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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DO PORTUGUÊS – I


Texto de Apoio Nº 02

A frase simples na língua portuguesa


Tipos de frase:
 Declarativa (construções de sujeito pleno e de sujeito nulo,
construções inacusativas, construções predicativas,
construções passivas)

O Docente

Carlos L. Mutondo
1
Ficha de Apoio – SSPP I/FCLCA-UPMaputo/2020 Por Carlos Mutondo
Índice

1. Tipos de frase: ................................................................................................................................. 2

2. Frase Declarativa............................................................................................................................. 2

2.1. Concordância Sujeito – Predicado................................................................................................ 3

2.2. Constituintes imediatos frase ....................................................................................................... 3

2.3. Sujeito nulo, Inversão do Sujeito e se Nominativo ............................................................ 4

3. Construções inacusativas e se ergativo ............................................................................................ 6

4. Construções Predicativas ................................................................................................................. 9

5. Construções Passivas..................................................................................................................... 13

5.1. Passivas Sintácticas ................................................................................................................... 13

5.2. Passivas de -se ........................................................................................................................... 15

5.3. Passivas Adjectivais................................................................................................................... 16


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Ficha de Apoio – SSPP I/FCLCA-UPMaputo/2020 Por Carlos Mutondo
1. Tipos de frase:
Começamos por recordarmos como definimos a frase. Para Dubois (1993:292) frase é a «reunião de
palavras que formam um sentido completo, distinta da proposição pelo facto de poder conter várias
proposições».

Outro autor que nos apresenta uma proposta de definição é Vilela (1992:288), afirmando que a «frase
configura numa proposição, um estado de coisas e ocorre num texto transformada em um enunciado ou
em parte de um enunciado».

E continuando na nossa pesquisa do conceito de frase, encontramos aquela que, quanto a nós, nos
parece mais completa, ao afirmar que «é uma sequência de palavras numa determinada ordem, que
satisfaz as regras e os princípios gramaticais da língua a que pertence, e que descreve uma situação do
mundo sobre o qual se fala ou remete para ela.» (Raposo et al., 2013).

Podemos concluir, na interpretação destas ideias, que a frase:

 é uma sequência de palavras com sentido completo;


 é constituida por uma ou mais proposições.

Assim quando a frase é constituida por uma única proposição, temos frase simples e quando é
constituida por duas ou mais proposições temos uma frase complexa.

De seguida, passamos a fazer o estudo da frase simples, concretamente, falaremos dos tipos (declarativa,
interrogativa, exclamativa, imperativa e optativa) e as formas de frase (afirmativa / negativa, neutra /
enfática e activa / passiva)

2. Frase Declarativa

De acordo com Raposo (2013), as frases declarativas são «aquelas que são usadas pelos falantes para
representar uma situação do mundo e comunicá-la assertivamente ao ouvinte». A esta ideia podemos
acrescentar que são frases «com certas propriedades gramaticais, que podem exprimir qualquer tipo de
acto ilocutório». (Mateus et al., 2003).
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2.1. Concordância Sujeito – Predicado


Tal como já sabemos,a estrutura P da frase, de acordo com Mateus et al. (1989), « é uma estrutura
hierarquizada das categorias SN, Flex´ e SV», que apresenta a seguinte estrutura:

SComp

(Espec) Comp’

Comp SFlex

SN Flex’

Flex SV

E também é do nosso conhecimento que a categoria Flex é aquela que contém as indicações de Tempo
[± T] e Concordância [ ± C]1 e, eventualmente de Modo [M] e Aspecto [As], onde numa frase finita, a
categoria Flex é carecterizada por ser [ + T, + M].

Ora, nesta estrutura-P todos os itens lexicais e flexionais ainda se encontram nas suas posições de
origem, isto é, sem sofrer qualquer alteração nem movimentação. Assim, podermos ter a estrutura-S será
necessária a actaução da regra de mover-α.

2.2. Constituintes imediatos frase


Cada frase declarativa tem como constituintes imediatos um SN-sujeito e SV-predicado. Para fazer-se a
identificação do SV, de acordo com Brito, Duarte e Matos (2003), «é possível utilizar um conjunto de
testes», nomeadamente:

 Formulação de uma de interrogação de instanciação em que ocorra o SN-sujeito da frase em


questão e um substituto anafórico do predicado.
(1) O que fez o Poiombo?
Roubou os meus patos.

1
Pode-se substituir [±T] e [± C] pela expressão sinónima de Acordo [± Ac].
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 Construção de uma frase coordenada2 à frase em questão, com un SN sujeito não co-referente do
SN sujeito desa frase e também como substituto anafórico do SV do SV dessa frase.
(2) O Poiombo roubou os meus patos e o Mucuaxe também [-]

Como resultado do exposto até aqui, as autoras acima citadas propõem para exemplo da frase declarativa
a seguinte estrutura simplificada.

(3) F

SN SV

O Poiombo roubou os meus patos

2.3. Sujeito nulo, Inversão do Sujeito e se Nominativo

Partamos da comparação das seguintes frases:

(4) Eu comprei um livro.


(5) Comprei um livro.

Notamos que a frase (4) apresenta um SN em posição de Sujeito, argumento externo do V que é
realizado lexicalmente sob a forma de um pronome pessoal. Já na frase (5), o sujeito é foneticamente
nulo3. Segundo Mateus et al. (1989:211), «é a existência de uma flexão verbal rica em Português que
permite a ocorrência do sujeitos nulos». Porém, sabe-se que, sintacticamente, o sujeitoque ocorre em
frases idênticas a (5) é uma categoria vazia [cv] de um certo tipo: um pronome nulo regido [pro],
identificado formalmente pelos traços de pessoa e número de C de Flex.

2
Sobre a frase coordenada trataremos na SSPP II.
3
Foneticamente nulo quer dizer,não tem realização lexical.
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A estrutura desta frase pode ser apresentada, simplificadamente, da seguinte forma:

(6) F

SN Flex’

Flex SV

T C V’

V SN

[pro] [+pass] [+I; +sing] comprar um livro

Como se pode verificar, os traços de pessoa e número de C de Flex identificam o SN-Sujeito como
primeira pessoa do singular, tal identificação permite “subentender” um sujeito com os mesmos traços
exibidos por Flex.

Mateus et al. (1989) afirma ainda que existem outras instâncias de sujeito nulo com características
distintas do que ocorre na frase (5)

(7) Vendem bananas maduras no mercado.


(8) Vende-se bananas maduras no mercado.
(9) Alguns ficaram de quarentena.
(10) Há cachorros quentes.

Em (7) o sujeito nulo corresponde ao argumento externo do verbo vender, identificado formalmente por
Ac do Flex, mas ambíguo quanto à sua interpretação: ou seja, o sujeito nulo refere-se a um conjunto
contextualmente definido (eles /elas) ou estamos perante ma das estratégias utilizadas para exprimir o
chamado sujeito indeterminado ou de referência arbitrária. De referir que esta segunda possibilidade
está ausente em línguas que não são de sujeito nulo. Assim, conclui-se que a possibilidade de
interpretação do sujeito nulo como indeterminado ou de referência arbitrária com o verbo na 3ª do
plural é uma especificidade das línguas como o Português.

Em (8), temos uma frase que ilustra outra estratátégia do sujeito indeterminado, que, de acordo com
Mateus et al. (1989), se encontra «disponível nas línguas de sujeito nulo (…): o uso de um pronome
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clítico que absorve o caso nominativo e impede que à categoria vazia na posição de sujeito seja
atribuida a função semântica que o verbo reserva para o seu argumento externo». Por isso, temos o se
impessoal, também designado se nominativo.

Na frase (9) apenas o núcleo do SN, o N é foneticamente nulo. Esta frase é ilustrativo daquilo que
acontece normalmente em Português, em que temos o que tradicionalmente se considera como o uso
pronominal do quantificador.

Finalmente, em (10), temos um verbo “impessoal”, com o comportamento idêntico de chover,


parecer, acontecer, etc., ou seja, um verbo que, pela sua natureza, não selecciona o argumento externo.
Desta forma, a categoria vazia que ocorre em frases parecidas em que na posição de sujeito não tem
natureza argumental diz-se que temos um pro expletivo, ou seja, um pro não argumental.

Observe-se que, tal como dizem Brito, Duarte e Matos (2003) «há, de qualquer modo, um mecanismo de
Concordância – os verbos estão na 3ª pessoa do singulal; por outro lado, é possível encontrar, na
oralidade ou num registo escrito com traços de oralidade, sujeitos expletivos em frases apresentativas,
quer com verbos existenciais quer com verbos predicativos».

(11) Ele há cada uma.


(12) “(no Carnava) ele são as mascáras das quais pendem animais vivos, cobras e afins, ele é
o confronto verbal entre rapazes e raparigas […]”,
(13) Ele são as portagens, que estão na hora da morte […] ele são as leis demasiado rígidas.

3. Construções inacusativas4 e se ergativo5

Como se sabe, na lingua portuguesa existe o que se denomina inversão “livre” do sujeito. Quando é
que este fenómeno se observa? Observa-se quando o predicador da frase é um verbo inacusativo6 (ou
ergativo). Prestemos atenção ao seguinte exemplo:

4
Construções inacusativas ou de inversão de sujeito.
5
Também chamadas de se inacusativo.
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(14) Muitos médicos trabalham incasavelmente.
(15) Trabalham muitos médicos incansavelmente.

Como podemos reparar em (14) e (15) ocorre o verbo inergativo, trabalhar, cujo argumento externo é
muitos médicos, ocupando este argumento, nos nossos exemplos, as posições pré-verbal e pós-verbal,
respectivamente. A este fenómeno denomina-se de inversão de sujeito (ou ordem invertida).

É justamente por serem verbos inacusativos que o seu argumento não pode ser substituido pelo pronome
acusativo, mas sim pelo pronome nominativo.

(16) * Trabalharam-nos incansávelnente.


(17) Eles trabalharam incansavelmente.

Também, este argumento desencadeia a concordância verbal, o que não é característico entre os
argumentos internos

(18) (a) * Muitos médicos trabalhou incansavelmente.


(b) * Trabalhou muitos médicos incansavelmente.

Agora prestemos atenção aos seguintes exemplos:

(19) (a) A esquadra inimiga afundou o cruzador.


(b) O cruzador afundou-se
(20) (a) O João partiu o copo.
(b) O copo partiu-se.

Podemos notar, segundo o raciocínio de Mateus et al. (1989), que ocorrem, nestes exemplos, verbos
transitivos de dois lugares. Porém, as frases (b) de (19) e (20) o argmento externo de afundar e de partir
não está presente e é o argumento interno que tem a relação gramatical de sujeito, como mostra o facto
deser substituível pela forma nominativa do pronome pessoal e de desencadear a concordância verbo:

6
O verbo inacusativo é aquele que, numa estrura-P, gera um SN numa posição pós-verbal, mas esse SN não recebe o caso
acusativo, que numa situação comum, esperaríamas que recebesse deste verbo (daí inacusativo), e apresenta um [pro] na
posição de sujeito, o que permite que o SN gerado na posição pós-verbal possa ser externalizado (pela regra de mover α)
assumindo, então, o caso nominativo, pertencente ao SN (até então vago) na posição de sujeito. Daí queo sujeito de um
verbo inacusativo comportamente-se como um argumento interno directo podendo ocorrer na construção do particípio
absoluto, tal como acontece com os objectos directos dos verbos transitivos.
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(21) (a) Ele afundou-se.
(b) Ele partiu-se.
(22) (a) * Os cruzadores afundou-se.
(b) * Os copos partiu-se.

Na construção ilustrada pelas frases (b)7 de (21) e (22), o argumento externo, se tiver a função semântica
de agente, não pode ocorrer nem na posiçao de sujeito, nem realizado estruturalmente como um SPrep,
como abaixo se exemplifica:

(23) (a) * A esquadra inimiga afundou-se o cruzador.


(b) * O João partiu-se o copo.
(24) (a) * O cruzador afundou-se pela esquadra inimiga.
(b) * O copo partiu-se pelo João.

Veja-se que a agramaticalidade de (23) e (24) mostra que a construção de se ergativo exige uma
interpretação agentiva.

A impossibilidade de ocorrência nesta construção de um constituinte com o papel temático de causador


intencional (=Agente) faz com que também se denomine ao clítico se “anticausativo”.

As propriedades de construção de se ergativo acima enunciadas podem ser atribuídas à


presença do clítico e ser definidas do seguinte modo aproximativo: se ergativo absorve o
caso atribuído pelo verbo ao seu argumento interno e bloqueia a atribuição de função
semântica à posição de sujeito.

Deste modo, Mateus et al. (1989), acrescenta que «a presença deste clítico tem um efeito que
poderíamos chamar de “inacusativização” de verbo transitivo»: o argumento interno de um verbo
transitivo pode deslocar-se para a posição de sujeito e aí receber o caso nominativo sob regência de
Flex. Ou, uma vez que o pportuguê é uma língua de sejeito nulo, tal argumento interno pode receber
caso nominativo de um modo análogo ao descrito para as construções inacusativas impessoais, o

7
Denomina-se à construção exemplificada em (b) de (21) e (22) de construção de se inergativo, pois a ocorrência do
pronome «se» impede a atribuição do caso acusativo.
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correndo em Estrutura-S em posição pós-verbal e sendo a posição do sujeito ocupada por um [pro]
expletivo:

(25) (a) Afundou-se um cruzador.


(26) (b) Partiu-se um copo.

4. Construções Predicativas

Denomina-se construção predicativa a uma frase em que ocorre como verbo principal um verbo
predicativo8. Numa construção predicativa podem ocorrer à direita do verbo, com a relação gramatical
de predicativo do sujeito, expressões pertencentes a uma grande variedade de categórias sintácticas –
SNs, SAdj, SPrep, ou SAdv:

(27) (a) O Arrone é professor.


(b) A Ancha está linda.
(c) A Mundavaze ficou na Manhiça.
(d) A secretaría da FCLCA é no segundo piso do edifício.

Nestas construções, segundo Mateus et al. (1989), o predicativo do sujeito pode igualmente ser uma
forma de particípio passado de um dado verbo:

(28) (a) A janela ficou aberta a noite toda a noite.


(b) A obra de Mia Couto está traduzida em alemão.
(29) (a) A vítima do acidente permaneceu desmaiada durante três horas.
(b) As folhas ficaram caídas um pouco por toda a parte.

Tal como podemos notar, nestas construções, em (28) e (29), as formas participiais com a relação
gramatical de predicativo de sujeito concordam en género e número.

Porém, em construções predicativas, a possibilidade de ocorrência de formas participiais com a relação


gramatical de predicativo de sujeito está limitada aos particípios passados de verbos transitivo 9

8
O verbo predicativo é também conhecido como verbo copulativo, de cópula ou de ligação.
99
Porém, Mateus et al. (1989) chamam nos ateção para o facto de os particípios passados de predicativos transferênciais
(como os verbos ter, possuir) não poderem ocorrer em construções predicativas.
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Outra particularidade das construções predicativas é a de que a expressão com a relação gramatical de
predicativo de sujeito pode ser retomada anaforicamente pelo clítico demonstrativo o:

(30) (a) O João é médico?


Sim, é-o.
(b) A Maria está triste e a Ana também o está.
(c) Aberta, a janela ficou-o toda a noite.

Outro aspecto mais relevante é que, numa construção predicativa, «não impõe quaisquer restrições de
selecção à expressão com a relação gramatical de sujeito. Assim, o mesmo verbo pode co-ocorrrer com
sujeitos [+Hum], [+ Anim]…», Mateus et al. (1989, 218).

(31) (a) Esse teu amigo é antepático.


(b) Esse tipo de cobra é venenoso.

Mas, a escolha do verbo predicativo é condicionad pelo tipo de propriedade expresso pelo predicativo de
sujeito.

(32) (a) O Muthakathi é moçambicano.


(b) * O Muthakathi está moçambicano

Além disso, tem de existir compatibilidade semântica entre o predicativo de sujeito e o sujeito, ou seja, a
expressão com a relação gramatical de predicativo de sujeito impõe restrições de selecção à expressão
na posição de sujeito. Vejamos:

(33) (a) A Ndideia é mulata.


(b) * A casa é mulata.
(34) (a) * A Ndideia está sem cobertura.
(35) (b) A casa está sem cobertura.

Assim, concluimos que , nas construções existe uma ligação muito forte e directa entre o predicativo de
sujeito e o sujeito que o verbo predicativo parece não ter as propriedades típicas de um predicador. O
que levou os gramáticos a considerar os verbos predicativos meros elementos de ligação e,
consequentemente, alguns linguístas tradicionais encararam-nos como simples lexicalizações de valores
temporais, modais e aspectuais. De acordo com esta concepção, os verbos copulativos não seriam itens
lexicais “plenos”, visto que não teriam estrutura argumental, sendo o predicativo de sujeito o predicador
principal da frase e o sujeito um argumento deste.
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Quer isto dizer que ao considerarmos a existência de uma relação de predicação emtre o predicativo de
sujeito e o sujeito, não estaremos a exigência aos verbos copulativos o estatuto de itens lexicais plenos.
Sugere-se antes «que se atribua a estas frases uma estrutura que contenha um domínio de predicação
não frasico, isto é, de uma oração pequena, na qual o predicativo do sujeito é o predicado e o
constituinte com a relação gramatical de sujeito o sujeito que o satura». (Brito, Duarte e Matos,
2003:540)

Deste modo, uma frase copulativa tem como parte da sua representação sintáctica a subconfiguração que
se segue:

(36) (a) A Motheya é engraçada.


(b)

Opeq10

SN SAdj

a Motheya engraçada

A oração pequena é o argumento directo do verbo copulativo, subcunfigurando-se de seuinte modo:

(37)

SV

V’

Vcop11 OPeq

SN SA

é a Motheya engraçada

10
OPeq, leia-se Oração Pequena,
11
Vcop, leia-se, Verbo copulativo
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Consideremos o seguinte exemplo:

(38) (a) A degradação do edifício foi a causa do desmoronamento.


(b) A causa do desmoronamento foi a degradação do edifício.

Exte exemplo, de frases copulativas com dois SNs introduzidas pelo artigo definido, apresenta uma
estrutura em espelhn com dois constituintes nominais referenciais. Esta situação podia pôr em causa a
presença de uma oração pequen na estrutura sintáctica. Mas, argumentos mostram que também neste
tipo de frases copulativas, as chamadas frases identificacionais12, um dos constituintes nominais se
comporta como predicado e o outro como sujeito,

Sendo assim, apenas um dos constituintes nominais, o predicador da oração pequena, pode ser
substituid pelo demonstrativo invariável – o:

(39) A degradação do edifício foi [a causa do desmoronamento] e também o foram as chavas


torrênciais.
(40) * A causa do desmoronamento foi [a degradação do edifício] e também o foi o pouco
cuidado dos inquilinos,

Este tipo de comportameto é observável em frase copulativas em que um dos constituintes nominais
definido é um pronome pessoal.

(41) (a) Ele é o professor.


(b) Ele é-o.
(c) Ele … ele é o professor
(42) (a) O professor é ele.
(b) * O professor é-o.
(c) * [O professor] … ele é ele.

Às frase copulativas em que o sujeito da oração pequena ocorre em posição verbal, são
chamadas frases copulativas canónicas; àquelas em que o predicado da oração pequena
ocorre em posição pré-verbal, dá-se o nome de orações copulativas invertidas.

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As construções identificacionais são também designadas equativas.
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5. Construções Passivas

Tomemos como ponto de partida os seguintes exemplos:


(43) (a) A Janda ofereceu um lanche à Ancha.
(b) Um lanche foi oferecido à Ancha pela Janda.

Estes são exemplos que descrevem sensívelmente o mesmo tipo de situação e obedecem à mesmas
condições de verdade. A diferença entre as duas frases encontra-se no modo a situação descrita é
perspectivada locutor: em (43a )tal situação é perspectivada partindo da entidade com o papel temático
externo, enquanto em (43b) ela se perspectiva pela frase a partir da entidade com o papel temático
interno (directo). No primeiro caso a frase tem uma diátese activa (também designada voz activa), e
noutro a diátese passiva (voz passiva).
As formas da expressão da diátese passiva variam, tal como ilustram os exemplos que se seguem:
(44) (a) Um lanche foi oferecido à Ancha pela Janda.
(b) Os artigos publicaram-se no último número da revista.
(c) Os artigos estão publicados no último número da revista.

A construção passiva em (44a) demomina-se passiva sintáctica ou perifrástica, em (44b) passiva de –se,
e em (44c) passiva adjectival, resultativa ou de estado.

5.1. Passivas Sintácticas


Retomemos os seguintes exemplos:
(45) (a) A Janda ofereceu um lanche à Ancha.
(b) Um lanche foi oferecido à Ancha pela Janda.

Neste exemplo, a frase activa e a passiva sintáctica relacionam-se sistematicamente e da seguinte forma:
i. O constituinte com a relação gramatical de sujeito da passiva, apresenta, na activa
correspondente, a relação gramatical de objecto directo;
ii. O constituinte introduzido pela preposição por na passiva (que chamaremos sintagma
por13), na activa correspondente, tem a relação de sujeito;
iii. Existe uma constância de papel temático entre o sujeito da passiva e objecto directo da
activa correspondente e entre o sintagma por e sujeito da activa correspondente;

13
O sintagma por corresponde ao que, tradicionalmente, se designa complemento agente da passiva.
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iv. Ocorre na passiva uma forma auxiliar ser, ausente na activa correspondente, seguida
de uma forma participial; e
v. A forma participial na passiva concorda em género e número com sujeito.

Há que se assinalar que, na passiva sintáctica, o SN regido pela preposição por é opcional, ao contrário
do que se passa nas frases activas, em que tal SN tem de estar expresso sintacticamente.
(46) (a) O lanche foi oferecido à Ancha.
(b) As portas da Biblioteca central da UPMaputo foram fechadas
(47) (a) A Janda ofereceu o lanche à Ancha.
(b) [pro] fecharam as portas da Biblioteca central da UPMaputo.

A opcionalidade do sintagma por nas passivas sintáticas poderia, de acordo com Duarte (2003),
«favorecer a ideia de que tal constituinte tem um estatuto de adjunto». Porém, mesmo nas passivas
sintácticas em que não ocorre, o papel temático externo está implícito, como mostra o facto de, quando
nelas ocorre um verbo agentivo, ser previsível a presença de advérbio orientados para o agente e de
adjuntoa finais cujo sujeito é controlado pelo argumento externo implícito:

(48) (a) Os dois reféns foram mortos intencionalmente.


(b) O banco foi assaltado para roubar randes.

Nas passivas sintácticas, o sintagma por recebe o papel temático externo. Desta forma, o SN contido no
síntagma por pode ligar anáfora com a relação gramatical de objecto indirecto, o que revela que as c-
comanda, enquanto o inverso não se observa:

(49) (a) Os pacotes de pipocas foi enviado pela Célia a si própria,

(b) * O pacote de pipocas foi enviado por si próprio à Célia.

Pode-se atribuir-se a diferença entre construção passiva e as frases activas


correspondentes ao efeito da morfologia passiva que se combina com o verbo para
formar a forma participal: ela absorve o caso acusativo, impedindo que o verbo
legitime casualmente o seu argumento interno. Esta absorvição desencadeia uma
estratégia de legitmação do argumento interno directo idêntica à que caracteriza as
construções com os verbos inacusativos: o argumento tem de ser movido para uma
uma posição acessível a caso nominativo.
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Nas passivas sintácticas pessoais14, o argumento interno directo do particípio passivo, para além de ter
a relação gramatical de sujeito, é interpretado como tópico, deslocando-se para a posição de
especificador de SFlex, onde é legitimado casualmente com o caso nominativo.
Nas passivas sintácticas impessoais, o argumento interno directo desloca-se até à posição de
especificador de SV superior, onde é legitimado casualmente com nominativo, sob c-comando do verbo
auxiliar amalgamado com Flex.
(50) (a) Foram destruídas todas as colheitas pela tempestade.
(b) Foi encontrado um fossil de um dinossáurio herbívoro.

5.2. Passivas de -se


Em português existem as chamadas passivas de –se (chamadas, na tradição gramatical, passivas
pronominais ou passivas reflexas:
(51) (a) Muitas variedades de semente plantaram-se na presente época,
(b) O canivete usou-se para cortar o pão.

Nestas construções, o constituinte interpretado como argumento interno directo do verbo tem a relação
gramatical de sujeito, o que se pode notar pelo facto de ser ele a controlar a concordância verbal.
Ao contrário do que acontece nas passivas sintáticas, nas passivas de –se o argumento interno directo
tem obrigatoriamente traços de terceira pessoa gramatical. Mas existe constânci de papeis temáticos
entre o constrituinte que ocorre como sujeito e o constituinte com o papel temático interno da activa
correspondente.
O argumento Agente / Causador recebe uma interpretação arbitrária. A agramaticalidade de frases como
(52) mostra que que tal argumento não pode ser expresso através do sintagma por:
(52) (a) * Muitas variedades de semente plantaram-se na presente época pelos
agricultores.
(b) * O canivete usou-se por alguém para cortar o pão.

Há que acrescentar que nestas construções, é clítico –se que recebe o papel temático externo do verbo,
ocupando, por isso, na representação sintáctica inicial, a posição de especificador do SV. A
impossibilidade de legitimação casual do argumento interno directo com caso acusativo, que, no caso

14
As passivas sintácticas pessoais e as impessoais distinguem-se pela possibilidade o argumente interno funcionau como
antecedente como antecedente de uma categoria vazia presente noutra oração.
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das passivas à presença do clítico: ele absorve o traço casual acusativo do verbo, forçando o argumento
interno directo a deslocar-se para aceder ao caso nominativo.
Em português, são mais frequentes as passivas de –se impessoais, com argumento interno directo
indefinido ou constituí por um nome simples:
(53) (a) Publicaram-se recentemente três trabalhos sobre esse tema.
(b) Encontraram-se vestígias de povoados neolíticos na região.

Note-se que construções de –se com o verbo transitivo ou ditransitivo na terceira pessoa do singuar são
sistematicamente ambíguas entre uma interpretação de passiva de –se e de frase activa com –se
nominativo:
(54) Descobriu-se uma fuga no reactor nuclear.
Int.1: Foi descoberta uma fuga no reactor nuclear.
Int.2: Alguém descobriu uma fuga no reactor nuclear.
(55) Assaltou-se uma carrinha de transporte de valores.
Int.1: Foi assaltada uma carinha de transporte de valores.
Int.2: Alguém assaltou uma carrinha de transporte de valores.

5.3. Passivas Adjectivais15

As passivas adjectivas são construções como abaixo se ilustram:


(56) (a) A cidade está paralisada.
(b) Amanhã, a notícia já estará divulgada.
(c) A janela estava aberta para um bom arejamento.

Estas passivas partilham com as passivas sintácticas e as passivas de –se uma propriedade: o constituinte
com a relação gramatical de sujeito corresponde ao argumento interno directo do verbo a partir da
qual a forma participial é formada.
Porém, as passivas adjectivas adjectivais, tal como esclarece Duarte (2003), apresentamum conjunto de
propriedades que as distinguem as restantes.

Deste modo, acorrem neste tipi de construção um verbo estar e outros verbos copulativos, excluindo o
verbo ser

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També são deignadas passivas de estado ou passivas resultativas.
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(57) (a) O país todo ficou paralizado.
(b) Os escritórios encontram-se encerrados desde o mês passados.
(c) As pessoas andam assustadas com o coronavirus.

Há vários argumentos que defendem a ideia de que a forma participial presente nestas passivas
adjectivais é categorialmente um adjectivo - e não um verbo, como nas passivas sintácticas - formado
por um processo morfologico de conversão.
Reparemos nas seguintes frases:
(58) (a) Essa reacção revelou-se inesperada.
(b) A escultura de Malangatana continua inacabada.
(59) (a) * Essa reacção foi inesperada por todos.
(b) * A escultura de Malangatana foi inacabado pelo artista.

Com efeito, em (58) ocorrem formas participiais com o prefixo “i(n)-” que não correspondem a verbos
existentes um português (* inesperar, * inacabar).
O segundo argumtento é o facto de as passivas adjectivas admitirem sufixos diminutivos:
(60) (a) O teorema está bem explicadinho no livro
(b) A Dulce continua assustadinha com a notíca.
(61) (a) * O teorema foi explicadinho no livro..
(b) * A Dulce foi assustadinha (pela notícia).

O terceiro argumento a favor da natureza adjectival das formas participiais neste tipo de frases reside no
facto de ela admitir formas participiais derivadas de verbos inacusativos, contrariamente às passivas
sintácticas, que apenas admites formas participiais de verbos ditransitivos e transitivos:
(62) (a) O meu filho está bem crescido.
(b) O beijo da mulata continua florida.
(63) (a) * O meu filho foi crescido (com a natação que pratica).
(b) * O beijo da mulata é florida agora (por causa do adubo que usamos).

Assim, sendo a forma participial que ocorre nestas frases, o verbo flexionado que com ela se combina
não pode ser um verbo auxiliar, visto que esta classe de verbos apenas selecciona constituinte
encabeçados por verbos como seus complementos. Daí que, os verbos que ocorrem nas passivas
adjectivais são verbos copulativos, pelo que a estrutura sintáctica das passivas adjectivais é idêntica à
das frases copulativas.
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Do ponto de vista interpretativo, as passivas adjectivais focalizam o estado resultante da transição
sofrida. Esta interpretação aspectual das passivas adjectivas está na origem de restrições sobre os verbos
a partir dos quais padem ser derivados os adjectivos que nelas acorrem.

Assim, não podem ocorrer nas passivas adjectivais adjectivos derivados a partir de verbos atélicos
psicológicos, que denotam geralmente estados permanentes.
(64) (a) * A Mundhavazane estava amada.
(b) * O coronavirus está temido

Porém, são legítimos em passivas adjectivais adjectivos formados a partir de verbos atélicos locativos,
ocorrendo neste caso tipicamente o constituinte com interpretação locativa precedido da preposição.
(65) (a) A aldeia está rodeada de montanhas.
(b) O cume do monte Bingo está coberto de nevoeiro.

BIBLIOGRAFIA:

1. BRITO, A.M., DUARTE, I. e MATOS, I.. «Estrutura da frase símples e tipos de frase», in
MATEUS, M.H.M. et al.. Gramática da Lingua Portuguesa. 5ª edição (Revista e
aumentada). Lisboa, Caminho Editorial. 2003.
2. DUARTE, Inês. «A família das construções Inacusativas», in MATEUS, M.H.M. et al..
Gramática da Lingua Portuguesa. 5ª edição (Revista e aumentada). Lisboa,
Caminho Editorial. 2003.
3. MATEUS, M.H.M. et al.. Gramática da Lingua Portuguesa. 2ª edição. Lisboa, Caminho
Editorial.1989.
4. MATEUS, M.H.M. et al.. Gramática da Lingua Portuguesa. 5ª edição (Revista e aumentada).
Lisboa, Caminho Editorial. 2003.
5. RAPOSO, E.B.P. et al.. Gramática da Português. Vol. I. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian. 2013.

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