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1 APRESENTAÇÃO

A Amazônia brasileira, assim como toda a região da chamada Pan-


Amazônia (que, além do Brasil, engloba Bolívia, Peru, Colômbia, Equador,
Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname), tem sido alvo de uma série
de pressões impostas pela conjuntura latino-americana e mundial, que, por um
lado, tenta integrá-la na estrutura da divisão internacional do trabalho (como
fornecedora de matérias-primas, energia, commodities etc), mas por outro
também lhe exige que se poste como fornecedora de estoques mundiais de
carbono e de recursos genéticos com potencial biotecnológico.
Isto faz com que interesses externos, muitas vezes conflitantes e
ambivalentes, imponham aos povos da Amazônia ora “grandes projetos” que,
mediante enormes impactos socioambientais, forneçam ao mercado mundial os
insumos e matérias-primas que este exige incessantemente; ora a aplicação de
um preservacionismo tão sectário e anti-social que acaba se tornando uma
verdadeira arma contra os povos da região.
Como se percebe, ambos os projetos representam interesses que não
são aqueles que historicamente cabem ao povo que vive, estuda, trabalha,
enfim, se reproduz socialmente enquanto sujeitos amazônidas. Apesar disso, é
a tensão (ou, por vezes, a conciliação) destes projetos que se impõem à
realidade e ao povo da região, que são submetidos, por certos olhares
preconceituosos externos, à construção ideológica de mitos e de imagens que,
longe de reproduzir a realidade regional, apenas fazem reforçar estes projetos
impostos aos povos da Amazônia.
O projeto de integração da Amazônia ao mercado mundial é, sem dúvida
alguma, mais antigo e mais desenvolvido que o outro referido projeto externo
para a região. Dentro dele se encontra a política de “desenvolvimento”1 da
região, os grandes projetos minerais, as (freqüentemente ilegais) atividades de
extração de madeira, além do intenso processo de consolidação da
agropecuária na região.

1
O termo desenvolvimento é apresentado neste contexto da economia amazônica entre aspas, pois,
conforme explica LEAL, trata-se muito mais de um instrumento ideológico a partir do qual o
imperialismo estadunidense lograva manter seus blocos de influência regional, que propriamente um
projeto político-econômico de maior substância material. LEAL, Aluízio Lins. Uma sinopse histórica da
Amazônia. São Paulo: 1991. (mimeo.).

1
Como reflexos deste projeto, a Amazônia passou a debater-se com as
contradições geradas pela expansão da chamada “fronteira agrícola”2, que traz
consigo importantes impactos socioambientais, dentre os quais ressalta-se a
produção do denominado “arco do desmatamento”3, que impõe um verdadeiro
cerco à floresta, e que tem avançado sobre ela rapidamente nos últimos anos.
Os impactos socioambientais decorrentes do avanço da fronteira
agrícola e da grande agricultura capitalista na Amazônia já foram objeto de
uma série de estudos, produzindo um monitoramento constante do avanço do
agronegócio na região, especialmente no que tange à produção de grãos para
exportação. O elemento novo neste processo, que o presente projeto de
pesquisa pretende analisar, é que, com a recente disponibilização no mercado
brasileiro de sementes de cultivares transgênicas, surge um novo patamar de
conflitos socioambientais, especialmente quando se trata da produção de
cultivos geneticamente modificados dentro do ecossistema amazônico.
A partir da perspectiva do socioambientalismo proposto por SANTILLI4,
intenta-se responder aos conflitos e às contradições geradas pela introdução
deste tipo de biotecnologia na grande agricultura capitalista na Amazônia
desde a perspectiva dos próprios povos da Amazônia, unindo a visão dos
movimentos populares5 com a visão dos movimentos ambientalistas que não
se deixam seduzir pelo ambientalismo imperialista, que é justamente aquele
outro projeto externo imposto à região citado anteriormente.

2 JUSTIFICATIVA:

* As polêmicas em torno dos transgênicos e de sua introdução no Brasil

2
O termo “fronteira agrícola” é utilizado no presente trabalho sob a perspectiva popularmente
disseminada, referente às áreas limítrofes entre a floresta amazônica e áreas de atividade econômica mais
intensa, como a introdução de pastagens, lavouras etc.
3
Segundo relatório da Casa Civil da Presidência da República, “a maior parte do desmatamento na
região tem se concentrado ao longo de um ‘Arco’ que se estende entre o sudeste do Maranhão, o norte
do Tocantins, sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e o sudeste do Acre”.
BRASIL, Grupo Permanente De Trabalho Interministerial para a Redução dos Índices de Desmatamento
da Amazônia Legal. Plano de ação para a prevenção e controle do desmatamento na Amazônia legal.
Disponível em <www.planalto.gov.br/casacivil/desmat.pdf>. Acesso em 24/03/2010.
4
SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à diversidade biológica e
cultural. São Paulo: Peirópolis, 2005.
5
Utiliza-se neste trabalho o termo “movimento popular” ao invés de “movimento social”, por acreditar
que aquele primeiro termo contempla de forma mais rigorosa os grupos sociais que se pretende analisar.

2
Apesar de historicamente os organismos geneticamente modificados
(OGMs) – popularmente conhecidos como transgênicos – serem relativamente
recentes, ao longo deste período já sucederam vários debates, polêmicas e
conflitos envolvendo este novo tipo de tecnologia aplicado à agricultura. Longe
de se limitar a uma discussão entre cientistas (que dificilmente chegam a
consensos quanto à segurança das técnicas de engenharia genética, seja para
o meio ambiente, seja para a saúde humana), este assunto toma conta dos
mais diversos setores da sociedade, hegemonizados pela disputa entre
grandes empresas de biotecnologia e movimentos populares críticos à
introdução desses organismos no meio ambiente.
Atualmente, há alguns países que adotam a política de moratória aos
transgênicos, ora restringindo-a apenas à importação de OGMs (proibindo o
seu cultivo), ora proibindo até mesmo a entrada de sementes e produtos
transgênicos provenientes de outros países. O fundamento para tais medidas,
em todos os casos relatados, é a falta de estudos conclusivos quanto à
segurança sanitária e ambiental destes organismos geneticamente
modificados.
No Brasil não há este tipo de proibição. Pelo contrário, após uma série
de disputas e conflitos, que envolveram desde o contrabando de sementes
transgênicas de outros países até uma série de batalhas judiciais, o resultado
histórico foi a construção de um sistema jurídico que não apenas permite a
produção e comercialização de transgênicos, como confere às grandes
empresas de biotecnologia a segurança jurídica necessária para a
intensificação de suas atividades (a partir da edificação, entre 1996 e 1998, de
uma série de leis que regulamentam a propriedade intelectual no Brasil) 6.
A permissão que o Estado brasileiro confere às empresas de
biotecnologia para a comercialização e o cultivo de sementes transgênicas é
condicionada a um procedimento administrativo que teria por função fiscalizar a
biossegurança destes OGMs, seja para a saúde humana, seja para o meio
ambiente em geral. Ocorre que, na prática, o órgão administrativo responsável
por esta fiscalização – a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

6
Leis federais nº 9.279/96 (Marcas e Patentes), nº 9.456/97 (Cultivares), nº 9.609/98 (Software), e nº
9.610/98 (Direitos Autorais).

3
(CTNBio) – além de não deter a estrutura suficiente para realizar
adequadamente as atividades de fiscalização, tem atuado de forma
absolutamente irresponsável no controle e análise de riscos, e na edição de
normas administrativas que visem garantir a coexistência entre espécies e a
ausência de impactos ambientais.

“Não sejamos ingênuos, a CTNBio foi criada no âmbito do


Ministério da Ciência e Tecnologia, para evitar que este
anacronismo de funcionários públicos honestos & zelosos,
facilmente encontráveis nos ministérios da saúde, agricultura,
meio ambiente, tradicionalmente fiscais, que sabem o que é
Estado Nacional e suas funções, não entravem os interesses
comerciais das empresas transnacionais, na nova realidade da
Ordem Internacional, onde o Estado não se intromete no
mercado”7.

Não é a toa, portanto, que o Brasil é um dos principais mercados


consumidores de produtos da MONSANTO, que é atualmente a maior empresa
de biotecnologia do mundo, e foi eleita pela revista FORBES como a “melhor
empresa do ano de 2009”8. Seu lucro estimado, apenas com suas operações
no Brasil, é de cerca de U$750 milhões ao ano, a partir da cobrança de
royalties referentes às suas sementes patenteadas, e, além disso, da venda de
produtos químicos dentre os quais se destaca o herbicida glifosato, cuja
aplicação pelos agricultores só fez aumentar a partir da utilização da soja
transgênica9.
É certo que as operações da MONSANTO, e também de outras
empresas de biotecnologia no Brasil (Syngenta, Bayer, BASF, DUPONT, ADM
etc) inicialmente se concentraram nas regiões onde o cultivo em grande escala
de grãos já estava há mais tempo consolidado (inicialmente Rio Grande do Sul,
quando a soja transgênica ainda era ilegal; posteriormente, também Santa
Catarina, Paraná e São Paulo), porém rapidamente suas operações comerciais
foram expandidas para outras regiões do país. Atualmente, a MONSANTO
possui atividades oficiais em 11 estados brasileiros, com 2 unidades industriais,

7
PINHEIRO, Sebastião. Transgênicos: qualidade ou contaminação? In.: GÖRGEN, Sérgio Antônio
(org.). Riscos dos transgênicos. Petrópolis: Vozes, 2000. P. 76.
8
FORBES. The planet versus Monsanto. Disponível em:
<http://www.forbes.com/forbes/2010/0118/americas-best-company-10-gmos-dupont-planet-versus-
monsanto.html>. Acesso em 20/03/2010.
9
Conforme dados citados por ANDRIOLI, Antônio Inácio e FUCHS, Richard (org.). Transgênicos: as
sementes do mal – a silenciosa contaminação de solos e alimentos. Tradução de Ulrich Dressel. São
Paulo: Expressão Popular, 2008.

4
3 escritórios, 5 escritórios regionais de vendas e 12 unidades de pesquisa,
armazenagem e processamento de sementes10. Além disso, a empresa
estadunidense tem uma agressiva política de distribuição de sementes junto a
vendedoras parceiras, além de esquemas de cobrança de royalties que
ocorrem seja nos pontos de venda de sementes, seja nos pontos de
escoamento da produção.

* A introdução dos transgênicos na Amazônia

Com o avanço da fronteira agrícola do cerrado brasileiro em direção ao


ecossistema amazônico, não são apenas as contradições inerentes ao grande
agronegócio que são transplantadas à Amazônia, mas também a introdução da
lavoura transgênica contribui para a ampliação dos impactos sócio-ambientais
inerentes a esse processo. Ademais, devido às recentes liberações comerciais
de uma série de variedades transgênicas (até o presente momento
concentradas à soja, milho e algodão), está em curso atualmente um rápido
processo de disseminação da oferta de sementes transgênicas aos produtores,
inclusive em algumas áreas de expansão mais intensa da fronteira agrícola na
Amazônia, como as regiões de Paragominas e da rodovia Cuiabá-Santarém.
A tabela abaixo remete-se a dados coletados pela Secretaria de
Estado de Agricultura do Pará (SAGRI-PA), que destaca os principais
municípios produtores de soja no Estado em 200811:

BELTERRA 40.500 PARAGOMINAS 35.160


SANTARÉM 46.575 DOM ELISEU 20.160
NOVO PROGRESSO 3.000 ULIANÓPOLIS 15.950
TOTAL (toneladas) 90.075 TOTAL (toneladas) 71.270

10
MONSANTO. Onde estamos. Disponível em: <http://www.monsanto.com.br/institucional/monsanto-
no-brasil/onde-estamos/onde-estamos.asp>. Acesso em 17/03/2010.
11
SAGRI-PA, Secretaria de Estado de Agricultura do Pará. Produção de Soja por município de 2003 até
2008. Disponível em:
<http://www.sagri.pa.gov.br/sites/default/files/Evol_Prod_Soja_por_municipio_2003_a_2008.xls>.
Acesso em 19/03/2010.

5
REDENÇÃO 3.600
FLORESTA DO ARAGUAIA 5.100
SANTANA DO ARAGUAIA 15.279
STª Mª DAS BARREIRAS 8.700
CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA 3.000
TOTAL (toneladas) 35.679

Percebe-se que, das 3 (três) grandes regiões de expansão da soja no


Estado do Pará (Nordeste, Sul-Sudeste e Oeste), a maior produção encontra-
se nas regiões de Paragominas e de Santarém. Não obstante tratar-se de
regiões com características distintas (tanto em termos de histórico de ocupação
como em termos de características da população que vive nelas), o processo
de expansão do agronegócio (e em especial a produção de grãos, como soja e
milho) em ambos os casos remete-se ao mesmo período, que inicia em
meados da década de 1980, desenvolve-se ao longo da década de 1990 e se
consolida já no início dos anos 2000.
Ao contrário do que se possa imaginar, o fato de o agronegócio da
soja na Amazônia envolver o grande capital agrícola (além da participação
associada de capitais financeiros conferidos por grandes bancos, como o
BASA e o BNDES), o processo de introdução dos monocultivos de soja está
bem longe de uma visão “idílica” ou bem “organizada”. Pelo contrário, ela se
configura como um elemento adicional de pressão sobre os conflitos que se
sucedem na região, cuja conseqüência prática é o fato de o Pará ser
considerado o Estado com mais conflitos no campo em todo o Brasil, segundo
dados da FASE12.

Do ponto de vista social, procurei uma palavra mais leve porém


não achei: do jeito que está vindo hoje, a soja está expulsando
as famílias e está grilando terra pública. Do ponto de vista da
geração de emprego, que é um dos temas importantes para
mim que conheço e sei e todos vocês sabem que não é uma
atividade geradora de grande quantidade de emprego (...)13
(grifou-se).

12
FASE, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional- PA. Mapa dos Conflitos
Socioambientais da Amazônia Legal. Disponível em:
<http://www.fase.org.br/v2/admin/anexos/acervo/2_mapa_conflito_amazonia.ppt>. Acesso em
18/03/2010.
13
Relato do Dep. Airton Faleiro em: MPEG, Museu Paraense Emílio Goeldi; EMBRAPA Amazônia
Oriental; Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. A Geopolítica da soja na Amazônia. Belém: Museu
Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação, 2004, p. 12.

6
Ressalta-se que os conflitos fundiários, enquanto uma das vertentes
dos conflitos socioambientais gerados pela expansão da fronteira agrícola, se
tornam cada vez mais violentos nas regiões de expansão da soja, tanto pelo
“caos fundiário” no qual historicamente se situa o Estado do Pará, quanto pelo
fato de o avanço deste grande capital empurrar os pequenos capitais
(principalmente madeireiras, carvoarias e a pecuária) para novas áreas de
floresta e de ocupação territorial tradicional.
Em termos de transformações dos espaços geográficos, a introdução
da soja na Amazônia acarreta transformações brutais, especialmente a partir
da construção de uma série de aparelhos de infra-estrutura adaptados à cadeia
produtiva e de escoamento da produção. O próprio contexto das forças
políticas é profundamente alterado nesse processo, pois o poder político destes
grandes empreendimentos econômicos inaugura uma situação altamente
desfavorável aos povos da região.

O problema do impacto da soja é muito maior do que


simplesmente a perda direta de habitats que você tem aqui. Só
a soja justifica um desenvolvimento de uma infra-estrutura
muito grande para a Amazônia que promove transporte e
escoamento; outras formas de uso da terra, como pastagem,
apesar de ocupar grande área não tem peso político
necessário para induzir o governo a construir hidrovias,
estradas de ferro e rede viária14 (grifou-se).

A introdução do grande agronegócio na Amazônia impulsiona,


portanto, a construção de infra-estrutura voltada principalmente para o
escoamento da produção. Por conseqüência, a produção na região aumenta
ainda mais em virtude das maiores facilidades que vão sendo disponibilizadas,
(seja em termos de concessão de crédito, seja em termos de instalação de
infra-estrutura), o que inclusive atrai novos produtores, fechando este grande
ciclo de desenvolvimento da grande agricultura capitalista na Amazônia, com
todos os conflitos e contradições geradas nesse processo.
Também a produção de cultivos transgênicos é decisivamente afetada
pelas cadeias produtivas e de infra-estrutura existentes, sempre conforme as
condições gerais de demanda de produtos pelo mercado consumidor. No caso

14
Palestra de Leandro Ferreira em: MPEG, Museu Paraense Emílio Goeldi; EMBRAPA Amazônia
Oriental; Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. A Geopolítica..., op. cit., p. 26.

7
da soja transgênica, sua inserção no bioma amazônico se dá na proximidade
de determinadas infra-estruturas de escoamento, que ligam por sua vez a
produção até os mercados consumidores.

* O eixo de expansão da soja transgênica na BR-163

A importância da cadeia de produção e escoamento na determinação


das características da produção agrícola na Amazônia é demonstrada a partir
do caso da produção de soja ao longo da BR-163 (rodovia Cuiabá-Santarém):
quanto mais próximo do Porto da CARGILL, localizada em Santarém, menores
são as probabilidades de identificar a produção de soja GM (geneticamente
modificada), visto que a CARGILL, que é a única compradora da produção de
soja na região, possui acordos comerciais com mercados consumidores
europeus que não aceitam a produção transgênica, a partir dos quais esta
empresa obtém melhor lucratividade em face do preço diferenciado que a soja
convencional possui no mercado internacional de grãos15.
Por outro lado, quanto mais se afasta da região de Santarém,
seguindo a BR-163 no sentido de Cuiabá, maiores são as probabilidades de
encontrar cultivos GM, que têm a sua disposição outras infra-estruturas de
escoamento, como a Hidrovia do Rio Madeira (acessível à produção
matogrossense a partir da Rodovia Cuiabá-Porto Velho), além dos portos de
Santos/SP e Paranaguá/PR.
O mapa abaixo, produzido pelo Instituto Socioambiental16, demonstra
as pressões fundiárias – especialmente sobre terras indígenas – que envolvem
o contexto da pavimentação da BR-163, cuja conclusão passará a possibilitar
que a produção de soja da região norte de Mato Grosso possa ser escoada por
via do Porto da CARGILL em Santarém. Este será, sem dúvida, um passo
decisivo para que também o eixo de BR-163 se torne uma via de escoamento
(e também de incentivo à produção) da soja transgênica que já é produzida em
Mato Grosso, inclusive tendo em vista a verdadeira guerra psicológica que as

15
AS-PTA. Soja transgênica perde espaço no Mato Grosso. Disponível em
<http://www.aspta.org.br/por-um-brasil-livre-de-transgenicos/documentos/soja-transgenica-tem-custos-
maiores/>. Acesso em 17/03/2010.
16
CARNEIRO FILHO, Arnaldo; SOUZA, Oswaldo Braga de. Atlas de pressões e ameaças às terras
indígenas na Amazônia brasileira. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.

8
empresas de biotecnologia realizam atualmente sobre os mercados
consumidores europeus para abolir as restrições aos produtos transgênicos.

Não são apenas as terras indígenas que se encontram em xeque


nesse processo, mas também uma série de Unidades de Conservação se
encontram atualmente ameaçadas pelas conseqüências do avanço da soja, e,
em especial, também da soja GM no eixo da BR-163, o que conseqüentemente
afetará os povos amazônidas que vivem nestas áreas (vide o mapa abaixo),
além de todas as comunidades que vivem em fora dos espaços territoriais
especialmente protegidos nesta região.

9
O avanço da soja transgênica ao longo da BR-163 se dá, portanto, a
partir dos municípios produtores no Estado de Mato Grosso, que partem do
cerrado e se instalam em pleno bioma amazônico. É o que se vê no mapa
abaixo, que dispõe sobre a evolução do plantio de soja no Mato Grosso em
termos de áreas cultivadas por município17.

17
RISSO, Joel; RIZZI, Rodrigo; FERNANDES, Sérgio Leal; EBERHART, Isaque Daniel Rocha.
Análise da dinâmica espacial da área de soja em municípios do Mato Grosso por meio de imagens
do sensor MODIS. Disponível em: <http://www.ufpel.tche.br/cic/2009/cd/pdf/CE/CE_01192.pdf>.
Acesso em 24/03/2010.

10
* O eixo de expansão da soja transgênica na região de Paragominas

A introdução da soja transgênica na Amazônia Legal não ocorre


apenas a partir do eixo da BR-163, vindo do Mato Grosso, mas ocorre também
em outro eixo de expansão que se destaca no presente trabalho: a região de
Paragominas. Da mesma forma que na primeira região analisada, as condições
de inserção das lavouras transgênicas são dadas pela cadeia produtiva e de
escoamento da produção de grãos, que, neste caso, é realizada
majoritariamente pelo Porto de Itaqui, em São Luis/MA (através da Estrada de
Ferro Carajás, de propriedade da VALE).
Conforme o mapa abaixo, extraído a partir de imagem de satélite, a
cadeia de escoamento da soja de Paragominas se dá primeiramente pela
rodovia BR 010, até Açailândia (conforme a trajetória verde), onde os grãos são
carregados em vagões da VALE, rumando em sentido ao Porto de Itaqui, onde
há silos e armazéns disponíveis para a arrecadação de grãos, e o posterior
carregamento de imensos navios que escoam a produção até o porto de
Roterdã, na Holanda18.

18
Segundo informações da VALE, o maior navio graneleiro do mundo atraca apenas nos portos de São
Luís e de Roterdã, suportando navios graneleiros de até 420 milhões de toneladas de porte bruto (tpb).
Disponível em: <http://www.vale.com/vale/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=71>. Acesso em 25/03/2010.

11
Apesar de não haver, na região de Paragominas, a presença de Terras
Indígenas ou de Unidades de Conservação, é certo que a presença de
camponeses, pequenos agricultores familiares e outras comunidades afetadas
naquela região igualmente produz impactos sócio-ambientais, que devem ser
identificados na medida da disponibilidade dos instrumentos de análise
existentes.

* Os impactos socioambientais causados pela soja transgênica na região


amazônica e a aplicação do princípio da precaução

Cabe, por fim, esclarecer quanto ao escopo da análise de impactos


sócio-ambientais que justificam o presente projeto. Conforme dito
anteriormente, ainda não há estudos conclusivos acerca dos impactos que os
organismos geneticamente modificados produzem sobre a saúde humana e
sobre o meio ambiente. Ademais, sequer há pesquisas nesse sentido que
procurem identificar potenciais impactos sobre o ecossistema amazônico em
suas peculiaridades, e como estes impactos ambientais se reverteriam em
impactos sociais sobre os povos da região, que tão vinculados estão à terra e
ao ecossistema em geral.
Não obstante estas dificuldades, existe já alguma bibliografia que trata,
com mais propriedade, especialmente dos impactos sociais e econômicos que
a introdução dos OGMs produz. Trata-se de uma produção que pertine
inclusive a impactos gerados pela produção de transgênicos no Brasil, porém
num contexto bastante distinto, que é a situação dos estados da Região Sul do
país. Nesse caso, a própria dificuldade em encontrar estudos voltados à região
amazônica já se evidencia como uma justificativa suficiente para a presente
investigação, ainda que os instrumentos tradicionalmente conferidos pelo
Direito para este tipo de análise sejam muito pobres (sobre esta questão, tratar-
se-á melhor no ponto de metodologia).
Ademais, o simples fato de haver indícios razoáveis de impactos sócio-
ambientais decorrentes da produção de lavouras geneticamente modificadas
na Amazônia já constituem motivo suficiente para a invocação do princípio da
precaução, que é um dos preceitos basilares do Direito Ambiental brasileiro, e
com o qual se pretende trabalhar numa perspectiva socioambientalista, que

12
abre mão da falsa “neutralidade” na qual se arvoram as teorias positivistas do
Direito, para assumir uma posição política, a partir de uma determinada teoria
do Direito e do ordenamento jurídico vigente, desde a perspectiva dos povos da
Amazônia.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral:

- O objetivo geral da dissertação será analisar o processo de introdução da soja


transgênica nas regiões de mais intensa expansão desta cultura dentro da
fronteira agrícola na Amazônia (que são as regiões de Paragominas e da BR-
163), e, a partir da avaliação dos potenciais impactos socioambientais,
identificar os instrumentos jurídicos que os espaços territoriais especialmente
protegidos conferem aos povos da região, especificamente nas Unidades de
Conservação e Terras Indígenas, para a garantia de seus direitos humanos em
face do avanço desta biotecnologia.

3.2 Objetivos Específicos:

- Identificar a relação entre as cadeias produtivas da soja na região amazônica,


além de outros fatores que interferem (favorecem/dificultam) na proliferação
dos cultivares transgênicos na Amazônia, dentro das áreas de estudo de
Paragominas e da BR-163;

- Analisar os impactos gerados pelo processo de introdução da soja


transgênica na região de Paragominas, e analisar fatores e conseqüências
decorrentes do avanço dos cultivares GM no eixo de expansão da BR-163,
especialmente nas proximidades de Unidades de Conservação e Terras
Indígenas desta região;

- Desenvolver uma concepção dos princípios socioambientais e dos


instrumentos jurídicos concernentes aos espaços territoriais especialmente
protegidos que potencializem o uso insurgente do Direito por parte dos povos

13
da Amazônia, de forma que possam garantir a afirmação histórica dos direitos
humanos.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

Intenta-se neste ponto indicar alguns elementos centrais que orientam a


presente investigação, a partir dos principais referenciais teóricos considerados
pertinentes à abordagem do tema proposto. A partir destas breves anotações,
indicar-se-á o referencial metodológico e a estruturação de dissertação que se
pretende adotar para atender aos objetivos e às hipóteses formuladas.
Primeiramente, enquanto projeto de dissertação proveniente do Direito,
é necessário esclarecer qual a concepção, qual teoria do Direito adota-se na
presente investigação para a abordagem do tema proposto19. Sem este
esclarecimento inicial, tornar-se-ia incompreensível a metodologia adotada, as
mediações que se pretende estabelecer com outras ciências e áreas do
conhecimento, e a própria forma como se compreende as normas e as
relações jurídicas em geral.
Nesse sentido, rejeita-se desde o início os fundamentos epistemológicos
que norteiam as tradicionais teorias positivistas e normativistas do Direito, visto
que o Direito está longe de se limitar às normas ou ao conjunto de normas
jurídicas. Ademais, ainda que estas teorias o neguem, estão profundamente
comprometidas com uma determinada teoria social que invizibiliza a existência
de diferentes classes e grupos sociais, e naturalmente também de conflitos
sociais entre estes grupos.
Conforme atesta LYRA FILHO:

“o Direito não é as normas, que pretendem veiculá-lo, nem


forma um conjunto único de normas devido à oposição
conflitual derivada da posição antitética de classes espoliadas
e grupos oprimidos”20.

19
A presente pesquisa não pretende padecer do “aguilhão semântico” que DWORKIN atribui às
concepções dogmáticas do Direito, que vêem todas as divergências em Direito como meras questões de
interpretação, e não como fruto de diferentes teorias, concepções acerca do Direito. Vide DWORKIN,
Ronald. O Império do Direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Cap. 2.
20
LYRA FILHO, Roberto. Karl, meu amigo: diálogo com Marx sobre o Direito. Porto Alegre: Sergio
Antônio Fabris, 1983. P. 73.

14
O Direito não se limita portanto às normas, apesar de estas serem de
suma importância para uma teoria do Direito que consiga reproduzir a
complexidade social na qual as práticas jurídicas estão inseridas. Da mesma
forma, estas normas jurídicas não são concebidas como política ou
cientificamente neutras, mas são, na verdade, o resultado das relações sociais
existentes em uma dada sociedade.
Na medida em que as relações sociais, na sociedade vigente, são
marcadas pelas contradições e pelos conflitos inerentes às lutas de classes,
torna-se evidente que as normas jurídicas respondem, de forma complexa e
peculiar, a esta realidade social. As normas jurídicas deixam, portanto, de ser o
“puro produto da vontade das autoridades (normativamente) competentes”,
para se tornar o resultado das lutas sociais promovidas pelos mais diversos
grupos políticos e sociais, cujo interesse passou a ser oficialmente
(normativamente) reconhecido.

“O Direito, em resumo, se apresenta como positivação da


liberdade conscientizada e conquistada nas lutas sociais e
formula os princípios supremos da Justiça Social que nelas se
desvenda”21.

A positivação dos interesses de determinados grupos e classes sociais


constitui portanto a norma jurídica, porém o Direito não é meramente o
resultado deste aglomerado de normas. O Direito constitui, na verdade, um
conjunto de relações sociais absolutamente complexas e dinâmicas, cujo
estudo por uma teoria do Direito (produto de uma ciência e de uma filosofia do
Direito) jamais poderá se esgotar na simples denominação enquanto ciência
lógica, ciência deôntica, ou qualquer outra concepção que fragmente ser e
dever-ser, lógica e história, norma e ordenamento, relação jurídica e relação
social.

“Quando consideramos em cada uma de suas partes, qualquer


sistema de relações sociais, referentes a um determinado
ordenamento jurídico nas suas partes constitutivas, obtemos
todo o conjunto das chamadas relações jurídicas”22.

O Direito concebido como mero conjunto de normas não permite que se

21
LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 17ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1999. P. 89.
22
STUCKA, Petr Ivanovich. Direito e luta de classes – teoria geral do direito. Tradução de Silvio
Donizete Chagas. São Paulo: Acadêmica, 1988. P. 135.

15
compreenda que as normas, sem as relações sociais, desidratar-se-iam e
deixariam de ser normas. As próprias normas são produtos de relações sociais,
erigidas ao patamar próprio e específico de relações jurídicas.
As normas de Direito Ambiental, por exemplo, são o resultado histórico
do desenvolvimento de determinadas relações sociais, que por sua vez não
podem ser concebidas enquanto relações arbitrárias, produtos puros das idéias
e vontades dos sujeitos, mas sim como resultado da materialidade das
relações sociais, que têm como objetivo primeiro a produção e reprodução da
vida concreta, material.
Com o enorme desenvolvimento das forças produtivas deflagrado desde
o início da Revolução Industrial, estabeleceram-se uma série de relações
sociais e jurídicas próprias a este contexto. Na medida em que estas forças
produtivas passaram a sofrer limitações em sua relação com a natureza,
decorrentes essencialmente do caráter anárquico e da racionalidade própria ao
processo de concorrência capitalista (que acaba desconsiderando os profundos
impactos gerados sobre o meio ambiente, limitada que está à pura e simples
lógica do lucro), novas relações jurídicas passaram a ser estabelecidas para
tentar conter esse processo, dentre as quais destaca-se a criação de normas
jurídicas específicas à tutela do meio ambiente.
Foi nessa perspectiva que nasceram as normas jurídicas ambientais,
propugnadas por movimentos ambientalistas que, longe de se contrapor ao
status quo, adequavam-se a ele buscando evitar ou minimizar as contradições
que lhe são próprias. Resultado disso é que as relações jurídicas ambientais
tiveram, de início, um forte caráter repressivo e, inclusive, anti-popular, pois
geralmente associava idéias neomalthusianas com as concepções
ambientalistas que se encontravam em pleno processo de formulação.
As normas e as relações jurídicas ambientais não são, porém, o
resultado unilateral apenas das concepções acima resumidamente descritas.
São, também, o resultado das lutas sociais promovidas por grupos e classes
sociais que, longe de se adequar ao status quo, partem de um referencial
crítico aos fundamentos mesmo da sociedade vigente, comandada pelo modo
de produção capitalista.
Esta outra perspectiva ambientalista, fortemente inspirada pelos
fundamentos do chamado ecossocialismo, irá identificar de forma mais

16
profunda as contradições que o modo de produção capitalista gera em sua
relação com o meio ambiente e com os seres humanos em geral, e buscará
fortalecer sua perspectiva crítica a partir do aporte das classes sociais
exploradas e oprimidas dessa sociedade, organizadas em torno do movimento
popular. Desta união entre o movimento ambientalista e o movimento popular
surge a concepção socioambiental, que busca tutelar o meio ambiente em sua
relação com os seres humanos, numa perspectiva crítica e transformadora da
sociedade vigente.
O fortalecimento político da perspectiva socioambiental permitiu, então,
que estas classes e grupos sociais contra-hegemônicos influenciassem o
processo geral de formulação das normas jurídicas, construindo um novo
patamar para as relações jurídicas ambientais no Brasil, conforme afirma
SANTILLI:

“As leis socioambientais editadas nos anos 90 e a partir de


2000, especialmente a Lei nº 9.433/97 (que institui o Sistema
Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 9.985/2000 (que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza), rompem com essa orientação [estritamente
conservacionista] e passam a prever mecanismos e
instrumentos de gestão dos bens socioambientais, e não
apenas de repressão a determinadas condutas e atividades”23.

Longe de cristalizar as relações jurídicas, as normas que são edificadas


representam, na verdade, um novo patamar qualitativo para o desenvolvimento
destas mesmas relações. Isto significa que o fato de determinadas normas
jurídicas expressarem majoritariamente uma determinada concepção (como a
socioambientalista, nos casos acima citados) não garantem o restabelecimento
de relações correspondentes, seja porque as normas são “interpretáveis”, seja
porque podem ser alteradas a todo momento (e de fato o são!), seja porque
simplesmente não são cumpridas (são “letra morta” contra o qual o dever-ser
kelseniano é absolutamente inepto).
Fica claro, portanto, que uma análise jurídica sob essa perspectiva
jamais pode se limitar à norma jurídica, apesar de este ser um momento
necessário e imprescindível. Trata-se de apreender o objeto de estudo sob a
perspectiva das relações jurídicas existentes, que se configuram como relações
sociais específicas e complexas, influenciadas por uma série de mediações
23
SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo..., op. cit., p. 29-30.

17
estabelecidas com outras relações sociais (econômicas, culturais, políticas etc)
e com as forças produtivas inscritas na sociedade24.
As relações jurídicas que se desenvolvem no contexto da introdução da
soja transgênica na Amazônia só podem ser analisadas, portanto, a partir da
sua devida localização dentro da totalidade concreta, enquanto parte
constituinte do Todo, da realidade social25. Para isso, o primeiro passo será
necessariamente compreender a atual estrutura de organização da economia
amazônica em sua relação com o mercado mundial, que, longe de ser um
produto “natural”, dado e acabado, é o resultado de um processo histórico que
deve ser profundamente compreendido.
A biotecnologia, por sua vez, surge num contexto no qual já há a
consolidação de um verdadeiro mercado mundial capitalista (que, apesar de ter
sido gestado desde o século XIX, apenas será consolidado no período do pós-
guerra no século XX26), e no qual há uma inserção definitiva da Amazônia (e
não mais esporádica, eventual) enquanto fornecedora de determinadas
mercadorias, nos termos da divisão internacional do trabalho que fora
estabelecida27.
Juntamente com esta nova força produtiva configurada pela
biotecnologia, surgem relações sociais e jurídicas correspondentes,
relacionadas especialmente à regulamentação de seu regime de propriedade,
repartição de benefícios e de controle de impactos ao meio ambiente e à saúde
humana. Constituem-se, portanto, normas e relações jurídicas referentes à
propriedade intelectual e à biossegurança.

“Ao leitor arguto não terá escapado que à desvalorização das


formas de vida e à sua redução a mera matéria-prima
corresponde a introdução de patentes de genes e à
reivindicação de propriedade intelectual para os bioprodutos
inventados. Também não lhe terá escapado a conclusão mais
geral de todo o processo: agora, com a biotecnologia é
possível uma apropriação direta da vida. Isto é: a vida pode ser
monopolizada”28.

24
Nesse sentido, vide PASUKANIS, Eugeny Bronislanovich. A teoria geral do direito e o marxismo.
Tradução de Paulo Bessa. Rio de Janeiro: Renovar, 1989. Cap. 1.
25
Este tema será melhor explicitado na apresentação da metodologia de investigação.
26
MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. Tradução de Carlos Eduardo Silveira Matos et alli. São
Paulo: Abril Cultural, 1982. Cap. 2.
27
LEAL, Aluízio Lins. Uma sinopse..., op. cit., p. 30-41.
28
SANTOS, Laymert Garcia Politizar as novas tecnologias: o impacto sócio-técnico da informação
digital e genética. São Paulo: Ed. 34, 2003. P. 29.

18
A biotecnologia inaugura, portanto, um novo patamar qualitativo de
relações econômicas, jurídicas e sociais, que devem ser analisadas de forma
específica, até para que se possa compreender quais são os seus potenciais
impactos a partir do recente processo de introdução na realidade amazônica.
As referências bibliográficas que tratam dos riscos e dos possíveis
impactos gerados por cultivares transgênicos identificam potenciais efeitos
tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana, tais como:

• Desenvolvimento de super-ervas daninhas, cada vez mais resistentes à


aplicação de herbicidas (no caso dos OGMs tolerantes a herbicidas),
exigindo a aplicação cada vez maior de agrotóxicos29;

• No caso dos OGMs resistentes a insetos (tecnologia Bt), a menor


aplicação de agrotóxicos é compensada negativamente pelo
desenvolvimento de pragas menos suscetíveis aos efeitos da bactéria
transgênica (desenvolvem-se, portanto, “super-pragas” nessas
lavouras)30;

• Transgênicos com características antibióticas podem acarretar maiores


resistências do organismo humano diante de remédios, o que torna o
consumo desse tipo de alimento transgênico tão imprevisível quanto
perigoso31;

• Vários casos foram relatados de desequilíbrio da cadeia alimentar


provocados pelos organismos geneticamente modificados, tendo em
vista a afetação de espécies não-alvo, o que acarreta a perda da
diversidade biológica, além de grave agressão ao meio ambiente32;

29
FUCHS, Richard. Cultivos transgênicos no mundo. Do Canadá à Argentina, da Romênia à China
quase 90 milhões de hectares de plantas transgênicas. In.: ANDRIOLI, Antônio Inácio e FUCHS,
Richard (org.). Transgênicos..., op. cit. p.31-56.
30
LANG, Chris. Árvores geneticamente modificadas: a ameaça definitiva para as florestas. Tradução
de Maria Izabel Souza. São Paulo: Expressão Popular, 2006. P. 25-48.
31
NODARI, Rubens Onofre e GUERRA, Miguel Pedro. Biossegurança de plantas transgênicas. In.:
GÖRGEN, Sérgio Antônio (org.). Riscos dos transgênicos. Petrópolis: Vozes, 2000. P. 39-60.
32
LANG, Chris. Árvores geneticamente modificadas..., op. cit., p. 32-36.

19
Além disso, há pesquisas científicas que demonstram a existência de
risco de contaminação genética decorrente da chamada transferência
horizontal de genes, conforme explicam NODARI e GUERRA:

“Entre os riscos ambientais, a poluição genética, através da


transferência vertical e a transferência horizontal, é a mais
importante. Em decorrência disto, pode ocorrer o surgimento
de super ervas daninhas, superpragas e variantes genéticos,
cujas características não se pode antecipar. Contudo, outros
riscos são possíveis com efeitos danosos em espécies não
alvo (aves, minhocas, peixes, entre outros), contaminação de
solo e água, cujas dimensões também são impossíveis de
prever”33.

Tendo em vista que grande parte dos impactos gerados por OGMs ainda
não foi cientificamente confirmada, a presente pesquisa, na medida dos
objetivos e das hipóteses formuladas, e conforme as limitações metodológicas
existentes quanto a este ponto específico, buscará investigar quais efeitos
foram conclusivamente apontados como causados ou não causados por
cultivares transgênicos, e, para todos os demais casos em discussão ou sem
debates científicos estabelecidos, aplicará o princípio da precaução.

“Controlar o risco é não aceitar qualquer risco. Há riscos inaceitáveis,


como aquele que coloca em perigo os valores constitucionais
protegidos, como o meio ambiente ecologicamente equilibrado, os
processos ecológicos essenciais, o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas, a diversidade e a integridade do patrimônio biológico
34
– incluído o genético – e a função ecológica da fauna e da flora” .

Na medida em que a perspectiva adotada na dissertação será o


socioambientalismo, a aplicação do princípio da precaução não se limitará à
tutela do meio ambiente, mas também se preocupará com os potenciais
impactos e riscos às comunidades humanas, à cultura dos povos e
comunidades que vivem na Amazônia, com especial enfoque àquelas situadas
em Unidades e Conservação e Terras Indígenas das regiões que serão
estudadas.

33
NODARI, Rubens Onofre e GUERRA, Miguel Pedro. Biossegurança de plantas transgênicas. In.:
GÖRGEN, Sérgio Antônio (org.). Riscos..., op. cit. p. 46.
34
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 15ª ed. São Paulo:
Malheiros. P. 75.

20
5 HIPÓTESES

São algumas hipóteses que orientam as investigações inseridas no


cronograma da pesquisa:

1. O processo de expansão da fronteira agrícola na Amazônia está inserida no


contexto da atual divisão internacional do trabalho, na qual a região
amazônica figura como mero fornecedor de matérias-primas e commodities
de caráter primário;

2. O cultivo da soja é um dos principais fatores de avanço da fronteira agrícola


e da grande agricultura capitalista na Amazônia, e está dinamicamente
inserida no contexto do desenvolvimento desigual e combinado que marca
a história recente da região;

3. A aplicação historicamente recente da biotecnologia na agricultura inaugura


um período qualitativamente distinto, que só pode ser compreendido a partir
do estudo do processo de desenvolvimento desta nova força produtiva, bem
como das novas relações sociais, econômicas e jurídicas instauradas nesse
contexto;

4. A introdução dos cultivares transgênicos no Brasil faz parte do projeto de


expansão da acumulação por parte das empresas transnacionais de
biotecnologia, porém apenas se torna possível a partir do estabelecimento
de uma série de condições jurídico-políticas (legislação de biossegurança,
proteção de cultivares, propriedade intelectual etc);

5. Igualmente essenciais para a introdução dos transgênicos no Brasil são as


condições infra-estruturais (existência de mercado consumidor, meios de
transporte, disponibilização de produtos químicos específicos, maquinário,
armazenagem, crédito agrícola etc), propiciadas tanto por agentes privados
(empresas transnacionais de biotecnologia e de produtos agrícolas, bancos
etc) como por agentes públicos (bancos públicos, políticas setoriais, etc);

21
6. As regiões de mais forte expansão da fronteira agrícola na Amazônia, onde
se situam os empreendimentos agrícolas mais consolidados, estão mais
suscetíveis ao avanço da soja transgênica, porém sua introdução apenas se
materializa com a criação de condições para o escoamento desta produção,
que estão intrinsecamente ligadas às pressões de demanda do mercado
consumidor;

7. Os potenciais impactos socioambientais e a falta de certeza científica


quanto à biossegurança dos cultivares transgênicos, especialmente na sua
relação com o ecossistema e as populações que vivem na Amazônia
ensejam a aplicação do princípio da precaução numa perspectiva
socioambiental, isto é, ligada à perspectiva dos povos da própria região
amazônica;

8. As Unidades de Conservação e as Terras Indígenas, enquanto modalidades


de espaços territoriais especialmente protegidos, configuram-se como
instrumentos jurídicos efetivos que potencializam a ação de resistência e de
insurgência dos povos e das comunidades que vivem nas áreas de
expansão da soja transgênica;

9. Não obstante a importância da atuação das mais diversas instituições para


a proteção socioambiental da Amazônia em face da expansão dos
cultivares transgênicos, os principais sujeitos históricos a quem cabe a
tarefa de resistência/insurgência no atual período histórico são os povos e
as comunidades que vivem na região.

6 METODOLOGIA

Compreendendo-se a metodologia não como um mero conjunto de


métodos aplicados à pesquisa, mas como a própria aplicação da concepção de
mundo (filosofia) à teoria do conhecimento (epistemologia), a presente
pesquisa tem na filosofia dialética e no materialismo histórico os elementos
metodológicos para a análise do objeto proposto.
Nessa perspectiva, compreendendo que a produção material da vida

22
(que não se confunde com o economicismo) é determinante para as diversas
formas de reprodução da totalidade concreta, desde o início refuta-se a crença
positivista de que o Direito, por si só, é capaz de conceber devidamente os
problemas inerentes ao objeto da pesquisa. Pelo contrário, é na identificação
das condições materiais de existência que se torna possível a correta
identificação do papel exercido pelas relações jurídicas sobre o objeto em
análise.
As relações jurídicas são relações sociais que compõem, também, a
realidade concreta; porém não se produzem por si mesmas, nem estão
isoladas das demais relações sociais, motivo pelo qual apenas uma abordagem
transdisciplinar pode apreender a complexidade da totalidade concreta,
inclusive em termos do papel que as próprias relações jurídicas desempenham
na realidade concreta.

Conhecer a realidade concreta é um processo que envolve três


movimentos: abstrair as partes do todo, analisar suas leis e
relações internas e, finalmente, reproduzir conceitualmente o
todo concreto35.

Na presente pesquisa, parte-se do Todo, da totalidade concreta


representada pela relação entre a Amazônia e o sistema-mundo capitalista,
para, a partir do método da abstração, identificar algumas das partes
essenciais que compõem esse Todo dialético: o desenvolvimento dos “grandes
projetos” na Amazônia; o caráter desigual e combinado deste desenvolvimento;
a troca desigual a qual a região é submetida; o papel que a agricultura
desempenha nesse processo; etc.
É evidente que, em se tratando de uma pesquisa que busca reproduzir
teoricamente um processo real específico (uma parte da totalidade concreta), o
nível de abstração da maioria destes elementos será muito alta, reduzindo-se
apenas na medida em que surgem elementos que importam mais ao foco da
pesquisa. É nesse sentido, por exemplo, que os grandes projetos serão
analisados de forma mais abstrata, enquanto a inserção da grande agricultura
capitalista ensejará análises mais concretas, com mais elementos históricos,
inserido dentro de seu contexto histórico específico, dentro do qual seria

35
CORAZZA, Gentil. O Todo e as Partes: uma introdução ao método da economia política. In: Estudos
Econômicos, São Paulo, vol. 26, Número Especial, p. 35.

23
incorreto simplesmente desconsiderar os demais projetos implantados na
Amazônia nesse mesmo processo.
Para este primeiro momento da investigação, adotar-se-á
essencialmente (ainda que não de forma estanque, unilateral) a perspectiva
histórica e indutiva, buscando dentro dos principais referenciais históricos
identificar a forma como se deu o processo de integração definitiva da
Amazônia no mercado mundial, no contexto da nova divisão internacional do
trabalho.
A biotecnologia é outra “parte” que nasce dentro do contexto do
“Todo”, e que através do método da abstração será analisado em suas
características essenciais, sem porém deixar de lado sua historicidade
concreta. Enquanto força produtiva, a biotecnologia produz relações sociais e
jurídicas que lhe são específicas, que devem ser analisadas exatamente nessa
perspectiva, dentro das relações de produção que lhe são próprias.
Estas relações de produção, por sua vez, não são o único fator que
determina a forma jurídica da biotecnologia, mas também outros fatores
influenciam decisivamente, como a própria luta de classes. Nesse sentido, o
regime jurídico de biossegurança no Brasil nem é o resultado mecânico do
desenvolvimento da biotecnologia, e nem é o produto da “vontade (abstrata) do
legislador”, mas é, na verdade, uma síntese provisória da correlação de forças
entre os diversos grupos de interesse na sociedade (movimentos populares,
ambientalistas, ONGs, cientistas, empresas de biotecnologia, produtores
agrícolas, consumidores etc).
É sob esta perspectiva dinâmica que será analisada a construção das
normas jurídicas referentes à biotecnologia e à biossegurança no Brasil,
utilizando-se inicialmente do método histórico e indutivo, para, após a
apresentação de seu contexto sócio-político, adotar uma perspectiva lógica e
dedutiva no que tange à aplicação destas normas na construção das relações
jurídicas que lhe são próprias. Além da pesquisa bibliográfica referente a este
contexto histórico, analisar-se-á neste ponto algumas das principais empresas
do ramo da biotecnologia, de forma a ter um panorama geral do papel de sua
influência econômica e política na formulação das normas jurídicas para este
tema.
A forma como se dá a mediação entre a biotecnologia e a sua

24
aplicação na grande agricultura capitalista já é um avanço que vai do abstrato
ao concreto, do lógico ao histórico, da “parte” que começa a reproduzir o “Todo
concreto”. Para isso, pretende-se analisar a geopolítica da soja na Amazônia,
reproduzindo teoricamente o processo real, concreto, da expansão da fronteira
agrícola da soja na região, e identificando os principais meios pelos quais esta
cultura pôde se assentar na região (a partir da construção de infra-estruturas
próprias, concessão de crédito, introdução do comércio de produtos agrícolas e
prestação de serviços específicos, etc).
Para este ponto em especial, além das referências bibliográficas que
reproduzem historicamente esse processo, levantar-se-á dados objetivos
referentes à capacidade das forças produtivas instaladas e utilizadas para a
produção de escoamento da soja, através de dados fornecidos por órgãos do
Estado (CONAB, secretarias de agricultura, órgãos responsáveis pela gestão e
fiscalização rodoviária e aquaviária etc) e pelas principais referências do setor
privado (entidades associativas como a FAEPA, empresas como CARGILL,
VALE, HERMASA e MONSANTO etc).
Aliado às análises anteriores (consideradas indispensáveis à
compreensão do processo de expansão da soja, e como condições
indispensáveis à atuação adoção de tecnologia transgênica), buscar-se-ão os
dados concretos referentes ao contexto atual de crescimento dos cultivos GM,
especificamente na região de Paragominas/PA, o que ensejará o levantamento
de dados referentes aos mercados de sementes convencionais e transgênicas,
à disponibilização de insumos químicos para cada tipo de produção, aos
equipamentos e formas empregadas para o manejo dos cultivos, além das
formas de armazenamento e de escoamento da produção.
Para lograr a obtenção destes dados, realizar-se-á inicialmente um
mapeamento prévio da região, a partir de referências bibliográficas e de meios
de informação recentes que tratem da situação atual do cultivo da soja na
região estudada. A partir de então, com este levantamento prévio dos dados
pretendidos, realizar-se-á um mapeamento de atores e das relações sociais
que são estabelecidas nesse contexto de expansão da soja GM na região, bem
como de seus potenciais impactos e conflitos socioambientais.
Como a presente dissertação não se trata de um clássico estudo de
caso, a pesquisa de campo terá um caráter menos elaborado e desenvolvido.

25
Porém, para lograr produção algumas informações cientificamente relevantes
para o escopo do objeto de estudo, adotar-se-á na investigação concreta e no
mapeamento dos impactos e conflitos o método da pesquisa semi-estruturada,
e, quando esta não for possível, da pesquisa exploratória não-estruturada.
A partir destes dados, tornar-se-á possível analisar as condições de
concorrência entre os cultivos convencionais e transgênicos, além de identificar
os potenciais casos de contaminação genética que podem afetar esta
concorrência, de forma a indicar dedutivamente o processo de
desenvolvimento futuro da produção GM na região analisada. Da mesma
forma, a identificação provisória de impactos e conflitos sociombientais na
região, analisados à luz de outras pesquisas científicas existentes sobre o
tema, permitirão que se desenhe uma perspectiva geral dos riscos que os
transgênicos oferecem às populações que vivem na região.
É à luz de tais impactos, identificados já num contexto muito mais
próximo (inscrito dentro do bioma amazônico, com efeitos sócio-ambientais
produzidos sobre povos da própria Amazônia), que se pretende estabelecer as
mediações com os potenciais riscos que sofrem as comunidades que residem
nos espaços territoriais especialmente protegidos dentro da área de influência
da expansão da soja ao longo da BR-163. Neste caso, considerando que a soja
transgênica ainda não se proliferou por questões puramente conjunturais, as
atividades de pesquisa concentrar-se-ão na análise e no acompanhamento da
cadeia produtiva e de exportação da soja (que deverá ser impactada com a
finalização da pavimentação da BR-163) e na identificação da diversidade
socioambiental presente nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação
existentes nesta região (sem desconsiderar, porém, a importância
socioambiental das outras modalidades de espaços territoriais protegidos
existentes).
Para isso realizar-se-á, junto ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade), o levantamento dos respectivos planos de
manejo para estas áreas (ou mesmo a ausência destes planos), buscando
identificar inclusive a presença de instrumentos jurídicos de defesa da
sociobiodiversidade em face da ação de agentes externos à área, como é o
caso de potenciais produtores de soja transgênica. A impossibilidade de
realizar pesquisas de campo em todas estas áreas fará com que o objetivo

26
desta investigação seja realizar um levantamento básico das populações e dos
modos de vida existentes nestas áreas, especialmente em termos de sua
relação com o meio ambiente, e, a partir do método lógico-dedutivo, indicar os
potenciais impactos socioambientais que a expansão da produção de cultivares
transgênicos poderá acarretar.
Estes potenciais impactos demandam, por parte do Direito, uma
resposta efetiva no que se refere às relações sociais que são estabelecidas, o
que jamais é realizado pelos juristas sem uma determinada teoria do Direito. A
adoção da perspectiva socioambiental para a análise do Direito Ambiental em
sua relação com o objeto de estudo ensejará, portanto, a adoção de uma teoria
crítica e analética do Direito, que não é meramente dialética porque analisa a
totalidade concreta desde a perspectiva ética da Alteridade, do Outro negado,
roubado e excluído, e não apenas dos entes inseridos dentro da Totalidade-
dominante.

“O outro como outro, isto é, como centro de seu próprio mundo


(embora seja um dominado ou oprimido) pode dizer o
impossível, o inesperado, o inédito em meu mundo, no sistema.
Todo homem, cada homem, enquanto é outro é livre, e
enquanto é parte ou ente de um sistema é funcional,
profissional ou membro de uma certa estrutura, mas não é
outro. É-se outro na medida em que é exterior à totalidade, e
neste mesmo sentido se é rosto (pessoa) humano
interpelante”36.

Trata-se, na perspectiva de DUSSEL, de uma ética da libertação dos


povos oprimidos do Terceiro Mundo37, identificados, neste caso, sob a
perspectiva dos povos amazônicos, das comunidades que sofrem com os
impactos e conflitos gerados pela totalidade do atual sistema-mundo
dominante, materializado no presente estudo com o avanço do cultivo de soja
transgênica nas áreas estudadas. Será, portanto, sob esta perspectiva ética e
analética que serão analisados os princípios e instrumentos jurídicos de Direito
Ambiental, comprometidos com a realização histórica, pelos próprios povos da
Amazônia, de sua libertação histórica e efetivação de direitos humanos.

36
DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação. São Paulo: Loyola, s.d. P. 51.
37
DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na idade da globalização e da exclusão. Tradução de
Ephraim F. Alves, Jaime A. Clasen e Lúcia M. E. Orth. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

27
7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A partir das referências bibliográficas identificadas ao final do presente


projeto, da investigação de dados empíricos referentes à situação atual do
avanço da fronteira agrícola na Amazônia, e das condições gerais do plantio de
lavouras geneticamente modificadas, formulou-se o seguinte plano geral de
obra:

1) INTRODUÇÃO
2) O PROCESSO DE INSERÇÃO DA AMAZÔNIA NO MERCADO MUNDIAL
2.1) “Desenvolvimento” e “desenvolvimentismo”: a implantação dos grandes
projetos na Amazônia
2.2) Desenvolvimento desigual e combinado: as veias abertas da Amazônia
2.3) A expansão da fronteira agrícola e o desenvolvimento da agricultura
capitalista: violência e grilagem
3) O NASCIMENTO DA BIOTECNOLOGIA E O REGIME JURÍDICO DOS
TRANSGÊNICOS NO BRASIL
3.1) Dos agrotóxicos aos transgênicos: a formação das transnacionais da
biotecnologia
3.2) As estratégias de crescimento das empresas transnacionais
3.3) A formação do regime jurídico internacional para a biotecnologia e sua
introdução no Brasil
3.4) O atual regime jurídico de biossegurança no Brasil e a liberação comercial
de cultivares transgênicos pela CTNBio
4) A GEOPOLÍTICA DA SOJA NA AMAZÔNIA: AS CADEIAS PRODUTIVAS E
A INTRODUÇÃO DOS TRANSGÊNICOS
4.1) Os corredores de escoamento e de expansão da produção da soja na
Amazônia
4.2) A introdução da soja transgênica na região de Paragominas: história,
dinâmica de mercado, conseqüências
4.3) O início da expansão da soja transgênica na BR-163: história,
perspectivas do mercado atual e as conseqüências de uma potencial agressão
aos povos tradicionais nas Unidades de Conservação e Terras Indígenas
5) OS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS COMO
INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO SOCIOAMBIENTAL EM FACE DA
EXPANSÃO DA SOJA TRANSGÊNICA NA AMAZÔNIA
5.1) As terras indígenas e unidades de conservação em face do princípio da
precaução
5.2) O socioambientalismo como princípio orientador da ação dos órgãos

28
públicos
5.3) O protagonismo dos povos da Amazônia na construção de um Direito
insurgente
6) CONCLUSÃO

Trata-se, então, de esclarecer a perspectiva de investigação da


presente pesquisa, que justifica a organização dos tópicos de apresentação
sob a disposição acima proposta. Para isso, optou-se por uma breve
explanação acerca do conteúdo de cada capítulo, bem como seu
encadeamento lógico dentro da estrutura proposta.

* CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Considera-se que uma boa pesquisa e um bom pesquisador


demonstram, já de início, os pressupostos teóricos e a visão de mundo geral
que nortearam a busca de informações sobre o objeto de estudo. Aliás, a
própria identificação do objeto, dentro da imensidão de “objetos possíveis” que
existem dentro da totalidade concreta, já é em si o resultado da aplicação de
uma determinada visão de mundo (filosofia) e de uma determinada forma de
recorte do objeto de estudo (epistemologia).
Dessa forma, o capítulo introdutório terá por objetivo apresentar os
principais elementos teórico-metodológicos que orientaram o recorte do objeto
de estudo e a forma de tratamento deste objeto na sua relação com a
totalidade concreta.
A perspectiva ética do compromisso com o Outro negado, violentado,
excluído e oprimido pelo atual sistema-mundo imperialista hegemônico é um
primeiro elemento que determina o recorte do objeto de estudo e a perspectiva
teórica adotada na pesquisa, que, longe de ser “neutra”, assume o ponto de
vista filosófico da Exterioridade, representada neste caso pelos povos da
Amazônia. Sua conseqüência lógica é a adoção da perspectiva socioambiental,
no âmbito de uma teoria do Direito Ambiental, e de uma filosofia materialista e
dialética, no estudo das mediações existentes entre as relações jurídicas e as
relações sociais em geral, inscritas no processo da reprodução material da vida
concreta.

29
A condição material dos povos da Amazônia, enquanto povos
oprimidos, violentados em sua dignidade e dominados pelo atual sistema-
mundo dominante afasta desde já toda a possibilidade de aplicação de teorias
relativistas de análise da realidade. O sujeito oprimido é aquele que mais
necessita conhecer a realidade material, objetiva, para que possa realizar seu
movimento histórico de libertação. Justamente por isso, o ponto de vista dos
povos da Amazônia não está comprometido com o encobrimento da realidade
concreta, mas sim com o seu des-velamento.
Justamente por isso, faz-se necessária uma teoria adequada da
realidade amazônica e do processo de introdução das grandes empresas
transnacionais de biotecnologia na região, inseridos dentro do contexto do
mercado mundial capitalista.

Obras de referência38:

CORAZZA, Gentil. O Todo e as Partes: uma introdução ao método da


economia política. In: Estudos Econômicos, São Paulo, vol. 26, Número
Especial, p. 35-50.
DUSSEL, Enrique. Método para uma filosofia da libertação: superação
analética da dialética hegeliana. Tradução de Jandir João Zanotelli. São Paulo:
Loyola, 1986.
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
LÖWY, Michael. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 7.ed.
São Paulo: Cortez, 2000.
LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 17ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1999.

* CAPÍTULO 2: O PROCESSO DE INSERÇÃO DA AMAZÔNIA NO MERCADO


MUNDIAL
2.1) “Desenvolvimento” e “desenvolvimentismo”: a implantação dos
grandes projetos na Amazônia
2.2) Desenvolvimento desigual e combinado: as veias abertas da
Amazônia

38
Por obras de referência compreendem-se as contribuições teóricas consideradas mais relevantes, dentre
todas as referências bibliográficas utilizadas, para a construção de cada capítulo inscrito no presente
projeto.

30
2.3) A expansão da fronteira agrícola e o desenvolvimento da agricultura
capitalista: violência e grilagem

Para que se compreenda a complexidade do processo de inserção dos


organismos geneticamente modificados na Amazônia, é imprescindível que se
realize inicialmente um rigoroso estudo sobre o processo histórico no qual a
Amazônia foi integrada às economias imperialistas hegemônicas, no contexto
do chamado capitalismo tardio do pós-guerra.
Sem esta perspectiva da totalidade do sistema-mundo na qual a
Amazônia foi inserida, neste contexto histórico determinado, tornar-se-ia
absolutamente incompreensível o processo político e econômico de introdução
dos chamados “grandes projetos” na região, além da expansão da fronteira
agrícola, que são condições necessárias e indispensáveis para a posterior
introdução dos cultivos transgênicos.
Considerou-se a possibilidade de abordar a introdução dos OGMs na
Amazônia dentro do próprio contexto da expansão da fronteira agrícola na
região. Apesar disso, considerando que a introdução de cultivares transgênicos
representa um outro nível qualitativo das relações de produção em geral,
tornar-se-iam muito pobres as mediações identificadas entre o processo geral
de expansão da grande agricultura capitalista na Amazônia, e a subseqüente
produção de cultivares GM.
Ademais, é necessário que se compreenda o caráter desigual e
combinado do processo de desenvolvimento econômico da região amazônica,
inscrita dentro da periferia do sistema-mundo imperialista, para que se torne
possível uma abordagem correta do processo lógico e histórico de introdução
da biotecnologia na Amazônia.
O presente capítulo será, portanto, a síntese de uma ampla revisão
bibliográfica das mais importantes obras de caráter teórico e histórico
referentes à nova divisão internacional do trabalho inaugurada no período do
capitalismo tardio, ao papel desempenhado pelos países periféricos neste
contexto (e mais especificamente o papel que coube ao Brasil e aos países
latino-americanos nesse processo), e ao contexto histórico da implantação dos
grandes projetos e do desenvolvimento da grande agricultura capitalista na
Amazônia.

31
Obras de referência:

AMIN, Samir. O Desenvolvimento desigual: ensaio sobre as formações


sociais do capitalismo periférico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1976.
LEAL, Aluízio Lins. Uma sinopse histórica da Amazônia. São Paulo: 1991.
(mimeo.).
MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. Tradução de Carlos Eduardo Silveira
Matos et alli. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
PICOLI, Fiorelo. O capital e a devastação da Amazônia. São Paulo:
Expressão Popular, 2006.
PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 24ª ed. São Paulo:
Brasiliense, 1980.
RIBEIRO, Darcy,. Teoria do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972.
TRECCANI, Girolamo Domenico; RIBEIRO, Paulo de Tarso Ramos. Violência
e grilagem: instrumentos de aquisição da propriedade da terra no Pará. Belém:
UFPA: ITERPA, 2001.

CAPÍTULO 3: O NASCIMENTO DA BIOTECNOLOGIA E O REGIME


JURÍDICO DOS TRANSGÊNICOS NO BRASIL
3.1) Dos agrotóxicos aos transgênicos: a formação das transnacionais da
biotecnologia
3.2) As estratégias de crescimento das empresas transnacionais
3.3) A formação do regime jurídico internacional para a biotecnologia e
sua introdução no Brasil
3.4) O atual regime jurídico de biossegurança no Brasil e a liberação
comercial de cultivares transgênicos pela CTNBio

A biotecnologia nasceu num contexto distinto, apesar de subseqüente,


ao processo de reorganização da divisão internacional do trabalho, no sentido
em que é analisado no Capítulo 2. Enquanto resultado do avanço das forças
produtivas e do conhecimento científico, ela passa a configurar uma nova
fronteira e perspectiva de acumulação capitalista, que tem à sua frente grandes
empresas multinacionais do ramo de produtos agroquímicos, que buscam uma
recomposição de suas taxas de lucro em pleno período de crise geral do início
da década de 1970.

32
Trata-se, portanto, no presente capítulo, de investigar o processo
histórico de ascensão da biotecnologia desenvolvida por grandes empresas
transnacionais, e como estas últimas passaram a construir suas estratégias de
atuação, especialmente no países marcados por processos de
desenvolvimento desigual e combinado.
Nesse sentido, abordar-se-á a formação do regime jurídico próprio
referente à biotecnologia e sua disseminação aos demais países a partir da
análise das novas relações de produção inauguradas nesse processo, e, além
disso, das contradições e dos conflitos gerados pelos diferentes grupos de
interesse envolvidos nesse mesmo processo.
É apenas com a análise das condições de segurança jurídica
oferecidas às grandes transnacionais de biotecnologia, associada às suas
estratégias de inserção na grande agricultura capitalista que será possível
compreender a lógica e o sentido histórico da recente introdução dos cultivos
GM na Amazônia.

Obras de referência

ANDRIOLI, Antônio Inácio e FUCHS, Richard (org.). Transgênicos: as


sementes do mal – a silenciosa contaminação de solos e alimentos.
Tradução de Ulrich Dressel. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
DERANI, Cristiane (org.). Transgênicos no Brasil e biossegurança. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2005.
HYMER, Stephen. Empresas multinacionais: a internacionalização do
capital. 2ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes,
2008.

* CAPÍTULO 4: A GEOPOLÍTICA DA SOJA NA AMAZÔNIA: AS CADEIAS


PRODUTIVAS E A INTRODUÇÃO DOS TRANSGÊNICOS
4.1) Os corredores de escoamento e de expansão da produção da soja na
Amazônia
4.2) A introdução da soja transgênica na região de Paragominas: história,
dinâmica de mercado, conseqüências

33
4.3) O início da expansão da soja transgênica na BR-163: história,
perspectivas do mercado atual e as conseqüências de uma potencial
agressão aos povos tradicionais nas Unidades de Conservação e Terras
Indígenas

Todos os capítulos anteriores terão sido momentos necessários,


imprescindíveis para munir com instrumentos de análise o presente capítulo,
que se configura, certamente, como o momento de elevação do abstrato ao
concreto, essencial para identificar o processo histórico concreto a partir do
qual se dá a introdução da soja transgênica na Amazônia.
Trata-se portanto de um momento no qual se identificam as mediações
estabelecidas entre os elementos identificados no capítulo 2 (especialmente a
expansão da fronteira agrícola) e como se dá a introdução da biotecnologia
analisada no capítulo 3. A identificação desta relação não se dará, neste ponto,
por mera aplicação lógico-dedutiva, mas ensejará pesquisas concretas e a
utilização de métodos indutivos, especialmente para indicar de que forma a
cadeia produtiva da soja, inscrita dentro do processo de expansão da fronteira
agrícola, contribui para a introdução de cultivares transgênicos na região
amazônica.
Dessa forma, além de um amplo levantamento bibliográfico a respeito
do processo de expansão (ou, como convém dizer, de geopolítica) da soja na
Amazônia, pretende-se realizar estudos de campo para identificar, ainda que
precária e inicialmente (tendo em vista o caráter absolutamente recente desse
processo), alguns efeitos imediatos da introdução de lavouras transgênicas no
bioma amazônico. Para isso, tomar-se-á o caso específico de Paragominas,
identificando os motivos pelos quais tornou-se possível a introdução de cultivos
transgênicos nesta região.
No que tange ao eixo de expansão da fronteira agrícola ao longo da
BR-163, o presente capítulo pretende levantar e sistematizar dados sobre o
processo atual de construção de sua cadeia produtiva, além de monitorar os
potenciais conflitos decorrentes da expansão dos cultivos de soja transgênica
do norte do Mato Grosso em direção ao Estado do Pará, especialmente nas
áreas no entorno de espaços territoriais especialmente protegidos, como
Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

34
Os instrumentos para a análise de alguns efeitos e impactos
decorrentes da introdução da soja transgênica serão conferidos a partir de
levantamento bibliográfico de estudos científicos elaborados por pesquisadores
que não sofram com eventuais “conflitos de interesses” com empresas
biotecnológicas, isto é, que não estejam tencionados de alguma forma a
“maquiar” ou “suavizar” os impactos que efetivamente ocorrem em virtude da
introdução de cultivares geneticamente modificados.

Obras de referência

FLEXOR, Georges G.; LEÃO, Sandro Augusto Viégas; LIMA, MARIA Do


Socorro. A expansão da cadeia da soja na Amazônia: os casos do Pará e
Amazonas. XLIV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e
Sociologia Rural. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/5/695.pdf>.
Acesso em 20/03/2010.
MPEG, Museu Paraense Emílio Goeldi; EMBRAPA Amazônia Oriental; Amigos
da Terra - Amazônia Brasileira. A Geopolítica da soja na Amazônia. Belém:
Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação,
2004.
NODARI, Rubens Onofre; FERMENT, Gilles; ZANONI, Magda. Estudo de
caso: Sojas convencionais e transgênicas no Planalto do Rio Grande do
Sul. Propostas de sistematização de dados e elaboração de estudos
sobre biossegurança. Brasília: NEAD, 2009.
SCHLESINGER, Sérgio. Soja e direitos humanos. Rio de Janeiro: PAD, 2007.
TORRES, Maurício (Org.) Amazônia revelada: os descaminhos ao longo da
BR 163. Brasília: CNPq, 2005.

* CAPÍTULO 5: OS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE


PROTEGIDOS COMO INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO SOCIOAMBIENTAL
EM FACE DA EXPANSÃO DA SOJA TRANSGÊNICA NA AMAZÔNIA
5.1) As terras indígenas e unidades de conservação em face do princípio
da precaução
5.2) O socioambientalismo como princípio orientador da ação dos órgãos
públicos
5.3) O protagonismo dos povos da Amazônia na construção de um Direito
insurgente

35
A partir da análise do processo de expansão da soja transgênica na
Amazônia e de seus potenciais riscos e impactos para o ecossistema e a
população locais, o capítulo final pretende abordar os instrumentos jurídicos
disponibilizados pelo Direito brasileiro para assegurar os direitos humanos das
comunidades amazônidas, especialmente aquelas localizadas nos chamados
espaços territoriais especialmente protegidos.
Por se tratar de uma perspectiva socioambiental, a abordagem teórica
do ordenamento jurídico vigente não terá como centro de análise a proteção
meramente do meio ambiente, mas sim do meio ambiente em sua relação com
as populações humanas que vivem na região amazônica. Dessa forma,
privilegia-se na análise os espaços territoriais especialmente protegidos que se
configuram enquanto instrumentos jurídicos socioambientais em favor dos
povos da Amazônia, especialmente as Terras Indígenas e as Unidades de
Conservação de Uso Sustentável.
O capítulo não trata, portanto, exclusivamente de uma análise do
ordenamento jurídico sob uma dada teoria do Direito e dos direitos humanos,
mas pretende abordar este ordenamento na medida em que potencializa as
ações de resistência e de insurgência dos sujeitos histórico-concretos do
processo de libertação dos povos da periferia do atual sistema-mundo, que, no
caso da Amazônia, são os próprios povos amazônidas (indígenas, ribeirinhos,
seringueiros, pescadores, extrativistas, cabôcos, camponeses etc).

Obras de referência:

DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na idade da globalização e da


exclusão. Tradução de Ephraim F. Alves, Jaime A. Clasen e Lúcia M. E. Orth.
2 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
FOSTER, John Bellamy. A ecologia de Marx: materialismo e natureza. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 15ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2007.
PASUKANIS, Eugeny Bronislanovich. A teoria geral do direito e o marxismo.
Tradução de Paulo Bessa. Rio de Janeiro: Renovar, 1989
SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à
diversidade biológica e cultural. São Paulo: Peirópolis, 2005.

36
8 CRONOGRAMA

ABRIL/10 - Levantamento de dados e de bibliografia sobre as cadeias


produtivas da soja nas áreas de expansão da fronteira
agrícola na Amazônia
MAIO/10 - Estudo e monitoramento das empresas que compõem a
cadeia produtiva da soja na Amazônia (CARGILL, VALE,
HERMASA, MONSANTO etc)
JUNHO/10 - Primeira análise de campo na região de Paragominas:
levantamento de dados sobre o comércio local de sementes,
insumos e prestação de serviços; logística da produção e
escoamento da soja; identificação dos principais atores
envolvidos no processo e/ou impactados pela expansão dos
cultivos GM
JULHO/10 - Revisão bibliográfica sobre o regime jurídico dos
transgênicos e dos espaços territoriais especialmente
protegidos (terras indígenas e unidades de conservação);
levantamento de estudos científicos referentes aos impactos
sócio-ambientais potencialmente provocados pelos
transgênicos
AGOSTO/10 - Pesquisa de dados e de campo sobre a cadeia produtiva
da soja na região de Paragominas: realização de entrevistas
semi-estruturadas para a análise de impactos e conflitos
envolvendo a expansão da cadeia produtiva da soja e da
introdução de cultivares transgênicos
SETEMBRO/10 - Sistematização dos dados coletados em Paragominas e
análise dos conflitos entre os atores envolvidos;
identificação de possíveis mediações com estudos
científicos referentes aos impactos sócio-ambientais
potencialmente provocados pelos transgênicos
OUTUBRO/10 - Levantamento de dados referentes às Unidades de
Conservação e Terras Indígenas na área de influência da
BR-163 (estudo do Zoneamento Ecológico-econômico;
identificação e estudo dos planos de manejo existentes;
levantamento de dados sobre as populações e comunidades
que vivem nas áreas protegidas); análise dos dados
coletados em sua relação com a expansão da cadeia
produtiva da soja na região
NOVEMBRO/10 - Sistematização dos dados obtidos na área de influência da
BR-163 e comparação com os dados obtidos em
Paragominas; identificação dos potenciais atores
impactados pela introdução da soja transgênica na BR-163
e de suas possibilidades de resistência a partir dos
instrumentos jurídicos conferidos pelos espaços territoriais
especialmente protegidos
DEZEMBRO/10 - Redação provisória da dissertação final
JANEIRO/11 - Revisão do texto, correções e revisão referencial
FEVEREIRO/11 - Redação final

37
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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