória cautelar
para suspender o curso da execução.

Execução Provisória:

Deve ser entendida como a possibilidade de os atos executivos


voltados à satisfação do exequente terem início embora ainda pendente de
solução, no Estado-Juiz, alguma medida voltada ao contraste do próprio título
executivo ou dos atos executivos praticados com base nele.

Trata-se da autorização para que um título executivo surta efeitos


concretos mesmo enquanto existem recursos pendentes de exame perante
as instâncias superiores.” (Artigos 475-I, &1º, 521 e 587 do CPC).

Cássio Scarpinella Bueno

13.2- Natureza Jurídica da Execução provisória:

É forma de antecipar a atividade executiva (Pontes de Miranda):


incidente processual.

13.3- Procedimento:

a) Artigo 475-O, incisos I e II do CPC:

A execução provisória inicia-se com o requerimento da parte


exequente, correndo por sua conta e risco, ou seja, em caso de reforma
(inclusive a anulação) da decisão que embasa a execução, responde pelos
prejuízos causados ao devedor.

OBS: A responsabilidade é objetiva, isto é, não se apura a existência de


dolo ou culpa do exequente.

Basta que estejam presentes os requisitos de dano e nexo de


causalidade.

Vejamos abaixo a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande


do Sul, nos autos do Agravo de Instrumento 70030843726, da lavra do Des.
Leo Lima:
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
LEVANTAMENTO DE VALOR. O art. 497, do CPC estabelece que
a interposição de recurso especial não impede a execução da
sentença. E, pelos arts. 475-I, § 1º e 475-O, do CPC, é possível a
execução provisória da sentença, a qual correrá por iniciativa,
conta e responsabilidade do exeqüente. O art. 475-O, § 2º, inc. II,
possibilita a dispensa da caução "nos casos de execução
provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo
Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo
quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave
dano, de difícil ou incerta reparação¿. Diante disso, não havendo,
no caso, óbice ao levantamento, pelo credor, do valor penhorado.
AGRAVO PROVIDO DE PLANO. (Agravo de Instrumento Nº
70030843726, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Leo Lima, Julgado em 02/07/2009)

OBS: A apuração dos eventuais prejuízos experimentados pelo devedor


em fase de execução provisória é feita nos mesmos autos, através de
liquidação por arbitramento.

Sofre crítica da doutrina, visto alguns entenderem que deve haver


postulação da reparação do prejuízo em autos próprios, pois exige a prática
de novos atos processuais.

OBS: Se a decisão for anulada ou reformada apenas em parte, somente os


termos não atingidos podem ser objetos de execução provisória (Artigo 475-
O, & 1º do CPC).

b) Artigo 475-O, inciso III do CPC: Caução

O exequente deve prestar caução para garantir possível lesão ao


executado em caso de reforma ou anulação da decisão que fundamenta a
execução provisória.

OBS: A Caução (garantia) pode ser real ou fidejussória, sendo determinada


pelo magistrado e devendo a mesma ser “suficiente”.

Se o magistrado não se sentir apto a determinar o tipo de caução,


pode ser determinada a realização de perícia.

OBS: Artigo 475-O, § 2º do CPC: Dispensa da Caução

A caução pode ser dispensada quando:


 Houver Estado de Necessidade: Alimentos, até salário de 60 salários
mínimos.

 Decisão fundada em Ato Ilícito cometido pelo devedor, até o limite de 60


salários mínimos. (Natureza de Alimentos decorrentes da Responsabilidade
Civil)

 Decisão que dependa de análise de Agravo de Instrumento a ser


julgado pelo Tribunal Superior, tem a finalidade de viabilizar a execução
em hipótese remota de reforma/anulação da decisão, desde que não cause
dano irreparável ou de difícil reparação.

c) Artigo 475-O, &3º do CPC: Documentos que instruem a Execução


Provisória (Carta de Sentença)

d) Natureza da decisão:

Possui natureza de Decisão Interlocutória.

e) Proibição de Execução Provisória:

É defeso a execução provisória contra a Fazenda Pública (Artigo 100


da Constituição Federal).

Entretanto, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro já proferiu decisão no


sentido de que é cabível a execução provisória em face da Fazenda Pública
com limitação apenas da expedição do Precatório antes do Trânsito em
Julgado da decisão condenatória.

AGRAVO DE INSTRUMENTOPedido de expedição de precatório


indeferido.Decisão proferida em sede de embargos à e-xecução
não transitada em julgado. Possibilidade de execução provisória
contra a Fazenda Pública. Impossibilidade de expedição de
precatório antes do trânsito em julgado.Inteligência do artigo 100, §
1°, da Carta Magna, com a redação determinada pela EC
30/2000.Manutenção da decisão guerreada. Decisão monocrática,
com fulcro no artigo 557 do Código de Processo Civil, negando
segui-mento ao recurso (Agravo de Instrumento, Des, Sergio Lúcio
Cruz autos número 2009.002.23030)

14- LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Artigos 475-A e 475-H do CPC


14.1- Conceito:

“É o instrumento pelo qual busca-se a liquidez de obrigação prevista


em Título Executivo Judicial, quando no momento da execução não era
possível determinar a sua liquidez.”
Araken de Assis
OBS: Para o prof. Cássio Scarpinella Bueno, em sua obra Curso
Sistematizado de Direito Processual Civil, vol. 3, afirma que qualquer título
executivo, judicial ou extrajudicial, pode ser passível de liquidação e que
portanto a nomenclatura usual de liquidação de sentença está errônea, sendo
o mais correto apenas LIQUIDAÇÃO

14.2- Natureza Jurídica: fase cognitiva anterior a prática de atos de


execução. Leva a instauração de um incidente resolvido por decisão
interlocutória. Tanto é fase cognitiva do cumprimento da decisão condenatória
de pagar quantia certa que a Lei 11.232/05 transferiu a liquidação para o
Livro I do CPP e revogou as regras existência acerca da matéria do Livro de
execução. Nos dizeres da Lei e da doutrina, basta a intimação do executado,
na pessoa do seu advogado (art. 475 A, § 1° do CPC), que dispensa novo
instrumento de procuração e dispensa a regra do artigo 38 do CPC, pois a
permissão de intimação é da própria lei, sendo certo que para Cássio
Sacarpinella Bueno a intimação é exigível apenas para as liquidações por
artigos e por arbitramento.

OBS: Em regra o que caracteriza a liquidação como fase processual é


dispensa e nova citação do devedor para responder aos termos da
liquidação. Entretanto, a depender da modalidade do título executivo,
principalmente o judicial, será necessária a citação do devedor, pois a
liquidação será a primeira fase processual, sendo necessário garantir-se o
contraditório e a ampla defesa, p.ex. sentença arbitral, sentença penal
condenatória, sentença estrangeira homologada – art. 475, II, IV e VI do
CPC.

OBS: Para Cássio Scarpinella Bueno, não cabe indagações acerca da


natureza jurídica da liquidação, se ação, se incidente processual, se processo
ou se procedimento. Na realidade a natureza é de fase processual cognitiva,
em que se busca encontrar o valor da obrigação a ser cumprida, dentro do
esteio do contraditório.

14.3- Princípio da Fidelidade do Provimento:

Significa dizer que na fase de liquidação é defeso alteração do


julgado, ou seja, não cabe a qualquer das partes a discussão do mérito
novamente (Artigo 475-G do CPC).

14.4- Liquidação provisória – art. 475 A, § 2° do CPC. “ é aquela que deve


ser entendida como a possibilidade de o interessado dar inicio à fase de
liquidação mesmo quando a decisão liquidanda, isto é, a decisão que
reconhece o direito aplicável à espécie mas não o quantifica, pender de
julgamento de recurso dela interposto.” (Cássio Scarpinella Bueno)

OBS: A liquidação provisória deve ser apresentada diretamente ao juiz da


causa e, portanto, neste momento não se pode aplicar a regra do artigo 475
P, parágrafo único do CPC, sendo a competência funcional e, portanto,
absoluta.

A liquidação provisória deve ser instruída com todos os documentos


pertinentes, ou seja, por todos aqueles que se mostrem necessários ao seu
regular desenvolvimento, equiparando-se a uma carta de sentença, pois os
autos estarão no tribunal e a liquidação será requerida perante o primeiro
grau de jurisdição –usar como equiparação o art. 475 O, §3° do CPC

OBS: Na visão do prof. Cássio Scarpinella Bueno a liquidação provisória


pode ser iniciada ainda que seja impossível a execução provisória, ou seja,
mesmo que o recurso tenha o chamado efeito suspensivo. Isto porque a fase
de liquidação garante a celeridade, efetividade e não traz qualquer prejuízo
ao devedor. Assim, se ao final da liquidação não houver o julgamento do
recurso, fica vedado ao credor dar início a execução, e sendo o recurso
julgado a favor do devedor, o credor fica responsável pelas custas da
execução provisória.

14.5- Decisão que julga a Liquidação: A lei 1132/05 revogou


expressamente o artigo 520, III do CPC e ainda que não tivesse revogado,
sendo a liquidação uma fase processual cognitiva, penas pode ser resolvida
por decisão interlocutória. Este é posicionamento legal e da maioria da
doutrina.

Contudo, para aqueles que continuam a afirmar que a liquidação é uma ação
com a única finalidade de prestação jurisdicional de determinação do valor a
ser liquidado, a decisão teria natureza de sentença.

Para a posição acima, há um problema, pois o legislador afirmou


categoricamente que o recurso cabível da decisão da liquidação é o
AGRAVO DE INSTRUMENTO, que só é cabível nas decisões interlocutórias
– artigo 475- H do CPC.

14.6- Espécies de Liquidação:

14.6.1- Liquidação por Cálculos: Artigo 475-B do CPC

Faz-se possível quando a liquidação depender apenas de cálculos


aritméticos, isto é, a obrigação devida é apenas pecuniária.

Para Alexandre Cãmara, não constitui espécie autônoma de


liquidação. Tal entendimento não é o melhor, haja vista que houve a
revogação do artigo 604 do CPC pela Lei 11.232/05, que inseriu a regra de
liquidação por cálculos no artigo 475 B do CPC.

A referida alteração foi reclamada pela doutrina majoritária, uma vez


que nem sempre era fácil ao credor promover os meio para a elaboração do
cálculo e muitas das vezes havia discussão ferrenha acerca do valor
apresentando pelo credor ou do fator de correção monetária e não havia
qualquer procedimento a ser seguido.

14.6.1.1- Procedimento:

O exequente formula requerimento em juízo acompanhado de partilha


de débito, sendo o executado intimado a se manifestar sobre os cálculos, na
pessoa de seu advogado (Artigo 475-A, & 1º do CPC).

OBS: Não se faz necessário que o advogado tenha poderes especiais para
receber intimações, na forma do Artigo 38 do CPC, uma vez que a
autorização decorre da lei.

OBS: Documento em poder de Terceiros ou do devedor: Artigo 475-B, §


2º do CPC

Se a liquidação depender exclusivamente desse documento, o juiz, a


requerimento da parte, determinará que o documento seja apresentado no
prazo máximo de 30 dias.

Se não forem apresentados os documentos, reputam-se verdadeiros


os cálculos apresentados pelo exequente, salvo prova de que a apresentação
não ocorreu por justo motivo: presunção relativa de veracidade dos cálculos.

“No entanto, aplica-se a presunção, e uma vez preclusa


a possibilidade de impugnação da decisão que a
aplicou, o valor obtido fica coberto pela coisa julgada –
trata-se de decisão interlocutória de mérito; agravável,
pois. Por conta disso, será impossível ao devedor
discutir esse valor em eventual impugnação à
execução.”

Fredie Didier Júnior

OBS: Para C. Scarpinella Bueno a solução é contraditória: se o exeqüente


depene do documento que está com o terceiro como será possível
apresentar a memória de cálculo? Assim, seria necessário aplicar para o
executado a mesma regra prevista para o terceiro, qual seja, a regra da
exibição incidental de documentos (artigo 362 do CPC), com possibilidade de
busca e apreensão, força policial e ainda a responsabilização por crime de
desobediência.

Regra:

As despesas para a formulação da planilha de débito são do


exequente.

Exceção: Os cálculos serão formulados por contador judicial em casos de


gratuidade de justiça, falta de condição financeira ou excesso aparente.

Na hipótese de excesso, se o exequente discordar dos cálculos do


contador judicial, a execução prosseguirá de acordo com o valor inicialmente
apresentado, contudo a penhora ficará limitada ao valor encontrado pelo
perito.

14.6.2- Liquidação por Artigos: Artigo 475- E e F do CPC

É possível essa forma de liquidação toda vez que não foi


considerado na sentença exatamente porque a sentença não o fixou; não
quer dizer necessariamente fato superveniente. Pode ser anterior a sentença,
mas é novo no processo, porque não serviu de fundamentação para a
sentença. (Vicente Greco Filho).

14.6.2.1- Procedimento:

O exequente formulará requerimento quando se tratar de título judicial,


previsto no Artigo 475-N, incisos I, III, V e VII do CPC.

Nos demais casos, é necessária a propositura de demanda executória,


com fase inicial de liquidação; neste caso, o executado deverá ser citado.

Prosseguirá sob o rito comum – ordinário ou sumário – e deve


desenvolver-se com base no contraditório sobre o fato novo alegado.

OBS: Natureza da Decisão:

 Para Araken de Assis, é sentença, uma vez que se submete ao


procedimento comum.
 Para Alexandre Cãmara e Vicente Greco Filho, é decisão interlocutória
recorrível por agravo, por força do Artigo 475-H do CPC. É, pois,
posicionamento majoritário.

14.6.3. Por Arbitramento – art. 475 C do CPC.

É a forma de liquidação necessária sempre que o valor a ser apurado


depender de perícia.

14.6.3.1 Procedimento:

O exeqüente formula requerimento quando se tratar de título judicial previsto


no art. 475 N, I, III, V e VII do CPC. Nos demais casos é necessária a
propositura de demanda executória, com fase inicial de liquidação – neste
caso o executado deverá ser citado.

É nomeado perito, que tem o prazo a ser fixado pelo juiz para apresentar o
laudo. As partes devem ser intimadas a se manifestar sobre o laudo pericial
pelo prazo de 10 dias – art. 475 D do CPC.

Se houver necessidade de esclarecimentos do Sr. Perito poderá ser


designada audiência de instrução e julgamento – art. 475 D, parágrafo único
do CPC.

OBS.: Se o juiz não nomear perito, entende-se que a liquidação foi rejeitada
e cabe o recurso de agravo de instrumento, na forma do art. 475. H do CPC
UNIDADE II -EXECUÇÃO EM ESPÉCIE

O Direito Brasileiro separou as espécies de execução conforme a


natureza da obrigação a ser cumprida e levou em consideração o tipo de
título executivo.

1- Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente Por Título


Judicial: Artigo 475-J e seguintes do CPC

a) Natureza Jurídica:

Processo autônomo, quando tiver por base os títulos judiciais


previstos no Artigo 475-N, incisos II, IV e VI, uma vez que será necessária a
citação, que é meio formal que o Estado possui de dar ciência ao executado
da propositura da demanda.

Nos demais casos, será espécie de fase processual.

b) Procedimento:

b.1) Valor fixado na sentença ou em fase de execução.

b.2) Executado intimado para pagar o débito atualizado mediante planilha


(Artigo 614, inciso II do CPC) no prazo de 15 dias, sob pena de multa de
10% sobre o montante devido.

A imposição da multa é feita ex offício e foi prevista pelo legislador


como meio de coerção para que o feito executivo tivesse uma duração
menor.
b.3) Se o valor não for pago no prazo supracitado, será expedido
mandado de penhora e avaliação a ser cumprido por OJA.

O bem pode ser diretamente indicado pelo exequente, conforme


Artigo 475-J, § 3º do CPC, observada a ordem do Artigo 655 do CPC.

OBS: Há discussão sobre o termo inicial do prazo para cumprimento


voluntário da decisão para a aplicação da multa prevista no artigo 475 J
do CPC. Diversas são os argumentos, porém aqui se faz citar apenas
duas dela, quais seja, a posição do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro e a dos Superior Tribunal de Justiça, a saber:

1ª Corrente:

Há necessidade de nova intimação para o cumprimento, haja


vista que o devedor deve ser cientificado a saber da decisão que
cumprirá pessoalmente. Ademais, se o legislador nada referiu acerca da
cientificação do devedor, deve-se adotar a regra geral do CPC, prevista
no artigo 240, qual seja, a intimação das partes da realização dos atos
processuais, em nome da garantia constitucional da ampla defesa e do
contraditório.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FUNDADA EM


TÍTULO JUDICIAL. ART. 475-J DO CPC. INTIMAÇÃO. LEI
11.232/2005. Se, por um lado, o art. 475-J da Legislação
Processual é omisso quanto à forma de intimação do executado
para o cumprimento da obrigação que lhe foi imposta, o seu
parágrafo primeiro, por outro, prevê, de forma expressa, que a
intimação do executado do auto de penhora e de avaliação se dê
na pessoa de seu advogado. Logo, o termo inicial do prazo para
que a multa pecuniária incida é o da intimação do devedor, na
pessoa de seu advogado, de que a sentença se tornou exeqüível,
quer porque os demais recursos não têm efeito suspensivo, quer
porque a decisão, de imediato, pode ser executada
provisoriamente.RECURSO QUE SE NEGA SEGUIMENTO (TJRJ,
Des, Maldonado de Carvalho, Agravo de Instrumento 2009.002
27800)

Ressalte-se que diante da controvérsia sobre o tema algumas decisões


do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, adotaram a dispensa de nova
intimação do devedor para o cumprimento voluntário da decisão
condenatória, porém tal questão foi objeto de Uniformização de
Jurisprudência, adotando-se definitivamente o entendimento acima.

2007.018.00007 - INCIDENTE DE UNIFORMIZACAO DE


JURISPRUDENCIA DES. MARCUS FAVER - Julgamento:
18/08/2008 – ORGAO ESPECIAL LEI N. 11232, DE 2005
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA MULTA TERMO INICIAL
INTIMACAO PESSOAL DO EXECUTADO EXTENSAO A
EXECUCAO PROVISORIA.

EMENTA: Incidente de uniformização de jurisprudência.


Interpretação do novo art. 475- J do Código de Processo Civil.
Fixação do termo a quo para a contagem do prazo de 15 (quinze)
dias para ensejar a incidência da multa. Momento a ser
estabelecido de forma inequívoca e em harmonia com o sistema
processual.
A intimação é o termo inicial do prazo. Exegese compatível com a
regra do art. 240 do Código de Processo Civil. Natureza do ato a
ser praticado.
Tratando-se de intimação para a prática de ato material, de caráter
personalíssimo, a diligência é de ser realizada na pessoa do próprio
executado.
Tais regras têm aplicação à execução provisória prevista no art.
475-O da lei processual. Incidente conhecido. Interpretação fixada
por maioria simples. Não estabelecimento de súmula. Vencidos os
Des. Roberto Wider, Antônio Duarte Ferreira Duarte, Valmir de
Oliveira, Sérgio Lúcio de Oliveira Cruz, Leila Maria Mariano, Paulo
Gustavo Rebello Horta, Letícia Faria Sardas, Wany do Couto Faria
e Miguel Ângelo Barros.

2ª corrente:

O prazo inicia-se do trânsito em julgado da decisão, haja vista a


ratio legis, que quis tornar o feito mais célere. Ademais, não se admitie
que o devedor após todo o trâmite do feito de conhecimento não tenha
ciência de sua qualidade de devedor, o que dispensa a necessidade de
nova intimação para o cumprimento voluntário da decisão. Este é o
posicionamento majoritário do STJ.

Ademais, vale ressaltar que a Emenda Constitucional 45 de 2004,


inseriu ao artigo 5, o inciso LXXVIII, da Constituição Federal o princípio
da Razoável Duração do Procesaso e o Princípio da Celeridade.

Desta forma, se o legislador não fez a exigência de nova intimação


do devedor para o cumprimento da decisão, não cabe ao intérprete fazer
exigências desnecessárias e que tornam a prestação jurisdicional mais
demorada.

LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA


SENTENÇA. MULTA. TERMO INICIAL. INTIMAÇÃO DA PARTE
VENCIDA. DESNECESSIDADE.
1. A intimação da sentença que condena ao pagamento de
quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos
meios ordinários, a fim de que tenha início o prazo
recursal. Desnecessária a intimação pessoal do devedor.
2. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é
necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu
advogado, seja intimada para cumpri-la.
3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação,
em quinze dias, sob pena de ver sua dívida
automaticamente acrescida de 10%. (STJ, Rel. Min.
Humberto Gomes de Barros, RESP. 954.859/RS)

Processual Civil. Agravo no recurso especial. Art. 475-J, do CPC.


Multa. Fixação de honorários advocatícios em fase de cumprimento
de sentença. Possibilidade.
- Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário
que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja
intimada para cumprí-la.
- É cabível a fixação de honorários advocatícios na fase de
cumprimento de sentença. Agravo no recurso especial não provido.
(STJ, Rel. MIn. Nacy Andrighi, AgRg no RESP. 103528/RJ)

OBS: quando o devedor for assistido pela Defensoria é necessária a


intimação? Para uma parcela da doutrina sim, pois a Defensoria Pública é
intimada pessoalmente das decisões, cabendo a ela comunicar o devedor do
prazo de 15 para o cumprimento voluntário, esclarecendo-lhe o risco. Não
cabe aqui a incidência do prazo em dobro para a defensoria.

OBS: Suspensão do Prazo:Para Cássio Scarpinella Bueno, as partes podem


de comum acordo requerer a suspensão do processo durante o prazo do
artigo 475 J para o cumprimento da obrigação pelo devedor, na forma do
artigo 792 CPC. Findo o prazo da suspensão, se a obrigação não tiver sido
cumprida pela devedor, volta a incidir o prazo do artigo 475 J, com a
possibilidade de aplicação da multa coercitiva.

OBS: A quem a multa é devida? Ao credor, por expressa opção legislativa.


Quem paga a multa? O devedor previsto no título executivo judicial. Se
houver a desconsideração da personalidade jurídica, deve arcar com o
pagamento da multa a pessoa física atingida pelo ato judicial do artigo 50 do
CC. Como a multa incide sobre o total da obrigação, ainda que existam vários
devedores, a sua ocorrência é única – ERESP 852.437

OBS: Outra questão merece destaque é a possibilidade de fixação de


honorários advocatícios na fase de execução por quantia certa contra
devedor solvente com base em título judicial. Inicialmente a primeira
interpretação foi em sentido negativo, mas atualmente o STJ já firmou
entendimento da sua aplicabilidade, desde que no prazo do artigo 475 J
do CPC não haja cumprimento voluntário da decisão pelo devedor, em
que o credor tenha que promover atos de execução.

PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. NOVA


SISTEMÁTICA IMPOSTA PELA LEI Nº 11.232/05. CONDENAÇÃO
EM HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE.
- A alteração da natureza da execução de sentença, que deixou de
ser tratada como processo autônomo e passou a ser mera fase
complementar do mesmo processo em que o provimento é
assegurado, não traz nenhuma modificação no que tange aos
honorários advocatícios.
- A própria interpretação literal do art. 20, § 4º, do CPC não deixa
margem para dúvidas. Consoante expressa dicção do referido
dispositivo legal, os honorários são devidos “nas execuções,
embargadas ou não”.
- O art. 475-I, do CPC, é expresso em afirmar que o cumprimento
da sentença, nos casos de obrigação pecuniária, se faz por
execução. Ora, se nos termos do art. 20, § 4º, do CPC, a execução
comporta o arbitramento de honorários e se, de acordo com o art.
475, I, do CPC, o cumprimento da sentença é realizado via
execução, decorre logicamente destes dois postulados que deverá
haver a fixação de verba honorária na fase de cumprimento da
sentença.
- Ademais, a verba honorária fixada na fase de cognição leva em
consideração apenas o trabalho realizado pelo advogado até então.
- Por derradeiro, também na fase de cumprimento de sentença, há
de se considerar o próprio espírito condutor das alterações
pretendidas com a Lei nº 11.232/05, em especial a multa de 10%
prevista no art. 475-J do CPC. Seria inútil a instituição da multa do
art. 475-J do CPC se, em contrapartida, fosse abolida a
condenação em honorários, arbitrada no percentual de 10% a 20%
sobre o valor da condenação.
Recurso especial conhecido e provido. (STJ, Rel. Min. Nacy
Andrighi, RESP 102885?/SC)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA DE


SEGURO OBRIGATÓRIO, EM FASE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ESPONTÂNEO DA
INTEGRALIDADE DA QUANTIA DEVIDA NO PRAZO LEGAL.
DECISÃO QUE DETERMINOU A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR, VIA
DIÁRIO OFICIAL, PARA PAGAMENTO DO DÉBITO EM 15 DIAS,
SOB PENA DE APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 475-J
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DESNECESSIDADE DE
INTIMAÇÃO DO DEVEDOR. INCIDÊNCIA AUTOMÁTICA DA
MULTA PROCESSUAL. VERBA HONORÁRIA EM FASE DE
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. CABIMENTO. PRECEDENTES
DO STJ. PROVIMENTO DO RECURSO, MONOCRATICAMENTE.

1. O artigo 475-J do Código de Processo Civil, com o fito de


compelir a parte devedora ao cumprimento imediato do comando
judicial, previu a incidência da multa processual, no percentual de
10% (dez por cento) do montante da condenação, no caso de
ausência de cumprimento espontâneo, não havendo estabelecido,
em nenhum momento, a necessidade de intimação da parte
devedora, que não se coaduna com o espírito da reforma realizada
no Código de Processo Civil, por intermédio da Lei 11.232/2005, no
sentido de dar efetividade e celeridade ao processo, ao acabar com
o processo autônomo de execução para o cumprimento das
sentenças no processo de conhecimento.

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se consolidou


no sentido da desnecessidade da intimação do devedor para
cumprimento da sentença, seja pessoalmente, seja através de
advogado, e da incidência automática da multa do art. 475-J da Lei
Adjetiva, na hipótese de não cumprimento da condenação em
quinze dias a partir do trânsito em julgado da sentença.

3. O art. 20, § 4º do Código de Processo Civil assegura a fixação


de honorários advocatícios, segundo apreciação eqüitativa do juiz,
nas execuções, embargadas ou não. Malgrado as alterações
introduzidas pela Lei nº 11.232/2005, no sentido do
estabelecimento de um processo sincrético, abrangendo cognição e
execução, passando esta a constituir um desdobramento da
atividade cognitiva, dispensando-se a instauração de processo
autônomo, não se pode deixar de remunerar o trabalho
desenvolvido pelo causídico que necessita impulsionar o processo
para obter o cumprimento integral da decisão que não foi atendida
espontaneamente. Precedentes do TJERJ e do STJ. (TJRJ. Rel.
Des. Carlos Santos de Oliveira, Agravo de Instrumento
2009.002.27229).

OBS: Penhora:

Ato preparatório para a expropriação do bem do executado para


satisfação do direito do credor (exequente).

Avaliação:

Ato de valoração do bem para fins de posterior alienação.

OBS:

Se o OJA não se julgar capacitado para efetuar a avaliação do bem,


deverá ser nomeado avaliador judicial e, na ausência, perito.

b.4) Intimação, na pessoa do advogado; ou do representante legal ou na


pessoa do executado, do auto de penhora – art. 475, § 1º do CPC, a fim
de dar início a fase de defesa do executado.

OBS.: Para o professor Carreira Alvim: a intimação deve ser feita na pessoa
do executado, uma vez que é a forma que mais viabiliza o direito de defesa,
pois o advogado pode não estar mais patrocinando a causa, ou
simplesmente não exercer o direito de defesa (apresentar impugnação).

No que se refere a este entendimento, a jurisprudência permite a


intimação na pessoa do advogado a fim de viabilizar a fase de defesa e
garantir a celeridade processual, ressaltando-se que como a autorização de
recebimento de intimação vem de determinação legisferante, não há que se
falar em necessidade de procuração com poderes especiais.

PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL DA LEI


11.232/05. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA
REALIZADA SOB VIGÊNCIA DA LEI ANTIGA. INTIMAÇÃO DA
PENHORA, ATO PENDENTE E COLHIDO PELA LEI NOVA, PODE
SE REALIZAR NA PESSOA DO ADVOGADO DO EXECUTADO,
NOS TERMOS DO ART. 475-J, §1º, CPC.
- Embora o processo seja reconhecido como um instrumento
complexo, no qual os atos que se sucedem se inter-relacionam, tal
conceito não exclui a aplicação da teoria do isolamento dos atos
processuais, pela qual a lei nova, encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já
realizados e disciplina, a partir da sua vigência, os atos pendentes
do processo. Esse sistema, inclusive, está expressamente previsto
no art. 1.211 do CPC.
- Se pendente a intimação do devedor sobre a penhora que recaiu
sobre os seus bens, esse ato deve se dar sob a forma do art. 475-
J, §1o, CPC, possibilitando a intimação do devedor na pessoa de
seu advogado. Recurso Especial provido. (STJ, Rel. Min. Nacy
Andrighi, RESP. 1076080/PR)

Se o executado for casado, é necessária intimação de seu cônjuge para


defender os seus interesses, na forma do art. 655, §2º do CPC. A
controvérsia persiste na necessidade ou não da intimação do companheiro
em casos de União Estável.

OBS: Para o prof. Guilherme Marinoni a intimação é obrigatória, uma vez que
a união estável é equiparado ao casamento, e pelo princípio da isonomia
aplicam-se as mesmas regras. Entendo que não se aplica a união estável,
em razão da segurança jurídica, ou seja, seria um ônus muito grande para o
exeqüente que tivesse ciência da existência da união estável para requerer a
intimação do companheiro.

UNIAO ESTAVEL
PENHORA DE BEM DE CASAL
COMPANHEIRA
DESNECESSIDADE DE INTIMACAO
Apelação Cível. Embargos de terceiro.Impropriedade da alegação
de nulidade da penhora pela não intimação da companheira em
razão da existência de união estável. Não existe obrigatoriedade de
intimação da companheira eis que união estável não é casamento
e não que se falar em regime de bens do executado, tudo não
passando de uma tentativa de procrastinar o andamento do feito.
Sentença que se mantém pelos seus próprios fundamentos. Art.
557 do CPC. Negativa de seguimento do recurso.(TJRJ, Rel.
Des.Marco Aurélio Froes, Apelação Cível 2007.002.13786)

OBS.: Existindo co-proprietários, este também devem ser intimados da


penhora.

b.5) Se o executado pagar parcialmente o débito, incidirá multa de 10%


sobre o débito remanescente. Art. 475 J, § 4º do CPC.

OBS.: Criticas: o pagamento parcelado enseja hipótese de transação, sob


pena de ofensa ao art. 581 do CPC e nem pode o juiz permitir, sem consenso
da parte contrária, que o cumprimento da sentença se dê de forma diversa da
determinada.

2- Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente Por Título


Extrajudicial

A) Natureza Jurídica: Processo autônomo, uma vez que se inicia com a


formação de uma relação jurídica processual através da penhora.
B) Procedimento:
- Art. 652 do CPC
A demanda se inicia com a propositura da demanda, conforme preceitua o
princípio da inércia – art. 2º do CPC, instrumentalizado pela petição inicial,
que deve obedecer aos requisitos previstos no art. 282 do CPC e deve estar
acompanhada da planilha de débito, conforme art. 614, I do CPC.

O devedor é citado para no prazo de 3 dias pagar a dívida

OBS.: Tipos de citação cabível na execução: citação pessoal por mandado,


sendo vedada a citação por correio (art. 222, d do CPC), citação por hora
certa e citação por edital.

OBS.: Revelia em processo de execução: A doutrina entende que como o


devedor não citado para apresentar defesa, mas apenas para cumprir a
obrigação de pagar, não cabe a aplicação dos efeitos da revelia, já que esta
se caracteriza pela ausência de contestação. Em contrapartida, a
jurisprudência do STJ entende que é possível a aplicação de revelia em
processo de execução, na forma da Súmula 196 do STJ.

PROCESSUAL CIVIL. QUESTÕES FEDERAIS NÃO DEBATIDAS.


SÚMULA 211/STJ. NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL.
REVELIA. SÚMULA 196/STJ.
1. O acórdão recorrido não emitiu juízo de valor sobre as matérias
constantes nos arts. 156, V e 174, caput do Código Tributário
Nacional-CTN. Aplicação da Súmula 211/STJ.
2. A interpretação teleológica do disposto no art. 9º, II, do CPC
presta-se a resguardar os interesses do devedor citado por edital,
tanto no processo de conhecimento quanto no de execução, ante
os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art.
5º, LV, da Constituição da República).
3. "Ao executado que, citado por edital ou por hora certa,
permanecer revel, será nomeado curador especial, com
legitimidade para apresentação de embargos" (Súmula 196/STJ).
Entendimento que pode ser estendido à exceção de pré-
executividade. Precedentes.
4. Recurso especial conhecido em parte e provido, também em
parte. (STJ, Rel. Min. Castro Meira. RESP.771860/RJ)

O prazo de 03 dias começa a contar a partir da juntada do mandado de


citação aos autos – art. 241 do CPC ou se citado por edital a contar do prazo
determinado pelo magistrado.

Pela nova sistemática do CPC o devedor é citado para pagar ou permanecer


inerte. Assim, o credor pode já na petição inicial indicar os bens passíveis de
penhora (obedecida inicialmente a ordem do art. 655 do CPC), ou pode o
magistrado determinar a intimação do devedor para indicá-los. (art. 652, §§
2º e 3º do CPC), podendo essa intimação ser feita na pessoa do
Advogado, se constituído nos autos – art. 652, § 4º do CPC.

Críticas: Para o Prof. Carreira Alvim, não deveria a intimação ser feita na
pessoa do advogado, pois atribui um ônus processual ao patrono que não lhe
pertence. Assim, se o advogado não conseguir contato com seu cliente deve
comunicar tal fato em juízo, para que se desonere da responsabilidade civil
pelo retardamento do feito ou prejuízo do devedor.

O juiz determinando a citação fixará de imediato o valor dos honorários


advocatícios a serem pagos pelo devedor e se ocorrer o pagamento integral
no prazo de 03 dias esse valor será reduzido a metade. (art. 652 A do CPC)

OBS.: Par o prof. Luiz Fux o art. 652 A, parágrafo único do CPC traz a
hipótese de premiação para o devedor que cumpre a obrigação no prazo de
03 dias. É um estímulo ao cumprimento da obrigação e evita as
procrastinações. Os honorários devem ser fixados de acordo com o art. 20,
§4º do CPC.

Arresto – art. 653 do CPC: é medida de urgência praticada de ofício pelo


OJA, quando não encontra o devedor para citá-lo. O OJA arrecada
previamente quantos bens bastem para garantir a execução e sua causa de
admissão é diversa da citação por hora certa, posto que nesta o devedor se
oculta para não ser citado, enquanto que naquela ele simplesmente não é
encontrado.

O arresto é ato de apreensão provisória dos bens do executado, também


conhecido como pré-penhora, o que significa que apenas os bens
penhoráveis podem ser arrestados.

Para que o arresto produza efeitos deve seguir a ordem prevista no art. 653,
parágrafo único e art. 654 ambos do CPC. Tal previsão é que o oficial deve
retornar ao domicilio do executado para promover-lhe a citação e se não o
encontrar deve devolver o mandado de citação com certidão das diligências
feitas. Assim, cabe ao exeqüente tem o prazo de 10 dias para requerer a
citação do executado por edital. O não requerimento de citação faz com que
o arresto perca a sua eficácia.

Uma vez citado o executado, este pode indicar os bens arrestados à


penhora, ou pode indicar outros bens, de acordo com ordem de nomeação
do art. 655 do CPC.

3- Penhora:
a) conceito: ato preparatório para a expropriação do bem do
executado para satisfação do direito do credor – exeqüente.

b) Efeitos da Penhora:

b.1) Processuais:
1- garantia do juízo: é assegurara que o exeqüente possui bens suficientes
para o cumprimento da obrigação.
2- Direito de Preferência: é a forma de garantir o pagamento ao credor que
efetuou em primeiro lugar a penhora, quando sobre um mesmo bem houver
mais de uma penhora.

3- Individualização do bem: é através da penhora que é feita a


determinação do bem que estará sujeito a responsabildiade patrimonial

b.2) Materiais:
1- Perda da Posse Direta: Leva em consideração o conceito de Savingy
para posse, pois afirma que o devedor deixa de ter contato físico com a
coisa, porém a mesma continua integrando o seu patrimônio.

OBS.: Devedor como depositário fiel: perde a posse direta da coisa?


1- Não, apenas o motivo da posse direita é que é outro, qual seja,
depositário. Antes decorria do domínio. Majoritária
2- Sim, pois a posse direita passa para o Estado –Juiz, tendo o
executado mera detenção do bem – Minoritária.

2- Tornar Ineficaz a Alienação dos Bens: evitar a fraude.

c)Realização da Penhora: bem móvel = apreensão judicial e depósito do


bem.

Bem imóvel = apreensão judicial e registro no cartório imobiliário art. 659, §


4º do CPC.

OBS.: Resistência do Devedor: Se houver resistência do devedor, é solicitada


ordem de arrombamento e será realizada nova diligência por dois OJA e se
necessário será requisitada força policial. O ato deve ser assistido por duas
testemunhas. – art. 660/662 do CPC

Bens Impenhoráveis: são os bens ficam a salvo da responsabilidade


patrimonial. Podem ser:

a)Absolutamente impenhoráveis: art. 649 do CPC, o legislador utilizou


critério de política social, tendo como motivo da impenhorabilidade a vontade,
sentimento, dignidade da pessoa humana e menor onerosidade para o
devedor.

b)Relativamente impenhoráveis: art. 650 do CPC: são os bens que podem


ser objeto de constrição judicial, desde que o executado não tenha outros
bens para garantir o cumprimento da obrigação.

OBS.: Impenhorabilidade do bem Residencial – Bem de Família – Lei


8009/90. É hipótese de impenhorabilidade relativa, uma vez que os bens
ficam sujeitos a constrição por previsão do art. 3º da Lei 8009/90. No conceito
de bem de família incluem-se os bens que guarnecem a residência do
devedor, em que há jurisprudência em todos os sentidos.
OBS.: Bem residencial do Fiador: art. 3º, VII da Lei 8009/90. Inicialmente o
professor Sylvio Capanema defende a impenhorabilidade do bem, por força
de inconstitucionalidade do artigo acima, pois ofende o princípio da isonomia.
A matéria foi levada duas vezes a conhecimento do Supremo Tribunal
Federal, prevalecendo a decisão mais recente, haja vista que analisada pelo
Pleno do Tribunal Superior:

"Fiador. Locação. Ação de despejo. Sentença de procedência.


Execução. Responsabilidade solidária pelos débitos do afiançado.
Penhora de seu imóvel residencial. Bem de família.
Admissibilidade. Inexistência de afronta ao direito de moradia,
previsto no art. 6º da CF. Constitucionalidade do art. 3º, inc. VII, da
Lei n. 8.009/90, com a redação da Lei n. 8.245/91. Recurso
extraordinário desprovido. Votos vencidos. A penhorabilidade do
bem de família do fiador do contrato de locação, objeto do art. 3º,
inc. VII, da Lei n. 8.009, de 23 de março de 1990, com a redação da
Lei n. 8.245, de 15 de outubro de 1991, não ofende o art. 6º da
Constituição da República" (RE 407.688, Rel. Min. Cezar Peluso,
DJ 06/10/06)

"Constitucional. Civil. Fiador: bem de família: imóvel residencial do


casal ou de entidade familiar: impenhorabilidade. Lei nº 8.009/90,
arts. 1º e 3º. Lei 8.245, de 1991, que acrescentou o inciso VII, ao
art. 3º, ressalvando a penhora ‘por obrigação decorrente de fiança
concedida em contrato de locação’: sua não- recepção pelo art. 6º,
CF, com a redação da EC 26/2000. Aplicabilidade do princípio
isonômico e do princípio de hermenêutica: ubi eadem ratio, ibi
eadem legis dispositio: onde existe a mesma razão fundamental,
prevalece a mesma regra de Direito." (RE 352.940, Rel. Min. Carlos
Velloso, DJ 09/05/05)

OBS.: Bem de pessoa que vive em união estável e bem de pessoa solteira,
em ambos os casos há proteção do bem de família. No primeiro caso em
razão da proteção da meação da companheira e proteção da família. No
segundo caso por força dos novos conceitos de família, em que nem sempre
é formada em razão da existência de prole.

UNIÃO ESTAVEL. APLICAÇÃO DA LEI 8.009/1990.


1. CONFIGURADA A UNIÃO ESTAVEL APLICA-SE, POR
INTEIRO, A DISCIPLINA DA LEI 8.009/1990. ASSIM,
GUARNECENDO OS BENS MOVEIS RESIDENCIA NA QUAL
MOROU O CASAL, QUE VIVIA EM UNIÃO ESTAVEL, ESTÃO
ELES, EM PRINCIPIO, AFASTADOS DA PENHORA.
2. OCORRE QUE, NO CASO, COMO DESTACADO NA
SENTENÇA, O EMBARGANTE NÃO PROVOU OS REQUISITOS
ESSENCIAIS PREVISTOS EM LEI, ASSIM O DE QUE OS BENS
PENHORADOS ESTEJAM QUITADOS, COM O QUE FICAM ELES
FORA DA INCIDENCIA DA LEI ESPECIAL, PRESENTE, AINDA, A
SUM. 7/STJ.
3. POR OUTRO LADO, SEGUNDO AFIRMA O ACORDÃO
RECORRIDO, A EMBARGADA E O EMBARGANTE VIVERAM EM
UNIÃO ESTAVEL QUE FOI DISSOLVIDA, SENDO O IMOVEL
CONSIDERADO BEM COMUM PARA EFEITO DE PARTILHA,
ENSEJANDO UMA POSSIVEL DISPUTA JUDICIAL SOBRE O
PATRIMONIO COMUM, INCLUINDO-SE, E CLARO, OS BENS
QUE GUARNECEM A CASA, RESIDENCIA DE AMBOS DURANTE
CERTO TEMPO DE VIDA FAMILIAR, O QUE, DE IGUAL MODO,
NÃO AUTORIZA A APLICAÇÃO DA LEI 8.009/1990.
4. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. (STJ, Rel. Min.
Menezes de Direito, RESP 103011/RJ)

SUMULA 364 DO STJ: “O CONCEITO D EIMPENHORABILIDADE


DE BEM DE FAMÍLIA ABRANGE TAMBÉM O IMÓVEL
PERTENCENTE A PESSOAS SOLTEIRAS, SEPARADAS E
VIÚVAS.”

OBS.: Penhora de Quotas Sociais – O CPC em sua origem não fazia


previsão da possibilidade de penhora das quotas sociais, embora a
jurisprudência e a doutrina admitissem tal possibilidade. Atualmente, pela
regra introduzida pela Lei 11232/05, no artigo 655, VI do CPC, não há mais
divergência da possibilidade da referida penhora.

Entretanto, vale ressaltar a regra prevista no Código Civil (artigo 1026),


em que já havia regra de relativização da penhora de quotas sociais. Assim, a
penhora só é possível se o devedor não tiver lucros a receber as sociedade,
em razão do princípio da menor onerosidade ao devedor prevista no artigo
620 do CPC. Não havendo a distribuição de lucros é que estará o credor
autorizado a promover a liquidação das quotas do devedor, sendo certo que o
juiz no caso concreto pode rejeitar o pedido de liquidação das quotas sociais
em nome do princípio da continuidade da empresa e de sua função social.

NOMEACAO DE BENS A PENHORA OPCAO DO CREDOR


LEI N. 11232, DE 2005 SOCIEDADE POR COTAS DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA PENHORA DE COTAS DO
CAPITAL SOCIAL POSSIBILIDADE
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NOMEAÇÃO DE BEM À
PENHORA. INDICAÇÃO PELO CREDOR. SISTEMÁTICA DA
FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DE
QUOTAS DE SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.
POSSIBILIDADE. Tratando-se de penhora realizada com o fito de
garantir execução judicial, pode esta recair sobre bem passível de
ser convertido economicamente. Na linha jurisprudencial do E.
Superior Tribunal de Justiça, "podem ser penhoradas as quotas
sociais de que seja titular sócio de sociedade por responsabilidade
limitada, em caso de execução por dívida particular deste.
DECISÃO CORRETA. IMPROVIMENTO DO RECURSO. (TJRJ.
Rel. Des. Maldonado de Carvalho, Agravo de Instrumento
2008.002.32713)

OBS: O artigo 655, IX do CPC faz a previsão de que a verba do devedor que
esteja em caderneta de poupança, até o limite de quarenta salários mínimos
é impenhorável. Tal regra atende ao princípio da menor onerosidade.
Ressalta-se que recente decisão do Superior Tribunal de Justiça afastou a
penhora da totalidade de crédito de caderneta de poupança, haja vista que o
devedor fez prova no sentido de que a verba depositada era oriunda de seu
salário.

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL.


PENHORA. POUPANÇA ALIMENTADA POR PARCELA DO
SOLDO. ART. 649, IV, DO CPC. BEM ABSOLUTAMENTE
IMPENHORÁVEL. EXTENSÃO.
1. O art. 649, IV, do Código de Processo Civil dispõe serem
absolutamente impenhoráveis os soldos.
2. Na hipótese dos autos, o beneficiário utilizou parte do soldo para
aplicar em poupança, a qual foi objeto de constrição em Execução
Fiscal.
3. A poupança alimentada exclusivamente por parcela da
remuneração prevista no art. 649, IV, do CPC é impenhorável –
mesmo antes do advento da Lei 11.382/2006 –, por representar
aplicação de recursos destinados ao sustento próprio e familiar.
4. Recurso Especial não provido. (STJ. Rel. Min. Heman Benjamin,
RESP.515770/RS)

Ordem de Penhora

A eleição dos bens penhoráveis não é arbitrária, nem para o oficial de justiça
nem para as partes da execução. Ao contrário, deve obedecer aos princípios
do resultado da execução (princípio da satisfação do direito do credor) e da
menor onerosidade. (Guilherme Marinoni).

O art. 655 do CPC impõe uma ordem aos bens que devem ser penhorados,
porém sempre se sustentou na doutrina e foi acolhido pelo legislador (art. 656
do CPC) de que tal ordem não é absoluta. A regra do art. 655 do CPC é um
parâmetro indicativo e não uma cláusula rígida e inafastável (Guilherme
Marinoni)

OBS.: Sendo a execução oriunda de crédito hipotecário ou pignoratício, a


regra do art. 655 do CPC não é observada, uma vez que a penhora recai
diretamente sobre o bem que foi dado em garantia do cumprimento da
obrigação. Não há necessidade de nomeação de bens a penhora. A penhora
recai imediatamente sobre tais bens – art. 655, § 1º do CPC.

OBS.: O art. 655 do CPC garante que inicialmente a indicação do bem seja
feita pelo credor e na sua não indicação o direito é repassado ao executado.

Penhora On Line

a) conceito: é a modalidade de penhora de dinheiro realizada pelo


próprio magistrado de forma digital, através da internet, sem a
participação do OJA.
Foi introduzida no Direito Brasileiro pela justiça do trabalho e chegou a justiça
estadual e vem sendo utilizada por quase todos os juízos. Decorre de
convênio criado entre o Banco central e o Poder Judiciário – convênio Bacen
Jud, que dá ao magistrado uma senha de acesso ao sistema e consiga obter
as informações necessárias para proceder à penhora.

b) Criticas: Alguns afirmam que viola os princípios da ampla defesa,


menor onerosidade, inconstitucionalidade por criar sistema novo de
penhora, quebra de sigilo bancário.

c) Defesa: É constitucional porque não criou instituto novo, já que a


penhora de dinheiro sempre existiu no CPC e não houve usurpação de
competência da união. Houve apenas autorização para utilização de
programa de computador. Vale ressaltar que o OJA é cumpridor de
ordens e a sua presença pode ser dispensada.

A ampla defesa é garantida no momento em que o executado é intimado a se


manifestar sobre a penhora realizada. Ademais, a penhora on line visa a
eficácia do ato garantida pela rapidez.

Não fere o princípio da menor onerosidade porque esta deve ser analisada
em conjunto com o princípio da efetividade (acesso á justiça). Modernamente
é entendido como aquele que evita maiores sacrifícios ao devedor que os
exigidos pelo resultado.

Para o prof. Guilherme Marinoni não existe violação à intimidade do


executado saber se o mesmo possui conta corrente ou aplicação financeiras,
pois de forma contrária não poderia o exeqüente indicar dinheiro a ser
penhorado.

Atualmente pela redação do art. 655 A, § 1º do CPC temos que as


informações dadas ao exeqüente devem ser admitidas na medida necessária
à realização do direito do exeqüente. Caso haja penhora de dinheiro derivado
do art. 649, IV do CPC (salário, vencimentos, soldos, etc), cabe ao executado
comprovar a origem do dinheiro e requerer o levantamento da penhora – art.
655 A, §2º do CPC.

Substituição dos Bens Penhorados

Artigos 656 e 668 do CPC. Pode ser requerida por ambas as partes a
depender de quem indicou o bem para ser objeto do OJA, ou se o ato se
procedeu de imediato por este.

Cabe ao executado provar no pedido de substituição da penhora, que esta


não trará prejuízo ao exeqüente e que é o meio menos oneroso para ele
devedor, atendendo os princípios da lealdade de boa-fé.

A substituição é processada mediante incidente processual, com oitiva da


parte contrária no prazo de três dias, na forma do princípio do contraditório –
art. 657 do CPC.

4- Defesa do Executado –

1- Na execução por quantia certa contra devedor Solvente por Título


Executivo Judicial -475 J, §1º do CPC c/c 475 M do CPC.

Uma vez intimado da penhora o devedor tem o prazo de 15 dias para


apresentar defesa, que nesta hipótese se chama IMPUGNAÇÃO.

1.1) Conceito: É a forma de defesa do executado que se instaura mediante


incidente processual.

1.2) Contagem do prazo: se a intimação ocorreu na pessoa do advogado


deve ser observada a regra do art. 241 do CPC, ou seja, conta-se a partir da
publicação no DO. Se ocorreu na pessoa do executado, o prazo se inicia a
partir da juntada aos autos do mandado de intimação, aplicando-se o art.
738, caput e § 2º do CPC, de forma analógica.

1.3) Litisconsórcio passivo: aplica-se a regra do art. 191 do CPC, isto é, o


prazo é contado em dobro caso os procuradores sejam distintos. (Guilherme
Marinoni e Alexandre Câmara). Para o prof. Araken de Assis não se aplica a
regra do art. 191 do CPC, uma vez que a impugnação é modalidade especial
de manifestação nos autos, além do que não cabe a aplicação da regra do
artigo 191 do CPC em sede de embargos a execução, por força do artigo
738, § 3 do CPC.

OBS.: A intimação para apresentação da impugnação depende de prévia


penhora e avaliação do bem objeto da constrição. (Araken de Assis). Já para
o Prof. G. Marinoni a apresentação de impugnação independe de garantia do
juízo, em razão da celeridade. Para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, é necessária a garantia do juízo, por ser esta uma condição de
admissibilidade da impugnação.

PROCESSUAL CIVIL.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. QUANTIA


CERTA. ART 475-J, § 1º DO CPC INTRODUZIDO PELA LEI Nº
11.232/2005. OFERECIMENTO DE IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE
GARANTIA DO JUÍZO. REJEIÇÃO. CONSEQÜÊNCIA.
ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO. MATÉRIA NÃO SUPERVENIENTE
E NÃO ENFRENTADA NA FASE DE CONHECIMENTO.
ARGUIÇÃO EM IMPUGNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.A nova
sistemática inserida no Código de Processo Civil tem como objetivo
impedir que a execução, como muitas vezes acontecia, seja mais
demorada que o próprio processo de conhecimento, trazendo o
devedor à discussão matérias já decididas, com o intuito de
procrastinar o cumprimento de sua obrigação, causando prejuízos
ao credor e abarrotando o Poder Judiciário de execuções quase
que intermináveis."Do auto de penhora e de avaliação será de
imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts.
236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou
pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer
impugnação, querendo, no prazo de quinze dias" (art. 475-J, § 1º,
CPC).É inadmissível o oferecimento de impugnação sem a
devida garantia do juízo, visto que é a partir desta que se inicia
o prazo para o devedor impugnar o cumprimento do julgado.Se
a alegada prescrição ocorreu antes do ajuizamento da ação e a
matéria não foi objeto da fase de conhecimento, não pode o
devedor suscitá-la em impugnação, por não se tratar de prescrição
superveniente.Precedentes do TJERJ e do STJ. (TJRJ, Rel. Des.
Lindolpho Morais Marinho, Agravo de Instrumento 2009.002.08115-
grifos nossos)

No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TERMO


INICIAL PARA A IMPUGNAÇÃO DO DEVEDOR. DATA DO
DEPÓSITO, EM DINHEIRO, POR MEIO DO QUAL SE GARANTIU
O JUÍZO.
- No cumprimento de sentença, o devedor deve ser intimado do
auto de penhora e de avaliação, podendo oferecer impugnação,
querendo, no prazo de quinze dias (art. 475-J, §1o, CPC).
- Caso o devedor prefira, no entanto, antecipar-se à constrição de
seu patrimônio, realizando depósito, em dinheiro, nos autos, para a
garantia do juízo, o ato intimatório da penhora não é necessário.
- O prazo para o devedor impugnar o cumprimento de sentença
deve ser contado da data da efetivação do depósito judicial da
quantia objeto da execução.
Recurso Especial não conhecido. (STJ, Rel. Min. Nacy Andrighi,
RESP.972812/RJ)

1.4) Natureza Jurídica da Impugnação: Para acorrente doutrinária é caso


incidente processual, pois compõe uma fase da execução de título judicial
que tem por objeto quantia certa. Tal direito de defesa decorre do direito de
ação que é permitido a todos os litigantes judiciais.

1.5) Requisitos para Admissibilidade da Impugnação:


a) a existência de sentença condenatória
b) tempestividade – art. 475, J, §1º do CPC
c)alegação de uma das matérias previstas no art. 475- L do CPC
d) legitimidade: admite-se como legitimado o executado e seu cônjuge,
mesmo que este não tenha participado do processo, mas pode ficar sujeito
aos efeitos concretos da execução.

OBS: Não confundir com embargos de terceiros, uma vez que neste o
cônjuge defende a sua meação, enquanto que nos autos de impugnação ele
só pode alegar uma das matérias previstas no art. 475 L do CPC.Também
possui legitimidade o terceiro que teve seus bens penhorados.

e)competência: juízo da execução

1.6) Matérias que podem ser alegadas em impugnação

a) Falta ou nulidade da citação, se o processo lhe correu à revelia: só é


possível se o executado não tiver comparecido espontaneamente nos autos
da ação de conhecimento. A ausência da citação leva a inexistência do
processo e por via de conseqüência a invalidade dos atos praticados nos
mesmos.

b) Inexigibilidade do Título: é a alegação de que o título não apresenta


eficácia executiva.

OBS.: art. 475 L, § 1º do CPC: lei ou ato normativo declarado inconstitucional


são considerados títulos inexigíveis. A regra foi incluída no CPC no art. 741
através de Medida Provisória para permitir que a Fazenda Pública
rediscutisse as condenações sofridas.
Para o prof. G. Marinoni tal regra é inconstitucional, pois afasta a autoridade
da coisa julgada material formada, até porque pode ser aplicada nos controle
abstrato e difuso ainda que não haja resolução do Senado federal – art. 52, X
da CF.

c) Penhora Incorreta ou Avaliação Errônea: Trata-se de defeito do


procedimento da execução. Penhora incorreta é aquela que recai sobre bem
impenhorável ou quando existe o excesso de penhora, por exemplo.
Já a avaliação errônea é aquela em que o valor real do bem penhorado e
aquele atribuído na avaliação são incongruentes.

d) Ilegitimidade das Partes: só pode ser objeto de apreciação em fase de


impugnação se já não houver sido apreciado na fase cognitiva do processo.

e) Excesso de Execução: remete-se ao art. 743 do CPC. Se argüir que o


exeqüente pretende receber quantia superior a devida, o executado deve
indicar o valor que entende devido, sob pena de rejeição da impugnação. A
indicação do valor correto vem em memória de cálculo fundamentada.

f) Qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação: trata-


se de toda e qualquer causa que por um motivo qualquer altera o conteúdo
da obrigação.. Tais causas devem ser supervenientes a sentença, sob pena
de preclusão da matéria.

1.7) Efeitos da Impugnação art. 475 M do CPC.

Regra: não produz efeito suspensivo, ou seja, não impede a adoção de atos
de execução.

Exceção: o juiz pode conceder, motivadamente, o efeito suspensivo quando


houver:
a) relevantes os motivos
b) periculun in mora.
c) Existir a garantia do juízo, desde que o devedor tenha bens
penhoráveis. Essa garantia será determinada pelo juízo e poderá ser
real ou pessoal e deve levar em consideração o valor do bem e de
eventual prejuízo

1.8) Procedimento da Impugnação: art. 475 M, § 2º do CPC em regra se


processa em autos apartados e excepcionalmente se processará nos
próprios autos.
* Apresentação da impugnação
*Resposta do exeqüente impugnado:
- no prazo de 05 dias, se o juiz não tiver fixado outro – art. 185 do CPC
(Alexandre Câmara)
- no prazo de 15, em razão do princípio da isonomia (G. Marinoni)
*Se houver necessidade de produção de prova oral será designada a
realização de AIJ.
*Decisão

1.9) Natureza da decisão: art. 475, M, § 3º do CPC

Regra: decisão interlocutória

Exceção: sentença se levar a extinção da execução. A apelação só produzirá


efeito suspensivo se a sentença reconhecer a improcedência da execução.
Reconhecendo a procedência, significa dizer que assiste razão ao exeqüente
motivo pelo qual o recurso de apelação não deve produzir o efeito
suspensivo.

2- Na Execução Por Quantia Certa contra Devedor Solvente por Título


Extrajudicial - Embargos do Devedor/ Embargos à Execução/ Embargos
do Executado.- artigo 736 do CPC

2.1) conceito: “é o processo autônomo, incidente á execução de natureza


cognitiva, dentro do qual se poderá apreciar a pretensão manifestada pelo
exeqüente, para saber se esta é procedente ou não.” Alexandre Câmara.

2.2) Natureza jurídica: ação de conhecimento desconstitutiva do título


executivo. Assim, devem ser respeitadas todas as condições da ação
(legitimidade, interesse e possibilidade jurídica).

2.3) Natureza da decisão: Sentença, recorrível por apelação, art. 513 do


CPC. Se julgar improcedente ou rejeitar liminarmente os Embargos do
devedor, a apelação será recebida apenas no efeito devolutivo – artigo 520, V
do CPC.

2.4) Legitimidade: Ativa – Executado – Embargante


Passiva- Exeqüente – Embargado

2.5) Prazo: 15 dias (art. 738 do CPC) a contar da juntada do mando de


citação nos autos.

OBS.: em caso de litisconsórcio não se aplica a contagem do prazo em


dobro, caso tenham procuradores diversos, conforme determina o art. 738,
§3º do CPC. Ademais, havendo litisconsórcio, o prazo se inicia a contar a do
mandado de citação do respectivo devedor, ou seja, no processo de
execução há regra diversa do processo de conhecimento, em que o prazo de
defesa apenas se inicia da juntada do último mandado de citação cumprido-
artigo 738, § 1 do CPC.
2.6) Competência: é o juízo da execução. Logo a competência é funcional,
absoluta e sua não observância leva a incompetência absoluta do juízo.

2.7) Dispensa da garantia do Juízo, na forma do art. 736 do CPC.


Atualmente para que o executado possa oferecer embargos de executado
não há necessidade de garantia do juízo. A doutrina (prof. Carreira Alvim)
afirma que a dispensa só ocorrerá na ausência de bens penhoráveis por
força do art. 652 do CPC, porém este não tem sido o entendimento
majoritário da doutrina, que dispensa a garantia para a admissibilidade dos
embargos.

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. COMPROVANTE


DE PAGAMENTO DOS TÍTULOS EXECUTADOS. DESISTÊNCIA
MANIFESTADA PELO EXEQÜENTE APÓS CITAÇÃO POSITIVA.
DISCORDÃNCIA DA EMBARGANTE COM A EXTINÇÃO DO
PROCESSO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS.
1. Iniciada a execução na vigência da lei anterior e deduzidos
posteriormente embargos para demonstrar a existência de prova
inequívoca da quitação dos títulos objeto da execução, deve-se
admitir a incidência da nova lei, que dispensa a garantia do juízo,
de modo a permitir, por via dos embargos, sanar o caráter
teratológico da demanda lastreada em crédito já quitado.
Desprovimento do recurso (TJRJ, Rel. Des.Elton Leme, Apelação
Cível 2007.001.15577)

2.8) Rejeição dos Embargos (art. 739 do CPC)


1- intempestividade. O prazo do art. 736 CPC é peremptório e próprio.

OBS.: Se os embargos forem intempestivos devem ser julgados extintos sem


julgamento de mérito – art. 267 do CPC.

2-inépcia da petição inicial: como os embargos à execução têm natureza


de ação, deve ser respeitado o princípio da inércia e o executado para
exercer o seu direito de ação apresenta petição inicial. Se não estiverem
presentes os requisitos, o magistrado antes de decretar a inépcia da petição
deve determinar a sua emenda no prazo de 10 dias (art. 284 CPC) e se não
obedecida, traz como conseqüência a inépcia.

3- Manifestamente protelatórios: os atos protelatórios são aqueles


praticados com o intuito de retardar a prestação jurisdicional. Há quem afirme
que pode ser aplicada a penalidade prevista ao litigante de má-fé – art. 17 e
18 do CPC.

2.9) Efeitos: art. 739 A do CPC.


Regra: não produz efeito suspensivo, guardando harmonia com a
impugnação do título executivo judicial ( art. 475 M do CPC)

Exceção: pode produzir efeitos suspensivo quando existir – motivo relevante,


possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação ao executado –
desde que o juízo esteja garantido por penhora ou caução.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO
RECEBIDOS SOMENTE NO EFEITO DEVOLUTIVO, TENDO EM
VISTA A AUSÊNCIA DE PENHORA. ALEGAÇÃO DE
DESNECESSIDADE DE PENHORA, EM RAZÃO DA HIPOTECA
EXISTENTE SOBRE O BEM IMÓVEL ADQUIRIDO POR MEIO DO
SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. INSTITUTOS
DISTINTOS. A HIPOTECA É UM DIREITO REAL DE GARANTIA,
EM VIRTUDE DO QUAL UM BEM IMÓVEL REMANESCE EM
PODER DO DEVEDOR OU DE TERCEIRO, ASSEGURANDO
PREFERENCIALMENTE AO CREDOR O PAGAMENTO DE UMA
DÍVIDA. JÁ A PENHORA É UM ATO EXECUTIVO QUE VISA A
GARANTIR O JUÍZO; INDIVIDUALIZAR O BEM QUE SUPORTARÁ
A ATIVIDADE EXECUTIVA E GERAR PARA O EXEQUENTE O
DIREITO DE PREFERÊNCIA. POR OUTRO LADO, SÃO EFEITOS
MATERIAIS DA PENHORA RETIRAR DO EXECUTADO A POSSE
DIRETA DO BEM PENHORADO E TORNAR INEFICAZES OS
ATOS DE ALIENAÇÃO E ONERAÇÃO DO BEM APREENDIDO
JUDICIALMENTE. A LEI 5.741/71, QUE DISPÕE SOBRE A
PROTEÇÃO DO FINANCIAMENTO DE BENS IMÓVEIS
VINCULADOS AO SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO,
TRAZ, EM SEU ARTIGO 4º, A SEGUINTE REGRA: "SE O
EXECUTADO NÃO PAGAR A DÍVIDA INDICADA NO INCISO II DO
ART. 2º, ACRESCIDA DAS CUSTAS E HONORÁRIOS DE
ADVOGADO OU NÃO DEPOSITAR O SALDO DEVEDOR,
EFETUAR-SE-Á A PENHORA DO IMÓVEL HIPOTECADO, SENDO
NOMEADO DEPOSITÁRIO O EXEQÜENTE OU QUEM ESTE
INDICAR." O ARTIGO 5º REZA QUE: "O EXECUTADO PODERÁ
OPOR EMBARGOS NO PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS CONTADOS
DA PENHORA." ASSIM, A LEI ESPECÍFICA SOBRE O TEMA
DETERMINA A PENHORA COMO CONDIÇÃO PARA A
OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS. DA MESMA FORMA, O CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL IMPÕE A PENHORA OU CAUÇÃO COMO
PRESSUPOSTO PARA A OBTENÇÃO DO EXCEPCIONAL EFEITO
SUSPENSIVO AOS EMBARGOS DE DEVEDOR. CONCLUI-SE
QUE É POSSÍVEL A ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS
EMBARGOS, MAS DESDE QUE O JUÍZO ESTEJA
DEVIDAMENTE GARANTIDO. RESSALTE-SE QUE A
EXISTÊNCIA DE AÇÃO REVISIONAL EM CURSO NÃO IMPEDE O
AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO, QUE PODERÁ SER SUSPENSA,
APÓS A PENHORA, CASO SE ENTENDA PELA PRESENÇA DOS
REQUISITOS DO ARTIGO 739-A, § 1º, DO CPC. RECURSO
DESPROVIDO. (TJRJ, Rel. Des. Odete Kanaac Capanema de
Souza, Agravo de Instrumento 2009.002. 02812)

2.10) Matérias que podem ser objeto da execução – art. 745 do CPC
a) Nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado.

b) Penhora incorreta ou avaliação errônea

c) Excesso de execução ou cumulação indevida de execução

d) Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis – artigo 621 do CPC

e) Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de
conhecimento.
2.11) Manifestação do exeqüente art. 740 do CPC: tem prazo de 15 dias
para se manifestar sobre as matérias embargadas para apresentar
impugnação, que tem natureza jurídica de contestação.

OBS: Também é possível a apresentação de exceção de pré-executividade.


Na exposição de motivos da lei 11.382/06 o legislador afirma que tal medida
só será cabível no prazo previsto no art. 652 do CPC. A doutrina tem feito
forte crítica com relação a tal fato, uma vez que a exceção é utilizada para
combater matérias de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício o
que permite a sua utilização independentemente de previsão do legislador.

3- DEMAIS DEFESAS DO DEVEDOR

A) MORATÓRIA

Foi introduzida pela Lei 11.382/06, em que foi inserido o artigo 745 A do CPC.

Ocorre quando o devedor reconhece o débito e efetua o depósito e 30% do


valor devido (principal acrescido de juros, correção monetária e honorários),
pretendendo o pagamento restante em até seis vezes com juros de mora de
1% ao mês.

È regra que traz a preponderância do principio da menor onerosidade em


relação ao principio da satisfação do credor, pois permite que sem agressão
ao patrimônio do devedor, ele crie condições concretas de cumprir com a
obrigação de pagar sem que tenha bens expropriados.

A doutrina indica que não se trata de escolha do exeqüente ou do magistrado


em aceitar ou não o pedido de moratória. Uma vez preenchidos os requisitos
legais, a hipótese é de direito subjetivo do executado.

A moratória só será admitida se o devedor efetuar pedido do depósito inicial


no prazo de 15 dias após a juntada aos autos do mandado de citação, bem
como reconhecer, neste ato, o crédito exeqüendo.

OBS: Caso o magistrado verifique que a intenção do devedor com o pedido


de moratória é de procrastinar o feito, deve ser aplicada a sanção do artigo
600 do CPC, bem como das penalidades pela litigância de má-fé.
Aceita a moratória os atos de execução ficam suspensos e o credor pode
levantar a quantia incontroversa de 30% do valor devido. Caso a moratória
seja rejeitada, a execução prossegue com a prática dos atos executórios,
ficando vedado ao credor levantar o valor depositado, que será considerado
como penhorado.

Se o executado não cumprir com o pagamento parcelado do débito através


da moratória, será fixada a ele uma multa no valor de 10% do saldo
remanescente e ainda fica vedado o oferecimento de embargos do devedor –
art. 745 A,§2° do CPC. Há quem argumente sobre a inconstitucionalidade da
vedação da oposição de embargos em nome do princípio constitucional da
ampla defesa. Porém, tal argumento não merece prosperar, pois a concessão
da moratória depende do reconhecimento do débito, logo não há fundamento
para a oposição de embargos, além do mais a moratória é requerida no prazo
para oposição de embargos, o que afasta em momento posterior a sua
tempestividade.

OBS: Entende o prof. Cássio Scarpinela Bueno que a moratória deve ser
admitida, quando houver o reconhecimento parcial do débito e a oposição de
embargos em relação a parte não reconhecida, pois desta forma permitiria ao
devedor a possibilidade de efetuar o pagamento com as facilidades da
moratória e ainda se defender de pretensão injusta do credor.

OBS: Moratória pode ser aplicada aos títulos judiciais? Para o prof. Humberto
Theodoro Jr., não, pois seria onerar demasiadamente o credor com mais uma
possibilidade de defesa, quando a constituição do crédito já dependeu de um
procedimento inicial, em que o devedor apresenta inúmeras defesa. Já para
C. S. Bueno é possível em nome do princípio da menor onerosidade.

B) EMBARGOS DE SEGUNDA FASE (ANTIGO EMBARGOS À


ADJUDICÇÃO, ARREMATAÇÃO)

Tal defesa é prevista no artigo 746 do CPC, que sofreu alterações com a
reforma de 2006.

É possível ao executado opor embargos no prazo de cinco dias após a


lavratura do auto de adjudicação, alienação privada ou em hasta pública, ao
argumento de nulidade da execução ou em causa extintiva da obrigação,
quando supervenientes a penhora, por isso chamados de embargos de
segunda fase.

Esta modalidade de defesa é utilizada para qualquer execução de pagar


quantia certa, seja o título judicial, seja extrajudicial. Basta que o devedor
discuta a alienação dos bens penhorados e qualquer outra causa
superveniente a apresentação dos embargos à execução.

Os embargos de segunda fase seguem o mesmo procedimento que os


embargos à execução, inclusive quanto ao efeito.

O art. 747 do CPC traz a regra de competência para julgamento dos


embargos de segunda fase. A competência em regra é do juízo da causa,
mas se houver a expedição de carta precatória para a alienação dos bens, é
perante o juízo deprecado que os embargos devem ser opostos e por
conseqüência o julgamento é da competência do juízo deprecado.

OBS: Súmula 331 do STJ, há entendimento de que a referida súmula está


superada, pois diante das reformas processuais, a decisão que julga os
embargos de segunda fase é decisão interlocutória e não sentença.

Caso haja oposição dos embargos de segunda fase, está o adquirente


possibilitado de desistir da aquisição pelo simples fato objetivo da oposição
dos embargos pelo devedor, tudo para permitir a maior segurança nas
relações jurídicas de quem adquire a coisa penhorada – art. 746 §§ 1° e 2°
do CPC, fato em que ocorrendo leva como conseqüência a liberação do valor
depositado pelo desistente e a impossibilidade e levantamento da
importância pelo exequente.

OBS: Caso a oposição dos embargos tenha o caráter protelatório, este será
punido com uma multa de até 20% do valor da execução – art. 746, §3° do
CPC, o beneficiário da multa é o adquirente, ainda que não tenha exercido o
direito de desistência da aquisição.

C) EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Conceito: “é a modalidade de defesa do executado, apresentada no curso do


processo, independentemente de prazos ou formalidades.” (G. Marinoni)

Foi criada pela doutrina e aceita pela jurisprudência, não havendo


regulamentação legal para utilização desta modalidade de defesa.

Muito se discutiu na doutrina a sua nomenclatura, uma vez que o termo


“exceção” só pode ser utilizado para matérias que dependem do
requerimento da parte, contudo esta modalidade de defesa do executado visa
argüir matérias de ordem pública que podem ser conhecidas de ofício pelo
magistrado, afirmando parte da a doutrina que a nomenclatura correta é a
Objeção de pré-executividade. Porém o termo exceção de pré-
executividade é o mais corriqueiro.

Pode ser oferecida a qualquer momento e independe de garantia do juízo


para que seja admissível.
A decisão que a julga tem natureza de:
- Sentença, se provocar a extinção da execução.
- Decisão Interlocutória, se não levar a extinção da execução.

5- Satisfação do Credor

a) Formas de Satisfação do Credor – art. 647 do CPC

a.1) Adjudicação (art. 685/686 do CPC): a transferência é feita ao próprio


credor, com abatimento do valor correspondente.

Pela nova sistemática a adjudicação é a forma preferencial de satisfação do


direito do credor.

Pressupostos: (art. 685 A do CPC): oferta não inferior ao valor da avaliação;


pedido feito após a avaliação;

OBS: O exeqüente receberá o valor do produto da adjudicação quando feita


por pessoa diversa do exeqüente – art. 685 A, §§ 2° e 4° do CPC.
OBS: Antes da reforma havia dúvidas sobre que tipo de bem ficava sujeito a
adjudicação, pois o legislador se referia apenas a bem imóvel. Atualmente, o
legislador seguindo a posição majoritária da jurisprudência, através dos
artigos 685 A e B do CPC, qualquer bem móvel ou imóvel pode ficar sujeito a
adjudicação.

Legitimidade para Adjudicar: Exeqüente, credor com garantia real,


Credores concorrentes, cônjuge, ascendente, descendente, sócios de
sociedade, cuja quota social fora penhorada (art. 685, A §§ 1°, 2° e 4° do
CPC).

OBS: apenas o exequente está dispensado de depositar o valor do bem,


salvo se este tiver valor superior ao crédito.

OBS: art. 1482 do CC, permite a remissão de bem hipotecado pelo


ascendente, cônjuge ou descendente. Tal regra persiste por ser norma
especial em relação a regra geral do CPC, desde que ofereça valor igual ao
da avaliação, se não tiver licitante ou ao de maior lance.

OBS: legitimidade para o companheiro adjudicar.

Demais intimados para a adjudicação – art. 698 do CPC


Concorrência de credores- art. 685 A, §3° do CPC
Auto de adjudicação – art. 685 A, §5e do CPC
Carta de adjudicação- art. 685 B do CPC

a.2) Alienação por iniciativa do particular: consiste na alienação dos bens


penhorados por iniciativa do próprio exeqüente ou por intermédio de corretor
credenciado perante o Poder Judiciário (art. 685 C do CPC). A alienação é
confiada a um particular, cuja atividade é controlada pelo juiz.

Tal modalidade é possível quando o credor não pretende adjudicar o bem e


tem preferência em relação a alienação em hasta pública e dispensa a
publicação de editais exigidos na hasta pública.

Pressupostos: requerimento feito pelo credor exclusivamente, pedido feito


antes de eventual arrematação em hasta pública do bem.

Exigências: é necessário verificar o prazo estabelecido para a alienação


(previsto pelo magistrado), forma de publicidade, preço mínimo da avaliação,
condições de pagamento, garantias a serem prestadas pelo adquirente,
comissão do corretor, se existir.

a.3) Alienação em hasta pública: consiste na oferta pública do bem


penhorado.

O procedimento se inicia com a publicação dos editais e termina com a carta


de arrematação – art. 694 do CPC. Os editais são dispensados quando o
bem avaliado tem valor inferior a 60 salários mínimos.
A hasta pública é gênero, da qual são espécies: praça e leilão. A praça é
designada para bem imóvel e o leilão para o bem móvel. A praça se realiza
no átrio do fórum e o leilão no local em que se encontram os bens ou no local
determinado pelo magistrado – art. 705 do CPC.

a.4) Usufruto de bem móvel ou imóvel (art. 716 do CPC): se limita a


expropriar, temporariamente, o direito de uso e aos frutos de bem, pagando-
se o exeqüente com a renda produzida.

Pressupostos: existência de bem penhorado capaz de gerar frutos ou


rendimentos e que se respeite a menor onerosidade. Não é muito utilizado
porque demora a prestação jurisdicional e pode fazer com que o processo
tenha um custo muito elevado.

OBS.: Nos três primeiro casos haverá a transferência da propriedade do bem


para o credor ou para o arrematante. No último caso a expropriação é
temporária e desta forma não ocorre a transferência da propriedade.

OBS.: Se a penhora recair sobre direito do devedor a regra será de sub-


rogação no direito penhorado – art. 673 do CPC. Se houver recusa do credor
em se sub-rogar, proceder-se-á a alienação judicial do direito – art. 673, § 1º
do CPC.

b) Natureza Jurídica da Expropriação

1) Para Carnelutti possui natureza contratual da alienação judicial, uma vez


que é entendida como contrato de compra e venda. O Estado se substitui ao
vendedor, alienando em seu nome o bem ao arrematante.
Crítica: não existe vontade do devedor a ser substituída.

2) Para Chiovenda e Calamandrei possui natureza de um procedimento


complexo, em que o Estado toma do devedor o poder de dispor da coisa
penhorada.

3) Liebman: afirma que alienação judicial tem vínculo de natureza de direito


público. Coexistem dois atos unilaterais, distintos e heterogêneos

4) G. Marinoni: tem natureza processual e constitui forma derivada de


aquisição da propriedade.

c) Concurso de Credores (art. 711 do CPC): Após a alienação dos bens e


arrecadação do dinheiro se houver mais de um credor para buscar a
satisfação do seu crédito será feito o concurso universal de credores, que
tem natureza jurídica de incidente processual.
O concurso de credores é o meio pelo qual o juiz vai estabelecer a ordem de
pagamento dos credores, de acordo com a ordem cronológica da penhora e
levando em consideração os créditos preferenciais.
6- EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Prevista no art. 730/731 do CPC, sendo o meio processual adequado a


promover o cumprimento da obrigação de pagar devida pela Administração
Pública.

6.1-Legitimidade: Ativa – qualquer credor portador de título executivo judicial


ou extrajudicial (Súmula 279 do STJ)
Passiva – Pessoa Jurídica de direito público e suas autarquias e fundações
públicas.

6.2- Natureza Jurídica: Processo autônomo, independentemente do título


executivo que fundamenta a execução.

6.3- Procedimento:
Ajuizamento da demanda executiva com pedido de citação.

Em face da Fazenda Pública a citação é sempre pessoal, sendo certo que a


Fazenda é citada para opor embargos e nunca para cumprir a obrigação de
pagar, pois o pagamento depende da ordem do precatório.

OBS.: Em face da Fazenda Pública não há penhora de bens, já que os


mesmos são inalienáveis, e em razão desse motivo a execução é
considerada imprópria, ou seja, os atos de execução são diversos dos meios
tradicionais.

Uma vez citada a Fazenda Pública, esta pode permanecer inerte ou opor
embargos.

6.4- Defesa da Fazenda Pública – Embargos de Devedor.


a) Natureza jurídica: tem natureza de ação autônoma de impugnação e é
admissível em qualquer tipo de execução, seja o título judicial, seja
extrajudicial.

b) Prazo para oposição: Nesta hipótese temos mais um privilégio


processual para a Fazenda Pública, já que o prazo para oposição dos
embargos é diferenciada, qual seja, 30 dias, em razão da MP2180-35/01,
convertida na Lei9494/97, art. 1ºB.

OBS.: O legislador houve por bem em aumentar o prazo para a Fazenda


Pública opor embargos do devedor, uma vez que na execução fiscal o
particular tem o prazo de 30 dias para opor embargos. Para o Prof. Alexandre
Câmara o aumento do prazo é inconstitucional, pois fere o principio da
isonomia, já que na execução fiscal o título executivo é formando de forma
unilateral e na execução contra a fazenda pública o título é formado com a
participação ativa da administração pública.

Em que pese o argumento acima, este não tem sido o entendimento


majoritário da jurisprudência, que permite a aplicação do prazo de trinta dias
para a Fazenda Pública opor embargos à execução, na forma das decisões
abaixo colacionadas:

EMBARGOS À EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. REJEIÇÃO


LIMINAR DOS EMBARGOS, AO ARGUMENTO DA
INTEMPESTIVIDADE. PRAZO DO ART. 730 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL ALTERADO PELA MEDIDA PROVISÓRIA
2.180-35. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DO E.TJ/RJ. ANULAÇÃO DO
JULGADO.1- O prazo de 10 (dez) dias para interposição de
embargos pela Fazenda Pública, previsto no art. 730 do Código de
Processo Civil, foi aumentado para 30 (trinta dias) pelo art. 1º-B da
Lei 9.494/97, incluído pela Medida Provisória 2.180/35.2- Não
obstante vedação constitucional prevista no art. 62, § 1º, I, b) da
Constituição Federal, quanto à proibição de disciplina, por medida
provisória, de matéria processual, o art. 2º da Emenda
Constitucional 32/2001, que acrescentou esta vedação, ressalvou
expressamente as medidas provisórias editadas anteriormente Tal
é precisamente o caso dos autos.3- Embargos interpostos dentro
do trintídio legal. Tempestividade. Anulação do julgado. Baixa dos
autos para regular prosseguimento.-PROVIMENTO DO RECURSO,
MONOCRATICAMENTE (TJRJ, Rel. Des. Carlos Santos de
Oliveira, Apelação Cível 2009.001.01544)

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.


NÃO OFERECIMENTO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS EM SIMPLES PETIÇÃO.
PRECLUSÃO. POSTERIOR IMPUGNAÇÃO POR MEIO DE
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. REJEIÇÃO.
MANUTENÇÃO. Uma vez citada em execução, a Fazenda Pública
dispõe do prazo de 30 (trinta) dias para opor embargos à
execução, conforme regra prevista no artigo 730 do CPC
combinado com artigo 1º-B da Lei nº 9.494/97, acrescentado pela
Medida Provisória nº 2.180-35/2001. A não oposição de embargos
gera a preclusão das matérias que poderiam ser discutidas e não o
foram, salvo as de ordem pública, que podem ser suscitadas a
qualquer tempo. Na espécie, a alegação da Fazenda Pública é o
suposto excesso de execução, matéria típica de embargos do
executado (artigo 741, V, do CPC), não podendo ser alegada em
simples petição e muito menos em petição de exceção de pré-
executividade, por não se tratar de matéria de ordem pública.
Decisão a quo correta que deve ser mantida. Nego seguimento ao
recurso, na forma do artigo 557, caput, do CPC.(TJRJ. Rel Des.
Cleber Ghelfenstein, Agravo de Instrumento 2009.002.25816)

OBS: Vale frisar que em sede de embargos à execução oferecidos pela


fazenda pública em regra não vão produzir o efeito suspensivo, haja vista que
o mesmo depende de garantia do juízo, na forma do artigo 739 A, § 1° do
CPC e contra o bem público não cabe penhora, nem se exige da Fazenda
Pública o depósito ou caução. Assim, a expedição do precatório ou de
requisição de pequeno valor ficam sujeitos ao trânsito em julgado da decisão
que julgar os embargos à execução (artigo 100 da CF).
OBS: Se os embargos forem parciais, a execução prossegue em face da
parte impugnada, sendo autorizada, entretanto, a expedição de precatório ou
de RPV em relação a parte que se tornou incontroversa.

c) Matérias Impugnáveis: aquelas contidas no art. 741 do CPC. Para o


professor Humberto Theodoro Jr. As matérias contidas no referido artigo
apenas podem ser exaustivas em sede de execução por título judicial, já que
antes da formação do título executivo definitivo houve uma grande dilação
probatória acerca do mérito. Entretanto, o rol é enumerativo quando a
execução é fundada em título executivo extrajudicial, pois neste caso deve-se
aplicar a ampla defesa, já que não existiu procedimento anterior capaz de
permitir uma dilação probatória exauriente.

No que tange as matéria que podem ser objeto de defesa pela


Fazenda Pública vale a pena chamar atenção a regra contida no artigo 741,
parágrafo único do CPC, que trata da decisão que foi objeto de decisão de
inconstitucionalidade, porém tal tema já foi tratado na Impugnação

d) Decisão: Sentença, recebida no duplo efeito, em regra.

6.5- Fazenda não opõe Embargos do Devedor.

O juiz da execução requisita o pagamento ao tribunal competente para


analisar o recurso.

Como a Fazenda Pública não apresentou os embargos à execução


vige o entendimento segundo o qual não são devidos honorários
advocatícios, por força do artigo 1° D da Lei 9494/97.

Para o STF o referido dispositivo teve interpretação conforme a


Constituição, no seu artigo 100, § 3°, em que a regra apenas se aplica a
execução por quantia certa e quando não se tratar de pagamento mediante
requisição de pequeno valor. Ademais, a nova regra serviu de premiação à
Fazenda Pública por uma conduta leal.

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE. COBRANÇA DE IPTU REFERENTE AOS
EXERCÍCIOS DE 1992 E 1993. INÉRCIA DO EXEQUENTE
DESDE O AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL, ATÉ A
APRESENTAÇÃO DA PRESENTE EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE PELA EMPRESA EXECUTADA. OCORRÊNCIA
DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXTINÇÃO DO
PROCESSO. INCONFORMISMO DA MUNICIPALIDADE,
TENTANDO IMPUTAR AO CARTÓRIO A DESÍDIA QUANTO À
DEMORA NA EFETIVAÇÃO DA CITAÇÃO DA EXECUTADA.
IRRESIGNAÇÃO QUE NÃO SE SUSTENTA. SENTENÇA QUE
JULGOU EXTINTA A EXECUÇÃO FISCAL E QUE MERECE SER
MANTIDA. PEQUENA REFORMA TÃO APENAS NO TOCANTE À
VERBA HONORÁRIA, EIS QUE RECONHECIDA A
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA
AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, DIANTE
DA AUSÊNCIA DE OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS. PROVIMENTO
PARCIAL DO RECURSO. (TJRJ, Rel. Des. Luiz Felipe Francisco,
Apelação Cível 2009.001.29243)

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO EM DESFAVOR DA
FAZENDA PÚBLICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO.
NÃO-CABIMENTO. AÇÃO PROPOSTA APÓS A EDIÇÃO DA MP
2.180-35/01. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, revendo seu
entendimento, firmou compreensão segundo a qual o disposto na
Medida Provisória 2.180-35/01, que acrescentou o art. 1º-D à Lei
9.494/97, incide nas execuções não-embargadas iniciadas após
sua edição, razão por que, proposta a execução após 24/8/01, não
é mais cabível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento
de verba honorária.
2. Agravo regimental improvido. (STJ, Rel. MIn.Arnaldo Esteves
Lima, Agravo do ERESP. 652578/SC).

6.6- Pagamento:
É feito mediante precatório de acordo com a ordem cronológica de
apresentação junto ao tribunal. – art. 100 CF

OBS.: Se o direito de preferência não for respeitado o Presidente do tribunal


poderá determinar o seqüestro de bens, após ouvir o MP.
O seqüestro recairá sobre o patrimônio da verba pública a fim de garantir o
cumprimento da decisão judicial.

PROCESSO CIVIL. PRECATÓRIO. ÍNDICES DE CORREÇÃO


MONETÁRIA ALTERADOS PELO PRESIDENTE DO TRIBUNAL
ESTADUAL EM DECISÃO RELATIVA A PEDIDO DE SEQUESTRO
DE VERBAS PÚBLICAS EFETUADO EM VIRTUDE DO NÃO-
PAGAMENTO DE PARCELAS DE PRECATÓRIO ORIUNDO DE
AÇÃO EXPROPRIATÓRIA.
1. Ante o disposto no art. 575, II, do CPC, compete ao Juízo da
Execução decidir incidentes ou questões surgidas no cumprimento
dos precatórios, porquanto a função do Presidente do Tribunal no
processamento do requisitório de pagamento é de índole
administrativa, não abrangendo as decisões ou recursos de
natureza jurisdicional, consoante o enunciado da Súmula 311/STJ:
"Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre
processamento e pagamento de precatório não têm caráter
jurisdicional".
2. Descabe ao Presidente do Tribunal estadual, no exercício de
função administrativa, alterar o índice de correção monetária
aplicável ao precatório judicial, já definido pelo juízo da execução
em decisum transitado em julgado.
3. Recurso ordinário em mandado de segurança provido. (STJ, Rel.
Min. Castro Meira, RMS29413/SP)

7- EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS

Atualmente temos dois tipos de alimentos: a) decorrente de responsabilidade


civil e b) decorrente do direito de família.

a) Decorrente de Responsabilidade Civil – art. 475 Q do CPC

O legislador fez referência apenas aos alimentos decorrentes de ato ilícito,


porém para o prof. Teori Zavascki a expressão “ato ilícito” deve ser lida em
sentido amplo, ou seja, em todas as hipóteses decorrentes de
responsabilidade civil, sejam os ato lícitos ou ilícitos.

Uma vez condenado a efetuar o pagamento de verba alimentar o réu deverá


constituir capital para o cumprimento da obrigação.

- A constituição do capital poderá ser em imóvel, titulo da dívida pública ou


aplicação financeira, sendo esta uma obrigação de fazer em que o
magistrado pode impor meio de coerção para cumprimento. (art. 475 Q, § 1º
c/c 461, §§ 4º e 5º do CPC)

- O capital constituído é inalienável e impenhorável, enquanto durar a


obrigação do devedor. Porém, tal impenhorabilidade só é valida para as
dívidas contraídas após a pratica do ato ensejador da obrigação de pagar a
indenização.

- O art. 475 Q, §2º do CPC dispensa a constituição de capital quando o


devedor puder incluir o credor em folha de pagamento de pessoa jurídica de
direito publico ou de direito privado, desde que esta tenha notória capacidade
econômica. A constituição do capital também pode ser substituída, a pedido
do devedor, por fiança bancária. Tal dispositivo veio a garantir o princípio da
preservação da empresa.

- O art. 475 Q, §4º do CPC permite que o valor dos alimentos seja fixado em
salários mínimos. A grande questão é se tal dispositivo ofende ou não o art.
7º, IV da CF, que veda a vinculação do salário mínimo como indexador,
porém a doutrina entende que não veda a utilização do salário mínimo como
parâmetro de indenização a ser fixada em sentença.

b) Decorrente do direito de família – art. 732 e 733 do CPC.

Esse procedimento só admite o título executivo judicial, pois existe a prisão


civil como meio de coerção para o cumprimento da obrigação de alimentos.

Forma título executivo judicial qualquer decisão: sentença ou decisão


interlocutória que fixa alimentos provisórios, provisionais ou definitivos.

OBS: A execução de alimentos pode ser feita nos próprios autos ou depende
de propositura de ação autônoma? O entendimento majoritário é no sentido
da necessidade de autos próprios, que permita a citação do devedor para se
justificar no prazo legal e que ao mesmo tempo permita a aplicação das
novas regras da execução por quantia certa, tal como o artigo 475 J do CPC.

“Todavia, com a entrada em vigor da lei nº. 11.232/2005 não mais


existe processo de execução de título executivo judicial. Apenas os
títulos executivos extrajudiciais dispõem de procedimento
autônomo, de acordo com as alterações produzidas pela edição da
lei nº. 11.382/2006. Para o cumprimento da sentença que
reconheça obrigação de pagar quantia certa basta o requerimento
do credor nos próprios autos do processo de conhecimento.
Sendo assim, em se tratando de título executivo judicial, a
sistemática a ser adotada para cumprimento da decisão é a trazida
pela lei nº. 11.232/2005.
E o fato da lei ter silenciado sobre a execução de alimentos não
pode conduzir à idéia de que a falta de modificação dos arts. 732 e
735 do Código de Processo Civil impõe a manutenção do
demorado processo de execução, porquanto viria a contrariar o
próprio objetivo da lei, que é dar maior celeridade ao feito
executivo. A interpretação do ordenamento jurídico no presente
caso deve ser a teleológica, haja vista que a execução de
alimentos, como já referido, exige maior presteza do judiciário,
dada a importância e premência da verba alimentar (3).
Assim, em um processo lógico e conciliando a lei nº. 11.232/2005
com o ordenamento vigente, que exige do direito de família uma
atenção especial à prestação alimentícia, tanto que existe
procedimento especial para fixação de alimentos (4), com maior
razão deve ser aplicado o art. 475-J e seguintes do Código de
Processo Civil, inclusive com a aplicação da multa, que possui
caráter coercitivo (5), para que o devedor cumpra voluntariamente a
obrigação que lhe foi imposta (6).”( A execução de alimentos em
face da Reforma Processual Civil na Execução, CASSOL, Maria
Helena, artigo publicado no site www.ibdfam.org.br)

Contudo, no procedimento que tramita pelo rito do artigo 733 do CPC, não
cabe a incidência da multa prevista no artigo 475 J do CPC, haja vista que tal
multa possui natureza coercitiva do cumprimento da obrigação e no referido
procedimento já existe outro meio coercitivo, qual seja, a possibilidade da
prisão civil do devedor de alimentos, que está em perfeita sintonia com o
Pacto São José da Costa Rica.
Na fase postulatória o devedor é citado para no prazo de 03 dias: pagar,
provar que pagou ou justificar. A prova do pagamento se dá nos próprios
autos e a justificativa é a demonstração de impossibilidade de pagamento
temporária.

A recusa da justificativa pode levar a decretação de prisão do devedor de


alimentos (art. 733 do CPC), em que a prisão constitui meio de coerção para
o cumprimento da obrigação, podendo ser decretada de ofício pelo
magistrado e quando do pagamento deve ser expedido o alvará de soltura.

OBS: Prazo da prisão do devedor de alimentos? Lei 5474/68, art. 19 ou art.


733, §1° do CPC?

a) pelo princípio da menor onerosidade aplica-se o prazo da Lei de


alimentos. (majoritária em sede doutrinária, porém na jurisprudência
vige o entendimento de que deve ser aplicado o prazo da prisão
previsto no artigo 733, §1° do CPC)
b) para os alimentos provisórios aplica-se o CPC e para os alimentos
definitivos aplica-se a Lei de alimentos.
c) Aplica-se em qualquer caso o CPC, pois norma posterior que teria
derrogado, nesta parte, o art. 19 da lei de alimentos.

HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS


PRETÉRITOS E ATUAIS.Nulidade do decreto prisional por
ausência de especificação do prazo da prisão. Inocorrência, haja
vista a anterior estipulação do prazo, junto à prolação do despacho
liminar positivo. Decreto prisional, que não se mostra arbitrário.
Existência de regular citação. Embargos à execução, que não têm
o condão de suspender a execução (art. 739-A do CPC). Decisão
em consonância com a súmula nº 309 do STJ. Suposta inércia da
genitora dos menores em informar o número da conta para
depósito, que não constitui óbice ao pagamento. Exeqüente que
deveria ter solicitado a emissão de guia para depósito judicial junto
à serventia cartorária, peticionar ao magistrado requerendo sua
expedição ou até mesmo despachar sua petição em mãos junto ao
magistrado. Existência de várias alternativas para o cumprimento
da obrigação, a demonstrar que, se o devedor não pagou, é porque
não quis fazê-lo. Quanto ao custeio das despesas com escola e
plano de saúde, o devedor já havia sido alertado pelo magistrado
que tal pagamento configura mera liberalidade, sendo, por isso,
inábil a eximi-lo de sua real obrigação. Opção por continuar a pagar
o que lhe aprouvera, feita com a ciência de que descumpria o
mandamento judicial e, portanto, sujeitar-se-ia ao rigor do parágrafo
1º do art.733 do CPC. DENEGAÇÃO DA ORDEM (TJRJ, Rel. Des.
Célia Meliga Pessoa, HC 2009.144.00139)

OBS: A prisão não ilide o dever de pagamento do débito de pensão de


alimentos. Entretanto ninguém pode ser preso pelo mesmo período de débito
por mais de uma vez.
A prisão pode ser deferida ainda que não se tenham esgotado todos
os meios de execução contra o devedor.

OBS: Súmula 309 do STJ: “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.”
Qualquer débito que seja considerado muito pretérito não justifica a prisão
em decorrência do débito, uma vez que não estaria presente a premente
necessidade do credor de alimentos.

Vale frisar que não cabe a cumulação dos procedimentos previstos nos
artigos 732 e 733 do CPC.

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - CUMULAÇÃO DE


PROCEDIMENTOS - MANDADO DE PRISÃO PELO NÃO
PAGAMENTO DO VALOR GLOBAL DO DÉBITO
IMPOSSIBILIDADE - POSSIBILIDADE, NO ENTANTO, DO
DECRETO PRISIONAL PELO NÃO PAGAMENTO DAS TRÊS
ÚLTIMAS PRESTAÇÕES ALIMENTÍCIAS - O alimentando ajuizou
ação de execução formulando dois pedidos, consistente o primeiro
na citação do executado para efetuar o pagamento do débito desde
o ano de 2004, assinado o prazo de vinte e quatro horas, na forma
do art. 732 do CPC, sendo o segundo pedido em consonância com
o art. 733 do mesmo diploma legal para pagamento das três últimas
prestações, sob pena de não o fazendo ser decretada sua prisão.
O acúmulo de dois procedimentos nos autos da mesma execução
alimentícia ocasionou a expedição de mandado de prisão pelo não
pagamento do valor global do débito executado, o que se afigura
contrário à jurisprudência. Possibilidade do prosseguimento da
execução aparelhada da solução prisional, mas limitada às três
últimas prestações. Parcial provimento ao recurso (TJRJ. Rel. Des.
Edson Vasconcelos, Agravo de Instrumento 2008.002.32284)

8-EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA

8.1EXECUÇÃO PARA ENTREGA DDE COISA CERTA

a) Lastreada em Título executivo judicial – art. 461 A do CPC

Possui natureza jurídica de fase processual, pois é dispensada nova citação


do devedor, em que o juiz fixa na sentença o prazo de cumprimento da
obrigação.

O juiz pode na própria sentença fixar multa pelo descumprimento da


obrigação. São as chamadas ASTREINTES, em que a sua fixação independe
de requerimento da parte, possuindo natureza de meio coercitivo para o
cumprimento da obrigação, o que amplia a eficiência do processo.

O juiz ao fixar o prazo de cumprimento da sentença, percebendo que não


houve o seu cumprimento pode determinar a busca e apreensão da coisa
móvel ou a imissão da posse de coisa imóvel. È modalidade de sentença
executiva lato sensu, ou seja, cujo cumprimento se dá nos próprios autos.

OBS: aplicam-se subsidiariamente as regras de execução das obrigações de


fazer/não fazer.

b) Lastreada em Titulo Executivo Extrajudicial. 621/628 do CPC

Possui natureza de processo autônomo, que se inicia com o oferecimento da


petição inicial que deve estar instruída com o titulo executivo extrajudicial e
deve conter o pedido de citação do devedor para o cumprimento da
obrigação – entrega de coisa certa, ou para que efetue o seu depósito em
juízo.

O executado possui o prazo de 10 dias para cumprir a obrigação ou para


efetuar o seu depósito em juízo, em que a defesa por via de embargos
depende de garantia do juízo – artigo 621 do CPC.

Se a coisa é entregue no prazo de 10 dias a execução é extinta – 624 do


CPC.

Se a coisa é depositada fica a disposição do juízo até julgamento final dos


embargos – 623 do CPC.

Se o executado se mantém inerte é expedido mandado de busca e


apreensão/imissão na posse, estando, ainda, sujeito ao pagamento da multa
por atraso no cumprimento da obrigação – art. 621, parágrafo único c/c 625
do CPC. Da intimação da busca e apreensão/imissão na posse, pode o
executado oferecer defesa através da via dos embargos.

OBS: bem na posse de terceiro – art. 626 do CPC, o terceiro deverá entregar
o bem em juízo para ter o direito de ser ouvido.

Se houver a impossibilidade de cumprimento da obrigação com a entrega da


coisa certa, a obrigação se converte em perdas e danos e passa a seguir o
rito da execução por quantia certa – art. 627 do CPC.

Se o executado tiver realizado benfeitorias na coisa, sendo indenizáveis


(necessárias e úteis), deve ser feita a sua liquidação antes da entrega da
coisa ao exequente a fim de ser apurado a existência de saldo remanescente
em favor do executado – art. 628 do CPC.

8.2 - EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA

Coisa incerta é aquela que inicialmente é indeterminada, mas se torna


determinável, conforme a escolha do devedor ou pela resolução do credor.

A escolha da coisa é feita mediante procedimento incidental de concentração


da obrigação. Feita a escolha adota-se o procedimento da execução para
entrega de coisa certa.

OBS: A quem cabe o direito de escolha?


Inicialmente deve-se observar o que está previsto no título executivo;
No caso de omissão do título executivo, aplica-se:
-escolha cabe ao executado, pelo princípio da menor onerosidade. O não
exercício faz com que o direito passe ao exeqüente.

OBS: A quem couber a escolha da coisa, não pode escolher a melhor nem a
pior, sob pena de sofrer impugnação – art. 630 do CPC, cujo prazo é de 48
horas.

a) Lastreada em Título Executivo Judicial – art. 461 A do CPC


tem natureza de fase processual, pois não será necessária a nova citação do
devedor.

O executado é condenado a entregar a coisa, que foi objeto de concentração,


sob pena de multa pelo descumprimento da obrigação – ASTREINTES.

Nesta fase, passa-se a adotar o procedimento da entrega de coisa certa.

b) Lastreada em Título Executivo Extrajudicial – 629 do CPC

Possui natureza de processo autônomo, que se deflagra com o oferecimento


da petição inicial.. Se o direito de escolha for do credor a escolha deve vir
descrita na petição inicial, sob pena de entender-se renunciado o direito
transferindo-se ao devedor.

O devedor é citado para entregar a coisa, depositar a coisa em juízo ou


escolher a coisa a ser entregue.

9- EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER e NÃO FAZER

a) Lastreada em Título Executivo Judicial – art. 461 do CPC

Possui natureza de mera fase processual, em que a sentença condenatória


determina o cumprimento de uma prestação, fixando prazo para que o
executado a cumpra, sob pena de multa (ASTREINTE).

Se a sentença não é cumprida, além de multa pode ser utilizada outros meios
de coerção – art. 461, §5° do CPC. Em o juiz verificando que o valor da multa
se tornou irrisório ou excessivo, pode haver modificação – art. 461, §6° do
CPC.

b) Lastrada em Título Executivo Extrajudicial – art. 632 do CPC

Possui natureza de processo autônomo de execução, em que seu inicio se


dá pelo oferecimento de petição inicial instruída pelo título executivo.

O executado é citado para cumprir a obrigação no prazo determinado no


título executivo ou pelo prazo fixado pelo juiz ao despachar a inicial. A defesa
via embargos independe de garantia do juízo.

OBS: Obrigação infungível: o exeqüente pode optar pelo cumprimento por


terceiro as custas do executado ou pela conversão em perdas em danos, que
seguirá o rito da execução por quantia certa – art. 634 do CPC.

OBS:sendo a obrigação cumprida por terceiro será nomeado perito para


avaliar o custo da prestação. Feita a perícia são publicados editais para
concorrência pública de cumprimento da obrigação – 634,§1° do CPC.

OBS: A doutrina admite que as partes indiquem o terceiro que cumprirá a


prestação, pois a norma do art.634 do CPC é dispositiva, ou seja, não é
norma de ordem pública (Arakem de Assis), prestando caução prevista no
§2° do art. 639 do CPC.

EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

A obrigação de não fazer é aquela que depende e um comportamento


negativo, de abstenção ou de um comportamento positivo para o
desfazimento do ato.

Obrigação de não fazer permanente; é aquela que descumprida permite o


retorno ao seu estado anterior, ex: construção – art. 643, parágrafo único do
CPC

Obrigação de não fazer instantânea: aquelas que descumpridas não


permitem o retorno ao seu estado anterior – art. 642 e 643 do CPC.

a) Lastreada em Título Executivo Judicial

Possui natureza de fase processual,em que o juiz na sentença condenatória


fixa o dever e abstenção ou de desfazimento doa to, sob pena de multa
(ASTREINTES).

Qualquer meio de coerção previsto no artigo 461, §5° do CPC pode ser
utilizado e a impossibilidade de cumprimento da obrigação pelo devedor ou
por terceiro pode levar a sua conversão em perdas e danos, que faz com que
se siga o procedimento da execução de obrigação de quantia certa.

b) Lastreada em Título Executivo Extrajudicial

Possui natureza de processo autônomo, pois será necessária a citação do


devedor.

O juiz ao determinar a citação fixa prazo para o desfazimento, observando o


princípio da razoabilidade ou determina a abstenção. O desfazimento pode
ocorrer por conta de terceiro e não sendo possível converte-se em perdas e
danos.

Para a escolha do terceiro aplica-se a regra a execução das obrigações de


fazer.

c) Meios de Coerção

São meios de pressão psicológica, que incidem sobre o executado para que
obtenhamos o cumprimento da obrigação.Os meios de coerção incidem
apenas sob o patrimônio do devedor.

OBS: São aplicáveis apenas nas obrigações de fazer e de não fazer e


entrega de coisa.

c.1) Astreintes

multa periódica – art. 461 e 645 do CPC, aplicada nos casos de atraso no
cumprimento da obrigação em título judicial e extrajudicial.

OBS: astreintes X perdas e danos. As astreintes tem objetivo de constranger


o executado a realizar a prestação devida. Perdas e danos é o dever de
reparar o dano causado pelo não cumprimento da obrigação.

OBS: astreintes X cláusula penal. Cláusula penal é pena convencional fixada


pelas partes, é adiantamento das perdas e danos.O art. 412 do CC limita o
valor da cláusula penal, que não pode ser superior ao valor da obrigação
principal.

OBS: o valor das astreintes é cobrado pelo procedimento de execução por


quantia certa.

OBS: cabe astreintes contra a Fazenda Pública? Doutrina majoritária entende


que sim, pois é cobrada como execução por quantia certa.

OBS: as astreintes podem ser fixadas de oficio ou a requerimento das partes,


na sentença ou na própria petição inicial.

OBS: O art. 461, §6° do CPC prevê que as astreintes podem ser
modificadas, para maior ou menor, conforme se torne insuficiente ou
excessiva. Recai apenas sobre o patrimônio, não sendo possível recair sobre
a pessoa do devedor, salvo o meio de prisão que é admitida nos casos de
debito de alimentos.

10- EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE EMITIR VONTADE – ART. 466 A,


B e C do CPC

Antes ocupavam lugar no livro referente ao processo de execução e


atualmente, após a alteração da lei, passou a ser incluído no rol do processo
de conhecimento.

Tratam-se de obrigação de fazer fungível, posto que podem ser substituídas


por uma decisão judicial.

Passou a integrar o processo de conhecimento porque busca sentença de


mérito.

a) art. 466 A do CPC:hipótese em que a parte celebra contrato preliminar


e se recusa a celebrar o contrato definitivo.
Como não há a possibilidade de constrangimentos físico para o
cumprimento do contrato, busca-se uma decisão judicial que substitua a
vontade do credor e que seja capaz de concluir o contrato.

Ex: promessa de compra e venda de imóvel (sentença equivale a vontade


do devedor e pode ser registrada no RGI). É possível a concessão de
tutela específica

b) art. 466 B do CPC: trata da hipótese da promessa de contratar não


cumprida.
A promessa de contratar = obrigação de fazer. A sentença produzirá o
mesmo efeito do contrato que seria firmado.

Só é possível a ação se possível a obrigação.


c) art. 466 C do CPC: trata da hipótese de contrato que tem por
finalidade a transferência da propriedade.

Trata do contrato de compra e venda de coisa com contrato perfeito e


acabado.
É necessário que o autor tenha cumprido com a sua obrigação para intentar a
ação em que a sentença irá substituir a vontade do devedor nos próprios
autos sem a necessidade de ação de consignação em pagamento.

11. EXECUÇÃO NO PROCEDIMENTO DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS


ART. 52 E SEGUINTES DA LEI 9099/95.

11.1- Competência:
• Títulos Judiciais de suas próprias decisões (art.3°, §1°, I do JEC)
abrange as sentenças de mérito e as homologatórias. Trata-se de
critério funcional.
• Títulos Extrajudiciais: seu valor não pode ultrapassar 40 salários
mínimos (art. 3°, §1°, III do JEC).

11.2- Citação: em se tratando de titulo judicial é dispensada a nova citação


do devedor para cumprir o preceito cominatório da decisão – artigo 52, ‘d’.
Trata-se de fase processual.

Já para o título extrajudicial é forma de processo autônomo em que é


necessária a citação do devedor.

OBS: vale ressaltar que não cabe a citação por edital em sede de juizado
especial.

11.3- Astreintes: podem ser fixadas na sentença ou em despacho de petição


inicial da execução para obrigar ao cumprimento das obrigações de fazer,
não fazer e entrega de coisa.

OBS: parâmetro para fixação da multa periódica: condição econômica do


devedor, natureza da obrigação. É fixada em pecúnia e executada segundo
procedimento de quantia certa contra devedor solvente.

OBS: Muito se discutir acerca da possibilidade da multa cominatória


ultrapassar o teto de alçada do juizado, sendo certo que o Poder Judiciário
firmou entendimento no sentido de que não há prejuízo a competência do
juizado se o valor da multa ultrapassar o valor de alçada do juizado, porém
deve o magistrado observar critério de razoabilidade para sua fixação e
percebendo que existe discrepância entre a natureza da obrigação e o valor
alcançado a título de multa, está o julgador autorizado a reduzir o valor da
multa, na forma da decisão abaixo, a saber:

PODER JUDICIÁRIO COMARCA DA CAPITAL PRIMEIRA TURMA


RECURSAL CÍVEL Processo nº 2009.700.015961-0 Recorrente:
Maurício Honorato Santos Recorrida: Unibanco - União de Bancos
Brasileiros S/A VOTO Impugnação ao cumprimento de sentença.
Redução drástica do valor das astreintes, com fundamento na falta
de razoabilidade do valor executado. Multa diária que não foi
cominada em valor elevado, e que só atingiu quantia considerável
em virtude de fato exclusivo da Recorrida. Valor final que não se
mostra fora dos limites da razoabilidade. Provimento do recurso.
Trata-se de recurso contra a sentença de fls. 122/123, que julgou
parcialmente procedentes os pedidos feitos na impugnação de
sentença de fls. 100/107, por considerar excessiva a quantia de R$
11.100,00, referente à incidência de astreintes para o cumprimento
de obrigação de fazer. As astreintes foram fixadas em R$ 100,00
por dia, e incidiram durante o período compreendido entre
31/07/2006 e 08/11/2006, durante o qual a Recorrida deixou de
cumprir o que lhe fora cominado em sentença. A sentença
entendeu que a quantia de R$ 11.100,00 teria excedido os limites
da razoabilidade, e, por este motivo, reduziu o valor para R$
3.800,00. A Recorrente acredita que a redução do valor ocorreu
devido a uma confusão entre o conceito de astreintes e o de perdas
e danos. Contudo, não há motivo para tal crença, vez que, na
sentença de fls. 122/123, constam expressamente os motivos que
levaram à redução da multa: "(.)deve ser a execução relacionada a
incidência da multa diária reduzida para R$3.800,00 (três mil e
oitocentos reais), valor que se revela adequado e razoável à
hipótese dos autos". Portanto, segundo o critério do magistrado
prolator da sentença, a redução se fundamentou na razoabilidade.
Vale destacar que, conforme expressa disposição legal (CPC, art.
461, §6º), o valor da multa cominatória pode ser modificado
quando se verificar que esta se tornou excessiva. Embora tenha o
Recorrente se enganado quanto aos motivos que levaram à
redução da multa, assiste-lhe razão em não se conformar com a
aludida alteração. A Recorrida, mesmo intimada, em 27/07/2006, a
cumprir, em 72 horas, a obrigação de enviar à residência do
Recorrente a senha de seu cartão, só o fez na data de 08/11/2006.
Foram, aproximadamente, três meses e meio de descumprimento
da cominação contida na sentença. Assim, a quantia ora executada
só chegou ao montante de R$ 11.100,00 por fato exclusivo da
Recorrida. É valido frisar que a quantia de R$ 11.100,00 não se
mostra excessiva, não fere os limites da razoabilidade, motivo pelo
qual não se encontram presentes os requisitos para sua alteração.
A redução da multa de R$11.100,00 - que, reitere-se: é de valor
razoável - representaria concordância do Judiciário com o
descumprimento de suas decisões, mesmo quando o valor diário
das astreintes não é elevado, o que acarretaria descrédito em sua
força coercitiva e banalização das astreintes. Vale destacar que,
talvez se as astreintes tivessem sido fixadas em valor superior, a
Recorrida não teria levado tanto tempo para cumprir a obrigação.
Pelo exposto, VOTO PELO CONHECIMENTO DO RECURSO, E,
NO MÉRITO, PELO SEU PROVIMENTO, para julgar improcedente
o pedido formulado na impugnação, determinando o
prosseguimento da execução no montante de R$ 11.100,00 (onze
mil e cem reais). Sem ônus sucumbenciais. Rio de Janeiro, 27 de
abril de 2009. GRACIA CRISTINA MOREIRA DO ROSARIO JUÍZA
RELATORA (TJTJ, Turma Recursal Cível, Rel. Juíza Gracia Cristina
Moreira do Rosado, Recurso Inominado 2009.700.015961-0)

11.4- Audiência de conciliação: a conciliação é o fim maior do juizado, daí


porque o legislador fez previsão de audiência.
Art.53, §2° - quando o titulo for extrajudicial em qualquer modalidade da
execução. A citação é para comparecer a audiência de conciliação e nesta é
possível a defesa via embargos de devedor.

11.5- Obrigação de fazer fungível: cumprimento por terceiro – art. 52, ‘f’,
deve haver requerimento do credor e deferimento do juízo.

Fica submetido a deferimento do juízo porque pode prejudicar a celeridade


processual, pois o cumprimento por terceiro exige a concorrência pública. Se
deferido o credor arca com as despesas para o cumprimento por terceiro
para posterior recebimento pelo devedor.

- convolação em Perdas e Danos: aplicável também para as obrigações de


fazer infungíveis.

Se o título é judicial e as perdas e danos ultrapassarem o JEC? E no caso de


título extrajudicial?

OBS: há casos em que o valor das perdas e danos é apurado mediante


liquidação.

Quando necessita de perícia? Quando o título for judicial deve ser produzida
no âmbito do JEC, tendo em vista a competência funcional para a execução,
porém há quem afirme que deve ser expedida carta de sentença para
execução no juízo comum.
Quando o titulo for executivo extrajudicial extingue-se a execução sem
resolução do mérito –artigo 51, II do JEC.

11.6- Alienação do Bem por Particular – art. 52, ‘g’ do JEC.


Garante a satisfação célere do direito do credor.
-legitimidade : credor, devedor e terceiro escolhido pelo juiz.
-se o valor oferecido for menor que o valor da avaliação as partes devem
concordar.
-o pagamento pode ser à vista ou a prazo, mas nesta hipótese deve ser
constituída garantia.

11.7- Alienação em Hasta pública


Se o bem for de pequeno valor é dispensada a publicação de editais, tendo
em vista celeridade, informalidade.

OBS: é possível a adjudicação do bem pelo credor.

OBS: cumprimento alternativo: art. 53, §3° do CPC.

11.8- Inexistência de bens penhoráveis


Extingue-se a execução por título extrajudicial, podendo o credor a qualquer
tempo renovar o pedido, desde que tenha notícia da existência de bem do
devedor. Há a devolução dos documentos.
Suspende-se a execução por título judicial – art.791, III do CPC, aplicação
subsidiária.

11.9- Embargos do Devedor

Natureza jurídica: ação cognitiva incidental.

Finalidade: desconstituir o próprio título executivo

OBS: não se aplica o efeito da revelia ao credor que não se manifesta a


respeito dos embargos.

O juízo deve se garantido como condição de admissibilidade e deve ser


oferecido na audiência de conciliação.

A matéria de defesa está elencada no artigo 52, ‘i’ do JEC, sendo seu rol
taxativo e cabe a produção de prova, desde que admitidas no JEC.

12 - SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

SUSPENSÃO – ARTIGO 791 DO CPC

Conceito: ocorre quando por causa transitória o processo


temporariamente não pode ter seu curso continuado. Uma vez ocorrida a
suspensão não se praticam atos processuais, salvo medidas urgentes. O
rol é enumerativo

A suspensão pode ser:


• Total
• Parcial: que a seu turno pode ser objetiva ou subjetiva

A suspensão pode ser ainda:


• Própria
• Imprópria: paralisa o procedimento executivo, mas não o processo,
ex.: exceção de impedimento e de suspeição.

Rol do artigo 791 do CPC:


I – recebimento dos embargos/impugnação

OBS: Vale ressaltar que no que se refere ao inciso I do artigo 791 do CPC, o
mesmo só se aplica em caso de atribuição de efeito suspensivo ao embargos
à execução, bem como a impugnação do executado.

II – artigo 265, I a III do CPC

OBS: artigo 791, II c/c 265, II X artigo 792 do CPC: no primeiro as partes
convencionam a suspensão para se chegar a um acordo por prazo não
superior a 06 meses. No segundo caso, a suspensão ocorre para que
executado cumpra a obrigação no prazo concedido pelo exeqüente.

Processual Civil. Apelação contra sentença que - em execução


fundada em título executivo extrajudicial, movida pelo apelante em
face do apelado - homologou acordo celebrado entre as partes,
julgando extinto o feito, com resolução do mérito. Partes que
formularam pedido de suspensão do feito, até o integral
cumprimento do acordo, que envolve parcelamento da dívida em 48
prestações mensais.O acordo celebrado no curso da execução por
força do qual se outorga ao devedor prazo para pagamento é causa
de suspensão, e não de extinção do processo, por força do
disposto no art. 792 do Código de Processo Civil. Recurso provido
liminarmente. (TJRJ, Rel. Des. Alexandre Câmara. Apelação Cível
2009.001.41611)

III – falta de bens penhoráveis. A execução fica suspensa até que o


executado adquira bens penhoráveis, isto porque segundo o artigo 591 do
CPC apenas os bens do executado é que ficam sujeitos a execução. Logo,
se não há bens, não há possibilidade de se prosseguir com a execução.

OBS: Para o professor Fredie Didier Jr aplica-se a suspensão do processo a


regra do artigo 265, V do CPC, ainda que tal artigo não tenha sido
expressamente descrito no artigo 791, II do CPC.

“Muito embora não haja referência ou remissão ao motivo de força


maior como causa de suspensão da execução, cumpre aplicar
nesta o referido art. 265, V, do CPC, de modo que, havendo um
motivo de força maior, deve ser suspensa a execução por força do
artigo 598 do CPC.”

Ademais, frisa-se que havendo a decretação de recuperação judicial


ou de falência, ficarão suspensas as execuções individuais em face do
devedor insolvente, na forma do artigo 6° da Lei 11.101/05.

EXTINÇÃO – ARTIGO 794 DO CPC

Conceito: ocorre com o provimento jurisdicional final.

Rol do artigo 794 é exemplificativo, pois cabe a extinção por desistência por
exemplo.

O artigo 794, I do CPC, faz a previsão da extinção do feito executivo em


razão da satisfação da execução, ou seja, mediante cumprimento voluntário
ou forçado pelo devedor. Tal regra leva a extinção do procedimento executivo
com resolução de mérito.

Já o artigo 794, II do CPC traz a regra da extinção do procedimento de


execução, em razão da ocorrência de qualquer forma da extinção do vínculo
obrigacional, tal como a compensação, confusão, novação etc.
Por fim o artigo 794, III do CPC afirma que cabe extinção da execução em
razão da renúncia ao direito objeto do procedimento de execução. O que
também leva a análise de mérito.

Ressalta-se, ainda, que o artigo 794 não trouxe regra de extinção do feito
sem resolução do mérito, o que por si só não afasta a incidência do artigo
267 do CPC, como por exemplo no caso de falta de condição da ação ou de
pressupostos processuais.

A extinção do procedimento apenas pode ser reconhecida através de


sentença, ainda que meramente formal.

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