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A expressão “aprendizagem significativa” foi usada pela primeira vez por David P.
Ausubel, professor emérito da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É médico
psiquiatra por formação, mas dedicou sua carreira acadêmica à psicologia educacional. Ao
aposentar-se, há vários anos, voltou à psiquiatria. Desde então, Joseph D. Novak, professor
de Educação da Universidade de Cornell, é quem tem elaborado, refinado e divulgado a
teoria de aprendizagem significativa. A tal ponto que, hoje, seria mais adequado falar na
teoria de Ausubel e Novak.[MOR99]
Ausubel identifica quatro tipos de aprendizagem:
(1) significativa por recepção: o aprendedor recebe conhecimentos e consegue
relacioná-los com os conhecimentos da estrutura cognitiva que já possui;
(2) significativa por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e
consegue relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos);
(3) mecânica por recepção: o aluno recebe conhecimentos e não consegue
relacioná-los com os conhecimentos que possui na estrutura cognitiva e
(4) mecânica por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e não
consegue relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos.
[WAA04]
Ausubel é um representante do cognitivismo, embora reconheça a importância da
experiência afetiva. Para ele, aprendizagem significa organização e integração do material
na estrutura cognitiva. Como outros teóricos do cognitivismo, ele se baseia na premissa de
que existe uma estrutura (a estrutura cognitiva) na qual essa organização e integração se
processam. A atenção de Ausubel está constantemente voltada para a aprendizagem. Para
ele, o fator isolado que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Cabe
ao professor identificar isso e ensinar de acordo. Novas idéias e informações podem ser
aprendidas e retidas, na medida em que os conceitos relevantes e inclusivos estejam
adequadamente claros e disponíveis na estrutura do indivíduo e funcionem, dessa forma,
como ponto de ancoragem às novas idéias e conceitos.
O conceito central da teoria de Ausubel é o de “aprendizagem significativa”, um
processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto
especificamente relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo, o subsunçor. Essa
palavra não existe em português; trata-se de uma tentativa de aportuguesar a palavra inglesa
“subsumer” cujo significado se aproxima de inseridor, facilitador ou subordinador. A
aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos
relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Ausubel vê o armazenamento
de informações no cérebro humano como sendo organizado, formando uma hierarquia
conceitual, na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados e assimilados
a conceitos mais gerais, mais inclusivos. .[MOR99]
Contrastando com a aprendizagem significativa, Ausubel define aprendizagem
mecânica (ou automática) como sendo a aprendizagem de novas informações com pouca ou
nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Nesse caso,
a nova informação é armazenada de maneira arbitrária. Não há interação entre a nova
informação e a aquela já armazenada.
Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a
nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a
aprendizagem subseqüente. Organizadores prévios são materiais introdutórios
apresentados antes do material a ser aprendido em si. A principal função do organizador
prévio é servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, a fim de que
o material possa ser aprendido de forma significativa. .[MOR99]
Os organizadores prévios fornecem um quadro contextual no qual a pessoa vai
incorporar detalhes progressivamente mais diferenciados. A diferenciação progressiva vê
a aprendizagem significativa como um processo contínuo no qual adquirem
significados mais abrangentes na medida em que são estabelecidas novas relações entre
os conceitos.
Apesar de seu potencial em estabelecer, em um nível mais alto de generalidade,
inclusividade e abstração, relações explícitas entre o novo conhecimento e o conhecimento
prévio do aluno, a estratégia dos organizadores tem um efeito na aprendizagem, mas
pequeno, já que o aprendiz precisa ter algum conhecimento prévio relevante e apresentar
uma predisposição para aprender. [MOR99] [WAA04]
Outro importante princípio da aprendizagem significativa é a reconciliação
integradora, o princípio programático segundo o qual a instrução deve também explorar
relações entre idéias, apontar similaridades e diferenças importantes e reconciliar
discrepâncias reais ou aparentes. Para facilitar esse processo, o material instrucional deve
procurar integrar qualquer material novo com material anteriormente apresentado.
Organizadores prévios, diferenciação progressiva e reconciliação integradora são os
três conceitos centrais da teoria da aprendizagem significativa. [WAA04]
Em uma aprendizagem significativa não acontece apenas a retenção da estrutura do
conhecimento, mas se desenvolve a capacidade de transferir esse conhecimento para a sua
possível utilização em um contexto diferente daquele em que ela se concretizou. [TAV05]
Relação entre as teorias
Foi desenvolvida uma seqüência instrucional para ser aplicada em duas aulas
geminadas, em laboratório de informática, com um computador para cada aluno. A
seqüência de atividades começa pela representação gráfica de algumas funções do segundo
grau, convenientemente escolhidas, onde os seguintes conceitos vão sendo construídos:
- as três formas de se representar uma função: gráficos, tabelas e equações
- a forma da equação da função do segundo grau e seus parâmetros a, b e c:
y = ax 2 + bx + c
- o vértice da curva
- o eixo de simetria da curva e sua relação com o vértice e as raízes
- as raízes da função
- a concavidade, dependente do sinal do parâmetro a
- os intervalos onde a função é crescente ou decrescente
- os dois ramos infinitos da curva
- translações:
- o deslocamento horizontal da curva, em relação ao eixo x, quando se substitui x
por (x+a)
- o deslocamento vertical da curva, em relação ao eixo y, quando se altera o valor
do parâmetro c
- expansões: alterações na forma do gráfico, quando se multiplica a função por uma
constante
- soma de funções
- funções compostas
- a representação de situações reais através de uma função do segundo grau
- a forma fatorada da equação de uma função e a relação com suas raízes
- a inclinação da curva, diferente em cada ponto, e sua relação com a reta tangente
- a análise da tabela de pontos da função do segundo grau e sua relação com o eixo
de
simetria
A figura 1 mostra dois dos exercícios propostos na seqüência de atividades.
Através das atividades propostas, pretende-se estimular:
- a assimilação de novos objetos em esquemas já existentes, pois o aluno já deverá
ter tido uma introdução ao estudo de funções;
- a acomodação: os esquemas que o aluno possui serão ampliados e novos esquemas
serão criados;
7) Para deslocarmos a função y = x 2 − 2 quatro unidades para a direita, substituímos x por ( x − 4)
y = ( x − 4) 2 − 2 = x 2 − 8 x + 16 − 2 ⇒ y = x 2 − 8 x + 14
Até agora, todas essas alterações na expressão da função não provocaram nenhuma alteração em sua forma.
Mas algumas alterações podem deixar a função mais “magra” ou mais “gorda”, mais “alta” ou mais “baixa”.
Veja os seguintes exemplos:
8) Multiplicando a função y = x 2 por 2, todos os pontos da função y = 2x 2 obtida terão o dobro da altura
dos pontos correspondentes da função y = x 2 . Portanto, a função fica mais “alta”. Faça os dois gráficos
num mesmo sistema de eixos, para verificar isto.
Conclusão
Referências
[MOR99] MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
[PIA77] PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: ed. José Olimpio, 1977.
[SOU05] SOUZA, Pedro M.L. O ensino da matemática: Contributos pedagógicos de
Piaget e Vygotsky. 2005. Disponível em www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo.php ?
codigo =A02 58. Acesso em 24/06/2006.